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Considerando o papel do enfermeiro na estratégia de saúde da família na notificação

de doenças e agravos, bem como na integração entre Atenção Básica e Vigilância em


Saúde, o que você faria se estivesse no lugar do Fabiano, apontando as possíveis
falhas de todos os atores envolvidos no caso?

O Território e o Processo Saúde-Doença

A apropriação social do espaço pode produzir territórios e territorialidades propícias à


disseminação de determinadas enfermidades.
Podem confirmar perfis territoriais que revelam as condições de acesso aos serviços de
saúde, exposição a fatores de risco,
Dessa forma, o território é aquele que vai além das questões geográficas.Nesse sentido, ao
se pensar em estratégias integradas de ação de AB e VS, é fundamental que os
profissionais tenham conhecimento do seu território (determinantes e condicionantes da
saúde individual e coletiva, população de risco, situações de risco sanitário, contextos locais
cobertos pela ESF/AB, territórios indígenas, áreas de fronteira, áreas dispersas, etc)
COMO POSSO IDENTIFICAR RISCOS E VULNERABILIDADES NO TERRITÓRIO?
A Escala de Coelho e Savassi é um instrumento que auxilia na avaliação do risco de
vulnerabilidade familiar, principalmente social, e se baseia em sentinelas de risco que
devem ser avaliadas pela equipe de saúde.
Com as falhas dos atores, ressalto que é imprescindível que as equipes da AB realizem
análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e estratégias,
monitoramento e avaliação das ações de saúde pública; detecção oportuna de doenças e
agravos e adoção de medidas adequadas para a resposta de saúde pública; vigilância,
prevenção e controle das doenças e agravos; notificação compulsória e condução da
investigação dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros eventos de
relevância para a saúde pública, conforme protocolos e normas vigentes

Os dados gerados pelos sistemas de informação da AB e da VS devem ser utilizados para


análise, acompanhamento e utilização no planejamento estratégico local. Alguns
indicadores podem ser trabalhados de acordo com as necessidades encontradas no
diagnóstico do território, tais como:
• Notificações de agravos e doenças de notificação compulsória/equipamento de saúde/ano,
que geram coeficientes de incidência, prevalência, detecção e outros;
• Coberturas vacinais, comparativamente com o restante do município e com as metas
regionais e outros indicadores relacionados aos imunobiológicos, sejam técnicos-científicos
ou de armazenamento, manutenção e transporte;
● Cobertura das ações de controle vetorial; Dessa forma, trabalhar com definição de metas
e análise de indicadores auxilia de forma determinante no processo de organização e
aprimoramento da qualidade do cuidado que se oferta na Atenção Básica e nas ações de
vigilância em saúde. Para tanto, as equipes devem periodicamente analisar indicadores de
produção (número de consultas agendadas, consultas de demanda espontânea, consultas
de pré-natal, visitas e atendimentos domiciliares, etc.) e comparar com estimativas de
planilhas de parâmetros de programação de atendimento. Podendo identificar possíveis
falhas na busca ativa de usuários ou no acompanhamento de pacientes com condições
crônicas. A gestão deve acompanhar este processo fornecendo apoio para solucionar
possíveis dificuldades da equipe. Quanto ao monitoramento e avaliação, o Ministério da
Saúde possui dois programas de avaliação da qualidade das ações, o Programa de
Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) para as equipes de atenção básica, e o
Programa de Qualificação das Ações de Vigilância em Saúde (PQA-VS), no qual o alcance
da maioria das metas definidas depende da atuação da atenção básica e da vigilância em
saúde de forma conjunta.

A Notificação de Agravos e Doenças


O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) tem como objetivo coletar,
transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância
Epidemiológica das três esferas de governo, por intermédio de uma rede informatizada,
para apoiar o processo de investigação e dar subsídios à análise das informações de
vigilância epidemiológica das doenças de notificação compulsória.

As unidades federadas deverão utilizar o modelo padronizado pela SVS/MS. A Ficha de


Notificação deverá ser impressa em duas vias pré-numeradas. A primeira via deverá ser
enviada pela unidade de saúde para o local no qual será feita a digitação, caso a unidade
de saúde não seja informatizada, e a segunda via deverá ser arquivada na própria unidade
de saúde
A importância na utilização de fichas de notificação pré-numeradas consiste em evitar que
haja sobreposição de fichas de notificação de dois casos distintos, que tenham os mesmos
campos-chave identificadores do registro no sistema (mesmo número, data de notificação,
município de notificação e unidade notificadora)

A Ficha de Notificação deverá ser utilizada para:


• Notificação negativa;
• Notificação individual de casos suspeitos e/ou confirmados dos seguintes agravos de
notificação compulsória: botulismo, carbúnculo ou “antraz”, cólera, coqueluche, dengue,
difteria, doença de Chagas (casos agudos), doença meningocócica e outras meningites,
eventos adversos pós-vacinação, febre amarela, febre do Nilo, febre maculosa, febre tifóide,
hantaviroses, hepatites virais, leishmaniose visceral, leptospirose, malária (em área não
endêmica), peste, paralisia flácida aguda/poliomielite, raiva humana, rubéola, sarampo,
síndrome da rubéola congênita, síndrome respiratória aguda grave, tétano neonatal e tétano
acidental, tularemia, varíola;
• Notificação individual de casos suspeitos e/ou confirmados dos seguintes agravos de
interesse nacional: animais peçonhentos, atendimento anti- rábico humano e intoxicação
por agrotóxico;
• Notificação de casos suspeitos e/ou confirmados dos agravos de notificação de interesse
estadual e municipal;
• Notificação de surto: agravos inusitados de pelo menos dois casos epidemiologicamente
vinculados.
A notificação destes agravos deverá ser realizada por meio da abordagem sindrômica, de
acordo com as seguintes categorias: diarréia aguda sanguinolenta, ictérica aguda, febre
hemorrágica aguda, respiratória aguda, neurológica aguda, insuficiência renal aguda e
outras síndromes ‒ casos agregados, constituindo uma situação epidêmica, das doenças
que não constam na Lista de Doenças de Notificação Compulsória (LDNC); e ‒ casos
agregados das doenças que constam na LDNC, mas cujo volume das notificações torne
operacionalmente inviável o registro individualizado dos casos

FICHA DE INVESTIGAÇÃO
As Fichas de Investigação de casos suspeitos e/ou confirmados e de surto poderão ser
reproduzidas pelos municípios. Preconiza-se para os casos que serão notificados somente
após a confirmação como AIDS (menores de 13 anos e maiores de 13 anos),
Esquistossomose em área não endêmica, Hanseníase, Gestante HIV + e Crianças
Expostas, Leishmaniose Tegumentar Americana, Tuberculose, 15 Sistema de Informação
de Agravos de Notificação – Sinan Sífilis Congênita e Sífilis em Gestante, a utilização da
Ficha de Notificação/investigação específica para cada agravo

No caso do SURTO,a manifestação, em uma comunidade ou região, de casos de uma


doença com uma frequência que exceda a incidência normal prevista (número esperado de
casos) caracteriza-se como surto/epidemia. O aumento no número de casos pode indicar a
existência de uma surto/epidemia varia dependendo do agente infeccioso (na quantidade ou
virulência) no tamanho e nas características de alteração da população exposta (mudança
na susceptibilidade da resposta do hospedeiro ao agente).

O caráter epidêmico guarda relação com a frequência comum da doença na mesma área
geográfica, entre a população especificada e intervalo de tempo equivalente. Os
surto/epidemias podem ser classificados segundo o modo provável da transmissão na
população:
• pessoa a pessoa ou propagado: se dissemina gradualmente por contato direto de pessoa
a pessoa, geralmente com um número crescente de casos à medida que se espalha;
• fonte comum: é aquele em que no qual um grupo de pessoas é exposto a um influência
nociva comum, tal como um agente infeccioso ou toxina;
• fonte comum seguida de pessoa a pessoa (mista): exposição comum seguida por uma
disseminação secundária de pessoa a pessoa. É importante também caracterizar a fonte de
infecção, tais como água, alimentos, vetores (p.ex. mosquitos), animais e outros (ex.
seringas). O aparecimento de um só caso de uma doença transmissível que durante um
período prolongado não havia acometido à uma população ou que ocorra pela primeira vez
em uma região na qual não havia sido diagnosticada anteriormente requer a notificação
imediata e uma investigação epidemiológica.
SÍNDROME DIARREICA AGUDA SANGUINOLENTA Definição: diarréia de início agudo
(três ou mais evacuações e fezes liqüefeitas em 24h), com perda sangüínea visível ou não.
Exclusão: diarréia aquosa aguda (sem sangue) compatível com cólera Fatores de alerta:
insuficiência renal na ausência de desidratação, icterícia, consciência alterada, choque,
infecção grave. Informações Epidemiológicas: viagem recente, história alimentar, contato
com casos similares (não necessariamente com sangue), contato com animais
reservatórios.
Investigação Laboratorial: cultura de fezes, exame protoparasitológico, teste de
sorotipagem. Na ausência de produção de urina: uréia e creatinina.
Conduta: Observação hospitalar por 24 horas para resultado laboratorial e controle de
volume urinário. Seguimento domiciliar em 12 horas para verificar casos secundários .

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