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Fatores de Risco de Infecção

Hospitalar na Criança
Enf. Yasmin Gonçalves
O que é infecção hospitalar?
Infecção hospitalar ou Infecção Relacionada à Assistência em Saúde (IRAS) é a contraída após o
ingresso do paciente no hospital ou depois de sua alta, desde que esteja relacionada à sua internação
ou passagem pelo estabelecimento. Um exemplo são as infecções adquiridas após a realização de
procedimento cirúrgico.

Atualmente, o conceito de IH é mais abrangente quando se contempla a infecção adquirida durante a


assistência ao paciente em um sistema de não-internação, no atendimento em ambulatórios ou em
consultórios.
O que é infecção hospitalar?
O quadro de infecção hospitalar é ruim para qualquer instituição de saúde, pois:

● requer o uso de antibióticos por um tempo maior, para tratar a infecção;


● pode levar à necessidade de nova cirurgia, no caso de pacientes pós-cirúrgicos;
● aumenta o tempo de internação ou exige novo internamento, no caso de pacientes que já haviam
recebido alta;
● aumenta os custos do hospital devido ao leito ocupado e à necessidade de tratamento por causa do
quadro infeccioso.

Sendo assim, a infecção hospitalar impacta diretamente a saúde dos pacientes e o trabalho dos médicos e
dos enfermeiros. Além disso, coloca em risco a reputação do estabelecimento de saúde. Nesse sentido, é
urgente entender suas principais causas e as práticas que precisam ser adotadas para preveni-la.
Problema de Saúde Pública Mundial: Infecções
Hospitalares
● Infecções Hospitalares (HIs) ou nosocomiais: problema desde o princípio da
criação de instituições de assistência à saúde.
● Relevante : morbidade e mortalidade apesar do avanço tecnológico e o
acesso a novos procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
● O Brasil apresenta índice em cerca de 15 à 18% .
● Custo financeiro dos pacientes IH é 3 vezes maior
Infeções Nosocomiais

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma infeção nosocomial é


assente como “uma infeção adquirida no hospital por um doente que foi
internado por outra razão que não essa infeção” ou ainda “uma infeção que
ocorre num doente internado num hospital, ou noutra instituição de saúde, e
que não estava presente nem em incubação à data de admissão”ou seja, cuja
manifestação ocorreu durante o internamento ou após a alta, podendo ser
relacionada com o internamento ou com procedimentos hospitalares.
Infecções:
Infecção Hospitalar:
IH é toda a manifestação clínica de infecção que o paciente adquire 72 horas após a
internação, durante a internação ou após a alta, se relacionada à internação e/ou aos
procedimentos hospitalares realizados
Infecção Comunitária:
A infecção comunitária é aquela que já estava presente no momento que o paciente internou
no hospital. Pode até estar em incubação e aparecerem os sintomas após a internação
Mecânismos de Proteção do Sistema
Imunológico: defesa específicas
Imunidade celular células (linfócitos) desenvolvidas pelo organismo e levadas através do
sangue e fluídos

Imunidade Humoral: imunoglobulinas (IgG, IgM)

Passiva: anticorpos prontos de mãe para filho soro heterólogo e homólogo contra doenças

Ativa : Adquirida produzir anticorpos e fica com células de memória após exposição a agente
patogênico ( após infecção natural – sub-clínica ou clínica da doença ) Adquirida por
intermédio de vacina (agente ou porções do agente que eliciam resposta defesa imunológica.
Principais Conceitos em Infecção Hospitalar

● Contaminação- Presença transitória de microrganismos em superfície sem invasão tecidual ou relação


de parasitismo. Pode ocorrer em objetos inanimados ou em hospedeiros. Ex.: Microbiota transitória
das mãos.
● Colonização- Crescimento e multiplicação de um microrganismo em superfícies epiteliais do
hospedeiro, sem expressão clínica ou imunológica. Ex.: Microbiota humana normal.
● Infecção- Danos decorrentes da invasão, multiplicação e ação de agentes infecciosos e de seus
produtos tóxicos no hospedeiro, ocorrendo interação imunológica.
Transmissão das IH

Combinação falhas de fatores:


• Defesas individuais (inespecíficas/imunes)
• Modo de transmissão da doença
• Grau de agressividade do microrganismo
Transmissão das IH

Transmissão por CONTATO .: secreções e eliminações de outras pessoas


ou com materiais sujos com estas secreções e eliminações ( onde assentou
aerossóis e gotículas)

Transmissão “pelo AR”( aerossóis ou gotículas) : vias respiratórias


(respiração, tosse ou espirro). Infecções muito transmissíveis, como gripe,
sarampo e tuberculose são propagadas desta forma.
Transmissão das IH

Transmissão por vetores - Locais sujos também podem ser atrativos de insetos
e roedores, causando a transmissão de doenças através destes vetores.
(piolhos de pombo, escorpião...)

Transmissão por Fonte comum.: Quando diversos pacientes se submetem ao


mesmo tipo de tratamento (como nos famosos casos da água de hemodiálise
contaminada) ou utilizam alimentos contaminados (maionese, lactário,
nutrição parenteral....)
Principais causas de infecção hospitalar
● Falta de higienização das mãos
As mãos são consideradas um dos principais canais de transmissão de doenças. Afinal, vírus e
bactérias podem acessar o nosso organismo por meio das mãos contaminadas. Logo, deixar de
fazer a higienização correta delas, a cada novo procedimento, põe em risco a saúde dos pacientes
e dos próprios colaboradores.

A lavagem e a higienização devem ser rigorosas em qualquer que seja o caso, especialmente
antes da realização de cirurgias, intubação e passagem de cateter, por exemplo. Vale lembrar de
que, além da higiene das mãos, grande parte das atividades requer o uso de luvas, cujo descarte
deve ser feito logo após o término de cada tarefa.
Principais causas de infecção hospitalar
● Doenças preexistentes
Pacientes com doenças preexistentes correm um risco maior de desenvolver infecções
hospitalares. Enquadram-se nessa categoria as pessoas com câncer, os diabéticos, os obesos e os
indivíduos com insuficiência renal, por exemplo. Os transplantados também têm chances mais altas
de contraírem infecções. Isso acontece devido à vulnerabilidade do sistema imunológico.

Além disso, os recém-nascidos e os idosos também estão no grupo de risco. Portanto, o trato com
esses pacientes precisa ser ainda mais rigoroso. Seguir os parâmetros determinados pelas normas
vigentes é importante para diminuir o tempo de internação, já que um período maior dentro do
hospital favorece o quadro de infecção.
Principais causas de infecção hospitalar

● Uso de medicamentos
O uso de determinados medicamentos pode causar desequilíbrio da flora bacteriana
do organismo e da pele, além de comprometer o sistema imunológico do paciente.
Por isso, é fundamental que o médico avalie com cuidado e regularidade a situação
clínica dos pacientes, considerando o histórico de saúde de cada um deles, a fim de
evitar o quadro infeccioso
Principais causas de infecção hospitalar

● Pouca disponibilidade de funcionários


A pouca disponibilidade de funcionários também está entre as principais causas de
infecção hospitalar. Muitas vezes, um único enfermeiro dedica-se a cuidar de diversos
leitos, dificultando a adequada preparação entre um atendimento e outro. Portanto, tal
quadro aumenta as chances de transmissão e propagação de doenças.
Principais causas de infecção hospitalar
● Estrutura hospitalar deficiente ou mal planejada
A estrutura física de um hospital é um ponto que merece atenção. É preciso cuidar para que o
sistema de ventilação e de água estejam em perfeito estado. Além disso, a presença de pias na
entrada ou dentro dos quartos é fundamental para a lavagem das mãos antes do contato com o
paciente.

Alertamos, ainda, para a necessidade de disponibilizar papel toalha e álcool em gel 70%. Da
mesma maneira, os leitos precisam manter uma distância mínima. Aliás, quanto menos
pacientes em um mesmo ambiente, menores as possibilidades de eles serem acometidos por
infecções hospitalares.
Infecção Hospitalar em Pediatria
As características epidemiológicas das infecções hospitalares em pediatria apresentam
particularidades que as diferenciam das infecções hospitalares em pacientes adultos. As
infecções virais e sua sazonalidade também são relevantes nos serviços de pediatria,
considerando a transmissão destes microrganismos nas unidades por falhas na técnica
asséptica de assistência. Constituem exemplo desta condição: as infecções causadas
pelo Virus Sincicial Respiratório (VSR), Varicella –Zoster, Influenza e, atualmente,com
menor frequência, o Rotavírus .
Infecção Hospitalar em Pediatria
A utilização da brinquedoteca e de outras atividades relacionadas à humanização em serviços de
pediatria devem ser incentivadas e vários estudos demonstram o seu benefício para a evolução de
nossos pacientes. Entretanto, há publicado na literatura a ocorrência de surtos de infecção
hospitalar em unidades pediátricas tendo o brinquedo partilhado e sem a limpeza/desinfecção
correta como fonte de infecção por Pseudomonas aeruginosa e outros agentes.

Ao contrário do que é observado em pacientes críticos adultos, a topografia mais acometida pelas
infecções hospitalares em pediatria é a corrente sanguínea, seguido do aparelho respiratório.
Destacamos a importância da execução de medidas seguras para a inserção e manutenção de
cateteres vasculares e terapia parenteral intravenosa.
Infecção Hospitalar em Pediatria
Infecções mais comuns : respiratórias, gastrintestinais, da corrente sanguínea e cutânea.

Agentes etiológicos com maior incidência: vírus, bactérias grampositivas, seguidos de bactérias
gram-negativas, atual/e fungos.

Fatores de Risco: imunodeficiências congênitas ou adquiridas, causadas por neoplasias, transplantes


e uso de imunossupressores, infecção HIV e uso de imunossupressores.

Papel do Profissionais da saúde: Medidas de Prevenção e Controle de IH nas unidades pediátricas.


Medidas de Controle IH em Pediatria

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e / ou pelo Serviço de Controle de infecção


hospitalar (SCIH).

Ações: vigilância epidemiológica

Normas para uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médicos hospitalares;

Processos para Prevenção de transmissão de microrganismos; normas e rotinas técnicas


operacionais;

Padronizações das medidas de prevenção e controle de IH;

Treinamento dos profissionais da saúde em relação à prevenção e ao controle da IH


Quais práticas adotar para evitar as contaminações?

No Brasil, as infecções contraídas em hospitais acometem 14% dos pacientes internados — incluindo
tanto o sistema público como o privado —, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Contudo, o
percentual pode ser bem maior, já que para especialistas em infectologia há subnotificação de casos.

Com o propósito de diminuir a taxa de infecções dentro dos estabelecimentos de saúde, um programa
de controle precisa ser elaborado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). As
atividades executadas pelos profissionais que fazem parte da CCIH nortearão o trabalho de todos os
colaboradores, de forma a coibir a transmissão e propagação de doenças no ambiente.

Entre as práticas de prevenção de infecção hospitalar, é importante mencionar as seguintes:


Higienização das mãos

A higienização das mãos deve ser feita


com água e sabão, seguida de álcool em
gel. Essa medida, que precisa ser
constantemente monitorada, vale tanto
para os profissionais de saúde como
para acompanhantes e visitantes.
Regras para visitas

É preciso estabelecer regras para as


visitas, como números de visitantes e
horários predefinidos. Pessoas com
alguma doença infecciosa, como gripe,
resfriado e conjuntivite, não devem visitar
seus familiares e conhecidos
Normas de limpeza

Cabe elaborar normas para a limpeza e a


desinfecção das dependências do hospital,
como tipos de produtos a serem utilizados e a
frequência das tarefas. É fundamental orientar
os profissionais de limpeza para o
uso adequado dos materiais, a fim de que os
microrganismos sejam eliminados das
superfícies e do ambiente.
Uso correto de
antibióticos

É também essencial orientar os profissionais


para a aplicação apropriada dos antibióticos.
Eles não devem ser prescritos sem
necessidade, pois podem comprometer o
sistema de defesa dos pacientes, além de
favorecerem o desenvolvimento de bactérias
multirresistentes.
Caso Clínico
A criança foi ao hospital fazer gastrotomia e teve alta após se recuperar da
anestesia, mas ao extubar, teve excesso de tosse. No dia seguinte começou
com febre baixa e tosse. Foi UBS e o local gastro, estava sem sinais
inflamatórios, e por estar taquipneico fez Rx tórax e a conduta foi :

A) Tratar como pneumonia comunitária com antibacteriano oral.

B) Tratar internado com antibacteriano endovenoso pelo risco aspirado.

C) Tratar internado como infecção bacteriana hospitalar .

D) Fazer fisioterapia porque fez atelectasia.

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