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CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA – UNIFIL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA


DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA
PROFESSORA JOSIANE M. GERMANO

Alunos:

Saúde da População LGBTQIA+

A comunidade LGBTQIA+ mesmo com o grande avanço em suas conquistas em


obter seu espaço, sair das sombras, ou como se fala “sair do armário”, ainda sofre
muitas violências e também as consequências das violências sofridas ao longo da vida.
Estas violências sofridas são inúmeras e de diferentes formas: violência física, mental,
violência contra seu próprio corpo. Aqui neste trabalho tentaremos elencar as principais
violências sofridas na comunidade em destaque.
1. Doenças Sexualmente Transmissíveis na comunidade LGBTQIA+
De acordo com Bergallo (2021) e uma reportagem publicada por Saúde R7 (2014)
entre as doenças sexualmente transmissíveis, nesta população temos a grande incidência
de doenças como a sífilis, clamídia, gonorréia, hepatite B, HPV e HIV/AIDS.
De acordo com Saúde R7 (2014) entre os voluntários pesquisados 40% já tinham
sido expostos a pelo menos um dos dois tipos de HPV (papilomavírus humano), 8%
foram diagnosticados com HIV e 11% haviam sido infectados com hepatite B (SAÚDE
R7, 2014). Foi identificado nesta pesquisa uma taxa anual de infecção pelo HIV de
quase 5%, isso significa dizer que em cada cem pessoas desse grupo cinco estão
contraindo o vírus por ano (SAÚDE R7, 2014).
Em 2019 o total de novos infectados pelo HIV no Brasil foi de 41.919 pessoas, no
entanto a maior parte dos infectados (53,8%) são homens gays e bissexuais. De acordo
com Rico Vasconcelos, infectologista do SEAP/HIV, a epidemia de HIV tem se
acelerado de forma mais intensa entre os homens mais jovens, na faixa de 15 a 29 anos.
Ressalta o infectologista que, com base nos dados epidemiológicos, tem-se uma
epidemia super aquecida nesse segmento (GARCIA, 2021).
A Aids mata mais de 10 mil pessoas ao ano no país. No Brasil essa doença dispõe de
tratamento público, gratuito, pelo SUS, e hoje há a disposição, além da camisinha,
outras estratégias de prevenção – as profilaxias pré e pós-exposição, PrEP e PEP,
respectivamente. De acordo com Vasconcelos “é nítido que a ausência de campanhas
para esse público LGBT é um dos motivos pela não queda dos casos nessa população”
(GARCIA, 2021).
Segundo Victor Miller (2021), com base em seu estudo com o uso do PrEP, houve
uma interrupção do crescimento dos casos de gonorreia e clamídia e que nenhum dos
participantes se infectou com HIV. Ressalta a reportagem que a melhor alternativa para
essas epidemias (ISTs) é a testagem periódica e o PrEP.
O HPV, muito discutido na prevenção feminina, também é uma ameaça para os
homens. De acordo com o Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC, o
HPV-16 é responsável por cerca de 40% dos casos de câncer de pênis, e os dois vírus
(HPV-16 e HPV-18) estão associados a 90% dos tumores de ânus e 24% dos casos de
câncer de garganta.
De acordo com uma publicação do Centro de Comunicação da UFMG as mulheres
lésbicas são também muito acometidas com o vírus HPV. Um estudo veiculado no
Public Health com 150 mulheres que mantêm relação com o mesmo sexo, quase metade
delas (71) contraíram alguma infecção sexualmente transmissível, sendo que a maior
parte (45%) foi contaminada com o vírus HPV. Nas mulheres este vírus pode causar
câncer de colo de útero, vulva e vagina (COMUNICAÇÃO UFMG, 2021).
Para a professora Marilene Monteiro, do departamento de Ginecologia e Obstetrícia
da Faculdade de Medicina da UFMG, alguns profissionais da saúde ainda não estão
preparados para lidar com pacientes lésbicas e muitas vezes elas não realizam testes
preventivos por conta dessa falta de orientação (COMUNICAÇÃO UFMG, 2021).
No Brasil existe vacina contra o HPV e ele está disponível gratuitamente no SUS
para jovens dentre 9 e 14 anos (SAÚDE R7, 2014).
Em relação a hepatite B, mesmo existindo a vacina gratuita dentro do SUS a cerca
de 30 anos, muitas pessoas não estão imunizadas. Saúde R7 coloca a necessidade de
ampla divulgação desta informação em especial para homens que fazem sexo com
homens (SAÚDE R7, 2014).

2. Saúde Mental da Comunidade Lgbt

Infelizmente, no Brasil dos dias atuais, vivemos em um período de instabilidade


política e social, a população LGBTQIA+ vem sendo ameaçada pela onda de
conservadorismo radical, o que contribui e muito para o aumento de transtornos de
ansiedade e depressão, bem como, em casos mais graves, o risco de suicídio, já mais
comuns nesses indivíduos pela exclusão social e violência estrutural (GRANADOS-
COSME e DELGADO-SÁNCHEZ, 2008). Além do sofrimento psíquico causado pelo
estigma social, ainda há o enfrentamento da população LGBTQIA+ às diversas
situações de constrangimento, agressões verbais e discriminação nos serviços onde vão
buscar atendimento e cuidados à sua saúde. (BRASIL, 2007). Entre as violências
mentais que esta comunidade vivencia, vamos destacar algumas das mais relevantes:
 Dificuldade de aceitação: Preconceito, falta de aceitação social e a não
identidade de gênero provocam uma série de problemas de saúde mental na
população LGBTQIA+. Passar anos de uma vida tentando ser alguém que “não
se é’’ tem consequências emocionais sérias e que podem causar transtornos de
ansiedade e depressão. Em casos mais graves, o risco de suicídio é alto, pois o
indivíduo não consegue enxergar uma saída. (O ESTADO DE S.PAULO, 2019)
 Violência emocional: A violência e os conflitos relacionados a aceitação
familiar e social causam uma confusão emocional angustiante. Várias podem ser
as manifestações de violência psicológica dirigida à população LGBTQIA+, tais
como ameaças; humilhações; chantagens; cobranças para mudança de
comportamento; discriminação; exploração; crítica pelo desempenho sexual e
proibição de socialização, provocando, assim, o isolamento dos amigos e
familiares. (BRASIL, 2002). Dessa forma, considera-se a violência perpetrada
contra LGBTQIA+ um importante estressor social que resulta em impactos
negativos na saúde mental e qualidade de vida dessas pessoas, incluindo um
aumento de quase seis vezes para ocorrência de quadros depressivos
(RYAN,2009) e seus desdobramentos, como os sentimentos de culpa, medo,
desconfiança, confusão, insegurança, ansiedade, vergonha, isolamento social,
dificuldades de estabelecer e manter relacionamentos amorosos, disfunções
sexuais, hostilidade, distúrbios alimentares e uso/abuso de substâncias
psicoativas. (CARDOSO, FERRO, 2012).
 Não aceitação do corpo: A transexualidade é caracterizada por uma aflição
persistente em relação ao sexo designado ao nascimento, como um sentimento
de não pertencimento, que costuma ter início na infância e confirmação durante
a adolescência e é acompanhado por uma conduta permanente relacionada ao
sexo desejado. (SOARES et al, 2011; JESUS, 2016). Todas essas experiências
da transexualidade podem ocasionar disfunções relacionadas à vida psíquica.
Esse sofrimento pode acarretar depressão, ansiedade, transtorno alimentar, do
sono e de pânico, uso de drogas e álcool e tentativas de suicídio. (ÁRAN, 2006).
A pessoa transexual acalenta o desejo de mudar a sua constituição biológica e
realizar a cirurgia de redesignação sexual, sendo este procedimento o único
capaz de trazer a conformidade em relação a sua verdadeira identidade de gênero
que sente pertencer, mas que não foi biologicamente atribuída. (TREVIZANI,
2019). A autoestima, o amor próprio, todos os detalhes que não parecem tão
importantes no início, são o que dão a força que essas pessoas vão precisar para
enfrentar o mundo, e mais do que isso, enfrentar suas próprias incertezas, afinal,
o ser humano, independente de gênero ou sexualidade, é feito de dúvidas,
desejos, e características ímpares. (MONTEIRO, 2017).

3. Violência Física Contra Os Gays

A violência contra pessoas LGBTQIA+ pode ser arquitetada individualmente ou


coletivamente, como por parte da aplicação de leis governamentais visando às pessoas
que contrariam as regras da heteronormatividade (COUTO JUNIOR; OSWALD;
POCAHY, 2018). Um crime movido pelo ódio inicia-se quando os indivíduos são
vitimados tendo em vista a sua raça, etnia, religião, sexo, identidade de gênero ou
orientação sexual.
A agressão física é direcionada ao corpo do indivíduo e se caracteriza pela presença
de lesões corporais oriundas de empurrões, tapas e, em casos mais extremos, pelo uso
de armas brancas ou armas de fogo (PARENTE et al., 2018). A violência sexual é
definida como uma ação na qual um indivíduo coage outro a realizar ou presenciar,
contra a sua vontade, alguma forma de interação sexual. Pode-se citar o estupro, o
assédio e qualquer outro tipo de prática erótica não consentida para exemplificar esta
forma de violência (BRASIL, 2011). Ressalta-se que os danos psicológicos gerados na
vítima são permanentes, de modo que a mesma apresentará dificuldades quanto à
socialização dentro e fora do ambiente familiar.
O país naturalizou um processo de marginalização e precarização para a aniquilação
das pessoas trans. Em 2020, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais
(ANTRA) encontrou um número recorde de assassinatos contra travestis e mulheres
trans, com um total de 175 casos. Se consolidando como o ano com o maior número de
assassinatos contra essa parcela da população. O ciclo de violência que afeta travestis e
mulheres trans se assemelha na medida em que a morte é o ponto final de uma série de
violações anteriores.
Já nos primeiros dias do ano, nos deparamos com o assassinato brutal de uma
adolescente trans de 13 anos, no interior do Ceará – se tornando a mais jovem vítima do
transfeminicídio do país. E chama atenção que seu algoz também era um menor de
idade. E ao longo do semestre vimos repetir em forma e intensidade, a crueldade com
que esses casos tem acontecido.
Cabe ressaltar que diminuiu em 4 anos a idade da mais jovem desde que foi iniciado
esse monitoramento em 2017, caindo de 17 para 13 anos a idade em que pessoas trans
passaram a ser assassinadas no país. E entre pessoas onde foi possível identificar a idade
em 2021, apenas 12 (cerca de 15%) conseguiram ultrapassar a estimativa média de vida
de uma pessoa trans, que é de 35 anos. As demais estavam na faixa de 13 a 35 anos de
idade. Segue ainda o perfil já denunciado em nossas pesquisas em que a maioria
expressava publicamente o gênero feminino, sendo travestis e mulheres trans, e eram
negras.
Vimos ainda o caso de uma mulher trans que foi vítima de homicídio doloso e
omissão de socorro, ao ser deixada para morrer pela equipe de uma clínica de saúde. O
laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a vítima morreu cinco
dias depois por asfixia ao inalar fumaça tóxica e quente das chamas. Ela estava sedada
numa cama enquanto era preparada para uma cirurgia, na qual colocaria implantes de
silicone nos seios, que nem chegou a fazer.
Mesmo com um número aparentemente inferior quando comparado ao mesmo
período de 2020, não há o que comemorar. Entre janeiro e junho desse ano encontramos
casos de assassinatos contra 78 travestis e mulheres trans e 2 homens
trans/transmasculinos, totalizando 80 assassinatos no 1º semestre de 2021. No mesmo
período, os EUA tiveram 29 casos, de acordo com a pesquisa anual da Human Rights
Campaign, que monitora os casos de violência contra pessoas trans.
Do total de assassinatos, 3 das vítimas eram defensoras de direitos humanos.
Observem que a média dos semestres dos últimos anos é de 84 casos com cerca
de 14 casos/mês, e que em 2021 tivemos, até o momento, média de 13,3 casos/mês, o
que chama atenção pela proximidade com a média móvel e exige atenção durante o
decorrer do ano.
A queda acontece após um 2020 altamente violento, mesmo com a pandemia do
novo coronavírus. No ano passado, o país teve uma alta desproporcional dos
assassinatos após dois anos consecutivos de queda. Há que se ter cautela em afirmar
qualquer tendência em definitivo, visto que nos dois primeiros meses desse ano, ao ser
comparado do ano passado onde não havia pandemia, não podem ser comparados pela
mudança de cenário.
Este ano, foram mapeadas ainda 33 tentativas de assassinatos. E observamos que a
crueldade e a desumanização fazem parte desse processo na maioria dos casos. São
casos de estupros coletivos, corpos incendiados, vítimas de tentativas de execução,
pessoas atiradas de dentro de veículos em movimento, espancamento, sequestros,
desaparecimentos, etc.

4. Ingestão de Hormônios de Maneira Desacompanhada

O acesso, ou a falta dele, aos serviços de saúde e à saúde integral das pessoas trans
está relacionado a fatores que podem ser localizados nas dimensões individual (tomada
como intersubjetiva), social (contexto sociocultural) e programática (AYRES et al.,
2005; 2006; AYRES; PAIVA; FRANÇA JR., 2010), que aumentam ou diminuem a
vulnerabilidade ao adoecimento dessas pessoas.
Portanto, ter profissionais qualificados para atender às demandas das pessoas trans é
de grande importância para o acesso destas à saúde integral. Braveman e Gruskin (2003)
afirmam que o acesso e a qualidade devem ser considerados em conjunto, pois a baixa
qualidade é um problema que gera uma barreira ao uso dos serviços de saúde
disponíveis. Entre os fatores que contribuem para a baixa qualidade no atendimento, as
autoras apontam que, na perspectiva dos direitos humanos e da equidade, deve-se
chamar a atenção para os elementos que, tradicionalmente, estão fora do âmbito do setor
da Saúde e da formação das(os) profissionais – por exemplo, as desigualdades de poder
associadas ao machismo, à heteronormatividade, ao racismo e a outras formas de
discriminação –, bem como para a má qualidade da infraestrutura disponível e para a
falta de profissionais devidamente capacitadas(os).
Como usar os hormônios femininos minimizando efeitos indesejados? O tratamento
hormonal parece ser este veículo que integra e exterioriza as dimensões físicas e moral
no universo das travestis. Prostituição e casa/pensão, o universo do mercado sexual
parece tornar-se o mais acessível, muitas vezes tido como o único, porém não mais o
principal destino para a sociabilidade da experiência da travestilidade (BENEDETTI,
1998).
“O hormônio é como um alimento para o corpo”. É com ele que se adquirem novas
características nas formas do corpo, bem como novas particularidades de uma ordem
moral que dizem respeito ao comportamento feminino na sociedade.
Contudo, estudos referentes às travestis (de masculino para feminino, no caso)
consistem em homens que produzem modificações em seus corpos com o objetivo de
torná-los femininos e de fazê-los parecer com os de mulheres, sem, no entanto, visar à
cirurgia de transgenitalização (BENEDETTI, 2000).
Fabricam formas e contornos femininos com auxílio da tecnologia, da medicina
estética nos seus próprios corpos, criam seu próprio gênero, seus próprios valores
relacionados ao feminino e ao masculino. Isso evidencia uma construção social da
identidade de gênero própria das travestis. Um dos artifícios essenciais na vida de uma
travesti é iniciar o uso de hormônios. Com a hormonioterapia, as mudanças corporais
mostram-se mais visíveis e mais definitivas:
• os seios desenvolvem-se.
• A silhueta arredonda-se.
• A voz afina (segundo algumas travestis).
• os pelos do corpo e da barba diminuem em quantidade e tamanho.
A ingestão de tratamento hormonal parece ser a própria decisão de incorporar e
dar publicidade à identidade travesti. Os hormônios femininos são normalmente o
primeiro (e, para algumas, o único) produto a ser acionado com este objetivo. Essas
substâncias começam a agir sobre o organismo, desenvolvendo os seios, arredondando
os quadris e os membros inferiores e superiores, afinando a cintura (e a voz, segundo
algumas travestis) e diminuindo a produção de pelos, especialmente os da barba, do
peito e das pernas.
Outro aspecto importante é que as travestis percebem o corpo não apenas como
atributo social, mas suas verdadeiras identidades sociais, pois este processo faz parte
inclusive da sua formação como pessoa (BENEDETTI, 2005).
O primeiro procedimento cirúrgico para os trans-homens – às vezes, o único – é
a retirada das mamas, daí a importância de se aumentar o número de mastologistas no
SUS. O termo “mastectomia bilateral”, quando empregado para os trans-homens, é
inapropriado, porque a mama não é totalmente removida e mantém-se o mamilo.
“Mamoplastia masculinizadora” seria o termo correto, porque se trata de uma
readequação de tórax. A cirurgia plástica é reconstrutiva e transforma,
proporcionalmente, os tecidos e a forma de uma mama feminina em uma masculina
(MEDICINA, 2012).
As diversas técnicas cirúrgicas variam conforme o tamanho da mama. Os trans-
homens dão à cicatriz o nome de “T invertido” ou “sorriso”, quando a incisão é abaixo
das mamas. Usa-se também a dos dois traços. Quando o volume é pequeno, utilizam-se
a técnica periareolar (PA) e a técnica transareolomamilar, do duplo círculo (DC),
corrigindo também o tamanho da aréola. (CARDOSO et al., 2007)

5. Aplicação de Substâncias no Corpo

Travestis e transexuais são populações que carregam uma imensa carga de


preconceitos desde a sua aparição. Foi em Paris nos anos 80 que as travestis brasileiras
tiveram conhecimento de duas substâncias que se tornariam, anos depois, muito
problemáticas para sua saúde. São elas: o silicone líquido industrial e a utilização
indiscriminada de hormônios. No Brasil, as travestis e transexuais iniciaram a utilização
dessas substâncias para se parecerem com as trans das décadas de 70/80 de Paris, era
utilizado silicone industrial, um produto desaconselhável para humanos. As travestis
encontraram nesta substância uma forma de construir formas femininas mais rápido que
os hormônios. (SIMPSON, 2015).
O SLI não é estéril e não tem indicação para ser aplicado em pessoas. Dentre os seus
usos estão a lubrificação de máquinas, a lustração de painéis e de rodas de automóveis,
e a vedação na construção civil. Em geral, as embalagens desse produto contêm
advertências explícitas aos cuidados que se deve ter ao utilizá-lo, tais como evitar
contato com a pele e inalação, devendo sua aplicação ocorrer somente em locais
ventilados pelo risco de intoxicação. Há relatos nas literaturas nacional e internacional
da aplicação de outras substâncias consideradas inadequadas ao preenchimento
corporal, sendo citadas parafina líquida, vaselina, óleo de linhaça, óleo de oliva, selante
de pneus e fluido de transmissão automotivo. (PINTO TP et al., 2017)
É preciso salientar que esta prática é cercada de alguns riscos que vão desde
processos inflamatórios localizados (abscessos, fístulas, granulomas), formação de
siliconomas e migração do material até inflamações sistêmicas graves, associadas ou
não a infecções. A dificuldade de remover o material injetado, caso ocorra algum
problema prejudicam o tratamento destes casos. O cuidado de pessoas trans que
utilizam silicone industrial e hormônios é preconizado pela Política Nacional de Saúde
Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Ministério da Saúde,
que, em seus objetivos específicos, dispõe: “Art. 2º: [...] VIII - reduzir danos à saúde da
população LGBT no que diz respeito ao uso excessivo de medicamentos, drogas e
fármacos, especialmente para travestis e transexuais; [...]” (BRASIL, 2013)
O cuidado da pessoa trans que tenha silicone industrial em seu corpo deve ser
personalizado e definido de acordo com as necessidades e demandas. Para ser mais
eficaz, é importante que os serviços de saúde façam articulação com as equipes
especializadas, como os ambulatórios de atendimento à saúde de pessoas trans e Centros
de Referência da Cidadania LGBT, além de outros serviços da rede intersetorial, como
os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e os Centros de Referência
Especializados da Assistência Social (Creas), da Assistência Social, e demais serviços
de abordagem na rua. (UNAIDS, 2021)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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