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MÓDULO 1 Vigilância da Influenza

AULA 1 Introdução a Vigilância da Influenza

TÓPICO 1 Introdução

De acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, vigilância


epidemiológica é definida como “o conjunto de atividades que permite reunir a informação
indispensável para conhecer, a qualquer momento, o comportamento ou história natural das
doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores condicionantes, com a
finalidade de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e
eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças”.

Essa definição está de acordo com a da Lei 8.080, que a conceitua


“conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou
prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos.”

Segundo (Braga, JUB, 2009), um sistema de vigilância é um conjunto de atividades e


procedimentos que mantém o processo sistemático de coleta, análise, interpretação e
disseminação da informação e que opera em diversas hierarquias, desde o nível local até o
internacional.

O trabalho da vigilância epidemiológica se desenvolve em quatro fases:

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As informações fornecidas pela vigilância epidemiológica têm como propósito orientar
técnica e permanentemente os responsáveis quanto a decisão e execução de ações de
controle de doenças e agravos. Para que esse objetivo seja alcançado, as informações
precisam ser atualizadas em relação à existência de agravos, à área de ocorrência, quando
está acontecendo, quais às pessoas acometidas e os fatores condicionantes. Essas
informações são também um importante instrumento para planejar, organizar, operacionalizar
e normatizar atividades técnicas nos serviços de saúde.

“Vigilância é informação para ação”

Objetivos de um sistema de vigilância

 Estimar a magnitude do problema de saúde pública na população sob risco


 Descrever a história natural da doença
 Detectar surtos e epidemias
 Documentar a distribuição do evento de saúde
 Testar hipóteses
 Avaliar estratégias de prevenção e controle
 Monitorar as mudanças nos agentes infecciosos
 Monitorar atividade
 Detectar mudanças em práticas de saúde
 Avaliar segurança de medicamentos e procedimentos
 Identificar fontes para facilitar pesquisa epidemiológica e laboratorial
 Subsidiar o planejamento

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TÓPICO 2 Doenças de Notificação Compulsória

A Portaria nº 104 de 25 de janeiro de 2011 do Ministério da Saúde, atualizou a lista


de doenças de notificação compulsória (LDNC) em todo o território nacional que define as
terminologias adotadas em legislação nacional, conforme disposto no Regulamento
Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), e estabelecimento de fluxo, critérios,
responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde.

As doenças de notificação compulsória constituem a base e a principal fonte de informações


da vigilância epidemiológica. Essa relação inclui as doenças, agravos e eventos de notificação
internacional e é acrescida daqueles de interesse para a saúde pública do país. As
atualizações, em geral, dependem das novas ações programáticas para controlar problemas
específicos. Para definição das doenças, agravos e eventos de notificação os seguintes critérios
são aplicados:

Doenças de Notificação Compulsória

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Considerando esses critérios, um estado da Federação ou um município podem incluir
doenças, agravos ou eventos na lista de notificação desde que sejam de interesse da saúde
pública estadual ou municipal e definam com clareza, o motivo, o objetivo, os instrumentos, os
fluxos e as ações que devem ser realizadas. Por exemplo, o estado do Ceará incluiu a
melioidose como doença de notificação compulsória estadual e Ribeirão Preto incluiu
cisticercose como de notificação municipal.

Devido a alterações no perfil epidemiológico, implementação de novas técnicas para


monitoramento, re-emergência de doenças e descoberta de outras, revisões periódicas da lista
de notificação de doenças de notificação compulsória precisam ser realizadas.

No anexo I da portaria de notificação compulsória encontra-se todos os agravos de notificação


universal, isto é, os que devem ser notificados obrigatoriamente por todos os serviços de
saúde. Para alguns agravos a notificação é universal para todos os casos suspeitos, como
meningite e sarampo. Outros são de notificação universal os casos confirmados, como
tuberculose e hanseníase. As doenças e eventos constantes no Anexo I a são notificados e
registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação –Sinan, obedecendo às
normas e rotinas estabelecidas pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde
- SVS/MS.

No Anexo III, estão os agravos que devem ser notificados nas unidades sentinelas, entre eles
a influenza humana. Vigilância sentinela é uma alternativa à vigilância de caso populacional,
aumentando a capacidade de obter informações mais detalhadas e válidas, porém a
representatividade populacional dos dados gerados pode ser prejudicada, uma vez em geral
este tipo de vigilância capta apenas um subconjunto das fontes de dados possíveis. (Braga,
JUB, 2009).

Vigilância Sentinela

“Os sistemas de vigilância sentinela envolvem um número limitado de serviços selecionados


para registro das informações. Esses sistemas podem ser úteis para doenças comuns, nas
quais a contagem de todos os casos não é importante e para quais as medidas de controle
não são adotadas baseadas nas informações de casos individuais.” (Teutsch & Elliot-Churchill.
Principles and Practice of Public Health Surveillance. Oxford Univ. Press, New York, 2000).

Como nem sempre o processo decisão-ação necessita da totalidade dos casos (notificação
universal) para o desencadeamento das atividades de intervenção, para determinados
problemas de saúde pública pode-se fazer uso dos sistemas sentinelas de informação capazes
de monitorar indicadores chaves na população geral ou em grupos específicos. Desse modo, a
vigilância sentinela tem sido adotada pela maioria dos países do mundo para a vigilância de
influenza.

Veja alguns anexos da portaria de notificação compulsória clicando nas abas abaixo:

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Anexo I Lista de Notificação Compulsória - LNC

1. Acidentes por animais peçonhentos;


2. Atendimento antirrábico;
3. Botulismo;
4. Carbúnculo ou Antraz;
5. Cólera;
6. Coqueluche;
7. Dengue;
8. Difteria;
9. Doença de Creutzfeldt-Jakob;
10. Doença Meningocócica e outras Meningites;
11. Doenças de Chagas Aguda;
12. Esquistossomose;
13. Eventos Adversos Pós-Vacinação;
14. Febre Amarela;
15. Febre do Nilo Ocidental;
16. Febre Maculosa;
17. Febre Tifóide;
18. Hanseníase;
19. Hantavirose;
20. Hepatites Virais;
21. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV em gestantes e crianças
expostas ao risco de transmissão vertical;
22. Influenza humana por novo subtipo;
23. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos
e metais pesados);
24. Leishmaniose Tegumentar Americana;
25. Leishmaniose Visceral;
26. Leptospirose;
27. Malária;
28. Paralisia Flácida Aguda;
29. Peste;
30. Poliomielite;
31. Raiva Humana;
32. Rubéola;
33. Sarampo;
34. Sífilis Adquirida;
35. Sífilis Congênita;
36. Sífilis em Gestante;
37. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS;
38. Síndrome da Rubéola Congênita;

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39. Síndrome do Corrimento Uretral Masculino;
40. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV);
41. Tétano;
42. Tuberculose;
43. Tularemia;
44. Varíola; e
45. Violência doméstica, sexual e/ou outras violências.

Anexo II Lista de Notificação Compulsória Imediata – LNCI

I. Caso suspeito ou confirmado de:


1. Botulismo;
2. Carbúnculo ou Antraz;
3. Cólera;
4. Dengue nas seguintes situações:
- Dengue com complicações (DCC),
- Síndrome do Choque da Dengue (SCD),
- Febre Hemorrágica da Dengue (FHD),
- Óbito por Dengue
- Dengue pelo sorotipo DENV 4 nos estados sem transmissão endêmica desse sorotipo;
5. Doença de Chagas Aguda;
6. Doença conhecida sem circulação ou com circulação esporádica no território
nacional que não constam no Anexo I desta Portaria, como: Rocio, Mayaro, Oropouche, Saint
Louis, Ilhéus, Mormo, Encefalites Eqüinas do Leste, Oeste e Venezuelana, Chikungunya,
Encefalite Japonesa, entre outras;
7. Febre Amarela;
8. Febre do Nilo Ocidental;
9. Hantavirose;
10. Influenza humana por novo subtipo;
11. Peste;
12. Poliomielite;
13. Raiva Humana;
14. Sarampo;
15. Rubéola;
16. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV);
17. Varíola;
18. Tularemia; e
19. Síndrome de Rubéola Congênita (SRC).

II. Surto ou agregação de casos ou óbitos por:


1. Difteria;
2. Doença Meningocócica;

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3. Doença Transmitida por Alimentos (DTA) em embarcações ou aeronaves;
4. Influenza Humana;
5. Meningites Virais;
6. Outros eventos de potencial relevância em saúde pública, após a avaliação de
risco de acordo com o Anexo II do RSI 2005, destacando-se:
g. Alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de constar no
Anexo I desta Portaria;
h. Doença de origem desconhecida;
i. Exposição a contaminantes químicos;
j. Exposição à água para consumo humano fora dos padrões preconizados pela SVS;
k. Exposição ao ar contaminado, fora dos padrões preconizados pela Resolução do
CONAMA;
l. Acidentes envolvendo radiações ionizantes e não ionizantes por fontes não
controladas, por fontes utilizadas nas atividades industriais ou médicas e acidentes de
transporte com produtos radioativos da classe 7 da ONU.
m. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver desalojados ou
desabrigados;
n. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver comprometimento da
capacidade de funcionamento e infraestrutura das unidades de saúde locais em conseqüência
evento.

III. Doença, morte ou evidência de animais com agente etiológico que podem acarretar a
ocorrência de doenças em humanos, destaca-se entre outras classes de animais:
1. Primatas não humanos
2. Eqüinos
3. Aves
4. Morcegos Raiva: Morcego morto sem causa definida ou encontrado em
situação não usual, tais como: vôos diurnos, atividade alimentar diurna, incoordenação de
movimentos, agressividade, contrações musculares, paralisias, encontrado durante o dia no
chão ou em paredes.
5. Canídeos Raiva: canídeos domésticos ou silvestres que apresentaram doença
com sintomatologia neurológica e evoluíram para morte num período de até 10 dias ou
confirmado laboratorialmente para raiva.
Leishmaniose visceral: primeiro registro de canídeo doméstico em área indene,
confirmado por meio da identificação laboratorial da espécie Leishmania chagasi.
6. Roedores silvestres Peste: Roedores silvestres mortos em áreas de focos
naturais de peste.

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Anexo III Lista de Notificação Compulsória em Unidades Sentinelas – LNCS

1. Acidente com exposição a material biológico relacionado ao trabalho;


2. Acidente de trabalho com mutilações;
3. Acidente de trabalho em crianças e adolescentes;
4. Acidente de trabalho fatal;
5. Câncer Relacionado ao Trabalho;
6. Dermatoses ocupacionais;
7. Distúrbios Ostemusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)
8. Influenza humana;
9. Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao trabalho
10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho;
11. Pneumonias;
12. Rotavírus;
13. Toxoplasmose adquirida na gestação e congênita; e
14. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho.

Como nem sempre o processo decisão-ação necessita da totalidade dos casos (notificação
universal) para o desencadeamento das atividades de intervenção, para determinados
problemas de saúde pública pode-se fazer uso dos sistemas sentinelas de informação capazes
de monitorar indicadores chaves na população geral ou em grupos específicos. Desse modo, a
vigilância sentinela tem sido adotada pela maioria dos países do mundo para a vigilância de
influenza.

Leitura Complementar

Ortiz et al. Strategy to Enhance Influenza Surveillance Worldwide.


http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/15/8/pdfs/08-1422.pdf

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