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23/08/2022 19:16 Aplicações da epidemiologia no SUS

Aplicações da epidemiologia no SUS


Prof.º Fábio Augusto Costa Ferreira Rebouças

Descrição
Sistema de vigilância em saúde, dados e informações, medidas de prevenção e promoção à saúde.

Propósito
Compreender como os dados produzidos no nível mais básico irão alimentar um sistema de nível nacional é
importante para entender como são produzidas as informações relevantes no SUS e como essas
informações servirão para propor medidas em saúde, que podem não só evitar o adoecimento de indivíduos
e populações, mas também melhorar o cuidado e a recuperação daqueles que já adoeceram.

Preparação
Tenha em mãos um dicionário médico para sanar as dúvidas sobre os termos e as doenças relatados ao
longo do texto.

Objetivos
Módulo 1
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Vigilância epidemiológica
Reconhecer a importância da vigilância epidemiológica na saúde pública.

Módulo 2

Ferramentas para monitoramento e coleta de dados


Reconhecer os sistemas de informação em saúde.

Módulo 3

Medidas de controle, promoção e prevenção de


doenças e agravos
Identificar os tipos de prevenção e promoção à saúde.

Introdução
A produção de informação em saúde pública é um sistema capilar que se inicia no nível do indivíduo,
a partir do atendimento ambulatorial, ou mesmo com a visita de um Agente Comunitário de Saúde
(AGS). Toda ação em saúde precisa produzir dados relevantes, que irão alimentar um sistema
integrado de nível nacional no qual os gestores, por intermédio da vigilância epidemiológica, poderão
acessar e produzir informação e, posteriormente, propor medidas de prevenção e promoção que vão
desde fomentar o bem-estar e instruir o cidadão, dificultando que ele adoeça, passando pelo
diagnóstico precoce e avançando, até o tratamento e a redução de sequelas.

Vamos, ao longo deste conteúdo, entender conceitos, funções, propósitos e fases que compreendem
o esforço para reunir dados sobre doenças e agravos, tendo a consciência de que essa é uma etapa
indispensável para a produção de informação útil em saúde, a qual fundamentará toda uma rede de
prevenção e promoção à saúde.

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1 - Vigilância epidemiológica
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância da
vigilância epidemiológica na saúde pública.

Introdução à vigilância epidemiológica

A vigilância epidemiológica apresenta definições diferentes, como observamos a seguir.

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Lei nº 8080/1990

“Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção


de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos” (Lei nº 8080/1990, art. 6º, § 2º).

Guia de vigilância epidemiológica close

“Conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para


conhecer, a qualquer momento, o comportamento ou história natural das
doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores
condicionantes, com a finalidade de recomendar oportunamente, sobre bases
firmes, as medidas indicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de
determinadas doenças” (FUNASA, 2002, p. 11).

As ações de vigilância epidemiológica estão previstas na Lei nº 8.080/1990 e visam, por intermédio dos
sistemas de informação em saúde (SIS), coletar, processar e analisar dados sobre agravos que possam
afetar diferentes populações (humanas ou animais). A partir desses dados, é possível propor ações de
controle, avaliar o custo-efetividade das medidas já adotadas e divulgar as informações que levem à
promoção da saúde e à prevenção das doenças.

A vigilância epidemiológica também se propõe a divulgar informações de saúde, com o intuito de produzir
orientação técnica para os gestores responsáveis pela decisão e execução de ações de controle de doenças
e agravos. Além disso, é um importante instrumento para operacionalização, organização e planejamento
estratégico dos serviços de saúde, além de subsidiar a normatização de procedimentos e atividades
técnicas.

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Ciclo da vigilância epidemiológica.

Para isso, os dados produzidos por todos os SIS são consolidados, processados e transformados em
informação pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), o que permite que a informação
seja analisada e interpretada.

Em linhas gerais, a vigilância epidemiológica procura responder a indagações cujas respostas orientarão
para a tomada de decisão, ações e objetivos de curto, médio e longo prazos no combate e controle de
determinado agravo, como os seguintes questionamentos a seguir.

Como a doença se distribui segundo as características das pessoas, lugares e


épocas consideradas?

Que fatores estão relacionados à ocorrência da doença e sua distribuição na


população?

Que medidas devem ser tomadas a fim de prevenir e controlar a doença?

Qual o impacto das ações de prevenção e controle sobre a distribuição da


doença?

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Para a seleção de agravos à vigilância epidemiológica alguns determinantes são prioritários, como o risco,
fator de risco e agravo à saúde. Esses conceitos já sabemos, mas vamos relembrar a seguir.

Risco

É a probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito ou condição relacionada


à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante
um tempo determinado.

Fator de risco

São os componentes que podem levar à ocorrência da doença ou contribuir para o


risco de adoecimento e manutenção dos agravos de saúde.

Agravo à saúde

Corresponde ao mal ou ao prejuízo à saúde de um ou mais indivíduos, de uma


coletividade ou população.

Como saber qual doença ou agravo é prioritário?

Para isso, devemos avaliar diferentes critérios, são eles:

Magnitude expand_more

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É a incidência, a prevalência, a morbidade, a mortalidade e a gravidade do


efeito (consequência ou dano) do evento. Ela indica uma frequência elevada da
doença ou que aquela doença atinge grandes contingentes populacionais.

Potencial de disseminação/transmissibilidade expand_more

Equivale à possibilidade da sua disseminação por vetores, como mosquitos, ou


demais fontes de infecção, colocando em risco outros indivíduos ou
coletividades.

Transcendência (valor social) expand_more

É a medida da relevância social, do reconhecimento que dada população dá a


um evento e da motivação dessa comunidade para resolver o problema.
Normalmente, é influenciada pela gravidade dos eventos.

Severidade/gravidade expand_more

Avalia as consequências do processo ou da doença. É medida pela letalidade,


pela taxa de hospitalização, pelas sequelas produzidas pelo agravo ou por
outras consequências.

Relevância econômica expand_more

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Compreende as situações de saúde que prejudicam o desenvolvimento


econômico, como os custos de tratamento e do diagnóstico, as restrições
comerciais etc.

Vulnerabilidade expand_more

É causada pelas doenças e pelos agravos novos ou desconhecidos que são


capazes de colocar a população em uma situação de maior vulnerabilidade.

Compromissos internacionais expand_more

São as doenças ou agravos que precisam da adoção de um conjunto de


medidas com alcance mundial para seu controle, eliminação ou erradicação.
Exemplos: O sarampo, a fome e a covid-19.

Regulamentos sanitários internacionais expand_more

São as doenças de notificação compulsória internacional e estão


obrigatoriamente incluídas na lista de todos os países membros da OMS.
Exemplos: Cólera, ebola e febre amarela.

Atenção!

Todas as suspeitas de epidemias, surtos e doenças emergentes ou reemergentes


devem ser investigadas e notificadas de forma mais rápida possível.

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Sistema Nacional de Vigilância


Epidemiológica (SNVE)

Na década de 1970, o Mistério da Saúde (MS), orientado pelo relatório final da 5ª Conferência Nacional de
Saúde (1975), editou o Decreto nº 78.231/1976 e a Lei nº 6.259/1975, estabelecendo a compulsoriedade da
notificação de determinados agravos e doenças transmissíveis, atualizada pela Portaria nº 104, de 25 de
janeiro de 2011.

Duas décadas depois, o SUS incorporou o SNVE, definindo a vigilância no texto da Lei nº 8.080/1990,
tornando-a uma importante ferramenta do SUS. A partir dos dados obtidos pelo SNVE, inicia-se o processo
de “informação–decisão–ação” para o controle de doenças e agravos específicos, tendo como principais
objetivos elaborar, recomendar e avaliar as medidas de controle e planejamento. A rede de informações que
compõe o sistema SNVE tem atividades similares, tais como:

Avaliação, implementação e recomendação de ações de controle

Investigação epidemiológica

Coleta, processamento, análise e interpretação de dados

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Retroalimentação e divulgação de informações

Essas atividades fortalecem o sistema de informações, as quais são obtidas em todos os níveis do sistema
de vigilância (municipal, estadual e federal). Quanto maior a qualidade dos dados obtidos, maior será a
precisão das informações geradas a partir do banco de dados do SNVE.

Atenção!

Os dados obtidos em nível municipal apresentam maior fidedignidade e riqueza de


detalhes, pois existe o contato entre o agente de saúde e a população. Já os dados
coletados em níveis estadual e federal participam do sistema, construindo estratégias
e elaborando notas técnicas e pareceres.

Quais os dados que integram o SNVE?

Os dados que integram o SNVE são:

Dados socioeconômicos, ambientais e demográficos


Correspondem ao número de habitantes, distribuição por idade, sexo, etnia e renda, condições de
saneamento, pluviosidade, temperatura, umidade relativa do ar, entre outros.

Dados de morbidade
Correspondem à notificação de casos e surtos (prioritariamente), produção de serviços ambulatoriais,
laboratoriais e hospitalares, investigação epidemiológica e busca ativa de casos.

Dados de mortalidade
Correspondem às declarações de óbitos, processadas pelo Sistema de informação de mortalidade (SIM).

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Com base nesses dados, é possível realizar um estudo correlacionando as diferentes variáveis e o aumento
ou decréscimo do número de casos, por exemplo, ajudando a identificar as populações mais suscetíveis, as
mais resistentes e ajudando, também, na elaboração de políticas públicas voltadas àquela população mais
vulnerável.

E como é feita a inserção dos dados que integram o SNVE?

A “informação para a ação” tem sido o princípio que rege a relação entre as diferentes fontes produtoras de
dados e os responsáveis pela vigilância epidemiológica. Neste contexto, a notificação compulsória de casos
suspeitos e confirmados se estabeleceu como uma fonte de informação permanente e confiável, ajudando
na adoção de medidas de intervenção.

A seguir, vemos algumas das fichas de notificação da covid-19, disponíveis do site do Ministério da Saúde.

Fichas de notificação da covid-19 - Ministério da Saúde (MS).

Quais são as fontes de informação?

As fontes de informação são:

1. instituições de saúde (públicas ou privadas), por intermédio das fichas de notificação ou pelo telefone,
dada a urgência da necessidade de intervenção;

2. laboratórios (resultados de exames.);

3. imprensa e relatos de populares;

4. notificação negativa (a não ocorrência de determinado agravo também precisa ser comunicada, como
medida de controle);

5. investigação de campo (monitoramento, acompanhamento e encerramento do caso);

6. sistema-sentinela (evento-sentinela, unidade-sentinela).

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Modalidade de vigilância epidemiológica

A vigilância epidemiológica apresenta algumas modalidades, são elas:

Vigilância sindrômica expand_more

É focada na observação da ocorrência de sinais, sintomas e fisiopatologias


comuns a etiologias diversas. A definição de casos de acordo com a
ocorrência de determinadas síndromes é o suficiente para enquadrar o
indivíduo ou a população nesse critério, facilitando a notificação e
possibilitando o levantamento de um volume considerável de dados, o que
melhora a análise e reduz a sobrecarga dos serviços de saúde.

Importante salientar que essa modalidade só é aplicável a grupos de doenças


com síndromes agudas em comum, como síndrome exantemática, síndrome
ictérica, síndrome diarreica, síndrome respiratória etc., permitindo intervenções
rápidas e evitando a ocorrência de surtos/epidemias.

Sistema Sentinela expand_more

Consiste em uma ou mais instituições de saúde capacitadas para o


fornecimento de insumos específicos para realização de exames laboratoriais,
a fim de rastrear a ocorrência de determinada doença ou agravo e com
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profissionais responsáveis pelo registro regular e envio periódico às


autoridades sanitárias das doenças de notificação compulsória. Por exemplo:
H1N1, síndrome respiratória aguda grave (SARS), HIV, infecções sexualmente
transmissíveis (IST) e doenças ocupacionais.

Vigilância epidemiológica em âmbito hospitalar expand_more

Tem como objetivo realizar ações de vigilância nesse ambiente, notificando


doenças e especificando, após a alta hospitalar, o início da doença, os locais de
residência e trabalho do paciente, permitindo verificar possíveis agravos à
saúde na população que tem contato com o paciente. Podemos também criar
sistemas de vigilância epidemiológica ambulatorial, com dados de pacientes
não internados.

Vigilância sanitária de produtos de saúde pós-uso/comercialização expand_more

É a área de atividade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que


tem como objetivo realizar ações de vigilância de produtos de saúde
(medicamentos, kits para exames laboratoriais, órteses, próteses,
equipamentos e materiais médico-hospitalares, saneantes, sangue e seus
componentes), pós-uso/comercialização.

Vigilância passiva expand_more

Tem na notificação espontânea sua principal alimentadora. É o método mais


simples, de menor custo e o mais habitualmente utilizado na análise de
eventos adversos à saúde. Por seu elevado grau de imprecisão, não pode ser
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utilizado como única fonte para tomada de decisão, porém, é muito eficiente
em identificar determinado problema na população servindo como pontapé
inicial para pesquisas mais elaboradas e com maior grau de precisão. Um
exemplo são as notificações voluntárias e espontâneas que ocorrem na rotina
do serviço de saúde.

Vigilância ativa expand_more

Caracteriza-se pelo contato direto, em intervalos definidos, entre a equipe de


saúde e o cidadão, que ocorre usualmente em unidades de saúde públicas e
privadas, laboratórios e hospitais.

Em que situações podemos combinar a vigilância ativa com a passiva?

A combinação da vigilância passiva com a busca ativa de casos pode ser utilizada em situações alarmantes
ou em programas de erradicação e/ou controle prioritários. Por exemplo: tuberculose, HIV/AIDS; erradicação
da poliomielite; eliminação do sarampo.

A vigilância ativa e passiva apresenta vantagens e desvantagens, vamos conhecê-las?

Vantagem Desvantagem

Representativa Complexa
Vigilância ativa
Detecta epidemias Alto custo

Pouco representativa
Vigilância Simples
Pode não detectar
passiva Baixo custo
epidemias

Quadro: Vantagens e desvantagens da vigilância ativa e passiva.


Elaborado por: Fábio Rebouças.

A Anvisa, após levantamento de dados, consegue reavaliar registros, pode publicar


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alertas e retirar produtos do mercado. Além disso, é responsável por realizar


inspeções em empresas e verificar se elas seguem as normas e regulamentações
vigentes, garantindo produtos de qualidade e a segurança da população.

Logotipo da Anvisa.

Saiba mais

A Rede de Hospitais Sentinela atua como observatório do desempenho e da


segurança de produtos de saúde regularmente usados.

Quais os tipos de monitoramento epidemiológico?

O monitoramento epidemiológico é essencial para a regulação sanitária, veja os três tipos a seguir.

Farmacovigilância
Visa acompanhar o desempenho dos medicamentos que já estão no mercado, realizando ações de
forma compartilhada pelas vigilâncias sanitárias dos estados, municípios e pela Anvisa, com objetivo de
garantir a segurança dos medicamentos.

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Hemovigilância
Corresponde ao monitoramento das reações transfusionais resultantes do uso terapêutico de sangue e
hemoderivados, visando à qualidade dos produtos e à segurança transfusional do paciente. Toda reação
transfusional deve ser notificada.

Tecnovigilância
É o sistema que monitora as queixas técnicas de produtos para a saúde em fase de pós-comercialização
e os eventos adversos, com o objetivo de garantir a segurança sanitária desses produtos.

Os produtos farmacêuticos apesar de serem produzidos para evitar, aliviar ou curar doenças/agravos
podem ter efeitos indesejáveis e até danosos. Essa dualidade é importantíssima para a saúde pública, o que
torna a farmacovigilância uma atividade indispensável à regulação sanitária em qualquer país. Um exemplo
disso é o caso do medicamento talidomida, que inicialmente foi desenvolvido para o tratamento de náuseas
e prescrito para gestantes, porém, com seu uso em larga escala, foi associado à malformação fetal, gerando
o que hoje ficou conhecida como a síndrome de talidomida.

Investigação epidemiológica
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A avaliação sistemática das condições de saúde e de doença da população requer disponibilidade e


qualidade de dados coletados pelos sistemas de vigilância epidemiológica. Entretanto, em emergências ou
calamidades, haverá a necessidade de produção de informação complementar, utilizando-se métodos de
investigação rápidos, específicos, apropriados e de pronto emprego.

A investigação epidemiológica de campo consiste na aplicação dos princípios e metodologias da pesquisa


epidemiológica para o estudo de problemas de saúde inesperados, realizados no ambiente real de
ocorrência da doença/agravo, para os quais são necessárias uma resposta imediata e uma intervenção
oportuna na população. Esse estudo opera no terreno no qual ocorre o problema e a investigação tem
duração e extensão limitadas no tempo.

Os objetivos da investigação epidemiológica são:

Identificar fontes de Confirmar o diagnóstico e Orientar medidas de


infecção, modo de determinar as principais controle para limitar a
transmissão, grupos características expansão de doença/agravo
vulneráveis e/ou expostos e epidemiológicas. no terreno.
os fatores de risco.

A investigação epidemiológica deve ser iniciada logo após a notificação de determinado caso, seja ele
isolado ou um conjunto (agregado), seja um caso suspeito ou laboratorialmente confirmado, tendo o
diagnóstico clínico ou sendo apenas um contactante. Em todos esses casos, a autoridade sanitária irá
avaliar a necessidade de dispor de informações complementares. Em algumas situações, especialmente
quando a fonte e o modo de transmissão já são evidentes, as ações de controle devem ser instituídas
durante ou até mesmo antes da realização da investigação.

Os critérios e considerações em uma investigação epidemiológica são:

E d d d
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Exame do doente e de seus contatos.

Detalhamento da história clínica e de dados epidemiológicos (tempo, pessoa,


lugar).

Coleta de amostras para laboratório (se houver indicação).

Busca de casos adicionais a partir do relato do paciente.

Identificação do(s) agente(s) infeccioso(s), quando se tratar de doença


transmissível.

Determinação de seu modo de transmissão ou de ação, busca de locais


contaminados (reservatórios) ou de vetores/fômites.

Identificação de fatores que tenham contribuído para a ocorrência dos casos.

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A investigação detalhada de cada caso é imprescindível, pois, a partir dela, será possível identificar as
formas iniciais da doença ou do agravo e instituir precocemente o tratamento adequado (aumentando
chance de sucesso) ou proceder ao isolamento, visando evitar o avanço da doença na comunidade.

A partir da investigação inicial, a autoridade sanitária procurará alcançar quatro pilares importantes para a
obtenção de sucesso, tanto na contenção da doença, como na saúde e qualidade de vida do indivíduo
portador. São eles:

Atenção médica ao paciente expand_more

Para minimizar as consequências do agravo. Caso seja uma doença


transmissível de pessoa a pessoa, o tratamento irá contribuir para a redução do
risco de transmissão.

Qualidade da atenção médica expand_more

Nesse ponto, a autoridade sanitária irá verificar se os pacientes estão sendo


atendidos em unidade de saúde com capacidade para prestar assistência
adequada e oportuna, de acordo com as características clínicas da doença.
Caso contrário, o paciente será encaminhado para uma unidade especializada.

Proteção individual expand_more

Quando necessário, adotar medidas de isolamento, considerando a forma de


transmissão da doença (entérica, respiratória etc.).

Proteção da população expand_more


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Logo após a confirmação da suspeita, visa à adoção de medidas de controle


coletivas específicas para cada tipo de doença.

video_library
Investigação de casos de notificação
compulsória
Neste vídeo, o especialista Fábio Rebouças, Mestre em epidemiologia, apresenta o passo a passo de uma
investigação de caso de notificação compulsória pela vigilância epidemiológica, a partir de exemplos
práticos.

playlist_play
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.

Módulo 1 - Vem que eu te explico!

Introdução à vigilância epidemiológica

Módulo 1 - Vem que eu te explico!

SNVE

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Módulo 1 - Vem que eu te explico!

Modalidades de vigilância epidemiológica

Todos

keyboard_arrow_left Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 keyboard_arrow_right


Módulo 1 - Video

Investigação de casos de notificação compulsória

Módulo 2 - Video

Como usar o sistema o Tabnet?

Módulo 3 - Video

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

“A vigilância epidemiológica compreende o conjunto de ações que proporciona o


conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos”
(BRASIL, 1990). Um dos pilares da vigilância para doenças com potencial epidêmico é
a notificação compulsória

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A apenas de casos confirmados.

B apenas de casos suspeitos.

C de óbitos.

D de casos de pacientes internados.

E de casos suspeitos e confirmados.

Parabéns! A alternativa E está correta.


Como a questão trata de doenças com potencial epidêmico, é
importantíssimo notificar conjuntamente casos confirmados e suspeitos, com
Questão 2
a finalidade de conseguir intervir o mais rápido possível e bloquear a expansão
da referida doença.
O Ministério da Saúde editou a Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, cujo anexo
atualiza a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação
compulsória no território nacional. A inclusão de uma doença nessa lista é decidida
mediante a consideração conjunta de alguns critérios. Assinale a opção que apresenta
a correta definição do critério pontuado.

Vulnerabilidade: doenças para as quais existe interesse em esforços


A
conjuntos visando ao cumprimento de metas mundiais.

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Transcendência: existência de instrumentos de prevenção e controle


B
contra a doença, possibilitando intervenções efetivas.

Magnitude: expressada pela frequência elevada da doença ou por


C
atingir grandes contingentes populacionais.

Potencial de disseminação: conjunto de características clínico-


D epidemiológicas que possibilitam inferir o grau de relevância da
doença em termos prognósticos, sociais e econômicos.

Gravidade: capacidade da doença ou agravo em alcançar números


E crescentes de indivíduos na população, seja por vetores ou outras
fontes de infecção.

Parabéns! A alternativa C está correta.


De todos os critérios apresentados, apenas magnitude está com a definição
correta. Vulnerabilidade é causada por doenças e agravos novos ou
desconhecidos, que são capazes de colocar a população mais vulnerável.
Potencial de disseminação equivale à possibilidade da sua disseminação por
vetores, como mosquitos, ou demais fontes de infecção, colocando sob risco
outros indivíduos ou coletividades. Transcendência é a medida da relevância
social, do reconhecimento que dada população dá a um evento e da
motivação desta comunidade em resolver o problema. Já a gravidade avalia
as consequências do processo ou da doença.

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starstarstarstarstar

2 - Ferramentas para monitoramento e


coleta de dados
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os sistemas de
informação em saúde.

Sistemas de informação em saúde

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Os sistemas de informação em saúde (SIS) abrangem elementos importantíssimos para diversos setores,
como a administração, a assistência, o controle e a avaliação, para o orçamento e as finanças, o
planejamento, os recursos humanos, a regulação, a saúde suplementar e o geoprocessamento.

Dessa forma, garantem a avaliação constante da situação de saúde de determinada população, além de
acompanhar sistematicamente os resultados das ações implementadas, oferecendo subsídios para uma
melhoria contínua e alinhada aos objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os SIS são ferramentas que permitem a coleta e o monitoramento de dados, servindo de base para a
análise dos problemas de saúde da população, apoiando a tomada de decisões nas três esferas do governo.

Saiba mais

A coleta dos dados pode ser realizada sem a ajuda da informática, assim não
podemos confundir sistema de informação com sistema informatizado. Entretanto, a
informática é uma ferramenta essencial para esse levantamento de dados e para
análises nessa área.

Entidades de informação em saúde

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A produção e a utilização de informações sobre saúde no Brasil ocorrem pela cooperação entre vários
organismos, envolvendo diferentes estruturas de gestão e financiamento.

A primeira instituição que nos vem à mente quando pensamos em indicadores e coleta de dados é o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pela coleta e análise de uma
infinidade de dados a respeito da população brasileira. No Brasil, as informações relacionadas à saúde são
produzidas pelos seguintes órgãos:

SUS (principalmente)

Entidades públicas ou privadas, como universidades e institutos de pesquisa

Órgãos internacionais e agências não governamentais

A Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA) foi criada pela associação entre o Ministério da
Saúde (MS) e a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS). Esse sistema tem indicadores específicos
para avaliar o estado de saúde da população e os aspectos econômicos, sociais e organizacionais, que são
determinantes para verificar a situação de saúde do indivíduo, sendo essencial para aumentar a capacidade
de obter informação para o estabelecimento de políticas de saúde.

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Sistemas de informação no âmbito do SUS

O principal sistema de informação do SUS é o Datasus (departamento de informática


do SUS), responsável por organizar as informações relativas às ações, como dados de
morbimortalidade, capacidade instalada, formas de financiamento e aplicação de
recursos, monitoramento de programas, etc., desenvolvidas e alimentadas pelos
municípios e estados. A ferramenta de armazenamento do Datasus é o Tabnet.

video_library
Como usar o sistema o Tabnet?
Neste vídeo, o especialista Fábio Rebouças, Mestre em epidemiologia, apresenta na prática como utilizar a
ferramenta Tabnet, importante ferramenta utilizada no Datasus.

Os dados são inseridos no sistema sempre no mesmo formato e em sistemas cujos bancos de dados
sejam intercambiáveis entre si, assim, a análise conjunta dos mais diversos bancos de dados torna-se

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facilitada, integrada e articulada entre todas as bases de dados de interesse para a saúde.

O acompanhamento e o controle em todas as etapas de produção (coleta, tratamento e armazenamento)


são imprescindíveis para que haja qualidade nas informações de saúde. Isso permitirá a correção oportuna
dos problemas detectados e a disseminação da informação.

Hoje em dia, temos uma plataforma em implantação que funcionará nacionalmente


visando à interoperabilidade de dados em saúde e com pretensão de conclusão de
todas as etapas prevista para 2028. Trata-se da Rede Nacional de Dados em Saúde
(RNDS), instituída pela Portaria GM/MS nº 1.434, de 28 de maio de 2020.

Seu objetivo é estabelecer a troca ágil de informações entre os diversos pontos da rede de atenção à saúde
espalhados por todo o Brasil, tanto no setor público, como no privado. Por enquanto, os dados continuam
sendo acessados prioritariamente por intermédio do Datasus. Nessa ferramenta, é possível acessar a série
histórica dos Indicadores e Dados Básicos em Saúde (IDB).

SIS disponíveis no Brasil

Sistema de Informação de Agravos de


Notificação (Sinan)
O Sinan reúne dados de investigação e notificação pelos estados e/ou municípios de doenças e agravos que

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estão relacionadas na lista nacional de doenças de notificação compulsória, como:

playlist_add_check
Arboviroses

playlist_add_check
HIV

playlist_add_check
Sífilis

playlist_add_check
Tentativa de suicídio
A relação de agravos ou doenças de notificação compulsória em âmbito nacional é redigida pelo MS,
relacionando os agravos de maior relevância sanitária, sendo atualizada sempre que há alteração no estado
epidemiológico da população. Estados e municípios podem adicionar à lista outras patologias de interesse
regional ou local, desde que justifiquem sua necessidade e definam os mecanismos operacionais
correspondentes. Em dezembro de 2021, a última atualização da lista em âmbito federal consta na Portaria
nº 264, de 17 de fevereiro de 2020.

Atenção!

A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação


compulsória pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que tenha
conhecimento, não existindo, nesse caso, a compulsoriedade da notificação.

Esse sistema permite mapear a ocorrência de determinado evento em uma população, contribuindo para
desvendar as possíveis causas dos agravos, os riscos e, assim, a realidade epidemiológica de uma região
geográfica.

Por exemplo, ao se analisar os casos notificados de dengue no Brasil, na região


Nordeste, o profissional pode realizar a estratificação dos dados por bairro ou
logradouro, sendo possível identificar as áreas de ocorrência de casos na mesma

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região geográfica. Como o dengue está intimamente relacionada ao território e à


presença de reservatórios de água, essa análise permitirá ao gestor determinar que
seja feita uma varredura no local, visando identificar e eliminar esses reservatórios,
além de aproveitar a oportunidade para a conscientização sobre a prevenção da
doença.

Casos de dengue no Brasil em 2019–2020.

Resumindo

Em linhas gerais, esse é o motor da vigilância epidemiológica: ter a capacidade crítica


e técnica de transformar dados em informações úteis que irão refletir em ações
concretas para o benefício de uma população, atuando para reduzir indicadores de
morbidade e mortalidade, entre outros.

Sistema de Informações sobre Mortalidade


(SIM)
O SIM é o sistema que monitora os dados sobre mortalidade no Brasil. Foi criado em 1975 pelo MS e
permitiu que os dados fossem levantados em nível nacional de forma mais confiável. A partir dos dados de
mortalidade, são criadas estatísticas por meio das quais são calculados diferentes índices de mortalidade,
como taxa de mortalidade materna e infantil e que permitem avaliar os indicadores de saúde da região.

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No nível gerencial, existem profissionais com a incumbência de acompanhar alguns indicadores, em uma
ação de vigilância contínua. Entre esses indicadores, vigora o de taxa de mortalidade materna como uma
prioridade prevista no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.

Atenção!

Os bancos de dados do SIM são avaliados semanal ou mensalmente com a finalidade


de verificar o cumprimento das diretrizes de redução desse indicador. Via de regra,
todos os casos visualizados vão para a Comissão de Mortalidade Materna local, para
que as causas sejam discutidas entre os gestores e os responsáveis pelo
acompanhamento daquela gestante no nível local. Todas as inconformidades
observadas se transformam em oportunidades de melhoria, que, ao longo do tempo,
serão traduzidas em manutenção de níveis cada vez menores desse indicador.

Sistema de Informações de Nascidos Vivos


(Sinasc)
O Sinasc reúne os dados de nascimentos informados em território nacional. Esse sistema foi criado em
1990 e apresenta maior quantidade de dados do que o IBGE, que realiza esse levantamento a partir de
dados do registro civil no cartório. Esse banco agrupa também alguns dados adicionais como, por exemplo:

baby_changing_station
Peso ao nascer

child_care
Prematuridade

pregnant_woman
Idade da mãe

terrain
Distribuição no território
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Distribuição no território
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A partir do levantamento realizado por esse banco, temos dados para criar políticas relacionadas à saúde da
mulher e da criança, com ações de atenção à gestante e ao recém-nascido. Além disso, são sinalizadas as
prioridades para esse grupo.

Por intermédio da assistência básica, toda gestante é encaminhada a alguma unidade de saúde para
realizar o acompanhamento pré-natal.

A partir do acompanhamento dos registros lançados no Sinasc, o gestor regional é capaz de filtrar os dados
de acordo com o baixo peso ao nascer.

Exemplo

Ao correlacionar repetidas ocorrências de baixo peso ao nascer com mulheres


atendidas em determinada unidade específica, é possível apurar onde o atendimento
pré-natal não está sendo feito da maneira adequada ou se há algum empecilho que
dificulte o acesso das gestantes naquela situação específica. Assim, dependendo do
cenário, será possível propor alternativas e melhorias no processo para reduzir esse
indicador negativo de baixo peso ao nascer.

Sistema de Informação do Programa


Nacional de Imunizações (SI-PNI)
O SI-PNI realiza o registro das vacinas aplicadas e do percentual de cobertura vacinal de determinada
população ou faixa etária populacional, em um tempo definido e em uma área geográfica. Assim, possibilita
o controle do estoque de imunobiológicos, ferramenta crucial para programar sua aquisição e distribuição, e
permite a avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias.

Durante o período pandêmico da covid-19, iniciado em março de 2020, o SI-PNI se consolidou como
ferramenta fundamental na gestão de imunobiológicos e no controle da cobertura vacinal, tendo
disponibilizado dados que subsidiaram uma infinidade de políticas públicas tanto de incremento nas

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restrições de contato social, como no afrouxamento dessas medidas, de acordo com o percentual de
cobertura vacinal de determinada população.

Sistema de Informação da Atenção


Básica (Siab)
O Siab foi desenvolvido pelo Datasus em 1998 com a finalidade de realizar o levantamento das atividades
desenvolvidas no âmbito das equipes das unidades de saúde e sistematizar dados coletados pelos agentes
comunitários de saúde (ACS) nas visitas às comunidades. É a partir dos dados de produção do Siab que
ocorre a transferência de recursos financeiros do MS, sendo o sistema uma ferramenta muito importante.

Atualmente, o Siab funciona como um sistema de gestão dos sistemas de saúde em nível local, e traz
consigo conceitos muito caros à Estratégia de Saúde na Família (ESF), como a responsabilidade sanitária, o
território e o problema. Além disso, incorpora avanços significativos no campo da informação em saúde,
como, por exemplo:

1. avaliação de intervenções e visualização dos problemas de saúde da comunidade


na perspectiva do território (espacialização);

2. emprego mais ágil da informação colhida;

3. geração de indicadores com a capacidade de abranger todas as etapas de


estruturação das ações de saúde com base na identificação precoce de problemas.

Sistema de Avaliação Alimentar e Nutricional


(Sisvan)
O Sisvan realiza o levantamento e monitoramento do estado nutricional de uma população. Atualmente,

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existem grupos prioritários para o acompanhamento que englobam todas as gestantes em


acompanhamento pré-natal e as crianças entre 0 e 5 anos que frequentam a rede municipal de saúde.

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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.

Módulo 2 - Vem que eu te explico!

Os sistemas de informação em saúde

Módulo 2 - Vem que eu te explico!

SIS disponíveis no Brasil

Todos

keyboard_arrow_left Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3


keyboard_arrow_right
Módulo 1 - Video

Investigação de casos de notificação compulsória

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Módulo 2 - Video

Como usar o sistema o Tabnet?

Módulo 3 - Video

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Vimos que os sistemas de informação em saúde são importantíssimos para diversos


setores da saúde. Sobre o SIS, analise as afirmativas e assinale a alternativa que traz
uma informação correta.

A É um sistema informatizado de coleta de dados.

Permite a coleta e o monitoramento de dados, servindo de base para


B
a análise dos problemas de saúde da população.

É importante apenas para avaliar o planejamento de recursos


C
financeiros e humanos.

É uma ferramenta que avalia apenas as doenças de notificação


D
compulsória.

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O SIS faz o levantamento de dados, mas não o acompanhamento dos


E
resultados de ações em saúde.

Parabéns! A alternativa B está correta.


Os SIS abrangem elementos importantes para a administração, a assistência,
o controle, a avaliação, o orçamento e as finanças, o planejamento, os
recursos humanos, a regulação, a saúde suplementar e o geoprocessamento
em saúde, garantindo a avaliação constante da situação de saúde de
determinada população, além de acompanhar sistematicamente os resultados
Questão
das2 ações de saúde implementadas. A coleta de dados não precisa ser feita
de forma informatizada.
A taxa de mortalidade materna é um indicador muito utilizado no âmbito da gestão
para medir a qualidade da assistência prestada no pré-natal. Esse indicador
correlaciona o número de óbitos relacionados a gravidez, parto e puerpério no período
e o número de nascidos vivos no mesmo período. Quais SIS podemos utilizar para
obter esses dados?

A Sinasc e SI-PNI.

B Siab e Sisvan.

C SIM e Sinasc.

D Sisvan e SIM.

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E SIM e SI-PNI.

Parabéns! A alternativa C está correta.


O sistema responsável por informar as mortes e suas causas é o SIM, e de lá
obteremos as informações que relacionam o óbito às causas relacionadas à
gravidez. Já o Sinasc é o sistema responsável por fornecer informações
acerca do número de nascidos vivos, que será utilizado para estabelecer o
índice de mortalidade materna.

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3 - Medidas de controle, promoção e


prevenção de doenças e agravos
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Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os tipos de prevenção


e promoção à saúde.

Resposta social aos problemas de saúde

Em linhas gerais, a função da saúde pública começa com a verificação da realidade e orienta a efetivação
de mudanças na saúde da população. Nesse sentido, a epidemiologia contribui de forma sistemática, tendo
a observação, a quantificação, a comparação e a proposição como princípios básicos do seu processo
institucional e de uma atitude profissional positiva.

A saúde da população é um processo de decisões pessoais, históricas e sociais. O entendimento de que os


determinantes da saúde existem e funcionam em diferentes níveis da organização, desde o nível celular até
o nível ambiental, colaborou para a ampliação do conceito de saúde, o que desencadeou novos paradigmas
para a prática da saúde coletiva.

Além da necessidade de incorporar essa visão ampliada da saúde na resposta social,


há também a necessidade de um melhor ajuste dessa resposta devido às
transformações estruturais surgidas com a globalização e às mudanças demográficas
e epidemiológicas ocorridas em determinada população.

Entre as possíveis respostas sociais, encontram-se:

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A modernização da máquina pública

O reconhecimento das funções de gestão em saúde

A descentralização da tecnologia

A administração de finanças

As mudanças tecnológicas

A concepção ampliada de saúde destaca as características multidimensionais, enfatizando que a saúde não
se reduz apenas à ausência de doenças, mas se refere à presença de qualidade de vida, introduzindo o
conceito de promoção à saúde.

A Constituição Federal de 1988 define que “a saúde é direito de todos e dever do


Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Essa diretriz constitucional
tomou como base as recomendações presentes na Carta de Ottawa (1986), que
apregoa que qualidade de vida não se resume à ausência de doença, mas se refere à
manutenção de um estado de bem-estar físico, mental e social.

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Portanto, a saúde passa a ser encarada como um recurso da vida diária, em vez de ser uma meta da vida,
transformando-se em um estado de bem-estar. Nessa perspectiva, o objetivo da saúde pode ser resumido
em quatro garantias:

healing
Acesso à saúde para todos

mood
Melhoria da qualidade da vida

bar_chart
Redução da mortalidade

stacked_bar_chart
Redução da morbidade
A Carta de Ottawa aponta a resposta social para as demandas de saúde, com uma visão multidimensional,
alicerçada em cinco grandes áreas, apresentadas a seguir.

Desenvolvimento e implantação de políticas públicas saudáveis expand_more

Assegurar a expansão de uma conjuntura pública favorável à promoção da


saúde. Isso parte desde uma alimentação mais saudável oferecida àqueles que
são alimentados pelo Estado (colégios e creches), passando pela geração de

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conhecimento e pelo desestímulo do uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, por


distribuição de renda, capacitação da mão de obra e conscientização sobre
diversidade e gênero.

Estabelecimento de redes de apoio expand_more

Criar toda uma estrutura que possa produzir efeitos positivos em termos de
saúde em diversos aspectos, sendo eles sociais, físicos, econômicos, culturais
e até mesmo espirituais. O indivíduo precisa se sentir parte de algo maior,
acolhido e amparado, o que corrobora para o ideal de bem-estar. Bons
exemplos são as ações de higiene ocupacional, políticas de segurança pública,
acesso ao esgotamento sanitário e políticas públicas de lazer.

Fomento ao terceiro setor expand_more

Representa as atividades oriundas do voluntariado em razão do bem comum


de toda uma sociedade. São ações desempenhadas por organizações sem
vínculo com os demais setores (estado e mercado), sem fins lucrativos e que
podem estabelecer parcerias e receber investimentos (públicos e/ou privados).
O fomento visa incentivar o envolvimento dos grupos comunitários na
definição de prioridades e tomada de decisões que afetam a saúde coletiva.

Capacitação cidadã expand_more

Estimular e desenvolver habilidades pessoais e gerar conhecimento para


adequar o cidadão ao mundo globalizado e tecnológico, por exemplo, tendo
como objetivo não só a capacitação para a vida profissional, mas também para
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enfrentar os desafios da vida, ampliar a percepção em saúde e tudo o que pode


ser considerado uma ameaça ao bem-estar e que antes não era compreendido
como tal.

Redirecionamento dos serviços de saúde expand_more

Representa a mudança da rede de saúde para que o indivíduo seja entendido e


atendido de forma integral, objetivando a promoção da saúde desde o
momento em que ainda não exista a presença da doença. Entre as medidas,
podem ser citadas as visitas domiciliares no nível da atenção básica para o
acompanhamento do indivíduo antes mesmo da ocorrência de qualquer
doença ou agravo, tratamento de acamados dentro de suas próprias
residências e outros.

Medidas de prevenção

Com base nos alicerces conceituais epidemiológicos, é importante saber diferenciar e identificar os
métodos estratégicos de prevenção e controle de doenças. Existem métodos de controle que atuam no nível
do indivíduo e outros que atuam no nível da população (coletivo), pois a origem da doença no coletivo parte
de uma complexa interação entre os fatores individuais, devido aos diversos contextos envolvidos (culturais,
políticos, biológicos, econômicos, físicos, sociais, históricos, ambientais e outros).

O nível individual, seus métodos de prevenção e controle de tudo aquilo que atua como causador de alguma
doença ou agravo, tem suas ações focadas no indivíduo, com atenção para os grupos mais vulneráveis. Já o

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nível populacional tem suas ações centradas nas populações. Cabe ressaltar que alguns fatores
considerados relevantes para o adoecimento de indivíduos podem não ser relevantes em nível populacional.

A seguir, vemos um gráfico que mostra a diferença de estratégia dos métodos de controle de doenças e
agravos no indivíduo ou na população.

Medidas de controle individual (esquerda) e populacional (direita).

Ao observar o gráfico, anteriormente, percebemos que, ao realizar medidas de controle individuais (gráfico
da esquerda), apenas os grupos vulneráveis (grupos de alto risco representados pela curva vermelha) são
favorecidos, o restante da população permanece com o mesmo risco de adoecer. Entretanto, quando as
medidas de controle atingem toda a população (gráfico da direita), a prevalência da doença diminui
coletivamente. Observamos isso por meio do deslocamento da curva para esquerda (curva preta). Assim, há
redução do risco em todos os níveis da população.

Nesse contexto, como decidir se as medidas de controle devem ser individuais ou coletivas? Vamos ver a
seguir duas situações.

Medidas de controle individuais

Quando é possível identificar com certo grau de precisão qual é a população mais
afetada por determinado agravo, as ações de saúde se concentram nela. Como
exemplo, a vacinação contra o rotavírus tem como público-alvo crianças de dois a
quatro meses de idade (população-alvo específica).
close

Medidas de controle coletivas

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Quando o risco estiver difundido por toda a população de maneira mais


homogênea, não sendo possível identificar grupos mais vulneráveis, ou mesmo
se esses grupos específicos não existirem, é indicada a abordagem em nível
populacional. Como exemplo, estratégia de adição de flúor na água, trazendo
como benefício a redução da incidência de cáries em toda a população.

Dessa forma, a decisão pelo controle dos fatores de risco partirá da análise da prevalência da exposição
nociva, justificando a implantação da ação em nível populacional. Esse é o impacto populacional potencial e
o que torna algum agravo um problema de saúde pública, pois o que se mede não é a força de associação
ao dano individualmente, e sim o impacto causado a toda uma população.

Isso faz com que muitas doenças até mais graves e mais raras não tenham uma política pública em seu
favor, pois o número de indivíduos que seriam alcançados por ela não representaria uma redução
significativa em números absolutos, implicando um gasto público maior para um quantitativo reduzido de
indivíduos alcançados.

Saiba mais

Mulheres com idade acima dos 40 anos apresentam um risco 20 vezes maior de ter
um filho portador da síndrome de Down (trissomia do 21), contudo, mais de 50% dos
casos dessa síndrome são observados em mulheres com idade inferior a 30 anos.
Dessa forma, vemos que “um grande número de pessoas de baixo risco pode produzir
mais casos de doença do que um pequeno número de pessoas de alto risco” (BRASIL,
2010).

Nesse caso, a abordagem de grupos de alto risco não é suficiente para controlar o problema. A adoção de
estratégias em níveis populacionais exige que muitas pessoas tomem medidas preventivas para controlar a
ocorrência de doenças em um número reduzido de indivíduos.

O entendimento dos padrões de doenças e atividades de saúde pública mostra que as grandes alterações
na ocorrência de doenças em uma população são, repetidamente, consequências de modificações nos
determinantes dessas doenças e em seus fatores de risco.

Uma prova disso foi a grande estratégia de marketing das fabricantes de cigarros
durante o século XX, segundo a qual o ato de fumar era associado à liberdade, ao
poder e à prosperidade. Essa massificação midiática do tabagismo, promovida pela
indústria, fez com que uma doença considerada rara, como o câncer de pulmão, fosse
uma das causas de morte mais importantes da metade para o fim do século.
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Por exemplo, a indústria de tabaco investiu na produção do cigarro para mulheres,


relacionando-o à beleza e ao empoderamento feminino.

Conhecendo a história natural da doença e a sua dinâmica, conseguimos classificá-la, mensurar sua
importância e traçar estratégias de prevenção e controle. A capacidade de resposta do sistema de serviços
de saúde irá definir se o agravo está na sua esfera de controle e se essa ação de controle impactará
positivamente a saúde da população.

Em linhas gerais, a prevenção é classificada em quatro níveis em relação às diferentes fases de


desenvolvimento da doença:

Prevenção primordial expand_more

Visa prevenir o surgimento e a consolidação de padrões de vida, sejam sociais,


culturais ou econômicos, que possam aumentar o risco de adoecimento. Esse
nível de prevenção teve seu reconhecimento há pouco tempo e tem se
mostrado absolutamente relevante no entendimento dos determinantes da
saúde em populações. Podemos citar como ações: políticas públicas de
redistribuição de renda, controle da qualidade do ar e da água, estabelecimento
de uma dieta nacional a ser servida em instituições, como colégios e creches
públicas, campanhas antitabagismo para não fumantes e outros. Em síntese,
são estratégias que visam impedir a ocorrência do fator de risco em nível
coletivo.

Prevenção primária expand_more

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Atua modificando o grau de exposição já existente aos fatores de risco dos


agravos, limitando sua ocorrência. São as medidas de proteção à saúde
individuais ou comunitárias, vacinação, tratamento térmico do leite (UHT),
cloração da água, campanhas para uso correto do preservativo, campanhas
antitabagismo para fumantes. Tanto ações no nível individual como aquelas
executadas no nível populacional estão associadas à prevenção primária.

Prevenção secundária expand_more

Baseia-se na detecção precoce de doença já estabelecida, na cura do indivíduo


e na redução das consequências mais graves da doença. O objetivo é reduzir
complicações decorrentes da doença e sua mortalidade, e não a redução de
sua incidência (ocorrência), uma vez que as medidas de prevenção
secundárias iniciam com o indivíduo já sabidamente doente. Exame
citopatológico de colo uterino, mamografia de rotina e campanhas como
Outubro Rosa e Novembro Azul (conscientização do câncer de mama e
próstata, respectivamente) são exemplos de ações de prevenção secundária.

Prevenção terciária expand_more

Consiste em limitar a progressão e as complicações de uma doença já


instalada e clinicamente detectável, por intermédio de ações que têm por
objetivo a redução de sequelas e deficiências, abrandando a dor e o sofrimento
e contribuindo para a adequação dos pacientes e sua nova realidade a seu
antigo cotidiano. Um dos aspectos característicos é a reabilitação, que está
intimamente associada ao próprio tratamento da doença e, por isso, muitas
vezes, é difícil se dissociar dele.

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Veja, a seguir, um resumo dos quatro níveis gerais de prevenção.

Fase da história
Nível de População –
natural de Exemplo
prevenção Objeto
enfermidades

Medidas
Determinantes
Primordial População total redistributivas da
distais
renda econômica

População total Imunização ou


Determinantes
Primária ou grupo de quimioprofilaxia de
proximais
“alto-risco” contatos

Estágio pré- Busca de


Secundária clínico ou Pacientes sintomáticos
clínico prévio respiratórios

Controle de
infecções
Estágio clínico
Terciária Pacientes oportunistas em
avançado
pacientes com
AIDS

Quadro: Resumo dos quatro níveis gerais de prevenção.


Adaptado de: Beaglehole, 2008.

Você sabia que ainda temos um quarto nível de prevenção?

Explicação expand_more

Esse quarto nível é chamado de prevenção quaternária. É relativamente


recente e ainda não figura como uma política pública de saúde.

Devido ao fácil acesso à internet e à extensa disponibilidade de informação


sobre o mundo médico, é muito comum que o paciente se autodiagnostique e

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se automedique antes mesmo de procurar a opinião de um especialista. De


outra forma, não é difícil encontrar profissionais da área da saúde que, não
entendendo por completo a situação clínica e o histórico médico do paciente,
muitas vezes prescrevem medicamentos desnecessários. Embora pareça fácil
de resolver, esses dois exemplos mostram que mais atenção é necessária no
processo de diagnóstico e cuidado.

Tendo esse novo problema em mente, o médico belga Marc Jamoulle


introduziu, em 1999, o termo “prevenção quaternária”, que busca identificar a
população ou pessoa sob risco de supermedicalização, evitando uma
intervenção médica excessiva, sugerindo maneiras científicas e eticamente
aceitáveis como alternativa, possibilitando que os pacientes possam tomar
decisões independentes, sem a geração de falsas expectativas, tendo
conhecimento das vantagens e desvantagens dos métodos diagnósticos ou
terapêuticos propostos. Exemplo: Cuidados paliativos em portadores de câncer
terminal, que colaboram para a redução do sofrimento do próprio doente, bem
como de seus familiares.

Medidas de controle

Tradicionalmente, o termo controle é definido como uma série de cuidados, determinações, estratégias ou
operações consecutivas e estruturadas que visam reduzir a incidência e a prevalência de doenças a um
nível aceitável, para que não sejam mais consideradas questões de saúde pública. Essa é a importância
absoluta da vigilância em saúde pública: determinar se a situação está sob controle em determinado
momento na linha do tempo.

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A expressão “controle” assumiu diversos usos, cada um com implicações e entendimentos diferentes em
saúde pública. Conseguimos identificar pelo menos dois aspectos que destacam o significado prático do
termo: um aspecto ocasional e o outro temporal, que depende da situação na qual opera o controle. Veja a
seguir essas duas situações.

Situação de epidemia expand_more

Nesta situação, o controle ganhará o significado de alcançar rapidamente uma


curva descendente, podendo estancar a epidemia (retornar à incidência aos
níveis pré-epidêmicos). Nesse contexto, o aspecto temporal do termo
“controle” abrange o curto prazo.

Situação não epidêmica (endêmica) expand_more

Nesta situação, o sentido do termo “controle” está relacionado à dimensão


temporal de curto ou de longo prazo. Em curto prazo expressa a estabilidade
da situação não epidêmica, isto é, foi possível preservar o número observado
de casos igual ao número esperado (ausência de casos ou nível endêmico). Já
em longo prazo implica a diminuição do risco de adoecer da população
(diminuição da incidência) a níveis que não signifiquem um problema de saúde
pública (ou seja, a definição clássica).

As medidas de controle são dependentes dos seguintes aspectos:

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Políticas sociais

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Situação econômica

groups
Redes de apoio

language
Modelo cultural (cada comunidade)
As medidas de controle são dependentes de políticas sociais, da situação econômica, das redes de apoio e
do modelo cultural de cada comunidade. Dessa forma, a resposta social às questões de saúde deve incluir
intervenções amplas e ser cultural e socialmente sensível.

Em nível local, os serviços de saúde precisam tanto manter a vigilância dos indivíduos, intervindo caso a
caso, de acordo com suas demandas pessoais, com o controle sendo feito pelo serviço de saúde, como
também devem ter um olhar no nível populacional, formulando estratégias e ações e aplicando as medidas
de controle de doenças e agravos a partir de ações de saúde minucioasamente planejadas. É nesse
contexto que a epidemiologia desempenha sua função primordial, que é a investigação de fatores de risco e
correlações até então desconhecidas pela ciência.Tradicionalmente, as medidas de prevenção podem ser
as descritas a seguir:

Controle de doenças

Tem como objetivo alcançar o controle da doença, isto é, reduzir a incidência a um


nível em que deixe de ser um problema de saúde pública. As medidas de controle
visam, inicialmente, reduzir a morbimortalidade. O grau de controle depende da
doença, dos recursos usados e da atitude das pessoas. Um exemplo é o
acompanhamento de pacientes respiratórios sintomáticos, que têm se mostrado uma
medida eficaz na detecção de casos de tuberculose, com o objetivo de reduzir a
prevalência da tuberculose e, em menor grau, sua incidência.

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24 de março, Dia Mundial da Tuberculose.

Eliminação de doenças

Adoção de medidas populacionais destinadas a eliminar determinada doença por


meio da eliminação da causa que leva a seu desenvolvimento. Por exemplo, em áreas
urbanas onde o Aedes aegypti está presente, e mesmo que não haja transmissão do
vírus da febre amarela ou da dengue, a presença do portador por si só constitui um
risco potencial. Em contrapartida, o sarampo representa um modelo de doença que
está sendo eliminado nas Américas.

19 de novembro, Dia Nacional de Combate ao mosquito Aedes aegypti.

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Erradicação de doenças

Eliminação tanto da doença como de sua causa (fatores de risco), principalmente dos
patógenos. É preciso enfatizar que a erradicação de uma doença em escala global
tem um significado real. Por exemplo, embora a poliomielite tenha sido “erradicada”
das Américas, casos eventualmente importados de áreas infectadas podem afetar os
esforços de erradicação. Até agora, somente a varíola é considerada erradicada no
mundo.

24 de outubro, Dia Mundial da Poliomielite.

Tipos de ações de prevenção e controle

As ações de saúde pública são realizadas por meio de ações estratégicas ou campanhas específicas, com
foco em toda a população. Exemplos de programas geralmente executados no nível local de saúde são:

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Programas de saúde da família

Plano Nacional de Imunização


Às vezes, devido a surtos, epidemias ou emergências, é necessário o uso intensivo de mão de obra e
recursos materiais em um tempo definido e limitado; essa é a característica das campanhas como as de
vacinação.

Resumindo

As ações de controle de doenças são organizadas em torno de quatro níveis básicos


de prevenção. Por sua vez, as medidas de controle podem ter como alvo indivíduos ou
grupos de pessoas, ou podem ter o objetivo de controlar, eliminar ou erradicar
doenças e agravos.

Do ponto de vista operacional, especialmente no controle de doenças infecciosas, as medidas tomadas


também são diversas devido aos diferentes cenários de aplicação. Assim, é possível distinguir entre:

Medidas de controle de surto

Resposta a condições de alerta epidêmicas


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Medidas de controle de doenças permanentes

Resposta a condições de alerta endêmicas

Na prática, as medidas de controle de doenças infecciosas são agrupadas de acordo com os elos básicos
da cadeia de transmissão, são elas:

1. as medidas de prevenção direcionadas aos patógenos, reservatórios humanos, animais ou ambientais;

2. as medidas direcionadas à porta de saída, à via de transmissão, à porta de entrada e ao hospedeiro


suscetível.

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Medidas de controle
Neste vídeo, o especialista Fábio Rebouças, Mestre em epidemiologia, apresenta as diferentes medidas de
controle empregadas para controlar e eliminar uma doença ou agravo.

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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.

Módulo 3 - Vem que eu te explico!

A resposta social aos problemas de saúde

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Módulo 3 - Vem que eu te explico!

Medidas de prevenção

Módulo 3 - Vem que eu te explico!

Medidas de controle

Todos

keyboard_arrow_left Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3


keyboard_arrow_right
Módulo 1 - Video

Investigação de casos de notificação compulsória

Módulo 2 - Video

Como usar o sistema o Tabnet?

Módulo 3 - Video

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Vimos que a saúde passa a ser encarada como um recurso da vida diária, em vez de
ser uma meta da vida, transformando-se em um estado de bem-estar. A Carta de
Ottawa aponta a resposta social para as demandas de saúde, com uma visão

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multidimensional, alicerçada em cinco grandes áreas. Sobre esse assunto, analise as


afirmativas a seguir:

I. O fomento ao setor terciário visa pagar os voluntários para realizarem ações em


saúde.

II. Houve uma mudança da rede de saúde para que a população seja atendida de
forma individualizada.

III. A capacitação visa estimular e desenvolver habilidades pessoais e gerar


conhecimento para adequar o cidadão ao mundo globalizado e tecnológico.

É correto o que se afirma em

A I, apenas.

B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.

Parabéns! A alternativa C está correta.


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A afirmativa III está correta. A partir da reformulação do conceito de saúde-


doença, houve uma mudança na visão da saúde. Nesse contexto, houve uma
reorganização dos serviços da saúde, para que a população seja atendida de
forma integral, objetivando a promoção da saúde desde o momento em que
ainda não exista a presença da doença. O terceiro setor representa as
atividades oriundas do voluntariado em razão do bem comum de toda uma
sociedade. O fomento visa incentivar o envolvimento dos grupos comunitários
Questão
na 2definição de prioridades e tomada de decisões que afetam a saúde
coletiva.
As medidas de prevenção envolvem diversos aspectos relacionados à história natural
da doença e podem ser empregadas para manter a saúde de uma população em um
nível adequado para que ela não adoeça, melhorar o diagnóstico, promover um melhor
tratamento para doentes e auxiliar na recuperação daqueles em curso final do agravo.
Tomando a prevenção terciária como exemplo, a qual público ela deve ser
prioritariamente dirigida?

A A toda a população, como mudança de hábitos.

B A pacientes portadores assintomáticos.

C A toda a população, como uma política de saúde.

D A pacientes portadores de doença ou agravo já conhecido.

E A indivíduos saudáveis, mas sob risco de adoecer.

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Parabéns! A alternativa D está correta.


A prevenção terciária tem a finalidade de diminuir (em nível individual ou
coletivo) os prejuízos decorrentes de um problema agudo ou crônico, incluindo
reabilitação. Como exemplo, é possível citar as complicações do diabetes não
tratado, a reabilitação do paciente pós-infarto agudo do miocárdio ou AVC,
entre outros.

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Considerações finais
Ao longo deste conteúdo, vimos que a vigilância epidemiológica é a ferramenta responsável pelo
levantamento e pela alimentação de bancos de dados, que serão transformados em informação em saúde.
Esses bancos de dados compõem os sistemas de informação em saúde e é a partir desses sistemas que
serão colhidas as informações para o pensamento e o planejamento de políticas públicas de saúde.

Conhecendo o território e a população que ali reside, as instâncias gestoras terão a capacidade de criar e/ou
adaptar projetos visando o bem-estar da comunidade e estabelecendo metas de promoção e prevenção à
saúde. Esse é um conjunto de sistemas que se retroalimenta todos os dias, unindo diversos pontos do fluxo
da saúde, proporcionando à rede informações de qualidade, que refletirão em mais saúde para a população.

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Podcast
Neste podcast, o especialista Fábio Rebouças, Mestre em epidemiologia, entrevista Aline Albuquerque, que

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fala sobre sua experiência em vigilância epidemiológica.

Referências
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Panamericana de la Salud, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As Cartas da
Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Consultado na internet em: 16 nov. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de atenção primária: rastreamento. Brasília: Ministério da Saúde,
2010. P. 12-13 Consultado na internet em: 16 nov. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Curso Básico de Vigilância Epidemiológica
– CBVE. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Consultado na internet em: 16 nov. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Consultado na
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GONÇALVES FERREIRA, S. M. Sistemas de informação em saúde: conceitos fundamentais e organização.


[S. l.]: NESCON/FM/UFMG, 1999. Consultado na internet em: 16 nov. 2021.

LEAVELL, H.; CLARK, E. G. Medicina preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976. 744p.

OPAS. Módulos de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo 5: pesquisa


epidemiológica de campo – aplicação ao estudo de surtos. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde,
2010. Consultado na internet em: 16 nov. 2021.

REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE. Indicadores básicos para a saúde no Brasil:
conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. Consultado na internet
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ROSE, G. La estrategia de la medicina preventiva. Barcelona: Masson, 1994.

ROUQUAYROL, Z. M; Almeida Filho, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02421/index.html# 59/61
23/08/2022 19:16 Aplicações da epidemiologia no SUS
ROUQUAYROL, Z. M; Almeida Filho, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2009.

Explore +
Leia sobre a primeira conferência internacional sobre promoção de saúde, que aconteceu em 1986, em

Ottawa, disponível no site da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde.

Leia o artigo de Heidmann e colaboradores (2006): Promoção à saúde: trajetória histórica de suas
concepções, disponível no portal SciELO. Nesse texto, você encontra uma revisão sobre as cartas e
declarações a respeito da estratégia e promoção da saúde.

Acesse, no site da Organização Pan-Americana da Saúde, o documento Módulos de princípios de


epidemiologia para o controle de enfermidades. Método contemporâneo de investigação epidemiológica —
doença dos legionários e o processo investigativo para sua descoberta. Conheça um estudo de caso muito
interessante para seu aprendizado.

Realize uma rápida busca na internet por Fichas de notificação Sinan para ter acesso a uma infinidade de
fichas existentes para os mais diversos agravos notificáveis e se familiarizar com os itens que devem ser
preenchidos quando da notificação de algum agravo.

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