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RISCOS DE LEGIONELLA EM SISTEMAS PREDIAIS E SURTOS

Paulo Diegues
Direção-Geral da Saúde
Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional

Workshop “ Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água”


IPQ | 3 abril de 2019
LEGIONELLA
2

RESERVATÓRIO
NATURAL
FACTORES DE
RESERVATÓRIO
AMPLIFICAÇÃO E
“ACIDENTAL”
ÁGUA DISSEMINAÇÃO
Lagos HOMEM
Rios
...

(PROTOZOÁRIOS)

FONTE DE TRANSMISSÃO: AEROSSÓIS


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3
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FACTORES DE AMPLIFICAÇÃO E DISSEMINAÇÃO 4

1.Sistemas de abastecimento de água (filtros de areia e reservatórios)

2.Redes prediais de água quente e fria

3.Torres de arrefecimento e condensadores evaporativos

4.Sistemas de ar condicionado (AVAC)

5.Rega por aspersão e fontes ornamentais interiores e exteriores;

6.Humidificadores

7.Equipamentos de Spa (banheiras de hidromassagem, banhos turcos)

8.Nebulizadores e equipamentos usados na terapia respiratória;

9.Piscinas e Jacuzzis

10.Lavagem de automóveis e sistemas de lavagem de gases


11.Zonas de água parada e com défice de circulação hidráulica.
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CONDIÇÕES FAVORÁVEIS 5

 Presença nas águas doces de algas e protozoários (amoebae);


 Temperatura entre 25ºC e 45ºC;
 Zonas de estagnação de água (reservatórios, troços associados a juntas cegas e torneiras e chuveiros com
pouca utilização);
 Possibilidade de formação de biofilmes;
 Presença de nutrientes e sedimentos na água que suportam o crescimento do microbiota;
 Presença de materiais porosos e de derivados de silicone nas redes prediais que potenciam o crescimento
bacteriano;
 Humidade relativa superior a 65%;
 Ocorrência de fenómenos de incrustação e de corrosão dos materiais associados às propriedades físico -
químicas da água;
 Presença de cisteína e sais de ferro;
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JACUZIS 6
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JACUZIS 7
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JACUZIS 8
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JACUZIS 9
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FONTES ORNAMENTAIS 10
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SISTEMAS DE REGA 11
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CORROSÃO E INCRUSTAÇÃO 12
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RESERVATÓRIOS MAL ISOLADOS 13


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FATORES DE RISCO E PONTOS CRÍTICOS 14

 Ocorrência de pontos mortos do ponto de vista hidráulico nas redes prediais ( pontos de extremidade, troços
de rede pouco utilizados (torneiras e chuveiros);

 Antiguidade das redes prediais e sua complexidade;

 Ausência de válvulas de seccionamento para poder isolar troços da rede predial para ações de limpeza e
desinfeção das zonas potencialmente contaminadas, falta das fichas de identificação e segurança de todos
os produtos químicos usados;

 Ausência de um cadastro atualizado da rede de água quente sanitária e água fria sanitária, incluindo os
depósitos e todos os equipamentos associados, assim como o tipo de materiais existentes;

 Ocorrência de Legionella na água (espécie, concentração e virulência) e a presença de nutrientes que


potenciam o seu desenvolvimentom, numero de pessoas expostas e sua suscetibilidade;

 Falta de comunicação entre os vários intervenientes na gestão do risco;


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FATORES DE RISCO E PONTOS CRÍTICOS 15

 Depósitos de água, termoacumuladores, troços da rede associados a juntas cegas;

 Depósitos de AQS e AFS sem pontos de acessos para as ações de limpeza e desinfeção e sem válvulas de
purga que permitam o seu esvaziamento;

 Má higienização das redes (ausência de purgas regulares e limpeza às redes e depósitos, défice no
tratamento da água do ponto de vista da desinfeção e dos fenómenos de corrosão ou de incrustação);

 Presença de materiais inadequados, como borrachas , plásticos e linho associados aos acessórios da rede,
permitindo o desenvolvimento do biofilme;

 Temperatura da água quente sanitária inferior a 50ºC, principalmente pontos de extremidade da rede e
circuito de retorno de água quente;

 Temperatura da água fria sanitária superior a 20ºC;


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FATORES DE RISCO E PONTOS CRÍTICOS 16

 Mau isolamento térmico entre a rede de água fria sanitária e água quente sanitária e dos reservatórios
de água fria, tendo em conta a localização e o tipo de materiais aplicados e o seu formato;

 Observação de fenómenos de corrosão e de incrustação na rede, nas torneiras e nos chuveiros;

 Estratificação térmica do depósito de água quente, ausência de bomba circuladora e má colocação dos
termostatos (não sendo a temperatura homogénea) e temperatura inferior aos 60ºC a 65ºC e no retorno
< 50

 Ausência de um programa de monitorização e controlo da qualidade da água, ( pH, dureza, cloro


residual livre, temperatura, alcalinidade e aspectos microbiológicos- Bactérias heterotróficas (germes a
22 e 37ºC )e Legionella spp e Legionella pneumophila);

 Ausência de purgas regulares nos pontos de menor uso, pelo menos uma vez por semana e nos pontos
de extremidade da rede de água quente sanitária e água fria sanitária.
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FATORES DE RISCO ASPETOS COMPLEMENTARES 17

Ausência de um programa de manutenção e operação correto para a rede predial e equipamentos


associados e de monitorização (pH, condutividade, cloro residual ou dióxido de cloro, temperatura,
bactérias heterotróficas ou aeróbias, Legionella spp etc.., tendo em conta os pontos críticos do sistema;

Ausência de um plano de prevenção e controlo face à ocorrência da Legionella na água ( definição dos,
limites críticos para os diferentes parâmetros, medidas corretivas e ações de emergência a implementar (
protocolos de limpeza e desinfeção), face aos pontos críticos pré determinados no âmbito da avaliação
do risco;

Falta de procedimentos de comunicação do risco e falta de formação técnica das pessoas responsáveis
pela Operação e manutenção dos sistemas;
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FATORES DE RISCO E PONTOS CRÍTICOS 18


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FATORES DE RISCO E PONTOS CRÍTICOS 19


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DESAFIOS /PLANO DE GESTÃO DOS RISCOS
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 O plano de gestão do risco passa pela identificação dos perigos e avaliação do risco, pela definição dos pontos
críticos de controlo, parâmetros de controlo, definição dos limites críticos, e medidas corretivas, tendo por base os
Planos de Segurança da Água aplicados a redes prediais e ou o HACCP, envolve a elaboração de protocolo de
actuação face a situações críticas, protocolo de comunicação do risco entre os vários intervenientes no plano de
gestão do risco, referente à presença de resultados adversos de Legionella na água e no biofilme e a sua
comunicação às autoridades de saúde.
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DESAFIOS/PLANO DE GESTÃO DOS RISCOS
INTERVENIENTES 21

Nos grandes edifícios, para o desenvolvimento e implementação de um plano de gestão dos riscos e de Prevenção
devem ester envolvidos além da administração, o responsável pela equipa de operação e manutenção dos sistemas
equipamentos e instalações, as empresas que prestam serviço nestas áreas, os laboratórios de análise de água, a
equipa de saúde e segurança do trabalho, consultores, no caso das Unidades Prestadoras de Cuidados de Saúde a
equipa do PPCIRA, devendo existir uma colaboração estreita com as autoridades de saúde.
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PLANO DE GESTÃO DOS RISCOS ENVOLVE:
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Constituir uma equipa multidisciplinar com várias valências e saberes diferentes e conhecedoras do sistema em
avaliação para uma análise mais abrangente;

Definir os parâmetros a controlar nos pontos críticos e os limites críticos admissíveis;

Implementar medidas para controlar e minimizar os riscos (controlar o crescimento desta bactéria, tratar e
estabelecer medidas de controlo);

Estabelecer esquemas de comunicação simples entre os responsáveis pelo programa de gestão do risco e de
prevenção da Legionella a nível da gestão de grandes edifícios, estabelecer periodicamente a sua afinação;

Auditar com alguma regularidade os planos de prevenção e gestão do risco associados à Legionella spp, para a sua
reformulação, pelo menos de 2 em dois anos e uma vez por ano fazer uma inspeção rigorosa aos sistemas de água fria
e quente e sistema de climatização.
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DESAFIOS/ PROGRAMA DE PREVENÇÃO E
CONTROLO 23

 Nome da pessoa responsável pelo programa e da respectiva equipa;

 Existência de um cadastro actualizado das redes prediais e de todos os equipamentos que utilizem água e
libertem aerossóis, com a sua respectiva localização;

 Efectuar Inspeções regulares às instalações, sistemas e equipamentos associados aos edifícios, de modo a
identificar pontos críticos e avaliar os riscos;

 Definir um programa de tratamento da água de modo a acautelar a sua qualidade, quando se justifique (doses,
tempo de contacto, concentração residual do biocida, fichas de segurança dos produtos e autorização de
colocação no mercado);

 Definir programa de controlo e monitorização da qualidade da água, no qual conste os pontos preferenciais para
a colheita de amostras, procedimentos de amostragem, parâmetros a monitorizar e a sua frequência, para as
instalações, sistemas e equipamentos que utilizem água no seu processo produzam aerossóis;
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DESAFIOS/ PREVENÇÃO E CONTROLO
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 Implementar protocolos de limpeza e desinfecção e tratamento de choque (produtos a utilizar, doses,


periodicidade, fichas de segurança e precauções de utilização, valores residuais na água e compatibilidade
dos produtos entre si e destes com os materiais);

 Elaborar um protocolo que defina as medidas de actuação face a situações críticas de ocorrência de
Legionella;

 Existirem livros de registo sanitário para cada instalação, sistema e equipamento, tendo por base os
programas e protocolos anteriores;

 A cadeia de responsabilidades dos vários intervenientes deve estar bem definida, assim como os
procedimentos de comunicação, entre si e com as entidades exteriores.
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VALORES DE REFERÊNCIA 25

Ação proposta
Contagem de Legionella
(ECDC, 2017)
(ufc/L)

 Assegurar que todos os parâmetros de monitorização em tempo real, como temperatura, níveis de
>100<1000 biocidas, etc., estão dentro dos limites alvo em todo o sistema.

• Se apenas 10-20 % das amostras deram resultados positivos, deve-se efetuar nova amostragem. Se for obtido
um resultado semelhante, rever as medidas de controlo e accionar o sistema de gestão do risco, identificar o risco
e por em prática medidas operativas e corretivas para a resolução do problema.
• Se a maioria das amostras deram resultados positivos, o sistema deve estar colonizado, embora a níveis
reduzidos, com Legionella. A desinfeção do sistema deve ser equacionada, efetuar uma revisão imediata das
>1000<10000 medidas de controlo, porém prática os procedimentos para avaliação do risco, identificar fatores e risco e
implementar ações necessárias (operativas e corretivas) para a resolução do problema.

• Efetuar imediatamente nova amostragem ao sistema, rever de forma imediata todas as medidas de controlo,
porém prática os procedimentos para a avaliação do risco e implementar as ações necessárias (operativas e
corretivas) para a resolução do problema, como limpeza e desinfeção das redes, depósitos e equipamentos e
>10000
tratamento por choque químico ou térmico se necessário.

Source: ECDC Technical Guidelines for the Investigation, Control and Prevention of Travel Associated
Legionnaires’ Disease. 2017 .
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VALORES DE REFERÊNCIA 26

Source: HSE. Legionnaires’ disease. Part 2: The control of legionella bacteria in hot and cold water systems.
2014 ( para edifícios de Saúde).
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VALORES DE REFERÊNCIA
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 Equipamentos de terapia respiratória: ausência ( 0 ufc/l de Legionella spp).

 Circular Normativa da DGS nº 24/2017, para Estabelecimentos de Saúde “


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PROPOSTA EUROPEIA DE ALTERAÇÃO DA DIRETIVA 98/83/CE
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Esta proposta de fevereiro de 2018 introduz conceitos novos como :

A avaliação dos Riscos associados aos sistemas grandes e pequenos ao nível doméstico ( redes prediais, materiais
aplicados, aborda já a problemática da Legionella.

A necessidade de se implementarem medidas para diminuir os surtos da Doenças dos Legionários


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LEI Nº 52/2018, DE 20 DE AGOSTO
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Lei nº 52/2018 de 20 de agosto “ Estabelece o regime de prevenção e controlo da doença dos legionários e
procede à quinta alteração ao Decreto-Lei nº 118/2013. de 20 de agosto.

No seu Artigo 1º “ Objeto” , ponto nº1 , refere “ a presente lei estabelece o regime de prevenção e controlo da
doença dos legionários, definindo os procedimentos relativos à utilização, e á manutenção de redes, sistemas e
equipamentos propícios à proliferação e disseminação da Legionella e estipula as bases e condições para a
criação de uma estratégia de prevenção primária e controlo da bactéria Legionella em todos os edifícios e
estabelecimentos de acesso ao público, independentemente de terem natureza pública ou privada.

No seu Artigo 2º “ Âmbito de aplicação” no seu ponto nº 1 , refere que a presente Lei aplica-se , para efeito no
disposto no artigo seguinte , em todos os setores de atividade.

No ponto 1ª) os equipamentos de transferência de calor associados a sistemas AVAC , desde que possam gerar
aerossóis devem ser comtemplados ( Torres de arrefecimento, Condensadores Evaporativos, Sistemas de
arrefecimento de água industrial, sistemas de arrefecimento de Cogeração e Humidificadores)
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LEI Nº 58/2018, DE 20 DE AGOSTO
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1 b) sistemas inseridos em espaços de acesso ao público que utilizem água para fins terapêuticos ou recreativos
que possam gerar aerossóis ;

1 c) Redes prediais , designadamente água quente sanitaria

1d) Sistemas de rega, ou de arrefecimento por aspersão, fontes ornamentais ou outros geradores de aerssóis de
água com temperatura entre 20 e 45 ºC.

No ponto 3 deste artigo Excluem-se do âmbito de Apliacção da presente Lei as redes e os sistemas previsto no
ponto 1c) e 1d) , desde que cumpram as seguintes condições:

3a) ( essencialmente edificios habitacionais em função das áreas e se 50% é área habitacional , exceto se
estiverem inseridos em áreas comuns de conjuntos comerciais ou frações autónomas destinadas a comércio e
retalho com área de venda > 2000 m2;

3 b) quando inseridos em edíficios predominantemente de escritórios e em que pelos menos 50% da área esteja
afeta a este serviços, sendo a exceção igual à anterior;

3c) Inseridos em edificios e espaços que não sejam de acesso e utilização pública.
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LEI Nº 52/2018 DE 20 DE AGOSTO
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Todos os previstos no ponto 1 a) têm que ter um Programa de prevenção e Controlo da Legionella de acordo com a
avaliação de risco prévia e serem registados numa plataforma electronica.

Os previstos no ponto 1 c) 1 d), que não sejam excluídos pelo Diploma devem ter pelo menos um programa de
manutenção e limpeza de forma a prevenir o risco de proliferação e disseminação de Legionella.

O conceito de acesso ao público ou espaços de acesso aopúblico não está vertido no Diploma, podendo dar
origem a várias interpretações.

Contudo alguém que vá a uma empresa , quer fornecedor, quer comprador ou para alguma reunião deve ser
considerado como membro do público.

Independentemente da exceções do ponto de vista da Lei nº 52/2018, de 20 de Agosto, tendo em conta a


Legislação de Saúde e Segurança do trabalho os riscos físicos, químicos e biológicos, associados aos
equipamentos, redes e sistemas devem ser equacionados e avaliados, nas instalações laborais, e em função dos
mesmos implementarem as medidas para a sua minimização
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LEI Nº 52/2018 DE 20 DE AGOSTO
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 A intenção subjacente à inclusão, no âmbito da Lei n.º 52/2018, de 20 de agosto, apenas dos “edifícios e
estabelecimentos de acesso ao público” (n.º 1 do artigo 1.º) e à exclusão, desse âmbito, das redes e dos
sistemas “Inseridos em edifícios e espaços que não sejam de acesso e utilização pública” (alínea c) do n.º 3 do
artigo 2.º), foi a de poupar os edifícios que não são normalmente utilizados / frequentados por pessoas às
obrigações nele previstas.

 Importa lembrar sempre que a preocupação subjacente ao diploma é a proteção da saúde humana, não
devendo qualquer interpretação da lei ater-se apenas a uma interpretação mais formalista dos seus conceitos,
sem cuidar que é este o seu objetivo essencial.
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LEI Nº 52/2018 DE 20 DE AGOSTO
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 Face à referida ratio, o critério de inclusão, previsto n.º 1 do artigo 1.º, e o de exclusão, previsto na alínea c) do
n.º 3 do artigo 2.º, devem ser interpretados de forma restrita, de modo a que apenas aqueles edifícios e
espaços que tenham efetivamente pouca presença humana fiquem excluídos do âmbito de aplicação da lei.

 Os conceitos de “edifícios e estabelecimentos de acesso ao público” e de “edifícios e espaços que não sejam
de acesso e utilização pública” não devem, portanto, ser interpretados de modo demasiado formal, devendo
considerar-se abrangidos pelo âmbito de aplicação do diploma, não apenas os edifícios e espaços que são,
por definição, de “acesso ao público” (como um edifício ou espaço onde seja, por exemplo, prestado um
atendimento ao público, como um centro de saúde, por exemplo), mas também os edifícios e espaços,
públicos ou privados e de qualquer setor de atividade, onde permaneçam / circulem / acedam habitualmente
pessoas, de dentro ou de fora da própria organização ou empresa (trabalhadores, colaboradores, clientes,
prestadores de serviços, consultores, fornecedores, etc.), podendo ficar abrangidos, por exemplo, edifícios ou
espaços de escritórios, industriais ou onde são prestados serviços.
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LEI Nº 52/2018, DE 20 DE AGOSTO
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Nomeadamente Decreto-Lei nº 243/86, de 20 de agosto, e posteriores alterações, referentes ao Regulamento


Geral de Higiene e Segurança do Trabalho e ao Decreto-Lei nº 102/2009, de 10 de setembro, no âmbito da
promoção de segurança e saúde do trabalho, é obrigatório a avaliação de todos os riscos químicos , físicos e
biológicos, no qual se enquadra a Legionella , nos locais onde existam equipamentos que produzam aerossóis,
como chuveiros, lavagem de automóveis, fontes ornamentais interiores existentes, Torres de arrefecimento etc…,

No artigo 6º “ Plano de Prevenção e Controlo “ , no ponto 3h) Um Programa de Vigilância da Saúde dos
trabalhadores com risco de exposição profissional a Legionella, adaptado a cada local de trabalho e face ao risco
de exposição ao agente a que cada trabalhador está exposto ( obviamente que não são todos os trabalhadores
dentro de uma Unidade fabril, mas predominantemente aqueles que trabalham com equipamentos que produzam
aerossóis) Ver perguntas e respostas mais frequentes , site saúde ocupacional ( www.dgs.pt) ( Perguntas
frequentes – Programa Nacional de Saúde Ocupacional – nº 27/2015 e nº 41/2018)

.
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LEI Nº 52/2018, DE 20 DE AGOSTO
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Independentemente de os trabalhadores estarem diretamente a trabalhar com um equipamento que produza


aerossóis e terem um programa de vigilância específico neste caso associado ao seu ponto especifico do local de
trabalho ( usando os EPI adequados), não quer dizer que outros trabalhadores que não trabalhando com esses
equipamentos não possam indiretamente ter alguns riscos de exposição, esta situação deve ser devidamente
acautelada pelas medidas de minimização do risco do ponto de vista de operação e manutenção dos
equipamentos e da sua correta gestão.

Tem que existir uma estreita colaboração, entre a equipa de operação e manutenção e gestão dos equipamentos,
redes e sistemas, a equipa de Serviços de Segurança e Saúde do Trabalho e as empresas que prestem serviços de
Outsourcing ( desde de consultoria, laboratórios de análises, etc..), Administração da empresa, no sentido de
estabelecer uma correta plataforma de Prevenção e Controlo da Doença dos Legionários.
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CONDIÇÕES QUE CONTRUBUEM PARA A OCORRÊNCIA DE SURTOS 36

 Ausência de Barreiras sanitárias adequadas ( via química – défice de biocida residual, ou por via física –
temperaturas indadequadas na rede de AQS (25ºC e 45ºC) na rede de AFS (> 20 ºC);

 Ausência de um programa efetivo de Prevenção e controlo da Doença dos Legionários associados aos
sistemas, equipamentos ( escolha de materiais, arquitetura das redes prediais, tipo de tratamento da água,
programa de monitorização ( parâmetros, frequência e pontos de amostragem), cadastro, localização dos
principais equipamentos de risco, Protocolos de limpeza, desinfeção e comunicação do risco, livros de
registos sanitários (via electronica);

 Inexistência de um Plano de Avaliação e Gestão do risco ( definição de pontos críticos, parâmetros críticos
de controlo, limites críticos, medidas corretivas, envolvimentos dos diferentes atores no processo (
Admnistração, Responsável de Operação, Responsável pela Qualidade, Responsável pela Saúde e
Segurança do trabalho, laboratórios de analise que prestam apoio, consultotres , interface com as
autoridades de saúde para comunicação do risco.
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CONDIÇÕES QUE CONTRUBUEM PARA A SUA OCORRÊNCIA 37

 Má localização dos equipamentos quer para executar operações de limpeza e manutenção ( Ex Torres de
arrefecimento), face à proximidade de pessoas e das UTA ou UTAN e ou de outros equipamentos nas
imediações;

 Condições ambientais favoráveis para o transporte dos aerossóis contaminados, nomeadamente Humidade
Relativa > 65%, presença de partículas no ar, velocidade dos ventos e sua direção, condições para ocorrer
inversão de temperaturas;

 As alterações Climáticas, podem potenciar condições para a sua ocorrência, nomedamente aumento das
temperaturas e da humidade no ar, alteração dos perfis pluviométricos e alteração das condições de
dispersão atmosféricas;

 Ausência de formação e Informação dos intervenientes aos vários níveis para este problema.
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PRINCIPAIS SURTOS NO MUNDO
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 Múrcia – 449 casos – torre de arrefecimento


hospital – 2001;

 Japão – Banhos Públicos – 295 casos – 2008;

• Holanda 188 casos associados a Piscina/ Spa em


1999 e outro surto associado a um feira de
exposição de Flores

 Quebec – Canadá – 181 casos em 2012

 EUA Fontes Ornamentais

 Noruega – sistema de lavagens de gases


industriais
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SURTOS NO MUNDO 39
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PRINCIAPIS SURTOS EM PORTUGAL 40

 2000 – Surto na Região Norte com 11 casos ( 6 confirmados e 5 prováveis) , festas do Concelho de Vizela (
possível origem fonte ornamental)

 2006 - Surto Vila Nova de Gaia 20 casos

 2009 – Surto com 8 casos ( Póvoa do Varzim- Vila do Conde)

 2012 – Surto com 25 casos em Fafe

 2014 Vila Franca de Xira – Torre de arrefecimento Industrial – 403 casos com 14 óbitos

 2016 Hospital de São Francisco de Xavier com 58 casos e 5 óbitos – Torre de arrefecimento

 2018 Hospital da CUF Descobertas 15 casos – Sistema de AQS


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PRINCIAPAIS SURTOS EM PORTUGAL (VFX) 41


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PRINCIAPAIS SURTOS EM PORTUGAL (VFX) 42


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PRINCIAPAIS SURTOS EM PORTUGAL (VFX) 43


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PRINCIPAIS SURTOS EM PORTUGAL 44


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EVOLUÇÃO DOS CASOS, MEDIA DOS ÚLTIMOS ANOS 190 A 200 CASOS 45

Média dos últimos anos 190 a 200 casos, sem contar com os surtos ( em 2017= 235 casos)
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ASPETOS IMPORTANTES A TER EM CONTA EM CASO DE SURTOS 46

 Existência de um sistema robusto de Vigilância Integrada da Doença dos Legionário, componente


epidemiológica e ambiental ( SINAVE notificação clínica e laboratorial) e de resposta célere;

 Existirem cartas sanitárias de risco por Região com o levantamento das principais fontes de produção de
aerossóis na comunidade, com recursos a georreferenciação e a sistemas SIG ( sistemas de informação
geográfica);

 Constituição de equipas multidisciplinares que permitam uma visão holística dos problemas,
nomeadamente Autoridade de Saúde, epidemiologistas, Engenheiros Sanitaristas, Técnicos Superiores
de Saúde Ambiental, Laboratórios de Saúde Pública, INSA, biólogos ( toxicologistas);

 Envolver outras entidades se necessário e em função da escala do Problema, nomeadamente as


Entidades gestoras dos sistemas de abastecimento de água, Instituto Português do Mar e da Atmosfera
, Agência Portuguesa do Ambiente etc…
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ASPETOS IMPORTANTES A TER EM CONTA EM CASO DE SURTOS 47

 Recolher amostras ambientais o mais rapidamente possível e com base na informação do inquérito
epidemiológico, em pontos criteriosos, não excluindo nenhuma das potenciais fontes na área geográfica
em causa, de modo a evitar o seu mascaramento com biocidas pelos responsáveis dos sistemas e
equipamentos ( estas amostras podem ser recolhidas em duplicado, podendo-se entregar uma ao dono
da Instalação e ou equipamento);

 Recolher amostras biológicas nas pessoas doentes, para poder comparar as estirpes obtidas com as
estirpes obtidas nas amostras ambientais ;

 As Autoridades de Saúde num curto espaço de tempo devem estabelecer Recomendação e ou


Determinações para os responsáveis pelos sistemas e equipamento de modo a minimizar a exposição às
potenciais fontes de contaminação, e segundo o principio da precaução e face ao risco em causa podem
determinar a suspensão do funcionamento das torres de arrefecimento, de fontes ornamentais, do uso
de chuveiros e ou em casos extremos ter que fechar uma dada instalação ou equipamento;
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ASPETOS IMPORTANTES A TER EM CONTA EM CASO DE SURTOS 48

 Fazer uma pesquisa da informação nas redes sociais sobre o assunto, podendo retirar pistas para a
investigação;

 Estabelecer o circuito de informação entre os vários intervenientes assim como a comunicação do risco
interna e externa ( através de boletins informativos, comunicados, panfletos explicativos, entrevistas em
órgãos de imprensa, etc..), não devendo ser mais que 1 ou duas pessoas a transmitir esta informação;

Medidas a serem melhoradas e ou implementadas num futuro próximo :

 Maior envolvimento dos profissionais de Saúde no diagnóstico precoce desta Doença (


formação/informação);

 Melhorar o funcionamento do SINAVE ( Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológico) ;

 Maior envolvimento dos diferentes setores , nomeadamente comércio e serviços, industria, saúde e
outros nos aspetos da prevenção , controlo, avaliação do risco incentivando ações de
informação/formação
LEGIONELLA

ASPETOS IMPORTANTES A TER EM CONTA EM CASO DE SURTOS 49

Medidas a serem melhoradas e ou implementadas num futuro próximo :

 Enquadramento Legislativo no sentido de aumentar a cadeia de responsabilização dos agentes


associados à gestão dos equipamentos e sistemas que podem disseminar esta bactéria no sentido de
implementarem Programas de Prevenção e Controle e de avaliação e gestão do risco;

 Desenvolver um estratégia nacional de Prevenção e Controlo da Doença dos Legionários que integre
estes aspetos.
Obrigado!

Paulo Diegues
Telefone : 218430593
diegues@dgs.min-saude.pt

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