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APOSTILA

PREVENÇÃO E
CONTROLE DE
INFECÇÕES
RELACIONADAS A
ASSISTÊNCIA A
SAÚDE(IRAS) E DA
RESISTÊNCIA
MICROBIANA
O que é Infecção Hospitalar ou IRAS, quais
as suas causas e como funcionam?
Devido à presença de pacientes debilitados, procedimentos invasivos e uso
frequente de antibióticos, os hospitais podem se tornar locais propícios para a
propagação dessas infecções. As infecções hospitalares podem levar a
complicações graves, prolongar a internação, aumentar os custos de saúde e até
mesmo resultar em morte. O que são e quais as causas de Infecções
Hospitalares, ou “Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde” (IRAS), é o que
veremos no artigo de hoje.

O ambiente hospitalar é, ao mesmo tempo, o espaço de cuidado e assistência à


saúde de pessoas que por muitas vezes estão debilitadas. Por conta disso, elas
estão mais suscetíveis a contrair alguma infecção hospitalar, ou IRAS, uma vez
que o ambiente hospitalar é uma espécie de reduto de inúmeros agentes
patogênicos como vírus e bactérias, que podem causar doenças.

Neste artigo você vai saber de tudo sobre as causas das IRAS, na visão de
especialistas no assunto, como CCIH e CCIRAS.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 234 milhões


de pacientes são submetidos a procedimentos cirúrgicos por ano em todo o
mundo e, destes, um milhão vai a óbito em razão de eventos adversos graves,
como uma infecção hospitalar.

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), também conhecida


como infecção hospitalar, são um dos eventos adversos mais frequentes e um
grave problema de saúde pública, pois aumentam a morbidade, a mortalidade,
bem como os custos geral do sistema.

As IRAS mais frequentemente encontradas nos hospitais são:

• (ISC) Infecção de Sitio Cirúrgico


• Pneumonias
• (ITU) Infecção de Trato Urinário
• (IPCS) Infecção da Corrente Sanguínea

Por isso, é preciso entender a gravidade das IRAS e tornar as práticas para
controle da infecção hospitalar e suas causas – como a limpeza e desinfecção –
algo orgânico, intrínseco e levado muito a sério por parte de todos os
profissionais de saúde e de toda equipe de limpeza e administração.
Já no Brasil, infecção hospitalar (ou IRAS) apresenta números superlativos. Há
uma estimativa de que a cada ano, cerca de 1,1 milhão de pacientes contraem
algum tipo de infecção hospitalar.

A Associação Nacional de Biossegurança (ANBIO), menciona que o problema


atinge 1 em cada 5 pacientes internados, gerando custos de até R$15 bilhões por
ano.

As estatísticas ainda mencionam que a cada ano, cerca de 100.000 pessoas


morrem no Brasil, devido as infecções hospitalares. As Infecções Relacionadas à
Assistência em Saúde (IRAS) já ocupam o ranking dos principais problemas de
saúde pública.

Para uma maior conscientização sobre os riscos de infecção hospitalar e as


formas de evitá-las, preparamos este artigo.

O que são IRAS (antes denominadas de

infecção hospitalar)?
As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), são aquelas infecções
adquiridas após a admissão do paciente e que se manifestam durante a internação
ou após a alta. Podem estar associadas a qualquer momento da assistência, mas
em geral, são mais comuns após procedimentos invasivos.

Podem ocorrer, por exemplo, em clínicas de diálise, instituições de longa


permanência, hospital-dia ou ambulatórios de quimioterapia e infusão de
medicamentos.

Quando se desconhece o período de incubação do agente etiológico e não houver


evidência clínica ou dado laboratorial de infecção hospitalar no momento da
internação, convencionaram-se IRAS toda manifestação clínica de infecção que
se apresentar a partir de 72 horas após a admissão.

Para prevenir e controlar a infecção hospitalar, é necessário identificar os pontos


onde podemos atuar para quebrar os elos da cadeia epidemiológica de
transmissão.

Para que a infecção ocorra é necessário, em primeiro lugar, termos o AGENTE


INFECCIOSO (bactérias, vírus, fungos, parasitas e príons).

Estes microrganismos escondem-se em uma FONTE DE INFECÇÃO que pode


ser um reservatório humano ou do ambiente que, por sua vez encontram
uma PORTA DE SAÍDA.

Por um mecanismo de TRANSMISSÃO (contato, aérea ou gotículas) entram no


corpo pelas mucosas e/ou trato respiratório, trato gastrointestinal, trato urinário
ou pele não íntegra (PORTA DE ENTRADA). Finalmente, caso encontrem
um HOSPEDEIRO SUSCETÍVEL a infecção acontece.

Devemos entender também que os microrganismos podem vir de fontes


endógenas (do próprio indivíduo) ou exógenas (de fontes externas).

Portanto, é fundamental que seja identificado o tipo de IRAS ou Infecção


Hospitalar para que o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar monte e
atualize suas medidas de controle e prevenção.

Dados sobre a incidência de Infecção Relacionada à Assistência à


Saúde (IRAS) e suas consequências.

Seguem abaixo dados estadunidenses:

• Estimam-se que ocorra 250.000 infecções da corrente sanguínea


associadas a cateter venoso central por ano, com mortalidade atribuível de
12,5% a 25%.
• O custo de cada tratamento dessas infecções é de cerca de US$ 25.000,00,
atingindo, no total, $296 milhões a $2.3 bilhões por ano.
• A pneumonia associada à assistência à saúde prolonga a permanência
hospitalar entre 4 a 10 dias, com custo estimado por evento entre
US$1.255 e US$ 2.863 (US$1.2 bilhões/ano no total), além de estar
relacionada com maior mortalidade atribuída (7,3 – 30,3%).
• A infecção do trato urinário associada à sonda vesical é responsável por
15% das bacteremias intra-hospitalares e principal causa de infecção da
corrente sanguínea por bacilos Gram-negativos elevando a permanência
hospitalar entre 2 a 4 dias com um custo de cada tratamento estimado
entre U$ 676 e 2.836 (U$ 500 milhões/ano), além de mortalidade atribuída
em até 13%.
• No Brasil, a estimativa é que a taxa de infecções hospitalares afete cerca
de 14% das internações. Como já mencionamos, é importante ressaltar que
de acordo com dados da OMS, cerca de 234 milhões de
• pacientes são operados por ano em todo o mundo. Deste total, um milhão
morre em decorrência de infecções hospitalares e sete milhões têm
complicações no pós-operatório.
• Os números são expressivos, pois o controle das infecções ainda é
precário em muitos locais. Sendo assim, um levantamento do Conselho
Regional de Medicina, em parceria com o Ministério Público de São Paulo
(CREMESP), verificou que, na maioria dos 156 hospitais do Estado
analisados, o controle de infecções hospitalares foi considerado deficiente.

O grande risco para os serviços de saúde, para além dos óbitos causados, é que as
IRAS também contribuem negativamente em outros aspectos:

• Ampliando o tempo de permanência dos pacientes no ambiente hospitalar;


• Elevando a taxa de morbimortalidade;
• Impactando e aumentando os custos;
• Além do risco sobre indenizações, em casos onde há provas contra a
instituição.

O que são as Comissões de Controle de Infecção

Hospitalar (CCIRAS ou CCIH)?

O CCIH é um órgão de assessoria à autoridade maior das instituições de saúde,


ele tem como finalidade elaboração, execução e avaliação das ações de
prevenção e controle de infecção hospitalar (IRAS).

Com o objetivo de tornar o controle das infecções hospitalares mais rígido e


eficaz, o Ministério da Saúde publicou, em 1998, a Portaria nº 2.616, que
instituiu as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), junto ao
Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH).
Os hospitais devem constituir os Serviços de Controle de Infecção Hospitalar que
implantam programas de prevenção e controle de infecção hospitalar, junto com
as equipes multiprofissionais que trabalham dentro do hospital, desenvolvendo os
pacotes de medidas (estratégias direcionadas) para redução das infecções.

“É importante engajar todos os profissionais que são responsáveis no cuidado


dos pacientes”
Além disso, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar realiza a vigilância das
infecções para detecção de surtos e tratativas deles, para redução de danos, bem
como desenvolve um programa de uso racional de antimicrobianos para o
combate da multirresistência dos agentes patogênicos.

Também realiza treinamentos dos profissionais de saúde para as melhores


práticas de prevenção e controle de infecção hospitalar, reciclando os conceitos
para a manutenção da excelência na assistência.

Então, entre as principais funções das CCIH, ou CCIRAS, estão:

• Elaboração e implementação de programa de controle de infecção


hospitalar, IRAS;
• Supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais;
• Capacitação da equipe de funcionários e profissionais do hospital,
conscientizando sobre a importância da prevenção e controle das
infecções hospitalares;
• Implantação e manutenção do sistema de vigilância epidemiológica das
infecções hospitalares;
• Investigação epidemiológica de casos e surtos;
• Promoção de medidas de contenção de surtos infecciosos;
• Coleta, análise e divulgação, regular e de forma periódica, das taxas de
infecções no hospital;
• Elaboração e divulgação de relatórios.

Um estudo dentro dos hospitais da Anahp (Associação Nacional de Hospitais


Privados), mostrou que as práticas para reduzir a ocorrência de infecções durante
as internações têm dado resultados.

De acordo com o levantamento, por meio direto das boas práticas assistenciais e
à segurança nas unidades de terapia intensiva (UTI), a densidade de incidência de
infecção hospitalar geral na UTI adulto passou de 9,02 em 2015 para 8,31 em
2016.

Dessa maneira, o resultado aponta que, para cada 1000 pacientes diários, pouco
mais de oito apresentaram alguma infecção durante o atendimento hospitalar
dentro dos hospitais da rede da privada, que participam do levantamento de
dados.
Dentre as práticas de prevenção e controle de IRAS, a limpeza e desinfecção do
ambiente deve ser valorizada. Quando hospitais tem protocolos rigorosos para
cuidados ambientais e trabalho em equipe, com certeza, haverá controle de
infecção hospitalar.

Portanto, fica claro que quando ações de conscientização sobre Infecções


Hospitalares e protocolos de limpeza e desinfecção do ambiente hospitalar são
seguidos, respeitados e colocadas em práticas os casos tendem a sofrer constantes
reduções.

Histórico da limpeza e desinfecção hospitalar.

Agora que compreendemos do que se tratam as Infecções Relacionadas à


Assistência à Saúde, (IRAS) e de como elas estão relacionadas à higienização
correta (ou a falta dela) nos hospitais, vamos entender o contexto da limpeza
hospitalar ao longo da história.

Desde os primórdios da medicina e da enfermagem, uma das questões mais


cruciais para a recuperação dos pacientes é a higiene do ambiente no qual ele
permanece internado.

No entanto, somente no século passado, a limpeza e desinfecção de materiais e


superfícies no ambiente hospitalar passou a ser foco, de fato, da preocupação dos
profissionais que atuam na área da saúde.

Ao longo do tempo, muitas práticas hoje sabidas como equivocadas, faziam parte
dos procedimentos. Isso porque havia carência de conhecimentos sobre a
prevenção e controle de infecções.

Um exemplo foi a superestimação dos desinfetantes para minimizar os riscos de


infecção por parte de pessoas envolvidas na assistência.

A partir da década de 80, com os avanços científicos, houve maior cobrança e


exigências por parte dos órgãos pertinentes, visando reduzir infecção hospitalar.

Os produtos foram ficando mais adequados e os profissionais de saúde passaram


a adotar processos adequados que envolviam a limpeza e desinfecção do
ambiente hospitalar.

Dessa forma, os serviços de higienização passam efetivamente a ter como


finalidade preparar o ambiente para suas atividades com o próximo paciente que
fará uso, mantendo a ordem e conservando equipamentos e instalações e,
principalmente, evitando a disseminação e infecção cruzada de microrganismos
responsáveis pelas IRAS.
Para isso, todos os profissionais devem estar envolvidos e conscientes da
importância de suas funções. Também devem ter conhecimento sobre a
legislação que orienta sobre as práticas de controle de IRAS, além de conhecer a
estrutura e finalidade dos serviços para executar as técnicas de higienização e
desinfecção corretamente.

Também é fundamental a adesão à higiene das mãos no hospital, associada ao


respeito pelo profissional de saúde às recomendações de precauções padrão e
específicas, como por exemplo: precaução durante o contato, precaução para
gotículas e precauções aéreas.

Infelizmente, surtos de infecções acontecem quando se descumprem estas


simples ações com consequências desastrosas para as instituições de saúde.

O cuidado com a higiene do ambiente do paciente também é muito importante


para evitarmos essa disseminação e envolve a equipe assistencial e de higiene,
bem como a qualidade dos produtos de limpeza hospitalar.

Na literatura, há muitos estudos que mostram que não é apenas a equipe de


enfermagem que deve ter esses conhecimentos sobre limpeza e desinfecção, mas
sim toda a gama de profissionais envolvida nas atividades da instituição, desde o
administrativo até os envolvidos diretamente na assistência.

Todos devem saber quem limpa, o que deve ser limpo e


quando a limpeza deve ocorrer.
Um estudo realizado em hospital universitário mostrou que os enfermeiros de
educação continuada consideram importante que os profissionais de limpeza
conheçam os produtos que utilizam, sua ação e as técnicas de limpeza.

Os profissionais devem estar muito bem orientados e treinados quanto ao uso


adequado dos produtos para minimizar o risco de ocorrências indesejáveis.

Por isso, mais do que oferecer uma rotina de trabalho, é interessante treinar e
mostrar a evolução dos produtos e equipamentos hoje encontrados no mercado
com o objetivo de oferecer mais limpeza e saúde aos trabalhadores da área.

Quais as causas das infecções hospitalares ou

das IRAS?

Lembrem-se do que falamos anteriormente: algumas infecções são de origem


endógena e outras exógena, porém, procedimentos invasivos que quebrem a
barreira de proteção do corpo são um fator de risco importante.
Muitas complicações podem ocorrer após a realização de alguns procedimentos
de assistência à saúde.

Por exemplo, a passagem do cateter vesical de demora para controle de diurese


pode causar uma infecção do trato urinário associada à sonda vesical.

Outro exemplo de risco está ligado a passagem de cateter venoso central ou a


realização de intubação orotraqueal ou até mesmo a realização de cirurgia.

Estas infecções são causadas por microrganismos, dentre os mais comuns,


bactérias e fungos, e dependem de vários fatores como os listados a seguir:

• a imunossupressão do paciente;
• o tipo de procedimento realizado;
• a capacidade do microrganismo de infectar;
• tempo de permanência de uso de cateteres, sondas e ventilação mecânica

Outras situações também podem potencializar o risco do paciente em


desenvolver IRAS, entre elas:

• Não adotar as medidas de precaução padrão ou de contato (se necessário);


• Falta de um planejamento da assistência ao paciente;
• Infraestrutura inadequada;
• Recursos humanos e materiais em número insuficiente;
• Controle inadequado da prescrição de antimicrobianos.

Todavia, é importante relatar que os microrganismos em questão podem vir da


própria microbiota dos pacientes, dos profissionais de saúde, dos visitantes ou
artigos e equipamentos.

Além disso, os alimentos, a água, o ar, as superfícies e os materiais hospitalares


não higienizados ou esterilizados de forma inadequada, também são fontes de
patógenos que podem vir a causar IRAS. Profissionais que cuidam de diferentes
pacientes e que não realizam a higiene de mãos ou a prática adequada das
precauções padrão, aumentam as chances de ocasionar a infecção cruzada,
ocasionando em altas de casos de IRAS.

Sobre a fragilidade dos pacientes.

A susceptibilidade do indivíduo a microrganismos também está relacionada à


fragilidade de seu sistema imune.

Por esse motivo, pacientes idosos, recém-nascidos, transplantados e portadores


de doenças imunológicas e em tratamentos de quimio/radioterapias fazem parte
do grupo de risco, ou seja, são os mais acometidos por este tipo de infecção.
Nestes casos, a internação deve ser escolhida com muito critério e, sempre que
possível, estes pacientes devem ficar em precaução e com menor período de
hospitalização possível, pois quanto menor o tempo no ambiente clínico,
menores são as chances de desenvolver Infecções Relacionadas à Assistência
à Saúde.

Outro fato importante é que o índice de internação de pacientes infectados por


bactérias multirresistentes a antibióticos (conhecidas popularmente como
superbactérias) tem aumentado bastante com o passar dos anos, exigindo dos
hospitais o uso de medicamentos cada vez mais fortes para que a infecção seja
combatida.

isso também ocorre, em alguns casos, devido a ineficácia no diagnóstico destes


pacientes colonizados ou no sistema de notificação dos mesmos.

Para reduzir a disseminação desses microrganismos no ambiente hospitalar é


fundamental a correta higienização do ambiente e das mãos de todas as pessoas
envolvidas.

O que são as bactérias multirresistentes e qual

sua relação com o uso de medicamentos?

As superbactérias são bactérias que passam a ser resistentes a diversos


antibióticos, devido ao uso incorreto dos medicamentos, sendo também definidas
como bactérias multirresistentes.

O uso incorreto ou frequente de antibióticos pode favorecer o surgimento de


mutações e mecanismos de resistência, seleção e adaptação dessas bactérias
contra os antibióticos, tornando o tratamento difícil.
As superbactérias são mais frequentes em ambiente hospitalar, principalmente
em Unidade de Terapia Intensiva e setores com internação de longa permanência,
devido ao sistema imunológico mais enfraquecido dos pacientes.

Além do uso indiscriminado de antibióticos e sistema imunológico do paciente, o


surgimento de superbactérias também está relacionado com os procedimentos
realizados dentro do hospital.

Essa resistência se deve principalmente devido ao uso incorreto dos antibióticos,


seja quando o paciente interrompe o tratamento recomendado ou fazendo uso de
automedicação, dando origem às superbactérias.

Alguns exemplos de Bactérias Multi Resistentes:

• Staphylococcus aureus, resistente à Meticilina, sendo denominada


MRSA.
• Klebsiella pneumoniae, também conhecida como Klebsiella produtora de
carbapenemase, ou KPC, que são bactérias que conseguem produzir uma
enzima capaz de inibir a atividade de alguns antibióticos.
• Acinetobacter baumannii, que pode ser encontrada na água, solo e
ambiente hospitalar, sendo algumas cepas resistentes aos
aminoglicosídeos, fluoroquinolonas e beta-lactâmicos,
• Pseudomonas aeruginosa, que é considerado um microrganismo
oportunista causando infecção principalmente nas UTIs em pacientes
como o sistema imunológico comprometido;
• Enterococcus faecium, resistente a vancomicina que normalmente causa
infecções do trato urinário e intestinal em pessoas que estão internadas;
• Proteus sp., que está relacionada principalmente com infecções urinárias
nas UTIs e que vêm adquirindo resistência a diversos antibióticos;
• Neisseria gonorrhoeae, que é a bactéria responsável pela gonorreia e
algumas cepas já foram identificadas como multirresistente, apresentando
maior resistência à Azitromicina, e, por isso, a doença causada por essas
cepas é conhecida como supergonorreia.

Além dessas, há outras bactérias que estão começando a desenvolver


mecanismos de resistência contra antibióticos que normalmente são utilizados no
tratamento das suas infecções, como por exemplo
a Salmonella sp., Shigella sp., Haemophilus influenzae e Campylobacter spp.
Dessa forma, o tratamento torna-se mais complicado, já que há dificuldade para
combater esses microrganismos, e a doença mais grave.

Tipos de limpeza no ambiente hospitalar.


Tanto a higiene de mãos, como a limpeza das superfícies dos quartos de
pacientes colonizados ou infectados, também é muito importante para o controle
e para a redução de IRAS.

As superfícies próximas do paciente são frequentemente contaminadas com


microrganismos. Esses agentes, por sua vez, sobrevivem por longos períodos
nessas superfícies, favorecendo a contaminação das mãos e/ou luvas dos
profissionais de saúde, os quais terão contato com outros pacientes, elevando
assim, as chances de contaminação

Para garantir que haja um controle eficaz das IRAS e reduzir a possibilidades da
infecção cruzada causadas pelos microrganismos, principalmente pelas bactérias
multirresistentes, a limpeza hospitalar é fundamental.

Mas, o que é limpeza?


Limpeza é o ato de localizar e remover toda sujidade e material orgânico de
forma adequada das superfícies inanimadas. Trata-se do mais eficiente meio de
redução da carga microbiana das superfícies.

O processo deve ser realizado com água e produto padronizado pelo setor de
CCIH ou CCIRAS da instituição, junto de procedimentos de limpeza adequados.

Importante ressaltar que a limpeza deve vir antes dos processos de desinfecção.

Atualmente, temos produtos capazes de realizar a limpeza e desinfecção em um


único processo. Sendo importante, contudo, analisar a presença de fluidos
corpóreos como sangue, fezes, urina, vomito ou secreções.

Na sequência traremos uma série de conceitos extraídos de nossa página


sobre Manual de Limpeza em Ambientes da Área da Saúde

Com tais informações, será possível o leitor conhecer mais sobre os conceitos e o
dia a dia da higiene no ambiente hospitalar.

Limpeza concorrente: procedimento diário de limpeza das superfícies


inanimadas, como pisos, pias, mesas fixas, tampos, peitoris, maçanetas das portas
e interruptores de luz.

Abrange a reposição de materiais, como sabonete líquido, papel higiênico e papel


toalha, além do recolhimento do lixo. Esta limpeza é realizada quando o paciente
ainda está no ambiente.

Limpeza terminal: procedimento realizado na alta ou óbito do paciente ou


agendada quando internação de longa permanência.
A periodicidade pode ser definida pela CCIH ou CCIRAS do hospital, mas não
deve ultrapassar 30 dias, e deve ser levado em consideração a criticidade do
paciente e se o mesmo encontra colonizado por alguma bactéria
multirresistente.

A limpeza terminal abrange todas as superfícies horizontais e verticais, como


paredes, pisos, portas, janelas, luminárias, interruptores e mobiliários. É seguida
pelo procedimento de desinfecção.

Limpeza especial: procedimento de desinfecção diária de todos os materiais e


equipamentos distantes até 1 metro do leito de pacientes colonizados ou
infectados com bactérias resistentes e com fatores de risco.

Itens como monitores, focos, suportes de soro, painel de gases, grade de cama,
bomba de infusão, respirador, criado mudo e outros devem ser desinfetados.

Este procedimento deve ser realizado pela enfermagem e com produto


padronizado pela CCIH do hospital.

Limpeza preparatória: procedimento diário de limpeza antes da utilização do


local. É a remoção de partículas depositadas nas superfícies horizontais em áreas
de procedimentos, como centro cirúrgico, salas de endoscopia, ultrassonografia,
raios X e outras.

No caso do centro cirúrgico a limpeza tem que ser realizada entre os


procedimentos a cada paciente e uma limpeza terminal no final de cada plantão.

Nas salas onde são realizados exames, os equipamentos também devem ser
higienizados a cada paciente, prática hoje que, infelizmente, não é seguida por
muitos serviços.

Limpeza mecanizada do piso: remoção da sujidade do piso com máquina de


lavar tipo enceradeira ou lavadora automática. Neste processo, uma solução
detergente e/ou desinfetante hospitalar é colocada no piso.

Equipamentos como as lavadoras automáticas realizam a limpeza com grande


eficiência e praticidade, pois removem a água através de aspirador e já deixam o
piso limpo e seco, sem necessidade de rodos e panos.

Depois de compreender o que é limpeza e seus tipos dentro do âmbito hospitalar,


vale destacar as definições dos conceitos descontaminação e desinfecção, para
que suas diferenças fiquem bem claras no momento da prática. Veja só:

Descontaminação: trata-se da remoção de materiais orgânicos, como fezes,


urina, vômitos e secreções de uma superfície com auxílio de uma solução
desinfetante.
Desinfecção: é o processo que elimina formas vegetativas de microrganismos
patogênicos das superfícies inanimadas. Deve ser feita por meio de processos
químicos, com uso de soluções desinfetantes que previamente foram
padronizados pela CCIH, em superfícies inanimadas previamente limpas. O
produto a ser usado tem que ser homologado pela ANVISA e ter laudo
comprovando sua eficácia.

Agora que entendemos a importância da limpeza, vamos ver quais práticas


devem fazer parte da rotina de higienização dos espaços de saúde.

Processos de Limpeza e Desinfecção de

Superfícies.

Para os processos de limpeza atingirem os objetivos esperados, é preciso que haja


organização funcional e cronograma das ações a serem realizadas no dia-a-dia,
cronograma das atividades.

Assim, é fundamental estabelecer um protocolo – um conjunto de regras a serem


seguidas no processo de trabalho. Quando se trata de limpeza, os protocolos de
do ambiente hospitalar devem incluir etapas que permitam a destruição dos
microrganismos das superfícies inanimadas.

Devem ser especificados no protocolo de limpeza do ambiente hospitalar: o local


a receber a ação, qual ação a ser realizada, quando fazer a ação, com que produto
realizar a ação, como realizar e quem deve realizá-la.

Unidades de terapia intensiva na maioria das vezes são constituídas de box com
divisórias para internação de pacientes.

Neste ambiente, altamente crítico, as atribuições têm que ser bem-feitas e


definidas, pois não pode haver falhas no processo.

Há a necessidade de ficar bem definido o que é tarefa de atribuição da


enfermagem e o que é tarefa da equipe de higiene e limpeza, além, é claro, dos
momentos em que devem ser realizadas.

Qual o papel da enfermagem no combate as

IRAS?
Os protocolos recomendam uma limpeza concorrente (com a presença do
paciente no leito), a limpeza beira leito, onde é realizado uma vez por plantão a
limpeza dos equipamentos como respiradores, bombas de infusão, monitores e
outras áreas até 1 metro do leito, com o produto padronizado pela CCIH ou
CCIRAS da instituição.

Também fica sob responsabilidade da enfermagem, na limpeza terminal, a


retirada, a limpeza e desinfecção dos equipamentos.

Também importante a retirada dos materiais e acessórios que estavam em uso


como materiais ventilatórios para oxigenação e frascos para aspiração.

Após a retirada destes equipamentos e acessórios, a equipe de higiene e limpeza


ficam com a responsabilidade de fazer a limpeza terminal onde todas a
superfícies verticais e horizontais tem que ser limpas e desinfetadas.

Operacionalização da Limpeza.
Dentro dos tipos de limpeza que vimos mais acima, há ainda as formas de
operacionalização do processo de limpeza de superfícies que se constituem de:

• Limpeza manual úmida: limpeza com a utilização de rodos, mops, panos


ou esponjas umedecidas em solução detergente ou desinfetante, com
enxágue posterior com água limpa. Esta operação deve ser realizada nos
mobiliários em geral, equipamentos, luminárias, tetos e pisos.
• Limpeza manual molhada: consiste em aplicar uma solução
de detergente em pisos, paredes, mobiliários e usar de energia mecânica
para esfregar com fibra, escova ou esfregão. Realizar o enxágue posterior
com água limpa. Essa operação é utilizada principalmente na limpeza
terminal e na limpeza concorrente dos banheiros.
• Limpeza mecanizada do piso: trata-se da remoção da sujidade do piso
com máquina de lavar tipo enceradeira. Neste caso aplicamos o produto
no piso e após a ação mecânica da enceradeira realizamos o enxágue e a
secagem do piso.

Equipamentos como as lavadoras automáticas realizam a limpeza com grande


eficiência e praticidade, pois removem a água através de aspirador e já deixam o
piso limpo e seco, sem necessidade de rodos e panos.

Exemplo de Protocolo de Limpeza Hospitalar

Na sequência separamos um passo a passo descritivo da limpeza concorrente,


padronizada pela nossa equipe junto de um importante hospital no interior de São
Paulo.
Nosso objetivo em apresentar tal modelo é o de servir de base para sua
instituição desenvolver o seu próprio procedimento, pautado nas boas práticas da
Anvisa.

Protocolo de limpeza concorrente em acomodações de internação.

Conceito: É a limpeza realizada diariamente feita nas superfícies inanimadas


(pisos, pias, mesas fixas, tampos, peitoris, maçanetas das portas, interruptores de
luz), reposição de materiais (sabonete líquido, papel higiênico e papel toalha) e
recolhimento do lixo.

Objetivo: Diminuir a carga microbiana das superfícies fixas, manter os


aposentos em perfeitas condições de higiene e limpeza, oferecendo bem-estar,
conforto e segurança aos clientes internos e externos.

Executantes: Auxiliares de limpeza

Materiais Necessários:

Carro Funcional contendo:

• Limpador Geral Superfícies – Garra Oxiativo;


• Solução desinfetante Optigerm PPT Hospitalar para Superfícies Fixas;
• Pulverizadores (3 abastecidos com Optigerm PPT e 1 com Limpador
Garra Oxiativo);
• Escova Lavatina;
• Esponja dupla face – Verde e Amarela (para pias do banheiro e quarto e
banheiro de um modo geral, exceto piso e vaso);
• Fibra Azul não risca (mobília, piso e demais superfícies do quarto);
• Fibra verde (vaso sanitário, cestos de lixo e piso do banheiro)
• Wiper;
• Balde plástico retangular;
• Ferramenta Spray Mop, abastecida com Limpador Garra Oxiativo;
• Ferramenta Lamelo;
• Refil para lamelo;
• Refil para Spray Mop;
• Ferramenta de aplicação de cera completa (cabo alumínio, luva de 45
cm);
• Sacos de lixo 100 litros e 30 litros cor azul (comum);
• Sacos de lixo 100 litros e 30 litros cor branco (infectante);
• Fechos de saco de lixo;
• Faixa de sinalização “Sanitário Desinfetado”;
• Placa de sinalização (Piso molhado ou em Manutenção);
• Suporte LT;
• Luvas de látex amarelas e verdes;
• Tocas descartáveis;
• Óculos protetores;
• Toalhas descartáveis de bandeja;
• Lavador de vidro 45 cm completo com cabo de 1,5 ou superior;
• Papel higiênico fibras virgens;
• Papel Toalha fibras virgens;
• Sabonete refil Opticare Toilete Espuma;
• Álcool Gel Opticare para as mãos;
• Acabamento para piso Simplex Hospitalar.

Descrição do Processo com dois auxiliares de limpeza

Limpeza deve seguir a seguinte sequência:

• Superfícies e objetos potencialmente ou visualmente menos sujos antes,


mais sujos depois;
• Superfícies e locais mais altos antes e mais baixos depois;
• Gestos de limpeza devem ser sempre realizados no sentido único;
• Os auxiliares de limpeza devem informar logo no início do procedimento,
qualquer irregularidade no ambiente referente à manutenção predial, como
danos elétricos, hidráulicos etc.

Iniciando o processo:

• Dirigir-se com o carro funcional abastecido dos materiais, produtos e


equipamentos necessários;
• Aplicar álcool gel nas mãos antes de iniciar os procedimentos;
• Sinalizar a porta do quarto com a placa “piso molhado”
• Calçar as luvas amarelas e os óculos;
• Recolher o lixo comum dos cestos, fechar os sacos e depositá-los no saco
do carro funcional;
• Recolher o lixo infectado (se houver) dos cestos, fechar os sacos e
encaminhá-los diretamente ao expurgo;
• Aplicar Optigerm PPT nas luvas e retirá-las.

Limpeza de superfícies do teto, paredes e mobiliários:

• Calçar as luvas verdes e os óculos;


• Se houver matéria orgânica, está deverá ser removida antes do
procedimento de limpeza geral, utilizar a técnica de descontaminação
pulverizando a solução de Optigerm PPT removendo com papel toalha
absorvente, descartando no lixo adequado;
• Pulverizar o Optigerm PPT em um Wipper e aplicá-lo em todas as
superfícies horizontais como (cadeiras, criado-mudo, armário, bandeja de
alimentação etc.);
• Deixar secar;
• Repor sacos de lixo;
• Pulverizar Optigerm PPT nas luvas e retirá-las, colocando-as de volta ao
carro funcional;
• Higienizar as mãos com sabonete ou álcool gel Opticare.

Limpeza do piso do quarto:

• Calcar as luvas amarelas;


• Observar o piso e se houver presença de manchas e sujidade impregnadas,
realizar a técnica de descontaminação pulverizando a solução de Optigerm
PPT, removendo com papel toalha, descartando no lixo adequado;
• Aplicar a Ferramenta Lamelo em todo o piso do quarto visando remover
sujeiras secas;
• Descartar o refil do Lamelo no lixo do carro funcional;
• Aplicar Limpador Garra no piso com a Ferramenta de Mop Plano Spray,
limpando-o totalmente e dando acabamento total;
• Pulverizar Optigerm PPT nas luvas e retirá-las, colocando-as de volta ao
carro funcional;
• Higienizar as mãos com sabonete ou álcool gel.

Limpeza do banheiro:

• Calçar as luvas de látex amarelas e óculos;


• Pulverizar o Optigerm PPT em todas as superfícies, louças sanitárias e
dispensers (externamente) e fazer a esfregação usando as seguintes
esponjas e fibras: Fibra Verde para vaso sanitário, cestos de lixo e piso do
banheiro com suporte LT Esponja Verde e Amarela para pias e demais
superfícies e louças sanitárias
• Logo após enxaguar com pequeno volume de água;
• Secar com Wiper as superfícies e louças sanitárias;
• Secar piso com rodo ou pano apropriado;
• Pulverizar o Optigerm PPT em todas as superfícies e louças sanitárias;
• Deixar agir por 10 minutos;
• Secar com Wiper apenas as superfícies e louças sanitárias que se fizer
necessário como vaso sanitário;
• Repor sacos de lixo;
• Reabastecer, quando necessário, os dispensers de papel higiênico,
toalheiro e sabonete líquido, limpando-os neste caso, também
externamente com Wiper e Optigerm PPT;
• Pulverizar Optigerm PPT nas luvas e retirá-las, colocando-as de volta ao
carro funcional;
• Higienizar as mãos com sabonete new Eversoft ou álcool gel New
Eversoft.

Finalizando o processo:

• Recolher todo o material e depositá-lo no carro funcional;


• Reabastecer o reservatório do Spray Mop com solução Limpador Geral
Garra;
• Reabastecer os pulverizadores com os seus respectivos produtos;
• Descartar Wiper utilizados,
• Acondicionar o refil do Mop no balde indicado e repor o refil para a
próxima limpeza;
• Reabastecer o carro funcional com os materiais necessários e se dirigir ao
próximo aposento.

Higiene das mãos e sua contribuição contra as

infecções – IRAS

O ato de higienizar as mãos é considerado como ato isolado mais importante no


controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, as IRAS (Infecções
Hospitalares) e suas causas.

Ao longo dos séculos, o hábito de higiene das mãos ficou restrito aos rituais de
purificação, o que evidenciava mais os cuidados com a aparência do que uma
referência à preocupação com a saúde.

Somente em meados do século XIX, quando Ignaz Philipp Semmelweis –


Médico conhecido como precursor da antissepsia – elaborou a primeira evidência
científica de que a higienização das mãos seria capaz de evitar a transmissão da
febre puerperal e reduzir a morte de mulheres no pós-parto.

Ainda assim, nas décadas seguintes, a prática não chegou a ser compreendida em
sua importância nem aceita como essencial entre os profissionais da época.

Após muitos anos, muitos cientistas e filósofos realizaram pesquisas e estudos


que comprovaram e defenderam a questão da higienização e assepsia.

Hoje é mais do que sabido e constatado o valor vital da antissepsia com álcool
gel a 70%.

Nesse completo artigo sobre higiene das mãos com álcool gel, o leitor poderá
observar em muita profundidade os detalhes dessa atitude de responsabilidade,
que é a higiene responsável das mãos.

Porém, no ambiente hospitalar, infelizmente, ainda é possível notar alguma


resistência em adotar um gesto tão simples como o de lavar as mãos, onde a
baixa adesão é um problema sério e alvo de muitas campanhas para fortalecer sua
adesão.
O ato de fazer uso do álcool para higienizar as mãos busca reduzir a população
microbiana residente da pele e zerar a microbiota transitória, impedindo que
possíveis infecções hospitalares em cadeia aconteça no ambiente hospitalar.

A adesão por parte da equipe está ligada a diversos fatores, onde a


disponibilidade de dispensadores e a qualidade do produto a ser oferecido estão
diretamente ligados, como podemos ver nesse artigo que explica por que Usamos
Pouco Álcool Gel.

A OMS recomenda que a lavagem das mãos deve ocorrer em cinco situações
dentro dos serviços de saúde, para evitar infecções hospitalares, ou IRAS:

1. Antes do contato com o paciente;


2. Antes da realização de procedimento asséptico;
3. Após a exposição a fluídos corpóreos;
4. Após contato com o paciente;
5. Após contato com o ambiente próximo ao paciente.

Protocolo de recomendações da OMS – 5 momentos de


higiene das mãos

No controle das infecções hospitalares (ou IRAS), a necessidade da higienização


das mãos é reconhecida também pela ANVISA, que inclui recomendações para
esta prática no Anexo IV da Portaria 2616/98 do Ministério da Saúde e em vários
materiais, mais atualizados, traduzidos da OMS, que se referem ao uso de
estratégias multimodais para aumentar a adesão à higiene de mãos.

O Programa de Controle de Infecções Hospitalares e suas causas nos


estabelecimentos de assistência à saúde no País estabelece que:
• Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das
mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, seguida de enxágue
abundante em água corrente.
• A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a
prevenção e controle das infecções hospitalares.
• O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que
envolvam mucosas, sangue e outros fluidos corpóreos, secreções ou
excreções.
• A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto necessária,
durante a assistência a um único paciente, sempre que envolver contato
com diversos sítios corporais, entre cada uma das atividades.

A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre antes dos


procedimentos cirúrgicos.

A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico deve considerar o
tipo de contato, o grau de contaminação, as condições do paciente e o
procedimento a ser realizado.

A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em:

• realização de procedimentos invasivos;


• prestação de cuidados a pacientes críticos;
• contato direto com feridas e/ou dispositivos invasivos, tais como cateteres
e drenos.

Quando se realiza a aplicação de produtos antissépticos, com base


alcoólica como o álcool gel, a redução de microrganismos presentes nas mãos
pode ser ainda maior. O resultado é o melhor poder de redução de
microrganismos, menor irritação das mãos, maior facilidade no processo
(produto próximo ao uso, dispensa pia) e, portanto, menor transmissão cruzada e
incidência de infecções hospitalares.

Por isso, oferecer produtos alcoólicos para higiene de mãos é uma prática
recomendada que intensifica a redução microbiana e estimula a melhor adesão ao
procedimento tanto nos ambientes clínicos como hospitalares, evitando Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde, as IRAS.
Equipamentos de Proteção Individual são Efetivos Contra Infecções

Uso de Equipamentos de Proteção Individual

(EPIs)

EPI é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a


prevenir riscos que podem ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador.

O uso dos EPIs, como luvas, máscaras e óculos de protecão, pela equipe de
limpeza, é recomendado e trata-se de um recurso extremamente importante
dentro das práticas para evitar a transmissão de infecções tanto para o paciente
quanto para a própria equipe.

Mas qual a finalidade de alguns EPI’s comuns aos profissionais da limpeza?


Confira a seguir:

• Luvas de borracha: Obrigatórias para uso de todo profissional para


realização de procedimentos para limpeza e desinfecção de superfícies nos
serviços de saúde.

Recomendamos sempre a utilização de cores diferentes para diferentes tipos de


limpeza.
Contudo, mesmo utilizando luvas, as mãos devem ser lavadas antes e após o seu
uso.

Importante também é investir no treinamento para uso correto, bem como os


devidos cuidados para calçá-las e retirá-las das mãos, evitando as infecções
hospitalares.

• Máscaras: Já a máscara cirúrgica é obrigatória, habitualmente, havendo


possibilidade de respingos de materiais ou produtos químicos nas mucosas
da boca e nariz.

Também, utilizá-la quando o profissional adentrar em ambientes de pacientes


com patologias transmissíveis.

Já em áreas de isolamento para aerossóis, temos a indicação das máscaras de


proteção respiratória, com eficácia na filtragem de no mínimo 95% de partículas
(são as máscaras do tipo N99, N100, PFF2, N95 ou PFF3).

• Óculos de proteção: Esse tipo de EPI tem que ser utilizado durante o
preparo e diluição de produtos de limpeza, quando ela não é
automatizada.

Também deve ser utilizado quando há riscos de respingos durante procedimentos


de limpeza, por exemplo.

Os EPIs devem ser utilizados conforme as normas que regem a instituição e os


profissionais devem ser orientados com relação ao descarte correto dos artigos de
proteção.

Quais ferramentas e acessórios auxiliam na

limpeza hospitalar e evitam

as infecções hospitalares?

Para que os procedimentos de limpeza e higienização nos hospitais possam ser


dinâmicos e otimizados, há acessórios com tecnologias desenvolvidas com a
finalidade de atender a demanda e garantir melhores condições de trabalho.

Os equipamentos devem ser aprovados pela ANVISA e atender normas com


relação à ergonomia e à transmissão de infecção.
Veja abaixo alguns acessórios que podem tornar a rotina de controle de infecções
muito mais prática e eficaz:

• Pulverizador: são utilizados para aplicação das soluções em superfícies


fixas na limpeza hospitalar. Podemos encontrar dois tipos: os
pulverizadores de pressão e de gatilho (trigger).

Os pulverizadores são considerados um sistema inovador, que exigem menor


esforço do profissional e geram maior economia e praticidade. A recomendação é
usar o pulverizador de pressão em relação ao de gatilho, pois o esforço é menor
para o trabalhador.

No sistema tradicional, são utilizados almotolias ou frascos de plásticos


adaptados, que não exigem muita força física, no entanto não conseguem ter uma
uniformidade com a quantidade de solução aplicada nas superfícies fixas.

Os hospitais que utilizam o sistema de pulverizadores comprovam que é mais


econômico em relação ao sistema tradicional.

Um exemplo é que em uma mesma área física hospitalar, o sistema tradicional


utiliza 1500 ml de solução desinfetante Optigerm PPT em relação ao sistema de
pulverizador que utiliza 450 ml da mesma solução, gerando uma economia de
70%.

Por fim, a qualidade do serviço de limpeza e do resultado dos desinfetantes


hospitalares é muito melhor utilizando esse acessório.

• Baldes: são recipientes para a lavagem dos panos ou MOPs utilizados na


limpeza e devem ser de cores diferentes (padrão mais usual é a cor azul e
a vermelha).

Para cada tipo de limpeza deve ser usado um conjunto de balde com a solução
indicada. A técnica dos dois baldes pode ser utilizada em procedimentos de
limpeza de piso (limpeza manual úmida).

Balde azul com solução de detergente neutro ou solução desinfetante


Optigerm PPT, já o balde vermelho usado com água limpa (que serve para
lavagem do pano/mop).

• Rodos: são utensílios que servem para a retirada de água durante o


enxágue e para passar o pano no piso. A recomendação é que sejam de
alumínio com cabo ergométrico. Não é recomendado o uso de rodos de
madeira.
• Escova lavatina: tipo de escova utilizada para a limpeza do vaso
sanitário. Seu uso é recomendado durante o processo de limpeza e
desinfecção após a higienização do vaso.
• Mops: há no mercado o mop úmido e o mop seco. Mop úmido é
recomendado para a limpeza úmida das diversas áreas do hospital e suas
cerdas são compostas por fios de algodão e sintéticos.

Possui grande vantagem na questão ergonômica, pois quem o utiliza não


necessita se abaixar repetidas vezes para lavar o pano. Em relação à infecção, não
há contato com as mãos do usuário, minimizando o risco de contaminação.

Já o mop seco é recomendado para a varredura, com a vantagem de os detritos


permanecerem grudados na cabeleira, evitando assim a aerossolização de
partículas. Este tipo deve ser utilizado em áreas de pequena circulação ou áreas
administrativas dos hospitais. Não deve ter contato com matéria orgânica.

O mop úmido deve ser lavado após o término do serviço e secar para o próximo
uso. No caso do mop seco, seu refil deve ser descartado a cada uso.

• Suporte de disco para lavadoras: é usado nas enceradeiras e lavadoras


automáticas. O suporte de madeira não é recomendado por conta do risco de
infecção. A preferência é que seja de polietileno.
• Suporte LT: é utilizado para fazer esfregação das superfícies na limpeza
molhada, na qual não se consegue passar enceradeira ou máquina lavadora.
• Discos e fibras: as fibras são constituídas por nylon sintético e servem para a
esfregação das superfícies fixas. Já os discos são usados para a limpeza do
piso com enceradeira ou lavadora automática. Eles devem ser limpos com
água e detergente neutro e secar na sombra, já que o sol pode diminuir a vida
útil dos acessórios.

Ao fazer uso dos acessórios de limpeza, a equipe deve transportá-los


corretamente em um carrinho denominado carro funcional, que facilita o
acondicionamento do material a ser utilizado e o deslocamento de uma área para
outra.

IRAS e o combate bem sucedido em São Paulo:

A Secretaria Municipal de Saúde anunciou, no mês de maio de 2021, que o


número de casos de infecção hospitalar na da capital paulista caiu 90,4% em 14
anos, no período entre 2005 e 2019. Esses dados estão considerando hospitais
públicos e privados com UTI na capital paulista.

De acordo com a secretaria, houve redução de 90,4% nos casos de infecção


primária da corrente sanguínea.

Em relação aos casos de infecções hospitalares do trato urinário, associada ao uso


de cateter vesical de demora, teve redução de 74,6%, e os de pneumonia
associada a ventilação mecânica apresentaram queda de 63,1%. Tudo isso em
126 hospitais públicos e privados com UTI adulto.
A pasta atribuiu a redução à melhor educação sobre o assunto, ao treinamento e à
capacitação de profissionais da área realizados pela Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH ou CCIRAS) de cada unidade hospitalar, além de
ações desenvolvidas por secretárias e departamentos como o Núcleo Municipal
de Controle de Infecção Hospitalar, a Divisão de Vigilância Epidemiológica da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde.

Conclusão

Por fim, podemos concluir que para que haja redução das causas e da incidência
de infecção hospitalar como a Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
(IRAS), é mais do que urgente que as boas práticas de limpeza e higienização
sejam realizadas com responsabilidade e atenção nos ambientes hospitalares e
nos serviços de saúde, com adesão a higienização das mãos.

Não há como pensar em controle adequado de IRAS sem pensar em ações e


procedimentos que atuem na redução de microrganismos e que sejam realizados
criteriosamente e de forma contínua nesses locais.

Para isso, é importante dispor de produtos de limpeza e higienização de


qualidade, de uso profissional e certificados pela ANVISA, que tem como
finalidade promover a proteção da saúde da população, por meio do controle
sanitário da produção e comercialização de produtos e das soluções para limpeza
e desinfecção dos materiais e superfícies na área hospitalar.

O uso de recursos adequados garantirá a eficácia dos procedimentos e a


segurança das pessoas que têm contato direto ou que circulam pelo nestes locais.

Orientações sobre procedimentos adequados de limpeza e desinfecção ambiental


devem ser estar embasados em recomendações da ANVISA (legislação
pertinente) e outras instituições nacionais e internacionais como WHO/OMS,
Centers for Diseases Control/CDC, APECIH e outras.

Estas entidades publicam recomendações quanto a aspectos de uso de materiais e


insumos para uso na área da saúde e germicidas usados para a limpeza e
desinfecção de equipamentos e ambiente.

Dentro das instituições de saúde, como dissemos, a responsabilidade está ligada à


Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), em conjunto com a
administração do hospital e a conscientização de toda equipe multidisciplinar e
campanhas para orientar os usuários e seus familiares.

Então, para que se tenha sucesso na prevenção e controle de infecções e na


contenção de surtos, é preciso uma força-tarefa que englobe pessoas conscientes
e insumos de qualidade.

Desta forma, envolver toda a equipe de profissionais do hospital nas práticas de


higiene e na conscientização sobre a importância de atos isolados e coletivos de
limpeza e oferecer os recursos necessários é fundamental para que haja uma
cultura bastante consolidada de preocupação com a saúde e o bem-estar no
ambiente de assistência médica.

Em nosso simpósio sobre Limpeza Hospitalar e Enfermagem, apresentamos uma


série de estudos e sugestões visando a melhoria desse segmento basal para o
desenvolvimento do país.

Nesse depoimento sobre a expansão da profissionalização e seriedade do setor


hospitalar a ilustre Claudia Vallone dá sua valiosa opinião sobre iniciativas
ligadas a simpósios de enfermagem.

Com informações compartilhadas aqui, é possível fazer mais e melhor por


ambientes livres de contaminações e de riscos à saúde e ao bem-estar. Acesse o
nosso site para saber mais sobre limpeza e higienização profissionais, conheça
as soluções da Higiclear para hospitais e serviços de saúde no combate as
IRAS.
Esclarecer dúvidas, orientar e oferecer sempre o melhor em técnicas e produtos
de limpeza profissional é a nossa missão na Higiclear. Conte sempre com a gente
para fazer escolhas que atendam às necessidades de sua empresa.

Se você gostou das informações sobre infecção hospitalar causas e combate as


IRAS presentes nesse artigo, compartilhe com mais pessoas, nos acompanhe
nas redes sociais, nos siga nas plataformas de áudio para não perder dicas de
limpeza profissional e conhecer nossas soluções de limpeza profissional.

Até o próximo!

Colaboração:

• Enfermeira Claudia Vallone Silva


• Enfermeiro Fabio Leite da Silva

Referências:

• Revista Mineira de Enfermagem


• ANVISA
• ANAHP
• OMS
• Brasil Escola
• UFRJ
• Ministério da Saúde
• Hospital do Coração

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