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Resumo
O presente trabalho, intitulado: O outro lado da gangue tem como objectivo geral:
Apresentar os resultados de uma pesquisa de licenciatura realiada com adolescentes e
jovens de gangues do município do Dande, província do Bengo. A pesquisa foi
realizada no Bengo com recurso à etnografia psicológica, por meio de entrevistas (semi-
estruturada). Participaram 10 membros de gangues, com as faixas etárias compreendidas
entre 14 e 30 anos, todos do sexo masculino, residentes na província do Bengo,
município do Dande, distribuídos pelos diversos bairros como: Mifuma, Cawango,
Riceno, Kijoão Mendes, Kitonhi, Kikuxi, Kimaria, Kigunguo, entre outros. Todos eles
pertencentes a diferentes gangues. Como principais resultados, destacamos: as gangues
parecem oferecer vantagens concretas para os seus membros, tais como: apoio
emocional e afectivo, uma alternativa de sobrevivência para os que não têm emprego,
protecção para si e seus familiares, entre outros. Os jovens são forçados a entrar para as
gangues por se sentirem marginalizados pela sociedade criando, deste modo, seus
próprios estilos de vida. Entendemos que se o Estado criar políticas que favoreçam a
todos, garantias de segurança para cada cidadão, ambientes que promovam segurança,
protecção e lazer para todas as famílias independentemente dos seus status e um
ambiente social que tranquilize cada um, isso ajudaria a diminuir o poder de sedução
das gangues.
Introdução
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familiares disfuncionais, bem como a baixa escolaridade, contribuem decisivamente
para a delinquência juvenil (Carvalho, 2010; Veloso, 2014; Pimenta, 2010).
Pode-se hipotetizar que a memória dos conflitos armados em Angola produziu
na sociedade a ideia de que diferenças de ideais e posturas e as questões de
desigualdade possam ser resolvidas pela violência. Neste sentido, não seria demais dizer
que a criminalidade entre os jovens pode ser parcialmente explicada por essa memória
de violência, posto que a situação deixou traumas que ainda parecem não ter sido
totalmente superados pela sociedade angolana.
Dizer que a criminalidade tem relação com a história recente do país é
reconhecer que os conflitos políticos e a sua má resolução afectam, de modo
imprevisível, o tecido social. Outra consequência concreta diz respeito ao facto de que
quanto mais se investia na guerra, tanto menos se investia na educação, que como se
sabe é a melhor forma de preparar os jovens para procurarem soluções mais adequadas
aos seus problemas.
Estima-se que durante aquele período, o número de mortes rondou os 800.000
(oitocentos mil), criando cerca de 4.000.000 (quatro milhões) de deslocados internos
que tenham abandonado as suas casas para se refugiarem nas áreas tidas como as
seguras do território nacional, facto que afectou e deturpou fortemente os valores que
regiam as famílias, revela o relatório sobre o sistema de justiça para crianças, Angola
Unicef (2016).
Apesar de se estar numa época pós-guerra, ainda se vive as consequências da
época contrária, porque atrás deste fenómeno social também se nota a crise de valores
morais que, outrora, contribuía para a harmonia social. “Grande parte das famílias
angolanas que perdeu irmãos, pais e amigos, não teve a oportunidade de receber o
devido acompanhamento ou aconselhamento por parte de especialistas (psicólogos,
sociólogos)” (Veloso, 2014, p.57), por falta de políticas públicas que no período pós-
guerra pudessem servir para ajudar a ultrapassar esses traumas, muitas vezes sublimados
na violência e criminalidade social, ou seja, não tendo espaço nem lugar para exprimir a
sua dor, muitas vezes, os sobreviventes fazem-no por meio da violência.
A Unicef (2016), apresenta, em seu relatório sobre o sistema de justiça para as
crianças em Angola, um índice de criminalidade entre jovens, que merece atenção. A
faixa etária que mais se encontra em conflito com a lei corresponde a crianças entre os
13 e 15 anos de idade, com relatos frequentes de assaltos e pequenos furtos (39% e 23%
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respectivamente) assim como assassinatos. Sendo que este relatório define os mesmo
como menores de 18 anos de idades que tenham cometido crime.
As brutalidades de tais actos incentivaram a sociedade a adoptar justiça por
mãos próprias (quando o delinquente, é brutalmente torturado e carbonizado até a
morte) (Ndomba e Oliveira, 2016). De acordo com Strech, (2003) apud Tavares (2016),
acto muitas vezes presenciado por menores. Estes episódios podem, então, contribuir
para o desajustamento do comportamento dos mesmos e “a ausência de instituições e
dinâmicas sociais junto destas populações dificulta a saída deste ciclo vicioso” Veloso
(2014, p.59).
Vários crimes bárbaros são consumados não apenas pelos delinquentes das
gangues, mas, também, por pessoas próximas (crimes passionais, mãe matar o seu
próprio filho por comer sem a sua permissão prévia, neto matar a sua avó, filho morto
pela mãe por perder o telefone, por exemplo)1.
“A taxa de delitos cometidos por crianças aumentou nos últimos 3 anos e
reflecte tanto a crise económica como o aumento paralelo do desemprego e o colapso
das estruturas sociais e familiares,” destaca o relatório da Unicef (2016, p.11).
A retirada considerável de alguns jovens do mercado do empregado para o
desemprego sem alternativa para a sua sobrevivência, cultivou nestes, frustrações que os
leva a um desequilíbrio emocional. A pancadaria vai tornando-se no pequeno-almoço de
algumas famílias e com alguma intensidade enfermam a sociedade angolana. Todavia,
sob o olhar atento, tal situação demonstra nada mais que reflexos de condições
históricas, sociais e psicológicas.
Destacar que os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE) em 2018 no anuário de estatísticas sociais feitas em 2013-2016, quanto à
criminalidade apontam que, Angola em 2013, registou-se cerca de 41.022 crimes; 1.644
(2,8%) foram registados na província do Bengo, sendo os crimes frequentes: violência
(24 casos), furto (204 casos), roubos (58 casos) e o uso de drogas (73 casos).
Em 2014, registou-se um número reduzido de crimes em todo território,
comparativamente ao ano anterior com um total de 39.882 crimes, mas, tendo
acrescentado a percentagem para a província do Bengo, de 2,8% para 3,2% no total de
1.284 crimes. O mesmo anuário do INE avança ainda que, no ano de 2015, Angola
registou cerca de 40.942 crimes, sendo 997 (2,4%) da província do Bengo dos quais se
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Informação disponibilizada pelo Jornal de Angola, recuperado em 07 de Setembro de 2020.
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destacam com maiores números a violência (32 casos), furtos (60 casos) roubos (204
casos) e sem registo de crimes por drogas.
É importante destacar que, em relação aos dados apresentados pelo INE
relativamente aos crimes por drogas no ano de 2015, não se sabe ao certo os reais
motivos da ausência de registo. Dado que chamou a atenção dos investigadores desse
trabalho, pois não se sabe se esta ausência se dá pelo facto de os menores deixarem de
consumir drogas naquele ano, ou, ainda, se é pelo facto de terem feito o uso de
estupefacientes ou por falta de notificação às autoridades policiais. A única informação
avançada foi que em 2015 não houve registos de crimes por drogas a nível da província
(Bengo).
Em 2016, os dados apontavam para mais de 43.545 crimes registados no país. E
cerca de 877 na província do Bengo, com uma percentagem de 2,0% em relação aos
anos anteriores, tendo os crimes de furtos 200 casos e os de ofensas corporais 195 casos.
Pode fazer-se uma reflexão sobre as diferenças de percentagens dos números de
crimes por ano na província do Bengo a partir de alguns factos, como se poderá
verificar a seguir: desde o ano de 2011-2016, houve a criação de alguns programas
sociais emergenciais em algumas regiões do país, designadamente, terapia ocupacional,
cesta básica e o programa de melhorias das condições habitacionais segundo o anuário
de estátisticas sociais (2018).
A província do Bengo, em 2013 beneficiou do programa de melhorias das
condições habitacionais, tendo atendido nesse ano cerca de 450 famílias. Surgiram na
província políticas internas de actuação quanto a criminalidade a destacar o trabalho de
sensibilização junto das comunidades ou bairros e aplicação rigorosa da acção de
recolha de armas ligeiras e de pequeno porte em posse ilegal de cidadão, contribuindo
para a redução de actos violentos e uso das armas por parte dos marginais na realização
das suas acções criminosas.
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de selecção, locais e tipos de liderança. O termo gangue é a versão portuguesa da
palavra inglesa gang, que significa “turma ou grupo”.
Consideradas como um fenómeno subjectivo de teorização na criminologia, as
gangues juvenis têm vindo a ser definidas por inúmeros autores, existindo diversidade
de definições. Pode-se, por exemplo, verificar esta complexidade na definição
apresentada por (Lord e colegas, 2010) apud Moreira, 2012, p.14):
Referem as gangues como um grupo com três ou mais indivíduos, que têm
uma identidade distinta (tomando a forma de um símbolo ou de uma
característica em comum), que comete/cometeu crime generalizado ou tem
comportamentos caracterizados como antissociais ou marginais, sendo parte
da sua identidade de pertença a este grupo.
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Mecanismos de atracção e retenção das gangues
As palavras “atrair” e “reter” derivam do latim (attraho e retineo), onde “atrair”
significa encantar, despertar ou exercer atracção sobre algo. Já “reter” significa manter,
segurar, para que não escape ou escorregue.
Importa realçar que existem várias abordagens em torno das gangues. Os autores
(Carvalho, 2010; Nardi & Dell’aglio, 2010; Cymrot, 2011) não são unânimes quanto a
expressão própria para indicar as estratégias que as gangues usam, assim como
identificar de maneira discriminada as mesmas. Os autores acima mencionados usam as
expressões: formas, meios ou métodos para indicar o que as gangues fazem para muitos
aderirem a elas. Assim sendo, procurou-se identificar e descrever as diferentes maneiras
que as gangues usam para atrair e reter os novos membros, adoptando-se a expressão
“mecanismo” por se entender ser no caso a mais adequada ao fenómeno que se deseja
investigar e compreender.
Cada gangue, dependendo da sua localização territorial, constituição e padrão de
conduta, usa formas de atrair e reter os membros para que continue em funcionamento
ou em acção. Neste sentido, apresentam os seguintes mecanismos de retenção e
atracção: Festas de rua, ser consumidor de drogas, ser corajoso, juramento de fidelidade,
garantia de protecção e por último a remuneração, sobres os quais se irá debruçar a
seguir.
Festas de rua
As gangues, às vezes, são o epicentro da realização das actividades culturais de
que os jovens gostam. Sendo assim, atraem os menores realizando festas, ou ainda se
aproveitando das maratonas e diferentes actividades culturais realizadas nas
comunidades que, por vezes, terminam em roubos, vendas ilegais de drogas, lutas entre
as gangues, entre outros crimes (Cymrot, 2011).
Estas actividades são aproveitadas pelas gangues como mecanismo para atrair a
atenção dos demais, principalmente, dos menores. Grabianowski (2006) sugere que uma
das razões para que as gangues recrutem menores, estes que começam a segui-los para
objectivos próprios, está no facto de crianças atraírem menor atenção da polícia e que
quando são pegas cumprem penas mais curtas, ou apenas medidas socioeducativas.
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Assim, as gangues usam-nas no transporte de drogas e armas e às vezes para o
cometimento de outros tipos de crime.
Ser Corajoso
Neste, o jovem que tenciona entrar na gangue deve mostrar-se corajoso, capaz
de enfrentar qualquer situação, mesmo sabendo que a sua vida ou a dos familiares
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estejam em risco. O ser corajoso para quem pondera pertencer a uma gangue serve
como um teste. (Cymrot, 2011)
O líder do grupo manda realizar diversas tarefas para a demonstração da
coragem do candidato ao crime. Tais acções acontecem, geralmente, na comunidade
(em particular nas instituições de ensino, durante os intervalos lectivos, por exemplo)
onde o líder do grupo manda fazer coisas como: esperar alunos para insultá-los, receber
materiais escolares ou dinheiro, roupas, calçados ou outros bens que tenham em sua
posse para demonstrar que o indivíduo é corajoso e agressivo. Se o adolescente for bem
sucedido é aceite a gangue (Carvalho, 2010).
Apesar disso, a entrada para uma gangue faz-se, normalmente, por meio de um
dos seus integrantes, por amizade ou a partir da constatação de que se trata de um jovem
corajoso, disposto à acção em benefício do grupo e sem se importar com as
consequências que daí advenham (Carvalho, 2010).
Este mecanismo entra em consonância com a “lei de silêncio” que vigora dentro
das gangues e leva os seus integrantes a um total silêncio quando capturados pelas
autoridades ou por grupos rivais. Aqui se revela o ser corajoso e a disposição que o
membro tem para salvaguardar as informações e os interesses do grupo.
Alinha-se, para os propósitos desta investigação, aos pensamentos de (Melde &
Esbensen, 2011), quando entendem que a principal preocupação com as gangues juvenis
prende-se com o facto de os jovens que as integram, demonstrarem uma elevada
tendência para a violência”. A tortura é tida como uma fase de treinamento, a sua
resistência bem como a execução, passa a ser uma demonstração da capacidade do
futuro membro da gangue.
Juramento de fidelidade
Neste mecanismo de retenção, o jovem infractor deve fazer juramentos e ser fiel
ao grupo. Este processo é considerado entre as máfias e gangues mais organizadas de
omertà, palavra originária do sul da Itália, é um código de honra que dá importância ao
silêncio, proibição de cooperação com as autoridades, a não interferência nos negócios
de outros membros e gangues, entre outras acções que possam vir colocar a integridade
do grupo em risco.2
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Informação disponível em Estilo Gangster. Blog: Qualidade de ser homem. O que é Omertá?
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O não cumprimento do código coloca a vida do sujeito e seus familiares directos
em risco, chegando à morte em situações mais extremas. Por esta razão, a lei do silêncio
é um dos códigos mais honrosos entre os criminosos, não só pelas tortuosidades que o
transgressor poderá receber, mas por ser uma qualidade insubstituível de todo o
membro.
Há aqui um dado interessante a olhar para a percepção de que os mesmos se
recusam a seguir as normas. Na verdade, esses jovens aceitam seguir as normas, leis e
padrões de conduta do grupo de que fazem parte, tanto que mesmo com torturas graves,
ameaças perigosas sobre seus familiares manifestam-se fiéis ao juramento feito. Por
outras palavras, demonstram o forte comprometimento ao grupo, estando até dispostos a
morrer em nome da gangue. Contudo, aos olhos da sociedade, estes jovens são
caracterizados como rebeldes e delinquentes, por não agirem em conformidade com as
normas socialmente aceites.
Garantia de protecção
Este mecanismo é usado para atrair e reter os membros, pois as gangues
oferecem ao jovem protecção e segurança para si e para as pessoas próximas. A
sensação de se sentir assegurado por um grupo, que é temido por muitos, torna-se num
factor atraente para a incidência ao mundo da criminalidade por alegada “consideração”
por parte da sociedade. (Cymrot, 2011). Às vezes, quando o membro é capturado pelas
autoridades, as gangues garantem a sua protecção até mesmo no estabelecimento
prisional, pois por incrível que pareça, as gangues têm contactos dentro desses recintos.
Contudo, esta protecção pode tornar-se trágica quando o mesmo não
corresponder com o padrão da gangue, ou até mesmo querer sair do grupo. É, realmente,
um mundo com o conhecimento fácil da porta de entrada, a de saída é quase que
impossível.
Remuneração
Por último, apresenta-se o mecanismo de remuneração, que serve para atrair e
reter. Muitas gangues existem principalmente como um empreendimento lucrativo, elas
realizam actividades diversas ilícitas (assaltos, tráficos de drogas e de seres humanos,
lavagem de dinheiro) o jovem entende que estando numa gangue poderá ter maior
facilidade de ostentar o que almeja (Grabianowiski, 2006).
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Os membros da gangue são, muitas vezes, remunerados, sendo que os mais
dedicados e obedientes recebem prémios extras. Quanto ao cronograma salarial varia,
podem receber após cada acção (assalto), pode ser diário ou mensal, ou seja, a
remuneração depende muito da organização de cada gangue (Carvalho, 2010).
Esta forma revela o valor e a utilidade do jovem que, muitas vezes, a sociedade
não reconhece, aliciando a sua permanência. E em alguns casos, o adolescente ou o
jovem encontra nesse ambiente a oportunidade de ter um emprego que nas políticas do
Estado não encontra, embora ilícito.
Jovens que se encontram em condição de vulnerabilidade e estejam diante do
dilema da falta de dinheiro, desempregos, fome, desprezo por parte da família,
profissão, ostentação e rejeição social podem recorrer ao crime se não conseguirem
ganhar o suficiente com um emprego que seja legítimo. “Isso explica em parte por que
as gangues existem em áreas pobres e degradadas das cidades. No entanto, nem todo
mundo pobre entra para uma gangue, e nem todo membro de gangue é pobre”
Grabianowiski (2006, p. 6).
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Informação disponibilizada pelo Jornal Electrónico ANGONOTÍCIAS, no dia 04 de Junho de 2016
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Métodos e técnicas
Utilizou-se a Etnografia psicológica proposta por Sato e Souza (2001) apud
Costa (2016, 2020). A investigação foi levada à cabo por meio da realização de
entrevistas semi-estruturadas, direccionada por um roteiro prévio, com questões abertas,
apresentando maior flexibilidade que a estruturada, que possibilitaram a colecta de
depoimentos e histórias de vida, constituindo-se a escuta como ferramenta principal de
trabalho.
Participantes
Nesta parte do artigo, vamos abordar os resultados parciais da pesquisa de campo, onde
apresentaremos também os benefícios segundo os participantes da pesquisa, de ser
membro de uma gangue.
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desviamos. Começamos a entrar neste vício praticar coisas de
mal E1.
Esta segurança em muitos casos ultrapassa o nível pessoal, atingindo até o nível
familiar: “O primeiro benefício era protecção, protecção da família (…) faltou respeito,
apanha, o cunhado bateu irmã de alguém que faz parte da gangue, apanha!” E5.
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delas, leva fortemente a reflectir sobre a nossa maneira de as ver, entender na verdade,
que eles, apesar de tudo, são pessoas como qualquer uma, sentem e compadecem-se
com o sofrimento dos outros. Estão neste mundo, não porque talvés queiram, mas foi a
maneira que conseguiram encontrar para lutar pelas suas vidas e de suas famílias.
Os entrevistados, na sua maioria, são reincidentes nos crimes, alguns já foram detidos e
condenados por três ou mais vezes. Os argumentos apresentados acima levam a reflectir
se dentro das cadeias se reeduca, ou seja, que tipo de processo de reeducação ocorre de
facto no interior dos presídios e que garanta a reinserção social dos presos sobretudo
quando se trata de menores?
A maior parte dos grupos tem os seus dirigentes, e cada membro tem o seu
cargo, assim como afirma um dos entrevistados: “Eu é quem pilho mais, eu é que fico a
frente, quem incentivo mais as lutas” E7.
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Conclusões
Podemos concluir que os jovens são levados a participar das gangues: as festas de rua, a
coragem, os juramentos de fidelidade, a protecção e a remuneração.
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emancipar, buscam desta infeliz maneira o reconhecimento social e possibilidade de
singularização.
Desta feita, em virtude da pesquisa realizada, deixamos uma questão de reflexão
que podem ajudar a orientar futuras pesquisas: Onde está o problema, no indivíduo que
entrou para as gangues por ser a única forma que encontrou de lutar para a sua
sobrevivência e dos seus familiares, ou na sociedade ou no Estado que não lhes presta a
devida atenção?
Bibliografia
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