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INSTITUTO POLITÉCNICO MEDIO DE MOÇAMBIQUE

Curso de Saúde Materno Infantil

Tema: Epidemiologia e vigilância epidemiológica.

Nomes: Tutor

Angelina Augusto Priscila Pedro

Ancha Rufino

Felismina Rosário

Irene Dauce

Sherina Olusegum

Nampula, Julho de 2023

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3

DEFINIÇÕES ................................................................................................................................. 4

OBJETIVO ..................................................................................................................................... 4

Geral ............................................................................................................................................ 4

Específicos .................................................................................................................................. 4

IMPORTÂNCIA ............................................................................................................................. 4

SISTEMA DE COLHA DE INFORMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO ................................................. 5

Tipos de Dados ............................................................................................................................ 5

Fontes de Dados .......................................................................................................................... 6

Notificação .................................................................................................................................. 6

Os critérios que devem ser aplicados no processo de seleção para notificação de doenças são..... 6

Aspectos que devem ser considerados na notificação: ............................................................ 7

ACTUALIZAÇÃO EM CASO DE SURTO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS EPIDÉMICAS ...... 8

DESENVOLVIMENTO SOCIO ECONÓMICO E SANEAMENTO DO MEIO AMBIENTE .. 12

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 14

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INTRODUÇÃO
O controle das doenças transmissíveis baseia-se em intervenções que, atuando sobre um ou mais
elos conhecidos da cadeia epidemiológica de transmissão, sejam capazes de vir a interrompê-la.
Entretanto, a interação do homem com o meio ambiente é muito complexa, envolvendo fatores
desconhecidos ou que podem ter se modificado no momento em que se desencadeia a ação. Assim
sendo, os métodos de intervenção tendem a ser aprimorados ou substituídos, na medida em que
novos conhecimentos são aportados, seja por descobertas científicas (terapêuticas,
fisiopatogênicas ou epidemiológicas), seja pela observação sistemática do comportamento dos
procedimentos de prevenção e controle estabelecidos. A evolução desses conhecimentos contribui,
também, para a modificação de conceitos e de formas organizacionais dos serviços de saúde, na
contínua busca do seu aprimoramento.

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DEFINIÇÕES
Epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de saúde
(fenômenos e processos associados) em populações humanas, segundo definem Almeida e
Rouquayrol.

A Vigilância Epidemiológica é um conjunto de ações que promovem a detecção e prevenção de


doenças e agravos transmissíveis à saúde e seus fatores de risco,

OBJETIVO
Geral
• Fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde. Eles que têm a
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos,
tornando disponíveis.

Específicos

• Identificar e descrever o comportamento epidemiológico de doenças (monitorar


tendências, identificar grupos e fatores de riscos);

• Detectar epidemias e descrever o seu processo de disseminação;

• Avaliar o impacto de doenças na mortalidade e na incapacidade na população;

• Recomendar a adoção oportuna de medidas para prevenir ou controlar agravos à saúde;

• Avaliar o impacto de medidas de intervenção.

IMPORTÂNCIA

O propósito primordial da vigilância epidemiológica consiste em fornecer dados atualizados e


orientações técnicas aos diversos profissionais de saúde sobre:

• ocorrência de agravos,
• fatores relacionados a sua ocorrência,
• medidas de controle,

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Dessa forma, é um instrumento fundamental no planejamento, estruturação e ações dos mais
diversos serviços de saúde. Para que isso seja possível, tem-se um trabalho contínuo focado na
coleta e análise de dados

SISTEMA DE COLHA DE INFORMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO


A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A força e valor da
informação (que é o dado analisado) depende da qualidade e fidedignidade com que o mesmo é
gerado. Para isso, faz-se necessário que as pessoas responsáveis pela coleta estejam bem
preparadas para diagnosticar corretamente o caso, como também para realizar uma boa
investigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis para que se possa assimilá-las com
confiabilidade.

É importante salientar que o fluxo, a periodicidade e o tipo de dado que interessa ao sistema de
vigilância estão relacionados às características de cada doença ou agravo.

Tipos de Dados
Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica são os seguintes:
Dados Demográficos e Ambientais Permitem quantificar a população: número de habitantes e
características de sua distribuição, condições de saneamento, climáticas, ecológicas, habitacionais
e culturais. Dados de Morbidade Podem ser obtidos através de notificação de casos e surtos, de
produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigação epidemiológica, de busca ativa
de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas. Dados de Mortalidade São
obtidos através das declarações de óbitos que são processadas pelo Sistema de Informações sobre
Mortalidade. Mesmo considerando o sub-registro, que é significativo em algumas regiões do país,
e a necessidade de um correto preenchimento das declarações, trata-se de um dado que assume
importância capital como indicador de saúde. Esse sistema está sendo descentralizado, objetivando
o uso imediato dos dados pelo nível local de saúde. Notificação de Surtos e Epidemias A detecção
precoce de surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local está
bem estruturado com acompanhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de
casos de cada doença e agravo sujeito à notificação. Essa prática possibilita a constatação de
qualquer indício de elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras
doenças não incidentes no local, e, consequentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica
inicial para a adoção imediata das medidas de controle. Em geral, deve-se notificar esses fatos aos

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níveis superiores do sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar
colaboração, quando necessário.

Fontes de Dados
A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões - INFORMAÇÃO
PARA AÇÃO. Este princípio deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as
diversas fontes que podem ser utilizadas para o fornecimento de dados. As principais são:

Notificação
Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à
autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de
medidas de intervenção pertinentes. notificação compulsória tem sido a principal fonte da
vigilância epidemiológica a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo
informação-decisão-ação.

Dada a natureza específica de cada doença ou agravo à saúde, a notificação deve seguir um
processo dinâmico, variável em função das mudanças no perfil epidemiológico, dos resultados
obtidos com as ações de controle e da disponibilidade de novos conhecimentos científicos e
tecnológicos. As normas de notificação devem adequar-se no tempo e no espaço, às características
de distribuição das doenças consideradas, ao conteúdo de informação requerido, aos critérios de
definição de casos, à periodicidade da transmissão dos dados, às modalidades de notificação
indicadas e a representatividade das fontes de notificação.

Os critérios que devem ser aplicados no processo de seleção para notificação de doenças são:
Magnitude - doenças com elevada frequência que afetam grandes contingentes populacionais, que
se traduzem pela incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida perdidos.

Potencial de disseminação - se expressa pela transmissibilidade da doença, possibilidade de sua


disseminação através de vetores e demais fontes de infecção, colocando sob risco outros indivíduos
ou coletividades.

Transcendência – tem-se tem definido como um conjunto de características apresentadas por


doenças e agravos, de acordo com sua apresentação clínica e epidemiológica, das quais as mais
importantes são: a severidade medida pelas taxas de letalidade, hospitalizações e sequelas; a
relevância social que subjetivamente significa o valor que a sociedade imputa à ocorrência do

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evento através da estigmatização dos doentes, medo, indignação quando incide em determinadas
classes sociais; e as que podem afetar o desenvolvimento, o que as caracteriza como de relevância
econômica devido a restrições comerciais, perdas de vidas, absenteísmo ao trabalho, custo de
diagnóstico e tratamento, etc.

Vulnerabilidade - doenças para as quais existem instrumentos específicos de prevenção e controle


permitindo a atuação concreta e efetiva dos serviços de saúde sob indivíduos ou coletividades.

Compromissos Internacionais - o governo brasileiro vem firmando acordos juntamente com os


países membros da OPAS/OMS, que visam empreender esforços conjuntos para o alcance de metas
continentais ou até mundiais de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças. Exemplo
mais expressivo é o do Programa de Eliminação do Poliovírus Selvagem, que alcançou a meta de
erradicação das Américas. Desta forma, teoricamente, a poliomielite deveria ser excluída da lista,
no entanto este programa preconiza sua manutenção e sugere ainda que se acrescente as Paralisias
Flácidas Agudas, visando a manutenção da vigilância do vírus, para que se detecte sua introdução
em países indenes, visto que o mesmo continua circulando em áreas fora do continente americano.

Regulamento Sanitário Internacional - as doenças que estão definidas como de notificação


compulsória internacional, obrigatoriamente, são incluídas nas listas de todos os países membros
da OPAS/OMS, e hoje estão restritas a três: cólera, febre amarela e peste.

Epidemias, surtos e agravos inusitados - todas as suspeitas de epidemias ou de ocorrência de


agravo inusitado devem ser investigadas e imediatamente notificadas aos níveis hierárquicos
superiores pelo meio mais rápido de comunicação disponível. Mecanismos próprios de notificação
devem ser instituídos, definidos de acordo com a apresentação clínica e epidemiológica do evento.

Aspectos que devem ser considerados na notificação:


• Notificar a simples suspeita da doença. Não se deve aguardar a confirmação do caso para
se efetuar a notificação, pois isto pode significar perda da oportunidade de adoção das
medidas de prevenção e controle indicadas;
• A notificação tem que ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico
sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos
cidadãos;

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• O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de
casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um
indicador de eficiência do sistema de informações.

ACTUALIZAÇÃO EM CASO DE SURTO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS EPIDÉMICAS


Confirmar a ocorrência de um surto

objetivo da verificação diagnóstica é garantir que o problema foi diagnosticado corretamente.


Consequentemente, é necessário nessa fase revisar os históricos clínicos e laboratoriais dos casos
notificados. Essa informação servirá para construir um quadro de frequência de sintomas e sinais
da doença e possíveis requerimentos de laboratório para a confirmação de futuros casos, ou
descartar alguns dos casos notificados.

Organizar o trabalho de campo

A equipe local de saúde deve planejar os aspectos operacionais do trabalho de campo. Em geral, é
importante prestar especial atenção a três tipos de requerimentos:

Aspectos administrativos. Devem ser estabelecidos contatos e coordenação adequados com as


autoridades sanitárias, políticas e civis da comunidade; caso necessário, será solicitada cooperação
ativa.

Aspectos logísticos. Deve ser estabelecida uma coordenação de campo que garanta os recursos
mínimos, organize as pessoas, distribua adequadamente as tarefas e supervisione a execução geral
do trabalho de campo.

Aspectos técnicos. É fundamental contar com informação técnica pertinente, incluindo os dados
de notificação, dados demográficos, mapas e cartografia mínima, modelos de questionários,
manual de normas e procedimentos vigentes, informação clínica e de laboratório relevantes e
assessoramento estatístico e epidemiológico.

Estabelecer uma definição operacional de caso

Uma definição de caso é uma padronização de critérios empregada para decidir se cada indivíduo
suspeito de ter a doença objeto da investigação é classificado ou não como caso. Por isso, é
importante empregá-la sistemática e uniformemente para a busca de casos adicionais e a

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determinação da magnitude real do surto. Em geral, a definição operacional de caso leva em conta
uma série de condições de inclusão, exclusão ou restrição em relação aos três tipos de critérios a
seguir:

Critérios clínicos: que levam em consideração os sintomas e sinais da doença mais frequentemente
observados nos casos notificados; podem incluir a sequência com a qual se apresentam e a duração
média dos mesmos.

Critérios de laboratório: que levam em consideração a evidência bioquímica, patológica ou


microbiológica de infecção ou doença mais importante para a confirmação etiológica da doença
nos casos notificados.

Critérios epidemiológicos: que levam em consideração as características relevantes da distribuição


dos casos notificados em função do tempo, lugar e pessoa, assim como do agente, hospedeiro e
ambiente; podem considerar critérios de inclusão ou exclusão em relação ao período de incubação,
período provável de exposição, contato com casos índice, casos secundários ou fonte comum, tipo
de exposição e restrições sobre tempo e área geográfica específicos.

Realizar a busca ativa de casos

Se o surto já foi confirmado, a equipe local já está organizada e já foi estabelecida uma definição
operacional de caso, o próximo passo, é buscar os casos, o que representa literalmente o trabalho
de campo. A primeira medida para aumentar a identificação de casos é pôr em prática um sistema
de vigilância intensificada que possa incluir a conversão da vigilância passiva para vigilância ativa,
a ampliação da frequência e modo de notificação (normalmente diária e telefônica), a inclusão de
fichas de investigação de caso e contatos e outras ações imediatas.

Caracterizar o surto em tempo, lugar e pessoa

Tempo O instrumento básico para caracterizar um surto no tempo é a curva epidêmica. Caracterizar
um surto no tempo envolve o estabelecimento da duração do surto, a definição da sua natureza e
estimar o período provável de exposição. A duração de um surto ou epidemia depende,
basicamente, dos seguintes fatores:

• A velocidade do surto, em relação à infectividade do agente e modo de transmissão


• O tamanho da população suscetível.

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• A intensidade de exposição da população suscetível.
• O período de incubação da doença.
• A efetividade das medidas de controle imediato.

O Gráfico 1 apresenta a curva epidêmica correspondente a um surto de rubéola que atingiu 37


pessoas e ocorreu entre 21 e 29 de junho (duração = 9 dias).

Lugar (espaço)

Caracterizar um surto em termos do lugar envolve a descrição da distribuição geográfica ou


espacial dos casos, a partir das respectivas taxas de ataque. A distribuição espacial de casos pode
ser descrita em função de diversas características consideradas relevantes para documentar a
extensão geográfica do surto, assim como, para estabelecer sua etiologia, exposição e propagação

Gráfico 2. Surto de febre tifoide; distribuição de casos por paróquia

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Pessoa

A caracterização do surto pela variável pessoa inclui a descrição da distribuição dos casos
conforme as características relevantes dos indivíduos. Tipicamente, esse passo envolve a
elaboração de uma tabela resumo da distribuição dos casos por sexo e faixa etária

Gerar hipóteses e adotar medidas de controle imediato

Nesse ponto, dispomos de duas fontes de evidência:

• A informação médica geral sobre as doenças e danos à saúde (o “quê”) que poderia estar causando
o surto observado.

• A informação epidemiológica descritiva, caracterizada no passo anterior, sobre o tempo (o


“quando”), lugar (o “onde”) e pessoa (o “quem”) no qual ocorre o surto em andamento.

Essa informação deve ser sintetizada em hipóteses, ou seja, conjeturas plausíveis ou explicações
provisórias sobre três grandes aspectos:

• A fonte provável do agente causal do surto.

• O modo de transmissão provável do surto.

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• A exposição associada a um maior ou menor risco de adoecer

Implementar as medidas de controle específicas

Com os resultados dos estudos analíticos, torna-se necessário outro esforço de síntese. Toda a
evidência disponível deve ser revisada, incluindo a atualização da caracterização do surto no
tempo, lugar e pessoa, bem como a avaliação preliminar dos resultados da aplicação das medidas
de controle imediato adotadas

DESENVOLVIMENTO SOCIO ECONÓMICO E SANEAMENTO DO MEIO AMBIENTE


O desenvolvimento socioeconômico está intimamente relacionado ao saneamento. Regiões mais
desenvolvidas são também aquelas onde as condições sanitárias são melhores. Muitas doenças
podem ser evitadas com práticas sanitárias, quanto menos desenvolvida é a região maiores são os
índices de doenças de veiculação hídrica, pela contaminação das águas pelo esgoto, fossas ou até
o lixo doméstico, corroborando para déficit da produção do trabalhador, bem como acarretando
gastos com atendimentos médicos e licenças. Cabe então considerar a necessidade de proporcionar
melhorias sanitárias às mais desprovidas comunidades, aliado à educação ambiental, de modo que
a população possa conciliar práticas individuais ao sistema de saneamento, implicando em
melhores condições ambientais e sociais e consequentemente econômicas.

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CONCLUSÃO
A identificação dos fatores de risco, individuais e coletivos, que participam na ocorrência de
doença na população é a base para o desenvolvimento de intervenções voltadas para a promoção
da saúde e a prevenção e controle da doença. Em situações de alerta epidemiológico, as medidas
de controle devem ser implementadas de forma rápida e eficiente e devem estar dirigidas para
suprimir ou eliminar as fontes de infecção ou exposição, interromper a transmissão na população
e reduzir a suscetibilidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE);
investigação epidemiológica de campo: aplicação ao estudo de surtos, Brasil

Ministério da saúde; guia de vigilância epidemiológica;1998; Brasil

ALVES; Adriana Thays Araújo; desenvolvimento socioeconômico e saneamento; Universidade


federal; Pernambuco; 2017

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