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BASES NEUROLÓGICAS
SISTEMA MOTOR
São necessários 2 neurônios para executar uma função motora básica.
O primeiro neurônio motor fica no córtex motor, cruzando e descendo pelo lado oposto. Na medula, faz
sinapse com o segundo neurônio motor.
O segundo neurônio motor sem seu corpo celular na medula, e seu axônio faz sinapse com o nervo
periférico, chegando então à placa motora.
SISTEMA MOTOR
Sistema piramidal 1º neurônio motor
Medula espinhal 1º/2º neurônios motores
Automatismo de movimentos
Sistema extrapiramidal
(movimentos voluntários, mas sem pensar)
Cerebelo Ajustes finos de movimento
O primeiro neurônio motor, localizado no córtex motor, aproximam-se conforme vão descendo, reunindo-se
na cápsula interna, por onde passam. Em um AVE da cápsula interna, todos os primeiros neurônios motores são
lesionados.
A partir da cápsula interna os primeiros neurônios motores constituem um feixe neuronal que desce
atravessando o tronco encefálico que possui 3 estruturas (mesencéfalo, ponte e bulbo). No bulbo as fibras cruzam
para o outro lado e descem pela medula.
SÍNDROME PIRAMIDAL
Representa a lesão do primeiro neurônio motor
Caracteriza-se por alteração de força (paresia) ou ausência total de força muscular (plegia espástica).
o O segundo neurônio motor sozinho tenta executar a contração muscular, mas não possui
coordenação. O músculo fica permanentemente contraído (espástico).
Sem a inibição do segundo neurônio, o movimento de arco-reflexo é mais intenso → hiperreflexia!
Alguns reflexos também se alteram; o reflexo cutâneo-plantar fica em extensão → sinal de Babinski
CÓRTEX CEREBRAL
O cérebro é dividido em lobos cerebrais → frontal, parietal, temporal e occipital.
Córtex frontal
Área motora da fala/linguagem (área de Broca) → se esta área é perdida, ocorre afasia de Broca, em que o
indivíduo sabe, mas não consegue falar!
O córtex motor também fica no lobo frontal, e comanda o lado oposto. A perna é comandada na área medial
do córtex motor.
O hemisfério dominante geralmente é o esquerdo; o AVE esquerdo é mais grave por lesar áreas mais
importantes ao indivíduo!
Córtex parietal
Ali fica o córtex sensitivo (neurônios sensitivos). Sente o lado oposto; os neurônios sensitivos são mediais!
Córtex temporal
Possui a área da compreensão da linguagem (área de Wernicke)
o Afasia de Wernicke (sensitiva) caracteriza-se pela dificuldade de compreensão do que as pessoas
falam e dele mesmo; assim, o paciente fala coisas sem sentido.
TRONCO CEREBRAL
De onde emergem os pares cranianos
Pode ocorrer muitas manifestações em caso de lesão diplopia, disfagia, vertigem...
CEREBELO
Responsável pela coordenação do movimento
Sua lesão leva à ataxia cerebelar!
VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL
Circulação Posterior (vértebro-basilar) Circulação anterior (carotídea)
Basilar
Carótida Interna
(Tronco e cerebelo)
Vertebral Carótida Comum
De cada subclávia surge uma artéria vertebral, que sobem e atravessam os forames vertebrais e entram
pelo forame magno, unindo-se e formando uma única artéria basilar.
A artéria basilar origina ramos para tronco cerebral e cerebelo, e continua até originar 2 ramos: artérias
cerebrais posteriores.
As carótidas internas se bifurcam e emitem 2 ramos: artéria cerebral anterior e artéria cerebral média.
As artérias comunicantes posteriores ligam a ACM com a ACP.
A artéria comunicante anterior liga as duas artérias cerebrais anteriores.
Todos estes vasos compõem o Polígono de Willis.
Artéria Local de irrigação
Cerebral anterior Medial
Cerebral média Lateral
Cerebral posterior Posterior
Ramos perfurantes
Cápsula interna
(Artérias lenticulo-estriadas)
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)
É um evento súbito, com um foco de isquemia ou sangramento! O paciente apresenta uma deficiência
neurológica focal súbita!
O AIT melhora em 15 minutos; toda deficiência neurológica focal súbita sem melhora após esse tempo deve
ser tratada como AVE!
AVE ISQUÊMICO
Isquêmico (80% Hemorrágico (20%)
A TC sem contraste é o grande exame para o AVEi! Seu objetivo é afastar hemorragia!
o No início é normal, sem achados, alterando-se apenas após 24-72h.
o Após 24-72h mostra uma lesão hipodensa.
o O AVEh aparece como uma lesão hiperdensa.
TRATAMENTO
TRATAMENTO AGUDO (primeiros 3 dias)
Estabilização clínica → controle de glicemia, temperatura e sódio
HAS permissiva → aumentar perfusão na área isquêmica
o Reduzir PA se > 220 x 120
o Reduzir se > 185 x 110 caso seja candidato à trombólise
Terapia antitrombótica
Terapia antitrombótica
Trombólise → rtPA (alteplase) – 0,9 mg/kg (máx 90mg)
Critérios: Até 4,5h / sem AVE ou TCE nos últimos 3 meses / sem AVEh prévio
AAS (prevenção precoce) e heparina profilática (TVP)
Se fez trombólise → aguardar 24h
Endovascular: trombectomia mecânica
Até 6h / oclusão de grande artéria
AVE HEMORRÁGICO
Hemorragia intraparenquimatosa Hemorragia subaracnoide
Começa com déficit focal Déficit focal se complicar
Tratamento
Intervenção precoce: até o 3º dia (ou só após 14º dia) → clipagem cirúrgica / endovascular (coil)
Controle da PA: PAS < 160 mmHg
Neuroproteção: nimodipina 60mg 4/4h por 14-21 dias (melhora prognóstico)
Hemorragia Intraparenquimatosa
Causas: hipertensão (microaneurismas de Charcot=Bouchard), angiopatia amiloide (idosos, Alzheimer)
Hipertensão intracraniana (cefaleia + ↓ nível de consciência)
Déficit neurológico focal súbito
Diagnóstico: TC de crânio sem contraste
A hemorragia do putame pode comprimir a cápsula interna, causando hemiplegia contralateral (igual ao
AVEi da cápsula)!
Tratamento
Suporte (hipertensão intracraniana)
o PA sistólica 140mmHg, mantendo PPC 50-70mmHg
Cirurgia
o Se hematoma cerebelar > 3cm
CEFALEIAS
Primárias Secundárias
Tensional (+ comum) HIC Benigna
Enxaqueca
Arterite temporal
(+ comum em prova)
Neuralgia do Trigêmio
Salvas
Carbamazepina
Diagnóstico
Anamnese
TC / RNM
o Solicitar quando houver sinais de alarme
Sinais de alarme
Após 50 – 55 anos Alterações neurológicas
Início súbito, intenso → HSA Sinais de infecção
Progressiva (frequência, intensidade, Neoplasia ou HIV+
refratariedade) < 6 anos com cefaleia recorrente (RNM)
Mudança da característica
CEFALEIA TENSIONAL
Mais comum em mulheres
Dor do tipo opressiva
Localização bilateral
Intensidade leve a moderada; não interfere nas atividades diárias
Duração de horas a dias
Desencadeada pelo stress
Tratamento agudo
Analgésicos Profilaxia
Miorrelaxantes Se for crônica: ≥ 15/mês ou 180/ano
AINE Amitriptilina 10mg ao deitar (ou nortriptilina)
ENXAQUECA/MIGRÂNEA
História familiar positiva, mulheres entre 25 - 45 anos
Dor do tipo pulsátil com foto/fonofobia, náuseas e/ou vômitos
Localização uni ou bilateral, piora com movimento
Intensidade moderada a grave; interfere nas atividades diárias
Duração de < 6 horas (4 – 72h)
Desencadeantes: vinho, TPM
Pode ser precedida por aura
Profilaxia
Propranolol → pode desencadear / piorar depressão
Amitriptilina
Anticonvulsivantes [Topiramato (começar com ½ cp a noite na primeira sem e, após, 1 cp a noite) ou
Valproato]
Tratamento
Abortivo → oxigênio + triptano SC
Profilático → Verapamil (altas doses)
o Alternativas: Valproato, Lítio, Prednisona
Tratamento
É uma doença benigna, que pode sumir com seis meses de evolução.
Acetazolamida (resolução de 99% dos casos)
Punção lombar de alívio
DVP
EPILEPSIA E CONVULSÕES
CONVULSÃO FEBRIL
Não é epilepsia, mas apenas convulsão!
Idade: 3 – 6 meses até 5 – 6 anos
Mais de 65% recorrem se: < 1 ano, história familiar
EEG normal entre crises
Relação com a velocidade da variação da temperatura
Conduta
Está convulsionando → diazepam, avaliar após e tratar a febre
Não está convulsionando → avaliar causa e tratar a febre
Punção lombar → se < 12 meses
GENERALIZADAS
Crise de ausência
Crises múltiplas, curtas, inconsciência
Volta orientado
EEG: espícula-onda 3 Hz
Tônico-clônica generalizada
Inconsciência
Sem focal
Quadro clínico
Evolução remitente-relapsante (85%)
Na prova: mulher jovem que começou a perder a visão: pensar em esclerose múltipla
Jovem com neuralgia do trigêmeo → o grande motivo é a esclerose múltipla.
Diagnóstico
Clínica: 2 episódios de déficit neurológico em áreas distintas do SNC
o O 2º episódio pode ser substituído por exame complementar
Líquor: bandas oligoclonais de IgG / ↑IgG
RMN (c/ contraste): múltiplas placas desmielinizantes
Tratamento
Não tem cura!
Surtos: pulsos de metilprednisolona 1g/dia 3-5 dias + Prednisolona 60-80mg/dia (2 semanas)
Terapia Modificadora da Doença
o Interferon B1a ou B1b ou
o Acetato de Glatiramer ou
o Fingolimod; Natalizumab
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
Polirradiculoneuropatia aguda, em que ocorre desmielinização da bainha de mielina dos nervos periféricos
Doença autoimune pós-infecciosa (Campylobacter jejuni)
Quadro clínico
Paresia/plegia simétrica, arreflexia, flácida e ascendente
Disestesias (dormência, parestesias, queimação)
Diparesia facial (VII par)
Disautonomias graves (arritmias, hipotensão postural,..)
Sensibilidade e esfíncteres geralmente preservados – doença preferencialmente motora
Ausência de atrofia muscular significativa – doença aguda e autolimitada
Diagnóstico
Líquor: dissociação albumino-citológica
Sangue: anti-GM1 (20 – 50% dos casos)
Tratamento
Imunoglobulina EV
Plasmaférese
Quadro clínico
Fraqueza muscular
1º neurônio: hiperreflexia, babinski
2º neurônio: amiotrofia, miofasciculações, câimbras
Sem alterações sensitivas
Em 2 a 3 anos de evolução o paciente só estará movendo o olho e controlando o esfíncter. Para que sobreviva deve
estar gastrostomizado e traqueostomizado ligado ao ventilador mecânico.
Diagnóstico
De exclusão
Clínico
Tratamento
Suporte
Riluzole (100mg/dia) – bloqueia liberação de GLUT no SNC, desacelerando a degeneração neuronal
MIASTENIA GRAVIS
Doença autoimune (anticorpos anti-receptor de acetilcolina na placa motora)
O grande neurotransmissor da placa motora é a acetilcolina, permitindo a contração muscular.
Quadro clínico
Fraqueza muscular proximal, assimétrica de membros + reflexos tendinosos normais
o Músculos extraoculares (diplopia) pálpebras (ptose)
Fraqueza bulbar → disfagia, disartria e disfonia (voz anasalada)
Sensibilidade normal
Pupilas normais
Melhora pela manhã e com repouso
Hiperplasia do timo (65% dos casos); timoma (10% dos casos)
Miastenia gravis: paciente não consegue produzir quantidade adequada de acetilcolina. Ao descansar: preenche as
vesículas armazenadoras de ACh (paciente acorda bem). A utilização do gelo melhora a condutividade da Ach e a
sintomatologia. Ao iniciar o movimento libera a Ach, porém, ao continuar o movimento, não consegue entregar mais
Ach (é rapidamente degradada pela acetilcolinesterase) → fatigabilidade.
Diagnóstico
Anticorpo anti-AchR (85%)
Anticorpo anti-muSK (40% dos negativos para anti-AchR)
ENMG: condução decremental dos potenciais de ação
Teste da anticolinesterase (edrofônio) = aumento do efeito colinérgico → melhora rápida / gelo
Tratamento
Anticolinesterásicos: Piridostigmina
Imunossupressores: corticoide / micofenolato
Timectomia: entre a puberdade e 55 anos; na presença de timoma
Crise miastênica / pré-operatório: imunoglobulina ou plasmaférese
DOENÇA DE PARKINSON
O Sistema Extrapiramidal não é envolvido com a contração voluntária; permite a coordenação de
movimentos automáticos e modulação do tônus muscular da musculatura esquelética.
A doença de Parkinson caracteriza-se pela degeneração dos neurônios da substância negra, perdendo a
dopamina e hiperativando os gânglios da base, inibindo o córtex pré-motor frontal.
Quadro clínico
Tremor de repouso
Bradicinesia
Rigidez (roda denteada)
Distúrbios da marcha (marcha parkinsoniana)
Tratamento
Levodopa
Inibidor da descarboxilase
o Carbidopa / Benserazida
Inibidores da MAO
o Rasagilina / Selegilina
o Indicado para pacientes jovens, junto à levodopa+carbidopa
Inibidor da COMT
o Entacapone
A dopamina via oral é metabolizada pelas carboxilases da mucosa do tubo digestivo; logo, é necessário
administrar um precursor da dopamina (L-DOPA) associado a inibidor da descarboxilase (carbidopa e benserazida).
Os IMAO impedem a degradação da dopamina e são neuroprotetores, atrasando a degeneração neuronal.
Levodopa e Carbidopa são rapidamente metabolizados; quando de forma muito rápida pode ocorrer o efeito
liga-desliga; nestes casos pode-se adicionar o Entacapone, inibidor da COMT.