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A construção da violência contra idosos

A R T I G O S O RIGINAIS / O R I G I N A L A R T I C L E S
The construction of violence against the elderly

Ana Carla Petersen de Oliveira Santosa


Cátia Andrade da Silva b
Lucimeire Santos Carvalhoc
Maria do Rosário de Menezesd

Resumo
Este artigo é uma revisão da literatura de 1985 a 2005, e tem como objetivo
construir o cenário da violência familiar contra o idoso, ou seja, como ocorre,
suas causas, conseqüências e principalmente as formas de enfrentamento do
problema. O estudo revelou que a violência contra o idoso é alarmante e ocorre
na grande maioria das vezes no âmbito familiar. Essa violência é um fenôme-
no complexo multifacetado e dinâmico de difícil controle, até mesmo em paí-
ses com alto nível de qualidade de vida. Concluiu-se que existe ainda um gran- Palavras-chave:
de atraso na sociedade em relação à garantia de segurança para os idosos, uma idoso; violência
vez que as políticas que atualmente protegem essa parcela da população estão doméstica; família;
ainda muito aquém das práticas adotadas nos serviços púbicos e privados de medidas de
atendimento aos idosos. segurança

Abstract
This article is a literature review from 1985 to 2005, whose objective is to build
the scene of family violence against the elderly, as it occurs, its causes,
consequences and, most of all, the ways to tackle the problem. The study
concluded that violence against the elderly is alarming and mainly occurs within
the family circle. This violence has multiple faces and is dynamic and complex
phenomenon, hard to control, even in countries with high level of quality of
life. One concluded that there is a great gap in society concerning the Key words: aged;
implementation of measures to guarantee the security of the elderly, once domestic violence;
current policies that protect this population still are belows the practices of family; security
public and private services which assist the elderly. measures

Correspondência / Correspondence
Lucimeire Santos Carvalho
E-mail: meirebom@ig.com.br; meirebom@yahoo.com.br

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INTRODUÇÃO cia com a criação de medidas que visem a


garantir a qualidade de vida desses indivídu-
A violência que se desenvolve no espaço os. Ao contrário do que se imaginava, este
intrafamiliar é bastante complexa e delicada, crescimento apontou problemas de ordem
sendo extremamente difícil penetrar no silên- social, política e econômica, fomentando a
cio das famílias dos idosos violentados. A in- criação e o desenvolvimento da violência.
segurança, o medo de represálias oriundos do
conflito da consangüinidade, da proximida- Dados estatísticos da Organização das
de, do afeto, do amor, do instinto de prote- Nações Unidas (ONU) revelam que, atual-
ção em defesa do agressor são alguns exem- mente, 12% da população mundial possuem
plos de justificativas para a omissão dos ido- mais de 60 anos. No Brasil, o último censo
sos, quando violentados por seus familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
(Menezes18, 1999). tica (IBGE13), em 2002, apontou 16 milhões
de indivíduos com mais de 60 anos, repre-
Paradoxalmente, parece existir uma con- sentando 9,3% da população total.
cepção geral de que os idosos residentes nos
seus lares obtêm de sua família condições O aumento expressivo do número de ido-
facilitadoras para a preservação do seu equilí- sos nos últimos anos no Brasil e no mundo
brio afetivo. Mas como explicar as chamadas tem sua procedência a partir das transforma-
condições facilitadoras para a preservação do ções socioeconômicas que determinaram
equilíbrio afetivo do idoso, quando se cons- grandes inovações científico-tecnológicas, as-
tatam altos índices de violência dentro das sociadas a uma melhor condição de vida da
famílias? (Chaves4, 2003). população. Fazendo uma projeção para o ano
de 2025, obtém-se uma população de idosos
Menezes18 (1999) salienta que, em geral, o no Brasil de cerca de 14%, quando o país fi-
idoso vítima de violência sente-se permanen- gurará com uma população de idosos seme-
temente ameaçado, sendo incapaz de se defen- lhante ao que hoje é registrado em países de-
der para garantir sua segurança. Além disso, senvolvidos (Coelho Filho & Ramos6, 1999).
muitos desses indivíduos desconhecem os ser-
viços de assistência e proteção contra violência Apesar de o crescimento do número de
e não têm quem os ajude na busca de socorro, idosos no Brasil ter-se iniciado na década de
por isso hesitam em denunciar seus agressores. 80, sabemos que a violência contra os mes-
mos não é um fenômeno recente. Através dos
Nesse sentido, a violência ao idoso torna- anos, a sociedade brasileira assimilou uma
se ainda mais preocupante, se compreender- cultura que tende a separar os indivíduos ve-
mos que o acelerado crescimento da popula- lhos, discriminá-los e, real ou simbolicamen-
ção de idosos, apesar de ser considerado fa- te, desejar sua morte, considerando-os ainda
tor positivo para a história do desenvolvimen- como descartáveis e um peso social
to da humanidade, não ocorre em consonân- (Minayo21, 2003).

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Comparando a mortalidade por violên- Beauvoir apud Menezes18 (1999, p. 37) des-
cia em idosos em relação às doenças taca a relação da violência em idosos e a soci-
cardiovasculares e o câncer, Minayo21 (2003) edade, afirmando que a última “deve ser conside-
afirma que acidentes e violências são a sexta rada não apenas culpada, mas sim criminosa, pois
causa de morte em idosos no Brasil. Segun- abrigada atrás do mito da expansão e da abundância
do a mesma autora, a maioria das internações trata os velhos como párias”.
por causas externas ocorre devido a lesões
ou traumas provocados por quedas e atro- Atualmente, considera-se a violência do-
pelamento. Porém, as violências contra os miciliar como um sério problema de saúde
idosos são muito mais abrangentes e disse- pública. Estudos comparativos têm mostra-
minadas no país, evidenciando-se em abu- do que indivíduos idosos de várias classes
sos físicos, psicológicos, sexuais, financeiros socioeconômicas, etnias e religiões são vulne-
e em negligências. ráveis aos maus-tratos, que ocorrem de vári-
as formas: física, sexual, emocional e finan-
Gawryszewski11 et al. (2004) pesquisaram ceira (Minayo 21, 2003; Menezes18, 1999;
a morbi-mortalidade por causas externas em Fávaro8, 2003).
idosos no Brasil no ano de 2000 e concluíram
que 11,4% das mortes em indivíduos com mais Contudo, a violência contra o idoso é tida
de 60 anos ocorreram por causas externas, como uma das mais severas e desiguais for-
contra 39,5% e 26,9% nos indivíduos de 15 a mas de agressão, visto que há uma ampla re-
29 anos e 30 a 44 anos, respectivamente. lação de desigualdade do ponto de vista físi-
co e psicológico. Isto ocorre devido aos
Os mesmos autores concluíram que, em déficits auditivo, visual, motor e cognitivo que
números absolutos, a morte por causas ex- o idoso apresenta, além do fato de o mes-
ternas nos idosos não chama atenção, em de- mo ser submetido a uma situação constran-
trimento dos altos coeficientes e número de gedora diante dos outros familiares
casos em jovens. Por isso, os indivíduos com (Menezes18, 1999).
mais de 60 anos não costumam ser priorida-
de nos estudos sobre causas externas e, con- A partir dessas considerações, realizou-se
seqüentemente, alvo de políticas públicas que uma revisão bibliográfica que abrangeu no
levem ao enfrentamento deste problema. período de 1985 a 2005, com o objetivo de
construir o cenário da violência familiar con-
Sabe-se que a violência é um fenômeno tra o idoso, ou seja, mostrar como ocorrem,
complexo, multifacetado e dinâmico de difí- suas causas, conseqüências e principalmente as
cil controle, até mesmo em países com alto formas de enfrentamento do problema.
nível de qualidade de vida. Minayo20 (1994)
justifica que esta dificuldade ocorre exatamente
porque o espaço de criação e desenvolvimento
da violência é a vida em sociedade.

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A CONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA vem múltiplos enfoques e direcionamentos.


IDOSOS Podem estar inseridos dentro de marcos
referenciais biologicistas, comportamentais,
Descrevendo o fenômeno da violência dentro de modelos exclusivamente psiquiá-
tricos ou de abordagens mais amplas, como
Nas últimas décadas, notou-se um aumen- a da violência estrutural, proporcionadas pelo
to significativo dos fenômenos relacionados próprio sistema social, com suas iniqüidades
à violência na sociedade. A violência tem-se (Meneghel, Giugliani & Falceto16, 1998;
mostrado com uma face tão feroz quanto Fernandez9, 1992).
qualquer outra ocorrência dita catastrófica
(Muza22, 1994). A violência não tem como fator unicausal
o aspecto biológico. Trata-se de um fenôme-
Configurando-se como um problema so- no biopsicossocial, que tem como espaço de
cial e histórico, deve ser apreciado como ob- criação e desenvolvimento a vida em socie-
jeto de atenção especial para a saúde pública dade, de forma que para entendê-la seria ne-
e demais setores públicos, requerendo destes cessário apelar para a especificidade histórica
um esforço sobre-humano, no sentido de se (Minayo20, 1994).
criar estratégias para seu enfrentamento (Hijar-
Medina12 et al., 2003). Entretanto, para se en- Marino15 (2004) analisa as formas e ten-
frentar a violência, faz-se necessário, primei- dências históricas da violência na América
ramente, compreendê-la. Nesse sentido, a Latina, e considera que a mesma se encontra
concepção lingüística da palavra “violência” é alicerçada em três princípios básicos: a desi-
descrita por Ferreira10 (1986) como sendo um gualdade econômica, a desintegração social e
constrangimento físico e moral, coação, for- a distribuição desigual do poder no “capital
ça e qualidade de violento. simbólico” – termo descrito por Bourdieu
apud Marino15 (2004) para demonstrar os com-
Considera-se, ainda, a violência como um ponentes históricos social, cultural e econô-
conceito referente aos processos, às relações mico dos indivíduos inseridos em determi-
sociais e interpessoais de grupos, de classes, nado espaço social.
de gênero. Pode ser objetivada em instituições,
quando empregam diferentes formas de ani- De acordo com Morais apud Menezes18
quilamento a outrem, ou de sua coação direta (1999), a violência implica intencionalidade,
ou indireta, causando-lhes danos físicos, men- exigindo, assim, inteligência, por isso os ani-
tais e morais (OMS23, 1985). mais não são denominados violentos, mas sim
agressivos e ferozes.
Contudo, embora a violência também
possa ser compreendida como agressão, que São considerados quatro tipos de violên-
é a conduta direcionada visando a prejudicar cia nesta perspectiva: a violência estrutural, que
ou ferir outra pessoa, seus conceitos envol- delimita tanto estruturas organizadas e

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institucionalizadas da família, como sistemas revela que, quanto maior a desigualdade entre
econômicos, culturais e políticos que deter- os indivíduos, maior é o potencial da violência.
minam a opressão de grupos, classes, nações,
indivíduos, tornando-os mais vulneráveis do A violência também pode ser compreen-
que outros ao sofrimento e à morte; a violên- dida, a partir do terceiro ponto de vista, como
cia cultural, que se relaciona à anterior, acres- um problema de anti-ação, que se relaciona
cida de manifestações de machismo, racismo, ao uso indiscriminado da força física em prol
imposição de atos ou idéias, privilegiando de matar, aniquilar, deixar seqüelas como for-
outros ou desvalorizando pessoas, limita a ma de destruir ou negar uma ordem ou siste-
criatividade e a liberdade; a violência de resis- ma legal.
tência, que se constitui em diferentes formas
Por último, a violência também pode ser
de reação dos grupos subjugados pela vio-
considerada como um problema de pró-ação,
lência estrutural, com o objetivo de contesta-
quando é empregada para restaurar, restituir
ção; e a violência de delinqüência, que é co-
ou defender um direito ou construir uma or-
nhecida como crime e está relacionada a ações
dem ou sistema legal – por exemplo, o Mo-
praticadas fora da lei. (Minayo20, 1994).
vimento dos Sem-Terra e outros movimen-
Agudelo apud Camargo e Buralli3 (1998) tos populares.
ainda considera a violência de acordo com
Portanto, podemos afirmar que muitas são
quatro pontos de vista. O primeiro diz res-
as razões que sustentam a prática da violência
peito ao problema de poder. Para Marino15
em nossa sociedade.
(2004), o poder envolve a habilidade
probabilística, por parte de alguns agentes in-
dividuais ou coletivos, de impor sua vontade Delimitando a violência contra idosos
sobre os outros, fora de qualquer marco
organizacional ou institucional. Assim, a vio- Estudos mostram que, dentre os segmen-
lência ocorre na medida em que as relações tos mais atingidos pela violência, destacam-se
entre os indivíduos se constroem ou se deli- a criança, a mulher e o idoso. Isso se deve
mitam de forma assimétrica onde o poder se fundamentalmente à desvantagem desses gru-
encontra com determinado indivíduo que pos quando confrontados com o indivíduo
determina o seu querer em detrimento de adulto e do sexo masculino, sobretudo no que
outros. Minayo19 (1992) acrescenta que, em diz respeito à força física, e a configuração
sociedades de classes, como as latino-ameri- do status nos diversos espaços, principalmen-
canas, a violência é entendida como um ele- te dentro da família.
mento fundamental de interesse de classes, de
Estudo realizado por Paim24 et al. (1999)
domínio econômico e político.
sobre mortalidade por causas externas em
O segundo ponto seria considerar a violên- Salvador, capital da Bahia, concluiu que os
cia como um problema assimétrico que nos idosos apresentavam maior risco de morte

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por causas externas, seguidos dos adultos jo- diano das relações familiares, nas formas de
vens e dos adolescentes, em que 38% das negligência social e das políticas públicas
mortes foram por acidentes de transporte e (Minayo21, 2003). A mesma autora ainda afir-
28% por quedas. ma que a negligência é um tipo de violência
muito mais abrangente e disseminado no país,
Não desconsiderando os dados aqui des- estando presente nas várias classes
tacados, é importante considerar que as pes- socioeconômicas, etnias e religiões, e deixam
quisas fundamentadas em notificações dos sis- um grande número de indivíduos vulneráveis
temas de saúde e policial não corresponderem aos maus-tratos.
à totalidade de maus-tratos físicos e princi-
palmente psicológicos relacionados aos ido- Newman apud Menezes18 (1999) esclarece
sos, uma vez que estes se apresentam amplos, que o termo “maus-tratos a idosos”, quando
complexos e de difícil captação. empregado, se refere a maus-tratos físicos, se-
xuais, psicológicos, materiais e negligência.
Essa disparidade está relacionada à difi- Define também os tipos de maus-tratos ao
culdade de notificação dos casos, haja vista idoso da seguinte forma: abuso físico, que en-
que o idoso não obtém em si próprio a cora- volve traumatismos, dor, lesão e coação física;
gem para prestar uma queixa formal contra maus-tratos sexuais, que constituem qualquer
seus agressores em instituições legais, por sen- forma de intimidade mediante a força e a ame-
tir-se freqüentemente inseguro e desprotegido. aça; maus-tratos materiais ou econômicos, que
Por isso, os estudos que tratam da violência se caracterizam pelo desvio dos recursos ma-
contra o idoso têm sido ainda incipientes, teriais ou financeiros destinados ao cuidado do
quando comparados aos demais estudos nos idoso; negligência, que pode ser entendida
quais a violência ao indivíduo idoso figura à como a omissão na provisão ou administra-
margem da sociedade e dos estudos sobre ção de cuidados adequados; e maus-tratos psi-
violência. cológicos, que consistem na interferência nega-
tiva conduzindo a um padrão de comporta-
Discorrendo acerca da vulnerabilidade dos
mento destrutivo, evidenciado sob as formas
idosos à violência, Menezes18 (1999) ressalva
de rejeição, isolamento e discriminação.
que as desvantagens deste segmento social são
inúmeras e desiguais, principalmente devido
ao processo de envelhecimento, que tende a Contextualizando a violência
debilitar e reduzir as funções cognitivas e de- intrafamiliar contra o idoso
fesas do organismo.
Pesquisa realizada por Chavez5 (2002) de-
As formas de abusos físicos, psicológicos, monstrou que 90% dos casos de maus-tratos
sexuais, financeiros e negligências praticadas e negligência contra pessoas com mais de 60
contra idosos em geral não chegam aos ser- anos nos EUA ocorrem nos lares. No Brasil,
viços de saúde – ficam naturalizadas no coti- pesquisa realizada pelo mesmo autor, na De-

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legacia Especializada de Proteção ao Idoso afetivo dos indivíduos e que os afetos a ela
em Belo Horizonte, constatou que o maior destinados devem ser recíprocos para se ob-
índice de violência contra o idoso é causada ter soluções no ciclo vital. Por isso afirma que
pelos filhos, seguido pelo cônjuge ou com- não é suficiente viver juntos, mas faz-se ne-
panheiro e pelos vizinhos. Esses resultados cessário manter uma relação profunda de fa-
apontam a importância de se dar enfoque, nas mília em plena reciprocidade intergeracional.
pesquisas sobre violência contra idosos, à
questão da violência intrafamiliar. Entretanto, percebe-se que nas últimas
décadas a família vem sofrendo modificações
A violência que ocorre no seio da família estruturais rápidas, ocasionadas por diferen-
pode ser compreendida como sendo ações ciados motivos: separações, divórcios, novas
ou omissões que prejudiquem o estado de uniões, instabilidade financeira, movimentos
bem-estar, integridade física e psicológica e migratórios nacionais e internacionais em busca
a liberdade. A mesma pode ser executada de oportunidades de trabalho e participação
dentro ou fora do lar, por qualquer familiar crescente das mulheres no mercado de traba-
que esteja em relação de poder com a pes- lho. Estas modificações têm gerado abalos na
soa agredida (Day7 et al., 2003; Camargo e estrutura familiar, conduzindo a uma deterio-
Buralli3, 1998). ração da qualidade das relações familiares,
contribuindo para um aumento das condições
A violência doméstica, por sua vez, não se de estresse nos indivíduos e propiciando a
limita à família. Envolve todas as pessoas que manifestação de situações conflituosas
convivem no mesmo espaço doméstico e que (Karsch14, 2003).
estão vinculadas ou não por laços de paren-
tesco. O termo “doméstico” incluiria também Outro fator que parece contribuir para a
pessoas que convivem no ambiente familiar, perpetuação da violência domiciliar contra
como empregados, agregados e visitantes es- idosos estaria relacionado à existência de um
porádicos (Araújo1, 2002; Day7 et al., 2003). grande número de idosos dependentes de suas
famílias, dado o aumento da expectativa de
Na realidade, percebemos que a família vida advinda com o envelhecimento
tanto pode trazer aspectos positivos, de for- populacional.
ma a auxiliar no desenvolvimento dos indiví-
duos, através da manutenção do bem-estar Caldas2 (2003) cita que, embora tenhamos
físico e da afetividade, como pode apresen- uma Política Nacional de Saúde do Idoso,
tar aspectos negativos, através da disputa pelo inexiste no Brasil um programa governamen-
poder, fomentando desigualdades e discrimi- tal específico e direcionado à população idosa
nando alguns dos seus membros. dependente, o que deixa transparecer que a
tarefa de amparar esses idosos é exclusiva
Chavez5 (2002) pontua que a família é um da família.
elo imprescindível para o desenvolvimento

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Por isso, entende-se que a família que se Ainda nesse estudo ficaram evidentes to-
propõe a cuidar de um idoso de alta depen- dos os tipos de violência, desde a agressão
dência está susceptível às constantes pressões verbal até o homicídio, mais foi descrita com
financeiras, sobrecarga física e imitação da maior freqüência a violência com intuito de
sociabilidade por parte dos cuidadores, já que extorsão e apropriação indevida.
estes dispensam um longo período na presta-
ção dos cuidados ao idoso. Assim, esses fato- Em relação aos autores, é relevante desta-
res em conjunto, ou mesmo isoladamente, são car que os infratores eram da mesma família
capazes de desencadear situações de maus- dos idosos ou conhecidos, sendo na sua mai-
tratos e de negligência contra o idoso no âm- oria filhos das vítimas do sexo masculino e
bito familiar. estando no momento dependentes financei-
ramente dos últimos; o uso de álcool e dro-
Silva26 (2004) contemporiza a situação de gas pelos agressores foi observado na maio-
dependência do idoso, afirmando que esta é ria dos casos; por fim, foi também identifica-
diretamente proporcional à condição de do o isolamento social como fator de risco
vulnerabilidade, fragilidade do estado de vida para ocorrência da violência.
e do estado de saúde do mesmo. O resultado
dessa proporção seria o ambiente susceptível Esses achados comprovam claramente al-
à violência intrafamiliar. guns estigmas relacionados à violência domi-
ciliar. O primeiro diz respeito a um número
Uma pesquisa etnográfica acerca da vi- elevado de vítimas pertencerem ao sexo fe-
olência doméstica contra idosos realizada minino. Podemos, então, notar a forte influ-
por Menezes, no ano de 1999, com base ência da violência de gênero que ocorre den-
nos levantamentos dos boletins de ocorrên- tro da sociedade em diversos níveis, classes e
cia nas Delegacias de Polícia no município faixas etárias.
de Ribeirão Preto-SP e nas entrevistas com
os idosos violentados, revelou a cultura da Teles27 (2002) cita que a violência na mu-
violência doméstica sob três principais as- lher carrega um estigma, como se fosse um
pectos: com relação ao idoso, à violência e sinal no corpo. É um fenômeno antigo, com-
aos autores. plexo, proveniente de uma ideologia patriar-
cal histórica na qual se impõe o poder mascu-
Segundo o estudo, a violência, sob o as- lino em detrimento dos direitos das mulhe-
pecto relacionado ao idoso, revelou que a res, subordinando-as às necessidades pesso-
maioria era independente financeiramente, ais e políticas dos homens.
pertencia a todas as classes sociais, residia em
suas próprias casas, era fisicamente indepen- A questão de gênero é um fator prepon-
dente para o desenvolvimento das atividades derante na produção da violência social,
de vida diária, era do sexo feminino e tinha interpessoal e familiar. Araújo1 (2002) afirma
idades entre 62 e 82 anos. que é importante lembrar que a predominân-

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cia da categoria de gênero não existe de for- sos, eles permitem que os agressores se apro-
ma abstrata; ao contrário, articula-se com as priem de seus bens, pelo medo da solidão, da
categorias de classe e raça ou etnia. vida em asilos e clínicas geriátricas. Os
agressores, após estarem abastados financei-
Na escala social do exercício da domina- ramente, detêm o poder sobre o idoso e se-
ção-exploração por legitimação do poder ou guem coagindo, ameaçando e perpetrando o
imposição através da violência, o homem ciclo da violência (Menezes18, 1999).
adulto, branco e de classe alta tem predomi-
nância sobre as mulheres, crianças, velhos, Também foi possível confirmar que a
pobres e negros. Assim, a mulher idosa, ne- maioria dos agressores de idosos é um fami-
gra e pobre está altamente vulnerável à vio- liar ou algum conhecido. Isso revela que a in-
lência, principalmente no que concerne à vio- tensidade da violência está associada à intimi-
lência doméstica. dade das relações. Ainda através desses estu-
dos, emergiu o perfil do abusador, que na
Minayo21 (2003) corrobora a assertiva, ao
sua grande maioria eram os filhos homens,
afirmar que nos lares as mulheres idosas, pro-
cônjuge, noras e genros (Menezes18, 1999;
porcionalmente, são mais abusadas que os
Fávaro8, 2003; Minayo21, 2003).
homens. E embora a violência de gênero con-
tra idosas, seja indubitavelmente um fenôme- Outro aspecto relevante a ser destacado
no que ocorre no seio da família, no Brasil por Menezes18 (1999) é a figura do neto des-
ainda não existem estatísticas específicas so- pontando como agressor, inclusive na auto-
bre este tipo de violência, por conta do não- ria de homicídios, o que reafirma que a vio-
reconhecimento social do fenômeno. lência familiar pode ser reproduzida ideo-
logicamente por seus componentes. Ou seja,
O próprio estatuto do idoso é neutro em
se o idoso foi uma pessoa agressiva nas rela-
relação aos gêneros, mesmo havendo a Con-
ções com seus familiares, pode ser vítima de
venção de Belém do Pará, de 1995, que aponta
violência, na medida em que seus descenden-
o problema da violência contra as mulheres
tes põem em prática oportunamente o que
considerando o item idade, e a Lei Maria da
aprenderam e viveram. Quanto a isso, Sil-
Penha, de 2006, que inclui nos tipos de vio-
va25 (2005) esclarece que, de acordo com o
lência de gênero aquela que humilha e depre-
cia em razão da idade. IBGE13, é crescente o número de netos e
bisnetos que vivem sob a custódia dos avós,
É importante pontuar que uma das quei- sendo na maioria das vezes cuidados e sus-
xas mais registradas nas Delegacias de Polícia tentados por eles. Tal dependência pode con-
especializadas para idosos e mulheres vítimas tribuir para acirrar conflitos e motivar com-
de violência é a patrimonial, que decorre da portamentos violentos, pois o idoso é o res-
apropriação indevida dos bens de outrem ponsável financeiro, no entanto está sob a
através do uso da violência. No caso dos ido- custódia e responsabilidade da família.

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A despeito das justificativas que recaem to em que o agressor isola a vítima dos de-
sobre o comportamento do agressor, encon- mais familiares e dos amigos (rede social), para
tramos em muitos estudos a relação tênue que que o último não obtenha ajuda de terceiros
se estabelece entre violência e uso de drogas e na desconstrução do ciclo da violência.
álcool. Nessa premissa, Minayo21 (1994) cita
que o abuso do álcool e de outras substâncias Já o distanciamento social do agressor diz
é fator fundamental associado aos homicídi- respeito a uma característica peculiar desse
os, violência no trânsito e a violência indivíduo em possuir contato social reduzi-
interpessoal e doméstica. do, uma vez que teme as possíveis críticas da
sociedade quanto a seu comportamento, ou
Segundo Hacker apud Menezes18 (1999), quando o cuidado do idoso dependente
mesmo em pequenas doses, o álcool aumen- toma-lhe uma boa parte do tempo e do seu
ta o potencial de violência, mediante a lazer (Caldas2, 2003).
ofuscação da mente e da desinibição.
Como já referido, os idosos maltratados,
Esta afirmação não nos leva necessariamen- sendo mais vulneráveis que as demais faixas
te a crer que todo usuário de drogas é sempre etárias, encontram-se muitas vezes inseguros
o responsável pelos maus-tratos em idosos, mas e fragilizados, e por essa razão não procuram
é importante ressaltar que a construção da vio- em primeira instância os serviços
lência contra os idosos não se dá de forma especializados. Sem o apoio de familiares e
isolada; ela é determinada a partir de sem amizades, torna-se difícil e constrange-
multifatores que conduzem tanto a vítima quan- dor procurar, sozinho, os serviços de segu-
to o agressor a um ambiente hostil, onde se rança pública especializados.
desenvolve a violência. Nesse viés, a utilização
indevida do álcool e das drogas se torna um Nesse contexto, é impossível ignorarmos
agente potencializador para a ocorrência des- ou omitirmos a relevância da violência
tes eventos trágicos no seio da família. intrafamiliar contra o idoso. A amplitude e
a complexidade desta questão nos repor-
Por fim, e não menos importante, cita-se tam à reflexão de que as ações que visam a
o isolamento social como um dos fatores romper com este ciclo criminoso ainda são
encontrados em várias pesquisas sobre vio- muito incipientes e muito há ainda o que se
lência contra idosos e que parece ter relação debater.
direta com a ocorrência de maus-tratos em
idosos (Menezes18, 1999; Silva27, 2004). Menezes17 (1997) cita que alguns idosos
são, ainda, destituídos do poder de decisão,
O isolamento social pode ser descrito do privados de ocupar um espaço físico próprio,
ponto de vista da vítima; já em relação ao do direito de escolha, da liberdade de expres-
agressor, observamos o distanciamento soci- são, do direito à saúde e do direito de enve-
al. O isolamento da vítima se dá no momen- lhecer saudável e com dignidade de cidadão.

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A construção da violência contra idosos 125

CONSIDERAÇÕES FINAIS tais possam ser responsabilizadas, caso os pro-


cedimentos realizados nas mesmas não este-
A violência praticada contra o idoso é ina- jam em consonância com as legislações fede-
ceitável e os fatores que corroboram para que rais, estaduais e municipais direcionadas ao
esse fenômeno cresça, em incidência, devem atendimento do idoso.
ser combatidos, através de políticas públicas
eficientes que visem a desconstruir esse pro-
cesso no seio da sociedade. NOTAS
a
Estudiosos afirmam que, diante de sua Enfermeira, pela Escola Nacional de Saúde Pública.
Mestranda da Escola de Enfermagem da (UFBA), área
complexidade, qualquer processo de interven- de concentração O Cuidar em Enfermagem. Especia-
lista em Educação Profissional na Área de Saúde. E-
ção deve abranger questões macroestruturais, mail: acarlapetersen@hotmail.com
conjunturais, relacionais e subjetivas, bem b
Enfermeira, pela Escola Nacional de Saúde Pública.
como focalizar a especificidade dos proble- Mestra em Enfermagem na área de concentração O
Cuidar em Enfermagem da Escola de Enfermagem da
mas, dos fatores de risco e das possibilidades (UFBA). Docente da Faculdade de Tecnologias e Ciên-
cias – SSA/Ba. Especialista em Enfermagem em Unida-
de mudança. Assim a complexidade da vio- de de Terapia Intensiva pela Faculdade de Enfermagem
lência, suas diferenças causalidades e formas Luíza de Marillac; Especialista em Educação Profissio-
nal na Área de Saúde. E-mail: aitacsa@hotmail.com
de expressão tornam seu enfrentamento um c
Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Fede-
grande desafio, pois exige o desenvolvimento ral da Bahia (UFBA). Professora Assistente da Universi-
dade do Estado da Bahia (UNEB). Mestra em Enferma-
de ações de múltiplas naturezas e em distintos gem na área de concentração O Cuidar em Enferma-
planos e espaços: governamentais, não-gover- gem da Escola de Enfermagem da (UFBA). Especialista
em Enfermagem em Centro Cirúrgico pela Escola de
namentais, comunitários e familiares. Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
E-mail: meirebom@yahoo.com.br;
meirebom@ig.com.br
Há que se avançar na compreensão desse d
Professora Adjunta do Curso de Graduação e Pós-Gra-
fenômeno que desafia a ciência e constitui a duação em Enfermagem, Escola de Enfermagem da
segunda causa de morte no país, além de pro- Universidade Federal da Bahia - EEUFBa E-mail: aitac-
sa@bol.com.br
duzir estresse, fobias e traumas que matam
silenciosamente. Tendo sido o lar identifica-
do como local privilegiado para a expressão REFERÊNCIAS
da violência contra idosos, ações estratégicas
do Programa de Saúde da Família (PSF) po- 1. Araújo MF. Violência e abuso sexual na
família. Psicologia em Estudo 2002; 7(2).
dem facilitar a identificação e combate da vi- Disponível em: URL: <http://
olência no locus domiciliar. www.unati.uerj.br/tse/
scielo.php?script=sciarttext&pid=S1517-
Sugere-se também que os serviços de aten- 59282001000200002&Ing=pt&nrm=iso >.
dimento à população idosa sejam rigorosa- 2. Caldas CP. Envelhecimento com
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