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12/03/2020

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

SISTEMA DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
AULA 03 - MANANCIAIS
Prof. Rogério Frade da Silva Souza

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

SISTEMA DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
AULA 03 - MANANCIAIS

Prof. Rogério Frade da Silva Souza

2015

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MANANCIAIS
1 Conceito e tipos
 É a fonte para suprimento de água;
 Manancial é a fonte da qual se retira a água em quantidade e qualidade
adequadas para atender a população de uma região (cursos d’água, lagos,
represas, nascentes, poços, etc.);
 Condições sanitárias adequadas e vazão suficiente.

Tipos de Mananciais

Superficiais Subterrâneos
aquífero não confinado
Córregos
Rios Lençóis freáticos
Lagos Lençóis artesianos
Represas

Figuras 1 a 2 – Exemplos de mananciais superficiais

Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/captacao-de-aguas-subterraneas

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Figura 3 – Mananciais subterrâneos

Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/agua1.htm

MANANCIAIS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS

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2 FATORES QUE ALTERAM A QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS


 Urbanização; Figura 4 – Rio Calhau poluído por esgotos domésticos
 Erosão e assoreamento;
 Recreação e lazer;
 Indústrias e minerações;
 Resíduos sólidos;
 Córregos e águas pluviais;
 Resíduos agrícolas;
 Esgotos domésticos.
Degradação dos mananciais
 Deterioração da qualidade da água bruta;
 Maior custo do tratamento ou inviabilidade
do uso do manancial para abastecimento.

Fonte: SILVA, 2015.

2 FATORES QUE ALTERAM A QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS


Proteção dos mananciais
 Medidas de controle em toda a bacia hidrográfica - assegurar a quantidade e a
qualidade das águas dos mananciais;

 Possibilidade de escolha de mananciais de uma bacia diferente daquela onde a


água será utilizada – evitar situações de conflito no uso dos recursos hídricos;

 Planejamento: conservação, fiscalização das áreas a serem utilizadas como


mananciais;

 Estudos e investigações hidrológicas, ambientais, socioeconômicas.

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2 FATORES QUE ALTERAM A QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS

Proteção dos mananciais (cont.)


 Medidas de caráter preventivo e corretivo.
a. Corretivo – corrigir situação existente –> melhoria da qualidade das águas
 Implantação de estações de tratamento de esgoto para reduzir a carga de
poluentes;
 Medidas de recuperação dos próprios mananciais (aplicação de desinfetantes,
remoção de algas, dragagem, aeração da água, etc.);
 Recuperação da mata ciliar;
 Instalação de estação de tratamento de água dotada de tecnologia compatível
com a qualidade da água bruta.

2 FATORES QUE ALTERAM A QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS


b. Preventivo - evitam ou minimizam o lançamento de poluentes nos mananciais
 São as mais eficientes e menos onerosas;
 Implantação de sistemas de coleta e tratamento de esgotos (domésticos, industriais,
etc.);
 Planejamento do uso e ocupação do solo (zoneamento, áreas de proteção
ambiental, faixas sanitárias de proteção, controle da ocupação do solo);
 Controle da erosão (retirada da vegetação, escoamento superficial);
 Controle da qualidade da água das represas;
 Avaliação prévia de impactos ambientais.
Para proteção dos mananciais são importantes:
 Manancial é o uso mais nobre da bacia – outros usos devem ser subordinados;
 Programas e ações públicas, privadas, comunitárias e parcerias público-privadas;
 Instrumentos legais, institucionais e políticos – participação pública.

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3 SELEÇÃO DE MANANCIAIS
Fatores a considerar na seleção de mananciais:
 Mananciais com condições sanitárias satisfatórias e vazão suficiente para atender à
demanda máxima futura (fim de plano);
 Aspectos: técnico, econômico, sanitário, socioambiental e legal;
 Sanitário: requisitos de qualidade da água bruta do manancial a ser captada
(análises físico-químico-biológico-bacteriológicas);
 Garantia de fornecimento da água em quantidade e qualidade suficientes;
 Proximidade entre o manancial e o consumo;
 Existência de locais favoráveis à construção da captação;
 Transporte de sedimentos pelo curso d’água;
 Possíveis condições futuras do manancial – crescimento de agentes poluidores;

3 SELEÇÃO DE MANANCIAIS
Fatores a considerar na seleção de mananciais (cont.)
 Vazão usada para a escolha do manancial: do dia de demanda máxima prevista
para o alcance do plano;
 Seleção através de estudo técnico-econômico-ambiental, comparando as diversas
alternativas viáveis;
 O manancial mais próximo da cidade nem sempre será a melhor solução.
Fatores a considerar na escolha do ponto de captação:
 Inspeção sanitária na bacia hidrográfica e análises planejadas de amostras da
água (períodos, locais);
 Inspeção sanitária na bacia: usos do solo (habitacionais, industriais e agropecuários
e outros potencialmente poluidores), bem como o seu regime de funcionamento;

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4 ESTUDOS HIDROLÓGICOS
Estudos hidrológicos necessários para identificar:
 Regime de vazões e a variação da cota do nível d’água;
 Vazão mínima do manancial para o fim do período de projeto;
 Vazões de enchente – evitar inundar obras e/ou construções do sistema;
 Na ausência de dados hidrológicos: investigar oscilações do nível d’água entre
períodos de estiagens e cheias e em precipitações torrenciais – informantes locais;
 Na ausência de dados sobre vazão: medição direta e posterior correlação com
dados de precipitações e comparação com vazões conhecidas de bacias vizinhas.

Figura 5 – Exemplos de resultados de estudo de sustentabilidade hidrológico

Fonte: ROMANO, 2014.

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5 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS


 Avanço da urbanização desordenada sobre as bacias de contribuição dos
mananciais;
 Comprometimento da qualidade das águas;
 Necessidade do monitoramento da qualidade da água – rapidez e confiabilidade;
 Identificar e evitar variações bruscas na qualidade da água nos mananciais.
Sistemas de monitoramento automático de mananciais:
 Estações remotas e unidades de recepção dos dados;
 Monitoramento com uso de sondas;
 Parâmetros monitorados: pH, turbidez, condutividade, potencial de oxi-redução,
oxigênio dissolvido, temperatura, etc.;
 Sistemas de transmissão via rádio, fibra ótica, etc.;
 Monitoramento “on line” ou em outra frequência requerida;
 Importante ferramenta de vigilância dos mananciais - evitar danos à saúde humana
e ao meio ambiente.

Figuras 6 e 7 – Exemplo de boia de Monitoramento Hidrológico da SABESP

Fonte: CLEAN ENVIRONMENT BRASIL, 2015. Fonte: ARMANDO, 2010.

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Figura 8 – Esquema de Sistema de Monitoramento Hidrológico

Fonte: CLEAN ENVIRONMENT BRASIL, 2015.

MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS

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6 ÁGUA SUBTERRÂNEA E SUA IMPORTÂNCIA


 Água subterrânea é a água presente no subsolo, ocupando interstícios, fendas,
falhas ou canais existente nas diferentes camadas geológicas, em condições de
escoar, obedecendo aos princípios da hidráulica.
 Campo de aplicação na engenharia civil:
a) obras de rebaixamento de lençol;
b) drenagem de regiões pantanosas, para fins de saneamento ou recuperação de
terras;
c) obras para obtenção de água para abastecimento às populações e às indústrias,
ou para utilização na agricultura e pecuária;
 Vantagens do aproveitamento de água subterrânea:
a) qualidade, geralmente satisfatória, para fins potáveis;
b) relativa facilidade de obtenção;
c) Possibilidade de localização de obras de captação nas proximidades das áreas
de consumo.

7 FORMAÇÕES GEOLÓGICAS E AQUÍFEROS

a) Rochas Ígneas ou Magmáticas e as Rochas Metamórficas


Possuem estrutura maciça. A presença de água está condicionada à existência de
falhas, fissuras ou fendas.
Métodos para determinação: análise de mapas geológicos regionais; fotografias
aéreas ou imagens de radar.

b) Rochas Sedimentares
b.1) calcáreos: são maciços e impermeáveis, porém sendo bastante solúvel à ação
da água, possuem geralmente poros e cavernas em seu interior;
b.2) folhelhos: resultam da consolidação das argilas. São geralmente impermeáveis e
atuam como camadas confinantes de aquíferos.
b.3) arenitos: são tidos de um modo geral como uma dos melhores aquíferos, pela sua
permeabilidade. Ex.: arenito de Botucatu e de Bauru, no estado de São Paulo.

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Figura 9 – Tipos de aquíferos e de poços

Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/agua1.htm

7.1 AQUÍFEROS

Os diferentes tipos de aquíferos são classificados com relação à pressão que atuam
sobre a água neles contida:

Aquífero livre ou freático: é aquele em que o lençol de água se encontra livre com sua
superfície sob a ação da pressão atmosférica.

Aquífero confinado ou subterrâneo: é aquele em que o lençol está limitado no topo e


na base por camadas impermeáveis, apresenta espessura da formação geológica
totalmente saturada, com água submetida a uma pressão superior à pressão
atmosférica.

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8 POÇO TUBULAR PROFUNDO

É toda obra para captação de águas subterrâneas executada mediante perfuração


vertical, de forma cilíndrica, mecanizada, e que pode ser revestida ou não,
dependendo do tipo de rocha a ser perfurada.
Figura 10 – Poço tubular em Bauru, SP

Fonte: http://www.daebauru.com.br

8.1 ASPECTOS GEOLÓGICOS

a) considerar a geologia local e regional;


b) tipo de rocha que ocorre na superfície;
São as diferentes camadas de solo do local, cada
c) sequência estatigráfica do local; uma com um tipo de solo. (by: prof. Rogério Frade)
d) estruturas geológicas (para rochas ígneas e metamórficas).

8.2 ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS


a) níveis estático e dinâmico;
b) vazão de exploração;
c) cadastramento de poços existentes nas proximidades, para determinar as
interferências.

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8.3 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Em função da vazão desejada, dos níveis previstos, do uso da água e do(s) tipo(s) de
rocha(s) que ocorre(m) no local, deverão ser definidos os elementos construtivos:

 profundidade prevista;  proteção sanitária;


 método de perfuração;  pré-filtro;
 diâmetro de perfuração;  desenvolvimento;
 fluido de perfuração;  testes de bombeamento;
 material de revestimento, se for  perfilagem ótica (filmagem);
o caso;
 desinfecção.

A filmagem de um poço ou perfilagem óptica consiste em coletar uma imagem através


de uma câmera de alta definição por dentro de um poço e toda sua estrutura.

Dessa forma, o diagnóstico é preciso e facilita uma descrição minuciosa na detecção


de problemas construtivos, garantindo uma manutenção de qualidade.

9 MÉTODOS E EQUIPAMENTOS DE PERFURAÇÃO

a) Rochas ígneas ou metamórficas:


- Método a percussão: consiste em deixar cair em queda livre, um conjunto pesado
de ferramentas, que tritura a rocha.
- Método de perfuração roto-pneumático: consiste em injetar ar comprimido em
grande volume e alta pressão, que aciona o “bit”, construído normalmente de carbeto
de tungstênio, localizado no fim do conjunto de hastes, e que irá triturar a rocha.

b) Rochas sedimentares friáveis (de baixa resistência)


- Método rotativo com circulação direta de lama: uma broca tri-cônica é
conectada a um conjunto de hastes, ao qual é dado um movimento de rotação
transmitido na superfície, pela mesa rotativa à haste quadrada, que aciona toda a
coluna de perfuração.

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9.1 ETAPAS DE PERFURAÇÃO - MÉTODO ROTATIVO

a) Determinação do diâmetro
Tem relação com a vazão que se pretende extrair, devido às dimensões externas de
bombas normalmente utilizadas.

Tabela 1 – Diâmetros geralmente adotados em poços tubulares profundos

Vazões de bombeamento (l/h) Diâmetro útil do poço


Até 36.000 150 mm
Até 54.000 200 mm
Até 90.000 250 mm
Até 144.000 300 mm
FONTE: SOARES, 2002.

b) Fluido de perfuração
Pelo interior do conjunto de hastes de perfuração é injetado o fluido (ou lama) de
perfuração que após sair pela broca, retorna à superfície trazendo amostras da rocha
perfurada. Da superfície, o fluido novamente é bombeado para o poço, ficando em
permanente circulação. O fluido normalmente utilizado é a bentonita (argila de ocorrência
natural) com água. Um bom fluido de perfuração deve exercer as seguintes funções:
- lubrificar e esfriar a broca e hastes de perfuração;
- transportar para a superfície os detritos de perfuração;
- Manter a pressão adequada para evitar desmoronamento;
- Ajudar a perfuração, uma vez que a lama é bombeada sob pressão.

c) Tubo de revestimento
Destinam-se especificamente a suportar formações desmoronantes e a impedir a
entrada no poço de água com características indesejáveis.
Ex.: tubo de PVC geomecâncio

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d) Filtros
Também conhecidos por crivos, ou por telas, são peças tubulares, colocadas no
prolongamento dos tubos de revestimentos e junto às camadas geológicas que contém
água.
São usados para permitir a fácil passagem da água para o interior do poço, sem
arrastar quantidades prejudiciais de areia.

e) Pré-filtro
Possui a função de reter a areia ou material particulado da formação geológica,
quando da passagem da água.

f) Proteção sanitária
Base cimentada (normalmente até 10 m²) e laje de proteção (2 m²)
Tubo passa acima da laje ≈ 60 cm

f) Desenvolvimento
Processo no qual se procura limpar o poço e melhorar as suas condições hidráulicas. Isto
se obtém, essencialmente, provocando uma forte movimentação da água do aquífero
para o poço e vice-versa. Isto é obtido por meio de bombeamento intenso ou injeção
intermitente e violenta de ar comprimido.

g) Testes de bombeamento
Mediante o ensaio de bombeamento, procura-se estabelecer a relação entre a vazão
de extração e o nível dinâmico da água no interior do poço.
A operação é efetuada instalando-se um equipamento conveniente de extração, o
qual é posto em funcionamento durante certo período. Paralelamente são efetuadas
medições de nível a intervalos de tempo.

h) Desinfecção
Uso de hipoclorito.

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