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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

SARAH CRISTINA FONSECA DE SOUZA MOUSINHO BARRETO

INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE: REVISÃO


BIBLIOGRÁFICA

RIO DE JANEIRO
2023
FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

SARAH CRISTINA FONSECA DE SOUZA MOUSINHO BARRETO

INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE: REVISÃO


BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do título especialista em
Controle de Infecção Hospitalar

RIO DE JANEIRO
2023
INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Sarah Cristina Fonseca de Souza Mousinho Barreto1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi
por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim
realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO - Introdução: As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) constituem-se como


problema de saúde pública mundial. Milhões de pacientes são afetados por elas todos os anos, resultando
em elevados índices de mortalidade, morbidade e aumento dos custos hospitalares. Este problema se
agrava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pela complexidade e invasão dos pacientes críticos.
Objetivo: Descrever as principais Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, sendo: PAV, ITU-AC e
IPCSL, UTIs -Adulto. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão de literatura, com consulta as
principais bases de dados em saúde. Resultados: a partir da pesquisa realizada pode-se descrever,
caracterizar e elucidar as formas de desenvolvimento e diagnóstico de cada umas das IRAS estudas.
Conclusão: com a correta identificação das fases de desenvolvimento e diagnóstico de cada IRAS é
possível que seja realizada uma Assistência de Enfermagem direcionada e baseada no pensamento crítico e
evidências científicas.

PALAVRAS-CHAVE: Infecção Relacionada à Assistência á Saúde. Unidades de Terapia Intensiva.


Vigilância. Controle de Infecção.

1
E-mail: sarahmousinho@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO

As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são


consideradas um problema de saúde pública mundial. Centenas de
milhões de pacientes são afetados pelas IRAS a cada ano em todo o
mundo, levando a uma mortalidade muito significativa e a enormes perdas
financeiras para os sistemas de saúde. De cada 100 pacientes
hospitalizados, 7 em países desenvolvidos e 10 em países em
desenvolvimento irão adquirir pelo menos uma IRAS.¹' ²
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) define IRAS
como uma condição localizada ou sistêmica, resultante de uma reação
adversa à presença de um agente infeccioso adquirido após admissão nos
serviços de saúde. ³
A Portaria 2.616 de 12 de maio de 1998 do Ministério da Saúde, é
um marco no controle de infecção no Brasil e estabelece diretrizes e
normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares,
considerando as IRAS como risco significativo à saúde dos usuários dos
serviços, definindo-as como qualquer infecção adquirida após a admissão
do paciente no serviço de saúde, manifestadas após 48 horas da
admissão ou antes desse período quando relacionada a procedimentos
invasivos. Pode se manifestar após a alta, quando associada a cirurgias
ou a procedimentos invasivos realizados nos serviços de saúde.
As IRAS são importantes indicadores de qualidade e segurança do
paciente, que apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade. São
consideradas Eventos Adversos (EA), por serem eventos preveníveis e
intimamente relacionadas com as condutas dos profissionais de saúde.⁵
Dessa maneira, para prevenir eventos adversos, a equipe
multiprofissional, deve atuar de acordo com boas práticas baseadas em
evidências científicas, corroborando para uma assistência segura.⁵
Vários países apresentam dados dos EA caudados pelas IRAS e
abordam o impacto para as unidades hospitalares. Em Portugal um estudo
realizado em hospitais de pequeno, médio e grande porte, evidenciou que
os EA ocorrem em cerca de 12,5% das internações e destes, 39,7% são
de IRAS. Na Escócia, elas acometem cerca de 3% dos pacientes em
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), nos Estados Unidos (EUA) 4%, em
Singapura cerca de 11,9%, Grécia 9,1% e em países do Sudeste Asiático
é de cerca de 9,1%. Tais estudos evidenciam a importância da temática no
mundo e a necessidade de ampliar estudos nessa área, focando em boas
práticas e prevenção de eventos adversos relacionados à IRAS. ⁵
Diante desta conjuntura, a prevenção de IRAS está na agenda da
Organização Mundial de Saúde (OMS) desde o início da campanha da
Aliança Mundial pela Segurança do Paciente em 2004, com o primeiro
desafio global “Uma Assistência Limpa é uma Assistência mais Segura”.
Além da meta internacional de segurança número 5: “Reduzir o risco de
infecções associadas aos cuidados em saúde”, esta medida se justifica
visto que estimativas apontam que entre 5 a 10% dos pacientes que
utilizam os serviços hospitalares adquirem uma ou mais infecções. Além
disso, segundo o European Center for Disease Prevention and Control
(ECDC) aproximadamente 20 a 30% das IRAS são consideradas
preveníveis através de programas de controle e higiene intensivas.⁶ ʼ ⁷ ʼ ⁸
Em 2013 foi instituído no Brasil, pela Portaria nº 529 de 1º de Abril
de 2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que
tinha como objetivo principal contribuir para a qualificação do cuidado em
saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, a
implantação de gestão de risco e Núcleos de Segurança do Paciente nas
Instituições, promover a difusão do conhecimento acerca da segurança do
paciente, envolvendo inclusive pacientes e familiares, e englobando a
discussão acerca do tema no ensino técnico, graduação e pós-graduação
na área de saúde. A RDC nº 36 de
25 de Julho de 2013, que veio logo após a portaria, instituiu o que já
preconizava a portaria e incluiu ainda que as Instituições de Saúde
deveriam também estabelecer estratégias e ações de gestão de riscos
para as IRAS.⁹ ʼ ¹
O risco de adquirir IRAS é significativamente maior na UTI, cerca de
30% dos pacientes são afetados por pelo menos um episódio, com
considerável morbidade e mortalidade associada. A incidência de IRAS na
UTI varia de 44% a 88% em países de baixa e média renda e a alta
frequência está associada com o uso de dispositivos invasivos: cateter
venoso central, cateter vesical e ventilação mecânica.¹¹
Nesse sentido, este estudo abordará as IRAS que possuem grande
importância epidemiológica na UTI e que devem seguir os protocolos e
medidas nacionais para prevenção e controle que são: Infecções Primária
de Corrente Sanguínea Laboratorialmente Confirmada (IPCSL),
Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) e Infecção do Trato
Urinário Associado à Cateter Vesical de Demora (ITU-AC). São as que
apresentam os indicadores mais expressivos, e maiores problemas
associados ao seu diagnóstico, resultando em alta morbidade e
mortalidade, aumento dos custos hospitalares, de dias de internação, e ao
aparecimento de microorganismos multirresistentes a antimicrobianos. ²ʼ ¹²
Para prevenção e controle das IRAS, a vigilância epidemiológica é
considerada pela OMS um componente essencial, a partir desta, é
possível: obter indicadores que permitem conhecer a realidade
epidemiológica; identificar os padrões mais relevantes de resistência
microbiana, identificar surtos antes de sua propagação, avaliar a eficácia e
a efetividade das medidas de prevenção e controle aplicadas nos serviços
de saúde, determinar áreas, situações e serviços que merecem atuação
especial da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e outros
setores do serviço de saúde, avaliar fatores que possam estar associados
ao aumento ou diminuição da ocorrência do evento estudado.¹³ʼ ¹⁴
Cabe ressaltar que a vigilância epidemiológica não é o objetivo final
do programa de controle de infecções, os indicadores para IRAS são na
realidade, ferramentas que direcionam medidas de prevenção efetivas.
Ações de Enfermagem com base em evidências científicas, são
mandatórias para prevenção das IRAS. Trata-se de uma profissão que
participa de todos os procedimentos e intercorrências vivenciados pelo
paciente e ainda, ao exercer o cuidado de ao paciente crítico, o expõe à
vários riscos de infecção inerentes às intervenções realizadas, dessa
maneira a equipe deve ter o conhecimento necessário, para exercer o
cuidado a partir de boas práticas afim de prevenir a ocorrência desses
eventos adversos. Assim, o objeto deste estudo é uso dos indicadores de
IRAS na UTI-Adulto como ferramenta para do cuidado seguro de
Enfermagem.
O problema de pesquisa se pauta na seguinte hipótese: o
conhecimento acerca das IRAS: PAV, ITU-AC e IPCSL nas Unidades de
Terapia Intensiva Adulto por parte do profissional de Enfermagem têm
impacto na prevenção de eventos adversos e consequentemente na
assistência de Enfermagem baseada em evidências direcionadas a essas
enfermidades.
Para responder a esse problema, foram traçados os seguintes objetivos:

Objetivo geral – Realizar uma revisão bibliográfica das principais Infecções


Relacionadas à Assistência à Saúde: PAV, ITU-AC e IPCSL.

Objetivos Específicos:
 Descrever as principais Infecções Relacionadas à Assistência à
Saúde: PAV, ITU-AC e IPCSL em UTIs-Adulto.
 Descrever os métodos diagnósticos das principais Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde: PAV, ITU-AC e IPCSL em UTIs-Adulto.

Este estudo se justifica pela necessidade da instrumentalização da


Enfermagem frente a prevenção e redução dos indicadores de IRAS, já
que, conforme discutido anteriormente, estas possuem altas taxas de
incidência, no Brasil sendo de 13,0%, mas quando isolado o ambiente de
UTI chega a 27% e de mortalidade que podem atingir até 97,3% em
pacientes de UTI, além de aumentarem os custos hospitalares e o tempo
de internação de um indivíduo tanto em uma Unidade de Terapia Intensiva
quanto no ambiente hospitalar de uma forma geral.⁴
Espera-se que este estudo possa contribuir para enfermagem se
apropriar dos indicadores como ferramenta para prevenção das IRAS na
UTI- Adulto, favorecendo um pensamento crítico e promovendo reflexões
acerca das boas práticas para promoção de um cuidado seguro.
Contribuindo ainda com mudanças na forma de ensinar, pensar e fazer,
trazendo embasamento com a realidade vivenciada para aperfeiçoamento
do ensino e consequentemente da assistência prestada ao paciente
internado, proporcionando ao Enfermeiro a realização de uma assistência
baseada em evidências científicas e aplicada a realidade.

Para realização deste estudo foi utilizado o método de revisão de


bibliografia, com pesquisa realizada nas seguintes bases de dados: Scielo,
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e Google Acadêmico. Os artigos e
textos utilizados foram escolhidos de acordo com a sua relevância para o presente
estudo, levando em consideração o resumo e ano de publicação.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Infecção Primária de Corrente Sanguínea Laboratorialmente Confirmada


(IPCSL)

A IPCSL é definida como uma infecção de corrente sanguínea em


pacientes que fazem uso de cateteres centrais (cateter utilizado para
infusão, coleta de amostras de sangue ou monitoramento hemodinâmico,
cuja terminação está localizada próximo ao coração ou em um grande
vaso) por um período maior que dois dias de calendário, sendo o primeiro
dia (D1) o dia de inserção e que na data do diagnóstico da infecção ainda
fazia uso do cateter ou que tenha sido removido no dia anterior. ¹⁹
Seu desenvolvimento quando ocorre nas primeiras duas semanas
após a inserção do cateter está relacionado predominantemente a
contaminação extraluminal no momento da inserção, por exemplo, pela
quebra da barreira asséptica durante o procedimento, onde as bactérias
da pele alcançam a corrente sanguínea após a formação de biofilme na
face externa do dispositivo.¹⁸
No entanto, após esse período a contaminação da via intraluminal
passa a ser a forma predominante da gênese de IPCSL, ocorrendo, pois,
com o passar do tempo o número e a frequência de manipulação do hub
desse cateter aumentam, favorecendo a sua contaminação,
principalmente quando não respeitados os princípios da assepsia e
antissepsia. Existem ainda mais duas formas de contaminação desse
cateter que podem levar a uma IPCSL, como a administração de soluções
contaminadas, devido a adoção de práticas inadequadas de preparo e a
resistência em recomendações preconizadas para injeção segura, ou
ainda, embora seja muito rara, a contaminação da ponta do cateter pela
disseminação hematogênica oriunda de outros sítios de infecção.¹⁸
Para o diagnóstico de IPCSL em pacientes adultos são adotados dois
critérios distintos, sendo:
 Critério 1 – IPCSL causada por agente patogênico: Paciente > 28 dias,
em uso de cateter central por um período maior que dois dias de calendário
(sendo D1 o dia da instalação do dispositivo) e que na data da infecção o paciente
estava em uso do dispositivo ou este foi removido no dia anterior; E com agente
patogênico identificado em uma ou mais hemoculturas; E o microorganismo
identificado não está relacionado a outro foco infeccioso.²¹
 Critério 2 – IPCSL causada por agente contaminante de pele em
pacientes > 1 ano: Paciente > 1 ano em uso de cateter central por um período
maior que dois dias de calendário (sendo o D1 o dia de instalação do dispositivo) e
que na data da infecção o paciente estava em uso do dispositivo ou este foi
removido no dia anterior; E apresenta pelo menos um dos seguintes sintomas:
febre (>38ºC), calafrios,

hipotensão (pressão sistólica 90 mmHg); E duas ou mais hemoculturas


coletadas coletadas em momentos distintos no mesmo dia ou no máximo
no dia seguinte, positivas para agentes contaminantes de pele:
Corynebacterium spp. (exclui C. diphtheriae), Bacillus spp. (exclui
B. anthracis), Propionibacterium spp., Staphylococcus coagulase negativa,
Streptococcus do grupo viridans, Aerococcus spp. e Micrococcus spp.; E o
microorganismo identificado não está relacionado a outro foco infeccioso;
E os sinais/sintomas e as hemoculturas positivas ocorreram no Período de
Janela de Infecção.²¹

2.2 Infecção do Trato Urinário Associado à Cateter Vesical de Demora (ITU- AC)

É definida como qualquer infecção sintomática de trato urinário em


pacientes em uso de cateter vesical de demora instalado por um período
maior que dois dias de calendário (sendo D1 o dia de instalação do cateter) e
que na data da infecção o paciente estava com o cateter instalado ou este
havia sido removido no dia anterior. Passou-se a ser considerar como IRAS
apenas os casos de ITU-AC que fossem sintomáticos, uma vez que são estes
que possuem importância para vigilância e são alvos de notificação, diferente
dos casos assintomáticos.¹⁹
O fator crucial para a colonização e infecção (bacteriana e fungíca)
do cateterismo vesical é o tempo de permanência, quanto maior o período,
maiores são as chances, já que o crescimento bacteriano se inicia logo
após a instalação do cateter e possui uma taxa de crescimento de
aproximadamente 5-10% ao dia, ao passo de que estará presente em
todos os pacientes ao final de quatro semanas com a presença do cateter.
Essa contaminação pode ser tanto extraluminal (biofilme, sendo esta a
mais comum), quanto intraluminal. O que se torna essencial para
determinação do fator de virulência bacteriana é a adesão ao epitélio
urinário, colonização intestinal, perineal e cateter.¹⁸
A ITU-AC possui como critérios diagnósticos para adultos: Paciente
> 1 ano em uso de cateter vesical de demora instalado por um período
maior que dois dias no calendário (sendo D1 o dia da instalação do cateter
e que na data da infecção estava com o cateter instalado ou este havia
sido removido no dia anterior); E apresenta pelo menos um dos seguintes
sinais e sintomas, sem outras causas reconhecidas: febre (temperatura >
38ºC), dor ou desconforto suprapúbico, dor ou desconforto lombar,
urgência miccional e disúria; E os sinais/sintomas e a primeira urocultura
positiva ocorram no Período de Janela de Infecção.²¹

2.3 Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV)

Definida como pneumonia em paciente em Ventilação Mecânica


(VM) por um período maior que dois dias de calendário (sendo D1 o dia
de início da VM) e que na data da infecção o paciente estava em VM ou o
ventilador mecânico havia sido removido no dia anterior.¹⁹
Sua patogênese é complexa, pois diversos fatores podem interferir
no processo saúde-doença, mas para que a PAV ocorra é necessário que
haja uma interação entre o indivíduo, patógeno e as variáveis
epidemiológicas que facilitam o processo. Existem, ainda, diversos
mecanismos que atuam favorecendo a ocorrência da infecção, mas estes
ainda precisam ser melhor elucidados, variando em relação a população
acometida e o patógeno envolvido.¹⁸
Sua principal origem é aspirativa, tendo como principal fonte as
secreções das vias aéreas superiores, a inoculação exógena por material
contaminado e/ou pelo refluxo gastrointestinal. Deve-se ter mais atenção
ainda as microaspirações silenciosas, pois são geralmente elas as
responsáveis pela inoculação, uma vez que, as macroaspirações são mais
raras e difíceis de acontecer, e quando ocorrem levam a um quadro de
insuficiência respiratória grave e rapidamente progressiva. A pneumonia
causada pela disseminação hematogênica por um foco infeccioso a
distância é rara.¹⁸
Os pacientes que se encontram hospitalizados, sobretudo os em
uso de ventilação mecânica, são mais susceptíveis a desenvolver a PAV,
já que a maioria possui fatores de riscos importantes, como: a) diminuição
das defesas do paciente; b) risco elevado de ter as vias aéreas inoculadas
com grande quantidade de material contaminado; e c) presença de
microorganismos mais agressivos e resistentes aos antimicrobianos no
ambiente, em superfícies próximas, matérias, dessa forma colonizando o
próprio paciente.¹⁸
Já que a principal causa da PAV são as aspirações, e os indivíduos
encontram-se normalmente restritos ao leito, estas se desenvolvem nos
lobos inferiores e nos seguimentos posteriores destes. Após a aspiração, o
material contaminado impacta nos brônquios de pequeno calibre e
expande-se para o espaço alveolar adjacente, causando
histopatologicamente uma broncopneumonia. Uma vez que as aspirações
podem ocorrer mais de uma vez e em momentos diferentes, o mesmo
paciente pode ter mais de um foco de pneumonia e até mesmo com
agentes patológicos diferentes.¹⁸
Os três principais componentes para o diagnóstico de PAV
atualmente utilizados são os sinais e sintomas, a radiografia de tórax e
exames laboratoriais, não existe um padrão ouro para que esse
diagnóstico possa ser realizado, o que acaba dificultando o processo.¹⁹
Possuindo assim como critérios diagnósticos:
 Critério 1 – PAV definida clinicamente: Paciente em ventilação mecânica
(VM) por um período maior que dois dias de calendário (sendo que o D1 é o dia de
início da VM) e que na data da infecção o paciente estava em VM ou o ventilador
mecânico havia sido removido no dia anterior; E com doença cardíaca ou
pulmonar de base com DOIS ou mais exames de imagens seriados com um dos
seguintes achados novo e persistente ou progressivo e persistente: infiltrado,
opacificação, cavitação; E pelo menos UM dos sinais e sintomas: febre
(temperatura:
>38ºC), sem outra causa associada, leucopenia (< 4000 cel/mm3) ou
leucocitose (> 12000 cel/mm3), alteração do nível de consciência, sem
outra causa aparente, em pacientes ≥70 anos; E pelo menos DOIS dos
sinais e sintomas: surgimento de secreção purulenta ou mudança das
características da secreção ou aumento da secreção respiratória ou
aumento da necessidade de aspiração, piora da troca gasosa
(dessaturação, como por exemplo PaO2/ FiO2 < 240 ou aumento da oferta
de oxigênio ou aumento dos parâmetros ventilatórios), ausculta com
roncos ou estertores, início ou piora da tosse ou dispneia ou taquipneia; E
os sinais/sintomas e exames de imagens ocorreram no Período de Janela
de Infecção.²¹
 Critério 2 – PAV definida microbiologicamente: Paciente em ventilação
mecânica (VM) por um período maior que dois dias de calendário (sendo que o D1
é o dia de início da VM) e que na data da infecção o paciente estava em VM ou o
ventilador mecânico havia sido removido no dia anterior; E com doença cardíaca
ou pulmonar de base com DOIS ou mais exames de imagens seriados com um
dos seguintes achados novo e persistente ou progressivo e persistente: infiltrado,
opacificação, cavitação; E pelo menos UM dos sinais e sintomas: febre
(temperatura: >38ºC), sem outra causa associada, leucopenia (< 4000 cel/mm3)
ou leucocitose (> 12000 cel/mm3), alteração do nível de consciência, sem outra
causa aparente, em pacientes ≥70 anos; E pelo menos DOIS dos sinais e
sintomas: surgimento de secreção purulenta ou mudança das características da
secreção ou aumento da secreção respiratória ou aumento da necessidade de
aspiração, piora da troca gasosa (dessaturação, como por exemplo PaO2/ FiO2 <
240 ou aumento da oferta de oxigênio ou aumento dos parâmetros ventilatórios),
ausculta com roncos ou estertores, início ou piora da tosse ou dispneia ou
taquipneia; E pelo menos UM dos resultados: hemocultura positiva, sem outro foco
de infecção, cultura positiva do líquido pleural, cultura quantitativa positiva de
secreção pulmonar obtida por procedimento com mínimo potencial de
contaminação (lavado broncoalveolar, escovado protegido e aspirado
endotraqueal), na bacterioscopia do lavado broncoalveolar, achado de ≥ 5% de
leucócitos e macrófagos contendo microrganismos (presença de bactérias
intracelulares), cultura positiva de tecido pulmonar, exame histopatológico
mostrando pelo menos uma das seguintes evidências de pneumonia: formação de
abscesso ou foco de consolidação com infiltrado de polimorfonucleares nos
bronquíolos e alvéolos e/ou evidência de invasão de parênquima pulmonar por
hifas ou pseudo- hifas, vírus, Bordetella, Legionella, Chlamydophila ou
Mycoplasma identificados a partir de cultura de secreção ou tecido pulmonar ou
identificados por teste microbiológico realizado para fins de diagnóstico clínico ou
tratamento, aumento de 4 vezes nos valores de IgG na sorologia para patógeno
(exemplo: influenza, Chlamydophila), aumento de 4 vezes nos valores de IgG na
sorologia para Legionella. pneumophila sorogrupo I titulada ≥ 1:128 na fase aguda
e convalescença por imunofluorescência indireta, detecção de antígeno de
Legionella pneumophila sorogrupo I em urina; E Os sinais/sintomas e os exames
de imagens e laboratoriais ocorreram no Período de Janela de Infecção.²¹
 Critério 3 – Pneumonia em pacientes imunodeprimidos: Paciente em
ventilação mecânica (VM) por um período maior que dois dias de calendário
(sendo que o D1 é o dia de início da VM) e que na data da infecção o paciente
estava em VM ou o ventilador mecânico havia sido removido no dia anterior; E
COM doença cardíaca ou pulmonar de base com DOIS ou mais exames de
imagens seriados com um dos seguintes achados novo e persistente ou
progressivo e persistente: infiltrado, opacificação, Cavitação, pneumatocele, em
crianças menores de 1 ano; E pelo menos UM dos seguintes sinais e sintomas:
febre (temperatura:
>38ºC), sem outra causa associada, alteração do nível de consciência,
sem outra causa aparente, em pacientes ≥70 anos, surgimento de
secreção purulenta ou mudança das características da secreção ou
aumento da secreção ou aumento da necessidade de aspiração, início ou
piora da tosse ou dispneia ou taquipneia, ausculta de roncos ou estertores,
piora da troca gasosa (dessaturação, como por exemplo PaO2/ FiO2 <
240) ou aumento da oferta de oxigênio ou aumento dos parâmetros
ventilatórios), hemoptise, dor pleurítica; E pelo menos UM dos resultados:
hemocultura positiva, sem outro foco de infecção, cultura positiva do
líquido pleural, cultura quantitativa positiva de secreção pulmonar obtida
por procedimento com menor potencial de contaminação (lavado
broncoalveolar, escovado protegido e aspirado endotraqueal), na
bacterioscopia do lavado broncoalveolar, achado de ≥ 5% de leucócitos e
macrófagos contendo microrganismos (presença de bactérias
intracelulares), cultura positiva de tecido pulmonar,exame histopatológico
mostrando pelo menos uma das seguintes evidências de pneumonia:
formação de abscesso ou foco de consolidação com infiltrado de
polimorfonucleares nos bronquíolos e alvéolos e/ou evidência de invasão
de parênquima pulmonar por hifas ou pseudo- hifas, vírus, Bordetella,
Legionella, Chlamydophila ou Mycoplasma identificados a partir de cultura
de secreção ou tecido pulmonar ou identificados por teste microbiológico
realizado para fins de diagnóstico clínico ou tratamento, aumento de 4
vezes nos valores de IgG na sorologia para patógeno (exemplo: influenza,
Chlamydophila), aumento de 4 vezes nos valores de IgG na sorologia para
Legionella pneumophila sorogrupo I titulada >1:128 na fase aguda e
convalescença por imunofluorescência indireta, detecção de antígeno de
Legionella pneumophila sorogrupo I em urina, identificação de Candida
spp. em amostra de sangue e de secreção respiratória (escarro, aspirado
endotraqueal, lavado broncoalveolar ou escovado protegido), evidência de
fungo em amostra obtida por procedimento com menor potencial de
contaminação (ex: lavado broncoalveolar ou escovado protegido) de uma
das seguintes: exame de microscopia direta, cultura positiva de fungo e/ou
teste diagnóstico laboratorial (não cultura); E Os sinais/sintomas e os
exames de imagens e laboratoriais ocorreram no Período de Janela de
Infecção.²

3 CONCLUSÃO
O domínio do conhecimento acerca das IRAS pelos profissionais de saúde se
faz de extrema importância, uma vez que são esses que se encontram frente ao
paciente e que muitas vezes são os culpados pelo desenvolvimento dessas
enfermidades. Pensamento esse que SS torna ainda mais importante quando
levamos em consideração o profissional de Enfermagem, uma vez que este é o
que se encontra por mais tempo prestando assistência direta ao indivíduo e que é
o responsável na maioria dos casos pela manipulação dos artigos invasivos a
quais esses pacientes estão submetidos e que são as principais causas de
desenvolvimento dessas patologias.
Dessa forma se torna vital que o profissional de Enfermagem se aproprie do
conhecimento a cerca das IRAS, do seu processo de desenvolvimento, do seu
reconhecimento precoce, e principalmente das medidas de prevenção e controle
dessas doenças. Buscando sempre pautar todas as suas ações baseadas em
evidências concretas e já pré-estabelecidas. Uma vez que quando estas são bem
empregadas e direcionadas corretamente são capazes de diminuir
consideravelmente as taxas de mortalidade e morbidade causadas pelas IRAS,
que vem aumentando consideravelmente com o passar dos anos.

4 REFERÊNCIAS

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13. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. NOTA


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15. FERREIRA L.L., et al. Nursing care in Healthcare-Associated


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2019.

16. COSTA, Magda Machado de Miranda. Efeitos de um ciclo de


melhoria da qualidade nacional aplicado à estruturação das ações de
prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde em hospitais
brasileiros. 2016. Dissertação (Mestrado - Curso de Mestrado Profissional
Gestão da Qualidade em Serviços da Saúde) - Centro de Ciências da
Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (RN),
2016.

17. OLIVEIRA A.C., PAULA, A.O. Infecções Relacionadas ao


Cuidar em Saúde no Contexto da Segurança do Paciente: Passado,
Presente e Futuro. Rev Min Enferm., Jan/mar. v. 17, n. 1, p. 216-220,
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18. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.


Medidas de Prevenção de Infecção relacionada à Assistência à Saúde.
Brasil. Brasília: ANVISA, 2017.

19. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.


Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
Brasil. Brasília: ANVISA, 2017.

20. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.


Boletim Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde nº 17:
Avaliação dos indicadores nacionais das infecções relacionadas à
assistência à saúde (IRAS) e resistência microbiana do ano de
2017. Brasília: ANVISA, 2017.

21. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. NOTA


TÉCNICA GVIMS/GGTES Nº03/2019 – Critérios Diagnósticos das
Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde.Brasília: Agência Nacional
de Vigilância Sanitária, 31 jan. 2019.

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