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Nilza
1. Conceber a contribuição da Vigilância em Saúde e de seus componentes na
estruturação do Sistema Único de Saúde.
O processo possui uma base regulatória com diretrizes e divisões do trabalho que segue
a lógica de descentralização do SUS. Isto é, ele deve ser aplicado em cada uma das
esferas de administração do país: Federal, Estadual e Municipal.
Com ela, o poder público é capaz de direcionar os recursos de maneira mais assertiva a
fim de obter os melhores resultados. Afinal, essas determinações produzem as
informações necessárias para que os gestores elaborem um planejamento focado nos
riscos específicos de cada região.
Para isso, é preciso analisar a situação de saúde por meio de dados como:
• Demografia: número de habitantes, faixa etária, sexo, local de residência,
migrações, etc;
• Características socioeconômicas: renda, condições de vida e trabalho;
• Cultura: hábitos, comportamentos, nível de escolaridade;
• Ambiente: abastecimento de água, saneamento básico, coleta de lixo,
habitação,transporte, segurança e lazer;
• Perfil epidemiológico: mortalidade, incidência e prevalência de doenças.
• Vigilância epidemiológica:
Em suma, caracteriza-se pelas atividades de controle de doenças infecciosas por meio
da coleta, processamento e interpretação de dados na investigação de surtos e
epidemias.
Sua principal função é fornecer permanentemente as orientações técnicas para os
responsáveis por tomar as decisões sobre as ações de controle dessas doenças. Outra
função da vigilância epidemiológica é divulgar as informações e analisar os resultados,
além de recomendar e promover as medidas de controle.
• Saúde do trabalhador:
A vigilância da saúde do trabalhador visa promover a segurança dos trabalhadores e
garantir a recuperação e reabilitação dos trabalhadores expostos à riscos ocupacionais.
• Vigilância Sanitária:
Voltado à fiscalização e controle dos serviços e bens de consumo que possam impactar
na saúde das pessoas. O objetivo é reduzir ou eliminar os riscos associados à produção e
transporte de alimentos, medicamentos e cosméticos, e aos serviços relacionados direta
ou indiretamente à saúde.
Essas ações devem ser desenvolvidas em todos os níveis de gestão do Sistema Único de
Saúde – SUS (federal, estadual e municipal), mas de maneira complementar, pois as
ações executivas são inerentes ao nível municipal de gestão, cabendo aos níveis estadual
e federal conduzir e apoiá-las, na perspectiva do fortalecimento dos sistemas municipais
de saúde.
A história natural das doenças, sob esse ponto de vista, nada mais é do que um quadro
esquemático que dá suporte à descrição das múltiplas e diferentes enfermidades.
Sua utilidade maior é a de apontar os diferentes métodos de prevenção e controle,
servindo de base para a compreensão de situações reais e específicas e tornando
operacionais as medidas de prevenção.
Período de pré-patogênese:
Representa a própria evolução das inter-relações dinâmicas, que envolvem, de um lado,
os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores próprios do suscetível, até
que chegue a uma configuração favorável à instalação da doença.
Envolve, as relações entre os agentes etiológicos da doença, o suscetível e outros fatores
ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições
socioeconômico-culturais que possibilitam a existência desses fatores.
No período de pré-patogênese, podem ocorrer situações que vão desde um mínimo de
risco até o risco máximo, dependendo dos fatores presentes e de que maneira esses
fatores se estruturam. Pessoas abastadas adoecerem de cólera é um evento de baixa
probabilidade, isto é, para os que dispõem de meios, a estrutura formada pelos fatores
predisponentes à cólera é de risco mínimo.
Pode-se entender esse modelo a partir do detalhamento dos fatores que o compõem:
• Fatores sociais
• Fatores socioeconômicos
• Fatores sociopolíticos
• Fatores socioculturais
• Fatores psicossociais
• Fatores genéticos
• Multifatorialidade
Período de patogênese:
A história natural da doença tem seguimento com sua implantação e evolução no ser
humano. É o período da patogênese. Esse período se inicia com as primeiras ações que
os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Seguem-se as perturbações
bioquímicas em nível celular, continuam com as perturbações na forma e na função e
evoluem para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. São considerados 4
níveis de evolução no período de patogênese:
• Interação estímulo-suscetível:
Nesse estágio, a doença ainda não se desenvolveu, porém estão presentes todos
os fatores necessários para sua ocorrência. Alguns fatores agem predispondo o
organismo à ação subsequente de outros agentes patógenos. A má nutrição, por
exemplo, predispõe à ação patogênica do bacilo da tuberculose; altas
concentrações de colesterol sérico contribuem para o aparecimento da doença
coronariana.
• Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas:
Nesse estágio, a doença já está implantada no organismo afetado.Embora não se
percebam manifestações clínicas, já existem alterações histológicas em nível de
percepção subclínica de caráter genérico. Essas alterações não são perceptíveis.
No entanto, ainda nesse estágio, a doença já está presente e pode ser percebida
por meio de exames clínicos ou laboratoriais orientados.
Denomina-se “horizonte clínico” a linha imaginária que separa esse estágio do
seguinte. Abaixo dessa linha se processam todas as manifestações bioquímicas,
fisiológicas e histológicas que precedem as manifestações clínicas da doença.
É o chamado período de incubação. Algumas doenças não passam desse estágio.
Devido às respostas dadas pelas defesas orgânicas, podem regredir desse estágio
patológico ao de saúde inicial. Em outros casos, a progressão se dá diretamente
para um estágio menos favorável.
• Sinais e sintomas:
Acima do horizonte clínico, os sinais iniciais da doença, ainda confusos, tornam-
se nítidos e transformam-se em sintomas. É o estágio denominado clínico,
iniciado ao ser atingida uma massa crítica de alterações funcionais no organismo
acometido.A evolução da doença encaminha-se então para um desenlace; a
doença pode passar ao período de cura, evoluir para cronicidade ou progredir
para invalidez ou para a morte.
• Cronicidade:
A evolução clínica da doença pode progredir até o estado de cronicidade ou
conduzir o doente a um dado nível da incapacidade física por tempo variável.
Pode também produzir lesões que serão, no futuro, uma porta aberta para novas
doenças. Do estado crônico, com incapacidade temporária para o desempenho de
alguma atividade específica, a doença pode evoluir para invalidez permanente
ou para a morte; em alguns casos, para a cura.
A prevenção primária que se faz com a intercepção dos fatores pré-patogênicos inclui:
(a) promoção da saúde (ex: moradia adequada, escolas, alimentação adequada e etc.);
(b) proteção específica (ex: imunização, higiene pessoal e do lar, controle dos vetores e
reservatórios e etc.).
• Transmissão
Transmite-se algo de uma fonte para um receptor utilizando-se de meios materiais para
o transporte.
São fatores vivos essenciais num módulo de transmissão: o indivíduo infectado e dotado
de poder infectante, o agente infeccioso e o indivíduo suscetível ou infectável, que se
transmutará no indivíduo infectado na etapa seguinte.
VEÍCULOS:
Veículos são objetos ou materiais contaminados que sirvam de meio mecânico,
auxiliando um agente infeccioso a ser transportado e introduzido num hospedeiro
suscetível.
São veículos: a água, o leite, outros alimentos e objetos contaminados.
Denomina-se contaminação a presença de agente infeccioso na superfície do corpo, no
vestuário e nas roupas de cama, em brinquedos, instrumentos cirúrgicos, em outros
objetos inanimados ou na água, no leite ou em outros alimentos.
Principais veículos e exemplos de doenças transmissíveis:
TRANSMISSÃO HORIZONTAL:
São considerados modos de transmissão horizontal aqueles em que o agente infeccioso
é passado de uma pessoa a outra num grupo de pessoas. Essa transmissão pode ser
direta ou indireta.
Transmissão indireta:
Denomina-se transmissão indireta o mecanismo segundo o qual bioagentes patogênicos,
montados ou não no substrato com o qual são eliminados, necessitam de um suporte
mediatizador, veículo ou hospedeiro intermediário para percorrer toda ou parte da
distância que separa o indivíduo infectado do suscetível, onde deverá desenvolver-se ou
multiplicar-se, estabelecendo a infecção. A transmissão indireta poderá ser efetivada,
conforme visto anteriormente, com a introdução dos seguintes intermediários: veículo,
vetor mecânico, vetor biológico ou a combinação destes. Exemplificam-se, a seguir,
alguns dos mecanismos de transmissão indireta envolvendo hospedeiro intercalado
(esquistossomose), vetor biológico (doença de Chagas) e veículo (cólera).
TRANSMISSÃO VERTICAL:
A transmissão vertical ocorre durante o processo de reprodução (através do esperma ou
óvulo), desenvolvimento fetal ou parto. Esse tipo de transmissão pode ocorrer em casos
de AIDS, encefelalite herpética, sífilis congênita, rubéola congênita e citomegalovirose,
entre outras. A transmissão vertical da sífilis tem como consequência a sífilis congênita.
O Sinan foi implantado de forma gradual a partir de 1993; no entanto, essa implantação
aconteceu nas unidades federadas e municípios sem uma coordenação e
acompanhamento por parte dos gestores de saúde nas três esferas de governo. Antes
dessa data, os dados sobre notificação de doenças e agravos eram disponibilizados para
o nível nacional através de Boletim Epidemiológico da Fundação Serviços de Saúde
Pública (FSESP), que recebia e consolidava os dados oriundos das unidades de
vigilância epidemiológica das secretarias estaduais.
Apresentação do sistema:
O Sinan é alimentado pela Ficha Individual de Notificação (FIN) e pela Ficha
Individual de Investigação (FII) de casos de doenças e agravos que constam da Lista
Nacional de Doenças de Notificação Compulsória (LNDC), conforme a Portaria 204, de
17 de fevereiro de 2016, sendo facultada a estados e municípios a inclusão de outros
agravos e problemas de saúde regionais importantes para o estado.
A FIN é comum para todos os agravos e é preenchida pelas unidades notificantes para
cada paciente quando da suspeita da ocorrência de problema de saúde de notificação
compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal.
O sistema também disponibiliza a FII, que possibilita a identificação da fonte de
infecção e dos mecanismos de transmissão da doença e a confirmação ou o descarte da
suspeita.
Notificação Compulsória
A notificação compulsória é a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada
pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde,
públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo
ou evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo ser imediata ou semanal.
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Emergência em Saúde Pública:
Uma emergência em Saúde Pública refere-se a eventos ou situações súbitas que
representam uma ameaça significativa para a saúde da população. Isso pode incluir
surtos de doenças infecciosas, desastres naturais, eventos químicos ou radiológicos,
entre outros. Essas situações exigem uma resposta imediata e coordenada das
autoridades de saúde para minimizar os danos e proteger a saúde da população.
A integração da Vigilância em Saúde com a atenção à saúde nos diversos níveis do SUS
durante uma emergência envolve:
A integração da Vigilância em Saúde com a atenção à saúde nos diversos níveis do SUS
durante uma reemergência envolve:
A reemergência envolve doenças que estavam sob controle, mas que ressurgem devido a
diversos fatores, como:
Luiz Paulo
Doenças infecciosas emergentes são as que surgiram recentemente numa população ou
as que ameaçam expandir-se em futuro próximo.
Art. 6o Para efeito desta Política (PNVS) serão utilizadas as seguintes definições:
I – Ações laboratoriais: aquelas que propiciam o conhecimento e a investigação
diagnóstica de doenças e agravos e a verificação da qualidade de produtos de interesse
de saúde pública e do padrão de conformidade de amostras ambientais, mediante estudo,
pesquisa e análises de ensaios relacionados aos riscos epidemiológicos, sanitários,
ambientais e do processo produtivo.
II – Ações de promoção da saúde: estimular a promoção da saúde como parte da
integralidade do cuidado na Rede de Atenção à Saúde, articuladas com as demais redes
de proteção social, abrangendo atividades voltadas para adoção de práticas sociais e de
saúde centradas na equidade, na participação e no controle social, para o favorecimento
da mobilidade humana e a acessibilidade e promovendo a cultura da paz em
comunidades, territórios e municípios.
III – Análise de situação de saúde: ações de monitoramento contínuo da situação de
saúde da população do País, Estado, Região, Município ou áreas de abrangência de
equipes de atenção à saúde, por estudos e análises que identifiquem e expliquem
problemas de saúde e o comportamento dos principais indicadores de saúde,
contribuindo para um planejamento de saúde abrangente.
IV – Centro de Informação e Assistência Toxicológica: Estabelecimento de saúde ou
serviço de referência em Toxicologia Clínica com atuação em regime de plantão
permanente, podendo prestar atendimento via teleatendimento exclusivo ou via
teleatendimento e presencial, provendo informações toxicológicas aos profissionais da
saúde, à população e a instituições, relativas a intoxicações agudas e crônicas e
acidentes com animais peçonhentos.
V – Emergência em saúde pública: situação que demanda o emprego urgente de
medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública.
VI – Integralidade da atenção: um conjunto articulado de ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema. Deve compreender o acesso às ações, serviços e produtos
seguros e eficazes, indispensáveis para as necessidades de saúde da população,
objetivando promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde
relacionados aos seus determinantes e condicionantes.
VII – Linha de Cuidado (LC): uma forma de articulação de recursos e das práticas de
produção de saúde, orientadas por diretrizes clínicas, entre as unidades de atenção de
uma dada região de saúde, para a condução oportuna, ágil e singular, dos usuários pelas
possibilidades de diagnóstico e terapia, em resposta às necessidades epidemiológicas de
maior relevância.
VIII – Modelo de Atenção à Saúde: sistema lógico que organiza o funcionamento das
redes de atenção à saúde, articulando, de forma singular, as relações entre os
componentes da rede e as intervenções sanitárias, definido em função da visão
prevalecente da saúde, das situações demográfica e epidemiológica e dos determinantes
sociais da saúde, vigentes em determinado tempo e em determinada sociedade.
IX – Rede de Atenção à Saúde: arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de
diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas técnico,
logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado.
X – Vigilância em saúde ambiental: conjunto de ações e serviços que propiciam o
conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do
meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e
adotar medidas de promoção à saúde, prevenção e monitoramento dos fatores de riscos
relacionados às doenças ou agravos à saúde.
XI – Vigilância em saúde do trabalhador e da trabalhadora: conjunto de ações que visam
promoção da saúde, prevenção da morbimortalidade e redução de riscos e
vulnerabilidades na população trabalhadora, por meio da integração de ações que
intervenham nas doenças e agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de
desenvolvimento, de processos produtivos e de trabalho.
XII – Vigilância epidemiológica: conjunto de ações que proporcionam o conhecimento
e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde
individual e coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção
e controle das doenças, transmissíveis e não-transmissíveis, e agravos à saúde.
XIII – Vigilância sanitária: conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir
riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços do interesse da saúde. Abrange
a prestação de serviços e o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente se
relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao
consumo e descarte.
XIV – Vulnerabilidade: designa tanto os processos geradores quanto as características
das populações e territórios que possuem maiores dificuldades em absorver os impactos
decorrentes de diferentes e variados graus de eventos de risco
XV – Risco: Compreende a probabilidade de ocorrência de evento adverso ou
inesperado, que cause doença, danos à saúde ou morte em um ou mais membros da
população, em determinado lugar, num dado período de tempo.