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LICENCIATURA EM DIREITO
LUANDA, 2019
REGIÃO ACADÉMICA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
LICENCIATURA EM DIREITO
LUANDA, 2019
REGIÃO ACADÉMICA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
LICENCIATURA EM DIREITO
O JÚRI
Presidente:______________________________________________________
1º Vogal:________________________________________________________
2º Vogal:________________________________________________________
Secretário:_______________________________________________________
Classificação:____________________________________________________
Data da Defesa:____/_________/________
EPÍGRAFE
I
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos meus pais e ao meu padrinho Armando Mangel,
Pai Januário Matari, Maria Helena Matari, Domingas Helena Matari, Marcelina
Matari da Fonseca, assim como pela minha amada Mãe Helena Domingos (em
memória), por serem pessoas que amo, por acreditarem e por toda dedicação.
A minha amada e querida esposa Carla Vieira Matari, pelo estímulo, apoio e
companheirismo, com quem pretendo continuar dividindo minhas conquistas e
alegrias por muitos e muitos anos. Assim como ao meu orientador Dr. Alberto
Gueia.
II
AGRADECIMENTOS
III
RESUMO
IV
ABSTRACT
For the present work we had to resort to bibliographic journals that retrava on
the has in question, as well as the realization of an interview guide that was
used for the statistical collection of data. In our study, we had a sample of eighty
(80) individuals, whose population is resident in the municipality of Viana urban
district of Zango 3, when addressing this acutilante theme, we supported
ourselves in other fundamental sciences, such as Child Psychology, Child
Psychopathology, Childhood Sociology and Criminology, in order to better
understand the causes of this social phenomenon, we have thus made a
sociocultural characterization of Angola and established links between the
experiences in the musseques and juvenile delinquency. Polygamy also
emerges as a sociocultural phenomenon that greatly contributes to juvenile
delinquency. In our empirical study conducted on the basis of nine interviews
with young offenders, we found that the sociocultural aspects mentioned above
in conjunction with dysfunctional family environments and low schooling
contribute decisively to the delinquency lives of these young people. Thus, the
three hypotheses initially placed are confirmed, i.e., poverty, child abuse and
the type of family management (dysfunctional) lead young Angolans to
delinquency. Despite the legal framework of these cases of delinquency, there
is still a long way to go in giving voice to neglected and abused children.
V
SIGLAS/ ABREVIATURAS
CF - Constituição Federal
CM - Código de Menores
CP - Código Penal
VI
ÍNDICE DOS GRÁFICOS
VII
ÍNDICE
EPÍGRAFE.............................................................................................................I
DEDICATÓRIA.....................................................................................................II
AGRADECIMENTOS...........................................................................................III
RESUMO.............................................................................................................IV
ABSTRACT..........................................................................................................V
SIGLAS/ ABREVIATURAS..................................................................................VI
INTRODUÇÃO......................................................................................................1
1.2.JUSTIFICATIVA..............................................................................................2
1.3.FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...................................................................3
1.4.FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES...................................................................3
1.5.OBJECTIVOS.................................................................................................4
1.5.1.Geral............................................................................................................4
1.5.2.Específico....................................................................................................4
1.6.LIMITAÇÃO E DELIMITAÇÃO.......................................................................4
1.7.ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................5
3.3. Métodos......................................................................................................36
3.4.2. Sujeitos.....................................................................................................39
3.8. Variáveis......................................................................................................41
IX
3.8.1. Variável Independente..............................................................................41
CONCLUSÕES...................................................................................................48
SUGESTÕES......................................................................................................50
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................52
APÊNDICE..............................................................................................................
ANEXO...................................................................................................................
X
INTRODUÇÃO
1
1.2. JUSTIFICATIVA
Ainda que cientes das dificuldades, mas é nossa intenção contribuir para a
minimização do problema em estudo, fazendo abordagens não apenas críticas,
mas também conducentes a produção de resultados plausíveis, com vista a
construir uma nova moral social, assente nos valores cívicos e éticos.
2
1.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
3
1.5. OBJECTIVOS
Objectivo é a meta a ser alcançada, e deve ser definido de forma clara, precisa
em termo do tipo de relacionamento entre as variáveis. O objectivo define-se
esclarecendo o produto final a ser obtido com determinada finalidade. (Zassala,
op. cit. p. 85).
1.5.1.Geral
Esclarecer os factores que estão na base do elevado número de
menores em conflito com a lei tendo em conta a sala de julgado de
menores no Cartório da letra C, sita no zango 3, município de Viana-
Luanda nos anos 2019 à 2020.
1.5.2.Específico
Especificar o papel dos agentes educadores e reeducadores (família,
igreja, escola, polícia e julgado de menores);
Analisar as medidas sócio-educativas dirigidas aos menores e os limites
da lei na sua aplicação prática;
Sugerir medidas que visam mitigar os problemas constatados.
4
1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho será estruturado em duas partes, com a primeira a ter que ver com
os aspectos introdutórios; enquanto a segunda que debruça sobre todo o resto
do conteúdo, será composta de por três capítulos: o primeiro –
Fundamentação teórica – irá retratar o tema com base nas concepções de
diversos autores; o segundo – Materiais e métodos – versa sobre os
procedimentos metodológicos aplicados ao longo da feitura de todo o trabalho;
o terceiro e último – Análise e processamento dos dados – encarregar-se-á
de apresentar os resultados finais e as devidas conclusões e sugestões.
5
CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Lei: Do Latim “lex” que significa uma obrigação imposta. Em seu sentido
jurídico, lei é um texto oficial que barca um conjunto de normas ditadas pelo
poder constituído (Poder legislativo), que integra a organização do Estado.
Chimieguel (2010, p. 131). Já no sentido científico, lei é uma regra que
estabelece uma relação constante entre fenómenos ou entre fases de um
só fenómeno. Através de observação sistemática, a lei descreve um
fenómeno que ocorre com certa regularidade, associando as relações de
causa e efeito.
6
2.1. Aspectos iniciais
Contudo, o termo “crianças em conflito com a lei” que aqui será utilizado,
refere-se a qualquer pessoa com menos de 18 anos que entra em contacto
com o sistema de justiça, como resultado de ser suspeita ou acusada de
cometer um acto tipificado na lei penal como sendo crime.
7
As abordagens serão baseadas inicialmente em estudos doutrinários, e
posteriormente far-se-á uma breve resenha do quadro legislativo, e lá por fim
analisaremos os resultados das pesquisas de campo.
8
d) No reforço das parcerias e cooperação com os organismos do Sistema
das Nações Unidas e com a Sociedade Civil;
9
segunda fase, de carácter tutelar, tem origem nos Estados Unidos, no inicio do
séc. XX. (Mendez apud Pedreira, 2013, pp. 6/7)
10
produzidos através de diferentes áreas do conhecimento. A materialidade de
problemas de ordem social vivenciados pela infância e juventude levou e ainda
leva à produção de saberes, de leis e de intervenções médicas, jurídicas e
sociais que remontam o fim do Século XIX. A inter-relação entre o contexto
social e político de cada período histórico, a influência dos debates
internacionais com a produção de documentos, Declarações, Convenções e a
realidade da vulnerabilidade social das crianças e adolescentes impulsionou as
normativas e políticas nacionais nessa área. (Sartório, 2007, p. 25)
Philipe Ariés (1973), até o século XIX, a infância era a única etapa da vida que
se diferenciava da fase adulta, sendo exigido do indivíduo, tão logo deixasse de
ser criança – ou até mesmo antes disso –, posturas e responsabilidades
atribuídas a um adulto daquela comunidade. No mesmo sentido também
Larissa M. Santos (2008) escreveu, é com a Revolução Industrial e a
necessidade crescente de especialização de mão-de-obra que começa a
aparecer o que actualmente se nomeia como adolescência. Esse processo se
inicia quando o domínio das máquinas e do modo de produção exige
trabalhadores cada vez mais qualificados, cuja preparação deverá vir de um
período de formação que precede a iniciação no trabalho (Ariés; Santos apud
Alves et al., 2009, p. 70).
Surge assim segundo Jesus Palácios (1990), uma etapa intermediária entre a
infância e a fase adulta, tratada como um período de preparação para o
trabalho, em que o sujeito é visto como uma possibilidade de vir a ser capaz, e
por isso mesmo é alvo de investimentos. Desse modo, ele ainda precisa
desenvolver esse potencial para que possa figurar como um membro da
comunidade adulta. Em suma, a adolescência seria então um fenómeno típico
11
do século XX, facilitado pelo prolongamento da vida humana e pela
necessidade de uma formação cada vez mais longa para o trabalho (Palácios
apud Alves et al., idem)
12
paragens ou desvios desse mesmo crescimento”. (Strecht, 2005, p.
37)
Em contraponto a essa visão, Freire cit in Alves e outros (2009, p. 71) defende
que é na rebeldia, e não na resignação, que o adolescente se afirma face às
injustiças. A rebeldia é o ponto de partida para a denúncia da situação
desumanizante pela indignação, mas por si só não é suficiente. A mudança no
mundo implica, além da denúncia, o anúncio da superação. Ou seja, a rebeldia
deve ser vista como forma de ser no mundo que traz à tona as injustiças,
devendo ser utilizada para motivar a mudança. Caberia, assim, à sociedade
reconhecer no adolescente a capacidade de rebelar-se como forma de
resistência e como forma de querer o novo, a mudança, o que é extremamente
positivo e essencial para o desenvolvimento de sua autonomia como sujeito de
suas acções, e não como objecto.
Ainda citado por Alves et al. idem, Menandro aponta que são três os critérios
segundo os quais tradicionalmente se define a adolescência: o biológico, o
cronológico e o de padrão típico de adolescente. A autora defende, no entanto,
que tais factores são insuficientes para dar conta do fenómeno. A puberdade,
estritamente biológica, é tida muitas vezes como o factor maior para a
delimitação da adolescência. Contudo, tal critério de análise ignora os
processos de mudança psicossocial pelos quais o indivíduo passa durante
essa fase da vida.
13
1.5. O adolescente e a construção da mente criminosa
Vale aqui adiantar que, a análise da curva de idade dos infractores ajuda, por
exemplo, a compreender se há indicações de que a prática de delitos seja
determinada pela passagem a etapa da descoberta do mundo a volta do
indivíduo, que ocorre a partir dos 12 anos de idade.
14
afirmação social e a imaturidade podem levar o adolescente a comportamentos
desviantes e, por vezes, extremos (Baptista, apud Tavares, 2016, p. ).
15
pais; (viii) estatuto socioeconómico”. (Loeber e Dishion apud Carrillo, 2000, p.
277).
16
Do mesmo modo, a desestruturação da família emerge também em
decorrência da situação económica, sendo influenciador para marginalização
de crianças e adolescentes, pois, em “muitos desses casos originam-se da
busca de responder à satisfação das necessidades do grupo familiar, quando a
renda do chefe de família é insuficiente ou inexistente”. (AMARO, 2001, p. 152)
A influência que o tráfico exerce sobre estes indivíduos se perfaz também por
ser uma forma rápida e fácil de ganhar dinheiro, além de proporcionar a eles
um poder e um respeito sobre os demais moradores das comunidades.
19
consequências geradas pela infracção está voltada a
assegurar a vida e o património de quem foi lesado, através da
aplicação de medidas jurídicas em face do infractor. (Brandt e
Brandt, 2016, p. 8)
20
irá cessar com a promoção da inclusão social destes, que, segundo elas,
somente é possível por meio da escola e do emprego, que são as formas lícitas
de ascensão social. (Leite; Mendonça et al.; Luseni et al. apud Antunes e
Delgado, ob cit., p. 145)
21
pela família. Os pais vêm-se num conflito entre a necessidade de aplicação dos
bons princípios veiculados no seio familiar, por um lado; e a incapacidade de os
menores filtrarem as influências potencialmente perniciosas associadas à
utilização das tecnologias, como a televisão ou a Internet, por outro. Ora,
encontrando-se numa faixa etária em que a sua personalidade está em plena
formação e evolução, os jovens apresentam-se como especialmente
vulneráveis a estas influências. Assim, o exercício do poder paternal é ferido na
sua génese e o dever que os progenitores o poderiam exigir dos seus filhos
não é cumprido na íntegra. (Tavares, ob cit., p. 15).
22
cidadão, afrontando o princípio da dignidade da pessoa humana, fonte ética
dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição (Schreiber, 2001, p. 92).
a) A família
Wesley Tavares, advoga que “dadas as características específicas da família,
um dos seus objectivos centrais reside no aperfeiçoamento exigido quanto às
suas relações internas e externas, que se fortalecerão uma vez que estejam
sustentadas no amor, no afecto, no companheirismo e em actos que fortaleçam
emocionalmente os seus membros. De facto, é no âmbito familiar que as
crianças vêm os seus progenitores e responsáveis como entidades basilares
das suas vidas”.
23
formar uma identidade infanto-juvenil e uma personalidade equilibrada fortes,
favorecendo a estabilidade emocional, preparando-os para o desempenho, na
idade adulta, de papéis sociais que lhes serão exigidos e para contribuir para a
construção de uma sociedade menos dissemelhante e iníqua, embora as
condições económicas não favoreçam as melhores condições de subsistência
humana”. (Tavares, 2016, p. 14)
Bee, salienta que “a família pode ser destacada como responsável pelo
processo de socialização da criança, sendo que, por meio dessa, a criança
adquire comportamentos, habilidades e valores apropriados e desejáveis à sua
cultura.” Portanto, a ligação afectiva ou vinculação aos pais, a presença de
valores e a imposição de normas dentro do seio familiar influencia a não
adopção de comportamentos delinquentes. (Bee apud Maia e Williams, 2005,
p. 97).
24
b) A igreja
c) A escola
De acordo com Carlos Eduardo Barreiros Rebelo, a educação possibilita ao
indivíduo desenvolver as suas potencialidades e formar uma opinião crítica
acerca da sociedade em que vive, contribuindo na sua preparação para o
concorrido mercado de trabalho. No entanto, de nada adianta o acesso a
instituição escolar, se não houver um acesso de facto à educação.
25
vezes, na base da família e na falta de política e de apoio que fora
constitucionalizada para ser ofertada à família, pelo Estado e
Sociedade, e que não o é”.
26
Neste sentido, “basta o cometimento de qualquer acto infraccional para que a
sociedade clame pela adopção de medidas radicais e simplistas, colocando-se
a violência juvenil como o grande mal da violência existente na sociedade” para
Costa; Terra (2010, p. 270). Embora, a imposição do Estado deva permanecer
em face da sociedade a fim de garantir a ordem do país, muito deve se fazer
para prevenir a violência. Para Vecina (2006, p. 58), “Intervir requer vontade
política, dedicação e o compromisso com a acção social”.
27
os menores de dezoito anos, sendo que as sanções e medidas sócio –
educativas a estes cominadas estão dispostas no Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990), que em seu art. 2º, leciona: “considera – se criança o
indivíduo com até doze anos de idade e adolescente aquele entre doze e
dezoito anos”. Em alguns casos, excepcionais e previstos em lei, o ECA será
aplicável aos maiores de dezoito e menores de vinte e um anos, como no caso
previsto em seu artigo 121, parágrafo 5º, que trata da internação e diz: “A
liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade”. Tais medidas visam
restaurar a cidadania dos adolescentes em conflito com a lei a partir de ações
de cunho pedagógico.
28
atingirem a maioridade. É neste contexto de elevados índices de delinquência
juvenil, de ineficácia da aplicação da lei e da falta de medidas de proteção e
prevenção deste flagelo social, que surge a Lei nº9/96 de 19 de abril referente
ao Julgado de Menores.
Esta lei contempla na sua jurisdição normas que regulam o modo como as
crianças e os adolescentes que se encontrem em “situação de perigo social ou
de pré-delinquência” deverão ser acompanhados pelas autoridades policiais e
judiciárias, dada a sua fragilidade social, resultante não só do meio social
particularmente desfavorecido em que vivem, mas também da imaturidade
associada à sua faixa etária, que os impede de ser julgados nos tribunais
comuns. Assim, e de acordo com o Artigo 1º da Lei 9/96 de 19 de abril, “a Sala
do Julgado de Menores” é um “órgão jurisdicional de competência
especializada, integrado no Tribunal Provincial da Província”. Conforme o
Artigo 2º da Lei 9/96 de 19 de Abril, a finalidade deste órgão é “assegurar aos
menores sujeitos à sua jurisdição a protecção judiciária, a defesa dos seus
direitos e interesses e a protecção legal (...) mediante aplicação de medidas
tutelares de vigilância, assistência e educação”.
29
podem “exigir aos pais, tutores ou pessoas encarregadas da sua guarda os
esclarecimentos necessários” (Artigo 7º da Lei 9/96 de 19 de abril).
Diz o art. 127.º da LCA: “No exercício das suas funções, os juízes são
independentes e apenas devem obediência a lei.” E mais adiante acrescenta o
30
art. 129.º: “Os juízes não são responsáveis pelas decisões que proferem no
exercício das suas funções, salvo as restrições impostas por lei.”
31
especializada da Justiça. Os actos infracionais praticados pelos adolescentes,
muitas vezes ocorrem pelo meio social em que vivem. Isso ocorre não só pelas
dificuldades de sobrevivência por questões financeiras, mas também porque o
Estado deixa a desejar em investimentos na política social básica, ou seja, em
saúde, educação, assistência social, entre outros. Com isso, diante de
dificuldades, muitos se voltam para o mundo do crime.
A violência não pode ser solucionada pela punição, e sim pela ação nas áreas
psíquicas, sociais, morais, políticas e econômicas que são asseguradas tanto
nas medidas de proteção integral, quanto no Estatuto da Criança e do
Adolescente e na Lei do Sistema Nacional Socioeducativo. Por esse motivo, é
imprescindível garantir o tempo social de infância e adolescência, com escola
de qualidade, propiciando aos jovens condições para o exercício e a vivência
da cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a vida
em sociedade. Se o adolescente infraciona e cabe a ele uma medida
socioeducativa de privação de liberdade, que se configura entre as mais
32
rígidas, é dever do Estado assegurar os direitos que até então não lhes
haviam sido dados ou que não lhe causaram efeito.
Ao determinar qual medida deve ser cumprida pelo menor em conflito com a
lei, o juiz deve levar em conta a capacidade do menor para o cumprimento da
medida, as circunstâncias e a gravidade da infração (artigo 121, parágrafo 1º)
sendo a medida de internação sempre excepcional. Levar em conta a
capacidade não significa que o menor portador de doença mental não possa
sofrer medida socioeducativa. O ECA prevê expressamente no parágrafo 2º do
artigo 112 que os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental
receberão tratamento individual e especializado em local adequado às suas
condições.
Cada menor deve ser julgado de acordo com a sua individualidade, pois já
houve caso de adolescente acometido de doença mental que teve o
cumprimento da medida socioeducativa de internação admitida pelo STJ.
Durante a internação, o jovem deve exercer atividades pedagógicas, com fins
de escolarização e profissionalização. Também devem ser inseridas em suas
rotinas atividades culturais, esportivas e de lazer. Se a aplicação da medida de
restrição de liberdade não produzir a educação com a intenção de
humanização, acaba por tornar o adolescente em conflito com a lei em um
preso adulto com idade não correspondente. Em observância a sua natureza
pedagógica, todas medidas socioeducativas, da mais branda à mais rigorosa,
devem ser aplicadas e cumpridas com o estrito respeito às leis.
33
Em outra reportagem realizada pelo Portal de Noticias G1, foi relatada uma
manifestação por parte dos agentes socioeducativos, como forma de protesto
por melhores condições de trabalho e melhorias no quadro de superlotação das
unidades. Fato este que só resalta a ideia de despreparo dos agentes, de falta
de condição para o trabalho com os menores. (COSTA, 2014).
Encetar ou reatar o diálogo do menor com ele próprio, do menor com a família
e a comunidade e destas entre si e com o menor.
34
A ideia de que a socialização não deve tender à adaptação
pura e simples, mas ao contrário, a uma atitude emancipadora,
de responsabilidade e solidariedade.
35
CAPÍTULO II. MATERIAIS E MÉTODOS
3.3. Métodos
Método histórico:
Este método tem como premissa básica a crença na história como
ciência e disciplina capaz de explicar estruturas e acontecimentos,
notadamente os foros político-econômicos. O fenômeno histórico
36
proveria, neste sentido, um contexto para análise das organizações, ou
seja, os laços que amarram organizações e sociedades. (Goldman,
apud Faria 2006, p. 2).
Método analítico-sintético
“Este método constitui a tentativa de evidenciar relações existentes
entre o fenómeno estudado e outros factores. Segundo Marconi e
Lakatos (2003, p. 54), essas relações podem ser estabelecidas em
função das suas propriedades, relações de causas e efeitos”.
Método comparativo
O método comparativo é usado tanto para comparações de grupos no
presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, quanto
entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de
desenvolvimento. Marconi e Lakatos (2003, pp. 106/7).
Método estatístico
Segundo Rodrigues (2006, p. 20), Fundamenta-se na utilização de
teorias estatística das probabilidades. A manipulação estatística permitiu
comprovar as relações entre a classe dos indivíduos e os fenómenos
37
estudados. Com isto, foi possível obter generalizações sobre a natureza
do fenómeno “delinquência juvenil”, sua ocorrência e dados numéricos
aproximados a realidade. Foi também possível através deste método
correlacionar as conclusões e o caso estudado.
38
Os adolescentes entrevistados encontram-se na faixa etária de 12 a 17 anos,
sendo que foram nove meninos. Como característica do processo de
escolarização, observamos que apenas um não se encontra matriculado e os
Quanto ao ato infracional, dois dos menores praticaram roubo, dois furto,
dois por associação malfeitoras, dois por violação, tendo como tempo de
cumprimento de medida variando entre 9 e 18 meses. Outra característica
importante que esse grupo destaca é que apenas um dos menores (tpc-Filho
da Maria) cumpria por mais de uma vez a medida de internação, quatro
haviam passado pela medida de advertência antes de ser encaminhados a
esta medida e um não havia passado por nenhuma advertência.
3.4.2. Sujeitos
39
3 16 Zango O entrevistado fez parte de um gangue que comete vários crimes.
III Não se percebe se ainda faz parte do gang ou já não, pois umas
vezes fala no presente, outras no passado. No entanto, a conclusão
que se tira é que quer dar a entender que já não pratica esses atos,
quando tal não é verdade
4 13 Zango O entrevistado cresceu com os pais e foi vítima de maus-tratos.
III Saiu de casa e foi viver com um amigo. Afirma primeiramente
que já tem uma vida normal e que a vida de crime pertence ao
passado. No entanto, no decorrer da entrevista contradiz-se ao
afirmar que continua a praticar esses crimes
5 12 Zango O entrevistado saiu de casa dos pais, pois estes não trabalhavam
III e foi viver com os tios. Cresceu num ambiente de delinquência.
Afirma ter sofrido maus-tratos da tia, que o acusava de roubá-la e
lhe tentava incutir algumas regras. A designação de “maus-tratos”
é, portanto, discutível. Contradiz-se ao dizer que gosta da vida
que tem, mas afirma querer mudar, embora não aponte razões
para tal.
6 12 Zango Cresceu num internato, onde foi levado pela tia. Queixa-se de
III maus-tratos e de normas rígidas que se não fossem cumpridas,
seriam aplicados castigos. Gostaria de mudar de vida, classifica a
vida que leva como o “caminho do Diabo”
7 14 Zango Cresceu com os pais, agora vive sozinho. Queixa-se dos maustratos
III da polícia e afirma que gostaria de ter uma vida normal
(estudar e ter outra ocupação), o que só conseguirá se tiver um
emprego.
8 14 Zango Cresceu com os pais analfabetos e depois foi viver com a tia que
III o expulsou de casa aos 12 anos e que acusa de o maltratar. Afirma
que vive na miséria (em contentores), no meio de bandidos.
Nunca encontrou ajuda para sair daquela vida
9 17 Zango Cresceu com os pais e actualmente vive com a avó materna. Antes
III viveu com a madrasta, que o maltratou. Sonha em constituir a sua
própria família, mas questiona se acontecerá o mesmo aos seus
filhos, isto é, serem maltratados por uma madrasta. Gostaria de
aprender uma profissão e mudar de vida
40
3.7. População e Amostra
3.8. Variáveis
Idade
Sexo
41
Habilitações Literárias
22%
78%
42
sensacionalistas relacionadas ao público juvenil, principalmente no tocante a
atos em conflito.
Protecção Social
46%
Prevenção Criminal
54%
Findos:
43
Gráfico N-3: Distribuição de entrada de Casos de Prevenção Criminal e
Protecção Social, apresentado de Julho á Setembro de 2019
Protecção Social; 92
Prevenção Criminal ; 144
Findos:
44
Gráfico N-4: Distribuição de entrada de Casos de Prevenção Criminal e
Protecção Social, apresentado de Outubro á Dezembro de 2019
Prevenção Criminal
41%
Protecção Social
59%
Findos:
45
Gráfico N-4: Distribuição de entrada de Casos de Prevenção Criminal e
Protecção Social, apresentado de Janeiro á Fevereiro de 2020
Prevenção Criminal
24%
Protecção Social
76%
Findos:
46
Gráfico N-5: Distribuição de Crimes mais Frequentes ocorrido entre 2019
á 2020
Homicidio Inv.
10%
Violação Sexual
12% Roubo
41%
Associação de Malfeitores
26%
Furto
11%
No gráfico acima fez-se a menção estatística dos crimes mais frequentes, dos
quais constatou-se que (41,2%) São por roubos, (10,9%) Furto, (26,3%)
Associação de Malfeitores já no que refere a Violação Sexual ocorre de 8/9
crimes por semestre (12,0%) e por ultimo o Homicídio involuntário ocorre de
5/6 crimes por ano (9,6%).
47
CONCLUSÕES
48
Deste modo, podem ser criados projetos para ressocializar o adolescente que
esteve em conflito com a lei, a fim de continuar o processo de educação após o
cumprimento da medida socioeducativa e prepara-lo para o convívio esperado
do adolescente pela sociedade, qual seja, afastado da criminalidade. Em
confronto a isso, é necessário ainda combater o preconceito social, que
consiste em um dos obstáculos para que esses projetos sejam efetivados, uma
vez que ocorre a rotulação desses adolescentes e a comunidade, ao invés de
oportunizar condições para que ele não retorne ao mundo criminoso, o exclui,
sendo sua alternativa a de retornar ao cometimento de atos infracionais.
Portanto, há meios de minorar a criminalidade entre os jovens no país,
ensinando-lhes ofícios, esportes, atividades culturais, bem como os tratando de
forma inclusiva nas instituições sociais, como no ambiente escolar e no de
trabalho.
49
SUGESTÕES
50
esclarecimento à população em geral, promovendo o salutar crescimento dos
menores num ambiente familiar harmonioso.
Uma possibilidade que o contato com estes jovens ofereceu, e não poderia ter
sido desperdiçada, foi a de coletar sugestões que pudessem servir para o
aprimoramento da medida. Até porque, um dos objetivos deste trabalho é servir
de instrumento de análise para todos os profissionais envolvidos no processo
socioeducativo dos menores em conflito com a lei.
51
BIBLIOGRAFIA
52
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APÊNDICE
Imagem – Adolescente detido
Lei sobre o Julgado de Menores
ANEXO
FICHA PARA LEVANTAMENTO DE DADOS
DADOS PESSOAIS
Motivo do crime?_______________________________________________________
Qual foi a causa de você ter sido detido?____________________________________
É a primeira vez que isto acontece? Se não, em que outras situações?
Sentes arrependimento dos teus crimes cometido? Sim ( ) Não ( )