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CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Branqueamento de Capitais Conexo aos Crimes de Rapto (Caso Distrito Municipal da


Matola 2016-2018).

Discente:
Khidi Alfredo Roia

Maputo, Julho de 2019


CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS CONEXO AOS CRIMES DE RAPTO (CASO


DISTRITO MUNICIPAL DA MATOLA 2016-2018).

Discente:

Khidi Alfredo Roia

Monografia Científica a Ser Apresentada ao


Instituto Superior de Gestão de Negócios
(ISGN), Para Obteção do Grau de
Licenciatura em Direito, Sob Orientação do
dr. Joaquim Arone Langa

Maputo, Julho de 2019


FOLHA DE APROVAÇÃO

BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS CONEXO AOS CRIMES DE RAPTO (CASO DISTRITO


MUNICIPAL DA MATOLA 2016-2018).

TRABALHO APRESENTADO EM CUMPRIMENTO PERIÓDICO DOS REQUISITOS


EXIGIDOS PELO ISGN PARA OUTURGA DE GRAU DE LICENCIATURA POR KHIDI
ALFREDO ROIA

INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO DE NEGÓCIOS

Orientador: dr. Joaquim Arone Langa

Maputo, Julho de 2019

O JÚRI Data

O PRESIDENTE O TUTOR O OPONENTE ____/_____/_____

______________ __________________ _________________


ÍNDICE
DECLRAÇÃO DE HONRA............................................................................................................. i
DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... iii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS .............................................................................................. iv
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................................ v
RESUMO ........................................................................................................................................ vi
CAPITULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1. Delimitação do tema ........................................................................................................ 3
1.2. Problematização ............................................................................................................... 4
1.3. Justificativa ...................................................................................................................... 5
1.4. Objectivo do trabalho ....................................................................................................... 5
1.4.1. Objectivo Geral ........................................................................................................ 6
1.4.2. Objectivos específicos.............................................................................................. 6
1.5. Questões de Pesquisa ....................................................................................................... 6
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 7
2. Conceptualização ..................................................................................................................... 7
2.1. Conceito de Branqueamento de Capitais ......................................................................... 7
2.1.1. Evolução histórica de Branqueamento de capitais ................................................... 8
2.1.2. Objectivo Principal de Branqueamento de Capitais............................................... 10
2.1.3. Facilitadores de Branqueamento de Capitais ......................................................... 11
2.1.4. Etapas ou Fases de Branqueamentos de Capitais ................................................... 12
2.1.5. Técnicas usadas para a prática de branqueamentos de capitais ............................. 13
2.1.6. Riscos de branqueamento de capitais..................................................................... 18
2.1.7. Consequência de crime de branqueamento de capitais .......................................... 19
2.2. Conceito de Crime ......................................................................................................... 20
2.2.1. O Conceito do Crime Formal ................................................................................. 22
2.2.1.1. O Conceito do Crime Material ........................................................................... 23
2.2.1.2. O Conceito de Crime Analítico .......................................................................... 23
2.2.1.3. Análise do Conceito de Crime ........................................................................... 24
2.2.2. Causa da prática de Crime ..................................................................................... 24
2.2.3. Consequência de Crime ......................................................................................... 26
2.3. Conceito de Rapto .......................................................................................................... 28
2.3.1. Evolução Histórica de Rapto.................................................................................. 29
2.3.2. Tipos de Rapto Mais Comuns ................................................................................ 33
2.3.3. Causa Principal de Rapto ....................................................................................... 34
2.3.4. Consequência de Rapto .......................................................................................... 36
CAPITULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA ............................................................ 38
3. Metodológia ............................................................................ Erro! Marcador não definido.
3.1. Conceito de Método e Metodologia ............................................................................... 38
3.2. Métodos de Pesquisa ...................................................................................................... 38
3.2.1. Quanto à Abordagem ............................................................................................. 38
3.2.2. Quanto à Procedimento .......................................................................................... 38
3.3. Instrumentos de Recolha de dasdos ............................................................................... 39
3.3.1. Técnica bibliográfica.............................................................................................. 40
3.3.2. Técnica documental ............................................................................................... 40
3.3.3. Entrevista ............................................................................................................... 40
3.4. População e Amostra ..................................................................................................... 41
3.5. Limitações do estudo ..................................................................................................... 41
CAPITULO IV: ANÁLISE E INTERPRENTAÇÃODE DADOS .......................................... 42
4.1. Descrição do local de pesquisa ...................................................................................... 42
4.2. Interpretação dos Resulatdos ......................................................................................... 42
4.2.1. Já ouviu falar do crime de branqueamento de capitais........................................... 42
4.2.2. Causas do cometimento de crimes ......................................................................... 43
4.2.3. Mecanismos que pode ser adoptados para mitigar estes crimes ............................ 43
4.2.4. Consequências deste crime .................................................................................... 44
4.2.5. Facilitadores da prática do crime ........................................................................... 45
4.2.6. Vítimas destes crimes............................................................................................. 46
4.2.7. Crimes registados de branqueamento de capitais e de rapto. ................................. 47
4.2.8. Há uma relação entre crime de rapto e branqueamento de capitais ....................... 47
4.2.9. O que leva alguns servidores públicos paute pela de práticas de crimes ............... 48
4.2.10. Perfil dos entrevistado/a (s).................................................................................... 49
CAPITULO V: CONCLUSÃO E SUGESTÕES ...................................................................... 52
5.1. Conclusão....................................................................................................................... 52
5.2. Sugestões........................................................................................................................ 54
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS .................................................................................. 59
DECLRAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que a presente monografia científica, é resultado da minha investigação
no âmbito dos requisitos para a obtenção do grau académico de licenciatura em Direito ministrado
no ISGN. O seu conteúdo é original e todas as fontes literárias consultadas estão devidamente
mencionadas ao longo do texto. Todas as citações direitas e indireitas estão identificadas no texto.

Portanto, o seu conteúdo é original e nunca foi apresentado em nenhuma instituição do ensino
superior com objectivo de obtenção de qualquer grau académico.

Matola, Julho de 2019

O autor

___________________________________

(Khidi Alfredo Roia)

i
DEDICATÓRIA

A memória da minha Avó Lotina Torcida

ii
AGRADECIMENTOS

À Deus, por me proporcionar a graça divina de vida e pela iluminação dos meus trilhos durante a
caminhada.

Ao meu supervisor dr. Joaquim Arone Langa que foi tão paciente e por ter me recebido de mãos
dadas, que sempre manifestou uma disponibilidade sem falha e empenhamento exemplar na
construção da presente monografia. Pelo rigor, precisão e exigência contribuiu para a qualidade
neste trabalho, pela visão e análise ímpar na evolução do complexo tema deste trabalho.

A todo corpo docente, pela paciência e zelo na difusão dos conteúdos durante as aulas e ao corpo
administrativo, pelo atendimento risonho, na clarificação dos assuntos administrativos.

A Sra. Diretora do SERNIC na Matola, Dra. Benjamina da Graça Chaves e o Sr. Comandante
Distrital da PRM-Matola dr. José Jofrisse, de forma calorosa o meu agradecimento pela
autorização do estudo e recolha de dados naquelas instituições que culminou com o presente
trabalho.

A todos meus colegas do curso, em especial João Jorge Chirindza, Leopoldina Cariche Langa, os
que me apoiaram diretamente, pela coragem e força para que não desistisse devido à insolvência
financeira, aí vai o meu voto de confiança inesquecível.

Aos meus amigos e colegas de serviço, souberam-me apoiar em todos vertentes, em especial
Januário Lobo, Loureço Jerente, Domingos Aguace, António Libombo e Ismael Cossa,
contribuíram bastante para a minha formação.

Por último, a minha mãe Rosa Roia Chatima e sogra Gina Marques Bandeira, do esforço
incalculável pelo apoio, minha querida esposa Noémia Manuel António de forma incansável,
trabalhando como diarista para fazer face o meu curso, aos meus filhos Sarito dos Khidi Roia,
Satilí dos Khidi Roia e Isidora dos Khidi Roia em algumas vezes não beneficiavam todas refeições
diárias, ao meu tio Luís Roía Chatima que de forma incansável aplicou-se aos meus estudos desde
a minha tenra idade até minha formação profissional básica, minhas irmãs Fielda, Euclidia, Babula,
Irene e Felomena, todos servem e servirão como fonte de inspiração, pela coragem e apoio, desejo-
vos grandes êxitos. E a todos que direita ou indiretamente contribuíram para que conseguisse
chegar até ao fim. O meu muito NDATENDA.

iii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Gráfico – 1 Crime de Branqueamento de Capitais........................................................... 42

Gráfico – 2 Causas de Crime............................................................................................ 43

Gráfico – 3 Mitigação de Crime....................................................................................... 44

Gráfico – 4 Consequências do Crime............................................................................... 45

Gráfico – 5 Facilitadores do Crime .................................................................................. 46

Gráfico - 6 Vítimas de Crimes ......................................................................................... 46

Gráfico – 7 Crimes de Raptos registados.......................................................................... 47

Gráfico – 8 Relações de Crime de Rapto e de Branqueamento de Capitais..................... 48

Gráfico – 9 Servidores Públicos envolvidos na prática de crimes.................................... 49

Tabela – 1 Perfil dos Entrevistado/a (s) ........................................................................... 49

Figura – 1 Mapa da Província de Maputo e do distrito Municipal da Matola.................. 58

iv
LISTA DE ABREVIATURAS

a.C. – Antes de Cristo

al – Alínea

Art./Arts. – Artigo/Artigos

BC – Branqueamento de Capitais

CP – Código Penal de Moçambique

CE – Convenção Europeia

CRM – Constituição da República de Moçambique

DUDHs – Declaração Universal de Direito dos Humanos

Ed. – Edição

EUA – Estados Unidos da América

FDS - Força de Defesa e Segurança

GAFI – Grupo de Acção Financeira Internacional

Nº/Nºs- Número/Números

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico

ONU – Organização das Nações Unidas

PRM – Polícia da República de Moçambique

PVCANI – Protecção das Vítimas dos Conflitos Armados Internacionais

SERNIC - Serviço Nacional de Investigação Criminal

UNCK - Manual da United Nations Counter-Kidnapping

v
RESUMO

A presente monografia, com o tema: Branqueamento de Capitais conexos ao crime de Rapto, (caso
distrito municipal da Matola 2016 á 2018). Tem como objectivo geral analisar o crime de
branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto e de forma específica procuramos:
identificar e discutir os actos criminais de branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto,
compreender as razões e as consequências da prática crescente de actos de crimes de
branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto, discutir as principais causas que
proporcionam estes crimes no círculo Municipal em estudo e sugerir medidas a tomar para
minimizar a problemática em causa, no distrito da Matola em particular e em geral em
Moçambique. O estudo constatou que o branqueamento de capitais e rapto que tem ocorrido no
distrito municipal tem como principais alvos os agentes económicos nacionais e estrangeiros, o
que significa que o crime de branqueamento de capitais viola o princípio fundamental básico
constitucional, no desenvolvimento económico previsto o art.96º CRM e o crime de rapto, previsto
no art.199º do CP, deste modo viola os direitos de liberdade e garantias do indivíduo, como
princípios gerais, previsto no art.56º da CRM. E pelo estudo de campo, colhemos várias
contribuições, que são postas como mentoras de cometimento de crime, como a crise mundial, que
se versa da pobreza, falta de emprego, ganância, salários baixos é um dos motivos que leva a
participação na onda criminal dos servidores públicos, no caso em apresso, a sua maioria são
agentes da Polícia. Assim, concluímos que o crime de branqueamento de capitais conexo aos
crimes de rapto, trás retrocesso ao distrito, como ao País, pela insegurança dos investidores ou
agentes económicos, contribui negativamente e dos agentes económicos, na contribuição do
Imposto aos Cofres do Estado moçambicano.

Palavras-chaves: Crime, Branqueamento de Capitais, Rapto.

vi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

No presente trabalho de fim do curso de licenciatura em Direito, cujo tema é:


Branqueamento de Capitais conexo aos Crimes de Rapto. (Caso Distrito Municipal da
Matola), no período de 2016-2018. Não se pode falar de branqueamento de capitais conexo
aos crimes de rapto, antes de falarmos da sua origem, onde Manuel (2017, p.136), diz que
teve a sua origem no escândalo Watergate, em 1973, e no âmbito judicial no caso que
ocorreu nos EUA, em 1982 que compreendia o dinheiro supostamente branqueado,
resultante de Cocaína Colombiana.

O BC ou lavagem de dinheiro, ou Money Laundering é a expressão, começou a ser usada


nos EUA, por volta de 1920-1930, para apontar planos de máfias americanas de aquisição
e exploração de lavandarias e estabelecimentos penitenciários, entre outros negócios legais
com vista a misturar o dinheiro adquirido licitamente com dinheiro proveniente de
actividades criminosas, para dissimular a origem ilegal, segundo Manuel (2017).

Nos finais da década 80 do Século XX, o BC, percebeu-se que a não privação dos
criminosos dos seus recursos económicos extras podem levar à ineficácia de órgãos
impeditivos das sociedades modernas, como a privação da liberdade, desacreditando a
justiça, agitando a sociedade e em certos casos pondo em risco as estruturas do Estado, e
Organizações que tem atribuições imediatas ao combate aos actos criminais (Polícias e
Tribunais), como os que procuram estudar a sua dimensão (Universidades, Instituto
formais e informais de reflexão, meio de difusão de informações), dedicando por
compreender este facto, analisando e traçando as tipologias e anunciando tendências e
formas de actuação.

E ainda Manuel (2017, p.118), clarifica-nos que o Estado Moçambicano, acompanhou as


iniciativas internacionais, no âmbito das nações unidas com ratificação da Convenção de
Viena de 1988 sobre tráfico de estupefacientes e substâncias psicotrópicas, tendo através
da Resolução n°11/96, de 04 de Maio, ratifica esta Convenção.

1
Em 1990, pela Resolução n°7/90, de 18 de Setembro e Resolução n°8/90, de 12 de
Setembro, ratificou a Convenção Única sobre Estupefacientes de 1991 e a Convenção sobre
substâncias psicotrópicas de 1971. Onde, em 1997 aprovou a Lei n°3/97, de 13 de Março,
que define e estabelece o regime aplicável ao tráfico de estupefacientes e substâncias
psicotrópicas, precursores e preparados ou outras simplesmente designadas a lei de droga,
tendo-se nesta adoptada à obrigação criminalização do branqueamento de capitais, no seu
art.41°, sob a epigrafo Conversão, Transferência ou dissimulação de bens ou produtos.

Inicialmente, Moçambique tinha definido apenas o tráfico de droga como crime


precedente, isto é, os tipos previstos nos art.33° (Trafico e outras actividades ilícitas), 35°
(Utilização indevida do equipamento), 37° (Traficante-consumidor) e 39° (Abuso de
exercício da profissão), da lei de droga.

Em 2002, foi aprovada a Lei n° 7/2002 de 05 de Fevereiro, conhecida como lei de


branqueamento de capitais, que estabelece o regime jurídico de prevenção e repressão da
utilização do sistema financeiro para a prática de actos de branqueamento de capitais, bens,
produtos ou direitos provenientes da actividade criminosas. Com esta lei a lista de crimes
subjacentes foi alargada passando ser punido, (para além de trafico de estupefacientes arts.
33°, 35°, 37° da lei de droga), o branqueamento de capitais provenientes de crimes de furto,
roubo, fabrico, importação e exportação, comércio de armas e explosivos, terrorismo,
extorsão, corrupção, peculato, contrabando e descaminho de direitos. Esta indicação era
taxativa, e representa numerus clausus, o que significa, fundos provenientes destes tipos
legais de crime se cometia o branqueamento de capitais.

E em 2013, é aprovada a Lei n° 14/2013, de 12 de Agosto, que revoga a Lei n° 7/2002 de


05 de Fevereiro. Com esta lei assiste-se um maior alargamento de leque dos crimes
conexos, conforme vem estabelecido no art. 7° da mesma lei.

Criou-se deveres às entidades financeiras, tais como a exigência de identificação dos seus
clientes arts. 9°, 10° e seguintes, o controlo especial de certas transacções art. 16°, o de
conservação dos documentos de identificação dos seus clientes art. 17°, de comunicação
as autoridades competentes as operações suspeitas art. 18°, prestar colaboração as
autoridades judiciais, fornecendo informações necessários art. 20°, abster-se de executar
2
quaisquer operações suspeitas art. 23º, de sigilo profissional. Apesar de se dar muita ênfase
a este fenómeno na actualidade, o Rapto está incluso no crime de branqueamento de
capitais. E com aprovação da Lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro, impulsionou a legalidade
no que diz respeito ao crime de rapto no seu art.199º do CP.

No Capítulo I falar-se-á da introdução, onde apresentaremos a delimitação do tema, como


a problematização, e depois vamos abordar sobre os objectivos, geral e específicos, assim
como as questões de pesquisa e a justificativa do tema em apresso. Para o Capítulo II
abordar-se-á sobre a revisão da literatura, como também trataremos da discussão de
conceitos sobre o crime de branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto; como
outros elementos importantes como; a evolução, as causas, as suas consequências. Já no
Capítulo III, debruçar-se-á sobre abordagem metodológica aplicada, partindo de conceitos,
porque são os que conduziram o melhor método para a execução do trabalho. Enquanto
para o Capítulo IV, vai-se tratar sobre análise e discussão de dados colhidos no campo. E
no último Capítulo V, apresentaremos a conclusão e sugestões.

1.1. Delimitação do tema

Escolheu-se este distrito da Matola porque é o centro das actividades económicas a nível
da Província e mais industrializada, desde as instituições e serviços públicos como
privados, e outras actividades formais e informais, além de bairro residencial, razão disso
concentram-se maior parte dos empresários ou agentes económicos, postos como maiores
vítimas e mentores da prática de actos criminais. Além de facilitar a locomoção do
pesquisador sendo residente no mesmo distrito municipal.

Matola é uma cidade municipal e, capital da província; e é também um distrito, com


unidade administrativa local do Estado central moçambicano criada em 2013 e que
coincide geograficamente com o município1. Limita-se a noroeste e a norte com distrito de
Moamba, a oeste e sudoeste com distrito de Boane, a sul e a leste com cidade de Maputo e
a noroeste com distrito de Marracuene. O município tem uma área de 375 km².

1
http://www.pmaputo.gov.mz/por/A-Provincia/Perfis-Distritais/Matola. Acessado no dia 28/06/2019
pelas 09H23 min.
3
Quanto ao espaço temporal, de 2016 a 2018, para o autor considera como sendo um período
que foi caracterizado por muitos crimes de branqueamento de capitais e raptos, neste
círculo municipal, visto que estes crimes tendem a crescer depois da aprovação e entrada
em vigor da Lei nº 14/2013 de 12 de Agosto, que versa sobre o Branqueamento de Capitais
e Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro (Código Penal).

1.2. Problematização

A actual dinâmica sócio económico do país tem permitido a ocorrência de vários


fenómenos dos quais pode-se destacar a problemática de branqueamento de capitais conexo
aos crimes de rapto. Este crime tem ocorrido de forma persistente, no círculo municipal em
estudo.

E tendo em conta a política económica, como uma garantia constitucional, previsto no


art.96º da CRM-2004, que é a base fundamental para o desenvolvimento, a melhoria de
condições de vida do povo, ao reforço da soberania do Estado e a consolidação nacional,
através na participação dos cidadãos, bem como da utilização eficiente dos recursos
humanos e matérias, onde o Estado garante o desenvolvimento equilibrado e a distribuição
da riqueza, em reconhecimento e valorização do papel das zonas produtoras.

E o distrito municipal de Matola, sendo uma zona mais instustrializada da Província de


Maputo e coincidentemente é a capital da Província. Com o crime de branqueamento de
capitais, é um acto que provoca o desequilíbrio do desenvolvimento da economia, e com a
conexão ao crime de rapto, previsto no art.199º do CP, é um acto que viola os direitos de
liberdade e garantias do individuo, como princípios gerais, previsto no art. 56º da CRM-
2004, obviamente é em volta do acto é uma inconstitucionalidade plena. E com o
desenvolvimento económico, senta-se a problemática criminal que as autoridades policiais,
trabalham de forma a repelir o tal mal. Mas o que tem se notado é a sua agudização.

Segundo o Docente Universitário Varela (2011, p. 14), explana que o Direito é o ramo da
ciência que estuda as regras gerais, abstractas e imperativas do relacionamento social,
criadas pelo Estado e por ele impostas, se necessário, de forma coerciva. Deveres e
obrigações impõem-se à conduta de todas as pessoas no convívio familiar, na vida laboral

4
e nas relações sociais em geral. A solução dos conflitos, com base no Direito e mediação
do Estado, torna possível a vida em sociedade.

Assim, Direito não é somente o conjunto de normas gerais, abstractas obrigatórias e


coercitivas (normas jurídicas) que regulam, ordenam ou disciplinam os aspectos mais
relevantes da vida societária, mas é também o ramo da ciência que tem por objecto o estudo
dessas normas. A ciência jurídica tem por objecto discernir, de entre as normas que regem
a conduta humana, as que são especificamente jurídicas.
Deste modo, a nossa questão de ponto de partida é꞉

 Quais são os mecanismos que podem ser adoptados para mitigar os crimes de
Branqueamento de capitais conexos aos crimes de rapto no distrito da Matola?

1.3. Justificativa

O pesquisador sendo residente deste distrito municipal, vivendo os problemas de forma


direita e indireita, através das notícias policiais e outras autoridades públicas, a
comunicação social, e a população círculo municipal em estudo, reclamando dos actos de
branqueamento de capitais conexos aos crimes de rapto, isso inquietou o autor e viu a
necessidade de uma investigação científica do fenómeno, e posterior a difusão de
resultados obtidos, da investigação, através da elaboração da monografia do fim do curso.

Outro sim justifica-se no ponto de vista científico deste trabalho de pesquisa pela
importância excepcional, na materialização de conhecimentos científicos adquiridos na
Cadeira de Investigação Científica, pois vai consolidar a compreensão e a interiorização da
Cadeira pelos estudantes do Instituto Superior de Gestão de Negócios de uma forma geral,
como as FDS2em especial (PRM e SERNIC), como também a administração da justiça
(Ministério público e Tribunais),em particular o autor.

1.4. Objectivo do trabalho

Para a materialização deste trabalho, serão estabelecidos um objectivo geral e quatro


objectivos específicos que são:

2
Força de Defesa e Segurança refere-se da Polícia e Serviço de Investigação Criminal.
5
1.4.1. Objectivo Geral

 Analisar o branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto.

1.4.2. Objectivos específicos

 Identificar e discutir os actos criminais de branqueamento de capitais conexo aos


crimes de rapto;
 Compreender as razões e as consequências da prática crescente actos de crimes de
branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto, no Distrito Municipal da
Matola;
 Discutir as principais causas que proporcionam estes crimes no círculo municipal
em estudo;
 Sugerir medidas a tomar para minimizar a problemática em causa, no distrito
municipal da Matola em particular e em geral em Moçambique.

1.5. Questões de Pesquisa

1. Quais são outros actos criminais conexos aos crimes de branqueamento de capitais e
de rapto?
2. Quais são as consequências da prática deste tipo legal de crime?
3. Quais são as causas que proporcionam a ocorrência desses crimes?
4. Que acções podem ser feitas de forma a mitigar ou superar estes crimes?

6
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2. Conceptualização

2.1. Conceito de Branqueamento de Capitais

Antes de começar a explicação sobre o conceito de branqueamento de capitais, salienta-se


que a expressão de “Branqueamento de Capitais”, em muitos Países, adopta vários nomes
segundo a doutrina e legislação de cada. Exemplo a língua inglesa money laundering, em
espanhol blanqueo, em português Brasileiro lavagem, na língua italiana riciclaggio, e
muito mais, (Salazar apud Azambuja, 2013)3 .

O Branqueamento de Capitais é legalmente descrito não como um conjunto de condutas


concretas, mas sim, mais ampla e genericamente, como um processo destinado a um certo
fim, a ocultação ou dissimulação de um conjunto de características de bens de origem ilícita
(origem, localização, disposição, movimentação, propriedade), conforme (Godinho, 2001).
Considera que o processo de BC resume-se à transformação do dinheiro proveniente de
actividades ilícitas e denominado “ilícito” em dinheiro “lícito”, utilizando processos
complexos através de instituições financeiras.

O branqueamento de capitais é o processo que consiste em transformar ou reciclar os bens,


sabendo que estes bens provêm de actos delituosos graves, a fim de lhes mascarar a origem.
O conceito de BC cobre geralmente aqueles que participam neste processo e que deviam
estar razoavelmente conscientes de que eles contribuem para este processo, (Gilmore apud
Rodrigues, 2010).

De acordo com Cordeiro (2008, p. 274), dá outro conceito de branqueamento de capitais,


dizendo que, “em geral, tal fenómeno designa a utilização de banqueiros para dissimular a
origem criminosa da obtenção de fundos”.

3
Para o facto de que as expressões lavaggio (lavagem) e riciclaggio (branqueamento) identificam na
realidade dois momentos diferentes do fenómeno que não coincidem, necessariamente, isto é, aquele em
que o dinheiro “fica limpo”, mas poderá, a qualquer momento, ser identificado por parte dos órgãos
investigativos e o do efectivo reemprego ou reinvestimento do dinheiro em actividades lícitas com o fim
de aproveitar o natural rendimento do mesmo.
7
Segundo o art.4° e o art.7° todos da Lei n°14/2013, de 12 de Agosto, Branqueamento de
Capitais é o termo genérico usado para descrever o processo através do qual, indivíduos
mascaram a verdadeira origem de receitas geradas através de actos criminosos, fazendo
com que estas aparentem derivar de uma fonte legítima. Entre as origens destes fundos
destacam-se o abuso sexual de menores, extorsão, terrorismo, rapto, tráfico de substâncias
psicóticas, tráfico de armas, tráfico de órgãos ou tecidos humanos, fraude fiscal e
corrupção, entre outros actos ilegais puníveis, nos termos da Lei n° 35/2014 de 31 de
Dezembro – Código Penal.

De acordo com abordagem conceptual doutrinária e da lei de BC, o autor é da posição do


conceito previsto nos arts. 4º e 7º da Lei 14/2013 de Agosto, visto que o crime de
branqueamento de capitais é crime conexo.

2.1.1. Evolução histórica de Branqueamento de capitais

No que diz respeito à evolução histórica de branqueamento de capitais ou lavagem de


dinheiro é encontrado no poder judiciário moçambicano, assim como em manchetes que
tratam sobre a condenação e absolvição de acusados vinculados a essa conduta delituoso.
Mas apesar de ser um crime actual, a ideia de ocultar ou esconder dinheiro que provem de
fontes ilícitas ou obscuras não é uma conduta nova, existem relatos históricos desde Bíblia
Cristã, quando é contada a história de Ananias e sua mulher Safira que “venderam uma
propriedade e ocultaram uma parte, dando apenas uma parcela aos apóstolos”. Há ainda os
que defendem que a origem da lavagem de dinheiro teria ocorrido a mais de 3.000 anos
a.C. na China, em consequência de algumas práticas adoptadas pelos comerciantes, na
tentativa de proteger seus bens contra quem dentilha o poder. Os primeiros países do
mundo a criminalizarem a lavagem de dinheiro foram a Itália e Estados Unidos, conforme
(Anselmo2013).

Onde na Itália, vivia-se o auge do denominado “anos de chumbo”, foi período em que as
famosas “máfias italianas” dominavam as acções criminosas com objectivo de
desestabilizar o Estado. Uma das mais conhecidas máfias foram as “Brigadas Vermelhas”
que após realizarem o sequestro de ocorrido em 16 de Março de 1978, de um político do
alto escalão do poder público desencadeou uma comoção internacional. Foi neste contexto

8
que levou a criação do Decreto-Lei nº 59/1978, de 21 de Março, que posterior veio compor
o Código Penal Italiano. Essa norma incriminou a substituição de dinheiro ou valores
provenientes de roubo qualificado, extorsão qualificada ou extorsão mediante ao rapto, na
tentativa de desestabilizar as tais organizações criminosas essas medidas violentas para
obter capitas e se beneficiar de outras formas, (De Carli, 2008).

E nos EUA, fortaleceu as organizações criminosas ocorrem após a edição da lei em 28 de


Outubro de 1919, de proibição ao transporte, venda ou produção de qualquer tipo de
bebidas alcoólica que tivesse em sua constituição um teor alcoólico superior a 0,5%. Um
dos mais famosos chefes do crime a época foi Alphonese Capone, ele conseguiu erguer
uma formatura com as bebidas ilegais e só foi preso em 1931 por sonegação fiscal. Essa
“Lei Seca” acabou por gerar um mercado paralelo que rendeu milhões para os grupos
criminosos se tornou uma norma sem efetividade, pois não houve aceitação social de
restrição.

Em 1933, houve a revogação da proibição, porque os grupos mafiosos já estavam


investidos em outros tipos de acções para dar retornos económicos rápidos e voluptuosos
como as casas de jogos e o tráfico de substâncias psicotrópicas. Coma queda do Alphonese
e outros chefes do crime sentiram a urgência em criar mecanismos para proteger os lucros
dos seus negócios e Meyer Lansky foi o percursor de um instrumento que ficou conhecido
como offshore 4 , que consistia na remessa do dinheiro para bancos localizados fora do
Estado Americano e de preferência que possuíssem especial regulamento, ou seja, os
denominados “paraísos fiscais”.

4
OFFSHORE nos dicionários significa em geral feito ou registado no exterior a alguma distância da costa;
“No sentido comercial, uma empresa offshore é uma pessoa jurídica que está situada no estrangeiro em
relação aos seus proprietários, sujeitos a um regime de norma diferente. Esse tipo de companhia é
utilizadapara fugir dos altos encargos fiscais existentes no país de domicílio dos proprietários em outros
casos para se esconder dinheiro de origem criminosa. Outra denominação comum, para esses centros
finnceiros com especial regulação (maior sigilo financeiro menor exigências para a constituição de
empresas não-nacionais e menor tributação) é o caso de paraisos fiscais, conforme (DE CARLE, 2008,
p.82).

9
Segundo Torres apud Anselmo (2013, p.54-55), ilustra que os “paraísos fiscais” podem
ser classificados de acordo com o tipo de favorecimento que proporciona, podendo ser
quanto ao:

a. Regime societário – possuem um regime maleável, permitindo a Constituição de


sociedades sem grandes formalidades;
b. Regime penal – são os que apresentam normas permitindo, deixando de aplicar crimes
de evasão fiscal, fraudes em balanço, corrupção e lavagem de dinheiro, em amplo
favorecimento as actividades criminosas.
c. Regime bancário – são aquelas que facilitam o exercício de actividade bancaria ou
financeira sem submissão a rígido controlo, ausência de transferência e extremo sigilo.

Onde a legislação norte-americana sugeriu de forma progressiva na seguinte ordem:

 Banck Secrecy Act de 1970 – estipulava que as instituições financeiras deveriam


comunicar todas as vezes que se efetuassem transações superiores a dez mil dólares,
com o objectivo de criar vinculo por onde o dinheiro passasse e assim combatendo a
lavagem de dinheiro e crimes financeiros.
 Anti-drug Abuse Act of 1986 – foi um acto que previa várias medidas entre elas a
MONEY LAUNDERING CONTROL ACT (actos de controlo de lavagem de dinheiro)
que criminalizou o crime de lavagem de dinheiro no país e o adicionou no Código dos
EUA que é usado até hoje.

2.1.2. Objectivo Principal de Branqueamento de Capitais

Segundo Waty (2011, p.255), o objectivo principal do branqueamento de capitais é de


legitimar os rendimentos com origem em procedência ou negócios legais ou ilegais.

Para Godinho (2001. P.31), ilustra que o objectivo principal dos criminosos ao branquear
capitais é distanciar os fundos da sua real proveniência (criminosa), ou seja, branqueando-
os de tal forma que as diferentes instâncias de controlo não possam identificar a sua
verdadeira natureza ou origem. Isto permite aos criminosos:

10
 Esconder a riqueza ilícita; evitar acusação e condenação em tribunal; evitar o
pagamento de impostos; aumentar seus lucros; e legitimar riqueza ilícita.

Estes actos têm consequências nefastas para o Estado, a Economia e a Sociedade, pois,
favorecem a expansão do crime organizado, uma vez que permite que os criminosos usem
e tirem benefícios dos seus fundos ilegais e reduz a capacidade do Estado em colectar
impostos e enfraquece os sistemas de controlo da economia.

Através das nossas directrizes internas Especificas e Extravagantes, admite-se sem


dúvidas que o BC é um fenómeno doloso ligado a crime organizado, considerados
primitivos, que “o branqueamento de capitais, influência de forma expressa no aumento da
delinquência organizada em geral”. Sabe-se de antemão que as organizações criminosas
agem para adquirir o máximo de lucro das suas actividades criminosas e que para
conseguirem usufruir dos seus ganhos devem fazer uma limpeza nos mesmos para que
percam a sua origem ilícita e possam ser inseridos no sistema financeiro.

2.1.3. Facilitadores de Branqueamento de Capitais

Normalmente no branqueamento de capitais, entendem-se como “facilitadores”, todas


aquelas, pessoas singulares ou colectivas, que exercem uma função ou prestam algum
serviço que possa de alguma forma “ajudar” ao branqueamento de capitais. Aqui incluem
as actividades que manipulam valores, em especial numerário, sendo que a actividade
imobiliária, a restauração, e a revenda de automóveis têm sido muitas vezes alegadas.

Também as profissões liberais, nomeadamente contabilistas e financeiros, bem como


advogados e solicitadores, dando os seus conhecimentos, têm sido referidos,
nomeadamente durante o negócio de bens imobiliários. Não é por acaso que nos últimos
tempos o (INCI) - Instituto da Construção e do Imobiliário, que trouxe as competências
do (IMOPPI) – Instituto Mercados de Obras Públicas e Particulares e Imobiliário, no
desenvolvimento das suas competências de regulação e supervisão da intermediação
imobiliárias e tem procurado com a questão do branqueamento de capitais.

No fundo os facilitadores são todos aqueles, pessoas colectivas ou singulares, bem como
todas as pessoas que, por razões constantes, decorrentes do seu estatuto profissional ou de
11
funções desempenhadas, ou extraordinárias, que por alguma razão excepcional tem que
desempenhar, podem de alguma forma ajudar no processo de branqueamento.

Imaginemos que um “facilitador” que só é por uma razão respeitável. Exemplo Agente da
Polícia das Alfândegas ou da Migração “classe profissional que à primeira vista nenhum
risco apresenta”, mas que de repente é mobilizado para uma zona de risco de tráfico de
estupefacientes, por isso pode ser usado como correio de dinheiro para um grupo de
branqueadores de capitais, conforme (Braguês, 2009).

2.1.4. Etapas ou Fases de Branqueamentos de Capitais

Segundo Waty (2011, p.256), diz que o branqueamento de capitais tem três etapas que
durante as quais pode haver várias transacções efectuadas por branqueadores que são
susceptíveis de chamar a atenção de uma instituição seguradora para uma actividade
potencialmente criminosa: a colocação, separação e integração.

Colocação – É a disponibilização física do numerário proveniente de actividade ilegal.

Separação – É a “corte umbilical” dos rendimentos ilícitos da sua origem através da criação
de uma série complexa de transacções financeiros para dissimular a origem da numeração,
subverter o rosto de auditoria e proporcional o anonimato.

Integração – É a atribuição de aparente legitimidade ao produto gerado pela actividade


criminosa. Se o processo da separação tiver sido bem-sucedido, através de esquemas de
integração coloca-se o rendimento branqueado de novo na economia, de tal forma que
remota ao sistema de financiamento, como se fosse fundos provenientes de negócios
legitimas.
Enquanto Ana e Silva (2014), neste processo englobam três fases distintas e sucessivas, a
fim de procurar ocultar a propriedade e a origem das vantagens ilícitas, para manter o
controlo e dar-lhes uma aparência de legitimidade que são:

Colocação: nesta fase os bens e rendimentos são colocados nos circuitos financeiros e não
financeiros, através, por exemplo, de depósitos bancários ou investimentos em actividades
lucrativas e em bens elevados de valor;

12
Circulação: esta fase, os bens e rendimentos são objectos de múltiplas e repetidas
operações (por exemplo, transferências de fundos), com o propósito de distanciá-los ainda
mais da sua origem criminosa, eliminando qualquer vestígio sobre a sua proveniência e
propriedade e;

Integração: enquanto na terceira e última fase, os bens e rendimentos, já reciclados, são


reintroduzidos nos circuitos económicos legítimos (por exemplo, na aquisição de bens e
serviços).

Numa retrospectiva do autor destas fases, atrelar-se ao conceito de crime organizado do


BACHUR (2011) 5 , onde define o crime organizado como um fenómeno em mutação
permanente, sempre em busca da maximização do seu lucro, torna-se essencial esse
enquadramento. Visto que, o crime expandiu-se, solidarizou-se, internacionalizou-se e
globalizou-se. Onde as associações criminosas tornaram-se instáveis e uma vez que as
barreiras internas foram abolidas pela corrupção, facilitando a circulação de criminosos. E
paralelo ao fenómeno da globalização, a política mundial sofreu enormes mudanças dentro
das quais o entendimento de que surgiria uma comunidade civil internacional apta a
resolver e minimizar os seus conflitos de uma maneira pacífica.

Onde será punido com a pena de prisão maior de 2 a 8 anos, nos termos do nº1 do art.458º
do CP conjugado com a al e) do art.61º do CP, e quem dirigir ou chefiar esta organização
será punido com a pena de prisão maior de 8 a 12 anos, segundo o nº3 do art.458º conjugado
com al d) do art.61º do CP.de

2.1.5. Técnicas usadas para a prática de branqueamentos de capitais

Em cada uma das etapas ou fases já mencionadas acima, do processo de BC são usadas
várias técnicas, com a finalidade de encobrir a origem delituosa dos fundos e impedir que
se perceba a identidade dos operadores. Assim, cabe fazer referência algumas das
tipologias do branqueamento, a título de explicação, tendo em conta, que as técnicas usadas

5
É notório que a criminalidade organizada antecede a era da globalização, havendo registos históricos
que indicam que os traços destes fenómenos, no mundo ocidental, remotam aos tempos das quadrilhas de
contrabandistas que actuavam na França, sob comando de Luís Mandrin (Rei dos contrabandistas),
condenado em 1755 sob o reinado de Luís XV. Os piratas franceses e ingleses dos séculos XVII e XVIII,
organizavam-se para exercer a criminalidade da época em larga escala.
13
são potencialmente indeterminadas, conforme Azambuja (2013) “as modalidades que
podem ser utilizadas para efectuar operações de branqueamento de dinheiro têm apenas
por limite o engenho e a imaginação de quem procura ocultar a natureza ilegal do dinheiro”.

Os métodos mais utilizados pelos branqueadores tendo em conta a universalidade dos


circuitos económico-patrimoniais existem várias técnicas difundidas na doutrina como:

1. Estruturação/Smurfing ou Structuring – é método através do qual se fragmentam os


capitais ilícitos em diminuídas quantidades que são inseridas no circuito financeiro por
intermediários, que se designam “smurfs” e se incumbem de executar o ingresso
efectivo, em quantias inferiores, à obrigada a declarar, em entidades bancárias, agências
de seguros e agências de valores de câmbio, entre outras, que depois são transferidas
para o estrangeiro.
2. Contrabando de Capitais – é o contrabando físico de dinheiro para fora do país,
mediante variados processos de transporte, não deixa rasto. Trata-se de uma prática
muito frequente, e de carácter pouco aperfeiçoado, é muito barato, simples e de baixo
risco. Com a consequência da globalização do mercado e do acréscimo do volume de
comércio mundial é quase impossível analisar todos os carregamentos que cruzam a
fronteira, cingindo-se apenas a uma pequena parte. Esse método pode exibir alguns
“inconvenientes”, tais como o roubo ou perda; desvio de dado pelo intermediário; o
próprio volume e peso das notas, que são superados pela acção de “testas de ferro”, que
contêm a tarefa de dividir o dinheiro ilegal evitando levantar suspeitas para a operação,
uma vez que os montantes são reduzidos e as transacções aparentemente independentes
uma das outras. Estes “testas de ferro” são geralmente pessoas respeitáveis que
dificilmente levantam suspeitas e não têm papel importante na organização criminosa,
sendo pagos por comissões de montante reduzido. Exemplo Agente da Polícia das
Alfândegas, Agentes da Polícia de Migração ou Agente da Polícia de Fronteira, e os
criminosos que cruzam a fronteira com os sacos cheios de dinheiro são denominados
de “spalloni”.
3. Sistema Bancário Clandestino – são sistemas bancários clandestinos ou paralelos que
existem em vários países. Todos actuam da mesma maneira e base-sena confiança. O
branqueador entrega o dinheiro ilegal ao banqueiro clandestino, o qual comunica ao
14
banqueiro associado, localizado no país para onde o dinheiro se dirige, onde o mesmo
foi recebido. Ao depositante é entregue um recibo especial, o qual é apresentado no
país estrangeiro. O depositante recebe então o dinheiro na moeda local, deduzidas as
despesas e comissão. Através deste sistema o dinheiro nunca sai fisicamente do país,
(Paúl apud Azambuja, 2013, p.46).
4. Investimento em Bolsas de Valores – de forma objectiva ocorre através de
intermediários em que o cliente detém uma ou mais contas e gere ele próprio a sua
bolsa de títulos, executando compras e vendas pelo telefone a partir de qualquer parte
do mundo, facilmente, logo dispõe de um código que a maior parte das vezes é a própria
voz. É indireitamente por meio de entidades financeiras, como são os bancos que se
incumbem destas mesmas tarefas em troca duma comissão, segundo (Bandeira apud
Azambuja, 2013, p.47).
5. Venda de acções e outras operações de títulos ou valores mobiliários – neste tipo de
conduta o agente branqueador vende acções, para si próprio, através de um falso
intermediário, geralmente uma empresa imaginária. E por sua vez promove-o preço das
acções em mãos do “branqueador”, através de recursos de proveniência ilícita. O
branqueador, depois, vende as acções e pode anunciar um lucro imaginário.
6. Troca de Moeda – é técnica habitualmente que se efectua mediante a compra de dólares
em enormes oficinas de entidades de crédito, em sucessivas operações de pequeno
porte, declarando como se fosse “turismo e viagens”.
7. Transferência à Distância – esta técnica ocorre partindo da premissa de que a
organização de branqueamento contenha duas ou mais filiais em diversos países, ou
que tenha algum tipo de relação empresarial entre a organização criminosa e negócios
correspondentes no exterior, os recursos a serem “lavados” entram na filial de um país
e depois são disponibilizados num segundo país, na mesma moeda ou outra. Como
existe uma relação de comunicação entre as duas filiais não há necessidade de
transportar os fundos fisicamente e nem realizar transferências electrónicas.
Vulgarmente, a coordenação entre as duas pontas de operação é feita por telefone, faz
um tipo de sinal pré-acordado. Exemplo casas de câmbio na América Latina e nos
Estados Unidos tem aplicado a técnica com sucesso de branqueamento de dinheiro.

15
8. Transferência electrónica ou telegráfica de fundos – conforme os estudos do GAFI6 é
o processo mais usado na etapa de disfarce. As vantagens que tal técnica dá são: a
diminuição, ao mínimo, dos rastos calculáveis, a rapidez, a distância que pudesse
remeter rapidamente os fundos e o anonimato em que se expandem estas operações,
que acentua ao perder-se dentro de transferências que são cumpridas pelo mundo.
9. A evolução das novas tecnologias bancárias – é uma técnica correspondente à de meios
de comunicação e de produtos na internet, fortifica a rapidez das operações em escala
mundial e as dificuldades de identificação dos titulares.
10. Compra em Dinheiro de Objectos de Luxo – é uma técnica que efectua-se a compra de
objectos de luxo, em dinheiro; depois desloca-os para o estrangeiro e aí procede à sua
venda. O mercado do ouro é o que maior tem incidência, pois trata-se de um sistema
fundamentado na tradição e confiança que dispensa, o sistema bancário e operam-se
por grupos impenetráveis em procedimento de branqueamento de todas as origens,
evasão de dívidas, contrabando e fraudes em geral. Tal actividade beneficia do
anonimato, são particularmente relevantes para o movimento de imensas somas, e são
dificilmente detectáveis e não produzem documentos fiscais nem registos.
11. Sociedade Fantasmas – é a técnica mais comum existirem nos paraísos fiscais sob a
forma de Bancos ou companhias de seguro que se podem comprar por um preço global
e cuja existência, resume-se aos estatutos, sede e registo social e à informação de um
residente, com as funções de director da sociedade. Os que realizam BC possuem com
frequência diversas sociedades utilizando-as para transferir fundos de uma para a outra,
para repelir a origem criminosa das suas operações.
12. Empresas de Camuflagem – é por meio das empresas, regularmente domiciliadas num
paraíso fiscal, uma pessoa ou empresa podem emprestar, a si mesma, fundos de origem
ilícita. Os fundos que recebe aparecem legalmente como provenientes de um
empréstimo do estrangeiro.
13. Igrejas – é a técnica mais usada na actualidade no branqueamento e acontece de forma
mais fácil, pois os valores são analisados como donativos e não há fiscalização, já que
ninguém pede nota fiscal de doação à igreja, facilitando a mistura do dinheiro sujo com

6
Grupo de Acção Financeira Internacional.
16
o dinheiro doado, o qual não pago imposto. E envia o dinheiro ao exterior através das
justificações de “caridade” ou conservação dos seus templos.
14. Empréstimos Fraudulentos – é uma técnica que o branqueador, tem depositado os
fundos ilegais num Banco estrangeiro, dispõe-se fazer um investimento de elevado
valor. A entrada inicial paga com dinheiro limpo e para o resto da dívida contrai um
empréstimo junto de um Banco, concebido com base numa garantia bancária, emitida
pelo Banco estrangeiro. O agente deixa de propósito liquidar o crédito e os capitais
branqueados são transferidos legalmente para pagar o empréstimo ao Banco mutuante.
15. Casas de jogos e Centros de Apostas – consiste na compra em dinheiro de elevadas
quantias de fichas de jogo ou depositar grande numerário nas caixas dos casinos, com
a desculpa de que servirão para jogos futuros. O agente branqueador passa algum tempo
no casino, mas joga pouco. Revende as suas fichas ou salda a sua conta através de um
cheque em seu nome ou de terceiro que será depositado na sua conta bancária. Tal
operação muitas vezes conta com a participação da direcção ou administração dos
casinos, como sucede no sul de França em que diversos destes estabelecimentos são
controlados pela “Comorra” italiana, conforme (Paúl apud Azambuja, 2013).
16. Compra e Venda de Imóveis – é a técnica que existe em enormes quantidades de
operações sobre bens imóveis que podem ser usadas para integrar o dinheiro ilícito na
economia. Frequentemente se deliberam preços em alguns mercados, de maneira que
o último vendedor pode demonstrar uma fonte legítima de um benefício importante,
apesar de fictício (método de reversão das propriedades compradas). Este mecanismo
subsiste numa transição rápida de propriedade imobiliária a preços rapidamente
adicionados.
17. Conversão do dinheiro em outros instrumentos ou meios de pagamento – uma vez o
dinheiro em género é aplicado numa entidade financeira ou num estabelecimento
financeiro não tradicional, é transformado noutros instrumentos de pagamentos tais
como cheques bancários, cheques de viagens, ordens de pagamento, letras, etc. Tais
instrumentos podem ser mais facilmente transportados para outros países, ou podem
igualmente entrar em contas bancárias sem se obrigar às necessidades de identificação
aplicáveis ao acesso de dinheiro em género, de acordo com o ensinamento (Alvarez
apud Azambuja, 2013, p.50).
17
18. Construtoras – o ramo da construção civil é um dos escolhidos dos agentes
branqueadores, devido às diferentes modalidades de empreendimentos que podem
participar os valores envolvidos, etc.
Na Itália o crime organizado fiscalizava o sector das construções através de
investimentos que o conduziram a deter o monopólio dos sectores do transporte por
terra e abastecimento de materiais de construção. Prova desta condição, foi de facto a
partir de1990 a crise política italiana ter sido seguida da crise no sector considerado o
mais corrupto, o das construções, (Negrão apud Azambuja, 2013, p.50).

Em todos os exemplos mencionados por Azambuja (2013), são os recursos de objecto de


lavagem que são categorizados em dólares dos Estados Unidos, apesar nos seus traços
originais, grande diversidade de moedas tenha sido utilizada. Esta transformação em
dólares americanos foi feita, em primeiro lugar, para homenagear o trabalho e afastar a
identificação do país de origem; em segundo lugar, para possibilitar a comparação de
quantidades de recursos e em terceiro lugar, porque geralmente conhecem o valor em
dólares dos crimes cometidos na sua própria moeda e irão compreender mais facilmente a
grandeza das operações de lavagem.

2.1.6. Riscos de branqueamento de capitais

Segundo Waty (2011, p. 257), ilustra que o branqueamento de capitais coloca sérios riscos
às instituições vinculadas. A inadequação ou ausência de políticas relacionadas podem
sujeitar as instituições sérias com clientes e terceiros, especialmente no que respeita aos
riscos reputacional, operacional e legal.

Todos estes riscos estão interligados e podem interagir entre si. Os possíveis efeitos
desfavoráveis do branqueamento de capitais incluem:

a) Dados reputacionais, que podem prejudicar o valor das acções da sociedade no


mercado da bolsa de valores e a sua relação com outras entidades relacionadas;
b) Sanções criminais e administrativas, derivadas do cumprimento das leis e
regulamentos;
c) Processos cíveis ligados ao branqueamento de capitais e crimes relacionados.

18
Segundo os arts.4º e 7º ambos da lei de branqueamento de capitais, o autor conclui que
branqueamento de capitai é um crime conexo que está ligado à associação de malfeitores
com finalidades ou actividade para delinquir, conforme instituído no art.458º do CP. Visto
que o branqueamento de capitais é um crime que envolve muita gente para a sua
materialização.

2.1.7. Consequência de crime de branqueamento de capitais

O crime de Branqueamento de Capitais traz graves consequências económicas e sociais,


sobretudo para o sistema financeiro. E constituíram algumas modalidades de lavagem de
dinheiro ou branqueamento de capitais, mas essa actividade criminosa transnacional
apresenta consequências, entre as quais podemos apontar:

O enfraquecimento do Sector Privado Legítimo, já que um dos efeitos microeconómicos


mais sérios da lavagem de dinheiro recai sobre o sector privado. Sabe-se que os
branqueadores de dinheiro utilizam companhias de frontaria ou negócios que aparentam
ser legítimos e realizam actividades legítimas, mas que na realidade são controlados por
delinquentes que misturam os fundos provenientes de actividades ilícitas com fundos
legítimos, para esconder o dinheiro ilícito, conforme (Soto, 2014).

Também são enfraquecidas as Instituições Financeiras, já que a lavagem de dinheiro


prejudica a estabilidade do sector financeiro de um país. Essa actividade criminosa tem
sido relacionada com vários fracassos bancários em todo o mundo. Os riscos da lavagem
de dinheiro para as instituições financeiras são geralmente como de reputação, operação,
jurídicos e de concentração de crédito.

Igualmente gera perdas de controlo financeiro ou erros nas decisões relacionadas com a
política económica, devido às grandes somas de dinheiro envolvidas no processo de
lavagem de dinheiro. Em alguns países de mercados emergentes, esses fundos ilícitos
podem diminuir os orçamentos governamentais, o que pode causar a perda de controlo da
política económica por parte dos governos ou erros na política, devido a falhas na medição
de estatísticas macroeconómica resultantes da lavagem de dinheiro.

19
Ainda Soto (2014), aponta a percepção de uma perda de receita de imposto: de todas as
formas subjacentes de actividades ilegais, a evasão fiscal é talvez a que tem o impacto
macroeconómico mais evidente. A lavagem de dinheiro reduz receitas fiscais para o
governo e por isso prejudica indireitamente os contribuintes honestos. Dessa maneira,
reduz os orçamentos governamentais, tendo como resultado que os governos percam o
controlo de política económica. Em alguns casos, a magnitude mesmo da base acumulada
de bens dos lucros lavados pode ser empregada para dominar o mercado monopolizando
as pequenas economias.

Para Schott apud Miguel (2017, p.43), a falta de regime anti-branqueamento de capitais ou
a existência com deficiência ou a corrupção, num determinado país, oferecem aos
criminosos e aqueles que financiam o terrorismo a oportunidade de actuar, utilizando os
seus financeiros para ampliar as suas opções criminosas e promover actividades ilegais,
como a corrupção, o tráfico de drogas, o tráfico ilícito, a exploração de seres humanos, o
tráfico de armas, o contrabando e o terrorismo.

Por seu turno, Tavares apud Miguel (2017, p.44), diz que “O branqueamento de capitais é
um grave problema mundial que afecta a sustentabilidade económica e o bem-estar dos
cidadãos com implicações tão diversas como as microeconómicas e macroeconómicas”.

As consequências desta actividade financeira ilícita são frequentemente analisadas a nível


nacional e internacional, embora afectem os níveis regional, local e individual. Estas
consequências (impactos, como os prejuízos) podem ser divididas por diversos tipos,
nomeadamente físicos, sociais, ambientais, económicos e estruturais. Partindo de uma
perspetiva nacional, uma das principais consequências do Branqueamento de Capitais é o
seu impacto negativo na transparência, boa governação e responsabilização das instituições
públicas e privadas (corrupção). Esta actividade também prejudica a segurança e a
reputação nacional do país, tem impacto direito e indireito na economia do Estado. Isto por
que o branqueamento de capitais, a sua prática decorre em grande parte em países em
desenvolvimento, através das técnicas mencionadas acima.

2.2. Conceito de Crime

20
Como ponto de partida, antes de falarmos do conceito de crime, em primeiro lugar,
falaremos da criminologia, onde etimologicamente, a criminologia deriva do latim
“crimino” (crime) e do grego “logos” (tratado ou estudo). Trata-se, logo o estudo do crime
que é uma ciência humana e social e não tem por objectivo apenas o estudo do crime, mas
sim, o estudo de todas as circunstâncias que envolvem o crime tais como a vítima, o
criminoso e a prática do delito. Segundo De Paula (2013, p.10), a palavra “criminologia”
surgiu pela primeira vez em 1883 por Paul Topinard e aplicada internacionalmente por
Garófalo, em 1885, no seu livro Criminologia.

Nesta senda, Newton apud De Paul (2013, p.11), ensina que a criminologia é a ciência que
estuda o fenómeno criminal, a vítima, as determinantes endógenas e exógenas, que isolada
ou cumulativamente actuam sobre a pessoa e a conduta do delinquente, e os meios
pedagógicos de reintegra-lo ao grupamento social.

De um ponto de vista legal e jurídico o conceito de crime encontra uma base mais sólida.
Para Durkheim citado Cusson (2011, p.16-17), crime é “todo o acto punido e fazemos do
crime assim definido o objecto de uma ciência especial, a criminologia”. Como também
ensina Picca apud Cusson (2011, p.17) completa o conceito referindo que Crime é “todo o
acto previsto como tal pela lei, dando lugar à aplicação de uma pena por parte da autoridade
superior7”. Porém, esta definição, apesar de mais sólida, coloca também problema. Visto
que dependendo de quem é o Estado, pressupõe-se legalmente estabelecido, a definição de
crime também poderá variar, pois sente-se de forma intuitiva que “há verdadeiros crimes e
outros que não o são, que há criminalizações fundadas em razão e em justiça e outras que
resultam do erro, do fanatismo ou da vontade de poder” conforme (Cusson, 2011).

Desde o surgimento do homem sobre a face da terra que o crime surge como uma sombra,
assim o diz Noronha apud Kil (2007, p. 13): a história do direito penal é a história da
humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha através dos tempos, isso porque o
crime nunca se afastou.

7
Quando falamos de autoridade superior, devemos entender a figura do Estado, enquanto detentor do ius
emperii r do monopólio do uso da força.
21
Além de um fenómeno social, o crime é na realidade, um episódio na vida de um indivíduo.
Não podendo, portanto, ser destacado e isolado, nem mesmo ser estudado em laboratório
ou reproduzido. Não se apresenta no mundo quotidiano como apenas um conceito, único,
imutável, estático no tempo e no espaço. Ou seja: "cada crime tem a sua história, a sua
individualidade; não há dois que possam ser reputados perfeitamente iguais." Claramente,
cada conduta criminosa faz nascer para as vítimas, resultados que jamais serão esquecidos,
pois delimitou-se no espaço a marca de uma agressão, seja ela de que tipo for (moral;
patrimonial; física; ideológico ou mesmo político).

O crime8 passou a ser definido diferentemente pelas dezenas de escolas penais. E, dentro
destas definições, havia ainda subdivisões, levando-se em conta o foco de observação do
jurista. Surgem então os conceitos; formal, material e analítico do crime como expressões
mais significativas, dentre outras de menor expressão.

De acordo com vários conceitos doutrinários de crime autor, o autor é da posiciona-se do


conceito de crime, previsto no art. 1º do CP, pela sua tipicidade, sendo um delito punível
por lei penal.

2.2.1. O Conceito do Crime Formal

Crime num sentido formal define-se como acção típica, ilícita, culposa e punível.

O caráter fragmentário do delito penal justifica o começo da adjectivação da acção como


típica, uma vez que, por força do princípio da legalidade, só é crime o que a lei tipifica
como tal. Afirma a tipicidade está indicada a ilicitude, que só será afastada se se verificar
uma causa de justificação.

O juízo de culpa decorre do princípio do respeito da pessoa humana. Com efeito, para
aplicar uma pena a um sujeito, é necessário que esse sujeito possa ser pessoalmente
censurado pelo facto que praticou, conforme Prata et al. (2008, p.125).

Corresponde a definição nominal, ou seja, relação de um termo a aquilo que o designa.

8
ELEUTÉRIO, Fernando. Análise do crime. Acesso site: http://www.uepg.br/rj/alvlat09.htm. Acessodo
no dia 16/03/2019, pelas 23H25 min.
22
Segundo Mirabete apud Kil (2007, p.17), diz que crime formal: “É a contradição do facto,
de uma norma de direito, ou seja, sua ilegalidade como facto contrário à norma penal,
contudo, não penetra a fundo em sua essência em seu conteúdo, em sua matéria”.

Para o autor, posiciona-se o conceito de crime forma, previsto no Código Penal


Moçambicano, no seu art.1º CP, define crime ou delito como um facto voluntário declarado
punível pela lei penal.

2.2.1.1. O Conceito do Crime Material

Corresponde a definição real, que procura estabelecer o conteúdo do facto punível, ou seja,
visa ao bem penalmente protegido pela lei; partindo para uma visão formal, nada mais é do
que a simples violação da norma penal.

Crime é toda acção ou omissão proibida por lei, sob ameaça de pena, afirma Silva (2002,
p.137). E o Direito Penal moçambicano adoptou o conceito de crime material, por ser um
conceito dogmático.

Deste modo, crime numa perspectiva substancial, material é a conduta humana que afecta
de modo particularmente grave bens jurídicos essenciais a substância da comunidade.

Uma noção material de crime possibilita uma abordagem crítica do delito penal vigente.
Desde logo, permite afirmar que não pode ser crime qualquer facto contrário a ordem
jurídica, ou seja, que existem limites a incriminação, (Prata et al, 2008, p.126).

Assim, o autor concluiu ou entende que o conceito material apara o crime é toda acção ou
omissão proibida por lei, ou seja, tudo aquilo que a lei proíbe, ou punível pela lei, segundo
o art.2º do CP.

2.2.1.2. O Conceito de Crime Analítico

No que tange do conceito de crime analítico e seus requisitos reside na aceitação ou não da
culpabilidade como requisito do crime. Há unanimidade em aceitar a tipicidade e a anti-
juridicidade como requisito do crime, a discussão está no aceitar ou não da culpa.

23
Segundo Delmanto apud Mirabete (2002, p. 138), expõe sobre o conceito analítico:
“quando presente um facto típico e anti-jurídico, teremos um crime, mas a aplicação de
pena ainda ficará condicionada à culpabilidade, que é a reprovação ao agente pela
contradição entre sua vontade e a vontade da lei.

2.2.1.3. Análise do Conceito de Crime

A qualificação jurídica do crime é ponto culminante e, ao mesmo tempo, um dos mais


debatidos e difíceis da doutrina penal moderna, este já era o pensamento do mestre
Hungria, afirmando ainda que "o crime é, antes de tudo, um facto, entendendo-se por tal
não só a expressão da vontade mediante acção (voluntário movimento corpóreo) ou
omissão (voluntária abstenção de movimento corpóreo), como também o resultado
(effectussceleris), isto é, a consequente lesão de um bem ou interesse jurídico penalmente
tutelado”.

De acordo com Ihering apud Eleutério (2006. P.3). Passou-se a definir o “crime como
sendo o facto oriundo de uma conduta humana que lesa ou põe em perigo um bem jurídico
protegido pela lei”.

Conceito dogmático ou jurídico de crime, apelidado por muitos de “analítico”. Sua origem
remonta ao ano de 1906, oriunda da doutrina alemã de Beling, através de sua obra: “Die
Lehrevom Verbrechen” (A Teoria do Crime), que culminou em 1930 com sua segunda obra
“Die Lehrevom Tatbestand” (A Teoria do Tipo). O crime, portanto, passou a ser definido
como: toda a acção ou omissão, típica, antijurídica ou ilegal e culpável.

Desta forma, o autor posiciona-se ao conceito de crime, previsto no art.1º do CP, que nos
ilustra que crime é facto voluntário declarado punível pela lei penal.

2.2.2. Causa da prática de Crime

Sempre que reparamos as causas ou motivos dos actos criminais, nos deparamos com a
conexão com o consumo de drogas ou vice-versa.

Segundo Da Agra (1998, p. 67-68), diz-nos que a droga causa o crime. Segundo o autor
alega três razões fundamentais, tais como: Prmeiro–Supõe que o poder psicoactivo das

24
substâncias, quando ingeridas, desencadeia inevitavelmente modificações no
comportamento dos individuos, com consequências anti-sociais (Violência, crimes contra
pessoas, etc); Segundo - O toxicodependente em estado de carência de substância, e não
possuindo recursos económicos para adquiri-los no mercado ilegal é obrigado,
inevitavelmente, a cometer delitos, das quais procedem aos recursos de que necessita e;
Terceiro -Sustenta que a subculta da droga, designadamente o mercado pela violência.

Mas também há do tipo causal, no seu inverso, que a partir da evidência empírica
estabelecida, que o crime causa droga: O consumo de drogas é precedido de actividades
criminosas e elas associado (umas vezes delinquência ocasional, outras criminalidades,
séria persistente).

Ainda Da Agra (1998), dá explicação estrutural que encontra a explicação causal, que a
droga e o crime, se aparecem juntos, isso deve-se à determinação de um factor comum a
um e outro nível, mais profundo nas estruturas do próprio funcionamento do indivíduo e
seus contextos. A teoria do “Síndroma da desviância” que supõe um estado latente de
“desviância” do qual emergem comportamentos manifestadas como consumo de drogas e
prática de actos ilícitos, deste modo à explicação que nos obriga a deslocar de nível:
Comportamento manifesta até as vereáveis que lhe são latentes.

Concluiu por sua vez que, na explicação baseada em dados empíricas, faz interferir o tempo
ou a história na ligação droga-crime. Esta ligação vária em função das biografias dos
indivíduos inscrever-se-á em tipos de “carreira” ou estilo da vida. São exemplos deste
modo de explicação as tipologias de “carreiras desviantes”. Esta ligação droga-crime
compreende-se e explica-se quando estes comportamentos associados são mergulhados na
história da carreira desviante ou no estilo de vida dos indivíduos que os manifestam, de
acordo (Da Agra, 1998).

Criminosos usam droga para encorajar seus ânimos, notadamente a Cocaína, que é a droga
da amizade. Visto que actua, inibindo o sistema nervoso central durante o seu efeito no
organismo, e incapacitando o usuário a praticar acções violentas. Há, todavia, uma
correlação dessa droga com a agressividade devido à dependência física que provoca,
podendo levar ao desespero. O mecanismo da sua entrada para o uso de drogas legalmente
25
proibidas é, sempre por meio daquelas consideradas lícitas, como o álcool e cigarro, que
também causam uma série de agravos à saúde e, no caso do álcool, podem predispor o
indivíduo que utiliza a praticar crimes, (Posterli, 2000).

Para Baratta apud De Paula (2013, p.29), diz que as maiores chances de ser selecionado
para fazer parte da “população criminosa” aparecem, de facto, concentradas nos níveis
mais baixas da escala social (subproletariado e grupos marginais). A posição precária no
mercado de trabalho (desocupação, subocupação, falta de qualificação) e defeitos de
socialização familiar e escolar, que são características dos indivíduos pertencentes aos
níveis mais baixos, e que na criminologia positivista e em boa parte da criminologia liberal
contemporânea são indicados como as causas da criminalidade, revelam serem conotações
sobre a base das quais o status de criminoso é atribuído.

Para o autor, comunga com a idealização dos doutrinários, no que diz respeito o consumo
de drogas, visto que drogas e crimes, são postos factores comuns, o grupo de marginais,
mas também sou da opinião que a crise mundial que se faz sentir ao nosso mundo, traduz-
se ao índice de desemprego, pode ser um dos catalisadores que pode ser apontador como
causas da criminalidade no distrito em estudo.

2.2.3. Consequência de Crime

De acordo com o criminologista Soares apud De Paula (2013, p.30) aponta de "Factores
Criminógenos" e "Factos Sociais", e afirma que:

Considera factor aquilo que pelas suas características ou condições, contribui ou oncorre
para um resultado, torna viável o efeito, servindo-se de nexo, entre este e a causa,
relacionando-os. Em como a Matemática, um só factor não dá produto, o carácter
criminoso não resulta de um só factor.

Vários factores influenciam na criminalidade. Os factores externos, por exemplo, as


políticas salariais, indústrias fecham portas por estarem passando crises, faltando emprego,
grande aumento da inflação, fazendo com que o baixe o poder popular. Temos a situação
económica como uma forte influenciadora da criminalidade. Dentre outros factores
externos que influenciam, o mais importante, é o factor económico.
26
Como também factores internos que está no íntimo do ser humano e que são factores que
influenciam também na criminalidade como, por exemplo, uma infância abandonada, pais
separados, crianças órfãs, lares desfeitos e que afetam o subjectivismo do ser humano. O
resultado é que essa parte da população explorada parte para o crime, conforme ilustra,
(Marx apud De Paula, 2013):

O crime tira do mercado de trabalho uma parte supérflua da população, e assim reduz a
competição entre os trabalhadores: até o ponto em que previne os salários de caírem
abaixo de um mínimo, a luta contra o crime absorve uma outra parte dessa população.

Segundo De Paula (2013), diz-nos que alguns factores da criminalidade tais como:

A pobreza é um dos factores da criminalidade, sua influência sobre o crime acontece de


forma indireita. Os delinquentes em sua maioria são pessoas pobres, e semi-analfabetas,
não possuindo formação moral adequada e são vistos como diferentes pela sociedade. De
acordo com essa visão cultivam ódio e aversão por aquelas pessoas que possuem uma
realidade diferente do que a vivida por esses indivíduos observa que aqueles que possuem
bens valiosos são vistos por esses indivíduos com sentimento de ódio.

A má distribuição de riquezas alimenta revolta, por não possuir tais bens, e também, por
não ter oportunidade de consegui-los, sendo assim, delinquentes adquire-se um sentimento
de violência, pela insatisfação, inconformidade e que os leva a criminalidade, cometendo
desde um crime mais simples como apedrejamento de um património até um crime mais
bárbaro como o homicídio.

A situação da pobreza que vive o indivíduo é um factor determinante para o


comportamento criminoso. Como também o número de desempregados aumenta a cada
ano, contribuí muito para a prática de crimes também com a prática de crimes ligados a
lavagem de dinheiro, corrupção do poder público, “crimes do colarinho branco” á uma
abastança também, conforme (De Paula,2013).

Os meios de comunicação se destacam dentre os factores da criminalidade, desde 1970, a


televisão é um meio que mais se aproxima do cidadão, e a internet que possibilita aos

27
indivíduos comunicarem através de vários meios, tais como email, chat, blog etc. Esses
meios tramitem ao homem tudo aquilo que ocorre na sociedade.

Num ponto de vista do autor, está em harmonia com os conhecimentos ilustrados pelos
doutrinários, visto que os factores que influência da criminalidade são crises económicas,
como as políticas salariais, o maior número de desempregados, e o maior índice de pobreza,
como também factor da comunicação. Exemplo na prática de crimes de branqueamento de
capitais, de rapto, entre outros. Isto porque os seus execuctores são grande parte deles
pobres, que são instigados com facilidade.

2.3. Conceito de Rapto

Rapto9 com origem etimológica no latim “raptus”, é um termo que admite várias sentidos.
Pode-se tratar do arrebatamento que leva uma pessoa a actuar de forma impulsiva ou
irracional a uma dada altura.

De acordo com Prataet al. (2017, p.429), o Dicionário Jurídico referem que “Rapto é um
crime previsto no art.199° do CP; que ocorre quando alguém, por meio de violência,
ameaça ou astúcia, rapta (priva da liberdade) outra pessoa deslocando-a do seu meio
normal, com a intenção de submeter a vítima a extorsão, cometer crime contra a liberdade
e autodeterminação sexual, obter resgate ou recompensa ou constranger a autoridade
pública ou um terceiro a uma acção ou omissão ou suportar uma actividade.

Deste modo, para evitar conflitos com as definições patentes em várias legislações
internacionais, convenções e protocolos, privilegiou-se a definição de ordenamento
jurídica moçambicana do crime de rapto.

Deste modo, o crime de rapto está previsto no art.199º do Código Penal moçambicano
(CP):

“Quem, por meio de violência, ameaça ou astúcia, raptar outra pessoa com
a intenção de: “a) Submeter à vítima a extorsão; b) Cometer crime contra
a liberdade e autodeterminação sexual da vítima; c) Obter resgate ou
recompensa; ou d) Constranger a autoridade pública ou um terceiro a uma
acção ou omissão, ou a suportar uma actividade; será punido com pena de
prisão maior de vinte a vinte e quatro anos, em conformidade com a alínea

9
https://conceito.de/rapto. Acessado no dia 09/06/2013, pelas 10H24 min.
28
a) do art.61º do CP.” “E se da privação de liberdade resultar a morte da
vítima, o agente será punido nos termos previstos no art.160º do CP- Crime
hediondo”:
São hediondos os crimes praticados com extrema violência, crueldade, sem nenhum senso
de compaixão ou misericórdia de seus agentes, causando profunda repugnância e aversão
à sociedade, agravado nos termos do art.118º do CP.

A tipificação dos raptores pode encontrar várias molduras. Através da conexão da Lei nº
35/2014, de 31 de Dezembro e a Lei de Branqueamento de Capitais e Financiamento dos
actos de Terrorismo, que se consideram crimes conexos ao branqueamento de capitais no
seu art.7º da Lei nº 14/2013 de 12 de Agosto:

Considera-se grupo, organização ou associação criminosa terrorista todo


o agrupamento de duas ou mais pessoas que, actuando concertadamente,
visem prejudicar a integridade e a independência nacional, impedir, alterar
ou subverter o funcionamento das instituições do Estado previstas na
Constituição, forçar a autoridade pública a praticar um acto, a abster-se
de praticar ou a tolerar que se pratique, ou ainda intimidar certas pessoas,
grupos de pessoas ou a população em geral, mediante: a) Crime contra a
vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas.
No que tange a posição do autor, comunga-se no conceito previsto no Código Penal, no
seu art.199º, tendo em considera o seu modus operandi, e quando a negociação for
malfeitas com os familiares da vítima, muito das vezes culmina-se em crimes hediondos.

2.3.1. Evolução Histórica de Rapto

Hoje, alguns autores situam os raptos 10 como uma das expressões mais modernas da
violência social, na medida em que priva ilegalmente a vítima de sua liberdade, pode
resultar em tortura física, mental, ameaças, entre outros. Aliás, a DUDHs adoptada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948 defende que todos os seres humanos têm

10
VERDADE (online) http://www.verdade.co.mz/.../41318-entendendo-os-sequestros-origem-causas-
consequencia...30/10/2013 - Entendendo os Sequestros: origem, causas, consequências e formas de
prevenção - escrito por Pedro Júnior. PDF • Versão para impressão... Estes tipos de sequestros são
também denominados de raptos, nalguns. Pedro J. http://www.verdade.co.mz/.../41318-entendendo-os-
sequestros-origem-causas-consequência.. Escrito por Redação em 30 Outubro 2013 (Actualizado em 11
Novembro 2013). Acessado no dia 17/05/2019.
29
direito a liberdade e segurança, não devendo ser arbitrariamente privados dos mesmos, daí
que já à partida os raptos constituem uma clara violação desse fim universal.

No passado antigo houve vários casos de raptos de príncipes, princesas, heróis e monarcas,
não apenas com o objectivo de obter benefícios financeiros e materiais, mas também com
o fim de determinar as condições de guerra e disputas territoriais. Nos anos 1500 a.C. a
pirataria sob a forma de raptos já se havia alargado do mar para atingir as regiões actuais
de Líbia, Egipto, Grécia e Sicília, quase se consolidando como um sistema económico. Já
na idade média, Alemanha registou casos de raptos de alguns generais por aliados ou
inimigos exigindo resgastes para a sua soltura, tanto que o rapto chegou a ser tipificado e
punido como roubo.

Nos Séculos XVI e XVII, ocorriam com certa regularidade rapto no Mar Mediterrâneo,
pelos piratas que sempre exigiam resgate para libertação. E no Século XVIII, surge em
Inglaterra grupos de raptores denominados press gangs, actuando a favor do exército e da
marinha obrigavam as vítimas a alistarem-se ao exército britânico.

Na China durante o Século XIX, praticava o rapto de pessoas para depois drogá-las e
obrigá-las a embarcar em barcos de comércio e tráfico de escravos. Estados Unidos teve o
primeiro caso de rapto em 1874, e no ano de 1920 registaram-se mais casos de raptos
resultantes da mafia italiana. Aliás, Itália foi um dos países aonde os raptos nasceram e
tiveram um cariz muito político e como forma de pressão em casos ligados a mafia.

Os crimes de rapto, como as especificidades da vítima como refém e o seu estatuto


evoluíram face ao Direito Internacional a par comos acontecimentos e suas repercussões.
As acções de raptos que visavam membros de corpos diplomáticos no Uruguai, Brasil,
Guatemala e Espanha que iniciam a partir de 1970, é adoptada pela Assembleia Geral da
ONU a 14 de Dezembro de 1973 a Convenção sobre Prevenção e Repressão de Crimes
contra Pessoas Gozando de protecção internacional, incluindo Agentes Diplomáticos,
conforme (Esteves, 2015).

30
Segundo alínea a) no seu art.2º, refere o facto intencional “de cometer um homicídio, um
rapto ou outro atentado contra uma pessoa gozando de protecção internacional, ou contra
a sua liberdade”.

Apesar da Convenção de 14 de Dezembro de 1973, referir o rapto como um crime, para


além dos cenários previstos nas Convenções de Genebra de 1949, a situação política
internacional na década de70 não permitia à Comunidade Internacional evoluir cabalmente
na Convenção de prevenção e repressão ao crime de rapto.

A paralisia internacional era de vários países que ascenderam à independência através do


recurso à luta armada em que o rapto foi uma das estratégias adoptadas. Tendo em conta a
bipolaridade da política internacional em dois eixos, um pró-americano e outro pró-
soviético, movimentos armados eram apoiados e financiados por cada eixo; logicamente, a
elaboração de uma Convenção de prevenção e repressão do crime de rapto era de complexa
elaboração dada à falta de unanimidade, segundo (Esteves, 2015).

Por esse motivo, após a tomada de reféns dos atletas israelitas pelo grupo terrorista
palestiniano Setembro Negro durante os Jogos Olímpicos de Munique em1972, apenas
resultou a resolução ONU nº3034 (XXVII) intitulada: “Medidas para prevenir o terrorismo
internacional que põem em perigo ou tomam vidas humanas inocentes ou põem em risco
as liberdades fundamentais, e estudo das causas subjacentes destas formas de terrorismo e
actos de violência que estão associados à miséria, frustração, ressentimentos e desespero
que provocam que algumas pessoas sacrifiquem vidas humanas, incluindo a delas, na
tentativa de obterem mudanças radicais”.

É comum em palcos internacionais e, sobretudo para questões que contêm uma estatura
política, tudo progrediu e sempre marcado por hesitações e incompletudes. Esta resolução
incitou à tímida constituição de um Comité ad hoc sobre Terrorismo Internacional para
estudar o facto e elaborar recomendações e formular “propostas concretas” para uma
“rápida eliminação do problema”.

Devido à falta de acordo internacional, em Janeiro de 1977 em Estrasburgo os Estados


Membros do Conselho da Europa optaram por elaborar a Convention européenne pour la

31
répression du terrorisme (Convenção Europeia para a Repressão do Terrorismo),
“conscients de l'inquiétude croissante causée par la multiplication des actes de
terrorisme”11

Convenção assente na obrigação de cooperação entre os Estados Membros em matéria de


extradição nos crimes considerados como uma infracção política, infracção conexa a uma
infracção política ou como uma infracção inspirada por motivações políticas:

“a) as infracções incluídas no âmbito de aplicação da Convenção para a repressão da


captura ilícita de aeronaves, assinada em Haia a 16 de Dezembro de 1970; b) as infracções
incluídas no âmbito de aplicação da Convenção para a repressão dos actos ilícitos contra a
segurança da aviação civil, assinada em Montreal a 23 de Setembro de 1971; c) as
infracções graves caracterizadas por um ataque contra a vida, integridade física ou à
liberdade das pessoas gozando de protecção internacional, incluindo os agentes
diplomáticos; d) as infracções comportando o rapto, a tomada de reféns ou o sequestro
arbitrário (…)”.

A Convenção Europeia para Repressão do Terrorismo em 1977 gerou a evolução prática


penal diante o crime de tomada de reféns com motivos políticos. Foi assinada na série da
inércia internacional face ao facto, mas devido à vaga de terrorismo, e logo de raptos, que
atingiu vários países europeus e, sobretudo a França, Itália, Alemanha e Inglaterra.

Depois a elaboração da CE e corrigindo a lacuna patente na resolução da Assembleia Geral


da ONU nº3034 (XXVII), são adicionados dois Protocolos às Convenções de Genebra,
adoptados a 08 de Junho de 1977 pela Conferência Diplomática sobre a Reafirmação e o
Desenvolvimento do Direito Internacional Humanitário. O Protocolo I, relativo à Protecção
das Vítimas dos Conflitos Armados Internacionais, art.75º, instituía proibição a tomada de
reféns12“em qualquer momento ou lugar, quer sejam cometidos por agentes civis quer por
militares”. O Protocolo II, relativo à PVCANI, instituído art.4º que “todas as pessoas que

11
Tradução: “conscientes da precaução crescente causada pela multiplicação dos actos de terrorismo”.
12
Segundo a definição patente no Dicionário do Português Actual Houaiss (2011, p. 1988) “Refém é
pessoa importante, cidade, praça de guerra etc. tomada ou entregue ao inimigo como garantia de execução
de certas injunções, convenções, tratados etc.”. Em situações extremas, aquele que fica, contra sua
vontade, em poder de outrem, como garantia de que alguma coisa será feita.
32
não participam direitamente ou já não participam nas hostilidades, quer estejam ou não
privadas da liberdade, têm direito ao respeito da sua pessoa (…)”.

No Século XX cresceu o facto dos raptos, passando na agenda de políticas públicas do


sector de segurança, também a nível regional e mundial, para além de passar a fazer parte
de objecto de estudo de política internacional, de Direito, da Sociologia entre outros
campos académicos, não só para permitir melhor compreensão, mas também devido ao
facto de se ter globalizado e profissionalizado, até considerar com indústria, pois havia
diferentes grupos de delinquência e crime organizado enriquecendo a custa de raptos,
segundo (VERDADE online, 2013).

Na posição do autor, repara na situação que meche com a sensibilidade com políticas
públicas, em 2012, o Estado Moçambicano, regista os crimes de rapto de forma acentuada,
razão pela qual, não podia ficar alheio pelo fenómeno, e para mitiga-lo, aprovou o Código
Penal, por Lei nº35/2014 de 31 de Dezembro, através da Assembleia da República, visto
que não estava tipificado no Código Penal anterior.

2.3.2. Tipos de Rapto Mais Comuns

De acordo com o UNODC citado por Esteves (2015, p.21), distingue os raptos mais
comuns que são:
 Rapto para extorsão – é um rapto que tem a sua finalidade de exigência de resgate,
influenciar decisões em negócios ou obter vantagens comerciais;
 Rapto com propósitos políticos ou ideológicos - cujo objectivo consiste em reivindicar
uma situação particular, criar ou reforçar um estado de insegurança e influenciar as
decisões do governo ou instituições do Estado. Destacam-se exemplos de ocorrência
deste tipo de rapto, no Iraque depois da queda do regime de Saddam Hussein, com um
sem número de rapto a cidadãos ocidentais e não só, com o objectivo de mostrar a
incapacidade do novo governo instalado para garantir a segurança nacional;
 Rapto entre ou no interior de grupos criminosos– é aquele que tem como objectivo
cobrar dívidas ou ganhar vantagens nos rodeios de actuação criminal e de delitos, ou
ainda para intimidação;

33
 Rapto associados a disputas domésticas ou familiares – esta acção criminal ocorre
habitualmente em crianças quando é subtraída a um dos progenitores por outro
progenitor, frequentemente durante a acção de divórcio;
 Rapto com vista à exploração sexual–é aquele que pode ir desde o contrabando até ao
aliciamento de mulheres e crianças dentro de um país, ou mesmo além-fronteiras,
envolvendo enormes redes e com ligações a outras actividades criminais como, por
exemplo, de venda de armas e branqueamento de capitais, pela soma de valores que
movimenta e pelo tipo de negócio;
 Rapto efectuados durante ou para executar outra acção criminal- é um tipo de rapto
habitualmente nos assaltos;
 Rapto falso ou fraudulento- é um tipo de rapto a sua acção ocorre quando a vítima é
autor ou co-autor da acção com o objectivo de obter proveitos ou benefícios da acção.
E segundo o autor este tipo de rapto também está para resgate deliberadamente
encerado para esconder outro propósito: em caso de homicídio, extorsão financeira á
própria família ou sócios, fuga de menores ou provocados por celebridades em busca
de publicidade gratuita.
 Escravatura branca- é um tipo de rapto tipificado como tráfico de seres humanos;
 Rapto para assassinato- este tipo de rapto decorre em casos de serial killers, assassinos,
terroristas ou inimigos da vítima;
 Rapto para roubo- quando a vítima é raptada para ser esbulhada dos seus bens;
 Desenvolvimento de rapto para resgate- é o conjunto dos dois casos precedentes,
quando um rapto acontece durante uma outra operação sendo seguida de um pedido de
resgate ou quando reféns servem de escudos humanos durante uma fuga.

2.3.3. Causa Principal de Rapto

Normalmente a prática de qualquer acção criminal, ou seja, a violação da norma penal há


um motivo, que move o autor ou co-autor, razão pela qual, a prática de crime de rapto, há
um propósito principal que se pretende alcançar. Segundo o UNCK (2005) pela
UNODC13citado por Esteves (2015,p.18), ilustra-nos que as motivações para a efectivação

13
Manual da United Nations Counter-Kidnapping
34
de raptos, assim como os resultados pretendidos pelos criminosos e terroristas envolvidos
variam significativamente. Ainda (Esteves, 2015), entender que os raptores consideram a
vítima como mercadoria, para o alcance de outras vítimas, extorquindo-as, através de
pedido de resgate, vingança sob ajuste de conta, são postas como as grandes motivações
dos raptores.

Como também pode-se apontar outras causas dos raptos, destacando-se as sociais,
psicológicas, económicas, culturais e até religiosas. Porém a causa mais comum é
económica, pois, tal como a maioria dos crimes actuais, os raptos são originários ou tem o
seu fim último obter valores monetários.

A crise mundial tem como umas das causas à falta de emprego e de expectativas, e o rapto
é umas das formas de descarga de rancor social de uma classe social sem posses para um
grupo de pessoas com altos recursos. Mas, os raptos podem-se transformar numa violência
organizada com formas de funcionamento e ganhos que transformam os raptores em
autênticos “empresários”, as suas causas podem ser encontradas originariamente nas
assimetrias das sociedades actuais, conforme (Verdade online, 2013).

A globalização também pode constituir catalisador para o crime de rapto, os meios de


comunicação, o cinema, a internet que possibilita aos indivíduos comunicar através de
vários meios, tais como email, chat, youtube, a televisão é um meio que mais aproxima do
cidadão, determinados tipos de novelas e programas televisivos mostram episódios de
raptos, formas de actuação, técnicas de resposta policiais e até mesmo sofisticação de
grupos de crime organizado, o que pode contribuir para o surgimento deste tipo de delitos,
principalmente para países onde se percebem as fragilidades de segurança pública,
conforme(De Paula, 2013, p.33).

No que tange as causas de rapto, o autor posiciona-se das várias ideias doutrinárias, visto
que eles ilustram exatamente as causas que decorrem no distrito da Matola, sendo a
económica é a causa comum, o desemprego através de crise mundial e a Matola, não ficou
alheio, ódio entre as classes sociais, ajuste de contas entre os indivíduos com recursos
económicos, meios de comunicação, que os indivíduos possibilitam a comunicarem, onde

35
temos as novelas e programas televisivos que mostram episódios de raptos, a actuação e
técnicas de respostas policiais, é óbvio constitui catalisador do crime de rapto.

2.3.4. Consequência de Rapto

Onde há crime há consequências. No rapto, para além de limitar a liberdade das pessoas,
são acompanhados de ameaças, humilhações, violações, torturas físicas e mentais.

Os raptos têm consequências dolorosas para as vítimas, seus familiares, as comunidades à


volta, para os países em geral e por essa via para a comunidade internacional. A maioria
dos sobreviventes ou das pessoas que já sentiram raptos, enquanto vítimas, não se
recuperam cabalmente dos traumas, aliado ao trauma de todas as pessoas próximas
(familiares e amigos).

Quando os raptos generalizam-se, ocorrem com muita frequência a consequência de medo


e as dúvidas nos cidadãos, que por sua vez leva à falta de confiança e à incerteza sócio-
política que pode conduzir a crises económicas. Os efeitos psicológicos provocados são os
que mais preocupam a nível individual, familiar e socialmente porque podem ser crónicos
e durarem a vida toda, (Esteves, 2015).

O nível individual, as pessoas perdem a capacidade defensiva e são anulados socialmente,


devido à privação imediata e forçada de liberdade. Pode ter como efeitos distúrbios
mentais, transtornos afectivos, instabilidade emocional e no caso de crianças pode afectar
o seu normal desenvolvimento psicossocial.

O nível económico, os raptos propiciam o surgimento de paraísos fiscais e uma economia


paralela ilegal, devido aos valores monetários que origina. Quando os raptos são orientados
para empresários, podem retrair os investimentos, no caso de estrangeiros ou mesmo
nacionais que queiram investir, mas desistem por medo de extorsão, como do homicídio,
por impaciência dos raptores, na falha das negociações com os familiares ou por uma má
actuação da polícia ou instituições governamentais, constituem a ruptura do monopólio de
violência legitima do Estado. Mais podem originar ou dinamizar a profissionalização do
fenómeno, com grupos a se organizarem funcionalmente como autênticas empresas, com

36
pessoal treinado, e a investirem o dinheiro em outros negócios legais para a lavagem de
capitais, de acordo (Esteves, 2015).

Existe o risco de corrupção no sector da segurança pública, para obtenção de armas ou de


informações, envolvimento de pessoal policial, ou o uso de ex-militares e ex-agentes da
polícia para fazer parte dos grupos de raptores, pelo domínio técnico do modus operandi
criminal, de acordo (Verdade online, 2013) e (Olsson apud Esteves, 2015).

Também há consequências direita no tráfico de pessoas e migração ilegal em situações de


crises, as pessoas são aliciadas por melhores condições fora do país, serem raptadas em
forma de recrutamento para alimentarem negócio de droga, prostituição, etc.

Para além dos raptos constituírem um crime de violação do direito à liberdade individual e
fundamental básica, eles são considerados um dos negócios ilícitos com maior crescimento
a nível mundial, pois vão aumentando em vários países e para os grupos de delinquência
internacional, crime organizado e terroristas são uma boa forma de acumulação de capital.
Igualmente prosperam melhor em situações de conflito armado, de deterioração do tecido
social e económico e de corrupção, com muita facilidade.

Portanto, a posição do autor no que dizer respeito, as consequências de rapto podem partir
desde o nível individual, até afectar o nível mais alto de desenvolvimento do país, o
funcionamento do Estado, no que diz respeito às políticas públicas, económicas (imposto).
E às vezes, os raptos originam a perca de confiança pública tanto a nível nacional, como
internacionalmente, pela percepção de incapacidade do Estado de responder a acção
criminal.

37
CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA

3. Metodologia

A metodologia que vai conduzir esta pesquisa será abordagem qualitativa para
apresentação dos resultados desta pesquisa vai-se recorrer a interpretação descritiva dos
dados estatísticos em tabelas para a melhor compreensão e avaliação da evolução do crime
de branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto. (Caso no distrito municipal da
Matola, no espaço de tempo que vai desde 2016 até 2018).

3.1.Conceito de Método e Metodologia

Método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objectivo de conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando
o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista, (Marconi
e Lakatos, 2003, p.83).

3.2.Métodos de Pesquisa
3.2.1. Quanto à Abordagem

Para esta pesquisa vai se adoptar o método hipotético-dedutivo, pois pretende-se conhecer
os factores e as causas que propiciam o índice de crescimento de branqueamento de capitais
conexo aos crimes de rapto. )Caso distrito municipal da Matola, no período compreendido
entre 2016 e 2018).

Para Marconi e Lakatos (2003, p.106), o método hipotético-dedutivo inicia-se pela


percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo
processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos
pela hipótese.

3.2.2. Quanto à Procedimento

Na visão de Marconi e Lakatos (2003, p.107), o método comparativo é usado tanto para
comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado,
quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.

38
Nesta pesquisa também aplicaremos uma comparação em relação a outros Estados, de
modo que haja melhor estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos,
sociedades ou povos para contribuir uma melhor compreensão do comportamento humano,
este método visa a maior sugestão para o combate ao crime de branqueamento de capitais
conexo aos crimes de rapto.

Estudo de caso/monográfico, segundo Gil (2016, p.57), o estudo de caso é caracterizado


pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado; tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos
de delineamentos considerados. E Ponte (2006. p. 2), diz que estudo de caso: “É uma
investigação que se assume como particularista, isto é, que se debruça deliberadamente
sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos
aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais essencial e característico e, desse
modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse”.

3.3. Instrumentos de Recolha de dados

De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p.222), as técnicas de pesquisa são consideradas
como sendo um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência e
constituem também uma habilidade para usar esses preceitos e normas para obtenção dos
seus propósitos. Corresponde a parte prática da colecta dos dados e apresentam duas
divisões, sendo a documentação indireita que é a pesquisa documental e bibliográfica,
enquanto a documentação direita compreende a observação direita intensiva e a observação
direita extensiva.

Esta pesquisa vai empregar a entrevista estruturada às entidades ligadas ao controlo da


problemática em estudo, para exploração excessiva as questões relativas aos actos de
branqueamento de capitais conexo aos crimes de rapto, no distrito municipal da Matola,
obtendo a explanação do facto em pesquisa, bem como de todo o processo de
procedimentos utilizados pelos autores deste fenómeno em pesquisa e o seu extracto social
que estes ocupam.

39
Para pôr em materialização este trabalho de fim de curso apesar da falta de material
bibliográfico que versa sobre o crime de rapto, vai-se aplicar diferentes técnicas que se
consideram adequadas ao tema, realizando consultas documental e bibliográfica
disponíveis, como também alguns artigos de internet. Far-se-á a entrevista aos agentes do
Comando distrital da PRM- Matola, onde selecionar-se-á algumas dentre as várias
Esquadras existentes no distrito, segundo a sua posição territorial, a Direcção do SERNIC-
Matola, e no fim a Procuradoria da República do mesmo distrito, sendo estas instituições
catalisadores da legalidade no bem-estar social, em segurança pública de pessoas e bens,
como também far-se-á o interrogatório escrito, a fim de obter mais subsídios para melhores
resultados do trabalho em curso.

3.3.1. Técnica bibliográfica

É a pesquisa bibliográfica que é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído


principalmente de livros e artigos científicos. E a principal vantagem da pesquisa
bibliográfica, reside no facto de permitir ao investigador a cobrir de uma forma de
fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar direitamente. Esta
vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer
dados muito dispersos pelo espaço, (Gil, 2016, p. 50).

3.3.2. Técnica documental

É a pesquisa documental é aquela que vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo comos objectos da
pesquisa, (Gil 2016, p. 51).

E para Cellard (2008, p.298), é uma técnica documental vale-se de documentos originais,
que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor.

3.3.3. Entrevista

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações
a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É
um procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de dados ou para ajudar
no diagnóstico ou no tratamento de um problema social, de acordo com (Marconi e
40
Lakatos, 2003, p.195). A entrevista tem como objectivo principal a obtenção de
informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema, segundo Marconi e
Lakatos (2003).

3.4. População e Amostra

A população, segundo Lakatos e Marconi (2010), é definida como o conjunto de pessoas


que apresentam pelo menos uma característica em comum. E amostra é definida como꞉
uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (população) é
subconjunto do universo. O nosso estudo teve população num total de 357, efectivo do
Comando distrital da PRM-Matola e a Direcção do SERNIC da Matola. E para o nosso
estudo, selecionamos como amostra apenas dezasseis (16) pessoas para a entrevista.

3.5. Limitações do estudo

No processo do trabalho de campo na recolha de dados deparamo-nos com situações que


constituíram limitações de estudo para o avanço do presente trabalho. A primeira prende-
se com facto de ter dado entrada a Credencial na Procuradoria da República do Distrito da
Matola, que foi sem sucessos, mesmo tendo seguido todo protocolo administrativo, os
funcionários limitavam-se dizendo que volta amanhã até um mês e meio passou sem
resposta.

E na Direcção da SERNIC na Matola, tendo dificultado a autorização, mas depois fomos


autorizados a realização das actividades, mas também tivemos limitações nas entrevistas,
no que diz respeito a identificação de nomes dos entrevistados, alegando que as
informações poderiam ser publicadas posteriormente, e temiam de represálias, outro sim
as entrevistas eram interrompidas devido actividades operactivas, onde eramos obrigados
esperarmuito tempo ou mesmo adiar-se para o dia seguinte. E para a superação estas
limitações, optamos por estratégia de entrevistas nos tempos de almoço e às vezes nas horas
da saída.

41
CAPÍTULO IV: ANÁLISE E INTERPRENTAÇÃODE DADOS

Neste capítulo procede-se a apresentação de dado que se colheu durante o trabalho de


campo. O mesmo foi possível através da aplicação de um guião de entrevistas estruturadas,
que foi encaminhado aos agentes de Polícia em várias especialidades (SERNIC e Polícia
de Protecção), nos seus locais de trabalho, num total de 16, sendo no SERNIC da Matola e
o Comando Distrital da PRM-Matola, como algumas Esquadras da PRM, com a 1ª, 2ª, 3ª,
4ª, 5ª e 7ª, isto porque fazem parte do comando do distrito da Matola.

4.1. Descrição do local de pesquisa

Os dados que se seguem orientam-nos a responder as perguntas de pesquisa que


formulamos para a prossecução deste trabalho.

4.2. Interpretação dos Resultados


4.2.1. Já ouviu falar do crime de branqueamento de capitais

Onde tivemos 16 entrevistados, dos quais 12 correspondentes a 75% afirmaram de ter


ouvido falar do crime, e os outros 4 correspondentes a 25% afirmaram negativamente
conforme ilustra o gráfico abixo:

Gráfico 1: Crime de branqueamento de capitais

crime de Branqueamento de Capitais

25%
Sim
Não
75%

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

42
Segundo o gráfico, concluiu-se que todos os entrevistados têm conhecimento de crime de
Branqueamento de Capitais e que constitui uma realidade no distrito da Matola.

4.2.2. Causas do cometimento de crimes

Segundo os nossos entrevistados num total de 16 indivíduos, as principais causas que


levam ao cometimento de crimes são: 4 correspondente a 25% alegam o desemprego, 4
correspondente a 25%, alistaram a ganância, 6 correspondente a 37% apontam como causas
o Consumo de drogas e 2 correspondente a 13% distinguem como causas o Custo de vida,
de acordo o gráfico ilustrativo abaixo:

Gráfico 2: Causas de Crime

Causas de Crime

13%
25% Desemprego
Ganância
Consumo de drogas
37%
25% Custo de vida

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Depois do gráfico acima, concluiu-se que os entrevistados estão informados sobre as causas
que levam a prática dos actos criminais, sendo que é uma realidade no distrito municipal
da Matola.

4.2.3. Mecanismos que podem ser adoptados para mitigar estes crimes

Segundo a questão acima, entrevistou-se 16 indivíduos, dos quais, 3 correspondentes a


19% apontam aumento de patrulhamento policial, enquanto 5 correspondentes a 31%,
propõem aumento de recursos para as autoridades policiais, e por sua vez 2 correspondente

43
a 12% sugerem a montagem e Controlo das Câmaras e 6 correspondente a 38% apoiam a
ligação Polícia-Comunidade, conforme ilustra o gráfico abaixo:

Gráfico3: Mitigação de crimes

Mitigação de Crimes

Aumento de patrulhamento
19%

38% Aumento de recursos para


policia
Montagem e Controlo de
Câmeras
31%
Ligação Polícia-comunidade
12%

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Segundo o gráfico acima, conclui-se que o relato dos entrevistados estabelece uma
realidade do distrito municipal da Matola para resposta imediata nos actos criminais.

4.2.4. Consequências deste crime

Nesta questão entrevistados 16 agentes, e tivemos as seguintes respostas: 7


correspondentes a 44% distinguem o prejuízo da economia do país, 4 correspondentes a
25% apontam a superlotação das Cadeias, 2 correspondentes a 12% ilustram a falência de
Empresas e perda de vidas humanas e 3 correspondentes a 19% indicam a trauma a vítima
e na família, segundo o gráfico abaixo:

44
Gráfico 4: Consequências do crime

Consequências

Prejudica a economia do país


19%
Superlotação das cadeias
44%
12%
Falência das Empresas e Perda
de vidas humanas

25% Trauma na vítima e na família

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Depois da ilustração do gráfico, conclui-se que de facto é uma realidade do distrito


municipal da Matola.

4.2.5. Facilitadores da prática do crime

No que tange aos facilitadores, entrevistou-se 16 indivíduos, onde obteve-se as seguintes


respostas: 9 correspondentes a 56%, indicam como facilitadores dos actos criminais os
Agentes da Polícia, 2 correspondentes a 13% apontam os funcioarios dos Bancos como os
mentores da prática da delinquência, e 5 correspondentes a 31% alistam outros como seus
facilitadores, de acordo o gráfico abaixo:

45
Gráfico 5: Facilitadores do crime

Facilitadores

31% Agentes da Polícia


Funcionários dos Bancos
56%
13% Outros

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Diante das contribuições colhidas, concluímos que é uma realidade no distrito da Matola,
a conivência dos Agentes da Polícia de má-fé e outros funcionários.

4.2.6. Vítimas destes crimes

Numa questão que se pretendia conhecer das vítimas de crimes, obter-se as seguintes
respostas: 7 correspondentes a 44%, aponta os agentes económicos nacionais e
estrangeiros, 7 correspondentes a 44% alistam familiares dos agentes económicos, e 2
correspondentes a 12% marcam as figuras públicas, conforme o gráfico abaixo:

Gráfico 6: Vítimas de crimes

Vítimas de crimes

12% Agentes económicos nacionais


e estrangeiros
44% Familiares de Egentes
Económicos
44% Figuras Públicas

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.


46
Segundo as contribuições ilustradas no gráfico acima dos entrevistados, concluiu-se que é
a realidade que ocorre dia-a-dia do distrito municipal da Matola.

4.2.7. Crimes registados de branqueamento de capitais e de rapto.

De acordo com a Direcção do SERNIC-Matola, na Brigada de raptos, ilustrou-nos que no


ano de 2016 registaram 3 casos de rapto correspondente a 20%, enquanto em 2017
registaram 7 casos correspondente a 47% e no ano de 2018, registaram 5 casos
correspondente a 33%, como ilustra o gráfico abaixo:

Gráfico 7: Crimes de rapto registados

crimes de Raptos registdos

20%
33%
2016
2017
2018

47%

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Segundo o gráfico, concluímos que o crime de rapto é uma realidade no distrito da Matola.

4.2.8. Há uma relação entre crime de rapto e branqueamento de capitais

Dos 16 entrevistados na questão, e obter-se as seguintes respostas: 11 correspondentes a


69%, afirmam que existem uma relação entre o rapto e o branqueamento, e 5
correspondentes a 31% não concorda, como ilustra o gráfico abaixo:

47
Gráfico 8: Relação de crimes de rapto e branqueamento de capitais

A relação de crime de rapto e


branqueamento de capitais

31%
Sim
Nao
69%

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Segundo o gráfico ilustrativo, concluiu-se que há uma relação entre o rapto e o


branqueamento de capitais.

4.2.9. O que leva alguns servidores públicos a pautarem pela prática de crimes

Nesta questão entrevistou-se 16 indivíduos, e obteve-se as seguintes respostas: dos quais 4


correspondentes a 25% apontam os baixos salários, 4 correspondentes a 25% alistam a
ambição, e 8 correspondentes a 50% descrem outros motivos.

48
Gráfico 9: Servidores público envolvido na prática de crimes

Servidores públicos na prática de crimes

25% 25%
Baixos salários
Ambição
Outros

50%

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

De acordo do gráfico acima, concluímos que a participação dos servidores públicos nos
actos criminais no distrito Municipal da Matola é uma realidade os motivos são vários.

4.2.10. Perfil dos entrevistado(a)/s

Esta fase caracterizou-se os agentes que fizeram parte do estudo a partir da identificação e
a descrição do seu perfil. Trabalhou-se com duas especialidades Policiais, que são Polícia
de Protecção e SERNIC, num total de 16 indivíduos, com idade compreendida entre 27 e
62 anos, conforme a tabela abaixo ilustra.

Tabela -1 Perfil dos entrevistado(a)/s

Nº Ida Naturalid Profissão Função Nível Local de Trabalho


de ade Acadêmico
01 32 Inhamban Polícia Instrutor Licenciado SERNIC-Matola
e
02 42 Matola Polícia Chefe da 12ª Classe SERNIC-Matola
Brigada
03 62 Matola Polícia Comandante Bacharel Comando distrital
da PRM-Matola
49
04 56 Manica Polícia Chefe de 10ª Classe 1ª Esquadra da
Operações PRM-Matola
05 44 Moamba Polícia Oficial de 10ª Classe 1ª Esquadra da
Permanência PRM-Matola
06 32 Magude Polícia Chefe da Licenciado SERNIC-Matola
Brigada
07 28 Tete Polícia Patrulheiro 12ª Classe 4ª Esquadra da
PRM-Liberdade
08 27 Gaza Polícia Oficial de 10ª Classe 3ª Esquadra da
Permanência PRM-Fomento
09 42 Inhamban Polícia Instrutor 12ª Classe SERNIC-Matola
e
10 49 Sofala Polícia Comandante 12ª Classe 2ª Esquadra da
PRM-Matola D
11 37 Matola Polícia Comandante Licenciado 7ª Esquadra da
PRM-T3
12 29 Gaza Polícia Patrulheiro 10ªClasse 7ª Esquadra da
PRM-T3
13 38 Zambezia Polícia Operativo 12ª Classe SERNIC-Matola
14 28 Maputo Polícia Patrulheiro 12ª Classe Comando distrital
da PRM-Matola
15 29 Sofala Polícia Operativo 10ª Classe SERNIC-Matola
16 42 Namaacha Polícia Chefe da Licenciado SERNIC-Matola
Secção

Fonte: Adaptado pelo autor, 2019.

Da tabela que acima pode-se verificar que participaram do nosso estudo um agente de 27
anos, dois de 28 anos, dois de 29 anos, dois de 32 anos, um de 37 anos, um de 38 anos, três
de 42 anos, um de 44 anos, um de 49 anos, um de 56 anos e um de 62 anos.

50
Quanto à naturalidade, a maior parte dos entrevistados são da Província de Maputo no total
de seis, distribuídos em quatro distritos, com o maior número da Matola num total de três,
um da Cidade de Maputo, dois da Província de Gaza, dois da Província de Inhambane, dois
da Província de Sofala, um da Província de Manica, um da Província de Tete e um da
Província de Zambézia.

E no que diz respeita ao nível escolar dos entrevistados, verifica-se que todos são letrados,
os níveis variam do ensino secundário ao ensino superior. Assim sendo, cinco concluíram
10ª Classe, cinco concluíram 12ª Classe, um concluiu o Curso superior no grau de Bacharel
em Direito e cinco concluíram o ensino superior no grau de Licenciatura, em várias áreas,
com muita incidência em Academia das Ciências Policiais, Ciência Jurídicas e Direito.

51
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E SUGESTÕES

5.1.Conclusão

Feita a nossa investigação sobre o crime de Branqueamento de Capitais conexo aos crimes
de rapto no distrito municipal da Matola, concluiu-se o seguinte:

O crime de branqueamento de capitais é o processo que consiste em transformar ou reciclar


os bens da sua verdadeira origem de receitas geradas através de acções criminosas, em
conexão com outros crimes conforme a ilustração do art. 7º da Lei n°14/2013, de 12 de
Agosto, e segundo Ana e Silva (2014), aponta-nos do abuso sexual de menores, extorsão,
terrorismo, rapto, tráfico de substâncias psicóticas, tráfico de armas, tráfico de órgãos ou
tecidos humanos, fraude fiscal e corrupção, etc.

Segundo os dados recolhidos no local de estudo do caso, os nossos entrevistados afirmaram


de terem conhecimento de crime de branqueamento de capitais conexos aos crimes de
raptos.

Para a sua prática apontam como as causas a falta de emprego, a ganância (enriquecimento
ilícito), assim como o consumo de droga e custo de vida. E em volta dos servidores públicos
para a sua participação nos actos criminais, alistam como as principais causas, os baixos
salários, a ambição, como outros motivos.

E no que tange aos facilitadores destes crimes, temos como os Agentes da Polícia,
Funcionários dos Bancos, e outros intervenientes. Como também temos como
consequências destes crimes conexos, o Prejuízo a Economia do País (paraísos fiscais),
Superlotação das Cadeias, Falência das Empresas e Perda de vidas humanas e Trauma na
vítima e na família.

No que diz respeito às vítimas concluímos que são os Agentes Económicos Nacionais e
Estrangeiros, seus Familiares, assim como as Figuras Públicas.

Concluiu-se que há uma relação estreita entre os crimes de branqueamento e de rapto, visto
que os criminosos, prática o crime de rapto, com o intuito do pedido de pagamento de
resgate, que é a extorsão, e para branquear o valor pago ocorre o crime de corrupção,

52
previsto no Título VII, do Capítulo II, do CP, do art. 501º e SS, para a facilitação de ocultar
o valor do mundo ilícito para o mercado lícito. Regime jurídico anti-branqueamento de
capitais, funciona com deficiência, devido à corrupção, esta em alta dando oportunidade
aos criminosos utilizando os seus fundos para ampliar as suas opções criminosas e
promover várias actividades ilegais, como o rapto, o tráfico de drogas, o tráfico ilícito, a
exploração de seres humanos, o tráfico de armas. Isto versa-se da associação de malfeitores
previsto no art.458º do CP, tornando não só a Matola, mas sim todo País em paraíso fiscal.

Como resultado para a mitigação destes crimes, temos como mecanismo o aumento de
patrulhamento Policial, o aumento de recursos humanos qualificados e material para a
resposta imediata da Polícia, a Montagem e Controlo de Câmaras, uma Ligação Polícia-
comunidade contínuo.

53
5.2.Sugestões

Pode-se avançar as seguintes sugestões:

 O Estado deve aprofundar na autorização das licenças de porte e uso de armas de


fogo para a defesa pessoal, visto que pode ser uma das armas que serve para a
prática de crimes;
 A não tipificação da moldura punitiva do crime de BC, razão pela qual o autor
sugere o enquadramento no CP a sua punição, visto que é um crime que decorre
com frenquência e o Sector do SERNIC, não tem informação clara;
 Ainda o autor suger ao Estado a alocação de meios humanos e materiais adequados,
para responder pontualmente os crimes de Branqueamento de Capitais e Raptos,
como outros crimes que põem em perigo a sociedade e a economia do país;
 Nos últimos dias tem se verificado que as igrejas, tornaram fontes de rendimentos
aos seus promotores, em alguns casos são tidos como ponte de actos ilícitos, o autor
sugere que as autoridades governamentais pautem pela cobrança de imposto, como
a sua fiscalização rígida;
 Intensificação das patrulhas Políciais em locais propensos aos malfeitores;
 Isntalação de Câmeras de segurança de alta definição, nas vias públicas em face da
resposta Policial;
 Meios humanos e materiais qualificados em resposta pontual nas acções criminais;
 Maior interação entre a Polícia e comunidade, nas denúncias dos suspeitos.

54
APÊNDICES

55
PERFIL DO ENTREVISTADO (A)

INSTITUIÇÃO: ____________________________________

FUNÇÃO: _________________________________________

NOME: ____________________________________________

IDADE: _______

SEXO: M ( ) F ( ),

NATURALIDADE: _______________________________

NÍVEL ACADÊMICO: _____________________________

Guia de inquérito para levantamento de dados, sobre crime de Branqueamento de Capitais


Conexo aos Crimes de Rapto. (Caso distrito municipal da Matola 2016- 2018).

1. Já ouviu falar do crime de branqueamento de capitais?

2. Quais as causas que levam ao cometimento deste crime?

3. Quais são os mecanismos que podem ser adoptados para mitigar estes crimes?

4. Quais são as consequências deste crime?

5. Quem são os facilitadores da prática do crime?

6. Quem são as vítimas deste crime?

7. Crimes registados de branqueamento de capitais e de rapto?

8. Há uma relação entre crime de rapto e branqueamento de capitais?

9. O que leva com que alguns servidores públicos pautarem pela prática de crimes?

56
ANEXOS

57
Figura14 -1 ilustra o Mapa da Província de Maputo e do distrito Municipal da Matola.

14
http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/content/search?SearchText=mapa+da+provincia+de+Maputo
&SearchButton=Search. Accedo no dia 10/07/2019, pelas 13H19 min.
58
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS

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Paulo: Saraiva.

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branco e lavagem de dinheiro. In: Direito Penal Secundário. Coord: Dávila, R; De Souza,
P. V.S. são Paulo: Revista dos Tribunais; Coimbra-Portugal.

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60
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de Junho (Lei de Revisão Pontual da Constituição da República de Moçambique).

Código Penal, aprovado pela Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro.

Lei nº 14/2007, de 27 de Julho, cria o Gabinete de Informação Financeira de Moçambique;

Lei nº 3/97, de 13 de Março (Define e estabelece o regime jurídico aplicável ao tráfico e


consumo de Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas, Precursores e Preparados ou
outras Substâncias de efeitos similares e cria o Gabinete Central de Prevenção e Combate
à Droga);

Lei nº 15/99 (Instituições de Crédito e sociedades financeiras); alterada pela Lei nº 9/2004;

Lei nº 15/2012, de 14 Agostos, (Estabelece mecanismos de protecção dos direitos e


interesses das vítimas, denunciantes, testemunhas, declarantes ou peritos em processo
penal e cria o Gabinete Central de Protecção à Vítima);

Lei n° 6/2008, de 9 de Julho (Lei que estabelece o regime jurídico aplicável à prevenção
e combate ao trafico de pessoas, em particular mulheres e crianças, nomeadamente a
criminalização do trafico de pessoas e actividades conexas e a protecção das vitimas,
denunciantes e testemunhas);

Lei nº 14/2013, de 12 de Agosto (Lei de Prevenção e Combate ao Branqueamento de


Capitais e Financiamento ao Terrorismo).

Resolução nº 86/2002, de 11 de Dezembro (Ratifica a Convenção das Nações Unidas


contra a Criminalidade Organizada e Transnacional).

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VERDADE (online) http://www.verdade.co.mz/.../41318-entendendo-os-sequestros-


origem-causas-consequencia...30/10/2013 - Entendendo os Sequestros: origem, causas,
consequênciaseformasdeprevenção - escrito por Pedro Júnior. PDF • Versão para
impressão... Estes tipos de sequestros são também denominados de raptos, nalguns. Escrito
por Redação em 30 Outubro 2013(Actualizado em 11 Novembro).

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