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DEDICATÓRIA.......................................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS..............................................................................................................iv
DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE.................................................................................v
RESUMO..................................................................................................................................vi
I.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................1
II.DELIMITAÇÃO....................................................................................................................2
III.CONTEXTUALIZAÇÃO.....................................................................................................2
IV.JUSTIFICATIVA.................................................................................................................3
V.PROBLEMÁTICA.................................................................................................................4
VI.HIPÓTESES.........................................................................................................................5
VII.OBJECTIVOS.....................................................................................................................5
a) Objectivo Geral..................................................................................................................5
b) Objectivos Específicos.......................................................................................................5
VIII.METODOLOGIA..............................................................................................................6
Capítulo I....................................................................................................................................7
Capitulo II................................................................................................................................18
i
2.2 Evolução Histórica dos Direitos Humanos.....................................................................20
Capitulo III...............................................................................................................................32
3.1 Mecanismos de proteção da criança contra a violação dos direitos humanos perpetrados
pelo trabalho infantil.............................................................................................................32
3.1.1Mecanismos Nacionais.............................................................................................35
3.1.2Mecanismos Internacionais.......................................................................................40
CONCLUSÃO.........................................................................................................................48
RECOMENDAÇÕES...........................................................................................................50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................51
APÊNDICE 1...........................................................................................................................54
ii
DEDICATÓRIA
“Pedro Januário e Flora Duarte, é a vocês que eu dedico a minha monografia.”
iii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar quero agradecer a “Deus” por permitir a celebração deste momento e por
ter-me dado força e inteligência nos momentos difíceis em que parecia que não ia conseguir
chegar a reta final nesta monografia.
Em segundo lugar agradecer ao meu pai “ Pedro Januário Atanásio” meu muito obrigado por
ter participado activamente nesta monografia, desde o momento que disse que escreveria
sobre este tema, discutiu comigo todos pontos da monografia e contribuiu com ideias que
mais tarde as materializei na escrita, sem deixar de falar do suporte em todo material que
precisei adquirir.
Em terceiro lugar agradecer a minha mãe “Flora Duarte” por ter-me apoiado a todo momento
e me incentivado a prosseguir a cada fraqueza e por nunca ter parado de orar por mim, sou
muito grata Dona Filo.
Em quarto lugar agradecer a Msc. Francisca Lade que desde o primeiro ano foi minha
professora favorita pela forma como leciona e transmite conhecimento, por ter aceitado ser
minha orientadora e por ter tirado o seu tempo e conhecimento para me apoiar na escrita da
monografia, muito obrigada.
Aos meus irmãos Donaldo e Manucho obrigada pelo apoio incondicional e sigam exemplo da
mana Gina.
Minhas amigas Yara Afo e Nicol Gonçalves, muito obrigada pelo apoio e suporte.
E não menos importante agradecer a Universidade São Tomás de Moçambique e todo seu
agregado de funcionários em especial o corpo de docentes por ter-me permitido aqui chegar,
muito obrigada.
iv
DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE
Eu, Agina Pedro Januário, declaro que este Trabalho de Fim do Curso (TFC), cujo tema
“Mecanismos de Procteção da Criança Contra o Trabalho Infantil, Para a Prevenção da
Violação dos Direitos Humanos” é resultado da minha pesquisa pessoal e independente, o seu
conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto,
nas notas de roda pé e na referência bibliográfica. Declaro ainda que este Trabalho de Fim do
Curso não foi aceite em nenhuma outra instituição para qualquer grau nem está a ser
apresentada para obtenção de um outro grau para além daquele a que diz respeito.
A Candidata
___________________________________
Eu, Francisca Lade, declaro que, tanto quanto me foi possível verificar, este Trabalho de
Fim do Curso é resultado da pesquisa pessoal e independente da candidata.
A Orientadora
____________________________________
v
RESUMO
Este estudo procura analisar os Mecanismos de Proteção da Criança Contra o Trabalho
Infantil Para a Prevenção da Violação dos Direitos Humanos. O presente trabalho está divido
em três (3) capítulos. No primeiro capítulo é abordado o trabalho infantil partindo do
conceito, a evolução do trabalho infantil no mundo e em Moçambique, ramos de trabalho
infantil, causas e consequências. O segundo capítulo aborda os Direitos Humanos versus
Direitos das Crianças, onde mostramos os conceitos de ambos, evolução histórica em
Moçambique e no mundo, suas características e princípios. Por fim, no terceiro capítulo, são
discutidos os mecanismos de proteção da criança contra o trabalho infantil e a violação dos
Direitos Humanos, a existência de mecanismos que protegem a criança da violação dos
Direitos Humanos pelo Trabalho Infantil e como estes estão sendo implementados na prática.
ABSTRACT
This study seeks to analyze the Child Protection Mechanisms against Child Labor for the
Prevention of Human Rights Violations. The present work is divided into three (3) chapters.
The first chapter addresses child labor based on the concept, its evolution in the world and in
Mozambique, branches of child labor, causes and consequences. The second chapter deals
with Human Rights versus Children's Rights, where we show the concepts of both, historical
evolution in Mozambique and in the world, their characteristics and principles. Finally, the
third chapter discusses the mechanisms for protecting children against child labor and the
violation of Human Rights, the existence of mechanisms that protect children from human
rights violation by Child Labor and how these are being implemented in practice.
vi
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
vii
I.INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade até a actualidade o mundo tem convivido com um problema social
designando Trabalho Infantil, este que se desenvolveu mesmo antes de Cristo, onde as
crianças eram chamadas a participar das actividades em conjunto com as suas famílias, pois
se tinha a ideia de que as mesmas poderiam ajudar no sustento familiar, e com a Revolução
Industrial o mesmo permaneceu devido ao aceleramento na produção pelos patronos, que
pretendiam produzir mais e gastar menos, e aí onde entra a mão-de-obra barata.
As actividades exercidas nas fábricas traziam consigo as suas consequências, dada a essa
situação desperta-se a necessidade de proteger as crianças, que se encontravam em constante
perigo não somente nas fábricas mas no seu todo, porém surge a ideia de criação de
mecanismos de regulação destas actividades e, de defesa dos direitos das crianças, pois
finalmente notou-se que as crianças careciam de cuidados específicos devido a sua
vulnerabilidade e fragilidade, daí em diante começou o movimento de abolição do trabalho
infantil.
Devido a sua importância o mesmo tem sido discutido com mais preponderância pelas
organizações internacionais, porém alguns doutrinadores alinham nesta causa, defendendo
que o trabalho infantil é um problema de Direitos Humanos, na medida em que, as
organizações internacionais como a OIT, UNCEF, ONU tem actuado a margem do Trabalho
Infantil, devido a existência de violações de Direitos Humanos que tem-se materializado
através do Trabalho Infantil, Direitos Humanos estes explícitos na Declaração Universal de
Direitos Humanos e na Convecção Sobre os Direitos das Crianças, não fugindo muito a este
pensamento, outros doutrinadores defendem que não é suficiente tipificar os tipos de práticas
consideradas como trabalho infantil, é preciso anexar junto a estas, as possíveis actividades
que são aceites a serem praticadas pelas crianças, pois, tipificar não clarifica as práticas
consideradas aceitáveis a serem desenvolvidas pelos menores.
Entende-se por Trabalho infantil o exercício de actividades realizadas pelos menores sem a
observância dos requisitos estabelecidos pela legislação nacional e internacional, que
implicam a violação dos direitos das crianças, requisitos estes que consubstanciam a
observância da idade mínima e o exercício de actividades que não irão prejudicar o menor,
caso contrário lidaremos com a exclusão da escolaridade, a colocação da vida e saúde do
menor em causa, visto que, as actividades exercidas pelos mesmos extrapolam a condição
humana da criança tendo-se em conta que este é um ser frágil que carece de procteção extra.
1
No presente trabalho trouxemos os ascpetos e conceitos básicos inerentes ao trabalho infantil
e a violação dos Direitos Humanos no âmbito destas actividades, descrevendo e demostrando
como este actua na esfera social, as causas a e suas consequências, formas de erradicação, e
como este aparece como fenómeno violador dos direitos da criança. Quanto a sua
organização a monografia encontra-se estruturada da seguinte forma: introdução, delimitação,
contextualização, justificativa, problema, hipóteses, objectivos, metodologia de pesquisa,
capítulo I, capítulo II, capítulo III, conclusão, recomendações, referências bibliografias e
apêndice.
II.DELIMITAÇÃO
O presente TFC enquadra-se na disciplina de Direito de Trabalho, apesar de contar com a
participação da cadeira de Direitos Humanos onde dela foram extraídas informações
complementares ao TFC, esta pesquisa se limitou a Cidade de Maputo e a análise de dados
teve em vista 5 anos a contar de 2015.
III.CONTEXTUALIZAÇÃO
O trabalho infantil consubstancia uma prática social que tem acompanhado o
desenvolvimento das sociedades, a mão-de-obra infantil participou activamente no processo
de desenvolvimento das sociedades antigas, as crianças trabalhavam com as suas famílias
onde estas eram inclusas no trabalho artesanal, carpintaria, marcenaria e guarda de rebanho,
existem relatos de que este fenómeno partiu antes mesmo de Cristo, que em determinadas
ocasiões as crianças eram obrigadas a trabalhar para os devedores dos seus pais.
Porém, com a revolução industrial a saga continuou, as crianças ainda eram objecto de
trabalho infantil, pois com a introdução da máquina a vapor a luta pelo desenvolvimento
continuou e as crianças foram fustigadas ainda mais pelo trabalho infantil, devido a procura
de mão-de-obra barata, e a sociedade usava a desculpa de que, incluir as crianças no trabalho
tende a diminuir a marginalidade das famílias pobres e, assim ajudavam na renda familiar,
porém esta escolha não foi a mais acertada porque não foram estabelecidos padrões de
emprego ao menor, e para tal não haviam normas na época que protegessem as crianças do
trabalho infantil, assim sendo não havia qualquer tipo de violação aos direitos das crianças.
As crianças eram submetidas a um trabalho escravo pois trabalhavam durante longas horas
sem intervalos e em condições insalubres, o que colocava em causa a saúde e a vida das
crianças, além destes factos a cima arrolados, as mesmas crianças sofriam graves acidentes
como, as amputações, dada a esta situação que se abrandava cada vez mais em 1919 foi
2
criada a OIT com objectivo de abolir esta situação de trabalho infantil, entendeu-se
finalmente que a criança possui direitos específicos HONNOR (2004).
O trabalho infantil abrange todo mundo partindo dos países mais pobres até os mais
desenvolvidos, se tornando uma situação de preocupação global, onde os Estados têm
cooperado através de firmações de convenções internacionais tipificando as práticas que são
consideradas como trabalho infantil, onde podemos falar da convecção sobre os direitos das
crianças, e consequentemente o estabelecimento de uma idade mínima para a admissão ao
emprego, que se encontra regulada na convenção n° 138 da Organização Internacional do
Trabalho sobre a idade mínima de admissão ao trabalho, porém, estas devem ser ratificadas
pelos Estados membros, e devendo introduzir no seu ordenamento interno a abolição do
Trabalho Infantil, constituindo assim uma prática ilegal.
O que move o trabalho infantil é a pobreza pois, as crianças são submetidas a estas práticas
com o intuito de aumentar o rendimento família, assim sendo o trabalho infantil é causado
principalmente pela pobreza.
Moçambique não foge a regra, na medida em que, o trabalho infantil se espalhou afectando
todas Províncias do País como se de um câncer se tratasse, porém, Moçambique ratificou as
convenções internacionais mencionadas a cima e consequentemente consagrou nas suas
normas internas mecanismos de erradição do trabalho infantil, apesar de existência de
mecanismo de abolição do trabalho infantil pode se verificar que, o mesmo ainda se faz sentir
em grande escala, pois, as sociedades moçambicanas contribuem para este fenómeno na
medida em que, o mesmo é visto como uma forma de rendimento e auxilio familiar.
IV.JUSTIFICATIVA
O que me levou a abordar este tema como pessoa, é facto de ter nascido e crescido dentro de
uma cultura e sociedade em que o trabalho da criança é visto como uma simples actividade
inofensiva exercida pelas crianças, na medida em que, se tem a convicção de que o trabalho
atribuído a criança tem como função educar e ensinar a mesma a tirar algum sustento da desta
actividade, porém, cresci observando esta prática de perto, não dotada ainda de
conhecimentos jurídicos sobre os factos que ali ocorriam, olhava para aquela realidade como
se de uma situação normal se trata-se.
O vivenciamento de várias violações dos direitos humanos das crianças, hoje sabidos por
mim, levaram-me a trazer esta questão a pesquisa, como forma de fazer perceber que algumas
3
das práticas sociais são vistas como um fenómeno normal do cotidiano por algumas
sociedades, e desconhecendo elas da procteção legal que incide sobre estas, um dos casos é o
trabalho infantil que na comunidade dos meus avós, bisavós é visto como um fenómeno
normal que contribui para o desenvolvimento daquelas famílias, o que não é verdade, porém,
olhando para esta questão academicamente pude notar a escassez de leccionamento sobre o
trabalho infantil a nível académico e de como este viola os direitos humanos da criança.
Nota-se que, não se da devida importância a esta matéria a nível académico, tanto que esta
questão é mais debatida a nível das instituições governamentais e internacionais, fazendo-se
sentir a ausência da academia em relação ao assunto, a academia não promove de forma mais
profunda as questões de trabalho infantil. Para limar este problema é preciso conscientizar a
sociedade académica sobre a questão do trabalho infantil com o objectivo de trazer um
impulsionamento a nível académico para dar lugar a uma abordagem com maior extensão
sobre o trabalho infantil e a violação dos direitos humanos da criança, isso que irá nos ajudar
a compreender em grande escala como se opera o trabalho infantil e a sua relação com os
direitos humanos, e no entanto, ajudar implementar os mecanismos de combate ao trabalho
infantil.
V.PROBLEMÁTICA
A legislação interna e internacional estabelece requisitos que carecem de ser observados ao
ingressar-se um menor ao trabalho, onde a idade consubstancia um requisito primordial junto
com as condições exigidas para o emprego do menor, note-se que, o direito a vida, saúde
educação e bem-estar são direitos constitucionalmente consagrados inerentes a criança, que
4
pressupõe que sejam movidos meios e condições necessárias para que a criança não veja estes
direitos violados, na medida em que, estes são tidos como direitos fundamentais e
reconhecidos como direitos humanos através da Declaração Universal de Direitos Humanos.
A Convenção sobre Direitos da Criança especifica no artigo 32 a procteção e o garante dos
direitos acima mencionados, porém, das varias formas de violação dos direitos humanos da
criança, o trabalho infantil é um dos mais expressos constituindo uma grave ameaça ao
menor, pois, verifica-se o ingresso do menor ao trabalho na maioria dos casos sem o
respeitado dos preceitos legais, que culminam na exposição do menor ao perigo devido a
classe de actividades exercidas pelo mesmo, colocando em causa o direito a vida, a ocupação
do menor a tempo inteiro extrapolando as cargas horárias em que o menor devia trabalhar
causa a exclusão da escolaridade, muitas vezes essas crianças são forçadas a trabalhar em
condições precárias e insalubres, colocando em causa o direito a saúde.
Neste sentido surge o seguinte problema: Quais mecanismos são criados pelo legislador na
proteção da Criança Contra o Trabalho Infantil, para que haja prevenção na violação dos
Direitos Humanos?
VI.HIPÓTESES
Hipótese positiva
O legislador cria mecanismos na proteção da criança contra o Trabalho Infantil como forma
de prevenção na violação dos Direitos Humanos.
Hipótese negativa
O legislador não cria mecanismos na proteção da criança contra o Trabalho Infantil como
forma de prevenção na violação dos Direitos Humanos.
VII.OBJECTIVOS
a) Objectivo Geral
Analisar se no Ordenamento Jurídico Moçambicano, existem mecanismos na
procteção da criança contra o Trabalho Infantil, para a prevenção na violação dos
Direitos Humanos;
b) Objectivos Específicos
Abordar a cerca do Trabalho Infantil;
Falar sobre os Direitos Humanos;
5
Falar sobre os Direitos Humanos da Criança;
Discutir sobre a violação dos direitos humanos no âmbito do Trabalho Infantil e seus
mecanismos de prevenção;
VIII.METODOLOGIA
Metodologia refere-se a um conjunto de regras procedimentais que ao serem seguidas dão
lugar a produção de conhecimentos científico ou expandem o conhecimento na aquela área,
porém, no âmbito jurídico, avança GILLES CISTAC (2013), que “a metodologia jurídica é o
estudo dos procedimentos e dos métodos que os juristas são conduzidos a praticar nas suas
actividades de pesquisa, de criação e de aplicação do direito e mais geralmente para
solucionar problemas jurídicos”. Entendesse-se por método como um meio usado para atingir
um determinado objectivo, assim sendo a metodologia visa a clarificação dos métodos usados
para materializar uma determinada pesquisa científica.
Para a monografia em causa os métodos usados foram, método bibliográfico que implica a
utilização de informações ou conhecimentos coletados por outras pessoas em pesquisas
anteriores e demostrados por diversas formas, como livros, revistas, documentos, relatórios,
leis, artigos, jornais, pesquisa na internet entre outros, método dedutivo consubstancia um
pesquisa que irá partir de um fenómeno geral para o particular, método qualitativo é aquele
que não busca números para compor um resultado efectivo, mas sim, a compreensão da
trajetória que levou ao problema de trabalho e por fim o método descritivo que implica
descrever o fenómeno a ser pesquisado. Porém, se necessário será usado a entrevista não
estruturada que pressupõe que, o entrevistador tenha liberdade para desenvolver cada situação
em qualquer direcção. Permite explorar mais amplamente uma questão.
6
Capítulo I
Quanto ao conceito de trabalho infantil o mesmo não se mostra unânime para aqueles que
trazem o seu conceito como veremos a seguir. Segundo a UNICEF (2015) o trabalho infantil
“é definido como o trabalho que priva as crianças da sua infância, seu potencial e sua
dignidade, e isso é prejudicial para o seu desenvolvimento físico e mental”1.
Segundo a OIT (2016), o trabalho infantil “é o emprego ou trabalho realizado por uma
criança com uma idade abaixo da idade legal mínima para admissão ao emprego estabelecida
por um País”2.
O conceito da OIT tem como base a convenção nº 138 da OIT que versa sobre a idade
mínima para a admissão ao emprego entretanto, podemos notar que os dois conceitos a cima
trazem consigo dois elementos que são: a criança e o trabalho, assim sendo podemos assumir
que os dois conceitos entram em concordância quando definem que o trabalho infantil é
aquele que é realizado por uma criança, e segundo a legislação nacional (Lei nº 7/2008, de 9
de Julho, Lei da Promoção e Protecção dos Direitos da Criança) e internacional (Convenção
sobre os Direitos das Crianças e a Carta Africana dos Direitos do Bem-Estar da Criança)
ratificada por Moçambique, criança é todo individuo com idade inferior a 18 anos. Portanto
deve ficar claro que nem todo trabalho prestado pelas crianças deve ser considerado como
trabalho infantil (ajudar a mãe com alguns trabalho de casa).
Segundo a UNCEF (2015) existem critérios que determinam se estamos ou não diante do
Trabalho infantil onde podem determinar: a idade da criança, tipo de trabalho realizado e
horas de trabalho.
1
UNICEF, Direitos das Crianças, Trabalho Infantil, Maputo,2015
2
www.ilo.org/lisbon/temas/WCMS_650871/lang--pt/index.htm( 10:05, 15 de Fevereiro de 2021)
7
1.2Evolução histórica do Trabalho Infantil
O trabalho infantil é uma realidade que surgiu na antiguidade e teve mão ativa no
desenvolvimento das antigas civilizações, neste sentido falar do trabalho infantil é falar de
um fenómeno que tem acompanhado o desenvolvimento da sociedade.
Há relatos que mesmo antes de Cristo as antigas civilizações (Egipto, Mesopotâmia, Grécia,
Roma, Japão e a antiga China) incluíam as crianças em suas actividades, estas semeavam e
colhiam, eram incluídas no trabalho artesanal, carpintaria, mercearia, guarda de rebanhos,
trabalhavam em minas e embarcações marítimas, e quando Israel foi escravizada pelo Egipto,
os Babilónios pelos Persas, Grécia pelos Romanos a situação das crianças avançou para um
estagio lastimável pois, as crianças que eram filhos de escravos eram submetidas a grandes
jornadas de trabalho sem intervalo, algumas meninas eram submetidas ao sacerdócio devido a
dificuldade financeira enfrentada pelas famílias pobres em Roma com apenas 6 anos, dentro
do templo eram responsáveis por todas actividades domesticas trabalhando em condição
escrava e se desobedecessem as regras do templo eram punidas com castigos, enquanto isso
os fenícios atraiam as crianças para os seus navios com uma proposta de emprego como
comerciantes para a posterior sequestrá-las e vende-las como escravas em lugares distantes da
li, na antiga China e no Japão as crianças dos camponeses eram obrigadas a trabalhar na
agricultura, pesca, fundação de bronze e no cultivo de arroz (FERREIRA, 2001)3
Após estes episódios a situação das crianças continuo a agravar-se na medida em que o tempo
foi passando, segundo NETO (2004) só a partir do seculo VI que a sociedade começou a
mostrar algum interesse por este fenómeno, mas a gota se deu no seculo XVIII com a
descoberta da máquina a vapor na Inglaterra, houve uma modificação radical no processo
produção que levou a extinção das corporações e deu início a industrialização, essa época foi
marcada pela inserção da criança nas fabricas onde estas trabalhavam comparativamente aos
adultos, por longas horas sem intervalo, em ambientes insalubres e perigosos, isso que
originava vários acidentes pós as crianças não estavam capacitadas para aquelas actividades
muito menos para trabalhar com as maquinas4.
A inserção das crianças nas fábricas teve como causa principal a ganancia extrema por lucros
e maior produção, e para agravar a situação não existiam normas a abrigar as crianças porque
na época vigorava o regime liberal clássico que defendia a não interferência do Estado na
3
FERREIRA, Eleonor Stange, Trabalho Infantil História e Evolução 1ª edição, Editora da Ulbra, Canoas, 2001;
4
NETO, Honor de Almeida, Trabalho Infantil 1ª edição, editora da Ulbra, porto Alegre (2004)
8
economia do mercado e se acreditava na autorregulação do mercado, neste sentido a
Inglaterra chegou ao extremo com a violação dos direitos das criança e em 1830, os operários
e a população começaram a se revoltar, pois, o estado continuava a abster-se de intervir nesta
questão (MORAIS e SILVA, 2009)5.
A Inglaterra foi um dos primeiros países a elaborar normas reguladoras das actividades
laborais, em 1802 foi criada a primeira legislação reguladora do trabalho designada Lei de
Peel em homenagem ao seu idealizador, a criação desta lei visava proteger a criança das
explorações capitalistas, esta lei veio limitar a jornada da criança ao trabalho para 12 horas
diárias e foi vedado o trabalho do menor das 21 as 6 horas. Em 1833 surgiu outra lei que
proibia o emprego de menores de 9 anos de idade nas fábricas e também limitou o trabalho
dos menores de 13 anos para 9 horas diárias e 12 horas para os menores de 18anos, e foi
proibido trabalho noturno. Mas tarde foi criada a OIT em 1919 onde o assunto começou a ser
discutido em escala mundial, esta organização visa regular as actividades trabalhistas em todo
mundo, estabelecendo princípios orientadores das relações laborais e trouxe consigo normas
que beneficiaram as crianças em geral (MORAIS e SILVA, 2009).
Dentro da OIT foram surgindo varias convenções em prol da proteção das crianças, como as
convenções nº 5 e 6, a primeira impedia o ingresso ao trabalho o menor de 14 anos de idade
nas indústrias públicas ou privadas enquanto a segunda impedia que menores de 18 anos
pudessem ingressar ao trabalho noturno, mais adiante surgiram duas convenções que
marcaram a luta pela proteção da criança contra o trabalho infantil, a convenção nº 138, de
1973 e a convenção nº 182 de 1999, onde a primeira versa sobre o estabelecimento da idade
mínima para o ingresso ao trabalho, desta vez houve um consenso entre os países membros,
estabelecia no artigo 1 a abolição dos trabalho infantil nos países que a ratificassem e definia
que a idade mínima não será a idade inferior a idade de escolaridade obrigatória e que os
trabalhos perigosos não podem ser executados por menores de 18 anos, enquanto isso a
convenção 182 versa sobre a eliminação das piores formas de trabalho infantil mantendo o
que estabelecia a anterior e acrescentando que os Estados que ratificaram deveriam eliminar
qualquer forma de trabalho escravo, servidão por dívida, trabalho forçado, trabalhos que
prejudiquem a saúde, moral e segurança6.
5
MORAIS e SILVA. (2009) Trabalho Infantil: aspectos sociais, históricos e legais editora: olhares plurais,
Brasil;
6
NETO, Honor de Almeida, Trabalho Infantil 1ª edição, editora da Ulbra, porto Alegre (2004)
9
Só para termos a noção da extensão do trabalho infantil no mundo estima a OIT (2019) que
218 milhões de crianças entre os cinco e 17 anos estão empregadas, e revela que quase
metade do trabalho infantil (72,1 milhões), regista-se em África. A seguir estão as regiões da
Ásia, Pacífico e das Américas. Este é o percurso do trabalho infantil no mundo que apesar
dos esforços dispensados pelas organizações e os Estados ainda se faz sentir principalmente
nos países pobres e em via de desenvolvimento7.
Segundo FRANCISCO e PAULO citos pelo MITESS (2016) entre 1975 a 1979 Moçambique
foi marcado pela retirada massiva de cidadãos de origem portuguesa, estes que eram
proprietários de unidades fabris, comerciais e profissionais qualificados, tornando assim
moçambique um país independente, que adotou o sistema politico socialista onde o Estado
era o único que intervia na economia, e tornou-se a principal fonte de emprego na época, e
ainda não havia uma preocupação em regular-se o trabalho prestado pelas crianças8.
Entretanto 1990 foi marcado por uma transição constitucional e 2004 por uma revisão
constitucional que visava a introdução de novas politicas liberais previstas nestas
constituições, ouve a introdução de novos preceitos, abrindo-se espaço para a saída do Estado
Socialista para o Estado Democrático de Direito, consequentemente houve a introdução da
separação de poderes, a introdução do multipartidarismo que resultou nas primeiras eleições
multipartidárias em Moçambique, alem disto foi introduzido o direito a iniciativa privada e
com isto o Estado e as emprestas estatais deixaram de ser as únicas fontes de emprego, com
os privados a atuarem na economia em Moçambique os casos de trabalho infantil começaram
a crescer rapidamente, entretanto, a partir da década de 90 Moçambique começou a ratificar
uma serie de instrumentos internacionais e adotou instrumentos nacionais com o objectivo de
salvaguardar os direitos das crianças, no que toca ao trabalho infantil foram ratificadas a
7
Https://news.un.org/pt/story/2019/06/1675931 (10/03/2021 as 22:08)
8
MITESS, Estudo Qualitativo Sobre o Fenómeno do Trabalho Infantil e o seu Impacto em Moçambique,
Maputo (2016)
10
convenção nº 132 e 182 da OIT que versam especificamente sobre o trabalho infantil
(MITESS,2016)9.
Além dos instrumentos citos acima foram ratificados mais instrumentos internacionais e
regionais com matéria que versa sobre os direitos das crianças, estamos aqui a falar da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declaração dos Direitos das Crianças,
Convenção Sobre os Direitos das Crianças e a Declaração sobre os Direitos e Bem-Estar da
Criança Africana. Moçambique internamente criou instrumentos com o objectivo de
salvaguardar os direitos das crianças e erradicar o trabalho infantil nos encontramos aqui a
falar das políticas (Plano de Acção Nacional Para o Combate as Piores Formas de Trabalho
Infantil Em Moçambique), estratégias, e leis (Lei do Trabalho), apesar dos esforços
dispensados por Moçambique no combate ao trabalho infantil este ainda se faz sentir em
grande escala.
9
MITESS, Estudo Qualitativo Sobre o Fenómeno do Trabalho Infantil e o seu Impacto em Moçambique,
Maputo (2016)
10
SOCIEDADE CIVIL. (2015) Protecção da Criança Contra o Trabalho Infantil. Maputo
11
a) Trabalho Infantil Doméstico: se considera trabalho infantil doméstico aquele que é
realizado por uma criança fora da sua casa, ou seja, o trabalho realizado em casa de
outrem, impondo-se a criança uma serie de actividades que culminam com a privação
ou limitações dos seus direitos humanos fundamentais, muitas vezes as crianças são
aliciadas a executar este trabalho em troca de um salário minúsculo ou uma promessa
de roupa, alimentação ou mesmo escola. Neste ramo a criança é submetida a várias
actividades domesticas e inclusive ser babá (cuidar de uma outra criança), este
trabalho na maioria das vezes é realizado por meninas em vez de meninos. Importa
salientar que a quem entende que mesmo dentro de casa podemos ter o trabalho
infantil desde que incida sobre a criança uma certa responsabilidade de se realizar tais
actividades.
b) Trabalho Infantil na Silvicultura e Agricultura: Podemos ter o trabalho infantil na
agricultura e silvicultura quando se ingressa a criança a trabalhar nas machambas e
prestando serviços pesados, onde a criança é imposta a limpar a machamba, plantar,
colher, sujeita a entrar em contacto com agro -tóxicos e objectos corantes como
catana, machado enxadas, que colocam em causa a vida e a saúde do menor alem de
priva-la dos seus direitos. Além destes podemos também falar da pastorícia exercida
pelos menores onde os mesmos são tidos como guardas dos vários animais, que os
ocupa a todo momento.
c) Trabalho Infantil na Indústria Extrativa e Transformadora: Podemos nos deparar com
o trabalho infantil na indústria extrativa quando temos a mão-de-obra infantil no
processo de extração de recursos naturais, como nas mineradoras, onde para haver
extração dos recursos naturais é preciso um grande esforço físico e muitas vezes estes
se encontram no subsolo, e no processo da sua extração pode haver desmoronamento,
esta actividade é considerada perigosa e coloca em perigo os menores. No mesmo
sentido podemos nos deparar com a mão-de-obra infantil na indústria transformadora,
estamos a falar do ingresso do menor nas fábricas que também constitui perigo para as
mesmas.
d) Trabalho Infantil na Pesca e Caça: podemos também encontrar a mão-de-obra infantil
na pesca e na caça, sendo que na primeira a criança é submetida a participar das
actividades pesqueiras principalmente se for a pesca artesanal que é feita pela mão-de-
obra familiar, o mesmo se pode falar da caça, estas actividades requerem o uso de
determinados objectos específicos para tal exercício, além dos objectos de caça e
12
pesca a criança é exposta a ambientes perigosos, como o mar, rio ou na floresta para o
caso da caça.
e) Trabalho Infantil no Comércio: temos a mão-de-obra infantil na área comercial, onde
a criança exerce actividades comerciais, esta é mais visível nas grandes cidades onde
é possível ver crianças a trabalharem nas ruas como comerciantes, que são
comumente chamados de vendedores ambulantes, que comercializam uma variedade
de produtos nas ruas e inclusive são lavadores de para-brisas nos semáforos. Nesta
situação a criança fica exposta a várias situações de risco e perigosas, entre eles o
atropelamento, assédio entre outras situações degradantes.
f) Trabalho Infantil na Construção Civil: a construção civil é uma área que requer muita
vezes o uso de força física para a sua materialização, neste sentido vamos pensar
numa criança a trabalhar nesta área, requer que seja dispensado muito esforço físico
pela mesma, que culminará com o desgaste da sua saúde, pois haverá interferência no
seu desenvolvimento físico além de estar esta exposta a ambientes incompatíveis com
a sua idade, nesta área a criança é colocada a desenvolver actividades de ajudante de
pedreiro, descarrega grandes quantidades de cimento e outros materiais da obra,
participa no processo de demolição, reforma e restauração.
g) Trabalho Infantil Sexual: Podemos nos deparar com o trabalho sexual infantil quando
temos crianças impostas ou forçadas por qualquer circunstância quer ela vinda de um
adulto quer ela vinda da sua própria convicção é obrigada a prestar serviços sexuais
aos adultos, este tipo de actividade interfere directamente no desenvolvimento da
sexualidade, no psicológico e na moralidade, este tipo de prática causa ao menor
danos irreversíveis.
Só para termos nação da percentagem do trabalho infantil por ramos vamos apreciar o gráfico
a baixo em que se encontra explícito em quais ramos temos mais incidência do Trabalho
Infantil.
13
Gráfico 1: Distribuição percentual do trabalho infantil por áreas (ramos) de actividade
Fonte: MITESS (2016;63)
Ao falar dos ramos de trabalho infantil não podemos deixar de falar do Trabalho Infantil
Perigoso ou das piores formas de trabalho infantil que tem consagração na convenção nº 182
da OIT sobre as piores formas de trabalho infantil e o decreto nº 68/2017 de 1 de Dezembro
que aprova a lista das actividades consideradas como trabalhos perigosos para as crianças.
Vamos falar de forma não muito detalhada sobre este decreto, o artigo 3 deste decreto
penaliza com multa de 5 a 10 salários mínimos dependo do sector a aquele que for a praticar
os actos constantes da lista, desde já fazer referencia a algumas actividades que são
consideradas perigosas, como a escravidão ou praticas análogas a mesma, servidão por
divida, trabalho forçado, compulsivo, recrutamento de crianças para conflitos armados, uso
de crianças para produção de material pornográfico, produção e colheita de drogas e qualquer
actividade que coloque em causa o direito a vida, saúde, desenvolvimento físico ou moral
(artigo 2 do decreto nº 68/2017 de 1 de Dezembro).
a) Pobreza Como Causa Primária (Causas Económicas): dos vários estudos que têm sido
feitos conclui-se que a pobreza constitui uma das principais causa de trabalho infantil,
sendo os próprios pais que ingressam as crianças nestas actividades, com o intuito das
mesmas tornar-se parte intrigante do processo de geração de renda familiar, em
Moçambique este fenómeno não se distingue, pois, ficou comprovado que as razões
que levam os pais a ingressarem suas crianças para o mercado de trabalho é o baixo
rendimento familiar, estas criança exercem actividades como pequenos comerciantes,
ou mesmo como trabalhadores domésticos. Neste âmbito os mesmos estudos apontam
que os países com alto desenvolvimento têm tido redução do trabalho infantil
(MITESS, 2016).
b) Êxodo Rural (do campo para cidade): o êxodo rural é marcado pela migração de
pessoas ou famílias das zonas rurais para as zonas urbanas, com a convicção de
melhores oportunidades de vida que muitas vezes são inexistentes, e
14
consequentemente são obrigados a trabalhar nas ruas, uma vez que se deparam com a
falta de mantimentos para a sua sobrevivência, alojamento, roupa entre outras
necessidades, este fenómeno acaba de igual forma por afectar as crianças que são
conduzidas a trabalhar nas ruas e muitas vezes são susceptível de violações e
inclusive submetidas a trabalhos ilegais e ilícitos, como roubos, trafico de droga e
prostituição infantil, as crianças que são migrantes vivem em condições precárias,
inadequadas, e insalubres devido a este fenómeno (MITESS, 2016).
c) Causas Sócio-Culturais: a cultura é uns dos factores que contribui para o trabalho
infantil pois ela é constituída de alguns valores negativos que influência na existência
e permanência deste fenómeno, pois entende-se que a criança deve trabalhar e
contribuir para a renda familiar, pois, só assim o mesma estará preparada para a fase
adulta, sendo uma prática cultural esta passa a ser vista como uma situação normal de
cada dia, no entanto, é compressível que a criança deve prestar algumas actividades
mas quando estas actividades conduzem a exploração da mão-de-obra infantil deve se
reavaliar este conceito. Outro facto a ter em consideração e de que nas zonas rurais há
pouca informação sobre este fenómeno e colonização tradicional dos cidadãos
chegando a entender que o trabalho é mais importante que a escola (MITESS, 2016).
15
do tipo de actividade em exercício sofrer amputações, fracturas, queimaduras,
acidentes com animais entre outros (MITESS, 2016).
b) Aspectos Psicológicos: As agressões que a criança sofre em torno do trabalho infantil
podem causar distúrbios psíquicos as crianças, principalmente o trabalho infantil de
tráfico de drogas e sexual, que são considerados as piores formas de trabalho infantil,
trazendo para criança uma grande carga negativa no desenvolvimento psicológico e
na autoestima da mesma produzindo nelas danos de difícil reparação (MITESS,
2016).
c) Aspectos Educacionais: ficou constatado que as crianças e os adolescentes que se
encontram no mercado de trabalho no geral apresentam pouco rendimento escolar que
culmina com o abandono da escolar, este facto tem causa de ser o cansaço carregado
pelas crianças devido o trabalho que as mesmas prestam, ainda neste contexto existem
crianças empregues que trabalham a todo momento e são negadas o direito a educação
ou são tiradas dos seus lares com a convicção de que irão estudar, mas o empregador
não cumpre com as suas promessas, deste modo as mesmas têm grande dificuldade na
assimilação da matéria para desenvolver as suas habilidades e competência. Estudos
concluem que quanto mais a criança trabalhar menor será o seu rendimento escolar,
este fenómeno contribui para a desassimilação da criança e dificultará o ingresso do
mesmo no mercado de trabalho no futuro (MITESS, 2016).
d) Aspectos Socio-Económicos: no especto socio-económico temos como consequências
do trabalho infantil, atraso no crescimento das futuras gerações, população adulta
desempregada, depreciação dos salários, aumento da desigualdade económica, as
crianças nestas condições ganham muito menos do que os adultos, crianças
trabalhadoras tornam os custos de produção menos onerosos, as crianças tem menos
chances de se rebelarem e exigir seus direitos (MITESS, 2016).
16
17
Capitulo II
Em outra vertente defende CASTILHO (2012) que, os Direitos Humanos são compostos por
uma serie de direitos que tem como objectivo central o respeito pela dignidade da pessoa
humana, que pertencem a todos seres humanos sem nenhum tipo de descriminação12.
No meu ponto de vista os Direitos Humanos são direitos essenciais que servem de garantia
fundamental e universal que visa proteger os indivíduos e grupos sociais contra as diversas
ações ou omissões que atentam contra a dignidade da pessoa humana, estando estas
consagradas no instrumento internacional e reconhecidas pelo direito internacional.
Finda a conceitualização de Direitos Humanos devemos deixar claro a diferença entre este e
os direitos fundamentais pois são confundidos frequentemente, começaremos com a definição
de direitos fundamentais e a posterior a distinção, segundo GOUVEIA (2015) “ os direitos
fundamentais são posições jurídicas activas das pessoas integradas no Estado-Sociedade,
exercidas por contraposição ao Estado-poder, positivadas na Constituição”13.
Numa segunda vertente MIRANDA citado por OLIVEIRA, GOMES e SANTOS (2015)
defende que são direitos fundamentais ‘‘ os direitos ou posições jurídicas subjetivas das
pessoas enquanto tais, individual ou institucionalmente consideradas, assentes na
Constituição”14.
Partindo do conceito dos autores citos acima podemos notar que os direitos fundamentais são
direitos básicos que se encontram positivados na Constituição de um Estado que colocam o
individuo em posição de vantagem face ao Estado dentro do Estado-Sociedade. Segundo
GOUVEIA (2015) os direitos fundamentais se cruzam com os Direitos Humanos na medida
11
FILHO, Napoleão Casado, Direitos Humanos Fundamentais, editora Saraiva, São Paulo, 2012
12
CASTILHO, Ricardo, Direitos Humanos 2ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2012
13
GOUVEIA, Jorge Bacelar, Direito Constitucional de Moçambique, 1ª edição, editora Instituto de Língua
Portuguesa, Lisboa, 2015
14
OLIVEIRA, Bárbara, GOMES, Carla, SANTOS, Rita, Os Direitos Fundamentais em Timor-Leste, 1ª edição,
Coimbra Editora, Coimbra, 2015
18
em que, foram replicados pelo Direito Internacional público e positivados em um instrumento
internacional (DUDH), demostrando que a diferença existente entre ambos é que um é de
aplicação interna limitando-se a um Estado-Sociedade e outros é de aplicação internacional
sendo aplicado a todo o universo Humano15.
Importa-nos ainda falar sobre as características dos Direitos Humanos, segundo a doutrina em
geral são caraterísticas dos Direitos Humanos: Historicidade, universalidade,
inalienabilidade, imprescritibilidade e irrenunciabilidade.
19
d) Imprescritibilidade: devido a ligação directa que o Direitos Humanos tem com a
dignidade da pessoa humana, entende-se que estes são imprescritíveis ou seja, não
tem um prazo de validade, não deixam de ser exigíveis com o decorrer do tempo.
e) Irrenunciabilidade: os direitos Humanos não são suscitável de renúncia, na medida
em que não pode o titular renunciar os direitos fundamentais no sentido de renega-los.
Segundo FILHO (2012) por volta de 1800 a.C. foi criada a primeira Lei escrita conhecida por
Código de Hamurábi também designada Lei do Talião que carregava consigo alguns valores
que hoje são protegidos como Direitos Humanos, entretanto, a Grécia também contribuiu
para o surgimento dos Direitos Humanos, nos anos 400 a.C. se discutia na Grécia a liberdade
entre os homens e a existência de um direito que era superior as normas escritas era então o
direito natural, na mesma época Aristóteles intervém com a sua obra Ética a Nicómaco, este
que já trazia o conceito de justo por lei e justo por natureza, mais adiante surgiu Platão com a
teoria da república que trazia consigo conceitos estruturantes de uma sociedade e foi neste
sentido que foi desenvolvida a teoria da justiça posto isso, surgiu a democracia onde qualquer
cidadão poderia governar a polis desde que fosse escolhido pela maioria, entretanto, as
mulheres, os escravos e os estrangeiros não eram considerados cidadãos e viviam a margem
da sociedade não tendo legitimidade para a vida politica, mais tarde surgiu a Lei das XII
Tabuas, lei esta originada da revolta dos Plebeus em 494 a.C. que revindicavam mas clareza
as leis que estavam submetidos sendo que estas carregavam punições severas para os que as
violassem, entretanto, os cidadãos só eram julgados por crimes previstos fazendo valer o
17
CASTILHO, Ricardo, Direitos Humanos 2ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2012
20
principio “nullum crimen, nulla poena, sine praevia lege poenela” 18 para fechar estes marcos
tivemos as revoluções burguesas e as ideais liberais, surgindo deste modo no seculo XV a
figura de Estado moderno e com ele a do monarca absoluto onde estes tinham poder absoluto
sobre os súditos prestando contas apenas a Deus, e para explicar o Estado surgiu a obra
Leviatã de Thomas Hobbes.
Como é sabido antigamente os reis concentravam todo o poder em suas mãos, assim sendo,
não havia espaço para recusa do que ele decretavam sob pena de sofrer penalizações severas,
deste modo a primeira geração20 tem como objectivo central limitar o poder do Estado como
forma de garantir as liberdades civis e politicas, esta começa com a revolução Gloriosa na
Inglaterra no inicio dos anos 1600 onde houveram mudanças de âmbito politico conforme a
cada reinado, até se chegou a impor uma governação sem o parlamento invocando-se a lei
divina violando assim o que estabelecia a carta Magna de 1215 que foi um marco muito
importante para o estabelecimento dos direitos humanos peso embora restrita apenas a uma
determinada parte daquela sociedade naquela época, posto isso, em 1689 foi estabelecida a
Declaração de Direitos (Bill of rights of 1689), que permitia o parlamento controlar de
diversas formas os poderes do monarca, se tornando assim a primeira declaração moderna
limitadora dos poderes do soberano pela vontade do povo representado pelo parlamento,
neste sentido o estado começava a conhecer limites. Num segundo momento teve a revolução
Americana de 1776, que deu lugar a independência dos Estados Unidos e com ela veio a
Declaração da independência Norte Americana que foi divulgada em 12 de Julho de 1776,
tendo essa sido escrita por Thomas Jefferson, esta trazia conteúdos inerentes aos direitos
fundamentais, estava de forma expressa nesta declaração o principio da liberdade e igualdade
entre os homens ficando assente que estes direitos tem como origem a Lei Natural, alem da
igualdade e liberdade esta estabelecia que o poder deve estar sob alçada do povo ou seja, só o
povo teria poder de colocar ou retirar alguém do poder, importa ainda neste contexto falar da
primeira constituição do mundo que é Constituição Americana que teve como inspiração a
Carta Magna de 1215 estando presente nela a limitação do poder do Estado e a declaração
dos direitos humanos para a pessoa humana, a constituição americana praticamente fundou o
18
Princípio em latim que significa não há crime, não há pena sem que haja uma lei que antes preveja
19
FILHO, Napoleão Casado, Direitos Humanos Fundamentais, editora Saraiva, São Paulo, 2012
20
CASTILHO, Ricardo, Direitos Humanos 2ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2012
21
constitucionalismo moderno. Por volta do seculo XVIII na França o Estado era divido em três
classes, a classe que era composta pelo alto Clero que não paga nenhum imposto, a classe dos
nobres que detinha privilégios intocáveis e viviam junto ao rei e não pagavam nenhum tipo
de tributo a terceira classe que era composto pelos Burgueses e camponeses que pagam
impostos altíssimos deste modo sustentavam as demais classes, porém, devido a má gerência
dos recursos o estado se viu numa crise económicas, deste modo o rei resolveu reunir-se com
as classes com o intuído de tentar solucionar o problema, entre tanto, os membros da terceira
classe pediram ao rei que esta reunião fosse feita em conjunto com as demais classes, mas o
rei se recusou, deste modo a terceira classe se rebelou e em 14 de julho de 1789 derrubou o
símbolo do poder real “ a prisão de Bastilha, foi neste âmbito que em 26 de agosto foi
aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que na época foi considerado
um verdadeiro Código dos Direitos Humanos, estevão previstos nesta declaração o principio
da legalidade, liberdade entre outros. Passada a geração anterior nos deparamos com a
segunda geração21 (igualdade), esta que teve inicio com a invenção da maquina a vapor ou
seja, a revolução industrial onde os trabalhadores trabalhavam em condições deploráveis,
chegando a trabalhar até 80 horas por semana e em situações pouco saudáveis, neste sentido a
classe dos trabalhadores convocou uma serie de revindicações na metade do seculo XIX,
estas que tinham como objectivo exigir melhores condições de trabalho, estavam em busca da
igualdade de tratamento entre os trabalhadores industriais e os demais. Os direitos de
igualdade sugeriram em detrimento dos da liberdade, onde se chegou a conclusão de que não
basta termos a liberdade mas também era necessário a igualdade, neste sentido o Estado devia
deixar o seu papel passivo como sucedia na primeira geração e participar de forma activa
com o intuído de garantir a igualdade, foi neste âmbito que nasceram também a liberdade de
greve e liberdade de sindicalização, esta geração teve três marcos históricos, a Constituição
Mexicana de 1917 que resultou da Revolução Mexicana que perdurou por varias décadas, foi
uma constituição moderna que trazia consigo diversos direitos fundamentais como o direito
ao trabalho, a imprensa, proibição da escravidão entre outros. Revolução Russa de 1917 esta
que teve inicio com a revolta da classe dos operários que se sentiam injustiçados porque
trabalhavam de forma exaustiva e pouco ganhavam, alem disso cobriam as despesas das
outras classes, em 1917 a população saiu as ruas e proclamou o conselho do governo
chamado comissariado, e mais adiante 17 de Janeiro de 1918 foi promulgada a primeira
constituição Soviética que acabava com a propriedade privada e determinava a intervenção
do Estado em todas as tarefas, e por fim tivemos a constituição de Weimar de 1919, que
21
CASTILHO, Ricardo, Direitos Humanos 2ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2012
22
resultou da reunião da Assembleia constituinte esta que estabelecia garantias socias como o
direito a sindicalização, a repartição de terras entre outros, esta constituição serviu de
inspiração para muitas constituições arredor do mundo. Importa também neste âmbito falar
de segunda guerra mundial onde houveram grandes massacres, perdas humanas e nenhum
respeito pelos direitos humanos onde as pessoas eram perseguidas pela sua etnia, foi diante
destes desrespeitos pelo homem que foi criada a Declaração dos Direito Humanos pela ONU
em 1948 com o intuído de salvaguardar os direitos humanos. Mais adiante surgiu um outro
direito que é o direito a fraternidade compondo assim a terceira geração,22 o direito a
fraternidade ou a solidariedade é tido como um direito difuso sem um titular em especifico
pertencendo a coletividade, este que surgiu em detrimento da tomada de consciência de que
determinados actos praticados pelo homem acabam afectando os demais, o caso mais
concreto é o ambiente, sendo ainda o direito a fraternidade composto pelo direito a paz, ao
desenvolvimento, ao património, a outo determinação dos povos e a comunicação, o direito a
fraternidade pode ser encontrado em vários instrumentos legais, como a Carta Africana dos
Direitos do Homem e povos (1981) e a Carta de Paris para uma nova Europa (1990).
Terminado o histórico geral sobre o surgimento dos Direitos Humanos prosseguiremos com a
evolução histórica dos mesmo direitos em moçambique.
23
violavam de forma grosseira os Direitos Humanos que haviam sido consagrados na
Constituição de 1975, e para completar as violações dos Direitos Humanos em Moçambique
foi criada a Lei do chicoteamento, onde eram condenados até a 90 chicotadas em público os
cidadãos que cometessem crimes económicos, foi então a lei 5/1983, (NHAULEQUE,
2019)24. A situação cita a cima veio a mudar com a Constituição de 1990 esta que rejeitava
completamente os conceitos da anterior e das respectivas leis violadoras de Direitos
Humanos, dando lugar um novo sistema em Moçambique, a constituição de 1990 contribuiu
de forma significativa para maior expansão dos Direitos Humanos em Moçambique pois
houveram mudanças profundas no que toca aos direitos humanos, estamos aqui a falar da
mudança de um sistema politico para outro, abandonamos o Estado Socialista para
democrático, adicionando o multipartidarismos no país, também foram reforçadas as
garantidas dos direitos fundamentais tendo como pilar a consagração da continuidade da
soberania do povo, onde este actua de acordo com a constituição, a justiça social, o respeito
pelos direito humanos, igualdade entre os cidadãos entre outros, neste mesmo sentido
Moçambique começou a aderir uma serie de instrumentos legais internacionais e regionais
que visavam promover e proteger os Direitos Humanos, estavam estabelecidas as raízes dos
direitos Humanos em Moçambique.
Em 2004 tivemos uma revisão Constitucional que deu lugar a Constituição de 2004, esta que
veio reafirmar o seu compromisso com a promoção e proteção dos direitos humanos em
Moçambique, onde foram introduzidos alguns direitos fundamentais que não constavam da
constituição de 1990 destacamos o reconhecimento do pluralismos jurídico, as autoridades
tradicionais, os direitos da terceira idade, o direito a infância, juventude entre outros.
Em 2018 tivemos mais uma revisão constitucional que teve como razão de ser o acordo
celebrado entre o falecido Presidente da Renamo ‘‘Afonso Dhlakama e Flipe Jacinto Nyusi’
’então actual Presidente da República com o intuito de introduzir a descentralização politica,
não havendo assim muitas mexidas constitucionais.
24
1966, Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Descriminação Racial de 1966,
Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais de 1966, Convenção Sobre
os Direitos da Criança de 1989, Carta Africana Sobre os Direitos do Homem e dos Povos de
1986 entre outros, importa salientar que estes instrumentos acima mencionados foram
ratificados e deram entrada no ordenamento jurídico através artigo 18 da Constituição da
Republica e detém da mesma força que as normas infraconstitucionais. Além dos
instrumentos legais aqui mencionados temos em moçambique instituições que visam a
protecção dos Direitos Humanos como os tribunais, provedor de justiça e em específico a
Comissão Nacional dos Direitos Humanos.
Por sua vez o artigo primeiro da Convenção sobre os Direitos das Crianças, ratificada por
Moçambique através da resolução nº19/90, de 23 de Outubro estatue que “ para todos os
efeitos da presente convenção considera-se criança todo o ser humano menor de 18 anos,
salvo se, nos termos da Lei que lhe for aplicável, a maior idade for atingida mais cedo”.
Ainda temos a Carta Africana dos Direitos do Bem-Estar da Criança, ratificada por
Moçambique que em termos de definição da criança compactua com os instrumentos
mencionados acima indicando no seu artigo nº 2 como criança todo individuo com idade
inferior a 18 anos de idade, neste sentido dá-nos a entender que em Moçambique é criança
todo aquele que detém uma idade inferior a de 18 anos.
25
encontrados em vários mecanismos legais internacionais (Convenção sobre os Direitos das
Crianças e a Declaração Sobre os Direitos das Crianças), regionais (Carta Africana dos
Direitos do Bem-Estar da Criança) ou nacionais (Lei nº 7/2008, de 9 de Julho Lei da
Promoção e Protecção dos Direitos da Criança, CRM (2018)), vincando os direitos a vida, a
não descriminação, assistência, a saúde, ao nome, a nacionalidade, a opinião, a liberdade de
expressão, a liberdade de associação, o acesso a informação, a vida privada, a não aos maus
tratos ou castigos severos, a igualdade entre outros. Ficando claro nestes instrumentos que em
primeiro lugar é da responsabilidade do estado garantir a proteção da criança e fazer se
cumprir o que vem estatuído nestes instrumentos, sem deixar de fora o trabalho da população
e das organizações que trabalham arduamente para ajudar na promoção e proteção das
crianças.
26
d) O princípio do respeito pela opinião da criança: este principio encontra consagração
legal no artigo 47 nº 2 da CRM (2018) conjugado com o artigo 22 f) da Lei nº 7/2008
estatuindo que todas as crianças tem direito de expressar sua opinião sem restrições
naquilo que lhe diz respeito e sendo as mesmas levadas em conta25.
Entre tanto a UNICEF e a SOCIEDADE CIVIL (2016) defendem que, mesmo com a
existência destes princípios consagrados nos deparamos com problemas de violação destes
direitos uns do casos mais frequentes é a discriminação que se verifica com as crianças com
deficiências no ceio familiar e nas escolas onde temos professores incapacitados para se dar
com a situação.
Segundo OLIVEIRA (2017), na antiguidade a criança não era vista como sujeito de direito
muito menos portadora de direitos, pelo contrário a sociedade não dispensava nenhuma
atenção perante esta26.
Após a invenção da escrita surgiram as primeiras Leis estas que traziam consigo alguns
conteúdos inerente a criança porém, não no num bom sentido, destacamos o Código de
Hamurábi que trazia nos seus artigos 193 e 195 penas impostas as crianças caso estas
dissessem aos seus pais adotivos que não eram seus pais, e punia com pena de amputação dos
dedos das crianças caso estas batessem nos seus pais, já em Roma a Lei das XII Tabuas
permitia que o pai matasse o seu filho que nascesse deformado e ainda podia vende-los se
assim entendesse, a Grécia antiga também não foge destes conceitos permitindo o sacrifício
das crianças que nascessem deformadas, ainda se verificava na Grécia o tratamento
diferenciado que eram submetidos as meninas e os meninos, onde os meninos eram confiados
objectivos maiores comparativamente as meninas que eram ensinadas actividades domesticas.
No seculo XVI para as XVII as crianças eram tratadas como o centro das atenções até
completarem 7 anos dai em diante eram tratadas como adultos assumindo responsabilidades e
25
SOCIEDADE CIVIL. (2016) Implementação da Convenção dos Direitos da Criança em Moçambique.
Maputo
26
OLIVEIRA, T.C. (2017) Evolução Histórica dos Direitos da Criança e do Adolescente com Ênfase no
Ordenamento Jurídico Brasileiro. Acesso www.core.uk
27
deveres, para forçar a obediência surgiram nesta época punições físicas e espancamento, isso
que provocou a morte de centenas de crianças nos anos 1730 a 177927.
Segundo FRANCISCO (2014), antes do seculo XVI não se podia falar de direitos das
crianças nem da infância, este começou a ganhar destaque depois do século cito a cima, na
medida em que, as crianças começaram a ganhar mais espaço e destaque na sociedade,
passando a ser representadas e vistas como sujeitos de direito28.
27
OLIVEIRA, T.C. (2017) Evolução Histórica dos Direitos da Criança e do Adolescente com Ênfase no
Ordenamento Jurídico Brasileiro. Acesso www.core.uk
28
FRANCISCO, T.X. (2014).Sistema de Atendimento do Adolescente em Conflito com a Lei: Um Estudo
Comparativo entre Moçambique e Brasil (Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual De Ponta Grossa).
Acesso em Http://Tede2.Uepg.Br/Jspui/Handle/Prefix/354
28
Pode se notar que diferentemente da antiguidade o tratamento dispensado a criança foi
evoluindo a cada virada da sociedade, em consequência disso podemos notar uma variedade
de organizações que tem em vista a proteção e promoção dos direitos das crianças e consigo
as seus respetivos mecanismos de defesa, deste modo a criança hoje em dia é portadora de
direitos e deveres devidamente consagrados sendo assim um sujeito de direito sem deixar
duvidas.
Com isto dá-nos a entender que não se dava tratamento especial as crianças como é dado
hoje, principalmente em termos legislativos fazendo-nos perceber que a mesma se encontrava
abrangida pela constituirão de forma geral e não particular, porém, esta situação veio a mudar
com a constituição de 1990, esta que trouxe preceitos inerentes as crianças mudando o
panorama anterior, e fazendo com que as crianças começassem a ganhar espaço em termos de
existência de leis que se preocupassem com a sua proteção e havendo assim o
reconhecimento dos seus direitos, nascia aqui uma das primeiras leis reguladoras das crianças
em Moçambique, de uma forma específica enaltecia o artigo 47 da CRM a proteção da
criança, o bem-estar, a liberdade de expressão, opinião de acordo com o que lhe diz respeito e
o interesse superior da criança que deve ser respeitado em qualquer ação praticada. Foi nesta
época que Moçambique também começou a adquirir instrumentos internacionais que
versassem sobre a criança, podemos falar de Convenção sobre os Direitos das Crianças que
segundo a UNICEF:
29
FRANCISCO, T.X. (2014).Sistema de Atendimento do Adolescente em Conflito com a Lei: Um Estudo
Comparativo entre Moçambique e Brasil (Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual De Ponta Grossa).
Acesso em Http://Tede2.Uepg.Br/Jspui/Handle/Prefix/354
30
Idem
31
www.unicef.org (15 de Março de 2021 as 15:36)
29
Deste modo podemos notar que existe uma harmonização do que vem este estabelecido na
convenção e na Constituição da Republica de Moçambique na matéria refente as crianças.
EM 2004 tivemos mais uma vez a revisão Constitucional que culminou com a aprovação da
Constituição Moçambicana de 2004, isto que, para as crianças representou mais uma vez
evolução nos direitos atinentes estas, pois, veio reforçar os preceitos que já vinham estatuídos
na constituição anterior adicionando normas de proteção da criança pela família e pelo
Estado, a obrigatoriedade de acesso a educação, proibição ao trabalho da criança em idade
escolar, não discriminação entre outros (artigo 120 e 121 CRM 2004). Continuando com a
caminhada evolutiva em 2008 houve um momento marcante para os direitos das crianças,
pois, foi marcada pela aprovação a Lei n.º 8/2008, de 15 de julho, que aprova “A organização
Tutelar de Menores” e a Lei nº 7/2008, de 9 de julho, Lei de Bases de Promoção dos Direitos
da Criança, que segundo SICOCHE (2015), estes instrumentos legais representam o quadro
legal da justiça dos menores em Moçambique, chamando atenção que a aplicação destas duas
leis são feitas de acordo com alguns instrumentos internacionais ratificados por Moçambique
onde podemos encontrar a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989; Carta Africana
dos Direitos e Bem-Estar da Criança; Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas
contra Criminalidade Organizada Transnacional, relativo à Prevenção e Punição do Tráfico
de Pessoas entre outros. A aprovação destes dois instrumentos mostrou uma grande evolução
no que tange ao quadro interno de procteção e defesa das crianças em Moçambique, entre
tanto, em 2018 mais uma vez foi marcado por uma revisão constitucional onde os preceitos
constitucionais inerentes as crianças não foram mexidos permanecendo o que estabeleceu a
situação de 200432.
Importa salientar que, na medida em que, o tempo foi passando mais os direitos das crianças
evoluíram em Moçambique, pois moçambique se uniu a varias organizações internacionais
(UNO,UNICEF, Save the Children etc.), adquiriu vários instrumentos legais tanto
internacionais (Convenção nº 138 Sobre a Idade mínima de Admissão ao emprego da OIT)
como nacionais (Lei do Trabalho, Lei da Família,) além dos que foram mencionados aqui
anteriormente, optou também pela criação de instituições (Ministério do Género, Criança e
Acção Social da Acção social) e o Tribunal de Menores com vista a preservar os interesses
das crianças apesar de haver ainda muito por se fazer na praticar.
32
SICOCHE, Bernardo (2015), O direito internacional e a proteção dos direitos de crianças e de adolescentes
em conflito com a lei em Moçambique, Revista de Direito Internacional
30
Capitulo III
31
d) A Carta Africana dos Direitos do Bem-Estar da Criança, ratificada através da
Resolução nº 20/98, de 2 de Junho.
e) A Lei nº 7/2008, de 9 de Julho, Lei da Promoção e Protecção dos Direitos da Criança.
Dos vários direitos das crianças que se encontram protegidos por estes mecanismos nos
importa falar dos direitos da criança que são violados no âmbito do trabalho infantil,
destacando-se: o direito a saúde, a vida, a educação, bem-estar, laser, diversão, liberdade
de escolha de Trabalho, o direito a dignidade da pessoa humana e o direito a uma
remuneração justa.
32
O direito a vida: o direito a vida faz parte de um dos direitos humanos mais
importante para o ser humano, infelizmente este direito também se encontra
ameaçado pelo trabalho infantil quando a criança se encontra a exercer formas de
trabalho infantil mais severas, como é o caso das minas extrativas que requer
extrair mineiras do subsolo, muitas vezes podem haver soterramento mortais
colocando fim a vida do menor, outro caso é a actividade que implica vender
determinados produtos e limpar para-brisas dos automóveis nos semáforos, este
tipo de actividade pode causar atropelamentos mortais, ainda podemos falar dos
agrotóxicos usados na agricultura, estes também podem envenenar as crianças
levando a morte das crianças, em todo caso o direito a vida é protegido pela
DUDH artigo 3, artigo 6 da Convenção Sobre os Direitos das Crianças, artigo 5 da
Carta Africana, artigo 11 da Lei da Promoção e Proteção dos Direitos das crianças
e artigo 40 da CRM.
O direito a liberdade de escolha do trabalho: todo individuo tem a liberdade de
escolher de forma livre o trabalho que pretende exercer mas esta liberdade não se
verifica quando falamos do trabalho infantil, pois, na maioria dos casos o trabalho
prestado pelos menores são por imposição dos parentes ou das circunstâncias que
as rodeiam violando deste modo este direito devidamente consagrado no artigo 23
n º 1 da DUDH conjugado com o artigo 84 nº 2 da CRM.
O direito a justa remuneração: além do direito a livre escolha do trabalho a exercer
temos também outro direito humanos que é violado pelo trabalho infantil, falo da
justa remuneração, onde as disposições consagram que todo indivíduo deve ser
remunerado de forma correspondente as actividades que por ele foram exercidas,
no entendo, quando estamos em face do trabalho infantil podemos verificar que em
alguns casos não há correspondência entre a actividade exercidas e a remuneração
recebida pelo menor, em casos mais graves o explorador se abstém de conceder ao
menor quaisquer remuneração, prometendo ao menor melhores condições de vida,
como roupa, comida entre outros. Importa ainda salientar um aspecto sobre esta
situação da remuneração, em alguns casos os menores não tem acesso a
remuneração porque estas são pagas directamente aos seus representantes, este
direito se encontram consagrado no artigo 23 nº 2,3 da DUDH e 84 nº1 da CRM.
O direito ao bem-estar e laser: Para o bem-estar da criança pressupõe-se que sejam
movidos meios e condições necessárias para que a criança não sofra nenhum tipo
33
de violação, tanto física, psicológica ou mental, onde se reconhece a
vulnerabilidade da mesma carecendo de mais meios e cuidado, o bem-estar das
crianças engloba todos os aspectos da vida que consubstanciam o bem-estar físico,
mental, social, emocional e econômico, isto é, devem ser observados uma boa
higiene do corpo, saúde mental, alimentação com qualidade e principalmente,
afeto, amor, carinho e atenção este direito encontra-se consagrado nos artigos 25 nº
1 da DUDH, 3 nº 2 da Convenção sobre os Direitos das Crianças e artigo 47 nº 1
da CRM. Outro direito que merece destaque é o direito ao laser que implica a
criança o direito a brincar, descansar, se divertir, pois, estas actividades são
necessárias para o desenvolvimento das mesmas, este direito encontra consagração
legal nos artigos 24 da DUDH, 12 da Carta Africana, 31 nº da Convenção Sobre os
Direitos das Crianças e artigo 44 da Lei da Promoção e Protecção dos Direitos das
Crianças. Este direito mencionado tal como os outros são violados pelo trabalho
infantil devido as condições em que as crianças vítimas do trabalho infantil são
impostas a trabalhar, não havendo repouso, tempo para brincar, para se divertir
devido ao trabalho exercido a todo momento.
O direito a dignidade da pessoa humana: o direito a dignidade da pessoa humana é
um dos direitos mais importantes para o ser humano, de modo geral este direito se
faz presente em varias áreas de direito e quando falamos do direito do trabalho não
se foge a regras na medidas em que, todo trabalho deve ir em correspondência com
a dignidade da pessoa humana, deve ser um trabalho ético, moral, digno e em
concordância com a integridade da pessoa humana, entretanto, a situação não se
difere quando falamos das crianças. O direito a dignidade da pessoa humana da
criança é colocado em causa devido as condições impostas as crianças vítimas do
trabalho infantil, o trabalho deve transparecer dignidade, respeito pela integridade,
moral e ética oque não se pode falar quando estamos diante do trabalho infantil
este direito encontra-se plasmado nos artigos 23 nº 3 da DUDH, artigo 37 alínea c)
da convenção Sobre os Direitos das Crianças e artigo 21 da Lei da Promoção e
Procteção dos Direitos das Crianças.
34
encontramos os que foram mencionados a cima, que são violados pelo trabalho infantil, se há
violações, fica claro que Moçambique não esta a cumprir com o disposto nestes instrumentos,
pois não se justifica termos uma serie de instrumentos que versam sobre um determinado
fenómeno e o mesmo ainda persistir. Quando ratificamos leis internacionais e adotamos leis
nacionais deve ser para responder e solucionar determinadas situações de forma formal e
material, pois Moçambique detém de um quadro apreciável de legislações sobre direitos
humanos mas em termos práticos as violações contra os direitos humanos se fazem sentir em
grande magnitude como é o caso do trabalho infantil
Sendo estas violações perpetradas pelo trabalho infantil deve se despertar o interesse de
tratarmos o trabalho infantil como uma questão de direitos humanos não de forma isolada, os
direitos humanos devem andar de mão dadas com o trabalho infantil pois só assim poderemos
ter algum sucesso no combate as violações dos direitos humanos e melhor garantia dos
direitos humanos das crianças.
3.1.1Mecanismos Nacionais
Dentro dos mecanismos de combate ao trabalho infantil a nível interno pode-se encontrar:
33
Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto, Lei do Trabalho, publicado no Boletim da República n.º 31, I serie, de 1 de
Agosto de 2007
35
o nº 2 que o menor de 18 anos não pode ser colocado a trabalhar em actividades insalubre,
perigosos ou que requerem grande esforço físico. A lei exige ainda que os menores de 15 e 18
anos não podem exceder 38 horas semanais e 7 sete horas de trabalho por dia segundo n.º3 do
artigo 23 LT.
As relações laborais devem ser firmadas mediante celebração de um contrato, segundo artigo
18 da LT contrato de trabalho “é um acordo pelo qual uma pessoa, trabalhador se obriga a
prestar sua actividade a outra pessoa, empregador, sob autoridade e direção desta mediante
remuneração”34.
Entretanto, para o ingresso do menor ao trabalho é preciso dar a conhecer qual é a idade
mínima que concede ao menor a capacidade de ingresso ao trabalho adotada por
Moçambique, segundo o artigo 26 nº1 podem ser admitidos ao trabalho os que tenham
completado 15 de idade, o que nos da entender que 15 anos é a idade mínima de ingresso ao
trabalho, no entanto, esta regra dos 15 anos sofre uma excepção na medida em que o nº 2 do
mesmo artigo estatui que pessoas de 12 a 15 anos podem também ingressar ao trabalho desde
que o conselho de ministro defina de forma específica a natureza do trabalho a ser prestado
pelo menor, o ingresso deste ao trabalho fica refém da autorização por escrito do seu
representante legal como estabelece o artigo 27 nº 1 da LT. Entretanto, me chama atenção o
estabelecimento dos 12 anos como uma possível idade de ingresso do menor ao trabalho, pois
esta idade encontrasse em desconformidade com a convecção nº 138 da OIT que estabelece
no artigo 2 nº.3 que “a idade mínima fixada nos termos do parágrafo 1º deste artigo não será
34
Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto, Lei do Trabalho
35
EGÍDIO, Baltazar Domingos, Direito do Trabalho (Situações Individuais de Trabalho) volume I, 2016;
36
inferior à idade de conclusão da escolaridade compulsória ou, em qualquer hipótese, não
inferior a 15 anos”.
No mesmo fio de pensamento estabelece o artigo 121 nº4 da CRM que “é proibido o trabalho
de crianças quer em idade de escolaridade obrigatória quer em qualquer outra”36
Nestes moldes devemos procurar saber qual é a idade escolar obrigatória para melhor
percebermos o porque do chamamento destas disposições a cima, segundo o artigo 7 da Lei
n.º 18/20180de 28 de Dezembro a escolaridade obrigatória vai até os 15 anos de idade,
ficando claro que a idade escolar obrigatória é de 15 anos37, logo fica assente uma
desconformidade entre a convenção e a LT e entre a LT e a CRM, entretanto, deve ficar claro
que a CRM proíbe o ingresso ao trabalho de menores que estejam em idade escolar
obrigatória que vai ate aos 15 anos, portanto, fixar 12 anos como uma possível idade de
ingresso do menor ao trabalho gera uma inconstitucionalidade pois a constituição não pode
ser contrariada e qualquer norma que vá contra a constituição deve ser declarada
inconstitucional e não pode ser aplicada, ate porque a mesma ocupa o topo da hierarquia
normativa em Moçambique, não pode ser contrariada por uma norma infraconstitucional, o
que me leva a pensar na infelicidade do legislador em tal facto, devendo ser revista a LT.
Alem deste aspecto coloco em apreço o interesse superior da criança, me questionando: Será
que ao se estabelecer 12 não como uma idade de ingresso ao trabalho estaria de acordo com o
interesse o interesse superior da criança? Em minha analise penso que não, na medida em que
o artigo 47 n.º3 da CRM define que todas decisões a ser tomadas devem ter em conta este
interesse superior da criança, mas ao se estabelecer os 12 anos em nos opinião não se
beneficia a criança, pois parece-nos ainda muito cedo coloca-la a trabalhar.
Passemos agora a abordar sobre o Decreto 68/2017, 01 de Dezembro38 sobre a lista dos
trabalhos considerados perigosos para as criança, como já foi dito a anterior este decreto
surge da recomendação da OIT através da convenção n.º 182, nela o governo Moçambicano
criou uma lista indicando as piores formas de trabalho infantil segundo o contexto
moçambicano, neste podemos encontrar as actividades que constituem perigo para as
crianças, os postos de trabalho que prejudicam o menor, os factores de risco para estas e as
prováveis e repercussões na saúde do menor, estão presentes nesta lista ramos de trabalho
prejudiciais ao menor como, a indústria mineira, extrativa, transformadora, construção civil
36
Constituição da República de Moçambique, I série – número 115, ed.2018, 2º Suplemento, actualizada pela lei
n.º 1/2018 De 12 de Junho
37
Lei n.º 18/20180de 28 de Dezembro, Lei sobre o Sistema Nacional de Educação
38
Decreto 68/2017, 01 de Dezembro sobre a lista dos trabalhos considerados perigosos para as crianças
37
pesca entre mais, são actividades listadas consideradas perigosas devido as condições não
favoráveis ao menor, onde o mesmo se vê em alguns casos exposto em condições perigosas
nas minas, nos trabalhos com as maquinas etc. Alem das listas o artigo 3 penaliza com 5 a 10
salários mínimos a quem praticar as actividades constantes deste decreto.
Ainda no quadro de combate ao trabalho infantil chamou a minha atenção o Plano de Acção
Nacional para o Combate às Piores Formas do Trabalho Infantil Em Moçambique
(2017-2022)40 que tem como objectivos Retirar, reabilitar e integrar as crianças envolvidas
nas PFTI, aumentar a consciencialização e mobilização das comunidades e do público em
geral para a mudança de comportamento quanto ao envolvimento de crianças nas piores
formas de trabalho infantil, reforçar o quadro jurídico, político e institucional para prevenir\
eliminar o envolvimento de crianças nas PFTI, aumentar o acesso à educação e programas de
formação profissional, apropriados para crianças e aumentar o acesso à protecção social às
famílias vivendo em situação de vulnerabilidade afetadas pelas PFTI.
38
mínimos quem praticar as piores formas de trabalho infantil previstas neste decreto, no
entanto, prestemos atenção aos seguintes exemplos:
a) Uma Criança que morre envenenada por agrotóxicos usados na agricultura enquanto
adubava a machamba.
b) Uma criança que morre em detrimento de um desabamento nas minas em que
trabalhava.
Nestes casos temos vidas findas por causa do trabalho infantil, não nos parece suficiente
responsabilizar o empregador com uma multa, visto que o mesmo colocou em perigo a vida
de um menor que culminou com a violação de um direito humano fundamental, nestes
moldes notando se uma fraqueza na responsabilização contra os que praticam o TI, e esta
fraqueza termina por contribuir para que os casos de trabalho infantil se faça sentir em grande
escala, pois os infratores estão assentes de que basta pagar a multa o problema com as
autoridades terminou e de igual modo volta a praticar o TI do trabalho infantil.
O segundo ponto é inerente a falta de proteção legal para as crianças que trabalham
informalmente, a LT não da abrigo as crianças que se encontram a trabalhar informalmente,
observemos que, mesmo tendo celebrado o contrato de trabalho a criança ainda pode sofrer
violações dos seus direitos, mas nestes casos é mais fácil identificar estas situações pois o
ministério do trabalho procura inspecionar as actividades exercidas pelos menores, porém,
muitas são as crianças que trabalham de forma informal, estas contratações informais
resultaram dos acertos entre seus representantes legais e o empregador. A firmação dos
contratos informais contribui significativamente para a existência de mais casos de trabalho
infantil, e consequentemente do lugar a violação e exploração da criança, visto que na
maioria dos casos as propostas feitas não vão de acordo com o que vem estabelecido na lei e
muito menos com o interesse superior da criança, deste modo as autoridades que
supervisionam o emprego do menor acabam por não ter conhecimento destas contratações.
A não criminalização do TI é outro ponto que revela que não estamos a colocar mão pesada
no TI, não percebemos o motivo de ainda não criminalizarmos o trabalho infantil, sendo esta
uma pratica prejudicial a criança que carrega consigo consequências graves dependendo da
actividade a ser exercida, deveria se criminalizar o TI trabalho infantil da mesma forma que
as pessoas sabem que matar, violar, burlar é crime e que acarreta uma responsabilização
severa, deste modo dar a entender as pessoas que o trabalho é um assunto serio , para isto, é
preciso que o estado Moçambicano comece a tratar este assunto como prioridade.
39
Entretanto, não podemos assumir que o governo Moçambicano não se encontra a praticar
acções que visam erradicar o trabalho infantil, mas deve se ter em conta que este é um
assunto da longa data, e não se justifica que ainda estejamos com um numero tão elevado de
trabalho infantil que da lugar a perpetuação de violações dos direitos das crianças, causando
danos irreversíveis futuramente, em 2017 Moçambique aderiu Plano de Acção Nacional para
o Combate às Piores Formas do Trabalho Infantil Em Moçambique que visa erradicar o
trabalho infantil estatuindo nele um conjunto de objectivos a serrem alcançados, o mesmo
plano esta alguns meses de caducar mas pode se notar que alguns dos seus objectivos não
foram materializados um dele é o reforço do quadro jurídico sobre o combate ao trabalho
infantil.
3.1.2Mecanismos Internacionais
Dentro dos mecanismos de combate ao trabalho infantil a nível internacional podemos
encontrar:
Além desses dois instrumentos podemos encontrar alguns instrumentos ratificados por
Moçambique que protegem a criança contra a exploração económica que é o caso do artigo
32 da Convenção Sobre os Direitos das Crianças e de igual modo protege a criança contra o
trabalho infantil a Carta Africana no seu artigo 15.
A Convenção Sobre a Idade Mínima De Admissão ao Emprego 41 foi criada com o intuito
de se estabelecer uma idade não prejudicial a criança a admissão ao trabalho, a dita idade
minimia para se ingressar o menor ao trabalho, esta foi estabelecida com o objectivo de
proteger o menor das explorações económicas e também garantir a criança a saúde, segurança
e a moralidade para que não haja interferência no seu desenvolvimento físico e mental
segundo artigo 1 da convenção, no mesmo intuito protecionista estabelece o artigo 2 nº 1 da
convenção que os Estados que ratificaram a mesma tem a liberdade de estabelecer a idade
41
Convenção n.º 138 da Organização Internacional do Trabalho Sobre a Idade Mínima de Admissão de
Emprego, adotada na 58ª sessão Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho em 6 de junho de
1973, ratificada por Moçambique através de Resolução n° 5/2003, entrou em vigor no dia 12 de junho de 2013
40
mínima para a admissão ao trabalho, entretanto, essa liberdade encontra um limitação pois a
OIT já estabelece no nº 3 do mesmo artigo que a idade mínima é de 15 anos e que os menores
em idade escolar obrigatória não devem trabalhar, neste sentido fica claro que a idade mínima
deve partir de 15 anos em diante, entretanto, essa regra dos 15 anos sofre uma excepção onde
é permitido a fixação de 14 anos como idade mínima nos casos dos países onde a economia
não é tão desenvolvida segundo artigo 2 nº 4 da convenção Sobre a Idade Mínima de
Admissão ao Trabalho, além dos 14 anos é permitido ainda que pessoas com 13 a 15 anos
possam trabalhar desde que sejam trabalhos leves ou pouco pesados conforme estabelece o
artigo 7 nº1 da convenção, entretanto, estas actividades a serem prestadas não devem
prejudicar o menor na saúde, ou no seu desenvolvimento muito menos o seu desempenho
escolar. Ainda em torno da questão do estabelecimento da idade mínima de admissão ao
trabalho estatui o artigo 3 nº 1 da convenção que as actividades que pela natureza ou
condições for susceptível de comprometer a saúde, moralidade e a segurança do menor não
poderá ser exercida por menores de 18 anos de idade. Em todo caso a convenção recomenda
no artigo 9 nº 1 que os estados partes devem tomar medidas necessárias para fazer cumprir a
convenção e se necessário imposições de sanções para o combate e eliminação do trabalho
infantil, estabelece ainda a convenção que para melhor controlo do fenómeno deve o Estado
criar condições de registar em documentos a idade dos menores empregues nº 3 do mesmo
artigo.
Mais tarde entendeu-se que estabelecer a idade mínima para o ingresso do menor ao trabalho
não era suficiente para o combate ao trabalho infantil, pois surgiam a cada desenvolver da
sociedade outras formas de exploração infantil mais severas, neste sentido ouve a necessidade
de se criar um outro instrumento internacional que versasse sobre tais formas de trabalho
infantil, surgiu então a convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho
sobre a Interditação das Piores Formas de Trabalho Infantil das Crianças 42, esta
convenção foi criada com o objectivo de responder as piores formas de trabalho infantil
tipificando no seu artigo 3 as que são consideradas piores formas de trabalho infantil:
Artigo 3º
Para os fins desta Convenção, a expressão as piores formas de trabalho infantil
compreende:
42
Convenção n.º 182 da Organização Internacional do Trabalho sobre a Interditação das Piores Formas de
Trabalho Infantil das Crianças adotada na 87ª sessão da Conferência Geral da Organização Internacional do
Trabalho, em Genebra, a 17 de junho de 1999, ratificada por Moçambique através da Resolução n.°6/2003,
entrou em vigor dia 12 de junho de 2003;
41
(a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como venda e
tráfico de crianças, sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou compulsório,
inclusive recrutamento forçado ou compulsório de crianças para serem utilizadas
em conflitos armados;
(b) utilização, demanda e oferta de criança para fins de prostituição, produção de
material pornográfico ou espetáculos pornográficos;
(c) utilização, demanda e oferta de criança para atividades ilícitas, particularmente
para a produção e tráfico de drogas conforme definidos nos tratados internacionais
pertinentes;
(d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que são executados,
são susceptíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança.
Apos essa tipificação ficou a cargo dos Estados membros que ratificaram esta convenção
criar uma lista internamente constando nela as actividades que de acordo com o numero 3 da
convenção cita a cima constituem as piores formas de trabalho infantil, como estabelece o
artigo 4 da convenção sobre as piores formas de trabalho infantil, sem tardar Moçambique
seguiu essa recomendação, que deu lugar ao decreto n.º68/2017 de 1 de Dezembro, podemos
encontrar neste decreto alistadas as piores formas de trabalho infantil segundo o Estado
Moçambicano.
Nos importa dar a conhecer que nas duas convenções a OIT incumbem aos Estados que
ratificaram estas a responsabilidade de responder a este fenómeno com força legislativa e não
medir esforços para erradicar o trabalho infantil deste modo garantir o cumprimento e
implementação destes instrumentos como podemos ver nos artigos 1,6,7 da convenção sobre
as piores formas de trabalho infantil, entretanto, nota-se que mesmo Moçambique tendo
assumido a inteira responsabilidade internacional de eliminar o trabalho infantil e as suas
piores formas esse ainda se faz sentir em grande escala no país, mostrando fracasso no
combate ao trabalho infantil.
42
O MIGCAS43 é uma instituição pública que prossegue vários objectivos e uns dos objectivos
esta virado para a proteção da criança abrangida por varias situações diferentes sendo uma
delas o TI, deste modo foi um dos locais onde ouve a recolha de informações importantes
para a pesquisa.
Mais adiante procuramos saber sobre a frequência de registo de casos de TI e o seu desfecho,
neste sentido ADRIANO (2021)45 deixou claro que o MIGCAS regista poucos casos e que
são registados mais casos em outras filiais da instituição, estes casos são reportados pela
Linha Fala Criança e através do Gabinete de Atendimento a Família e Criança Vitima de
Violência Domestica, neste sentido, procuramos saber dos números, onde este se limitou a
dizer que não fazem um controle periódico dos casos registado mas simplesmente fizeram um
estudo para saber o numero de crianças envolvidas no trabalho infantil em Moçambique,
alem disso afirmou este, que o MIGCAS trabalha com a procuradoria e os Tribunais Judicias
que são acionados de imediato quando uma situação de trabalho infantil e detetada desde
modo o infrator é responsabilizado sem tréguas.
43
Ministério do Género, Criança e Acção Social
44
Vladimir Adriano, Chefe do Departamento da Criança em Situação Difícil no MIGCAS, em uma entrevista
cedida, em 14 de Julho de 2021
45
Vladimir Adriano, Chefe do Departamento da Criança em Situação Difícil no MIGCAS, em uma entrevista
cedida, em 14 de Julho de 2021
43
Posto isso me chama atenção alguns pontos abordados a cima, em primeiro lugar vamos
analisar a questão do trabalho informal que as crianças são submetidas, o MIGCAS assume
que este problema existe e dificulta fiscalização das actividades prestadas pelos menores e
acrescenta que quando se aproximam dos menores e perguntam sobre o empregadores os
mesmo se afastam, porém, não me foi satisfatória essa resposta, na medida em que as
entidades que lutam contra o trabalho infantil não podem se abster de procurar soluções para
identificação dos empregadores alegando tal facto, devem ser tomadas medidas investigativas
se for possível acionar a policia investigativa com o intuito de identificar os empregadores
dos menores, pois é sabido que não é suficiente reconhecer a existência do mesmo é preciso
tomar medida eficazes para resolver, reitero que o MIGCAS deveria protagonizar uma
investigação com o intuito de identificar quem contrata e coloca as crianças no mercado de
trabalho pois existem responsáveis por detrás destas actividades e a sua identificação poderá
contribuir para uma melhor fiscalização e responsabilização dos empregadores dos menores.
O MIGCAS assume que não tem feito uma recolha de dado periódica sobre os casos que tem
registado e como se encontra a situação do trabalho infantil, e que somente foi feito um
estudo em 201646 para saber como se encontra a situação do trabalho infantil e quantos casos
temos no país, deste 2016 ate aqui nada mais foi feito para sabermos como se encontra a
situação do TI no país, isto mostra uma fragilidade no sistema de controlo ao trabalho
infantil, nestes moldes não temos como saber se os casos estão a reduzir ou a aumentar, não
temos como controlar uma situação se não nos preocupamos e saber se as técnicas e métodos
de ultrapassar o problema estão funcionar, e se não estão a funcionar mudar de estratégia. No
mesmo fio de pensamento o MIGCAS defende que os Tribunais Judiciais e a Procuradoria
atuam imediatamente assim que é reportado um caso de TI e responsabilizam os infratores
sem tréguas, porém, quando procurei saber da existência de alguns casos onde ouve sucesso
na responsabilização dos infratores novamente tive a resposta de que não há informação
disponível para tal, então me questionei, como saber se esta informação é verídica? Porque
não expor essas informação com intuito de fazer perceber aos demais que tal pratica é ilegal e
acarreta uma responsabilização? Nota-se aqui a inexistência de um banco de dado onde nos
podemos verificar com que frequência o trabalho infantil é registrado e quantos foram
solucionados e quem realmente foi responsabilizado por tais praticas.
46
Estudo Qualitativo Sobre o Fenómeno do Trabalho Infantil e o seu Impacto em Moçambique
44
Quanto aos Direitos Humanos e TI defende ADRIANO (2021) 47 que existe uma ligação
directa entre os Direitos Humanos e o TI na medida em que, este trabalho infantil coloca em
causa vários direitos das crianças, onde foram chamos a coleção o direito a educação, laser e
crescimento harmonioso, sem nos deixar duvidas que os Direitos Humanos das crianças estão
a ser crassamente violados pelo TI.
O Ministério do Trabalho é uma instituição pública com competências para atuar nas
situações laborais e sendo o trabalho infantil uma situação laboral carece de alguma
interferência desta instituição. E para falarmos da actuação desta instituição no TI vamos nos
basear no debate que contou com a participação de Marta Isabel Maté directora nacional do
trabalho no Mistério do trabalho.
47
Vladimir Adriano, Chefe do Departamento da Criança em Situação Difícil no MIGCAS, em uma entrevista
cedida, em 14 de Julho de 2021
48
Marta Isabel Maté, Directora Nacional do Trabalho no Ministério do Trabalho, participou num debate na STV
15 de Julho 2021, onde se debateu sobre os Desafios de Combate ao Trabalho Infantil no País
49
Idem
45
procura sempre formar magistrados e polícias em matéria inerente ao Trabalho Infantil e que
em cada tribunal Judicial, quer de província ou distrito existe sempre um magistrado formado
em matéria de trabalho infantil.
46
CONCLUSÃO
Finda a pesquisa podemos notar que o trabalho infantil é uma realidade que tem
acompanhado o desenvolvimento da sociedade, desde a antiguidade a criança era submetida a
uma serie de actividades e na época nenhum instrumento existia ao seu favor, porem, com o
desenvolver da sociedade começou a se tomar consciência de que estes trabalhos prestados
pelas crianças eram prejudicais as mesmas e que consequentemente culminavam com
violações graves de Direitos Humanos, que é o caso da educação, a saúde, o laser, o
crescimento harmonioso, a um salário justo entre outros, pois muitas das vezes as crianças
trabalhavam em situações insalubres, perigosas e sem intervalo.
Entretanto, para responder a esta situação surgiu a OIT que visa regular as relações laborais e
melhorar as condições dos trabalhadores, que criou dois grandes instrumentos que visam
proteger a criança do trabalho infantil, falo da Convenção n.º 138 Sobre a Idade Mínima de
Admissão ao Emprego e Convenção n.º 182 sobre a Interditação das Piores Formas de
Trabalho Infantil das Crianças, estes instrumentos foram ratificados por Moçambique, além
das normas internacionais Moçambique também adotou instrumentos internos falo da Lei do
Trabalho que em alguns artigos regula a situação da contratação dos menores.
47
podemos confirmar que o legislador cria mecanismos na procteção da criança contra o
Trabalho Infantil como forma de prevenção na violação dos Direitos Humanos.
Porém, esses mecanismos apresentam alguns espetos negativos, como não prever uma norma
mais pesada na responsabilização do infrator, não proteger as crianças que trabalham
informalmente, não criminalizar o trabalho infantil entre outros, estes que fazem com que a
erradicação do trabalho infantil caminhe a passos lentos.
48
RECOMENDAÇÕES
A Presente monografia nos permitiu conhecer de forma mais detalhado um dos principais
violadores dos Direitos Humanos das Crianças, designando TI e junto com ele os
mecanismos adotados para o combater, entretanto, apos uma análise aos mecanismos de
combate ao trabalho infantil recomendamos o seguinte:
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação:
Legislação Nacional
Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto, Lei do Trabalho, publicado no Boletim da República n.º 31,
I serie, de 1 de Agosto de 2007;
Lei nº 7/2008, de 9 de Julho, Lei da Promoção e Protecção dos Direitos da Criança, publicado
no Boletim da República n.º28, I série de 9 de Junho de 2008;
Decreto 68/2017, 01 de Dezembro sobre a lista dos trabalhos considerados perigosos para as
crianças;
Legislação Internacional
50
Internacional do Trabalho em 6 de junjo de 1973, ratificada por Moçambique através de
Resolução n° 5/2003, entrou em vigor no dia 12 de junho de 2013;
Convenção n.º 182 da Organização Internacional do Trabalho sobre a Interditação das Piores
Formas de Trabalho Infantil das Crianças adotada na 87ª sessão da Conferência Geral da
Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, a 17 de junho de 1999, ratificada por
Moçambique através da Resolução n.°6/2003, entrou em vigor dia 12 de junho de 2003;
Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 10 de dezembro de 1948, ratificada por Moçambique através da Resolução 211
(III);
Carta Africana dos Direitos do Bem-Estar da Criança, ratificada por Moçambique através da
Resolução nº 20/98, de 2 de Junho;
Doutrina
51
WESTON, Burns e TEERINK, Mark, Trabalho Infantil e Direitos Humanos editado por
Burns Weston, USA, 2005;
NETO, Honor de Almeida, Trabalho Infantil 1ª edição, editora da Ulbra, porto Alegre 2004;
MITESS, (2017) Plano de Acção Nacional para o Combate às Piores Formas do Trabalho
Infantil Em Moçambique (2017-2022)
CASTILHO, Ricardo, Direitos Humanos 2ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2012;
MITESS. (2016) Estudo Qualitativo Sobre o Fenómeno do Trabalho Infantil e o seu Impacto em
Moçambique. Maputo;
FILHO, Napoleão Casado, Direitos Humanos Fundamentais, editora Saraiva, São Paulo
2012;
MORAIS e SILVA. (2009) Trabalho Infantil: aspectos sociais, históricos e legais, editora
olhares plurais, Brasil;
OLIVEIRA, T.C. (2017) Evolução Histórica dos Direitos da Criança e do Adolescente com
Ênfase no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Acesso www.core.uk;
52
SICOCHE, Bernardo (2015), O direito internacional e a proteção dos direitos de crianças e de
adolescentes em conflito com a lei em Moçambique, Revista de Direito Internacional,
Brasília;
Www.oit.org
Www.Unicef.org
APÊNDICE 1
Entrevista
1. Com que frequência o MIGCAS tem registado casos de trabalho infantil?
O MIGCAS como um órgão central tem registado poucos casos de Trabalho Infantil mas as
filiais desta instituição tem registados mais casos de trabalho infantil em relação ao órgão
central.
Estes casos na maioria das vezes são reportados pelas entidades públicas mas em alguns
casos por denúncia particular, estes chegam pela Linha Fala Criança e através do Gabinete de
Atendimento a Família e Criança Vitima de Violência Domestica.
O MIGCAS tem trabalhado com várias legislações quer internacionais (convenção nº.182
sobre as piores formas de trabalho infantil e a Convenção n.º 138 Sobre a Idade Mínima de
Admissão de Emprego) quer nacionais (LT e o Decreto 68/2017).
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O MIGCAS Reconhece a existência do TI e que o mesmo atravessa vários setores, entretanto,
para que hava diminuição dos casos de trabalho infantil deve haver trabalho mútuo, não
somente de uma instituição, neste sentido, o MIGCAS trabalha directamente com a
procuradoria e os Tribunais judiciais, sem deixar de fazer referência ao Ministério do
Trabalho.
O MIGCAS não tem feito uma recolha de dados periodicamente sobre os casos que tem
registado e como se encontra a situação do trabalho infantil nos últimos tempos
entretanto, foi feito um estudo qualitativo sobre o fenómeno do trabalho infantil e o seu
impacto em Moçambique em 2016 para se saber quantos casos de TI temos no país.
8. Alguma vez o Ministério fez uma ligação entre o Trabalho Infantil e os Direitos
Humanos? Se sim, justifique, se não justifique.
Sim, existe uma ligação directa entre os Direitos Humanos e o TI na medida em que, o
trabalho infantil coloca em causa vários direitos das crianças, como o direito a educação,
laser e crescimento harmonioso, sem nos deixar duvidas que os Direitos Humanos das
crianças estão a ser crassamente violados pelo TI.
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