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SINAN – Vigilância de Violências e Acidentes

Aspectos gerais
O programa da Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) tem como objetivo
o desenvolvimento de ações de prevenção de violências e acidentes, bem
como a promoção da saúde e da cultura de paz a partir das estatísticas
produzidas com os referenciais das notificações destes eventos junto ao
SINAN, SIM e SIH. Este é um projeto que envolve as três esferas de governo,
tendo sido implantado pelo Ministério da Saúde no ano de 2006. Um dos
resultados priorizados é a redução da morbimortalidade por acidentes e
violências, a partir da implementação de políticas públicas intersetoriais e
integradas e da construção de redes de atenção integral e de proteção social
às vítimas de violência.

O VIVA possibilita um melhor conhecimento da dimensão dos acidentes em


geral, seja de trânsito, de trabalho, doméstico, quedas, queimaduras,
afogamentos, intoxicações, como também possibilita a verificação da violência
doméstica e sexual, que ainda permanece “oculta” na esfera do privado,
principalmente os maus tratos contras crianças, adolescentes, mulheres e
pessoas idosas.

O Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) é constituído por dois


componentes:

I) Componente I - Vigilância Contínua que capta dados de violência


doméstica, sexual e/ou outras violências em serviços de saúde. Foi
implantada no SUS a partir de 1º de agosto de 2006, inicialmente em
serviços sentinela de violências e acidentes. Entretanto, em função da
legislação vigente e das intervenções necessárias às ações de prevenção,
atenção e promoção, essa vigilância será gradualmente universalizada para
todos os serviços de saúde. A notificação é realizada por qualquer
profissional ou trabalhador da saúde, ou de outros setores, neste caso
dependendo de pactuações locais, por meio do preenchimento formal da
Ficha de notificação/investigação individual de violência doméstica, sexual
e/ou outras violências no SINAN.

II) Componente II – Vigilância por Inquérito, que é um tipo de vigilância


pontual, realizada por meio de inquéritos, por amostragem, a partir de dados
de atendimentos de pessoas que sofreram violências e acidentes, coletados
em serviços sentinela de urgência e emergência. No início, em 2006 e 2007,
foi realizado anualmente, passando a ser bianual, a partir de 2007. O
instrumento de coleta é a Ficha de notificação de acidentes e violências em
serviços sentinela de urgência e emergência

No processo de implantação do VIVA e da ficha de notificação de violências é


fundamental a estruturação e articulação com as Redes de Atenção e Proteção
às pessoas em situação ou risco de violências, garantindo assim a atenção
integral e humanizada, a proteção e garantia de direitos humanos.

Como são coletados e processados os dados que alimentam o VIVA


A descrição das características dos casos de violências e acidentes que
aconteciam no Brasil, até recentemente limitavam-se às informações
fornecidas pelos Sistemas de Informação sobre Mortalidade – SIM, por meio
das informações constantes na declaração de óbito, Sistema de Informação
Hospitalar do SUS – SIH, por meio da autorização de internação hospitalar, e
ocasionalmente, pelas análises dos boletins de ocorrência policial – BO e
pesquisas específicas, como os inquéritos (por exemplo: VIGITEL/MS -
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico).
A partir do 2º semestre de 2008, a Vigilância da Violência Doméstica, Sexual
e/ou outras Violências (VIVA) passou a integrar o Sistema de Informação de
Agravos de Notificação - SINAN, com a implantação da Ficha de
Notificação/Investigação específica.

O objetivo da notificação das violências é captar informações do perfil dos


atendimentos por violências doméstica, sexual e/ou outras violências
(autoprovocadas e interpessoais) em unidades de saúde definidas pelas
Secretarias Municipais de Saúde em articulação com as Secretarias Estaduais
de Saúde, caracterizando o perfil das pessoas que sofreram violências, o tipo e
local das violências, o perfil do provável autor(a) de agressão, dentre outros.

A Ficha de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou


Outras violências - SINAN é preenchida nos serviços de saúde que são
referência para o atendimento às pessoas em situação de violência;
gradualmente essa notificação deverá ser feita de maneira contínua e
universal, por todos os serviços de assistência em saúde quando da suspeita
e/ou confirmação da ocorrência de violências doméstica, sexual e/ou outras
violências, tanto interpessoais como autoprovocadas. A notificação de casos
suspeitos ou confirmados pode ser realizada por qualquer profissional de
saúde, ou de outros setores, neste caso dependendo de pactuações locais.

Por serem estas situações definidas como agravos de notificação compulsória


de acordo com a Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014, esta ficha fornece
dados a serem digitados no SINAN, a partir dos serviços responsáveis pela
informação e/ou Vigilância das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), que
devem repassar semanalmente os arquivos em meio magnético para as
Regionais e/ou Secretarias Estaduais de Saúde (SES). A comunicação das
SES com a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) deve ocorrer
quinzenalmente, de acordo com o cronograma definido por esta no início de
cada ano.

O preenchimento da ficha de notificação deverá ser feito em duas vias (ou feito
cópias): uma cópia ficará na unidade de saúde notificante e a outra deverá ser
encaminhada para o serviço de vigilância de Doenças e Agravos não
Transmissíveis (DANT) da Secretaria de Saúde do município ou similar.

A digitação é feita no SINAN, pelo município de ocorrência, cabendo a esse e


aos outros níveis a sua consolidação, análise dos dados e disseminação das
informações para os demais setores (Figura 7).

Figura 7 - Fluxo da notificação da Vigilância da Violência Doméstica, Sexual e/ou


outras Violências (VIVA)
Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde- VIVA

Nas situações de violências contra crianças e adolescentes, uma comunicação


(ou cópia da notificação) deverá ser enviada ao Conselho Tutelar ou
autoridades competentes em conformidade com o Estatuto da Criança e
Adolescente. Também nas situações de violências contra pessoas idosas, uma
comunicação (ou cópia da notificação) deverá ser enviada às autoridades
competentes (Ministério Público, delegacias, outros) seguindo o preconizado
pelo Estatuto do Idoso.
O Fluxo de Retorno, que é uma rotina do SINAN, tem como objetivo enviar os
dados das notificações/investigações, por meio magnético, dos casos
notificados fora do município de residência (município de notificação) para o
município de residência. No caso das violências, o fluxo de retorno somente
deverá ser utilizado quando o local de residência for diferente do da notificação
e poderá ser realizado acessando o site http://www.saude.gov.br/sinannet, com
periodicidade semanal.

A ficha de notificação e investigação da Violência Doméstica, Sexual e/ou


outras Violências – VIVA (Figura 8) e os instrucionais de seu preenchimento
estão disponíveis no site: http://saude.mg.gov.br/sinanweb.
Figura 8 - Ficha de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou
Outras violências (frente)
Figura 9 - Ficha de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual
e/ou Outras violências (verso)
Como para as outras doenças de notificação, o SINAN gera e exporta um
arquivo em Dbase (DBF), que pode ser tabulado usando o aplicativo TABWIN,
permitindo às equipes técnicas dos municípios a realização de tabulações
rápidas e oportunas sobre as violências notificadas. Aqueles municípios que
não possuem o SINAN descentralizado, isto é, não fazem a digitação de seus
dados, podem solicitar às Regionais de Saúde ou à Secretaria Estadual de
Saúde os arquivos em DBF dos agravos de notificação de todos seus
residentes.

A importância dos dados do VIVA para a gestão em saúde


É necessário que as rotinas de análise da completitude dos campos essenciais,
da coerência entre os dados e da duplicidade sejam cumpridas, de forma que
as informações tenham uma boa qualidade e sejam fidedignas e possam
efetivamente subsidiar análises epidemiológicas e tomadas de decisão.

A implementação da Notificação Compulsória possibilita a identificação de perfil


epidemiológico de violências doméstica, sexual e outras violências. O esperado
é que estas informações subsidiem a toma de decisão na implementação de
políticas públicas, de modo a qualifica-las, torna-las integradas e intersetoriais,
suficientemente à redução da morbimortalidade decorrente das violências,
efetivamente, promovendo a cultura de paz, a equidade e a qualidade de vida.

Indicadores de morbidade
Os indicadores construídos a partir das informações obtidas no VIVA podem
ser epidemiológicos e operacionais.
Indicadores epidemiológicos:
- Proporção de notificações de violência doméstica, sexual e/ou outras
violências segundo faixa etária e sexo da vítima num determinado ano.
- Proporção de notificações por violência doméstica, sexual e outras
segundo ciclos de vida sexo da vítima num determinado ano.
- Proporção de notificações por violência doméstica, sexual e outras
segundo tipo de violência e sexo da vítima num determinado ano.
- Proporção de casos de violências segundo raça e aexo num
determinado ano.
- Proporção de casos de violência autoprovocada notificados segundo
sexo, num determinado ano

Indicadores operacionais:
- Estruturação do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes
- Frequência mensal de notificações de violência realizadas num
determinado ano.
- Frequência mensal de notificações de violência realizadas por Município
num determinado ano.

As instruções para o cálculo e construção destes indicadores estão disponíveis


no Manual de operacionalização e análise dos dados dos sistemas de
vigilância: VIVA Inquérito e VIVA Contínuo - 2012, publicação da Secretaria de
Vigilância em Saúde/MS.

Dificuldades no SINAN VIVA


- Fichas de notificação com muitos campos em branco ou ignorado;
- Inconsistências nas informações coletadas;
- Despreparo ou desconhecimento dos profissionais de saúde em acolher e
notificar os casos de violência.

Referências bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e
Promoção da Saúde. Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva):
2009, 2010 e 2011/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e
Promoção da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 164 p.

inistério da a de ecretaria de i il ncia em a de


Departamento de Análise de Situação de Saúde. Viva: instrutivo de notificação
de violência doméstica, sexual e outras viol ncias inistério da a de
ecretaria de i il ncia em a de epartamento de n lise de itua o de
Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 72 p.

inistério da a de ecretaria de i il ncia em a de.


Departamento de Vigilância Epidemiológica. Departamento de Análise de
Situação de Saúde. Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não
Transmissíveis. Manual de operacionalização e análise dos dados dos
sistemas de vigilância: VIVA Inquérito e VIVA Contínuo. 2012. 100p

Sites:
http://saude.mg.gov.br/sinanweb
www.saude.gov.br/svs

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