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Jane Cristina Anders
Lúcia Nazareth Amante
Neide da Silva Knihs
Ana Izabel Jatobá de Souza
Luciana Martins da Rosa
Nádia Chiodelli Salum
Melissa Orlandi Honório Locks
(Organizadoras)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A


IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE

Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Revisão: Os Autores

O presente livro foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) e do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEn), Edital 2017/2.

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506

E96

Experiências práticas para a implantação da sistematização da assistência de enfermagem


em instituições de saúde / Jane Cristina Anders, Lúcia Nazareth Amante, Neide da Silva Knihs,
Ana Izabel Jatobá de Souza, Luciana Martins da Rosa, Nádia Chiodelli Salum, Melissa Orlandi
Honório Locks (organizadoras). Curitiba : CRV, 2022.
386 p.

Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-2337-0
ISBN Físico 978-65-251-2336-3
DOI 10.24824/978652512336.3

1. Saúde 2. Enfermagem 3. Gestão do cuidado 4. Tecnologia em saúde I. Anders, Jane


Cristina. org. II. Amante, Lúcia Nazareth. org. III. Knihs, Neide da Silva. org. IV. Souza, Ana
Izabel Jatobá de. org. V. Rosa, Luciana Martins da. org. VI. Salum, Nádia Chiodelli. VII. Locks,
Melissa Orlandi Honório. org. VIII. Título IX. Série.

CDU 616.31 CDD 610.73


Índice para catálogo sistemático
1. Enfermagem – 610.73

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2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Ana Rosete Camargo Rodrigues Maia (UFSC)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Carlos Leonardo Figueiredo Cunha (UFRJ)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Cristina Iwabe (UNICAMP)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Evania Nascimento (UEMG)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Fernando Antonio Basile Colugnati (UFJF)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Francisco Jaime Bezerra Mendonca Junior (UEPB)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Janesca Alban Roman (UTFPR)
Celso Conti (UFSCar) José Antonio Chehuen Neto (UFJF)
Cesar Gerónimo Tello (Univer .Nacional Jose Odair Ferrari (UNIR)
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Três de Febrero – Argentina) Juliana Balbinot Reis Girondi (UFSC)


Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG) Karla de Araújo do Espirito Santo
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL) Pontes (FIOCRUZ)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB) Lucas Henrique Lobato de Araujo (UFMG)
Élsio José Corá (UFFS) Lúcia Nazareth Amante (UFSC)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB) Lucieli Dias Pedreschi Chaves (EERP)
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR) Maria Jose Coelho (UFRJ)
Gloria Fariñas León (Universidade Milena Nunes Alves de Sousa (FIP)
de La Havana – Cuba) Narciso Vieira Soares (URI)
Guillermo Arias Beatón (Universidade Orenzio Soler (UFPA)
de La Havana – Cuba) Samira Valentim Gama Lira (UNIFOR)
Helmuth Krüger (UCP) Thiago Mendonça de Aquino (UFAL)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ) Vânia de Souza (UFMG)
João Adalberto Campato Junior (UNESP) Wagner Luiz Ramos Barbosa (UFPA)
Josania Portela (UFPI) Wiliam César Alves Machado (UNIRIO)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Marcelo Paixão (UFRJ e UTexas – US)
Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL-MG)
Renato Francisco dos Santos Paula (UFG)
Rodrigo Pratte-Santos (UFES)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)

Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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AGRADECIMENTOS
À Coordenação da Área de Enfermagem da Coordenação de Aperfei-
çoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio fundamental
para a expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu, na modali-
dade profissional.
Ao Conselho Federal de Enfermagem (COFEn) que reafirmou sua res-
ponsabilidade social ao subsidiar a qualificação do enfermeiro, por meio de um
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curso de mestrado profissional que fortalece o desenvolvimento da profissão


e a transformação da prática no que se refere à Sistematização da Assistência
de Enfermagem.
À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pelo compromisso e
apoio para com a execução das atividades no contexto do Programa de Pós-
-Graduação Gestão de Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional,
contribuindo para a expansão e o desenvolvimento da área de Enfermagem.
Ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado
em Enfermagem – Modalidade Profissional da UFSC que se dedica para a
formação de enfermeiros capacitando-os para o desenvolvimento de pesquisas
com foco na Sistematização da Assistência de Enfermagem, visando resolver
problemas da prática, com a produção de inovação, tecnologia e conhecimento.
Ao corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Gestão do
Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da UFSC pelo com-
promisso com a sua qualificação e desenvolvimento de sua capacidade
analítica, crítica e de transformação de sua prática no que se refere à Sis-
tematização da Assistência de Enfermagem.
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SUMÁRIO
PREFÁCIO ..................................................................................................... 13
Prof.ª Dr.ª Lucia Yasuko Izumi Nichiata

EIXO 1
DIMENSÕES TEÓRICAS DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
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CAPÍTULO 1
TEORIAS E REFERENCIAIS TEÓRICOS PARA A PRÁTICA DE
ENFERMAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: desafios para a prática ................. 17
Ana Izabel Jatobá de Souza
Luciara Fabiane Sebold
Lúcia Nazareth Amante

CAPÍTULO 2
ENSINO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM: estratégias e aplicabilidade ................................................ 39
Maria Lígia dos Reis Bellaguarda
Dulcinéia Ghizoni Schneider
Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues
Kátia Cilene Godinho Bertoncello

EIXO 2
TECNOLOGIAS PARA A ENFERMAGEM

CAPÍTULO 1
TECNOLOGIAS INOVADORAS EM SAÚDE E ENFERMAGEM ............... 53
Mônica Stein
Rodrigo Bastos Fernandes

CAPÍTULO 2
DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM COMO TECNOLOGIA DO
TRABALHO EM ENFERMAGEM ................................................................. 83
Francine Lima Gelbcke
Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues
Sabrina da Silva de Souza
EIXO 3
NOVAS TECNOLOGIAS NA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
DE ENFERMAGEM: contribuições para a prática

APRESENTANDO O EIXO NOVAS TECNOLOGIAS NA


SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:
contribuições para a prática .......................................................................... 103
Jane Cristina Anders
Luciana Martins da Rosa

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PRODUTO 1
CUIDADO DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM SÍNDROME
CORONARIANA AGUDA: construção de uma tecnologia leve ................... 109
Thábata Larissa Agostini dos Santos
Eliane Matos
Kátia Cilene Godinho Bertoncello

PRODUTO 2
INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UMA
INSTITUIÇÃO ONCOLÓGICA: uma contribuição à Sistematização da
Assistência de Enfermagem .......................................................................... 129
Gisele Martins Miranda
Luciana Martins da Rosa
Nen Nalú Alves das Mercês
Lúcia Nazareth Amante
Kátia Cilene Godinho Bertoncello

PRODUTO 3
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA
LESÕES POR PRESSÃO RELACIONADAS A DISPOSITIVOS
MÉDICOS EM IDOSOS: bundles de cuidados ........................................... 149
Daniela Soldera
Juliana Balbinot Reis Girondi
Cilene Fernandez Soares
Melissa Orlandi Honório Locks
Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt

PRODUTO 4
BUNDLES DE CUIDADOS PARA LESÃO POR FRICÇÃO E LESÃO
POR PRESSÃO EM IDOSOS ..................................................................... 171
Scheila Monteiro Evaristo
Juliana Balbinot Reis Girondi
Cilene Fernandes Soares
Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt
PRODUTO 5
TECNOLOGIA DE CUIDADO PARA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PERÍODO
PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA ................................... 193
Larissa Evangelista Ferreira
Luciara Fabiane Sebold
Nádia Chiodelli Salum
Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues
Ana Graziela Alvarez
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PRODUTO 6
TERAPIA PELA COR NO MANEJO DA DOR EM PEDIATRIA:
proposta de desenvolvimento de especificações para um protótipo de
dispositivo eletrônico ..................................................................................... 217
Cheila Mara Freu
Jane Cristina Anders
Ana Izabel Jatobá de Souza
Mônica Stein
Isis da Silva Galindo

PRODUTO 7
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO DE ATENDIMENTO
AO PACIENTE COM CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL EM
TEMPESTADE ELÉTRICA.......................................................................... 237
Liziane Conceição Goulart Boff
Melissa Orlandi Honório Locks
Nádia Chiodelli Salum
Kátia Cilene Godinho Bertoncello
Maritê Inez Argenta

PRODUTO 8
CHECKLIST DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA
HEMOTRANSFUSÃO: estratégia para segurança do paciente em
unidade intensiva........................................................................................... 253
Rosângela Helena da Silva
Nádia Chiodelli Salum

PRODUTO 9
INSTRUMENTO ELETRÔNICO PARA REGISTROS DA
AVALIAÇÃO CLÍNICA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS COM
ESTOMIAS INTESTINAIS .......................................................................... 275
Mabel Villa Demétrio
Lúcia Nazareth Amante
Luciana Martins da Rosa
Maristela Jeci dos Santos
Gisele Martins Miranda
PRODUTO 10
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM BUNDLE DE CUIDADO
PARA O PACIENTE COM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
ATENDIDO NA EMERGÊNCIA CARDIOLÓGICA ..................................... 297
Viviane Muller
Kátia Cilene Godinho Bertoncello
Thábata Larissa Agostini dos Santos

EIXO 4
PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O

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DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS

CAPÍTULO 1
ESTRATÉGIAS PARA CONSTRUÇÃO DE TECNOLOGIAS DE
CUIDADO QUE POSSAM SUBSIDIAR A SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ........................................................... 317
Neide da Silva Knihs
Ana Graziela Alvarez
Daniela Couto Carvalho Barra
Mônica Stein
Juliana Balbinot Reis Girondi

CAPÍTULO 2
NOVAS PERSPECTIVAS PARA DESENVOLVIMENTO DE
TECNOLOGIAS DE CUIDADO: internet das coisas, informática
preditiva e tecnologia industrial ..................................................................... 351
Ana Izabel Jatobá de Souza
Mônica Stein
Juliana Balbinot Reis Girondi
Neide da Silva Knihs
Ana Graziela Alvarez
Daniela Couto Carvalho Barra

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 373

ÍNDICE REMISSIVO ................................................................................... 375

SOBRE OS AUTORES ................................................................................ 379


PREFÁCIO
Com satisfação apresento o livro “Experiências práticas para a implanta-
ção da sistematização da assistência de enfermagem em instituições de saúde”.
Esta obra sintetiza resultados das dissertações do Programa de Pós-Graduação
em Gestão do Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Univer-
sidade Federal de Santa Catarina. A obra reflete a maturidade do programa,
com seus 11 anos de formação de mestres e que, no futuro próximo, segue
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com as defesas das Teses de doutorado, homologado pela Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2019.
A obra foi organizada em quatros eixos. No primeiro, compondo dois
capítulos, discorre-se sobre as “Dimensões teóricas da Sistematização da
Assistência de Enfermagem”. Introduz o leitor aos conceitos fundamen-
tais das teorias de enfermagem. Apresenta teorias correntes, os modelos, as
características e os componentes que contribuem para o desenvolvimento do
conhecimento em enfermagem. É chamada a atenção sobre a importância
das teorias de enfermagem na produção de tecnologias nos mais diversos
cenários da prática em saúde, com foco particular no aprimoramento da Sis-
tematização da Assistência de Enfermagem. As autoras apresentam de forma
muito interessante, didática, ao longo do tempo e lugares, as escolas teóricas
que estiveram à frente do desenvolvimento das teorias de enfermagem. Neste
ponto, convido você leitor, a refletir sobre quais são as formas de ver o mundo
em que as teorias de enfermagem foram embasadas e, que ao mesmo tempo,
determinam nossas formas de ver e, justamente intervir no mundo, no caso
específico, na saúde, objeto de trabalho e estudo dos enfermeiros.
O segundo eixo segue com o tema “Tecnologia para a enfermagem”,
construído a partir das experiências na disciplina de Tecnologia e Inovação em
Saúde no curso de Doutorado Profissional citado anteriormente. As autoras ofe-
recem um panorama sobre as contribuições das áreas de design e engenharia à
prática de enfermagem, um guia para decifrar suas linguagens. Discorrem sobre
os desafios e perspectivas da Sistematização da Assistência de Enfermagem
como uma das tecnologias do trabalho – para o cuidado, a gestão e a educação.
Justamente, na fala de um amigo engenheiro e que esteve em extenso período de
hospitalização “não dá para conceber, o cuidado que a enfermagem realizada,
feita por robôs, por mais avanço que tenhamos em tecnologias”. Justamente, as
autoras alertam: a tecnologia, produto e produtor no trabalho da Enfermagem,
deve responder à finalidade de sua existência, o cuidado da saúde.
Dez experiências de desenvolvimento de tecnologias na Sistematização
da Assistência de Enfermagem são apresentadas no terceiro eixo. Atenção
leitor! Estão aqui presentes, os produtos desenvolvidos no Programa. Há a
indicação da metodologia utilizada na construção de novas ou inovadoras
14

tecnologias/produtos de enfermagem aplicados na Sistematização da Assis-


tência de Enfermagem, com destaque às etapas metodológicas, à descrição do
produto e seus resultados. Será possível percorrer por temas e produtos varia-
dos: procedimentos operacionais padrão para apoio na tomada de decisão do
enfermeiro para o planejamento da assistência ao paciente frente a suspeita e/ou
síndrome coronariana aguda e para o uso do cardiodesfibrilador implantável
em tempestade elétrica; registros eletrônicos do Processo de Enfermagem em
uma instituição oncológica; bundles de cuidados de lesões por fricção e pres-
são em idosos e de cuidado para o paciente com infarto agudo do miocárdio

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atendido na emergência cardiológica; instrumento para a consulta de enferma-
gem no período pré-operatório de cirurgia bariátrica; protótipo de dispositivo
eletrônico com capacidade de mensuração da dor e emissão da terapia pela cor
em pediatria; checklist de cuidados de enfermagem na hemotransfusão como
estratégia para a segurança do paciente em uma Unidade Intensiva Coronariana
e instrumento informatizado para avaliação clínica do paciente oncológico
com estomia intestinal. Abre-se com esta exposição, o ingresso ao diálogo
com outros programas profissionais, na perspectiva da troca de experiências
e na possibilidade de intercâmbio entre os enfermeiros e pesquisadores para a
experimentação e utilização em diferentes instituições e localidades.
O eixo 4, “Perspectivas futuras para o desenvolvimento de novos pro-
dutos”, encaminha para o final, mas justamente abre o convite para outros
desenvolverem estratégias para construção de tecnologias de cuidado que
possam subsidiar a Sistematização da Assistência de Enfermagem e para
conhecer e ampliar às novas tecnologias de cuidado, com o uso da informática
e dos elementos da produção industrial.
Não há neutralidade na Pós-Graduação, tanto nas dissertações quanto nos
produtos, carregam, portanto, valores éticos e sociais. Portanto, é importante
questionar a quem interessa esta produção – interessa, à grande parte dos
brasileiros que de alguma forma está alijada dos direitos primordiais da vida
– saúde e condições dignas de vida? O sentido do papel social dos produtos
técnicos/tecnológicos deve ser explicitado nos sistemas de produção envol-
vidos na atenção à saúde. Este é o sentido trazido ao livro, a consideração
de que os conhecimentos produzidos e os produtos desenvolvidos estão a
serviço desta população.
Boa leitura!

Prof.ª Dr.ª Lucia Yasuko Izumi Nichiata


Docente do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva
Coordenadora Adjunta de Avaliação Capes –
Área de Enfermagem (2018/2021)
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EIXO 1
DIMENSÕES TEÓRICAS
DA SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
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CAPÍTULO 1
TEORIAS E REFERENCIAIS TEÓRICOS
PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM
E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
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DE ENFERMAGEM: desafios para a prática


Ana Izabel Jatobá de Souza
Luciara Fabiane Sebold
Lúcia Nazareth Amante

Objetivos

Apresentar conceitos fundamentais sobre as teorias de enfermagem,


modelos, características e os componentes que contribuem para o desenvol-
vimento do conhecimento em Enfermagem.
Apontar a importância das teorias de enfermagem na construção de pro-
dutos e tecnologias de cuidado nos cenários de prática.
Refletir sobre a importância das teorias de enfermagem para a Sistema-
tização da Assistência de Enfermagem e seus desafios para a prática.

Introdução

A Enfermagem consolida-se como ciência e arte pela produção de uma


linguagem específica que atribui significado aos elementos fundamentais da
profissão, o que possibilita a compreensão das representações do pensamento
e do mundo tornando-se um veículo de comunicação e instrumento de ação/
interação (GARCIA, 2004; MOREIRA; DIAS; FERNANDES, 2017).
Esta linguagem específica é representada pelas teorias de enfermagem
que têm como objetivo definir, caracterizar e explicar/compreender/interpretar,
a partir da seleção e inter-relação conceitual, os fenômenos que configuram
o domínio de interesse da profissão (GARCIA, 2004; MOREIRA; DIAS;
FERNANDES, 2017).
As teorias de enfermagem auxiliam a compreensão da realidade, favore-
cendo a reflexão e a crítica, evitando a naturalidade e a banalidade dos fenômenos,
com base em elementos científicos no entendimento e na análise da realidade.
18

As teorias de enfermagem devem ser: aplicáveis na prática profissional;


ser úteis e compatíveis com o contexto multidisciplinar e multiprofissional da
saúde; ter relevância para o cuidado em saúde, enquanto instrumental teórico
para a identificação e incorporação de conceitos e constructos das teorias
na prática de enfermagem, a exemplo de conceitos centrais, como adapta-
ção, conforto e transição, fortemente estruturados, descritos, desenvolvidos
e incorporados ao cuidado em saúde; ser desenvolvidas, validadas e testadas de
forma articulada ao sistema de saúde para contribuir como um relevante tipo
de conhecimento disciplinar e profissional (BRANDÃO; BARROS; PRIMO;

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BISPO; LOPES, 2019).
Este texto apresenta uma breve retrospectiva histórica com a inclusão
das principais abordagens teóricas e seus focos de interesse. Além disso,
serão abordados conceitos centrais que estruturam as teorias de enfermagem
e de como estas podem se constituir em elementos centrais na Sistematiza-
ção da Assistência de Enfermagem (SAE) e na construção de estratégias e
tecnologias que qualifiquem a assistência evidenciando o protagonismo do
profissional enfermeiro.

Histórico sobre as Teorias de Enfermagem

A historicidade das teorias de enfermagem remonta, inevitavelmente, à


Florence Nightingale, período no qual houve o desenvolvimento da teoria e
do pensamento teórico. Hickman (2000) afirma que o livro “Notes on Nur-
sing” de Nightingale apresenta a primeira teoria de enfermagem cujo foco
está centrado na manipulação do ambiente em prol do paciente contribuindo
para o cuidado e a cura dos agravos, que influenciou e ainda influencia a
assistência de enfermagem.
Neves e Paim (1988) apontam que as teorias de enfermagem surgiram
nos Estados Unidos da América (EUA) decorrentes de movimentos políticos-
-filosóficos e por considerar que o conhecimento de teorias de outras áreas
não era o suficiente para descrever e explicar os fenômenos da enfermagem.
Para estas autoras “a necessidade de emancipação profissional e a necessi-
dade de responder as perguntas: que direção deve tomar a enfermagem para
ser uma profissão autônoma? Qual o valor da prática tradicional e intuitiva
da enfermagem? Uma das razões filosóficas foi a necessidade de responder
a questionamentos internos da própria profissão tais como: o que é saúde?”
(NEVES; PAIM, 1988, p. 54). Portanto, para estas autoras questionamentos
relevantes como: “o que é a enfermagem? Quem é o ser humano a quem a
enfermagem assiste? Como é a relação do ser humano com o ambiente no qual
ele está inserido? Por que esse ser humano precisa da enfermagem?” (NEVES;
PAIM, 1988, p. 54) devem ter influenciado Wanda de Aguiar Horta e Rosalba
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 19

Paim no Brasil a elaborar proposições teóricas. Estas autoras, para Neves e


Paim (1988) sofreram importantes influências do conhecimento produzido
pelas teóricas norte-americanas.
Os marcos históricos do desenvolvimento das teorias são apontados por
Hickman (2000) como sendo os seguintes:

• Anos 50 – período no qual houve grande influência nos EUA da


Columbia School pela preocupação desta escola em preparar e quali-
ficar a formação das enfermeiras, reconhecendo a necessidade destas
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em ter conhecimentos relacionados às dimensões organizacionais


e educacionais da profissão. Neste sentido, foram desenvolvidos
programas educacionais voltados para estas necessidades. Egres-
sos deste período de formação foram propositores de teorias como
Peplau, Henderson, Hall e Abdellah;
• Anos 60 – neste período houve alteração no foco das teorias pas-
sando do problema/necessidades e dos papéis funcionais para o
relacionamento entre a enfermeira e o paciente. Estas mudanças
ocorreram sob a influência de docentes da Yale School igualmente
egressos da Teachers College de Columbia como Henderson,
Orlando e Wiedenbach. Hickman (2000) afirma que independente
da posição da Yale School, Levine em 1967 apresentou a abordagem
teórica sobre os quatros princípios de conservação da enfermagem.

Hickman (2000) aponta que foi na década de 60 em que houve maiores


investimentos federais nos EUA para os estudos de doutorado dos educadores
em enfermagem o que alavancou a produção do conhecimento da profissão.
Com este incremento foi possível o desenvolvimento de diversas abordagens
teóricas que vêm sendo aprimoradas e utilizadas até os dias de hoje.
É relevante destacar a importância das teorias para o desenvolvimento da
enfermagem enquanto uma Disciplina que agrega consigo um corpo especí-
fico de conhecimentos contribuindo para o desenvolvimento profissional. No
Quadro 1 são apresentadas as principais teorias de enfermagem desenvolvidas
ao longo do tempo. Neste quadro percebe-se que, à medida que o tempo foi
passando, houve a emergência de novos paradigmas e focos de interesse em
consonância com a experiência e o aprofundamento teórico das autoras que
nos legaram modelos de intervenção na prática assistencial.
Cada teoria faz uso de diversas contribuições teóricas provenientes de
várias áreas do conhecimento, o que, transposto para a Enfermagem enquanto
uma Disciplina gera um corpo de conhecimentos específicos cuja inter-relação
teórico-prática qualifica a assistência, amplia o olhar do profissional enfer-
meiro, aprimora ferramentas e tecnologias que podem ser utilizadas na SAE.
20

Quadro 1 – Teorias de Enfermagem e seus focos de


abordagem. Florianópolis, SC, Brasil, 2021
Período/
Teórica Teoria Fundamentação principal da teoria
Década
Foco no ambiente. O papel do enfermeiro é o de manipular o
Florence
1859 Teoria Ambientalista ambiente para que o paciente possa recuperar-se promovendo
Nightingale
ações reparadoras do corpo.
Hildegard Teoria das Relações Foco principal na interação enfermeiro-paciente. O papel do
1952
Peplau Interpessoais enfermeiro é o de desenvolver interação com o paciente.

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Foco nas dimensões da “pessoa”, do cuidado e da cura. Esta
Teoria da Pessoa, do teoria afirma que o cuidado individual pode ser visto em três
Lydia Hall
cuidado e da cura diferentes áreas: cuidado (o corpo), núcleo (a pessoa) e cura
(a doença).
1960
Foco na resolução dos problemas. Esta teoria usa o método
Fay Glenn Teoria centrada nos de resolução de problemas (21 problemas) para sustentação,
Abdellah problemas restauração, prevenção, autocuidado, déficit ou acesso de
necessidades.
Foco no cuidado das necessidades dos clientes. Propõe uma
Ida Jean Teoria do Processo de
1961 relação dinâmica entre enfermeira e paciente. Utilizou pela
Orlando Enfermagem
primeira vez a expressão processo de enfermagem.
Foco na necessidade do paciente. A enfermagem, nesta
Ernestine Teoria prescritiva do abordagem, desempenha processo nutridor, apresentando quatro
1964
Wiedenbach cuidado elementos de assistência: a filosofia, o propósito, a prática e a
arte.
Foco no aumento da independência do paciente. Nesta
Virgínia Teorias das
abordagem, a função da enfermagem é assistir o paciente,
Henderson Necessidades Básicas
ajudando-o a ganhar independência.
1966 Foca as relações interpessoais com o objetivo de auxiliar o
Joyce Teoria da relação indivíduo e a família a enfrentar a doença e sofrimento propondo
Trevelbee interpessoal um cuidar holístico. Esta teoria tem sido utilizada na área de
enfermagem psiquiátrica e na saúde mental.
Teoria dos seres Foco na interação e nos campos de energia do ambiente e nas
Martha humanos unitários ou pessoas que estão presentes. Nesta abordagem a interação
1970
Rogers Teoria conceitual do harmoniosa entre paciente e ambiente permite maximizar a
homem saúde. Ambos são campos de energia de quatro dimensões.
Imogene Teoria do alcance dos Foca no processo de interação enfermeiro-paciente com a ideia
King objetivos central que há um sistema social interpessoal e pessoal.

1971 Considera o autocuidado uma condição intrínseca do ser humano


Dorothea e propõe um sistema de ajuda para o autocuidado quando
Teoria do Autocuidado
Orem o paciente apresenta déficit de autocuidado ou não possui
condições de realizá-lo.
Descreve o paciente a partir da sua íntima relação do corpo
Teoria da conservação
com a mente e com o meio. A finalidade da intervenção de
1973 Myra Levine da energia e da
enfermagem era a conservação da energia, da integridade
Enfermagem holística
estrutural, pessoal e social.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 21

continuação
Período/
Teórica Teoria Fundamentação principal da teoria
Década
Foco na abordagem holística. Desenvolveu o modelo dos
Betty
1974 Teoria dos sistemas sistemas holísticos, com foco nos aspectos psicológicos,
Neuman
socioculturais e desenvolvimentais dos seres humanos.
Foco no processo de adaptação. Tem como propósito identificar
Sister
Teoria da Adaptação tipos de demandas colocadas sobre o paciente, analisar a
Callista Roy
adaptação às demandas e ajudar o paciente a se adaptar.
1976
Foco nas dimensões existenciais e fenomenológicas do ser
J Patterson e
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Teoria Humanística humano e do cuidado. A enfermagem é como uma experiência


L. T Zderad
existencial de cuidar.
Foco na expansão da consciência. Nesta abordagem a
Enfermagem é a ciência humana que cuida do homem,
Margaret Teoria de saúde como
1979 promovendo sua adaptação ao “continuum” “saúde-doença“.
Newman consciência expandida
O padrão descreve o todo e caracteriza-se como movimento,
diversidade e ritmo.
O cuidado é a essência da enfermagem e a interação entre
Teoria do cuidado
Jean Watson enfermeiro e cliente ocorre através de sentimentos, emoções,
Humano
troca de energia e afeto.
1979
Teoria das Foco nas necessidades humanas básicas. Nesta abordagem a
Wanda de
necessidades Enfermagem tem como missão atender o ser humano em suas
Aguiar Horta
Humanas Básicas necessidades.
Foco no comportamento. Nesta teoria o ser humano é como
um sistema comportamental integrado constituído por oito
Teoria do Homem subsistemas. Aponta para os subsistemas não vinculados
Dorothy E.
como Sistema diretamente a dimensão biológica do ser humano como acontece
Johnson
Comportamental nos subsistemas de dependência, afiliativo e de realização. O
Modelo de Johnson está constituído pelos conceitos de Ser
Humanos, Estabilidade/ Instabilidade, Ambiente e Enfermagem.
Foco na diversidade cultural que cerca o ser humano e o
Madeleine Teoria do Cuidado
cuidado de enfermagem. Nesta abordagem a enfermagem deve
Leininger Transcultural
considerar os valores culturais e as crenças das pessoas.
1981 Man-living-health
1980
– Teoria “Human
Becoming”
1985 – Man-
living-health – a
main-environment Tem como foco a valorização da pessoa como agente de sua
Rosemarie
simultaneity paradigm saúde e responsável por ela, enfim, o respeito incondicional ao
Rizzo Parse
1987 – Nursing homem como ser humano e à sua existência.
science – major
paradigms, theories,
critiques
1989 – Man-living a
Theory Nursing
continua...
22
continuação

Período/
Teórica Teoria Fundamentação principal da teoria
Década
“Modelar” significa obter uma compreensão do mundo do
cliente a partir da perspectiva do cliente, ou seja, construir
um “modelo” da visão de mundo do cliente. A “modelagem de
papéis” é baseada no pressuposto de que todos os humanos
desejam interagir uns com os outros, desejam desempenhar
Helen
papéis selecionados na sociedade. Modelagem de papéis é
Erickson,
usar o modelo de mundo do cliente para planejar intervenções
Evelyn Teoria sobre Modeling
1983 que atendam às suas necessidades percebidas, cresçam se
Tomlin e and role modeling

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desenvolvam e se curem. A modelagem de papéis requer que
Mary Ann
tenhamos o objetivo de construir confiança, promover uma
Swain
orientação positiva e um senso de controle, afirmar nossos
pontos fortes e definir metas mútuas específicas. “A meta de
enfermagem é ajudar as pessoas a alcançar uma saúde holística
de qualidade.” Disponível em: https://nursology.net/nurse-theories/
modeling-and-role-modeling/.
Foco no Conforto. Nesta teoria o conforto é a experiência
Katharine imediata de fortalecerem-se, por possuir as necessidades de
1990 Teoria do conforto
Kolcaba alívio, tranquilidade e transcendência, adquiridos nos quatro
contextos (físico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental).

Fonte: Adaptado de Hickman (2000) e Tápia (2021).

O Quadro 1 ao apontar as principais teorias de enfermagem evidencia o


foco de interesse e os contextos nos quais é possível serem utilizadas. Cada
teoria apresenta um eixo de conceitos que têm aderência aos fundamentos
epistemológicos nos quais foram elaboradas e apresentam níveis de comple-
xidade variados.
Para compreender com propriedade o teor de cada abordagem teórica
é necessário conhecer elementos como: as fontes epistemológicas utiliza-
das pelos autores em sua construção; o background do autor incluindo suas
experiências pessoais e profissionais, o que requer conhecer a sua biografia,
a “escola” no qual fez a sua formação profissional entre outros aspectos. O
mergulho nos conceitos e definições de cada abordagem teórica contribui para
a compreensão sobre as propostas de intervenção na prática e de como estas
podem ser utilizadas, adaptadas e/ou expandidas.
O Quadro 1 destaca que o período de maior efervescência na elaboração
das teorias foi a década de 1980 e, segundo Hickman (2000) muitas destas
abordagens vêm sendo adaptadas e aprimoradas a partir do incremento de
observações e perspectivas teórico-conceituais que contribuem para a amplia-
ção do conhecimento em enfermagem.
Zagonel (1999) reforça a importância das teorias de enfermagem para a
assistência de enfermagem nos momentos de “transição”. Para esta autora a
vida em si constitui uma “transição”.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 23

Durante a evolução humana a mudança é inevitável, mas não necessaria-


mente natural ou desejável. Essa instabilidade transicional é desencadeada
por mudanças desenvolvimentais, situacionais ou de saúde-doença. A este
respeito, [...] a transição é iniciada, em alguns casos, por eventos que vão
além do controle individual e em outros ela pode ser procurada delibe-
radamente através de eventos tais como: casamento, gravidez, mudança
de profissão ou cirurgia. A enfermagem, ao atuar nestas circunstâncias,
desenvolve o cuidado transicional em um duplo movimento, em que os
processos de transição geram alterações de saúde-doença e estes levam à
transições. Em qualquer das situações a intervenção de enfermagem deve
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estar presente (ZAGONEL, 1999, p. 25).

Ao considerar os eventos de transição e a necessidade de a Enfermagem


estar presente, essa autora aponta a pertinência das teorias de enfermagem
como as de Peplau, Travelbee, Roy, Rogers, Newman e Orem por estas autoras
abordarem, “respectivamente, o crescimento, o desenvolvimento pessoal, o
encontro de significado à experiência da doença, a adaptação, a organização
unitária emergente da pessoa, a movimentação do ser humano em contínua
e permanente mudança, modificações na capacidade de autocuidado, forne-
cem estratégias de cuidado objetivando a manutenção da saúde ou metas de
promoção à saúde, com vistas a esses eventos” (ZAGONEL, 1999, p. 27).
No que se refere à aplicabilidade das teorias na prática, é importante
lembrar as ponderações de Neves e Paim (1988, p. 55) quando apontaram ser
necessário que o(a) enfermeiro(a) precisa:

ter conhecimento profundo da teoria, seja para prestar assistência direta


ou para orientar a assistência prestada pela equipe de enfermagem, bem
como para nortear sua participação na equipe de saúde e explicitar o seu
papel na assistência. Além do conhecimento teórico deve existir identifi-
cação pessoal do(a) enfermeiro(a) com a perspectiva da teorista, ou seja,
os valores e crenças do(a) enfermeiro(a) devem estar coerentes com os
valores e crenças expressos nas ideias da teorista. Assim, esses valores e
crenças são internalizados pelo(a) enfermeiro(a) e guiam suas ações e as
da equipe que ele/ela coordena. Por outro lado, o conhecimento da teoria
deve estar aliado ao conhecimento das ciências básicas, às habilidades de
observação, comunicação, interação, intuição, utilização das tecnologias
e do processo de enfermagem.

Diante deste contexto, ao longo do tempo vários estudiosos têm utilizado


as teorias para promover a assistência nos mais variados cenários, como podem
ser encontrados nos estudos de Souza, Rossetto, Sodré (2000), Nóbrega, Feliz,
Soares (2009), Torres, Davim, Nóbrega (1999), Vieira, Schneider, Piccoli,
24

(2003), Santos, Tavares, Reis (2013), Santana, Fontes, Soares, Silva, Espírito
Santo, Silva et al. (2018) entre outros que evidenciam a aplicabilidade das
teorias de enfermagem.
Algumas teorias têm sido amplamente utilizadas para subsidiar a SAE
em instituições como o Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina inaugurado no começo da década de 1980 e que adota a Teoria
das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta. Experiências
como essa têm se espalhado pelo Brasil, por vezes agregando mais de uma
abordagem teórica de acordo com o contexto institucional como será abordado

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adiante sobre a importância das teorias de enfermagem e a SAE.
Destaca-se que as teorias de enfermagem preocupam-se com 4 conceitos
principais: a pessoa, a saúde, o ambiente e a enfermagem, que juntos formam
o metaparadigma da enfermagem. Para Hickman (2000, p. 1) “um metapara-
digma identifica o conceito nuclear de uma disciplina”.
Neste contexto o desenvolvimento do conhecimento da enfermagem
contemporânea é identificado pelos aspectos de 5 componentes (Figura 1):

• Metaparadigmas;
• Filosofia;
• Modelos conceituais;
• Teorias;
• Indicadores empíricos.

Figura 1 – Componentes dos desenvolvimento do conhecimento de enfermagem


COMPONENTS LEVEL OF ABSTRACTION

Metaparadigm Most Abstract

Philosophies1...

Conceptual Models1...

Theories1...

Empirical Indicators1... Most Concrete

Fonte: Fawcett, Desanto-Madeya (2013).


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 25

Para melhor compreensão acerca destas terminologias serão apresentadas


a seguir o que significam e suas implicações para a construção de teorias.

Metaparadigma

É a definição geral de conceitos para identificar o fenômeno central de inte-


resse para a disciplina. Traz consigo as proposições globais para descrever os con-
ceitos e as proposições globais do estado das relações entre os conceitos. Neste
sentido, o conceito é a palavra ou frase que sumariza o fenômeno, uma ideia, uma
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observação, ou uma experiência (FAWCETT; DESANTO-MADEYA, 2013).


Fawcett (2005) define que os principais metaparadigmas para Enferma-
gem são: Ser humano, Ambiente/Contexto, Saúde, Enfermagem.

Filosofia

A filosofia pode ser definida como afirmação que engloba afirmações


ontológicas sobre os fenômenos de interesse central para a disciplina, afirma-
ções epistêmicas sobre como esses fenômenos vêm a ser conhecidos e afirma-
ções éticas sobre o que os membros de uma disciplina valorizam (FAWCETT;
DESANTO-MADEYA, 2013).
Para a filosofia da enfermagem os aspectos ontológicos, epistemológicos
e éticos caracterizam o fenômeno de interesse da disciplina, sobre as ações
práticas, tanto no aspecto individual quanto na natureza dos seres humanos.
Em relação ao aspecto ontológico, a filosofia da enfermagem declara no
que a disciplina acredita, sobre o ser humano, o meio ambiente, a saúde e a
própria enfermagem.
O aspecto epistêmico traz a dimensão sobre o conhecimento em si abor-
dando: o que é; quais as propriedades; o porquê dessas propriedades; aponta
questionamentos sobre a verdadeira ou a falsa propriedade; a natureza da
evidência e, certamente a evidência das produções para o conhecimento cien-
tífico (FAWCETT; DESANTO-MADEYA, 2013).

Modelos conceituais

Os modelos conceituais são definidos como um conjunto de conceitos


relativamente abstratos e gerais que tratam dos fenômenos de interesse central
da disciplina para a disciplina, as proposições são amplamente descritas em
conceitos que se relacionam entre si. A função do modelo conceitual é fornecer
estrutura de organização visual abstrata e geral e a relação entre os vários fenô-
menos que englobam o modelo (FAWCETT; DESANTO-MADEYA, 2013).
26

Indicadores empíricos
Os indicadores empíricos representam o que é mais concreto e específico
de uma realidade, representando aspectos que podem ser experimentados,
observados e utilizados para mensurar os conceitos. Possuem características
de método de pesquisa empírica ou métodos de investigação, e quando asso-
ciados às evidências, passam a ser adequados às teorias de médio alcance
(FAWCETT; DESANTO-MADEYA, 2013).

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Teorias
As teorias de enfermagem variam de acordo com o nível de abstração
e escopo. As grandes teorias de enfermagem possuem um maior grau de
abstração e maior amplitude de escopo. Já as teorias que são mais concretas
ou mais próximas da realidade são consideradas as teorias de médio alcance.
Tanto as teorias de grande alcance como de médio alcance são derivadas
dos modelos conceituais.
A Figura 2 aponta a derivação das teorias de grande e médio alcance a
partir do modelo conceitual.

Figura 2 – Derivação das teorias de grande e médio


alcance a partir do modelo conceitual

CONCEPTUAL MODEL

GRAND
THEORIES1...

MIDDLE-RANGE MIDDLE-RANGE
THEORIES1... THEORIES1...

Fonte: Fawcett, Desanto-Madeya (2013).


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 27

As teorias de enfermagem são consideradas “um constructo composto


por um conjunto de leis e princípios racionais, hierárquica e solidamente
sistematizados, de caráter conclusivo, aplicado a uma determinada área”
(VEIGA-NETO, 2009, p. 86), as quais contemplam um conjunto de afirma-
ções sistemáticas; explicação de fenômenos da realidade; as relações entre
fenômenos e suas consequências.
A teoria consiste em um conjunto de conceitos que projetam a visão
sistêmica do fenômeno, servem para descrever, explicar, diagnosticar e/ou
prescrever medidas para a prática assistencial, oferecendo respaldo científico
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para o cuidado de enfermagem (BOUSSO; POLES; CRUZ, 2014).


As teorias de enfermagem influenciam a prática de enfermagem de diver-
sas formas, quando identificam os padrões, cenários, processos e característi-
cas que o autor de cada modelo considera sobre os elementos interlocutores
dos cuidados de enfermagem. Além disso, elas permitem identificar processos,
tecnologias de cuidado, parâmetros de investigação, diagnósticos, metas,
estratégias de planejamento, tipos de intervenção e indicadores de avaliação
de resultados da assistência de enfermagem.
Elas servem de base para os sistemas de informação clínica e sistemas de
classificação, assim como orientam o funcionamento dos serviços de enferma-
gem e os programas de garantia da qualidade (McEWEN; WILLS; SOARES;
ARAÚJO; GARCEZ, 2016).
A importância do desenvolvimento das teorias de enfermagem está na
ampliação da compreensão dos conceitos, na contextualização de sua aplica-
bilidade em uma dada realidade, bem como atualizá-lo a partir das modifica-
ções que sofreu ao ser aplicado (MADUREIRA; SILVA; TRENTINI, 2021).
As Teorias de Grande Alcance (TGA) são consideradas mais abstratas e a
sua aplicabilidade se torna, muitas vezes, afastada da realidade do cuidado, por
conterem conceitos abstratos. Entretanto, com o desenvolvimento das teorias
de enfermagem, passou-se a elaborar as que pudessem ser mais concretas, ou
seja, aplicáveis na realidade da assistência sendo então consideradas Teorias
de Médio Alcance (TMA).
Autores como Leandro, Nunes, Teixeira, Lopes, Araújo, Lima et al.
(2020) apontam que o desenvolvimento das TMA conectam o conhecimento
teórico e o empírico e, com isso, desenvolvem novos conhecimentos na enfer-
magem. Destacam ainda, que as TMA baseiam-se em teorias maiores ou
utilizam parte de uma teoria, compondo conceitos e relações entre estes e que
podem ser representadas em um único modelo.
As TMA, por estarem imbricadas nas grandes teorias e na prática assisten-
cial, guardam características de referenciais teóricos e também de referenciais
metodológicos, e por isso fornecem uma maneira prática para os enfermeiros
conectarem as perspectivas filosóficas da disciplina com o mundo real e as
28

aplicações da teoria à prática clínica (BRANDÃO; MARTINS; PEIXOTO;


LOPES; PRIMO, 2017). Desta forma, desenvolver e aplicar clinicamente
teorias de enfermagem, particularmente de médio alcance, com articulação
filosófica, política, social, e cultural ao Sistema Único de Saúde (SUS) é uma
maneira de enriquecer o corpus de conhecimento da enfermagem buscando um
cuidado fundamentado na teoria e aplicado na prática (BRANDÃO; BARROS;
PRIMO; BISPO; LOPES, 2019).
Na enfermagem o crescimento e o desenvolvimento das TMA buscam
preencher as lacunas entre as grandes teorias e a prática profissional. Neste

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sentido têm sido propostas como forma de reduzir a lacuna entre a teoria e
a prática de enfermagem tornando-se uma alternativa a outros movimentos
como a prática baseada em evidências e a pesquisa translacional (BRANDÃO;
MARTINS; PEIXOTO; LOPES; PRIMO, 2017; LEANDRO et al., 2020).
As TMA podem ser referenciais úteis para uso de tecnologias conside-
rando sua proximidade com o nível empírico. Assim, conhecer a estrutura de
uma TMA contribui para o avanço da enfermagem enquanto disciplina aca-
dêmica e profissão, pois esse tipo de teoria fornece conhecimento substantivo
para a prática, principalmente, para enfrentamento do desafio de desenvolver
um corpo de conhecimento substancial que possa orientar a prática de enfer-
magem (LEANDRO et al., 2020).
Tem-se desenvolvido novas teorias que contribuem de forma fundamental
para o crescimento e fortalecimento da disciplina de enfermagem, além de
fornecer importantes diretrizes para o desenvolvimento de outras. Ilustram-
-se, a seguir, alguns exemplos de TMA aplicadas na prática assistencial em
diferentes contextos:

• Exemplo 1: no estudo de Guadalupe González-Rivera, Guzmán-


-Ortiz (2021) intitulado Teoría de rango medio: empoderamiento
para el autocuidado de la diabetes tipo 2 teve-se como objetivo
descrever o desenvolvimento de uma teoria de médio porte chamada
“capacitação para o autocuidado de diabetes tipo 2”. Para tanto, as
autoras utilizaram uma teoria de médio porte baseada na teoria geral
de autocuidado de Orem com foco no déficit. Para tanto, o estudo
foi desenvolvido a partir da proposta metodológica de Fawcett, onde
as articulações entre os conceitos da teoria respeitam a estrutura
hierárquica do conhecimento da enfermagem, além da formalização
das estruturas conceituais-teórico-empíricas, propostas pela autora.
Como resultados as autoras obtiveram a identificação, classificação,
organização das proposições e construção dos diagramas da teoria
“empoderamento para o autocuidado do diabetes tipo 2”. As autoras
concluíram que a teoria de médio porte tem a capacidade de cons-
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 29

truir a ciência da enfermagem, integrando a teoria de enfermagem


existente com o conhecimento empírico. Sugere-se testar a TMA
com desenhos de estudos quase experimentais e experimentais;
• Exemplo 2: no estudo de Primo e Brandão (2017) com o título de
“teoria interativa da amamentação: criação e aplicação de uma
teoria de médio alcance” teve-se como objetivo descrever uma
teoria de amamentação baseada no Modelo Conceitual de Sistemas
Abertos de Imogene King. Como método as autoras desenvolveram
um estudo teórico, que utilizou análise de conceito, síntese de afir-
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mação e derivação de teoria para a elaboração da teoria. Os resul-


tados, segundo as autoras permitiram evidenciar que foi possível a
articulação dos componentes do Modelo de King com os elemen-
tos do processo de amamentação permitindo a elaboração de uma
TMA, que descreve, explica, prediz e prescreve a amamentação,
examinando os fatores que antecedem e influenciam, bem como as
consequências no processo de amamentar. Primo e Brandão (2017)
concluíram que a “Teoria Interativa de Amamentação” é abstrata
o suficiente para serem aplicados nos diferentes contextos sociais
nos diferentes contextos sociais, culturais, políticos e econômicos,
pois conceitua a amamentação na dimensão sistêmica, dinâmica
e processual. Sua base em um modelo conceitual de Enfermagem
contribui para a construção da ciência na disciplina, contudo tem
potencial para aplicação por outros profissionais envolvidos na
assistência à amamentação;
• Exemplo 3: no estudo de Pickett, Peters e Jarosz (2014), intitulado
“Rumo a teoria de médio alcance de controle de peso”, elas apresen-
tam a TMA do controle de peso que se concentra em fatores cultu-
rais, ambientais e psicossociais que influenciam os comportamentos
necessários que este controle aconteça. A teoria do controle de peso
foi desenvolvida dedutivamente a partir da teoria de autocuidado
de Orem, uma teoria constituinte dentro da teoria mais ampla de
enfermagem de déficit de autocuidado e da literatura de pesquisa.
As ligações entre os conceitos conceituais e da TMA são ilustradas
usando um modelo de substituição. O desenvolvimento da teoria do
controle de peso serve para construir a ciência da enfermagem, inte-
grando a teoria de enfermagem existente e o conhecimento empírico.
Essa teoria pode ajudar a prever o controle de peso em populações
de risco para distúrbios relacionados à obesidade.

Os exemplos supramencionados evidenciam não apenas a aplicabilidade


de teorias de enfermagem, mas apresentam os níveis de complexidade contidos
30

nestas e como é possível inter-relacionar constructos teóricos contidos em mais


de uma teoria, gerando, por conseguinte uma nova abordagem congruente com
a dimensão epistemológica contida em cada arcabouço teórico.
Sob a ótica de que é preciso ampliar e aprofundar o conhecimento dos
enfermeiros sobre as teorias de enfermagem e os níveis de complexidade que
elas nos apresentam destaca-se a importância dos cursos de pós-graduação
nesta empreitada.
É no contexto da educação em enfermagem e dos programas de pós-gra-
duação das universidades que advém o maior número de produções com apli-

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cação de teorias de enfermagem. Muitas das teorias de enfermagem utilizadas
em dissertações e teses evidenciam a diversidade temática e suas formas de
aplicação, tanto na pesquisa como na prática clínica dos enfermeiros.
Alves, Lima, Albuquerque, Gomes e Cavalcante e Amaral (2021) apon-
tam que a maior parte da produção científica da enfermagem no período
de 2011 a 2019 destacam que os estudos se limitaram a aplicação das teo-
rias apenas como marcos teóricos, com destaque para a Teoria do Cuidado
Transcultural de Madeleine Leininger e a Teoria das Necessidades Humanas
Básicas de Wanda de Aguiar Horta, como as teorias mais utilizadas nas teses
brasileiras, respectivamente, sendo estes alguns dos estudos produzidos a
partir de cursos de pós-graduação.
Portanto, para que haja a ampliação do conhecimento da enfermagem
enquanto disciplina mediada pela utilização das teorias de enfermagem é
necessária ampliar o estudo sobre estas, retomar a sua importância como
fundamento da assistência de enfermagem desde a graduação, estendendo-se
para os cursos de pós-graduação lato e stricto sensu.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem e as Teorias de


Enfermagem: desafios para a prática
A SAE proporciona ao enfermeiro, metodologicamente, planejar, organi-
zar e executar suas ações de forma sistematizada. O estudo de Santos (2014,
p. 154) aponta uma retrospectiva histórica sobre a utilização da SAE e, dentre
outros aspectos, retoma que para:

Kletemberg, Siqueira e Mantovani (2006) “essa metodologia foi introdu-


zida, inicialmente nas décadas de 1920 e 30, nos cursos de enfermagem,
particularmente no ensino dos estudos de caso e no planejamento de cui-
dados individualizados”. No Brasil, a SAE começou a ser implantada com
maior ênfase em alguns Serviços de Enfermagem nas décadas de 1970 e
80, fortemente influenciada por Wanda de Aguiar Horta.

Portanto, a implantação da SAE, em especial no Brasil, tem forte cor-


respondência com o surgimento da abordagem teórica de Wanda de Aguiar
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 31

Horta e com a efervescência das teorias de enfermagem da década de 1980


e anteriores.
O planejamento da assistência como uma atividade privativa do enfer-
meiro é uma imposição legal desde 1986 pelo Conselho Federal de Enfer-
magem (COFEN) sendo posteriormente regulamentada pela implantação da
SAE com a Resolução 358/2009.
A Resolução 358/2009 dispõe sobre a SAE e a implementação do Pro-
cesso de Enfermagem (PE) em ambientes, públicos ou privados, onde ocorre
a assistência profissional de Enfermagem, considerando o PE como um ins-
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trumento metodológico que orienta e documenta a prática profissional. O Art


3º afirma que o PE deve ter um suporte teórico que oriente a coleta de dados,
a formulação dos diagnósticos de enfermagem, o planejamento das interven-
ções de enfermagem e que forneça a base para a avaliação dos resultados de
enfermagem alcançados, evidenciando a necessidade de um suporte teórico
em todas as etapas da prática assistencial. Portanto, o PE fundamentado em
uma teoria de enfermagem favorece uma assistência mais efetiva, incluindo
o paciente no planejamento no processo assistencial.
Destaca-se que o PE é uma parte integrante da SAE e está alicerçado
em etapas dentro de uma estrutura teórica. As etapas do PE são: histórico de
enfermagem que agrega em seu conteúdo a coleta de dados que possibilita,
na sequência, o levantamento de problemas, o diagnóstico de enfermagem, o
planejamento, a implementação das ações e, por fim, a avaliação das ações
executadas. Neste contexto é necessário que o enfermeiro participe da cons-
trução e elaboração dos instrumentos a fim de que amplie o conhecimento e
seja capaz de executar todas as etapas do PE.
Para Santos (2014), a SAE se constitui em um processo organizacional
capaz de subsidiar o desenvolvimento de “métodos/metodologias interdiscipli-
nares e humanizadas” para a assistência. Neste contexto, a utilização das teo-
rias de enfermagem pode fomentar o desenvolvimento de metodologias a partir
das quais podem emergir tecnologias que ampliam o escopo da assistência.
Experiências como de: Scandiel (2020) que elaborou e validou uma
proposta de PE para a SAE voltada às pessoas com deficiência intelectual em
processo de envelhecimento mediado pela teoria de Wanda de Aguiar Hora;
Miranda (2019) que propôs a construção e validação do PE informatizado
em uma instituição oncológica tendo as teorias de enfermagem de Hildegard
Elizabeth Peplau (Teoria das Relações Interpessoais) e de Dorothea Elizabeth
Orem (Teoria do Autocuidado) no cenário do estudo; Vieira (2018) que propôs
a construção de um instrumento de registro para SAE Perioperatória em cirur-
gia cardiovascular adotando conceitos pertinentes à teoria das necessidades
humanas básicas de Wanda de Aguiar Horta; Santos (2016) que elaborou
uma proposta de PE para a implementação da SAE em um hospital pediátrico
32

igualmente utilizando a teoria das necessidades humanas básicas de Wanda


de Aguiar Horta; Bruggmann (2015) que, com a utilização do referencial
teórico de Michel Foucault e a teoria de Joyce Travelbee, propôs a SAE em
uma instituição psiquiátrica. Estes são exemplos a partir dos quais as teorias
de enfermagem podem servir de orientação para a SAE em diversas institui-
ções de saúde. Além disso, elas podem servir de subsídio para a criação de
instrumentos e tecnologias que podem ser aplicados em consonância com as
etapas do PE.
Para que isso ocorra é necessário aprofundamento teórico, disposição

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do enfermeiro e engajamento dos gestores e profissionais das instituições de
saúde na implementação da SAE alicerçado em uma teoria seja da enferma-
gem ou de outras áreas.
A adesão dos profissionais da instituição na execução das etapas do PE
são pontos fundamentais para o sucesso da implantação da SAE. Portanto,
a participação da equipe de enfermagem e colaboradores e a capacitação
permanente desde a concepção, implantação são condições que contribuem
para o engajamento no sucesso e efetividade da SAE dentro das instituições.
Estes aspectos podem minimizar as dificuldades de implantação da SAE
mencionadas na revisão de literatura de Marsico e Silva (2012, p. 126) que
apontam desafios tais como: “falta de conhecimento teórico sobre o processo
de enfermagem, falta de conhecimento sobre a realização de exame físico e
prescrição de enfermagem, sobrecarga de trabalho, insuficiência de recursos
humanos, falta de tempo, de motivação, de comprometimento, resistência a
mudanças e falta de credibilidade nas prescrições de enfermagem”.
Campos, Nunes e Gonzaga (2017) apontam como dificuldades de implan-
tação da SAE situações como a organização política, as normas e objetivos
dos serviços, quantidade de pessoal, dentre outros aspectos institucionais,
além dos fatores relacionados ao profissional como o apontado no estudo de
Marsico e Silva (2012).
Contudo, ressalta-se as vantagens que a SAE apresenta tais como: com-
promisso com o paciente/cliente, formação e fortalecimento de vínculo do pro-
fissional com o paciente/cliente/família e comunidade, qualificação e melhora
da assistência, alcance dos objetivos planejados para a assistência e a integra-
ção da equipe multiprofissional (NUNES; GONZAGA, 2017; MEDEIROS;
SANTOS; CABRAL, 2013; MARSICO; SILVA, 2012).
Atrelado ao desenvolvimento e a implantação da SAE em diversas ins-
tituições, destaca-se a utilização do prontuário eletrônico e a existência de
softwares como ferramentas tecnológicas que têm impulsionado e otimizado
o desenvolvimento e implantação da SAE. Neste sentido não é incomum a
perspectiva de construção e desenvolvimento tecnológico tendo como arca-
bouço a SAE, sendo esta sustentada por uma teoria de enfermagem.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 33

A SAE, portanto, traz consigo desafios que instigam o profissional enfer-


meiro, a saber, sempre mais, a articular-se com as bases teóricas da ciência e
disciplina da enfermagem, a buscar caminhos e estratégias para impulsionar
a ampliação do conhecimento e a qualificação da assistência. Caminhar nesta
direção, com certeza, contribuirá para superar as dificuldades apontadas ante-
riormente nos autores supramencionados.
Desafios compreendem um convite para estabelecer parcerias multipro-
fissionais, transitar por áreas de conhecimentos como a informática, o design,
as tecnologias de informação de comunicação, a robótica entre outras tantas
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que podem ampliar o olhar do profissional enfermeiro sobre o seu fazer.


Os desafios para a implementação e consolidação da SAE tendo como
arcabouço as teorias de enfermagem trazem consigo uma mensagem de per-
sistência, tenacidade, compromisso ético e político com a profissão e com as
pessoas que usufruem da assistência que prestamos.

Conclusões

A enfermagem tem, ao longo do tempo, avançado na construção do


conhecimento. Este é um processo contínuo que não tem tempo para findar-se
ou esgotar-se, portanto, requerem do profissional a perspectiva de avançar
sempre mais e estar atento às mudanças que ocorrem nos cenários de prática.
A contribuição das teorias de enfermagem como subsídio para a implan-
tação da SAE nas instituições de saúde, cenário da atuação profissional é
uma possibilidade que, com certeza, amplia horizontes, aprofunda a refle-
xão e permite a construção de métodos e tecnologias em parceria multi
e interprofissional.
Neste processo será possível ampliar, igualmente, o desenvolvimento de
teorias, de grande ou de médio alcance, o que permitirá fundamentar a prática
alicerçada no conhecimento nas evidências científicas e, acima de tudo, na
assistência nos diferentes contextos e populações.
34

REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 2
ENSINO DA SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:
estratégias e aplicabilidade
Maria Lígia dos Reis Bellaguarda
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Dulcinéia Ghizoni Schneider


Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues
Kátia Cilene Godinho Bertoncello

Objetivos
Apresentar arcabouço conceitual e metodológico da Sistematização da
Assistência de Enfermagem e Processo de Enfermagem.
Apontar estratégias metodológicas para o ensino da Sistematização da
Assistência de Enfermagem e do Processo de Enfermagem.
Reconhecer a importância da Sistematização da Assistência de Enferma-
gem para o exercício da autonomia profissional em enfermagem.

Introdução
Historicamente a vida em sociedade mostra-se enquanto um movimento
educativo em todas as suas dimensões. Descortinando desta forma, uma dinâ-
mica que influencia as relações e a construção de bens e serviços que ditam a
eticidade, seja política, econômica, de crenças e de valores dessa sociedade.
A historicidade das práticas educativas vem da apropriação de conhe-
cimentos advindos de conflitos, de construções e desconstruções na busca
daquilo que é salutar ao desenvolvimento humano. De onde emergem pen-
samentos e estruturas conceituais e metodológicas do convívio coletivo, a
imprescindibilidade da ética e respeito a moral individual, com vistas à qua-
lificação da existência e da sobrevivência humana. Neste contexto, traz-se à
discussão a construção histórica da identidade de uma profissão que nasce do
saber popular, doméstico e privado para o saber público e da socialização do
cuidado enquanto ciência. Princípios estes que desabrocham do saber crítico
e visionário de Florence Nightingale. Isto, numa perspectiva de determinação
da observação atenta, da escuta reflexiva para a conjectura de pressuposições,
julgamentos, avaliação e análise do cuidado a ser prestado (BENEDET; PADI-
LHA; PERES; BELLAGUARDA, 2020).
40

A expansão e consolidação profissional, na perspectiva sociológica das


profissões, se consubstanciam em organização coletiva, sendo os elementos
constituintes desta disciplina interdependentes no âmbito da educação, das
habilidades e do trabalho especializado a partir de um corpo de conhecimento
específico e peculiar, fundamentando-se no exercício profissional em legisla-
ção própria, sob o disciplinamento de Conselhos Profissionais, para garantir
a segurança dos membros profissionais e da sociedade que se utiliza dessa
expertise e de suas práticas (BELLAGUARDA; PADILHA; NELSON, 2020).
Para o exercício da enfermagem a formação segue as Diretrizes Nacio-

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nais da Educação dispostas pelo Ministério da Educação em interface com o
Ministério da Saúde. Essas diretrizes orientam a necessidade do conhecimento
acontecer de forma compartilhada, o que demanda estratégias educativas, que
empoderem enfermeiras e enfermeiros para a promoção da saúde, prevenção
de agravos, tratamento e reabilitação da saúde.
A educação em enfermagem nasce na década de 50, por meio de enfer-
meiras norte americanas no movimento de organização do trabalho e cuidado
de enfermagem alicerçado em bases teórico-filosóficas a partir da utilização
de Teorias de enfermagem que ampliam o olhar da saúde sobre a pessoa, a
família e à comunidade. Esta estratégia de atuação profissional chega ao Brasil,
no final da década de 70 com a Teoria das Necessidades Humanas Básicas
de Wanda de Aguiar Horta. Das Teorias ampliam-se para as classificações
diagnósticas, intervencionistas e de resultados da clínica da enfermagem.
As referências teóricas filosóficas desenham-se como planejamento quali-
ficado e científico do cuidado de enfermagem à pessoa, ao coletivo, adotando-
-se como metodologia de cuidado de enfermagem o Processo de Enfermagem
(PE). Este continuum da ação por intermédio da expertise, da habilidade e da
atitude profissional da enfermeira e do enfermeiro, delineia a anamnese/exame
físico, diagnóstico, o planejamento, intervenções e a avaliação/evolução de
enfermagem acerca do quadro de saúde do paciente.
Seguido do aprofundamento dos estudos e da qualificação de enfermeiras
e de enfermeiros na aplicabilidade do PE, a Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE) aparece como metodologia de organização, planejamento
e execução das ações desenvolvidas por enfermeiras, enfermeiros e a equipe
de enfermagem e de saúde nos serviços (SANTOS, 2014).
A concretização de fazeres da enfermagem em ciência e qualidade na
saúde das pessoas, famílias e comunidades se dá na confluência entre exper-
tise/conhecimento com a educação formal na edificação dos saberes e habili-
dades necessárias ao cuidado à vida. Esta consciência profissional é lapidada
por meio da ensinagem e aprendizagem significativa sob “sistematizações do
cuidar em enfermagem” para o alicerce do exercício autônomo da profissão
Enfermagem. Neste sentido este texto apresenta o conjunto conceitual e da
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 41

legislação sobre a SAE que fundamenta a educação na formação de enfer-


meiras/enfermeiros; as estratégias e desafios na ensinagem da SAE e PE
para enfermeiras/enfermeiros e, a autonomia profissional da enfermeira, do
enfermeiro e as relações intraequipe de enfermagem.

Abordagens conceituais da Sistematização da Assistência de


Enfermagem e a educação na formação da enfermeira e do
enfermeiro
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A produção do conhecimento se faz com ênfase nos conceitos essenciais


daquilo que se apresenta enquanto fenômeno a ser pesquisado, ensinado e
que se consubstancia no profissionalismo. Isto, para um processo de trabalho
baseado na expertise, para a organização profissional.
A SAE é o planejamento de todo o serviço em nível hospitalar, ambula-
torial e nas esferas da gestão e assistência em enfermagem, sob a responsa-
bilidade da categoria profissional “Enfermagem”. Refere-se à organização,
supervisão, tomadas de decisão, relação interdisciplinar e multiprofissional,
gestão da assistência, da educação em e para o serviço e cuidado a partir do
PE, gestão dos trabalhadores da enfermagem, condições de trabalho, rela-
ção e qualidade de materiais e de métodos nas ações de cuidado em saúde.
Para o planejamento individual às pessoas, às famílias e às comunidades a
SAE é composta por um continuum assistencial, que segue a organização
do pensamento e das atividades a serem realizadas no âmbito do cuidado
de enfermagem.
O PE é o método de planejamento do cuidado individualizado, respei-
tando as especificidades e características de cada pessoa ou grupo social a
ser assistido. O PE é uma metodologia de trabalho desenvolvido na prática
assistencial, resultado do estudo e da experiência de enfermeiras e enfermei-
ros para a qualificação do cuidado com base na competência (conhecimento,
habilidades e atitudes) por meio do raciocínio clínico e a tomada de decisão.
A diferença entre a SAE e o PE está na amplitude do cuidado. A SAE
abrange o PE, é o todo da prática assistencial da enfermeira, do enfermeiro
e da equipe de enfermagem. O PE constitui o planejamento para o cuidado
individualizado. A partir da Resolução Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN) nº 272 de 2002 o PE é estratégia definitiva e legal para a prática
da enfermagem em âmbito nacional e dispõe sobre a SAE em Instituições e
serviços de saúde públicos e privados. A função privativa da enfermeira e do
enfermeiro de sistematizar a assistência e aplicar estratégia na implantação,
planejamento, execução e avaliação do PE vem com a Resolução nº 359/2009
(COFEN, 2009) conforme pode ser evidenciado na Figura 1.
42

Figura 1 – Representação da Abrangência da Sistematização da Assistência de


Enfermagem e do Processo de Enfermagem. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Logística
m Intersetorialidade
ge

ÉTICA
ma

Equipe
fer

multiprofissional
En

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de

Escalas de trabalho
Planejamento do Se AE
rviço
S

Plan
ÉTICA

ejament
Interdisciplinaridade

o do Serviço de
SAE
Supervisão, Comunicação
orientação, gestão,
ensino, pesquisa, Processo de
extensão. Enfermagem

En
Cuidado

ferm
age
Classificações m
diagnósticas,
intervenções e
resultados.

Fonte: Autoras, 2021.

A SAE é a ferramenta que organiza o trabalho profissional e, diferente do


PE, ela não está estruturada em etapas. No entanto, ainda é um aspecto crucial
definir como se processa na prática a organização do trabalho profissional
(SANTOS; SOUSA; FÉLIX; CAVALCANTE; VALADARES, 2021). Nesse
sentido, para sistematizar a assistência de enfermagem em cada instituição
se faz necessárias ações conjuntas de todo o Serviço de Enfermagem com
o apoio dos gestores, tendo em vista que engloba método, pessoal e instru-
mentos, ou seja, os aspectos organizacionais e administrativos do serviço de
enfermagem e o ambiente assistencial. Em relação ao PE, ele se caracteriza
como o método de cuidado profissional que ocorre na relação assistencial
da enfermeira/enfermeiro com a pessoa, família, comunidade a ser cuidada.
O PE orienta as atividades da enfermeira e do enfermeiro para a gestão
do cuidado, possibilitando a assistência integral ao ser humano individual
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 43

e coletivo, pautado em bases técnicas, éticas, legais e científicas (BRUGG-


MANN; SOUZA; COSTA; SCHNEIDER; SCHMITZ; MAZERA, 2019).

Ensinagem para a aplicabilidade da Sistematização da Assistência


de Enfermagem e Processo de Enfermagem pela enfermeira e
pelo enfermeiro

O processo de ensino-aprendizagem pressupõe uma articulação entre


as estratégias de ensino, de modo tal que os métodos ou técnicas utilizadas
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alcancem os objetivos propostos. Neste sentido, a ensinagem1, para a aplica-


bilidade do PE representa um dos grandes desafios para docentes, discentes,
enfermeiros e enfermeiras, repercutindo em falhas importantes na execução
do PE no cotidiano da prática profissional.
Dentre as dificuldades encontradas observa-se a falta de compreensão
do significado das fases do PE além das lacunas relacionadas aos conheci-
mentos de disciplinas basilares para o desenvolvimento do raciocínio clínico,
acarretando na dificuldade em associar o conhecimento teórico à prática dele.
Neste sentido, a ensinagem do PE precisa proporcionar o desenvolvi-
mento de competências e habilidades para que o discente e a enfermeira e
enfermeiro associem o conhecimento teórico à realidade prática, permitindo a
execução das cinco etapas que constituem o PE, quais sejam, coleta de dados
ou histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de
Enfermagem, Implementação dos cuidados e Avaliação. Para tanto, faz-se
necessário a construção de um ambiente acadêmico em que o docente assume
o lugar de mediador do conhecimento a ser construído, de modo a promover
uma aprendizagem colaborativa, com a utilização de novas abordagens didá-
ticas (ANTONIO JUNIOR, 2016).
Neste contexto, as hipermídias educacionais podem se apresentar como
estratégias didáticas enriquecedoras e tecnologias educacionais que facilitam a
ensinagem. Dentre as hipermídias, o Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA),
possibilita o desenvolvimento de um recurso a ser usado tanto na educação
presencial quanto a distância, permitindo o estabelecimento de situações muito
próximas da realidade da prática assistencial.
O OVA se utiliza de suporte multimídia e linguagem hipermídia mediante
animações ou simulações, e como tecnologia educacional, que possibilita uma
ensinagem para a aplicabilidade do PE, dinâmica e ativa (SALVADOR; RODRI-
GUES; FERREIRA JUNIOR; FERNANDES; MARTINS; SANTOS, 2019).

1 Ensinagem é o conceito estruturado por Léa da Graças Camargos Anastasiou em 1998, para se referir a
uma prática social, crítica e complexa em educação entre professor e estudante, englobando tanto a ação
de ensinar quanto a de apreender, dentro ou fora da sala de aula.
44

A Simulação realística é outro método e tecnologia de ensino importante


para a ensinagem do PE, pois permite que se coloque em prática procedimen-
tos e situações prováveis antes de realizá-los em um ambiente real, facili-
tando a segurança, evitando erros e solidificando a aprendizagem. Possibilita
a participação em simulação de cenários de enfermagem antes de vivenciar a
prática, viabilizando um ambiente seguro para o treinamento de habilidades,
desenvolvimento de raciocínio clínico e aprendizagem quanto à organização
das suas ações, favorecendo o discente que, ao ter contato com o paciente
real, saberá como agir sem nervosismo e com maior segurança, reduzindo

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erros (CASTRO et al., 2021). A virtualidade no processo ensino-aprendiza-
gem oportuniza uma aproximação à filmografia, vídeos, podcasts, técnicas
de salas invertidas, quadro de evidência clínica, teleconsultas e games que
facilitam a comunicação para o estudo remoto.
O realismo das simulações insere os estudantes na realidade de acordo
com diferentes graus de complexidade similar ao que possivelmente encon-
tram na realidade do cuidado em condição crônica ou aguda de saúde em nível
hospitalar (BELLAGUARDA; KNIHS; CANEVER; THOLL; ALVAREZ;
TEIXEIRA, 2020).
Na formação da enfermeira e do enfermeiro o aprendizado do PE, corres-
ponde ao foco do profissionalismo para um cuidado competente. Para tanto, o
PE permite uma padronização da linguagem, favorecendo a retroalimentação
e a comunicação contínua da assistência cuidativa (SILVA; BERTONCELLO;
SILVA; AMANTE; JESUS, 2021). Diante do que, a ensinagem dinâmica de
realizar o histórico de saúde, diagnosticar, planejar a assistência, intervir e
evoluir clinicamente os pacientes consolida a SAE e no arcabouço do cuidado
individualizado o PE.
No ensino aprendizagem do processo de trabalho da enfermeira e do
enfermeiro há metodologias e estratégias que problematizam a situação de
saúde e doença em várias áreas do cuidado em enfermagem. Algumas estra-
tégias educacionais abordam a formação em enfermagem a partir dos sen-
timentos e emoções no aprender, no ensinar e no cuidar o que contribui,
sob esta perspectiva, para a edificação da competência (BELLAGUARDA;
KNHIS; THOLL; CANEVER; GIRONDI, 2020). Para tanto, a utilização de
genogramas e ecomapas no aprendizado contribui para a compreensão das
relações dentro da equipe profissional, das relações entre o paciente/família e
os profissionais, onde se discute, a partir de experiências próprias dos estudan-
tes, as vulnerabilidades, potências e fragilidades, os modos de trabalhar e de
enfrentamento de conflitos. Esta estratégia exercita as relações profissionais.
A arte, em suas diversas nuances, é outra estratégia que contribui
para o empoderamento e observação a fim de sistematizar a assistência de
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 45

enfermagem e para uma interpretação profissional ao longo da história na


compreensão das divisões de poder e de cuidado.
Outros exemplos de estratégia que podem contribuir para o ensino do PE
em contextos como o do cuidado cirúrgico, neurológico, de cuidados paliati-
vos, da assistência clínica ao adulto e idoso, mulher e criança é a utilização da
técnica de ensinagem Role playing Game (RPG) que é o jogo de representação
de papéis. Outras estratégias como seminários, o ciclo da aprendizagem expe-
riencial de Kolb e o da tecnossocialidade em dispositivos móveis na educação
em saúde e enfermagem são importantes para o aprendizado da SAE e o PE
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(BELLAGUARDA; KNHIS; THOLL; CANEVER; GIRONDI, 2020).

Exercício da autonomia profissional em enfermagem: a questão


das relações intraequipe de enfermagem e a consolidação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem

No âmbito profissional, a autonomia e a independência se referem ao


grau de competência que a área do conhecimento se estabelece. No que tange
à enfermagem, o processo autônomo de assistência, no contexto hospitalar
público, privado e atenção primária em saúde na perspectiva do Sistema
Único de Saúde (SUS) se dá pelo conhecimento e expertise próprios a partir
da SAE, PE, consultas de enfermagem, habilidades técnicas, tecnológicas,
educação em saúde e atitudes que consolidam o conhecimento e a habilidade
da enfermeira e do enfermeiro. Para tanto, as relações que se constroem no
itinerário de cuidado, as práticas assistenciais em compartilhamento de saberes
e discussões com propriedade, de maneira transdisciplinar e multiprofissional,
consolidam a autonomia profissional.
A SAE mostra-se enquanto totalidade de competência para a enfermeira
e enfermeiro, pois é um conhecimento específico edificado pelos mem-
bros profissionais.
Os referenciais e marcos teórico da enfermagem, da educação, da psi-
cologia, da filosofia, da história, da sociologia, da antropologia, da física,
da matemática e de outras áreas afins fundamentam o fazer ampliado dos
profissionais da enfermagem. Neste sentido, a SAE engloba todas as ativi-
dades e responsabilidades da enfermeira e do enfermeiro junto à equipe de
enfermagem, demais profissionais e pacientes, usuários dos serviços de saúde
e família. Isto, numa abordagem integral para os cuidados e, individualizada
a partir da aplicabilidade do PE.
O comportamento profissional, entendido como profissionalismo reflete,
por meio do PE, um movimento sistematizado, organizado e resolutivo do
cuidado. As relações clínicas de cuidado, estabelecidas no interior da equipe
46

de enfermagem, seguem as normalizações e ética profissional, bem como a


comunicação intraequipe de enfermagem.
A autonomia da enfermeira e do enfermeiro se efetiva quando há, ini-
cialmente, o empoderamento próprio pela expertise e resolutividade de ações
para o cuidado e, nas relações Enfermeira-equipe de enfermagem e multi-
profissional-paciente e, o reconhecimento da necessidade pelos envolvidos
dessa atuação fundamentada na ciência e na autorregulação para a autonomia
desse profissional (COSTA; SANTOS; COSTA, 2021; BENEDET; PADI-
LHA; GELBECKE; BELLAGUARDA, 2018; BELLAGUARDA; PADILHA;

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PERES; PAIM, 2016).
O serviço e trabalho em sua totalidade, da enfermeira e do enfermeiro
nas instituições e serviços de saúde, fundamenta-se na liderança para uma
assistência qualificada e produtiva no tocante às tomadas de decisão. O PE
visibiliza junto à equipe multidisciplinar e intraequipe de enfermagem, a
competência profissional necessária e consolidada autonomia.
A tomada de decisão ou julgamento clínico da enfermeira e do enfermeiro
no ambiente clínico inclui coleta de dados, interpretação dos dados coletados,
planejamento associado à implementação da intervenção de enfermagem e
avaliação dos resultados, bem como as conclusões sobre o estado, as necessi-
dades e a avaliação da resposta do paciente (NIBBELINK; BREWER, 2018).
Nesse sentido, a tomada de decisão é essencial para a prática da enfermeira e
do enfermeiro e estes devem ponderar vários fatores potencialmente concor-
rentes ao tomar decisões para atender às necessidades do paciente e da família.
Na tomada de decisão clínica devem ser considerada experiência,
contexto da situação de tomada de decisão, conhecimento acurado sobre o
paciente, interpretação e reflexão, considerando que a complexidade da tomada
de decisão aumenta com a gravidade da condição do paciente e os avanços
tecnológicos (JOHANSEN; O’BRIEN, 2016).
A autonomia da enfermeira e do enfermeiro está relacionada com a incor-
poração do PE na prática assistencial, sendo que este deve ser aplicado em
consonância com suas bases teóricas e tecnologias para auxiliar o ser humano a
promover e melhorar suas funções fisiológicas, psicológicas, sociais (PETRY;
TEXEIRA FILHO; MAZERA; SCHNEIDER; MARTINNI, 2019).

Considerações finais

A Enfermagem vem aperfeiçoando os seus conhecimentos e ampliando a


sua atuação, principalmente, nos últimos 40 anos. Essa maior abrangência na
atuação está relacionada com o desenvolvimento das classificações de enfer-
magem, dos referenciais teóricos, metodológicos, tecnológicos e os aportes
éticos e legais que orientam a profissão.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 47

Nesse sentido, a SAE e o PE contribuem para a qualificação do cui-


dado de enfermagem, sustentado por evidências científicas, padrões éticos e
humanísticos. O cuidado individualizado, fundamentado no raciocínio clínico
dos dados do exame físico e entrevista clínica para a elaboração dos diagnós-
ticos de enfermagem, intervenções e avaliação de enfermagem, proporciona
ações mais seguras e voltadas para as reais necessidades da pessoa cuidada.
As ações educativas, visando o ensino-aprendizagem, a atualização e
a implementação do PE, juntamente com as resoluções do sistema COFEn/
Coren contribuem para concretizar a aplicação deste método de cuidado indi-
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vidualizado, científico e ético. Desenvolver estratégias de ensino que con-


tribuam para promover a compreensão e a aplicação do PE nos cenários da
prática amplia a visibilidade e a autonomia das enfermeiras e enfermeiros na
prestação de cuidados seguros com resultados positivos na prática assistencial.
48

REFERÊNCIAS
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EIXO 2
TECNOLOGIAS PARA A ENFERMAGEM
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CAPÍTULO 1
TECNOLOGIAS INOVADORAS
EM SAÚDE E ENFERMAGEM
Mônica Stein
Rodrigo Bastos Fernandes
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Objetivos

Identificar as contribuições da soma das áreas de design e engenharia


acrescidos da ótica dos métodos ágeis utilizados pelas Startups para a criação
de Mínimos Produtos Viáveis.
Discorrer sobre o histórico e tendências da inserção de tecnologias na
prática de enfermagem.
Conhecer o processo da vivência da prática do dia a dia dos profissionais
da saúde na criação de soluções para a prática.
Compartilhar as experiências vivenciadas na disciplina de Tecnologia
e Inovação em Saúde ministrada no Doutorado Profissional em Gestão do
Cuidado em Enfermagem na Universidade Federal de Santa Catarina.

Introdução

O uso de criatividade na prática assistencial se entrelaça com a própria


evolução da enfermagem como domínio de conhecimento, fonte de pesquisa
e desenvolvimento, e como profissão. Já no século XIX a proposição e adoção
de práticas e uso da ciência no tratamento de enfermos e combate à pandemia,
notadamente representados pelos resultados obtidos por Florence Nightingale
no cuidado a militares na guerra da Crimeia, conferiram à enfermagem atenção
e reconhecimento (D’ANTONIO; BUHLER-WILKERSON, 2021). A aborda-
gem inovadora na época, de buscar se abastecer com informações disponíveis,
capacitações profissionalizantes e por meio da realização de experimentações
para melhorar as condições de trabalho e bem-estar de pacientes, contribuiu
para o estabelecimento de uma cultura prática e pragmática.
Conforme o avanço da medicina houve o aumento da complexidade nos
tratamentos e na administração de medicamentos, exigindo necessidade de
protocolos cada vez mais restritivos de assepsia e para o controle de infecções
(D’ANTONIO; BUHLER-WILKERSON, 2021). Nessa linha, por serem
os profissionais executores, o contato com as tecnologias, a observação de
54

pessoas e implementação de processos favorece com que os enfermeiros iden-


tifiquem necessidades não atendidas e oportunidades de melhoria, para as
quais podem se motivar a desenvolver soluções.
Considerando-se que profissionais de enfermagem são responsáveis por
aproximadamente 80% dos cuidados primários à saúde (HUGHES, 2006;
HOSSEINI; KHOSKNAB; PEYROV; KHANKE, 2015), é de se esperar que
esses profissionais se deparem com pessoas e situações cujo contexto exija
flexibilidade e pensamento criativo para atuação e tomada de decisão (CHAN,
2012; GLASGOW; COLBERT; VIATOR; CAVANAGUE, 2018; DAVIES;

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GLASGOW, 2020). Apesar de até então não fazer parte da atribuição ou grade
formativa dos enfermeiros conhecimento a respeito de criatividade, design,
engenharia ou tecnologia, ou sobre técnicas e ferramentas para projetação de
soluções (produtos, processos e/ou serviços), identificam-se relatos de fru-
tíferos exemplos de soluções desenvolvidas por enfermeiros. Dentre alguns
encontram-se: maca para mobilização, coberta para pacientes com hipotermia,
sensor de fluxo de infusão, umidificador quente, método para estimativa de
volume de sangramento pós-ressecção transuretral de próstata, gorro de com-
pressão sem látex para manter em posição protetor de vista em tratamento
ultravioleta neonatal, dispositivo para mensuração do mecanismo complexo
de sucção em bebês prematuros, em entre outros (GLASGOW; COLBERT;
VIATOR; CAVANAGUE, 2018; BAHARI; TALOSING; PIZARRO, 2021).
Como mencionam Davies e Glasgow (2020), enfermeiros são solucionadores
de problemas.
Em entrevista com enfermeiros, Isfahani, Hosseini, Khosknab, Peyrov,
Khanke (2015) identificaram um profissional com 13 anos de experiência que,
após se deparar com oportunidades de melhoria em sala de operação, projetou
soluções e fundou uma empresa para produzir e vender dispositivos médicos.
Infelizmente esse é um caso raro, como os próprios autores identificaram no
estudo. Apesar do reconhecimento da criatividade contribuir para a autoes-
tima, autoconfiança e reconhecimento dos profissionais, muitas das vezes não
há suporte das organizações para a materialização das ideias, devendo eles
desembolsarem seu próprio recurso, ou disponibilização de tempo durante a
jornada de trabalho, que em muitos casos é dupla ou tripla, para identificar,
propor e implementar melhorias (ISFAHANI; HOSSEINI; KHOSKNAB;
PEYROV; KHANKE, 2015).
Na realidade, grande parte dos dispositivos e tecnologias usados na prá-
tica assistiva não foi projetada por ou para enfermeiros, sendo adotados de
outras especialidades médicas (BAHARI; TALOSING; PIZARRO, 2021).
Como complementa Glasgow, Colbert, Viator e Cavanague (2018), os enfer-
meiros acabam se restringindo ao uso de tecnologias para saúde, não sendo
os protagonistas de seu desenvolvimento. Já, Davies e Glasgow (2020) apesar
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 55

de corroborar com a noção de que enfermeiros tenham condições e estejam


em posição estratégica de atuação (i.e. linha de frente) para identificar opor-
tunidades de inovação, por meio da análise de uma centena de patentes de
dispositivos médicos, os autores identificaram que enfermeiros são pouco
reconhecidos como criadores de invenções e inovações em dispositivos médi-
cos, não tendo nomes de profissionais em enfermagem presentes em qualquer
das patentes analisadas.
Tem-se, dessa forma, que grande parte das invenções e inovações vis-
lumbradas, propostas e desenvolvidas por enfermeiros findam por não serem
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maturadas, reconhecidas, levadas a mercado ou mesmo protegidas intelec-


tualmente. Davies e Glasgow (2020) estimam que tais soluções, por mais
criativas e benéficas que possam ser, ficam restritas localmente ao uso do
criador e de seus colegas, não evoluindo tecnicamente a ponto de se tornar
um produto e ser patenteada. A essa situação, chamamos os desenvolvimentos
de “gambiarras”.
Como aponta Glasgow, Colbert, Viator e Cavanague (2018), é crescente
a necessidade de maior interação e colaboração entre domínios de conheci-
mento, bem como de interface entre disciplinas científicas e profissionais.
Conforme os autores, uma base de conhecimentos em engenharia, e aqui nós
acrescentamos o design, reforçaria de forma significativa a habilidade de
enfermeiros em interfacear com tecnologias e a criar soluções tecnológicas
(e.g. robôs, dispositivos de cuidado ao paciente, sistemas computacionais
para entrega de cuidados).
De forma a contribuir para a mudança nessa realidade, foi planejada a
inserção de disciplina de Tecnologia e Inovação em Enfermagem, no dou-
torado do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado em Enfer-
magem (PPGENF – Modalidade Profissional, da Universidade Federal de
Santa Catarina, UFSC). Consolidada em 2020, esta veio complementar e
aprimorar com a engenharia uma experiência já bem-sucedida da inserção
do design como área complementar a partir de 2015 no Mestrado do mesmo
programa, que se propunha a sistematizar com métodos, ferramentas e técnicas
o ato projetual criativo e empírico dos enfermeiros na sua prática profissio-
nal. Complementarmente, agregou-se a filosofia e prática dos métodos ágeis
para se chegar a Mínimos Produtos Viáveis (MVP) como resultado final da
experiência projetual.
Com o intuito de demonstrar a aplicabilidade e resultados da proposta,
o presente capítulo discorre sobre o contexto de algumas iniciativas pro-
jetuais com enfermeiros, tecnologias de suporte à projetação do design e
engenharia, além dos métodos ágeis, para adentrar no histórico e inserção
deste conteúdo no Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado em
Enfermagem – Modalidade Profissional, da Universidade Federal de Santa
56

Catarina, finalizando com as atividades realizadas na disciplina, como foco


para o tema deste capítulo – Tecnologias inovadoras em saúde e enfermagem.

Contexto

Criatividade tecnológica em enfermagem para Bahari, Talosing e Pizarro


(2021) é o processo criativo que envolve enfermeiros inventores, em conjunto
com uma rede de colaboração técnica, em um ambiente que provê suporte.
Dentre as tecnologias para enfermagem, os autores citam como exemplos

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de categorias: ferramentas, máquinas, robôs e utensílios de auxílio à prática,
procedimentos, técnicas de educação, substâncias e roupas. Por meio da apli-
cação e exploração dessas tecnologias, Hughes (2006) apresenta uma série de
inovações capitaneadas por enfermeiros em diversas áreas, como: pesquisa
em inovação em enfermagem, prática clínica, empreendedorismo e negócios,
tecnologia e educação, saúde pública e outras. Conforme o autor, para que a
inovação aconteça é necessário que seja reconhecida como parte integral da
estratégia das instituições, tenha suporte da liderança e processos sistemáticos
sejam empregados para viabilizar a entrega de soluções maduras.
Locsin (2017) classificou em 5 (cinco) dimensões as tecnologias em
cuidado à saúde:

• tecnologias que complementam seres humanos (e.g. dispositivos


prostéticos, marca-passo, órgãos ou tecidos artificiais);
• tecnologias que facilitam a prática do cuidado (e.g. dispositivos
assistivos, robôs para cirurgia, fórceps, scalp, uso de progra-
mas computacionais);
• tecnologias que mímicam seres humanos (e.g. robôs que visualmente
e fisicamente se assemelham a seres humanos, e que embarcam
inteligência artificial);
• tecnologias que amplificam as qualidades e capacidades humanas
(e.g. organismos cibernéticos, exoesqueletos, realidade aumentada);
• tecnologias que promovem o avanço do organismo humano (e.g.
desenvolvimento da espécie a partir de alterações genéticas).

Dentre os fatores que contribuem para o desenvolvimento tecnológico


em enfermagem tem-se: auxiliar os pacientes a gerenciar seus problemas de
saúde, facilitar a prática assistencial, manter a segurança e auxiliar pacientes,
reduzir as reclamações e complicações dos pacientes, reduzir custos e melho-
rar de forma holística o cuidado em enfermagem (BAHARI; TALOSING;
PIZARRO, 2021).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 57

O processo para criatividade tecnológica em enfermagem proposto por


Bahari, Talosing e Pizarro (2021) compreende sete etapas: investigação, aná-
lise, projetação, prototipagem, teste, aplicação e monitoramento. Conforme os
autores, esse processo é cíclico, evolutivo, de forma que o produto resultante
possa ser utilizado de forma adequada.
Bem-estar e saúde são vistos como resultado da prática integral de enfer-
magem, favorecida pela interação tecnológica entre profissional e paciente.
Tecnologias aqui são vistas como meio para conhecer e entender melhor os
pacientes e sua situação, como forma de contribuição ativa para seu cuidado. A
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competência tecnológica do enfermeiro é expressa no conhecimento de tecnolo-


gias e uso apropriado das mesmas, sua contribuição no processo de projetação e
engajamento participativo na ideação e uso junto a pacientes (LOCSIN, 2017).
Nessa linha, Glasgow, Colbert, Viator e Cavanague (2018) defendem
a consolidação de uma formação diferenciada, que promova a formação de
“enfermeiros-engenheiros”, nós acrescentamos aqui “enfermeiros-designers”.
Dentre as atribuições desses profissionais com formação diferenciada estão:
projetar e implementar novos equipamentos, tecnologias e sistemas; criar
ambientes seguros para o cuidado de pacientes; garantir estrutura segura e
ética em relação aos dados do paciente; e desenvolver estratégias de comuni-
cação efetiva e eficiente para pacientes, cuidadores e profissionais da saúde.
A incorporação da criatividade no ensino de enfermagem foi estudada
por Chan (2013) que, por meio de uma revisão sistemática de literatura, iden-
tificou oito estudos relevantes publicados entre 2002 e 2012. Conforme esse
estudo, grande parte dos educadores que tentaram fomentar a criatividade
dos discentes divergiu do modelo de ensino tradicional, provendo espaço e
técnicas para a geração e teste de ideias. Em consonância ao estudo de Chan
(2013), Duhamel (2016) identificou como tendência no ensino de enfermagem
o uso de estímulos na forma de estudos de caso de problemas reais, capazes
de atrair atenção e curiosidade. Ainda, conforme os autores, tempo adequado
devem ser dados e autoconfiança deve ser desenvolvida nos discentes, por
meio de encorajamento e incentivo.
De forma a se vislumbrar o resultado da interação entre domínios de
conhecimento em saúde e tecnologia, pode-se citar o resultante do esforço
multidisciplinar entre discentes de engenharia e enfermagem da Universidade
de Duke, que criaram uma assistente telerobótica inteligente capaz de guiar
e prover cuidado a pacientes infectados com doenças altamente infecciosas,
como o Ebola. Vale ressaltar que além de soluções físicas tangíveis, siste-
mas computacionais também apresentam valor para a melhoria da prática de
saúde. A exemplo, resultante de esforço conjunto de um grupo de enfermeiros,
médicos e engenheiros, simulações computacionais de predição de demanda
e distribuição logística permitiram a melhoria no gerenciamento de recursos
clínicos (GLASGOW; COLBERT; VIATOR; CAVANAGUE, 2018).
58

Identificam-se na literatura instituições pioneiras na formação de pro-


fissionais capazes de navegar entre domínios de conhecimento complemen-
tares, como a enfermagem, design e engenharia. Glasgow, Colbert, Viator e
Cavanague (2018) apontam a formação provida pela Universidade Vanderbilt,
com programa de mestrado em ciências em enfermagem e doutorado em
engenharia biomédica. A Universidade de Duquesne apresenta um programa
formal e regular de dupla graduação em engenharia biomédica (4 anos) e
enfermagem (1 ano). Já a Universidade de Detroit, apesar de não apresentar
um programa de formação conjunta, constituiu a Escola Mercy de Engenharia

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e Enfermagem, cujo foco é o desenvolvimento de dispositivos assistivos para
indivíduos com necessidades especiais, ao passo que fomenta a colaboração
entre discentes, e promove o ensino de tecnologia e inovação.
Identifica-se ainda comunidades abertas de incentivo à criação de soluções
por parte dos enfermeiros, como a Make Health e MakerNurse, que funcionam
como espaços abertos e colaborativos com infraestrutura para prototipagem e
realização de capacitações. Segundo Chan (2013), problemas são frequente-
mente resolvidos mais facilmente em grupo, visto que discussões e a escuta ativa
da opinião de outros participantes contribui para ideação e interpretação dos
cenários envolvidos na problemática e potencial resolução. Cabe aos educadores
o papel de facilitadores, suportando os discentes com ferramentas e provendo
devolutivas (feedback) que direcionem as questões para o sentido correto.
Atualmente estão em desenvolvimento corporativo robôs para atuação
em cuidado à saúde, os chamados robôs humanoides enfermeiros (Humanoid
Nursing Robots – HNR), para atuação junto ao cuidado de idosos e práticas
de reabilitação (TANIOKA, 2019). Conforme Hughes (2006), o papel dos
enfermeiros jamais será substituído por máquinas ou tecnologia, mas esses
artefatos podem e devem ser utilizados e explorados por enfermeiros para
melhorar situações e responder às oportunidades por meio de inovação.

As tecnologias de suporte à projetação

Ao processo de projetar sistematicamente por fases, com diversas etapas,


e já por muitos anos, dá-se o nome de método. Ao estudo dos métodos dá-se
o nome de metodologia. Ambos, por sua longa área de discussão e aplicação
ao desenvolvimento de soluções, compreendem o que se intitula “sistema
projetual”, de ampla importância ao possibilitar endereçar problemas que
precisam de sistematização executiva para que suas resoluções se tornem
viáveis. Essas sistematizações, metodologias, métodos, ferramentas e técnicas
nada mais são do que tecnologias desenvolvidas para apoiar o processo de
desenvolvimento de soluções.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 59

Inicialmente, métodos foram propostos por idealizadores provenientes do


campo das ciências exatas, apresentando um viés mais lógico e centrado em
problemas e características técnicas. Com o tempo e aumento da complexidade
dos problemas, as heurísticas foram ampliadas e se diversificaram, ganhando
características, configurações e fases específicas, com amplitude mais ou
menos longa em relação à quantidade de etapas, e com maior ou menor com-
plexidade executiva, de acordo com as necessidades e objetivos das partes
interessadas e, principalmente, dos usuários relacionados aos problemas a
serem resolvidos (BOMFIM, 1995; FREITAS; COUTINHO; WALCHTHER,
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2013; SIQUEIRA; CUNHA; PENA; CORRÊA; AMORIM, 2017).


Ao serem disseminados e aplicados por outros domínios do saber, como
a arquitetura e o design, com suas várias vertentes, os métodos foram sendo
adaptados e expandidos conforme as diferentes necessidades e focos. Tais
adaptações fizeram com que tanto as nomenclaturas das fases, etapas e ativi-
dades, quanto à configuração dessas, em termos de execução, divergissem.
Atualmente, na diversidade das práticas projetuais disponíveis na literatura,
identificam-se métodos cujos processos estão estruturados de forma linear,
circular ou cíclico, em espiral, com “idas e vindas” (com passos retornáveis),
em cascata ou em paralelos, entre outros, conforme demostrado na Figura 1.

Figura 1 – Exemplos de estruturas de fases de


métodos, adaptado de Bomfim (1995)

Fase 1 Fase 2 Fase 3 Método Linear

Fase 1 Fase 2 Fase 3 Método Cíclico

Fase 2a Fase 4

Fase 1 Fase 2b Fase 3 Selecionar


4 ou 5
Fase 6 Método
de Ramificação
Fase 2c Fase 5

Fases Fases Fases


paralelas de seleção alternativas
60

Independentemente da configuração e distinções dos métodos, o que


sempre ficou claro, compreendido e delimitado, é que de um lado haveria um
problema a ser solucionado e, após a execução de todo o processo ou prática
projetual, uma ou mais soluções deveriam ser apresentadas e/ou entregues,
validadas ou não, do outro (BOMFIM, 1995; SANTOS; MENEZES, 2009;
SCHERER, 2017; BROWN, 2020; BARCELLOS, 2020).
Da mesma forma, apesar de apresentarem nomenclaturas diversas e,
advindos de campos distintos do saber, os métodos continuaram a apresentar
fundamentalmente os mesmos objetivos, ou seja, facilitar o desenvolvimento

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de soluções. Assim, mesmo que o nome dos proponentes dos métodos não
fosse lembrado, todos organizaram fases com etapas para se chegar a soluções
possíveis de implementação, incorporando e indicando, ou não, ferramentas e
técnicas de apoio (BARCELLOS, 2020). A cronologia de criação de métodos
projetuais pode ser vista na Figura 2.

Figura 2 – Cronologia de criação de métodos projetuais


ALEXANDER, C. WHEEL WRIGHT & ROZENFELD, H. et al.
(1971) SHINGO
Sistema Toyota CLARCK (1992) (2006)
(1979) BUCHANAN &
GREGORY PARK, C. &
ZALTMAN MARGOLIN
(1968) (1995) ULRICH, K. &
RITELL (1987) EPPINGER, S.
(1984) (2000)
JONES, J. C. PRASAD
(1970) CROSS, N.
(1984) (1997)
PAHL, G. & BACK SUH, N. BÜRDEK
BEITZ, W. (1983) (1988) (1994)
(1977)

TEMPO

TOTAL
GRANT BONSIEPE, G. DESIGN DICKSON, P.
(1972) (1978) PUGH, S. (1997)
(1991)
CLARK & FUJIM DESIGN
KAMINSKI, P. C. THINKING
ARCHER, L. CRAWFORD, C. (1991) (2000) (2008-2020)
(1965) (1983) ANDREASEN, M. M. KELLEY, D.
& HEIN, L. BROWN, T.
(1987)
ASHBY RITELL & KLINE, S. & ROOZENBURG, PAHL, G. et al.
(1965) WEBBER ROSENBERG, N. N. F. M. & (2005)
(1973) (1986) EEKELS, J.
Modelo Não-Linear P&D (1995)

Fonte: BARCELLOS, 2020.


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 61

Neste sentido, a forma de interpretar e a abordagem de condução da prá-


tica projetual do design foi cunhada no termo “design thinking”, que explicitou
a filosofia projetual particular do design, centrada no usuário e na cocriação,
de forma a entender este, o usuário, o mais empaticamente possível (BOM-
FIM, 1995; SANTOS; MENEZES, 2009; SCHERER, 2017; BROWN 2020).
A ampla disseminação e adoção dessa abordagem por demais campos
do saber demonstrou o benefício do uso do pensamento criativo, sistêmico
e abdutivo no direcionamento e apoio para a geração de ideias, como con-
traponto ao até então pensamento analítico e dedutivo das ciências exatas.
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Por consequência, tornou-se claro que o impacto dos resultados do processo


projetivo poderia ser dado por meio das experiências proporcionadas pelas
soluções criadas.
O instituto de Design Thinking de Stanford (D. SCHOOL, 2015), estru-
turou a abordagem do Design Thinking de forma visual, explicitando dida-
ticamente os processos projetuais dentro de cada fase (VASCONCELOS;
PEREIRA, 2017), conforme apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Fases da abordagem projetual do


Design Thinking – D. SCHOOL (2015)

empatia ideação

definição prototipação
Aprender mais Gerar o máximo
sobre o usuário de ideias
possíveis

Criar um ponto Representar


teste
de vista para o fisicamente as
problema com ideias
base nas
necessidades
do usuário Coletar
feedbacks dos
protótipos para
refinar e
melhorar as
soluções

Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Pereira (2017).

Esta abordagem filosófica foi organizada pelo Design Council no método


de projeto Double Diamond (DD) que explicitou o ato de divergência e conver-
gência do processo projetual em dois diamantes (Figura 4), com nomenclaturas
de fases metodológicas que permitissem explicitar a inserção de ferramentas
e técnicas em cada uma delas. Deveria o processo de pensamento divergente
62

abranger o primeiro diamante para explorar amplamente e profundamente


o contexto a ser solucionado, e então convergentemente focar na solução
mais adequada para o problema em questão (BROWN, 2020; IDEO, 2015;
DESIGN COUNCIL, 2021).

Figura 4 – Sistemática do processo do Método Double Diamond em uma


relação direta com as cinco fases da abordagem do Design Thinking
1. EMPATIA 2. DEFINIÇÃO 3. IDEAÇÃO 4. PROTOTIPAÇÃO 5. TESTE

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Pensamento Pensamento Pensamento Pensamento
divergente convergente divergente convergente

INSPIRAÇÃO SÍNTESE EXPERIMENTAÇÃO ENTREGA

Discover Define Develop Deliver


Fonte: Os autores.

Os conceitos gerais das fases do método Double Diamond ganharam


nomes específicos:

• para a Inspiração deu-se o nome “Descobrir” (Discover);


• para a Síntese, “Definir” (Define);
• para Experimentação, “Desenvolver” (Develop);
• a Entrega ficou com o nome similar “Entregar” (Deliver).

Com as fases organizadas dessa forma, sugeriu-se que dentro delas deve-
ria acontecer uma série de etapas condizentes com as mesmas, e por conse-
quência o uso de várias ferramentas e técnicas conforme o tipo de problema
abordado (Figura 5), cabendo às equipes projetuais utilizá-las, ou não.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 63

Figura 5 – Sugestão de ferramenta para as fases do Double Diamond

The Double Diamond


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Fonte: MOHAMED; ELEKYABY; ALI; HASSAN, 2020.

O desenvolvimento e incorporação de novas ferramentas e técnicas às


fases são constantes e dinâmicos. O próprio Design Council, o renomado
escritório de projetos IDEO, além de outros pesquisadores na área, tem desen-
volvido, adaptado e/ou melhorado algumas delas.
A preferência de profissionais e projetistas por algumas das ferramentas
e técnicas costuma ocorrer por sua eficiência e eficácia, independente dos
autores das mesmas. Algumas das mais conhecidas e escolhidas na atualidade
são: Criação de Personas; Mapa de Empatia, Jornada do Usuário; Análise
Sincrônica e Diacrônica, Mapa Semântico, Mapa Mental, Fluxo de Valor e
Blueprint, bem como técnicas de criatividade como Brainwriting, Brainstor-
ming e Seis Chapéus.
No que tange às características das soluções necessárias para os proble-
mas existentes, três grandes categorias puderam ser delimitadas: produtos,
serviços e processos. Com isso, dentro da diversidade de métodos existentes,
dentre eles o Double Diamond (DD) – que se estrutura dentro da abordagem
do Design Thinking (DT) –, alguns acabaram por tornarem-se mais interes-
santes e adequados à aplicação para algumas categorias, cabendo às equipes
de projeto discutir por um ou outro, assim como pelas ferramentas e técnicas
a serem utilizadas durante as fases projetuais.
Essa situação abriu um leque de variações metodológicas, demandando
a criação de novas ferramentas e técnicas e, por consequência, até mesmo
de novos métodos, uma vez que fosse necessário ou se quisesse ter um pro-
cesso distinto para uma aplicabilidade diferenciada no campo científico (e.g.
64

execução ou validação). Nessa linha, evidenciaram-se questões de foco meto-


dológicas bastante expressivas.
No campo do design, enfatizou-se a forte centralidade no usuário e suas
necessidades. No campo das engenharias, o foco nos processos e sua agili-
dade. Na administração, o foco na gestão de riscos. Na computação, na efi-
ciência e versatilidade. Paralelamente, no campo dos negócios, destacou-se
a necessidade de agilidade no encontro de soluções mínimas viáveis (MVP)
que já pudessem ser inseridas e comercializadas no mercado, independente
de posteriores ampliações com mais funções, finalidades e artefatos.

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As referidas mínimas soluções viáveis derivaram de potenciais entregas
resultantes de etapas projetuais orquestradas pela abordagem dos Métodos
Ágeis. Os métodos ágeis, em sua concepção, consistiram basicamente em
práticas de organização e gestão de procedimentos e atividades de projetação,
ou seja, no desenvolvimento de soluções que priorizassem entregas, mesmo
que parciais, de forma rápida e frequente.
Diferentemente dos métodos tradicionais de gestão de projetos, os
Métodos Ágeis buscam manter contato próximo com o cliente, pratica-
mente incorporando-o à equipe, o que possibilita a alteração do escopo
de desenvolvimento conforme sua dinâmica de necessidades. Ao realizar
entregas frequentes, a equipe de projetação garante a realização de avalia-
ções e validações intermediárias da solução pelo cliente, reduzindo riscos
e retrabalho (i.e. custos), bem como possibilitando que as entregas, nor-
malmente incrementais, sempre satisfaçam as necessidades e requisitos
(FAGUNDES, 2005).
Essas características dos métodos ágeis são sintetizadas em doze princí-
pios (Figura 6) que, apesar de terem iniciado para o contexto do desenvolvi-
mento de softwares, atualmente são disseminados para praticamente qualquer
aplicação de desenvolvimento de soluções.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 65

Figura 6 – Os doze princípios do manifesto ágil


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Fonte: Adaptado de https://agileschool.com.br/manifesto-agil/.

Ao aliar as características dos métodos ágeis à filosofia Lean, com foco


no desenvolvimento enxuto de negócios, ou seja, de soluções aptas à inser-
ção no mercado, Eric Ries (2011) propôs o Lean Startup. Essa metodologia
compreende interações, ou seja, ciclos de geração de hipóteses e ideias, desen-
volvimento de soluções (prototipar), validação por meio de interações com
o mercado-alvo e potenciais clientes (medir), e entregar valor a cada ciclo
(aprender), como ilustrado na Figura 7.

Figura 7 – Ciclo do Lean Startup

Ideia

APRENDER CONSTRUIR

Ciclo do
Lean Startup

Dados Produto

MEDIR

Fonte: Adaptado de https://analistamodelosdenegocios.com.br/lean-startup/.


66

Por meio dessa abordagem incremental buscam-se mensurar a adequação


das ideias, modelos de negócio e soluções (entregas intermediárias) ao mer-
cado, reduzindo-se o tempo, custo e risco de desenvolvimento, até originar
uma solução final viável. Aqui, a solução final não necessariamente com-
preende uma solução completa, mas sim compreende o(s) MVP(s). Ao Lean
Startup são incorporadas ferramentas e técnicas da abordagem ágil, como o
Scrum e o Kanban (RIES, 2011).
O termo Scrum tem origem no Rugby, onde os jogadores, unidos entre
si, se posicionam frente ao time adversário com o objetivo de pegar a posse

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da bola e avançar para o campo oposto. Por demonstrar a união de um grupo
(time) coeso, com diferentes atribuições e com um mesmo objetivo, o Scrum
como metodologia ágil de gerenciamento de projetos propõe a alteração de
paradigmas tanto em termos de organização e planejamento de atividades,
quanto de hierarquia e responsabilidades entre a equipe envolvida.
No Scrum há três figuras envolvidas: a equipe de desenvolvimento – com-
preende o corpo técnico, normalmente composto entre 5 e 9 pessoas, cada qual
com suas habilidades e competências complementares, são os responsáveis
pela definição das atividades a serem desenvolvidas e pelas entregas; o Scrum
master – pessoa responsável por manter a equipe de desenvolvimento focada
e remover quaisquer impedimentos (e.g. procedimentos burocráticos, atrasos
logísticos, falta de insumos, cotações e compras) que possam interromper o
trabalho da equipe; o dono do produto (do inglês Product Owner) – pessoa
responsável por ser o porta-voz e defender os interesses do cliente, ou seja,
é responsável por priorizar atividades, avaliar a qualidade das entregas e
indicar necessidades de alteração de escopo (SUTHERLAND; SUTHER-
LAND, 2014).
O Scrum estabelece um fluxo de trabalho em ciclos curtos e periódicos
de desenvolvimento e entregas, partindo da lista total de atividades a serem
desenvolvidas (intitulado Product Backlog), sendo priorizadas algumas ati-
vidades por ciclo (intitulado Sprint Backlog), com tempos que podem variar
conforme a complexidade do projeto, como ilustrado na Figura 8. Como
forma de acompanhar e sincronizar o desenvolvimento, é sugerida a reali-
zação de reuniões diárias da equipe de desenvolvimento, coordenadas pelo
Scrum master.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 67

Figura 8 – Ciclos do Scrum


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Fonte disponível em: https://www.tecnicon.com.br/


blog/411-Metodologia_Scrum_para_a_gestao_de_processos_ageis_na_industria/.

No que se refere ao Kanban, essa técnica de administração da produção


foi proposta e incorporada à filosofia Lean, na Toyota na década de 1960, como
forma de permitir uma gestão visual do fluxo de materiais entre processos
(MOURA, 2003). Do foco inicial em manufatura, a técnica foi adaptada para
o acompanhamento visual do desenvolvimento de atividades no geral, cada
qual devidamente registrada e especificada em um cartão, possibilitando a
visualização daquilo que precisa ser feito (do inglês to do), do que está sendo
feito (do inglês work in progress, doing ou simplesmente in progress), do que
já foi finalizado (do inglês done), bem como de todo esse fluxo de trabalho
(Figura 9).
68

Figura 9 – Quadro Kanban

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Fonte disponível em: https://www.tiespecialistas.com.br/
gestao-visual-informacao-ao-alcance-de-todos/.

Independentemente da aplicação da abordagem ágil, dos ciclos do Lean


Startup, uso do Scrum ou Kanban, e anteriormente aos métodos e suas áreas de
uso, o ato de criar soluções, com etapas sistematizadas ou não, sempre esteve
embutido nos processos humanos que, ao olharem um problema, buscavam
criar soluções, nem que fosse pela iniciativa simplista da tentativa e erro. Isto
evidenciou as questões de que, para um determinado assunto, quanto mais se
soubesse a respeito das implicações relacionadas ao problema em questão,
melhor. Assim, quanto mais se consideravam os conteúdos e áreas que estavam
envolvidas em determinadas situações, mais ampla poderia ser a visão sobre o
contexto e as implicações direta e indiretamente relacionadas a elas, gerando
um vínculo de empatia e senso de necessidade e mesmo urgência. Logo,
tornou-se evidente a amplitude holística que um método poderia ter, assim
como se abriram possibilidades de cocriação, possibilitando que mais pessoas,
de campos distintos e pertinentes, pudessem ser envolvidas no ato projetual,
inclusive aquelas que sofriam direta e indiretamente o problema, ampliando-se
assim os conteúdos, conhecimentos e experiências a serem contabilizadas.
Paralelamente aos métodos, ferramentas e técnicas, o processo projetual
ainda tem relação com o método científico. Há uma aproximação enquanto
sistemática de etapas, dentro de fases divergentes e convergentes, da inicia-
tiva de realização de algo a partir de hipóteses, análise, desenvolvimento e
diagnóstico, conforme um dado contexto. Pode-se inferir, então, que quando
os métodos são apresentados e escolhidos por projetistas, ou “solucionadores
de problemas”, é possível que haja uma relação direta com algum conteúdo
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 69

que pode ter sido conhecido pelo projetista em épocas de formação escolar,
independentemente de sua área de especialização.

Com base nesse critério, é evidente que na primeira fase dos métodos
do Design houve paralelos entre o Método Científico e o Método de pro-
jeto em Design ou Engenharia, que originado pela lógica racionalista e
científica derivou para outra configuração. A cientificidade dos métodos
do Design e da Engenharia, se desenvolveu distinguindo a investiga-
ção prática (associada à aplicação do método de Design) do conceito
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de investigação científica (referente ao Método Científico) (ARCHER,


1981; ARCHER; BAYNES; ROBERTS, 1992). Essa distinção reflete-se
sobre os métodos e estudos do Design e do Engineering Design (teoria)
(LACERDA, 2012; LE MASSON; HATCHUEL; WEIL, 2017; VAN DER
LINDEN; LACERDA; AGUIAR, 2011; VASCONCELOS, 2009) (BAR-
CELLOS, 2020, p. 82).

A Figura 10 abaixo exemplifica as diferenças e congruências entre os


métodos projetuais de engenharia, design e o científico (BARCELLOS, 2020):

Figura 10 – Diagramas de Venn – Indicação de Semelhanças,


Diferenças e Intersecções entre Métodos: Engineering
Design Process, Método Científico e Design Process

Engineering Design Process Scientific Method Design Process

Constrói
uma hipótese Desenvolve soluções
Desenvolve soluções
Usado em Foco no usuário para
Foco na solução de experimentos gerar uma solução
um problema Identifica a variável
Soluciona Soluciona
Processo de projeto usado para problemas dependente problemas Processo de projeto usado
projetar a solução de problemas para produzir novos produtos
Gera dados e soluções
Testa os Observacionais Observa e
Segue requisitos, especificações resultados não produtos Pesquisa Brainstorming e ferramentas
e procedimentos técnicos criativas
Comunica e Processo dura até Comunica e
Processo contém várias apresenta obter a resposta Processo contém mais fases
etapas técnicas apresenta
resultados Gera informação não resultados de proposição criativa e ideação
Refinar constantemente voltada a usuários
Refinar constantemente
as soluções propostas Refina a hipóstese as soluções propostas
ao final
Protótipo necessário Protótipo necessário
Protótipo opcional

Processo utilizado somente em Design e Engenharia

Fonte: BARCELLOS, 2020.


70

Projetação de tecnologias e inovação na enfermagem

Diante dessa conjuntura, ficou evidente a hipótese de que os enfermeiros


já familiarizados com a prática projetual intrínseca às soluções evidenciadas
dentro do seu trabalho, por conta das emergências necessárias que costumam
levá-los a “prática da gambiarra”, assim como o próprio método científico
inserido nos cursos de graduação e pós-graduação, pudessem compreender
e assimilar a dinâmica metodológica de sistemas de projetação de produtos,
processos e serviços no contexto da saúde, particularmente no PPGENF –

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Modalidade Profissional.
Da mesma forma, os enfermeiros poderiam internalizar o sistema cocria-
tivo, não apenas como projetistas, mas como parte contribuinte do processo, a
partir de suas evidências e vivência real ou adjacente aos problemas levantados.

Histórico – a experiência no Programa de Mestrado e Doutorado


do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado em
Enfermagem – Modalidade Profissional

Em 2015 surgiu a possibilidade de aproximação da enfermagem com


o design no Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado em Enfer-
magem – Modalidade Mestrado Profissional, através de uma disciplina opta-
tiva intitulada Tópicos Especiais. A apresentação do conteúdo foi realizada
demonstrando os benefícios que os métodos tradicionais de projeto do design,
com suas ferramentas e técnicas, podiam trazer para o processo de encontro
de soluções para os problemas enfrentados pelos enfermeiros no seu dia a
dia. Foi feita também uma relação direta com a estrutura metodológica dos
métodos científicos, bem como uma ponte com ao mercado e os processos
de registro de patentes e desenho industrial.
A disciplina continuou optativa até 2016 quando, por conta da somatória
dos resultados efetivos encontrados pelos alunos em seus trabalhos, teve o
conteúdo do design remanejado para uma disciplina obrigatória do curso
intitulada Projetos Assistenciais e de Inovação Tecnológica. A intenção
desta manobra foi a de que dessa forma todos os alunos do curso obrigato-
riamente conhecessem este conteúdo, e não apenas aqueles que quisessem
fazer a disciplina optativa, que foi então cancelada. Passou-se, com isso, a
usar também a ótica do design como uma das diretrizes do curso de moda-
lidade profissional.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 71

Figura 11 – Método Tradicional de Projeto do Design desenvolvido pela


Prof.ª Dr.ª Mônica Stein para o Programa de Pós-Graduação em Gestão
do Cuidado em Enfermagem – Modalidade Mestrado Profissional
Método Tradicional

Briefing

Levantamento de Dados
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Análise do Problema

Conceito

Geração de Alternativas

Seleção da melhor alternativa

Refino da solução

Protótipo

Testes

Modificações

Implementação

Fonte: STEIN, 2015.

Dentro desta nova disciplina, o design continuou explicitando os tra-


dicionais métodos do design, dentro da ótica do Design Thinking, com sua
abordagem centrada no usuário, conforme uma proposta metodológica pró-
pria de fases desenvolvida pelos professores do curso, somadas a sugestão
de ferramentas e técnicas conhecidas no meio do design para cada uma delas
como, por exemplo: sistema de personas, jornada do usuário, mapa mental e
conceitual, painel semântico e técnicas de criatividade.
Uma vez que o Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado em
Enfermagem – Modalidade Profissional já vinha apresentando aos enfermeiros
os métodos tradicionais de projeto na modalidade do Mestrado Profissional,
planejou-se que no Doutorado Profissional os pós-graduandos pudessem ter
72

contato e exercitar uma versão e visão mais atual e rápida de projetação.


Nessa abordagem se prezaria pelo desenvolvimento de soluções MVP atra-
vés de métodos ágeis, com foco na implementação comercial dos resultados
(soluções) obtidos, ao invés de repetir o ensino de um método mais longo que
costuma priorizar soluções mais complexas e completas, e não mínimas. Tal
viés mercadológico seria compatível à modalidade profissional, e consistiria
em um fator de motivação e incentivo para o enfermeiro, ao estimulá-lo a
praticar não apenas sua visão solucionadora, mas também empreendedora. A
Figura 12 demonstra, sistematicamente, a diferença entre métodos tradicionais

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de projeto e o processo de criação de MVP via Métodos Ágeis.

Figura 12 – Diferença entre Métodos Tradicionais e Métodos Ágeis


Produto Final

Método tradicional de projeto

Abordagens filosóficas
Método ágil de projeto

MVP 1 MVP 2 MVP 3 MVP 4 MVP 5

Mínimo produto viável = MVP

Fonte disponível em: https://www.opus-software.com.br/metodologia-agil/.

Dessa forma, foi escolhida a disciplina do doutorado intitulada “Tecnolo-


gias e Inovação em Enfermagem”, do Programa de Pós-graduação em Gestão
do Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional, para a implementação
de conteúdos de projetação de soluções através de atividade teórico-práticas
dos alunos.
Na sequência é apresentado o processo de projetação proposto, ensi-
nado aos pós-graduandos durante o curso com as constatações e resultados
preliminares obtidos.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 73

Processo de projetação proposto

Diante do levantamento das tecnologias de projetação em voga, prove-


nientes do design e da engenharia, bem como das correlações com o universo
das StartUps, estruturou-se dentro da abordagem do Design Thinking e do
Método Double Diamond (DD), uma proposta de sistematização projetual
centrada no usuário. Embasada na filosofia e prática dos Métodos Ágeis,
especificamente do Lean Startup, foi escolhida a dinâmica do MVP para a
busca por soluções para produtos, serviços ou processos apresentados por
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meio da técnica do Storytelling, enquanto problemática projetual.

Figura 13 – Transposição da sistemática do método de projeto tradicional do


mestrado profissional para a sistemática do MVP do doutorado profissional

Produto Final
Briefing
Método tradicional de projeto

Levantamento de Dados

Análise do Problema

Método ágil de projeto Conceito

Geração de Alternativas

Seleção da melhor alternativa

MVP 1 MVP 2 MVP 3 MVP 4 MVP 5 Refino da solução

Mínimo produto viável = MVP


Protótipo

Testes

Modificações

Implementação

Fonte: Os autores.

O Storytelling consiste na apresentação de um contexto, no caso o pro-


blema de projeto, por meio de uma estória ou história, ou seja, de uma narra-
tiva. Essa técnica se demonstra vantajosa por cativar a atenção dos envolvidos,
despertando a imaginação e o sentimento de empatia perante a relevância do
cenário traçado (PALACIOS; TERENZZO, 2016).
74

Figura 14 – Proposta do Storytelling – insumos e entregas


Dificuldades

Necessidades Cria senso empático

Situações enfrentadas
Técnica do Storytelling Exemplifica problemática

Pessoas envolvidas
Desperta imaginação

Ordem dos fatos

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Fonte: Os autores, 2021.

Uma vez estabelecida a narrativa, esta serve como informação de entrada


para a aplicação do DD. Para cada uma de suas etapas propõe-se um apanhado
de ferramentas e técnicas a serem inseridas conforme a necessidade e/ou tipo
de projeto a ser trabalhado.
No Quadro 1 são apresentadas algumas das combinações possíveis de
ferramentas para o tipo de projeto. Aqui valem ressaltar que a listagem reali-
zada não é exaustiva, tão pouco as ferramentas indicadas precisam necessa-
riamente ser aplicadas. Ainda, o fato de uma ferramenta não ter sido listado
não implica que ela não possa ser útil, pertinente ou relevante.
Quadro 1 – Ferramentas e técnicas pertinentes às fases do DD por tipo de projeto
Tipo de Ferramentas relacionadas
Fase do DD
projeto (algumas das opções pertinentes)
Análise sincrônica e diacrônica; Benchmarking; Busca de patentes; Entrevistas;
Descobrir
Engenharia reversa; Pesquisa de mercado; Mapa de empatia; Mapa Semântico; Mapa
(Discover)
Mental.
Definir Estrutura funcional; Matriz casa da qualidade; Requisitos e especificações de projeto;
Produto (Define) Personas.
Desenvolver Métodos de criatividade: Brainstorming, Brainwriting, Seis chapéus; Matriz morfológica;
(Develop) Modelagem 3D; Simulações virtuais.
Entregar
Prototipagem virtual e/ou física; Manual de uso do produto.
(Deliver)
Descobrir Análise e síntese de processo; Análise sincrônica e diacrônica; Benchmarking;
(Discover) Entrevistas; Observação; Shadowing; Mapa Semântico; Mapa Mental.
Definir
Mapa do fluxo de valor (estado atual); Métricas de processo; Personas.
(Define)
Processo
Desenvolver Métodos de criatividade: Brainstorming, Brainwriting, Seis chapéus; Mapa do fluxo de
(Develop) valor (estado futuro – melhorado); Simulações virtuais; Simulação de processos.
Entregar Prototipagem virtual e/ou física; Procedimento operacional padrão; Treinamentos e
(Deliver) capacitações.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 75

continuação
Tipo de Ferramentas relacionadas
Fase do DD
projeto (algumas das opções pertinentes)
Descobrir Benchmarking; Entrevistas; Observação; Shadowing; Jornada do usuário; Cliente oculto;
(Discover) Pesquisa de mercado; Mapa de empatia; Mapa Semântico; Mapa Mental.
Definir
Service Blueprint (estado atual); Personas; Métricas de serviço.
(Define)
Serviço
Desenvolver Métodos de criatividade: Brainstorming, Brainwriting, Seis chapéus; Service Blueprint
(Develop) (estado futuro – melhorado); Simulações virtuais; Simulação de serviços.
Entregar
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Prototipagem virtual e/ou física; Role play; Treinamentos e capacitações.


(Deliver)

Fonte: Os autores.

De forma a registrar as atividades a serem desenvolvidas e permitir o


acompanhamento visual de sua execução ao longo do projeto é proposto o
uso do Kanban. Aliado a ele, como forma de organizar e concentrar o esforço
e fluxo de trabalho da equipe de projetação propõe-se a aplicação do Scrum.
O uso conjunto de ambos é inclusive intitulado na literatura como Srumban
(REDDY, 2015). Pela acessibilidade e versatilidade softwares on-line, como
o Trello, são sugeridos para suportar tal estruturação. De forma a ilustrar
conceitualmente a sistematização, tem-se a Figura 15.

Figura 15 – Proposta de processo de projetação


Design + Engenharia

Técnicas,
ferramentas,
métodos

Enfermagem

Storytelling Double Diamond MVP

Backlog
Atividades de projetação

To do Doing Done
Atividade b
Atividade a
Atividade c
Atividade p
Atividade o
Atividade d

Atividade n Atividade q
Atividade z

Kanban

Scrum

Fonte: Os autores, 2021.


76

Como mencionado previamente, a seleção das ferramentas que venham


a compor cada fase do DD, exemplificado no Quadro 1, é de liberdade das
equipes projetuais, conforme seu conhecimento e domínio delas.

Capacitação e os resultados encontrados

Em termos de estruturação dos conteúdos necessários para aplicação da


proposta, na forma de capacitação, tais são repassados às equipes de projetação
por meio de aulas sequenciais expositivas e dialogadas, cada qual com uma

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temática específica de forma a prover aos profissionais informações mínimas
sobre cada um dos métodos, ferramentas e da estrutura de projetação.
A cada aula foi elaborada apresentação do conteúdo em escala de perti-
nência ao desenvolvimento de produtos, processos e serviços, apresentando
quais ferramentas e técnicas poderiam ser mais interessantes para cada situa-
ção. Ainda, exercícios foram propostos para equipes de profissionais, cada
qual para um tipo de projetação (produto, processo e serviço), como forma
de prática e vivência das ferramentas, bem como meio de identificação de
necessidade de explicações e demonstrações adicionais. Seguindo a proposto,
cada atividade contou com uma narrativa específica (i.e. Storytelling para
uma demanda de produto, um para processo e um para serviço), estimulando
a imersão das equipes aos contextos apresentados. Uma vez repassados todos
os conteúdos planejados, foi realizada uma aula de recapitulação dos métodos
e ferramentas, fazendo-se um paralelo entre as particularidades identificadas
em cada um dos focos de desenvolvimento.
Compreendendo as aulas, e algumas leituras complementares, a base para
a capacitação dos profissionais, esses se agruparam em equipes de projeta-
ção, cada qual com um foco. Cada equipe identificou uma problemática a ser
tratado, dentro de sua área de atuação (e.g. pediatria, emergência, geriatria),
para a qual foi gerado um storytelling e aplicado o processo de projetação
apresentado anteriormente. De forma a ilustrar o processo de capacitação e a
organização das aulas e práticas, tem-se a Figura 16.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 77

Figura 16 – Capacitação das equipes de projetação


Aulas / Conteúdos

Métodos ágeis
Scrum e Kanban
Exercício/
Vivência Equipes de projetação

Design Thinking
Double Diamond
Equipe de
produto Storytelling MVP
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Projeto de
Produtos
+ Ferramentas Equipe de Storytelling MVP
processo

Projeto de
Processos
+ Ferramentas Equipe de Storytelling MVP
serviço

Projeto de
+ Ferramentas
Serviços

Paralelo entre
Produto. Processo
e Serviço

Fonte: Os autores, 2021.

Pela aplicação identificou-se que, apesar de ser uma proposta nova para
os enfermeiros, a dinâmica de capacitação e o processo de projetação mos-
trou-se viável e adequado, gerando como resultados não apenas novos, ou
significativamente melhorados, produtos, processos e serviços, como tam-
bém o próprio olhar sobre sua atuação profissional e a potencialidade do
conhecimento agora internalizado na melhoria dos ambientes, processos e
procedimentos de cuidado à saúde.
As propostas/trabalhos até agora apresentadas encontram-se atualmente
em processo de patenteamento (as passíveis de), para que possam futuramente
ser apresentadas a empresas com a intenção de viabilizar sua inserção no
mercado, assim como outras se encontram em adaptação de seus artigos para
inserção em periódicos científicos e congressos.
78

Considerações finais

O futuro da enfermagem requer que os enfermeiros evoluam para além


de usuários avançados de tecnologias, assumindo papel proativo na pesquisa e
desenvolvimento de políticas e práticas, e no projeto de dispositivos e moda-
lidades de cuidado, em um esforço multidisciplinar, incremental e evolutivo.
Ao se fomentar a presença e participação de enfermeiros em espaços de
criação e inovação de dispositivos, processos e serviços de saúde, tem-se o
estímulo à melhoria da experiência do paciente, das operações dos estabele-

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cimentos de saúde, melhores resultados clínicos, econômicos e sociais, bem
como provê a esses profissionais oportunidades e benefícios sociais, pessoais,
financeiros, acadêmicos e profissionais.
No caso específico da experiência da disciplina disponibilizada no Dou-
torado do Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional, tais reflexões são passíveis de compreensão
a partir da vivência dos enfermeiros na mesma a partir da disponibilização
da proposta de inserção dos conteúdos da engenharia e do design somadas
aos métodos ágeis em voga atualmente nas StartUps. As atividades práticas
propostas permitem que se trabalhem produtos, processos e serviços, através
da técnica do storyline, métodos, ferramentas e técnicas diversas adequadas
ao contexto do problema escolhido.
Do ponto de vista da inovação tecnológica, pode-se dizer que trazer estes
assuntos para aqueles que apenas realizavam as soluções sem critérios proje-
tuais, e sem a percepção pragmática do mercado/empresas permitiu-lhes se
inserir em outro patamar, alinhado não apenas com os métodos, ferramentas
e técnicas de outros universos científicos, mas com a dinâmica mercadoló-
gica, de empresas e pesquisas de outros campos, como o empreendedor. A
possibilidade de criação em diversas vertentes pode trazer aos enfermeiros
um novo olhar sobre suas próprias práticas, bem como sobre o viés criativo
para a indústria nacional e até mesmo internacional. Portanto, neste quesito,
pode-ser reformação a afirmação de que, pragmaticamente, está se falando
em uma forma distinta de tecnologia inovadora em saúde e enfermagem.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 79

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CAPÍTULO 2
DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM COMO TECNOLOGIA
DO TRABALHO EM ENFERMAGEM
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Francine Lima Gelbcke


Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues
Sabrina da Silva de Souza

Objetivos

Refletir sobre os desafios e perspectivas da Sistematização da Assistência


em Enfermagem como tecnologia do trabalho em enfermagem, nas dimensões
do cuidado, da gestão e da educação.

Introdução

A sociedade tem passado por mudanças significativas nos últimos tempos,


com a introdução de novas tecnologias e o uso contínuo delas, bem como
com a globalização das informações. Este contexto cada vez mais tecnológico
tem interferido nos processos de trabalho, com a incorporação de sistemas de
informação e comunicação ágeis, impactando no dinamismo das equipes de
trabalho, inclusive no contexto hospitalar. A Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE) e em especial o Processo de Enfermagem (PE), tem sido
implementado em instituições de saúde, por meio de softwares, qualificando
a gestão e a eficiência do atendimento (PISSAIA; COSTA; MORESCHI;
REMPEL; CARRENO; GRANADA, 2018).
A contribuição da SAE como ferramenta tecnológica que tem implicações
na gestão, no cuidado e na educação, que nos apresenta desafios, mas também
perspectivas que podem impactar nas dimensões do fazer da Enfermagem,
bem como na mudança e fortalecimento da profissão, é o que pretendemos
abordar neste capítulo.
Ao se refletir sobre tecnologias para a enfermagem, eixo deste capítulo,
a SAE dificilmente seria lembrada como uma tecnologia, até porque para
muitos, tecnologias se referem a equipamentos, materiais, as tecnologias
duras, ou seja, aquelas que estão relacionadas ao manejo de equipamentos e
84

medicamentos utilizados nas intervenções terapêuticas (MERHY; FEUER-


WERKER, 2017).
Considerando a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)
no 358/2009, a SAE organiza o trabalho da enfermagem quanto ao método,
pessoal e instrumentos, possibilitando que o PE seja operacionalizado (COFEN,
2009). Portanto, é nesta perspectiva que se caracteriza como uma tecnologia,
pois se entende que esta é uma “teoria ou análise organizada das técnicas, pro-
cedimentos, métodos, regras, âmbitos ou campos da ação humana” (AURÉLIO,
2021, s.p.). Transcendendo a isto, podemos dizer que o PE é uma tecnologia

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relacional, pois envolve o profissional e o sujeito do cuidado.
A SAE é uma tecnologia de organização do trabalho, como prevê a
Resolução COFEN nº 358/2009 (COFEN, 2009), porém seu uso ainda é
incipiente, considerando que os profissionais de enfermagem e em especial
os enfermeiros1 apontam dificuldades na sua utilização, como baixa credibi-
lidade do método, distanciamento da teoria e da prática, método entendido
por muitos como burocrático e de difícil execução em função da sobrecarga
de trabalho (BOAVENTURA; SANTOS; DURAN, 2017; MOLA; DIAS;
COSTA; FERNANDES; LIRA, 2019).
Vale ressaltar que o PE, um dos elementos da SAE, desde o período de 1970
a 1980, tem sido implantado no país, a partir da Teoria das Necessidades Huma-
nas Básicas e mesmo assim ainda há lacunas na sua utilização e no conhecimento
dos profissionais acerca de ambos os conceitos (MOLA; DIAS; COSTA; FER-
NANDES; LIRA, 2019). Portanto, entende-se que o primeiro grande desafio
está em efetivar o que está previsto na Resolução COFEN no 358/2009, ou seja,
que todas as instituições de saúde tenham a SAE implantada.
Outro desafio apontado na literatura é a distinção clara do significado
de SAE e PE, já que para muitos profissionais estes termos são sinônimos
(BOAVENTURA; SANTOS; DURAN, 2017). Autores apontam que há mais
de uma década é comum que PE, metodologia da assistência e a própria SAE
ora apresentem-se como sinônimos, ora como diferentes definições. Percebe-se
o emprego equivocado desses termos, gerando conflito e dificuldade de enten-
dimento sobre a prática profissional da Enfermagem, sendo este conflito ainda
presente no cenário atual (OLIVEIRA; ALMEIDA; MOREIRA; TORRES,
2019). Ou seja, pelo que foi explicitado, o PE está incluído na SAE, sendo
um de seus elementos, já que esta envolve além do PE, o dimensionamento
de pessoal, normas e rotinas para organização do trabalho, entre outros ele-
mentos, como veremos a seguir.
Desconstruir a SAE como um método burocrático, que sobrecarrega
principalmente os enfermeiros, é outro desafio a ser vencido.
1 Apesar de a enfermagem ser majoritariamente feminina, a utilização do termo enfermeiros não se refere a
gênero, mas a uma forma genérica de tratar os profissionais de enfermagem de nível superior.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 85

Considerando as dimensões do fazer da enfermagem – cuidado/assis-


tência, gestão e ensino – o presente capítulo busca vislumbrar os desafios
e perspectivas da SAE como tecnologia do trabalho da enfermagem nestas
três dimensões.

Sistematização da Assistência de Enfermagem – tecnologia de


trabalho

Como já discutido, a SAE incorpora métodos, processos, instrumen-


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tos, conforme disposto na ilustração abaixo, pautados na Resolução COFEN


no 358/09:

Figura 1 – Definição da Sistematização da Assistência de


Enfermagem conforme Resolução COFEN no 358/09

SAE
RESOLUÇÃO COFEN 358/09

Dimensionamento
Método Científico RESOLUÇÃO COFEN Instrumentos
293/04

Protocolos
Teorias de Processo / Consulta
Manuais
Enfermagem de Enfermagem
Impressos

Taxonomias Registros de Enfermagem

NANDA I RESOLUÇÕES:
NOC 191/96
NIC 311/07
CIPE® 358/09
429/12

Fonte: COREN-BA, 2016.

Enquanto método, a SAE se respalda no método científico, desenvol-


vido por meio da aplicação das Teorias de Enfermagem e do PE ou Consulta
de Enfermagem, quando estiver sendo realizado em serviços ambulatoriais,
domicílios, escolas, associações comunitárias, entre outros (COFEN, 2009),
86

sendo que o PE/Consulta se utilizam das taxonomias e estão respaldados


nas resoluções. Quando se trata de pessoal, a SAE se fundamenta na Reso-
lução nº 543/2017 (anteriormente na Resolução 293/2004), que dispõe sobre
Dimensionamento do Pessoal de Enfermagem e quanto aos instrumentos:
os protocolos, manuais, procedimentos operacionais padrão (POP), que dão
sustentação ao trabalho da enfermagem (COFEN, 2017).
Portanto, o trabalho da enfermagem depende de um arcabouço de conhe-
cimentos e práticas, que devem ser selecionados pelos profissionais de enfer-
magem, em especial pelos enfermeiros, enquanto coordenadores e líderes da

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assistência de enfermagem, para que o cuidado prestado seja seguro e atenda
às necessidades dos sujeitos do cuidado. Neste sentido, concordamos com
Oliveira, Almeida, Moreira, Torres (2019), que a sistematização do processo
assistencial é uma tecnologia essencial para dirigir as ações da equipe.

Sistematização da Assistência de Enfermagem como tecnologia


de gestão

A compreensão da SAE como tecnologia de gestão em enfermagem parte


do entendimento da atuação do enfermeiro na gestão do cuidado, considerando
as dimensões técnica, política e comunicacional (MANENTI; CIAMPONE;
MINAMI; SOARES, 2012). A dimensão técnica diz respeito a um conjunto
de instrumentos, conhecimentos e habilidades necessárias para o alcance das
metas, envolvendo tecnologia leve, leve-dura e dura. Já a dimensão política
se refere à articulação entre o trabalho de gestão e o projeto assistencial que
se propõe, e a dimensão comunicacional envolve a interação e a cooperação
entre a equipe de saúde visando um projeto assistencial comum. Neste con-
texto, as dimensões política e comunicacional utilizam, principalmente, de
tecnologias leves e leve-duras na sua aplicação.
A aplicação dessas dimensões na gestão em enfermagem se constitui no
desenvolvimento de ações voltadas à organização do cuidado e de recursos
humanos, viabilizando as condições adequadas para que a equipe de enfer-
magem atue no sentido de atender às demandas dos usuários.
Desta forma, a gestão em enfermagem se constitui no exercício profis-
sional do enfermeiro, sustentado na ciência da enfermagem, mediante ações
de planejamento, organização e controle da prestação de cuidados de modo
a garantir a sua continuidade e sustentabilidade às políticas e orientações
estratégicas da instituição. Assim, propicia uma cultura organizacional que
favorece a prática do cuidado seguro e eficiente, mediante o dimensionamento
de pessoal, desenvolvimento de educação permanente e implementação de um
modelo de cuidado que possa guiar a prática de enfermagem e apoiar as ações
dos profissionais (MORORÓ; ENDERS; LIRA; SILVA; MENEZES, 2017).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 87

Nessa perspectiva, a SAE, mais especificamente o PE, na medida em


que estimula o raciocínio clínico dos enfermeiros, de modo a identificar as
necessidades de saúde dos usuários atua como uma ferramenta tecnológica
de gestão que possibilita tanto o dimensionamento do pessoal de enfermagem
quanto à identificação das necessidades de educação permanente no trabalho.
Observa-se em âmbito mundial, uma preocupação crescente com a dis-
ponibilização de serviços de saúde que prestam uma assistência segura e de
qualidade (OMS, 2004), atributos que tem relação com a força de trabalho,
que envolve dentre outros aspectos o provimento em qualidade e quantidade.
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O dimensionamento de pessoal de enfermagem fornece os parâmetros


indispensáveis para o provimento de pessoal tanto em quantidade como em
qualidade, sendo a base para a organização da equipe necessária para o aten-
dimento das necessidades dos usuários, respeitando o grau de dependência
por eles apresentados (COREN, 2017).
Deste modo, mediante a realização do histórico, diagnóstico e avalia-
ção de enfermagem, as quais utilizam tecnologias leve e leve-duras, como
entrevista e exame físico, o PE funciona como uma ferramenta e tecnologia
de gestão, a qual possibilita que os usuários sejam classificados por grau de
dependência em relação à equipe de enfermagem, subsídio indispensável para
o cálculo de pessoal.
A classificação diária e sistemática dos usuários permite a adequada
organização da assistência e a realização do dimensionamento do pessoal
de enfermagem. Além disso, reorienta para o cuidado centrado no usuário,
articulando melhorias para a criação de ambientes de prática favoráveis e
positivos (VANDRESEN; PIRES; LORENZETTI; ANDRADE, 2018).
O COFEN estabeleceu diretrizes para o dimensionamento de pessoal com
utilização da classificação de pacientes mediante a Resolução no 543/2017.
O grande desafio para a enfermagem é a prática da classificação diária das
necessidades assistenciais dos usuários e o consequente dimensionamento
adequado de profissionais para cuidados seguros.
O PE também pode ser utilizado como ferramenta na identificação das
necessidades de educação permanente do pessoal de enfermagem, na medida
em que possibilita o registro da prática da enfermagem, evidenciando as fra-
gilidades e necessidades de capacitação e aprimoramento profissional.
Como tecnologia de gestão, o PE orienta na escolha do modelo de cui-
dado, na medida em que se fundamenta filosoficamente em teorias de cui-
dado, e auxilia na elaboração de conceitos e pressupostos que apoiarão a
prática assistencial.
Portanto, nos cenários complexos e plenos de desafios como são os
ambientes de prática onde a enfermagem atua, o PE se constitui como tecno-
logia catalisadora das ações que possibilitam a busca de soluções.
88

Sistematização da Assistência de Enfermagem como tecnologia


de cuidado
Os conhecimentos, as habilidades e as atitudes específicas da Enferma-
gem são subsidiários das ações do enfermeiro, constituindo o núcleo essen-
cial da sua prática, cabendo-lhe a coordenação do processo de cuidar em
enfermagem nos diferentes âmbitos de atuação profissional (COREN, 2016).
Assim, por meio uma ferramenta tecnológica leve e potente para o cuidar
que é a SAE, tendo no PE o instrumento ético para a tomada de decisão é pos-

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sível organizar a prática de enfermagem e o fluxo da assistência, oferecendo
subsídios para o desenvolvimento metodológico de práticas interdisciplinares
e humanizadas de cuidado, permitindo uma assistência planejada, firmada em
conhecimentos e cuidados (SOARES; RESCK; TERRA; CAMELO, 2015;
SILVA, 2011).

Figura 2 – Articulação da Sistematização da Assistência de Enfermagem


com os serviços de saúde, Florianópolis, SC, Brasil, 2021

DIMENSÃO
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) SOCIAL

DIMENSÃO INDIVÍDUO DIMENSÃO


INDIVÍDUO/FAMÍLIA FÍSICA FAMÍLIA ESPIRITUAL

DIMENSÃO
PE EMOCIONAL

SAE

Evolução de HISTÓRICO DE
Enfermagem ENFERMAGEM

PROTOCOLOS
Prescrição de Diagnóstico de
Serviços de saúde Enfermagem Enfermagem
FLUXOS

Plano
POPS Assistencial

Fonte: As autoras, 2021.

Com a SAE é possível segurança no planejamento do cuidado, execução


e avaliação das condutas de enfermagem, individualização da assistência,
visibilidade e autonomia para o enfermeiro, diminuição do tempo de hospita-
lização e, consequentemente, economia de recursos que permite ao enfermeiro
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 89

tomar decisões clínicas apoiadas em julgamento de diagnósticos, resultados


esperados e intervenções de enfermagem e realizar o levantamento de dados,
identificando os problemas e, a partir de então, determinar os diagnósticos de
enfermagem, o que possibilita a elaboração de um plano de cuidados voltados
às necessidades particulares de cada indivíduo (OLIVEIRA; ALMEIDA;
AZEVEDO; ALMEIDA; OLIVEIRA, 2015; MALUCELLI, 2011).
O registro é a característica primária da SAE, aliado ao processo intelec-
tual desenvolvido pelo enfermeiro, englobando o PE. O PE é uma atividade
profissional específica que demanda uma série de ações inter-relacionadas fun-
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damentada no conhecimento técnico-científico e em valores histórico-culturais


do profissional enfermeiro. Atividades inerentes e exclusivas da profissão são
consideradas partes do PE como as ações e intervenções de enfermagem (Pla-
nejamento e Implementação de Enfermagem), tendo como base o julgamento
sobre as necessidades humanas específicas (diagnósticos de Enfermagem), para o
alcance de resultados (resultados de Enfermagem) (BOAVENTURA; SANTOS;
DURAN, 2017). O processo de enfermagem é a forma de conferir-lhe racionali-
dade científica capaz de evidenciar a especificidade de nosso saber/fazer, sendo
um conjunto de diretrizes para a prática de enfermagem (LIMA; LIMA, 2017).
Através do PE os enfermeiros implementam seus papéis integrando a
arte quanto a ciência da enfermagem, podendo se dizer que o PE é a enfer-
magem que se vê (COFEN, 2009). Quando não registramos o cuidado que
prestamos, ele se torna invisível, contestável, é como se não ocorresse. Nele,
o enfermeiro legitima o cuidado, identifica as necessidades de assistência à
saúde do paciente e os recursos do mesmo, para estabelecer e realizar um
plano de cuidados que atinja os resultados estabelecidos.
O plano de cuidados possibilita ao profissional enfermeiro o uso do
pensamento crítico no oferecimento de cuidados individualizados e integrais
respeitando o estado de saúde doença, as crenças e as práticas de saúde e as
relaciona com as dimensões humanas, bem como contribui para um cuidado
mais seguro convergente as necessidades de saúde da pessoa assistida (OLI-
VEIRA; ALMEIDA; MOREIRA; TORRES, 2019).
As fases do PE são as bases para as ações do cuidado individualizado e
humanizado. A prática de forma sistematizada melhora a qualidade da assis-
tência e contribui para o reconhecimento da importância das ações de enferma-
gem em qualquer nível de assistência à saúde, dando visibilidade a profissão e
mais que isso cumprindo sua responsabilidade civil (MOLA; DIAS; COSTA;
FERNANDES; LIRA, 2019).
Para dar conta desse cuidado o enfermeiro pode inserir-se nos processos
de trabalho, ocupando todos os espaços que lhe dizem respeito, de forma cons-
ciente e direcionada às necessidades especificas da população (ROSSI, 2005).
A utilização das tecnologias duras também auxilia nas ações do cuidado
de enfermagem, dentre eles destaca-se a telenfermagem. Os cuidados prestados
90

pela enfermagem não podem deixar de acontecer pelo simples distanciamento


físico. Um dos dispositivos mais importantes na telenfermagem é a telecon-
sulta, que é caracterizada pelo uso de recursos tecnológicos para a realização da
prática de enfermagem à distância na dimensão assistencial. Para efetivação da
telenfermagem é necessário a incorporação de tecnologias, como: computadores,
telefones, diversas mídias que possibilitam a interação. Para realizar a telessaúde
o profissional enfermeiro segue, como em qualquer outra ação profissional, a
legislação e o código de ética, adequando ao contexto e que garantam práticas
seguras, principalmente em confidencialidade e privacidade, realizando a SAE

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e o PE (GUERRA; CARMO; BOUERI; SANTOS; OLIVEIRA, 2020).
Um dos desafios da SAE é o registro do PE. O processo laboral do
enfermeiro é uma atividade complexa, devido à necessidade de desempe-
nho de atividades gerenciais e assistenciais nos diversos espaços de saúde
que ocupa, determinando a tomada de decisão adequada e rápida (GOMES
DOS SANTOS; MONTEIRO; NUNES; BENÍCIO; NOGUEIRA, 2017). O
tempo despendido nas tarefas administrativas implica diretamente em menor
dedicação do enfermeiro na SAE e principalmente no PE, mesmo sabendo
que este é dinâmico e que viabiliza a organização da assistência ao paciente.
O PE constitui-se de cinco etapas tecnológicas: histórico de enfermagem;
diagnósticos de enfermagem; plano assistencial; prescrição de enfermagem;
evolução de enfermagem (HORTA, 1979).

Figura 3 – Papel do enfermeiro no Processo de


Enfermagem. Florianópolis, SC, Brasil, 2021
Processo de Enfermagem (PE)

Investigar a
situação de
saúde doença
da pessoa

Avaliar o Diagnosticar
cuidado (identificar) o
problema.

Enfermeiro

Implementar o Planejar o
cuidado cuidado

Fonte: Autoras, 2021.


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 91

Considerando o PE uma tecnologia de cuidado, Sabino, Tabelo, Afio,


Lavinas, Santos e Alves (2016) apontam que as tecnologias podem ser dividi-
das em: leve com a constituição de relações para implementação do cuidado;
leve-dura com a construção do conhecimento por meio de saberes estruturados
e dura com a utilização de instrumentos, normas e equipamentos tecnológicos
como bombas de infusão e software.
No Quadro 1 apresentamos como cada etapa do PE se consolida como
uma tecnologia de cuidado e seus desafios.
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Quadro 1 – Etapas do Processo de Enfermagem. Florianópolis, SC, Brasil, 2021


Objetivo da Etapa
Etapas do PE do Processo de Como realizar Tecnologia Desafios
Enfermagem
Tecnologia leve
Escuta atenta,
– como a relação
Através do Histórico de acolhendo as queixas e
Investigar a Coletar, validar e interpessoal e leve
Enfermagem, exame a história do paciente e
situação saúde comunicar os dados com dura, por requer
físico, consulta em família;
doença. o paciente. saber estruturado
prontuário. Realização do exame
e científico do
físico completo.
enfermeiro.
Identificar prioridades da
investigação, motivadas
pelo proposito da
investigação e pela Clareza nos
condição do paciente. Elaborar uma lista com diagnósticos de
Estabelecer as bases os diagnósticos de enfermagem a partir
de dados (história de enfermagem em ordem Tecnologia leve do referencial teórico
enfermagem, exame de de prioridade. dura por requer assistencial adotado
Diagnosticar o
enfermagem, revisão do Interpretar e analisar saber estruturado pela instituição.
problema.
prontuário do paciente, dados do paciente. e científico do Conhecimento científico
consulta a pessoas Uma opção de enfermeiro. apurado que permita
da rede de apoio do diagnóstico são os da análise crítica acerca da
paciente). CIPE, NANDA. condição saúde doença
Atualizar continuamente do paciente.
dos dados.
Validar os dados;
Comunicar os dados.
Planejamento do
cuidado a partir
Estabelecer prioridades
da definição dos
Selecionar intervenções Tecnologia leve dura
Elaborar um plano de diagnósticos de
Planejar o de enfermagem. por requer saber
cuidados individualizados enfermagem que
Cuidado. Comunicar ao paciente estruturadas, bases
de enfermagem. sejam convergentes
o plano de cuidados de científicas.
com as necessidades
enfermagem.
e expectativas do
paciente.
continua...
92

continuação
Objetivo da Etapa
Etapas do PE do Processo de Como realizar Tecnologia Desafios
Enfermagem
Monitorar se o plano de
Tecnologia leve
cuidado elaborado está
– como a relação
Auxiliar o paciente a sendo executado pela
Implementar o Executar o plano de interpessoal e leve
atingir os resultados equipe de enfermagem,
cuidado cuidados. dura por requer
desejados. se é convergente
saber estruturadas,
as necessidades do
bases científicas.
paciente.

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Avaliar diariamente
se o plano de
cuidado implantado
e implementado
Medir o quanto o paciente Identificar os pontos Tecnologia leve dura
contribuiu para
Avaliar o atingiu os resultados de sucesso e os de por requer saber
atingir os resultados
cuidado a partir do plano de fracasso no plano de estruturado, bases
esperados para o
cuidados estabelecidos. cuidados estabelecidos. científicas.
paciente, em um
movimento contínuo de
avaliar e redefinir metas
e objetivos do cuidado.

Fonte: As autoras, 2021.

Percebemos então que, para se chegar a um plano de cuidados eficaz e


resolutivo, é necessário que se observe todas as dimensões do cuidar, elabo-
rando um plano de cuidados e isto requer que o enfermeiro tenha a capacidade
de identificar as situações problema e pontuá-las para, a partir dessa análise
e interpretação, buscar a melhor forma de intervir. Para isto, este profissional
necessita utilizar o PE que é o eixo estruturante de sua prática profissional
(PISSAIA; REHFELDT; COSTA; MORESCHI; THOMAS, 2020).
Assim, a SAE e o PE se consolidam como uma tecnologia leve, leve-dura
de cuidado em saúde, pois ambos requerem do profissional enfermeiro um
saber estruturado em bases científicas com método específico.
O PE em algumas instituições de saúde pode estar associado também à
tecnologia dura quando seu processo de registo de dados acontece em software.
Contudo, os sistemas tecnológicos de registros dos dados (tecnologia dura)
só serão efetivos se as tecnologias de cuidado leve e leve dura da SAE e do
PE forem suficientemente consumidas e produzidas pelo enfermeiro, pois o
cuidado em enfermagem e saúde ou seus processos gerenciais e ações práticas
podem ser facilitados pelas tecnologias, todavia nenhuma tecnologia poderá
substituir a relação e a compreensão intersubjetiva entre os seres humanos
(BAGGIO; ERDMAN; SASSO, 2010).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 93

Sistematização da Assistência de Enfermagem como tecnologia


de educação

Quando se reflete sobre tecnologia como processo, métodos, instrumentos


e principalmente como possibilidade de mudança, a SAE apresenta-se como
uma tecnologia importante no processo de formação de enfermeiros.
A SAE e o PE garantem um cuidado humanizado, científico, articulado
ao conhecimento científico, dando visibilidade e valorizando a profissão.
Apesar destes aspectos importantes e positivos, há um desconhecimento dos
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enfermeiros acerca da SAE, bem como do PE.


Autores afirmam a importância da formação dos enfermeiros no que con-
cerne a SAE e PE, no entanto, indicam desconhecimento dos profissionais de
enfermagem, em especial dos enfermeiros acerca da SAE, bem como déficit
nesta formação, em função de fatores como não utilização de metodologias
assistenciais nos campos de prática, dificultando o desempenho didático,
além do despreparo de docentes, que durante a sua formação não tiveram
oportunidade de desempenhar habilidades relativas ao PE (BOAVENTURA;
SANTOS; DURAN, 2017; LIMA; LIMA, 2017; SILVA; PAIVA; SILVA;
SUTO; FERNANDES; SANTOS, 2019).
As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em
Enfermagem indicam que o enfermeiro deve avaliar, sistematizar e tomar
decisões, pautado em evidências científicas, portanto, a formação acerca da
SAE e PE deve compor os projetos pedagógicos dos cursos de graduação
(SILVA et al., 2019).
Pissaia, Costa, Moreschi, Rempel, Carreno e Granada (2018, p. 95) afir-
mam que a “inclusão da SAE nas escolas de enfermagem colabora para a
visão integral do ser humano, evitando a fragmentação do ensino e da prática,
aproximando o conhecimento científico das habilidades práticas do profis-
sional”. Neste sentido, a educação formal, aliada a educação permanente, é
fundamental para instrumentalizar os enfermeiros para a aplicação da SAE
e do PE, articulando prática e teoria, subsidiando um saber-fazer pautado no
método científico, possibilitando, desta forma, o desenvolvimento do pensa-
mento crítico dos profissionais.
Silva, Paiva, Silva, Suto, Fernandes e Santos (2019) destacam, ainda,
o papel das Teorias de Enfermagem como alicerce ao PE, devendo guiar as
práticas e, portanto, serem ensinadas e aplicadas por meio do PE ao longo
da formação da prática clínica, apesar de apontarem certa desvinculação das
teorias ao PE na formação.
Facione, Crosseti e Riegel (2017) reforçam o papel das Teorias de Enfer-
magem, por meio das quais se desenvolvem, testam e aplicam tecnologias e
instrumentos de cuidados para orientar a escolha das melhores práticas, as
94

quais sejam sensíveis e singulares a cada sujeito do cuidado. Para tanto, os


enfermeiros necessitam desenvolver habilidades intelectuais, técnico-cientí-
ficas, éticas, estéticas e humanísticas, o que possibilitará que demonstrem a
capacidade de investigar, diagnosticar, estabelecer metas de cuidado, inter-
vindo por meio de evidências.
Assim sendo, mediante o desenvolvimento do PE, em especial das etapas
privativas do enfermeiro – diagnóstico de enfermagem e planejamento das
intervenções – o profissional demonstra o seu pensamento crítico, entendido
como o “processo de formar um julgamento reflexivo sobre o que acreditar

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ou o que fazer em qualquer contexto dado” (FACIONE; CROSSETI; RIE-
GEL, 2017, s.p). Portanto, o pensamento crítico está alicerçado em bases
científicas, da mesma forma que o processo de enfermagem se assenta nas
teorias de enfermagem, além do pensamento crítico subsidiar o PE e a prática
profissional. O fluxograma da Figura 4 demonstra tal articulação:

Figura 4 – Pensamento crítico e interfaces com a prática do enfermeiro

Conhecimento
Teórico de
Enfermagem Clínica

Habilidades
Prática Clínica PENSAMENTO Cognitivas e
CRÍTICO Perceptuais

Conhecimento das
Classificações de
Enfermagem

Fonte: COREN, BA, 2016.

A partir destas considerações sobre a formação do enfermeiro e a apli-


cação da SAE, destacam-se os desafios e perspectivas nesta dimensão do
saber-fazer. Um dos primeiros desafios é a utilização de métodos de ensino que
se aproximem da realidade das instituições de saúde, pois não basta ensinar
teoricamente. Os alunos precisam vivenciar o SAE e em especial o processo
de enfermagem. Neste sentido, a utilização de metodologias ativas, partindo
da problematização da realidade, pode ser uma estratégia importante, princi-
palmente se destacarmos o papel do PE para que os profissionais consigam
não apenas desenvolver, mas acima de tudo aplicar o pensamento crítico.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 95

Para tanto, tecnologias educacionais compreendidas como ferramentas


e aplicações que permitem tanto a inclusão como o fortalecimento de novas
estratégias de ensino são fundamentais para serem incorporadas aos sistemas
educacionais, com vistas a dar uma resposta eficiente a demandas de aprendi-
zagem que não mais respondem ao ensino tradicional. Tais tecnologias educa-
cionais, além de centrarem no aluno, são essenciais para consolidar um ensino
flexível e pautado em metodologias ativas. Salvador, Rodrigues, Ferreira
Júnior, Fernandes, Martins, Santos (2019, p. 17) afirmam que a “consolidação
das tecnologias educacionais deve ser norteada por uma tríade fundamental: a
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mudança de paradigma das instituições de ensino; a adaptação dos conteúdos


e currículos; e a relevante produção de material de ensino adaptada às novas
demandas tecnológicas”.
Outro desafio é ampliar o ensino da SAE, destacando-se a importância
dos registros de enfermagem, para os profissionais de nível médio, já que a
Resolução do no 358/2009 prevê a implantação desta em todas as instituições
de saúde. Portanto, os profissionais de nível médio também precisam conhecer
a SAE e as etapas do PE, em especial, a etapa de planejamento da assistência,
necessária para que se possa implementar ações de enfermagem, pautadas em
bases científicas e não apenas em rotinas institucionais. Desta forma, há que
se estabelecer um cuidado individualizado e não padronizado para todos os
sujeitos do cuidado.
Por meio do PE se estrutura uma ação mais humanizada, já que se esta-
belece como uma tecnologia relacional, que aproxima o saber-fazer de quem
cuida para quem é cuidado.
Com base nestes desafios, entende-se que a SAE enquanto tecnologia
de formação traz como perspectivas para a enfermagem, o desenvolvimento
de um saber-fazer pautado no conhecimento científico, permitindo que o
profissional utilize do pensamento crítico para a tomada de decisão.
Concordamos com Adamy, Zochhe e Almeida (2020, p. 4), quando
afirmam que o ensino de enfermagem é um “elemento articulador entre o
modelo idealizado e o que efetivamente se concretizou, no intuito de se criar
e cultivar a cultura de que aquilo que se ensina deve ser praticado”. Desta
forma, se investirmos na educação/formação de enfermeiros e técnicos de
enfermagem acerca da SAE e PE muito mais facilmente se concretizará o
que está previsto na Resolução no 358/2009, neste sentido as instituições de
saúde não implementarão a SAE por conta da força de lei, mas sim porque os
profissionais acreditam nesta como uma forma de garantir um cuidado mais
humanizado, individualizado, seguro, além de maior autonomia e visibilidade
para a profissão.
96

Considerações finais

Mais do que dificuldades e desafios, entende-se a SAE como uma fer-


ramenta que qualifica a assistência. Esta é um recurso importante para a
segurança do fazer da enfermagem e para o sujeito do cuidado ampliando a
visibilidade e valorização do fazer profissional e a autonomia da enfermagem.
Desta forma, sua utilização apresenta-se como uma necessidade nas institui-
ções, sendo esta implementação uma perspectiva importante no cuidado, na
gestão e na formação/ensino.

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A sua utilização possibilita a organização dos serviços, melhoria da qua-
lidade da assistência, segurança do paciente, controle de gastos, além de ser
um instrumento eficiente para avaliação da assistência, por meio da realização
de auditorias.
Portanto, a implementação da SAE em todas as instituições de saúde
configura-se como o grande desafio desta tecnologia, sendo necessário o apri-
moramento dos profissionais por meio da educação permanente, no sentido de
que todos os componentes da equipe de enfermagem sintam-se comprometidos
com a implementação da SAE, por meio do pensamento crítico e da tomada
de decisão respaldada nas bases teóricas e científicas da profissão.
Ainda em relação aos desafios, entende-se a participação ativa dos sujei-
tos do cuidado no seu processo de cuidar, com a definição em conjunto do
projeto terapêutico explicitado na etapa de planejamento da assistência, pois
estes sujeitos têm seus saberes, o que implica em novos arranjos tecnológicos.
Muito ainda há que se construir e reconstruir acerca da SAE e do PE,
mas reafirma-se a necessidade do compromisso de toda a equipe de enfer-
magem com esta tecnologia, garantindo autonomia, valorização e visibili-
dade profissional.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 97

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EIXO 3
NOVAS TECNOLOGIAS NA
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM: contribuições para a prática
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APRESENTANDO O EIXO NOVAS
TECNOLOGIAS NA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:
contribuições para a prática
Jane Cristina Anders
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Luciana Martins da Rosa

Este eixo apresenta as novas tecnologias/produtos produzidas por enfer-


meiros mestres profissionais da Turma CAPES/COFEN 2017-2019 do Pro-
grama de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enfermagem, da Universidade
Federal de Santa Catarina. Nos cursos profissionais da pós-graduação em enfer-
magem, os objetos dos planos de intervenções devem transformar a prática,
solucionar problemas e/ou inovar o modo de cuidar. As tecnologias/produtos
construídas na referida turma abrangeram o contexto da Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), exigindo reflexão aprofundada da prática
profissional, da cultura institucional, da inter-relação entre os profissionais e
usuários, como também, criatividade articulada com vários métodos e técni-
cas metodológicas vinculadas à produção de investigações científicas, tendo
a Translação do Conhecimento como processo orientador para esta prática.
A apresentação dos conteúdos neste eixo atenderá as linhas de investi-
gação do Programa, a saber: Gestão e Gerência em saúde e enfermagem; O
cuidado e o processo de viver, ser saudável, adoecer; e morrer e Tecnologia
em Saúde e Enfermagem. Cada capítulo apresentará a metodologia utilizada
na construção de novas ou inovadoras tecnologias/produtos de enfermagem
aplicados na SAE, com destaque às etapas metodológicas, à descrição do
produto e seus resultados.
Os capítulos ainda destacam os desafios dessa construção para a trans-
formação da prática. O processo de problematização da prática, incluindo a
busca por evidências científicas para solução dos problemas, com a construção
e implementação de tecnologias/produtos de enfermagem configuram etapas
da translação do conhecimento em cada contexto de cuidado. As tecnologias/
produtos que aqui serão apresentadas vinculam-se aos diferentes níveis de
atenção, com o intuito de contribuir para melhores resultados da SAE.
Portanto, os objetivos concercentes as este eixo são os seguintes: apresen-
tar os produtos, resultados e estratégias metodológicas utilizadas na elaboração
de projetos de intervenção, incluindo a criação, aplicação e ou avaliação das
104

tecnologias aplicadas ao cenário da prática profissional e evidenciar os desafios


para a implementação das novas tecnologias na SAE.

Considerações iniciais

A tecnologia/produto para a enfermagem configura um conjunto de fer-


ramentas que colocam em movimento uma ação transformadora da prática.
As técnicas, produtos e tecnologias criadas ou adaptadas, não podem ser
interpretados como apenas uma descrição do que foram descobertos ou cria-

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dos, pois seus “inventores” pautaram suas ações a partir de uma necessidade
para transformação do fazer, mediada entre a subjetividade e a racionali-
dade humana, estruturando e aprimorando a saúde. O papel do enfermeiro
no desenvolvimento de novas tecnologias/produtos vem transformando a
prática do cuidado de enfermagem (COSTA et al., 2016; SCHRAIBER; HIL-
LEGONDA; NOVAES, 2009; DANTAS; SANTOS; TOURINHO, 2010;
ROCHA; PRADO; WAL; CARRARO, 2008).
A prática do cuidado de enfermagem baseia-se na relação entre a teoria
e o cuidado. As teorias descrevem os fenômenos, auxiliando os enfermeiros
a compreender as necessidades daqueles com quem trabalham e a delinear
objetivos e respostas a essas necessidades, num movimento de relação, de
aproximação e de respeito à individualidade. Além disso, orientam a sistemati-
zação das ações da equipe de enfermagem. No campo da pesquisa essa relação
entre teoria e cuidado se estende à maneira como a investigação é realizada
e, principalmente, guia as escolhas dos objetos da investigação, na busca da
produção de conhecimento sobre algo definido como significativo (DAONE
et al., 2015; LORENZINI; BANNER; PLAMONDON; ELKE, 2019).
Para a transformação da prática, a Translação do Conhecimento vem
sendo indicada e chamada como uma necessidade em saúde, considerando
que muito se tem produzido cientificamente, entretanto, a produção de conhe-
cimento, das evidências científicas, nem sempre são implementadas na prá-
tica em saúde.
O uso do conceito de Translação do conhecimento (Knowledge Trans-
lation – KT) é encontrado principalmente na área de saúde e foi usado pela
primeira vez nos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde, em 2000, ano
em que o governo canadense recomendou que as pesquisas em saúde fossem
implementadas na prática clínica. Assim, o termo KT passou a ser conhe-
cido como o processo que faria a ponte entre o conhecimento da pesquisa
e a aplicação prática (ENGEBRETSEN; SANDSET; OODEMARK, 2017;
KHODDAM; MEHRDAD; PEYROVI; KITSON; SCHULTZ; ATHILIN,
2014; OLSON; OUDSHOORN, 2020).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 105

A Translação do conhecimento é o processo pelo qual os resultados


das pesquisas são adotados na prática clínica. Não é simplesmente um pro-
cedimento linear, mas envolve muitos processos, sistemas e interações do
pesquisador e dos usuários do conhecimento. O nível em que essas interações
ocorrem varia dependendo da situação e da aplicação do conhecimento. Seu
conceito ainda engloba um processo dinâmico e interativo que inclui síntese,
disseminação, troca e aplicação eticamente correta de conhecimento para
melhorar a saúde das pessoas, fornecer serviços e produtos de saúde mais
eficazes e fortalecer o sistema de saúde (CURTIS; FRAY; SHABAN; CON-
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SIDINE; STAJDUHAS, 2016).


Há inúmeros modelos de Translação do conhecimento, no entanto todos
têm em comum um corpo de ações que cria o conhecimento e outro que
permite a implementação e a monitorização do conhecimento na prática do
cuidado em saúde (CURTIS; FRAY; SHABAN; CONSIDINE; STAJDUHAS,
2016). Nos cursos profissionais há fortemente o incentivo à criação e imple-
mentação do conhecimento. Entretanto, os enfermeiros revelam dificuldades
para a Translação do Conhecimento no exercício da formação.
Neste eixo, vamos descrever os métodos, resultados e desafios deparados
pelos enfermeiros e mestres profissionais na criação e implementação de suas
tecnologias/produtos de enfermagem. Os métodos utilizados foram diversos,
assim, os convidamos à leitura e aproximação com a problematização de cada
cenário de cuidado que compõem os capítulos subsequentes e a resolução dos
diferentes problemas a luz das ações teóricas e práticas dos diferentes enfer-
meiros que contribuíram para a visibilidade e transformação da Enfermagem
e da SAE em Santa Catarina.
106

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grative Review. J Nurs Care, v. 5, p. 373, 2016. Disponível em: https://doi:
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EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 107

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PRODUTO 1
CUIDADO DE ENFERMAGEM
A PACIENTES COM SÍNDROME
CORONARIANA AGUDA:
construção de uma tecnologia leve1
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Thábata Larissa Agostini dos Santos


Eliane Matos
Kátia Cilene Godinho Bertoncello

Objetivo

Construir uma tecnologia leve, de uso assistencial para apoio na tomada


de decisão do enfermeiro para o planejamento da assistência ao paciente frente
a suspeita e/ou SCA já instalada em unidade de pronto atendimento.

Introdução

No cenário de mudanças do trabalho em saúde, a enfermagem como


ciência, que transita em diversos campos de atuação está constantemente
discutindo as melhores práticas e de maneira ampla incorpora inúmeras
oportunidades de melhorias empregando o uso das tecnologias tanto no
desenvolvimento de produtos, como na inovação dos processos de trabalho
(STARKWEATHER et al., 2019).
A inclusão de novas tecnologias em saúde e enfermagem exige a busca
por inovações na prática e discussões, reflexões e troca de experiências entre os
profissionais sobre o cuidado num ambiente tecnológico. A tecnologia na saúde,
não diz respeito apenas ao uso de novas máquinas e ferramentas físicas, mas
também de organização e sistematização das atividades que realiza em prol do
paciente (HONORATO; MARTINS; VIEIRA; CAMPOS; ALMEIDA, 2015).
Para responder aos desafios de novas formas de organização do processo
de trabalho e com foco no avanço tecnológico, o enfermeiro precisa experi-
mentar novas práticas, qualificando o cuidado com intervenções destinadas
à aplicação do conhecimento científico para fins práticos na produção do
cuidado em saúde (CECILIO et al., 2020).

1 Linha de Investigação: Gestão e Gerência em Saúde.


110

Sendo assim, ao buscar a implementação de tecnologias nos processos


de trabalho, encontram-se ferramentas de padronização que atuam de maneira
eficaz na rotina da enfermagem e proporcionam qualidade e segurança para o
enfermeiro. Tendo em vista que, padronizar é uma importante conduta geren-
cial, no intuito de uniformizar os fluxos e processos, a fim de contribuir de
maneira consistente na qualidade da assistência prestada, se faz importante
utilizar ferramentas tecnológicas, com profundidade científica, que auxilie
o enfermeiro em sua tomada de decisão (SOUZA; BUSHATSKY; FIGUEI-
REDO; MELO; FREIRE; SANTOS, 2017).

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Dentre as ferramentas utilizadas, para a padronização de condutas e
cuidados de enfermagem, o procedimento operacional padrão (POP), tem
importante destaque. Os POP são orientações detalhadas representadas por
uma ferramenta gerencial utilizada para melhorar a qualidade da assistência
prestada, em um atendimento previsível, indicado para situações específicas,
que impulsionam as organizações para o desenvolvimento da melhoria de
seus processos e resultados (SALES; BERNARDES; GABRIEL; BRITO;
MOURA; ZANETTI, 2018).
O POP permite ainda, que os profissionais envolvidos no atendimento ao
paciente proporcionem um cuidado padronizado dentro dos princípios técnicos
e científicos, contribuindo para minimizar distorções adquiridas com prática
obsoleta e conhecimentos distintos (SALES; BERNARDES; GABRIEL;
BRITO; MOURA; ZANETTI, 2018).
Um serviço onde se destaca a importância de buscar a padronização do
atendimento são as Unidades de Pronto Atendimento 24 horas (UPA), institui-
ção de saúde que integra a Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU)
desde 2003, através do Ministério da Saúde. Estes serviços fazem parte da
política, que visa estruturar e organizar as redes de urgência e emergência no
país, com o objetivo de integrar a atenção às urgências. O principal objetivo
das UPA é disponibilizar atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes
que estão em situação de urgência e emergência e prestar os primeiros aten-
dimentos, de forma a reduzir as filas de esperas dos prontos socorros dos
hospitais (BRASIL, 2013; NOVAES; NASCIMENTO; AMARAL, 2016).
Considerando o perfil de atendimento nas urgências e emergências,
Konder e O’Dwyer (2016) identificaram que as UPA ao minimizarem a alta
demanda das emergências hospitalares, passaram a atender uma demanda de
pacientes com doenças graves, que necessitariam de uma estrutura hospitalar,
porém mesmo em emergências, acabam buscando como primeira escolha as
UPA, onde o paciente é estabilizado e transferido para um serviço hospitalar.
Cabe ressaltar que é este o caso de pacientes que dão entrada nas UPA
com dor torácica. Onde há suspeita de Síndrome Coronariana Aguda (SCA),
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 111

uma condição grave de saúde, em que o tempo de atendimento do paciente


desde a sua chegada ao serviço de saúde é essencial para a sua sobrevida
(NAKASHIMA; TAHARA, 2018).
Considerando que o atendimento às síndromes SCA nas UPA é uma
realidade constante, se faz necessário refletir acerca das necessidades destes
pacientes, que incluem um atendimento ágil e assertivo.
As UPA como serviços de estabilização, precisam ter o manejo adequado
das SCA desde a entrada do paciente na unidade, até a sua transferência para o
centro de referência em cardiologia, assegurando um atendimento resolutivo
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que minimize os danos à saúde do paciente. Porém um dos problemas que


interfere no cuidado ao paciente com suspeita ou com SCA instalada nas UPA
se refere às múltiplas abordagens e a ausência de instrumentos que orientem
as equipes (BRASIL, 2013).
As abordagens indicadas no tratamento das SCA, embora estejam dispo-
níveis em cadernos de orientação ao profissional no Sistema Único de Saúde
(SUS), não são de domínio de todos os profissionais e ainda necessitam ser
adequadas a cada realidade. A mortalidade nas SCA é elevada, evidenciando as
lacunas que existem na prática para a implementação de padrões de atendimento.
Sendo assim, a falta de padronização do atendimento é algo que preocupa os
profissionais que atuam nessa esfera de atenção (OLIVEIRA et al., 2015).
Em relação às SCA, Ribeiro, Silva e Lima (2016) lembram ainda que
além da identificação precoce, e até que o paciente seja transferido ao serviço
de referência, o atendimento de enfermagem deve acontecer baseado em metas
e cuidados sistematizados de forma a organizar as atribuições e prestar uma
assistência de qualidade, segura e centralizada.
Assim, tendo em vista a imprevisibilidade do serviço de urgência e emer-
gência e a complexidade do atendimento da SCA, é necessário um trabalho
de enfermagem articulado, sendo o planejamento da assistência, uma peça
fundamental para o desenvolvimento de estratégias que potencializam o tra-
balho em equipe e organização do ambiente assistencial (CAVALCANTE;
SANTOS; BRAZ; TRINDADE; BARROS; SOUZA, 2017).
A padronização do atendimento a SCA na urgência e emergência pela
adoção de POP nas unidades de pronto atendimento tem potencial para mini-
mizar as variações de condutas existentes, com relação ao cuidado ao paciente,
priorizando a qualidade e segurança do atendimento (WALTER; ILHA; ZAM-
BERLAN; FREITAS; PEREIRA, 2016).
Os POPs são recursos tecnológicos importantes na prática de saúde, a
ponto de serem eficazes no processo de mudança da prática assistencial, bem
como na melhoria do resultado do desempenho dos profissionais. Estes ins-
trumentos ajudam a sintetizar a informação mediante uma estrutura concisa e
112

promovem a organização do conhecimento para melhorar a prática (SALES;


BERNARDES; GABRIEL; BRITO; MOURA; ZANETTI, 2018).

Percurso metodológico

Para a elaboração de um produto de tecnologia leve, como o POP, foi


desenvolvido um estudo do tipo metodológico, organizado e guiado pelas
contribuições do modelo de Design Instrucional Contextualizado (DIC), que
segundo Galvão e Puschel (2012, p. 109) “diz respeito a uma proposta cons-

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trutivista e consiste na ação intencional de planejar, desenvolver e aplicar
situações didáticas específicas, disponibilizando ferramentas e recursos para
responder as necessidades de aprendizagem”.
O DIC é um método utilizado para o planejamento de ensino-aprendi-
zagem, incluindo atividades, estratégias, sistemas de avaliação, métodos e
materiais instrucionais. Tradicionalmente, tem sido vinculado à produção de
materiais didáticos (FILATRO; PICONEZ, 2004).
Os modelos convencionais de design instrucional estruturam geralmente,
os processos de planejamento do ensino aprendizagem em quatro estágios
distintos, quais sejam: análise, design e desenvolvimento, implementação e
avaliação (FILATRO; PICONEZ, 2004).
As etapas de elaboração são: análise que envolve a identificação de
necessidades de aprendizagem, a definição de objetivos instrucionais e o levan-
tamento das restrições envolvidas; design e desenvolvimento onde ocorre o
planejamento da instrução e a elaboração dos materiais e produtos instrucio-
nais; implementação na qual se dá a capacitação e ambientação à proposta
elaborada e a realização do evento ou situação de ensino aprendizagem pro-
priamente ditos; e por fim, a avaliação que envolve o acompanhamento, a
revisão e a manutenção do sistema proposto (FILATRO; PICONEZ, 2004).
Para a elaboração do POP como produto de tecnologia com oportunidade
de implementação e mudança de prática, optou-se por trabalhar nas duas pri-
meiras etapas da proposta de design instrucional contextualizado: a análise,
o design e o desenvolvimento.
A etapa de análise foi o primeiro momento do desenvolvimento da pes-
quisa metodológica, nesta fase foram identificadas as necessidades de apren-
dizagem acerca das SCA, a definição dos objetivos instrucional – o POP
institucional – as potencialidades e restrições para sua efetivação na prática.
O percurso da etapa de análise consistiu em dois momentos: o primeiro
buscou conhecer como acontece o atendimento ao paciente com suspeita
de SCA e a percepção dos enfermeiros acerca das necessidades dos cuida-
dos de enfermagem dos pacientes atendidos em UPA, através de uma entre-
vista semiestruturada.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 113

Para a definição das necessidades a serem contempladas no POP, na fase


da análise foram identificadas as necessidades de cuidados através de uma
entrevista com perguntas abertas abordando a experiência do enfermeiro no
Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco (AACR) com foco na
SCA, questionando as facilidades e dificuldades enfrentadas; os sinais e sinto-
mas que o alertam; a definição da dor; as condutas realizadas pelos enfermeiros
diante da suspeita de SCA; os cuidados que costumam ser realizados e quais
cuidados julgam necessário realizar.
As entrevistas individuais possibilitaram relacionar as questões que
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seriam pertinentes ser contempladas no conteúdo do POP, com base nos temas
pontuados pelos enfermeiros. Permitiu também identificar o conhecimento dos
profissionais acerca do tema e as necessidades de aprendizado, assim como
auxiliou na elaboração do instrumento para a prática.
O segundo momento, foi realizado uma revisão narrativa da literatura
nacional e internacional, com o objetivo de buscar subsídios que sustentam
os cuidados de enfermagem na atenção ao paciente com SCA em serviços de
pronto atendimento e emergências.
O confronto dos achados das entrevistas com a literatura que aborda a
prática profissional com foco da SCA permitiu que fosse elencado os cuidados
de enfermagem a constar no POP.
Após a organização da pesquisa, a partir dos dados obtidos na etapa
de análise, realizado com os enfermeiros e a revisão narrativa da literatura,
a segunda etapa seguiu o modelo do design e desenvolvimento, no qual foi
construída a formatação do POP. Neste momento, foram retomados os obje-
tivos do instrumento, organizado os cuidados (listados nas entrevistas e na
revisão de literatura) e estes foram estruturados seguindo o fluxo do atendi-
mento do paciente.
Os POP usualmente apresentam um padrão de apresentação e seguem
as normativas da instituição para a qual é destinado. Logo foi realizada, uma
busca na literatura sobre quais elementos e design é necessário constar do
material. Para a elaboração, optou-se por seguir o modelo de POP constante
no manual de padronização da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(BRASIL, 2014).
Destaca-se que alguns elementos são importantes para a organização
do material que compõe o POP, tais como: um número de identificação e
controle do POP, o nome do processo/atividade padronizado, versão e ano
do documento, numeração da página, histórico de revisões no qual consta a
data prevista da revisão do material, versão, descrição, gestor do POP, autor
ou responsável pelas alterações e referências bibliográficas.
A elaboração do POP primou pela descrição dos cuidados listados, dos
profissionais executores do cuidado, organização do conteúdo com foco na
114

clareza e objetividade da atividade a ser executada, com cabeçalho descri-


tivo constando título, objetivo, público-alvo, setor, número do POP, versão e
planejamento para a próxima revisão. A atividade desenvolvida, no caso, os
cuidados de enfermagem, está descrita no POP conforme as etapas e sequência
elaborada no estudo, abordando a introdução ao tema, conceitos, o procedi-
mento/atividade a ser realizada.

Produto construído

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De acordo com as etapas do percurso metodológico, os cuidados con-
templados no POP estão em consonância com a prática dos enfermeiros,
corroborados e/ou acrescidos com os achados na literatura. Abordam os cui-
dados de enfermagem nas seguintes etapas de atendimento de enfermagem,
conforme área operacional: acolhimento com classificação de risco, sala de
emergência, sala de observação e transferência do paciente.

Quadro 1 – Cuidados elencados pelos enfermeiros para o paciente com suspeita


e/ou Síndrome Coronariana Aguda instalada. Florianópolis, Santa Catarina, 2019
Cuidado Fonte
Realizar ECG Entrevistas/Literatura
Avaliar sinais vitais Entrevistas/Literatura
Restringir de esforço, cadeira de rodas Entrevistas/Literatura
Estabelecer acesso venoso Entrevistas/Literatura
Instalar oxigênio Entrevistas/Literatura
Manter repouso no leito Entrevistas/Literatura
Realizar monitorização cardíaca Entrevistas/Literatura
Controlar débito urinário Entrevistas/Literatura
Coletar exames laboratoriais Entrevistas/Literatura
Administrar medicação Entrevistas/Literatura
Realizar histórico e evolução Entrevistas/Literatura
Acolher e orientar familiares Entrevistas/Literatura
Organizar a transferência Entrevistas/Literatura
Avaliar fatores de risco cardiovascular Literatura
Avaliar descrição da dor Literatura
Avaliar sinais e sintomas Literatura
Manter decúbito 30º a 45º Literatura
Proporcionar ambiente de repouso Literatura
Monitorar condição respiratória Literatura
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 115

continuação
Cuidado Fonte
Monitorar estado neurológico Literatura
Avaliar circulação periférica Literatura
Atentar para eliminações Literatura
Realizar RX Literatura
Controlar a dor Literatura

Fonte: Elaborado pelas autoras.


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A elaboração do modelo do POP procurou disponibilizar o conteúdo de


maneira clara, objetiva e de formato acessível.
PROCEDIMENTO OPERACIONAL
PADRÃO – POP
LOGO DA LOGO DO SERVIÇO
Cuidados de Enfermagem na
INSTITUIÇÃO Síndrome Coronariana Aguda
Número do POP: 001 Versão: 1 Página:1
OBJETIVO: Conduzir o atendimento de enfermagem ao paciente com suspeita de SCA
PÚBLICO ALVO: Equipe de Enfermagem
Acolhimento com Classificação de Risco,
SETOR: Sala de Emergência
Sala de Observação

• Conceito – A expressão síndrome coronária aguda (SCA) refere-se ao conjunto de manifestações clínicas que
refletem um quadro de isquemia miocárdica aguda, incluem-se três formas clínicas principais (BERNOCHE et al.,
2019)
• - Angina instável
• - Infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST
• - Infarto agudo do miocárdio com supradesnivalamento do segmento ST
• O atendimento ao paciente com SCA é baseado em protocolos e guidelines de consenso científico, sendo
que o cuidado de enfermagem dispensado a esse perfil de paciente seja com foco na fase aguda e de forma
sistematizada e que atendam o paciente em suas necessidades humanas básicas até o desfecho do atendimento
(SALES et al., 2018).
116

PROCEDIMENTO OPERACIONAL
PADRÃO – POP
LOGO DA LOGO DO SERVIÇO
Cuidados de Enfermagem na
INSTITUIÇÃO Síndrome Coronariana Aguda
Número do POP: 001 Versão: 1 Página: 2 Página: 2
OBJETIVO: Conduzir o atendimento de enfermagem ao paciente com suspeita de SCA
PÚBLICO ALVO: Equipe de Enfermagem.
SETOR: Acolhimento com Classificação de Risco, Sala de Emergência, Sala de Observação.
ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

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DOR TORÁCICA
Momento do início, tempo de duração,
Avaliar os seguintes critérios da dor qualidade, intensidade, relação com o
esforço e o repouso.
Questionar o início dos sintomas <24 horas ou >24 horas

Roteiro para avaliação Diabetes/ Hipertensão/ Dislipidemia/


Verificar os fatores de risco Tabagista/ Uso de cocaína ou anfetaminas /
Histórico familiar.
IAM/ Angina/ revascularização/Arritmias/
Verificar antecedentes cardiovasculares Marca-passo/Exames cardiovasculares com
alterações.
Descrição da dor Sinais e sintomas associados
Queimação, aperto/peso, compressão ou
sufocação e superior a 30 minutos, podendo
Típica
ou não irradiar para os braços, mandíbula,
pescoço ou estômago.
Facada, agulhada, pontada, piora ao Dispneia, sudorese, palidez, náuseas,
Atípica vômitos, vertigem, desmaio.
respirar.
Retroesternal, ombro esquerdo, pescoço,
Localização
epigástrica.
Fator desencadeante Exercício, excitação, estresse, frio.

Dor torácica típica e/ou síncope e associado a


Laranja Encaminhar ao ECG
outros sinais e sintomas
Dor torácica atípica associado a outros sinais
e sintomas / Diabético e/ou >60 anos e/ou
Laranja Encaminhar ao ECG
possui 2 fatores de risco e/ou possui antecedente
cardiovascular.
Conduta
Dor torácica atípica/ não apresenta outros sinais Encaminhar ao
e sintomas / Diabético e/ou >60 anos e/ou possui ECG, se necessário,
Laranja ou Amarelo
2 fatores de risco e/ou possui antecedente reclassificar após
cardiovascular. ECG.

Dor torácica atípica/ sem fatores de risco/ não Encaminhar à sala


Amarelo Verde
apresenta outros sinais e sintomas. de espera.
Paciente laranja – Encaminhar direto ao ECG em cadeira de rodas
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 117

PROCEDIMENTO
OPERACIONAL
PADRÃO – POP
LOGO DA LOGO DO SERVIÇO
Cuidados de Enfermagem
INSTITUIÇÃO na Síndrome
Coronariana Aguda
Número do POP: 001 Versão: 1 Página: 3

OBJETIVO: Conduzir o atendimento de enfermagem ao paciente com suspeita de SCA

PÚBLICO ALVO: Equipe de Enfermagem


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SETOR: Sala de Emergência

SALA DE EMERGÊNCIA
Realizar e avaliar o ECG e/ou encaminhar o exame para
1. Exame avaliação médica.
Manter o paciente na sala de emergência e instalar
monitorização cardíaca de 5 derivações.
2. Monitorização Cardíaca
Puncionar acesso venoso, em veia calibrosa, com cateter
intravenoso de calibre 20, 18 ou 16. Dê preferência em
3. Acesso venoso
membro superior esquerdo.  Identificar a punção venosa.
Realizar coleta de enzimas
cardíacas em tubo de
coleta específico e
entrar em contato com o
Laboratório
transporte de amostra para
encaminhar com urgência
ao laboratório, conforme
Enfermeiro Emergência 4.Exames prescrição médica.

Técnico de Enfermagem Repetir ECG, conforme


Eletrocardiograma
prescrição médica.
Encaminhar paciente
em maca ou cadeira ao
Raio-X
RX, conforme prescrição
médica.
Administrar oxigênio suplementar em cateter tipo óculos
5. Oxigenação/ventilação
se SpO2 <94% ou conforme prescrição médica.
Administrar medicamentos para aliviar/prevenir dor e
6. Medicação
isquemia, conforme prescritos.
7. Decúbito Manter decúbito de 30º a 45º
Restringir esforço físico, manter paciente restrito no leito
8. Locomoção
ou uso de cadeira de rodas.
118

-Atentar para eliminações vesicais e intestinais, evoluir


quando presentes.
-Orientar o paciente a evitar atividades que resultem na
9.Eliminações manobra de Valsalva (p. ex., esforço durante movimento
intestinal).
-Auxiliar na mobilização até o banheiro. Oferecer cadeira
higiênica, comadre ou papagaio.
Manter controle de sinais vitais e anotar no prontuário,
10.Sinais Vitais
conforme aprazamento.
-Monitorar o estado neurológico do paciente seguindo

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escala de coma de Glasgow.
11.Sinais clínicos
-Monitorar dispneia, sudorese, palidez, náuseas, vômitos,
vertigem.
-Manter controle da dor, comunicar o médico caso não
12. Conforto/Controle dor haja melhora após medicação.
-Manter um ambiente propício ao repouso.
13. Registro Realizar o registro no prontuário.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 119

PROCEDIMENTO
OPERACIONAL
PADRÃO – POP
Cuidados de LOGO DO SERVIÇO
LOGO DA INSTITUIÇÃO Enfermagem
na Síndrome
Coronariana Aguda
Número do POP: 001 Versão: 1 Página: 4
OBJETIVO: Conduzir o atendimento de enfermagem ao paciente com suspeita de SCA.
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PÚBLICO ALVO: Equipe de Enfermagem.


SETOR: Sala de Observação.
SALA DE OBSERVAÇÃO
Quem realiza Cuidados de Enfermagem
1.Obter histórico da admissão, inclusive doenças passadas, medicamentos e
Enfermeiro Observação alergias.
1.Realizar o exame físico dirigido na admissão, conforme apropriado.
1.Monitorar os sinais vitais, realizar na admissão e durante a permanência do
paciente na sala de observação.
1.Monitorar a condição respiratória, como ocorrência de dispneia, fadiga,
taquipneia e ortopneia.
1.Monitorar o estado neurológico e nível de consciência, seguindo escala de coma
de Glasgow.
1.Realizar os exames laboratoriais e eletrocardiograma, conforme intervalo
prescritos.
Técnico de Enfermagem
1.Reduzir ou eliminar estímulos geradores de medo ou ansiedade.
1.Restringir esforço físico, manter paciente restrito no leito ou uso de cadeira de
rodas.
1.Atentar para eliminações vesicais e intestinais, evoluir quando presentes.
1.Orientar o paciente a evitar atividades que resultem na manobra de Valsalva
(p. ex., esforço durante movimento intestinal).
1.Realizar o registro no prontuário na admissão no paciente e qualquer
intercorrência.
1.Avaliar a dor no peito, conforme avaliação numérica da dor.
1.Orientar o paciente sobre a importância de informar imediatamente qualquer
Enfermeiro Obs./ desconforto no peito.
Téc. Enfermagem 1.Realizar uma avaliação abrangente da circulação periférica (p. ex., verificar
pulsos periféricos, edema, enchimento capilar, cor e temperatura da extremidade).
Monitorar a liberação do resultado dos exames laboratoriais.
120

PROCEDIMENTO
OPERACIONAL
PADRÃO – POP
LOGO DO SERVIÇO
LOGO DA INSTITUIÇÃO Cuidados de Enfermagem
na Síndrome
Coronariana Aguda
Número do POP: 001 Versão: 1 Página: 5
OBJETIVO: Conduzir o atendimento de enfermagem ao paciente com suspeita de SCA.
PÚBLICO ALVO: Equipe de Enfermagem.

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SETOR: Sala de Emergência.
TRANSFERÊNCIA
1.Verificar a folha de encaminhamento de referência e contra referência.
1.Checar se houve contato médico, caso não tenha, registrar no prontuário.
Enfermeiro Emergência
1.Checar o tipo de transporte, se acionado SAMU ou ambulância própria da UPA,
registrar no prontuário.

AMBULÂNCIA DO MUNICÍPIO/UPA SAMU


1.Comunicar o motorista da 1.Checar com o médico o momento do contato com o
ambulância. SAMU
1.Acionar o médico
assistente para o 1.Comunicar e orientar o paciente e familiar.
transporte.
1.Organizar material
de transporte: maleta
do transporte, ambu, 1.Verificar se os dispositivos estão identificados.
estetoscópio, monitor,
Enfermeiro Emergência oxigênio.
1.Acompanhar o transporte. 1.Verificar os sinais vitais.
1.Passar o caso ao
enfermeiro responsável
1.Passar o caso ao enfermeiro do SAMU.
pela instituição que irá
receber.
1.Registrar no prontuário
o desfecho do 1.Registrar no prontuário o desfecho do encaminhamento.
encaminhamento.
Elaborado por:
Próxima revisão:
Revisado por:

Sustentando o conteúdo do POP, a literatura aponta que na avaliação


inicial da dor torácica de origem coronária, o enfermeiro deve estar atento a
dor em conjunto com a história do paciente e alteração no ECG. A dor torácica
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 121

de origem cardíaca, classicamente ocorre com início agudo de dor torácica


retroesternal grave ou pressão frequentemente irradiada para o pescoço, braço,
mandíbula ou estômago. O início e a exacerbação da dor geralmente estão
relacionados ao esforço, estresse emocional e exposição ao frio, é importante
avaliar a dor do ponto de vista da qualidade, localização, irradiação, duração
e os sintomas associados (MCCONAGHY; SHARMA; PATEL, 2020).
Além das características da dor, é importante observar os sinais clínicos
que o paciente possa apresentar que são: falta de ar, fadiga, tontura, náuseas,
vômito, desmaio, suor (ZÉGRE-HEMSEY; BUKE; DEVON, 2018).
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Na perspectiva de atendimento dentro do tempo porta-balão, diz respeito


à chegada do paciente ao serviço até a revascularização do miocárdio, deve ser
de até 120 minutos a partir do início dos sintomas, o tempo de atendimento
do paciente deve ser prioritário, sendo assim, no acolhimento com classifica-
ção de risco, o nível de prioridade laranja (muito urgente) é o mais indicado
aos pacientes com SCA, visto que prevê o atendimento destes casos em 10
minutos e intervenção precoce (NONNENMACHER; PIRES; MORAES;
LUCENA, 2018).
Ressalta-se ainda, diminuir o esforço físico do paciente deve ser pro-
porcionado, já no início do atendimento, pois o repouso diminui o consumo
de oxigênio do miocárdio, por isso é recomendado utilizar cadeira de rodas e
evitar que o paciente faça esforço ao deambular (SMELTZER; BARE, 2016).
A realização do ECG de forma imediata, menos que 10 minutos, pro-
porciona agilidade no atendimento e segurança para tomada de decisão do
enfermeiro, por isso a realização do ECG de 12 derivações em pacientes
sugestivos de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é recomendado (GIBLER;
RACADIO; HIRSCH; ROAT, 2018).
Após a classificação de risco, para a continuidade do atendimento ao
paciente, se faz necessário um monitoramento rigoroso, a literatura indica que
o paciente primeiramente deve ser encaminhado para atendimento na sala de
emergência, para monitoramento e tratamento das complicações potenciais,
causados pela lesão do miocárdio (ANDERSON; MORROW, 2017).
Pacientes que se apresentam a urgência e emergência com dor torácica
ou sintomas de equivalentes anginosos devem ser monitorados em combi-
nação com biomarcadores séricos para avaliar isquemia nova, transitória ou
resolvida (STEPINSKA et al., 2020).
O paciente deve permanecer com monitorização cardíaca de cinco deri-
vações para monitorar o traçado cardíaco, pois podem ocorrer arritmias, alte-
rações do segmento ST em diferentes derivações, devido à natureza dinâmica
do processo do trombo oclusivo coronariano presente nas síndromes agudas
(ANDERSON; MORROW, 2017).
122

Em continuidade aos cuidados ao paciente, o enfermeiro deve buscar


como meta o alívio da dor ou dos sintomas isquêmicos, prevenir lesão do
miocárdio, monitorar disfunção respiratória, atentar para perfusão tecidual
adequada (SMELTZER; BARE, 2016).
O alívio da dor diminui a ansiedade, a demanda miocárdica de oxigênio e
o risco de arritmias. A dor aumenta a resposta simpática, elevando a frequência
cardíaca, a resistência vascular sistêmica e a pressão arterial, o que, por sua
vez, aumenta o consumo de oxigênio do miocárdio (BERNOCHE et al., 2019).
A punção do acesso venoso em emergências garante uma via de infusão

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de medicamentos para administração de fluídos e medicamentos com efeito
rápido e sistêmico (NUNES; LARA; ANDRADE; RIBEIRO, 2018).
Os exames são fundamentais para auxiliar tanto no diagnóstico quanto
no prognóstico de pacientes com SCA, a literatura evidência que a coleta de
enzimas cardíacas, auxilia na avaliação do paciente, os marcadores bioquí-
micos troponina, CK-MB e mioglobina são úteis para confirmar o diagnós-
tico de infarto, devido a associação entre a elevação dos marcadores séricos
e o risco de eventos cardíacos em curto e médio prazos (NAKASHIMA;
TAHARA, 2018).
Troponina cardíaca são marcadores bioquímicos de escolha para detec-
ção de necrose miocárdica, pois possuem alta sensibilidade e especificidade,
a troponina I e T são componentes contráteis das células miocárdicas e são
apresentadas exclusivamente no coração, a CK-MB não é exclusiva de tecido
cardíaco e ocorre seu aumento após danos em outros tecidos, como no músculo
liso e esquelético, o que pode gerar falso-positivo, já a mioglobina é detectada
nas primeiras horas de evolução do IAM (STEPINSKA et al., 2020).

Implementação do produto na prática e os desafios encontrados

Com o envolvimento dos profissionais para a elaboração do POP, foi


possível conhecer as estratégias utilizadas pelos profissionais enfermeiros
na atenção ao paciente com SCA nas UPAs, as facilidades e dificuldades
encontradas por estes profissionais em relação ao atendimento da SCA. Deu-
-se enfoque especial ao acolhimento e avaliação com classificação de risco,
atividade essa realizada pelo enfermeiro, determinando então que este profis-
sional é o primeiro a ter contato com o paciente, colocando-o em uma posição
de responsabilidade em relação aos rumos do atendimento. Como resultado
foi possível construir um produto tecnológico como ferramenta que possui
potencial para auxiliar o enfermeiro na tomada de decisão frente ao paciente
com suspeita e/ou já instalada SCA.
A implementação do produto na prática ainda não foi possível, a condu-
ção do estudo irá continuar com as demais fases metodológicas do método
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 123

de design institucional que diz respeito a fase de implementação e avaliação


(FILATRO; PICONEZ, 2004). O desafio da implementação requer um pla-
nejamento assertivo para que a utilização do produto possa proporcionar a
mudança de prática e melhoria na padronização do atendimento nas urgências
e emergências.
Para isso, é necessário através da continuidade do estudo metodológico,
validar o conteúdo do POP, definir indicadores de avaliação da implementa-
ção, criar estratégias de envolvimento dos profissionais atuantes avaliando
a estrutura, clareza, precisão e aplicabilidade na prática, processos esses
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em desenvolvimento.

Avaliação dos resultados após a implementação

O planejamento e a avaliação da efetividade da padronização dos pro-


cessos de trabalho são essenciais para aprimorar a gestão dos serviços em
saúde e o atendimento ao paciente.
Este estudo ainda não foi implementado na prática, porém será condu-
zido a fase de implementação para que o produto construído possa servir de
modelo para ser utilizado nos serviços de urgência e emergência.
Como planejamento de avaliação de implementação há indicadores uti-
lizados para avaliar sistematicamente o processo de trabalho a fim de propor
melhorias do serviço. A utilização de indicadores no âmbito da gestão possibi-
lita a identificação de problemas reais e potenciais e subsidia a implementação
de ações efetivas, o acompanhamento e o desenvolvimento de situações rela-
cionadas às tarefas de cuidado (VANDRESEN; PIRES; MARTINS; FORTE;
LORENZETTI, 2019).
Avaliar a qualidade da assistência é importante para mensurá-la, possibi-
litando identificar falhas no processo de trabalho e oportunidades de aprimo-
ramento da prática a fim de propor padrões de excelência e melhoria contínua.
Conforme reforça os autores Báo, Amestoy, Moura, Trindade (2019), os
indicadores devem comparar resultados e promover mudanças, e é de suma
importância que os profissionais entendam a sua utilização e a necessidade
de cumprir todas as etapas do processo de trabalho, para que os indicadores
possam ser analisados e os seus resultados ofereçam condições para que a
equipe avance nas melhorias.
No que tange as especificidades do atendimento em urgência e emer-
gência na SCA, os autores Maier e Martins (2016) sugerem indicadores de
qualidade que investiguem algumas características envolvidas na assistência
como: admissão ou não do paciente na sala de emergência, instalação de moni-
torização cardíaca, oxigenoterapia, medicações administradas nas primeiras
124

24 horas, ventilação mecânica, indicação de Unidade de Terapia Intensiva


(UTI), profissional responsável pelo atendimento, tempo de realização do
eletrocardiograma, tratamento a que o paciente foi submetido e os desfechos.
Através do acompanhamento dos indicadores é possível identificar as
ações e conhecimentos que não estejam sendo realizados na prática e, dessa
maneira, rever as barreiras que dificultam a execução do processo de trabalho
e avaliar as dificuldades em chegar ao resultado esperado (SIWIERT, 2020).
É importante ressaltar que os indicadores não devem ser utilizados ape-
nas por serem métricas recomendadas pelos modelos de gestão em saúde,

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devem ser vistos devido a sua importância diária para propor um cuidado de
qualidade, excelência e segurança ao paciente (BÁO; AMESTOY; MOURA;
TRINDADE, 2019).
Sendo assim, sugere-se, em conjunto com a implementação de um POP,
a avaliação e mensuração de sua afetividade prática e ajustes de melhoria em
conformidade com as especificidades da instituição de saúde.

Conclusões

A disponibilidade de um POP que oriente a enfermagem em sua prática,


especialmente os enfermeiros no planejamento da assistência na urgência e
emergência, é uma tecnologia em saúde que proporciona qualidade e segu-
rança na condução do atendimento ao paciente. A utilização de POPs dinâmi-
cos e atualizados nos cenários da prática em saúde apresenta potencial positivo
para a orientação dos profissionais, com base em evidências científicas, com
diminuição da variação de conduta e com ampliação da segurança para pro-
fissionais e pacientes.
No que tange um serviço de emergência, a orientação por instrumentos
padronizados de atenção é ainda mais importante, pois a alta demanda, o número
de profissionais envolvidos, a necessidade de ações imediatas e a diversidade
de atendimento exigem do profissional conhecimento amplo e atual. A adoção
de ferramentas de padronização como o POP, nos serviços de pronto atendi-
mento, aliado a estratégias de implementação e capacitação profissional contí-
nua, amplia o espaço de segurança profissional e a construção de processos de
mudança na prática. Destaca-se a positividade do processo de construção do
POP na realidade, com envolvimento dos profissionais que o utilizam, enquanto
processo reflexivo, de atualização profissional e de revisão das práticas.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 125

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PRODUTO 2
INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE
ENFERMAGEM EM UMA INSTITUIÇÃO
ONCOLÓGICA: uma contribuição à
Sistematização da Assistência de Enfermagem1
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Gisele Martins Miranda


Luciana Martins da Rosa
Nen Nalú Alves das Mercês
Lúcia Nazareth Amante
Kátia Cilene Godinho Bertoncello

Objetivo

Descrever o processo de construção, implantação, implementação e ava-


liação dos registros eletrônicos do Processo de Enfermagem em uma insti-
tuição oncológica.

Introdução

Os prontuários físicos dos pacientes são largamente utilizados no suporte


à maioria dos registros de saúde. Entretanto, essa opção nos tempos atuais vem
gerando dificuldades relacionadas ao armazenamento, ao acesso à informação,
às perdas documentais e a registros ilegíveis (SCHACHNER et al., 2016).
Neste contexto, e considerando o desenvolvimento da tecnologia da
informação somada à diversidade de informações geradas na atenção à saúde,
muitas instituições estão substituindo o prontuário físico pelo eletrônico. Estu-
dos apontam que os registros eletrônicos de saúde devem ser implementados
para reduzir os erros médicos associados à medicação; tornar mais eficaz a
comunicação e facilitar a disponibilização de informações para fins educa-
cionais e de pesquisa, bem como garantir a continuidade da atenção à saúde
(SCHACHNER et al., 2016; AYATOLLAHI; MIRANI; HAGHANI, 2014).
Os registros de enfermagem são parte integrante da documentação clí-
nica, sendo o registro do Processo de Enfermagem (PE) uma seção importante
do prontuário do paciente. Sua importância vincula-se às exigências legais,

1 Linha: O cuidado e o processo de viver, ser saudável, adoecer e morrer.


130

definidas pelo Conselho Federal de Enfermagem, na Resolução 358/2009


e, principalmente, à documentação das ações sistematizadas da equipe de
enfermagem e dos resultados alcançados diante de uma prática organizada,
sustentada teoricamente e alicerçada em evidências científicas.
A informatização dos registros de enfermagem amplia a completude das
avaliações de enfermagem, o plano de cuidados e a qualidade e quantidade da
documentação (SCHACHNER et al., 2016; MAHLER et al., 2007). Quando
melhorias nos registros de enfermagem são idealizadas devem-se considerar
as necessidades dos pacientes, dos enfermeiros, da instituição, o impacto

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no fluxo de trabalho das novas funcionalidades e a correspondência com as
linguagens padronizadas (WANG; YU; HAILEY, 2015).
Nesta perspectiva, a Gerência de Enfermagem do Centro de Pesquisas
Oncológicas (CEPON), instituição de referência no tratamento de câncer no
estado de Santa Catarina, convidou uma enfermeira para implantar os registros
do PE em prontuário eletrônico. Essa foi uma trajetória de quatro anos que
merece ser registrada e compartilhada. Esperamos que essa descrição estimule
outros profissionais a percorrer caminhos similares.
Convém esclarecer que a implantação da Sistematização da Assistência
de Enfermagem (SAE) no CEPON ocorreu em 1997 com registro de enferma-
gem no prontuário físico (ÁVILA, 1997; ROSA; MERCÊS; MARCELINO;
RADÜNZ, 2007). O processo de implantação, construído com a participação
da equipe de enfermagem, incluiu as etapas de definição do suporte teórico,
construção dos instrumentos de enfermagem, oficinas de discussão para ava-
liação dos conteúdos construídos, treinamento para implantação da SAE e
registro do PE com avaliação/controle da implementação.
O referencial teórico escolhido para sustentar a SAE abrangeu a asso-
ciação das Teorias de Enfermagem de Orem e Peplau. Essa escolha foi defi-
nida considerando a necessidade do autocuidado e da relação interpessoal
para os melhores resultados de enfermagem, considerando a complexidade
da sobrevivência ao câncer do ponto de vista do paciente e seus familiares.
Nesse momento, o uso das taxonomias de enfermagem era muito incipiente
no Brasil, assim, as etapas dos Diagnósticos e Resultados de Enfermagem
não foram implementadas, limitando-se à identificação dos problemas em
saúde (MIRANDA; ROSA; BERTONCELLO; MERCÊS; AMANTE; ALVA-
REZ, 2019).
Entre 1997 e 2011, o CEPON ampliou sua estrutura e a atenção à popu-
lação, criando um Complexo Hospitalar que oferta assistência especializada
de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento de todos os
tipos de cânceres. No segundo semestre de 2011, adquiriu o Sistema de Ges-
tão em Saúde TASY com o intuito de substituir o prontuário e documentos
físicos transcrevendo-os para o formato eletrônico. No tocante a SAE e à
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 131

implementação do PE em todas as instituições onde ocorre o cuidado profis-


sional de Enfermagem, a necessidade de ajustes no CEPON ganhou forças
quando a Resolução COFEN 358/2009 entrou em vigor. Essa soma de fatos
evidenciou a problemática vivida pelos enfermeiros do CEPON e alicerçou a
tomada de decisão para informatização dos registros do PE, somado ao desejo
e necessidade de ampliação da qualificação do cuidado de enfermagem. Esse
cenário instigou o desenvolvimento da construção apresentada neste capítulo.

Percurso metodológico
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A introdução do Eixo 3 deste livro conceitua o método de Translação do


Conhecimento, que se constitui por etapas que criam um determinado conhe-
cimento e outras duas quando ocorre a implementação e monitorização do
conhecimento aplicado na prática (CURTIS; FRY; SHABAN; CONSIDINE,
2016). No processo de informatização dos registros eletrônicos de enfermagem
do CEPON as etapas de construção, implantação e monitorização ocorreram
concomitantemente e/ou sequencialmente.
O suporte metodológico e teórico utilizado nessa construção foi a Teoria
de Elaboração de Instrumental Psicológico de Luiz Pasquali (PASQUALI,
2010). Este referencial foi escolhido porque permitiu a construção de conteú-
dos para compor os instrumentos para o registro do PE; a validação interna e
externa desses conteúdos, respectivamente, com os enfermeiros do CEPON
e enfermeiros experts em PE, na Teoria do Autocuidado e na Teoria das Rela-
ções Interpessoais.
Estudos de validação permitem que os pesquisadores avaliem se os con-
teúdos dos instrumentos construídos medem e/ou verificam o que se propõe,
pois, para a aplicabilidade dos instrumentos, a confiabilidade e a validade
são consideradas essenciais para os melhores resultados na prática clínica e
na avaliação em saúde (SOUZA; ALEXANDRE; GUIRARDELLO, 2017).
Pasquali (2010) propõe procedimentos teóricos, experimentais e analí-
ticos para construção e validação de instrumentos.

Procedimentos teóricos

Os procedimentos teóricos tratam das questões da teoria que sustenta


o processo científico dos estudos de validação, bem como a explicitação da
teoria para o desenvolvimento de um instrumento e a operacionalização do
construto em itens (PASQUALI, 2010).
A Teoria de Elaboração de Instrumental Psicológico define, para cada passo,
métodos para solucionar um problema específico, portanto, deve-se identificar o
132

problema para emprego da Teoria. No contexto em questão o problema referia-se


à ausência de todas as etapas do PE (cumpria-se a coleta de dados, prescrição
de enfermagem e avaliação); a inexistência do uso de taxonomias para orientar
o cuidado de enfermagem e a documentação da prática profissional; a falta de
Diagnósticos e Resultados de Enfermagem para embasar as atividades prescritas
pelos enfermeiros do CEPON e o uso de registros de enfermagem em campos
descritivos, que inviabilizavam a extração de informações para gerar indica-
dores, por não estar no formato estruturado de campos vinculados ao banco de
dados do item próprio para este fim no prontuário eletrônico.

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Cabe ainda revelar que no processo de implantação do prontuário eletrô-
nico no Sistema TASY, ocorrido em 2011, optou-se por transcrever a docu-
mentação de enfermagem física em textos descritivos sem padronização de
conteúdos entre os enfermeiros. Considerando que o PE deve estar baseado
em um suporte teórico que oriente todas as suas etapas subsequentes, os textos
descritivos não atendiam as necessidades de cuidado baseado em evidências,
tão pouco forneceria a base para a avaliação dos resultados de enfermagem.
Em 2015 esta problemática ficou evidente, surgindo a necessidade de imple-
mentar o PE em item próprio do prontuário eletrônico, denominado no sistema
como SAE, local que permite o cadastro relacionando em cascata as cinco
etapas do PE com as taxonomias de enfermagem.
Essa análise inicial foi realizada pela Gerência de Enfermagem do
CEPON, que almejando a melhor gestão do cuidado de enfermagem, dos
recursos financeiros para atenção oncológica e para cumprimento da Resolução
358/2009 problematizou a prática. Para informatização dos registros do PE,
no entanto, os profissionais atuantes no Setor de Tecnologia da Informação
não compreendiam a SAE, o PE, as Teorias norteadoras, as taxonomias de
enfermagem e as relações entre todos estes conhecimentos com os cadastros
do prontuário eletrônico.
Neste cenário de problemas foi tomada a decisão de se identificar uma
enfermeira com competência em informática e em PE para atuar no Setor de
Tecnologia da Informação, exclusivamente, para construção e implantação dos
registros eletrônicos do Processo de Enfermagem. Concluída essa escolha, a
enfermeira precisou apropriar-se dos parâmetros e cadastros do PE no TASY,
utilizando a base de testes e homologações de versão do sistema.
Finalizada a etapa da problematização, a Teoria de Elaboração de Instru-
mental Psicológico recomenda que os pesquisadores percorram seis passos que
se constituem nos procedimentos teóricos (Quadro 1). Os procedimentos teóri-
cos permitem a construção do constructo de interesse e a validação semântica,
neste caso realizada com os enfermeiros atuantes no CEPON, coordenadores
e enfermeiros assistenciais dos setores ambulatoriais e de internação com
atuação de, no mínimo, um ano na instituição.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 133

Quadro 1 – Procedimentos teóricos para construção dos registros eletrônicos


do Processo de Enfermagem do CEPON. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Passos da Teoria Procedimentos realizados para a construção dos instrumentos
Os passos 1 e 2 foram realizados concomitantemente. Buscou-se a
definição das ideias dos conteúdos dos instrumentos que deveriam
1. Sistema psicológico: ocorre a ser construídos através da compreensão do PE e sua relação com os
definição das ideias dos conteúdos parâmetros e cadastros do Sistema informatizado.
dos instrumentos que devem ser Definiu-se e realizou-se o estudo, por revisão narrativa sistematizada,
construídos (PASQUALI, 2010). em livros-textos e artigos científicos indexados em diversas bases de
dados, abrangendo os temas: PE, informatização do PE e taxonomias de
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enfermagem. Essa etapa deu subsídios para o processo criativo e lógico de


elaboração do instrumento Histórico de Enfermagem, com adequação aos
2. Propriedade do sistema psicológico: campos dos cadastros do sistema TASY, que contêm campos de seleção
são delimitados os aspectos simples e de multisseleção.
específicos que se deseja estudar e Com relação aos conteúdos para compor os instrumentos Diagnósticos,
para os quais se quer construir um Resultados e Intervenções de Enfermagem, o estudo permitiu o
instrumento de medida (PASQUALI, agrupamento de informações sobre as diversas taxonomias de enfermagem
2010). para apresentação aos enfermeiros do CEPON.
3. Dimensionalidade do atributo:
Nesta etapa, os estudos sobre as Teorias de Enfermagem do Autocuidado
obtêm-se as respostas se o atributo é
e das Relações Interpessoais foram aprofundados e identificou-se
uma unidade semântica única ou uma
a necessidade dos instrumentos possuírem uma estrutura interna
síntese de componentes diferentes ou
multifatorial.
até independentes (PASQUALI, 2010).
4. Definição dos construtos:
conceituação detalhada do instrumento,
baseada na literatura, em peritos
da área e na experiência do próprio
pesquisador. Na definição constitutiva
Explorou-se o detalhamento do instrumento com base na literatura
procura-se conceituar o construto,
estudada. Na definição “constitutiva” foram analisados os conceitos das
dando-lhe dimensões no espaço
Teorias de Enfermagem adotadas na instituição e o perfil oncológico
da teoria em que está incluído. Na
dos pacientes em relação ao instrumento que se pretendia construir. Na
definição operacional, os termos
definição “operacional”, os itens foram listados e categorizados, resultando
que compõem o instrumento devem
em uma melhor representação.
representar operações concretas, para
isto, deve-se especificar e categorizar
os itens e subitens para garantir a
cobertura do instrumento (PASQUALI,
2010).
Os passos 5 e 6 foram realizados concomitantemente.
A construção dos itens abrangeu a elaboração de conteúdos para compor
o instrumento Histórico de Enfermagem (entrevista e exame físico),
5. Operacionalização do construto: contendo propriedades relacionadas à atenção oncológica e às Teorias de
dá-se pela construção dos itens que Enfermagem do Autocuidado e das Relações Interpessoais.
comporão o instrumento (PASQUALI, Sequencialmente a categorização dos conteúdos, construiu-se a 1ª
2010). versão do instrumento Histórico de Enfermagem. Registra-se que os cinco
primeiros passos foram realizados pela enfermeira atuante na TI. Os
conteúdos construídos foram apresentados aos enfermeiros do CEPON, em
Oficinas de capacitação e de discussões.
continua...
134

continuação
Passos da Teoria Procedimentos realizados para a construção dos instrumentos
Primeira oficina
Realizou-se revisão dos conceitos sobre o PE e apresentou-se o sistema
TASY, com a demonstração do preenchimento e funcionalidades dos
registros. Ainda nesta oficina, realizou-se a validação semântica por
consenso dos conteúdos construídos para compor o instrumento Histórico
de Enfermagem. A estratégia utilizada para validação semântica foi a
disponibilização de uma cópia do instrumento aos enfermeiros, para que
pudessem verificar se os conteúdos eram compreensíveis e aplicáveis no
cuidado ao paciente oncológico. As contribuições dos enfermeiros foram

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agrupadas, analisadas e inseridas na 2ª versão do instrumento.
Segunda oficina
Apresentaram-se as taxonomias de enfermagem: Classificação
Internacional para a Prática de Enfermagem – CIPE® (GARCIA; GALVÃO;
NÓBREGA; CUBAS, 2020), Diagnósticos de Enfermagem da NANDA-
Internacional (NANDA-I), Classificação dos Resultados de Enfermagem
(NOC) e Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC) (NANDA
INTERNATIONAL, 2018-2020; MOORHEAD; JOHNSON; MAAS;
SWANSON, 2016; BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMANN; WAGNER,
6. Análise teórica dos itens: constitui-se
2016). O objetivo desta oficina foi a definição da linguagem padronizada
pela análise dos conteúdos por
a ser adotada na instituição. Decidiu-se pela adoção das taxonomias da
juízes com o intuito de estabelecer
NANDA-I, NOC e NIC. Cabe registrar que a primeira e a segunda oficina
a compreensão dos itens (análise
configuraram uma prática de educação permanente, auxiliando no processo
semântica) e a pertinência dos mesmos
de construção dos instrumentos, mas também de estudo sobre a SAE.
ao atributo que se pretende medir
Entre a segunda e terceira oficinas
(análise de conteúdo – procedimentos
Realizou-se uma nova revisão narrativa, com o objetivo de identificar os
analíticos não apresentados neste
Diagnósticos de Enfermagem predominantes no contexto oncológico
artigo) (PASQUALI, 2013).
(12 publicações foram incluídas). Em seguida, realizou-se mapeamento
cruzado entre os conteúdos do instrumento Histórico de Enfermagem e as
categorias de indicadores Diagnósticos de Enfermagem (características
definidoras, fatores relacionados e fatores de risco) (FRAUENFELDER;
ACHTERBERG; NEEDHAN; STRAUB, 2016). Os achados foram cruzados
com os resultados obtidos no estudo de revisão, o que culminou na seleção
final dos principais Diagnósticos de Enfermagem utilizados em pacientes
oncológicos. Adiante, os Diagnósticos de Enfermagem eleitos foram
cruzados com as taxonomias NOC e NIC para seleção dos Resultados e
Intervenções de Enfermagem.
O mapeamento cruzado consiste em um processo realizado para a
identificação de termos que permitem explicar ou expressar algo, por
meio do uso de palavras com significado igual ou semelhante, podendo
ser usados, comparados ou compreendidos a partir de uma linguagem
padronizada, possibilitando realizar comparações passíveis de avaliação
entre termos de diferentes classificações de enfermagem (FERREIRA;
ROCHA; LOPES; BACHIONA; LOPES; BARROS, 2016; TANNURE;
SALGADO; CHIANCA, 2014).
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 135

continuação
Passos da Teoria Procedimentos realizados para a construção dos instrumentos
No desdobramento das atividades, construiu-se quadro no Programa Word
do segundo instrumento contendo os Diagnósticos de Enfermagem com
seus respectivos indicadores diagnósticos (características definidoras, fatores
relacionados e fatores de risco), Resultados e Intervenções de Enfermagem
(NANDA, 2018-2020; MOORHEAD; JOHNSON; MAAS; SWANSON, 2016;
BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMANN; WAGNER, 2016) eleitos e
determinou-se os grupos de dados e de ligações entre os mesmos no sistema
TASY para continuidade dos cadastros das etapas do PE.
Finalizada a construção do quadro vinculado às taxonomias de
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enfermagem, iniciou-se o cadastramento dos conteúdos no Sistema TASY.


A alimentação dos dados ocorreu em cadastros com campos estruturados
no banco de dados, cujo preenchimento depende de profissional com
conhecimento científico em mapeamento cruzado de conteúdo textual e
taxonomias de enfermagem. Os elementos do processo inter-relacionam-se,
propondo uma abordagem sequencial e sistemática dos dados. A relação
das informações entre os cadastros apresentou-se para o usuário final em
formato de cascata, ou seja, é através da seleção prévia de algum dado
do Histórico de Enfermagem que o sistema lista os principais Diagnósticos
de Enfermagem e seus indicadores (características definidoras, fatores
relacionados e fatores de risco), Resultados e Intervenções de Enfermagem
relacionados ao dado. Cabe ao enfermeiro, entretanto, a tomada de decisão
quanto à documentação do cuidado de enfermagem.
Após o cadastro no sistema, foram ajustados os parâmetros do banco de
dados relacional e trabalhadas as configurações para a funcionalidade da
ferramenta.
Terceira oficina
Apresentaram-se aos enfermeiros as funcionalidades da ferramenta
construída em plataforma de testes do sistema com os registros eletrônicos
do Processo de Enfermagem, que validaram por consenso a sequência
dos conteúdos e layout dos instrumentos. Frente às recomendações
dos enfermeiros, construiu-se a 3ª versão do instrumento Histórico de
Enfermagem. Em relação aos instrumentos contendo os Diagnósticos,
Resultados e Intervenções de Enfermagem os conteúdos foram aceitos na
totalidade. Os enfermeiros apontaram que como eles foram selecionados
das taxonomias da NANDA, validação semântica não se fazia necessária.

Fonte: Elaborados pelas autoras.

Procedimentos experimentais

Os procedimentos experimentais configuram os procedimentos empíricos


para validação do instrumento piloto, desenvolvido em dois passos (Quadro 2).
136

Quadro 2 – Procedimentos experimentais dos registros eletrônicos do


Processo de Enfermagem do CEPON. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Passos da Teoria Procedimentos realizados para a testagem dos instrumentos
Realizou-se um teste piloto, durante três meses, que configurou o início do processo de
implantação. Para essa etapa definiu-se, com o grupo de enfermeiros, que o teste piloto
se limitaria, inicialmente, à unidade Central de Quimioterapia, com a realização de uma
consulta de enfermagem por dia. Ao término de cada consulta, a enfermeira da TI, in
loco, orientava e auxiliava os enfermeiros na realização dos registros eletrônicos.
Neste momento, era solicitado um feedback do enfermeiro em relação ao uso da
ferramenta informatizada, as recomendações dos enfermeiros eram analisadas e os

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ajustes solicitados incorporados aos instrumentos informatizados.
O teste piloto foi ampliado por mais três meses para a unidade de internação de
Cuidados Paliativos e para o Ambulatório de Adultos Jovens. No curso do teste piloto,
as ferramentas disponíveis no sistema TASY foram utilizadas para análise dos registros,
quando se observou que os registros relacionados ao exame físico no Histórico
de Enfermagem não estavam sendo registrados pelos enfermeiros na completude
desejada.
1. Planejamento da Considerando que a primeira etapa do PE influencia significativamente as etapas
aplicação: nesta subsequentes, identificou-se a necessidade de capacitação dos enfermeiros para
etapa define-se uma melhor coleta de dados de enfermagem e para compreensão do desdobramento deste
amostra representativa aspecto na SAE e no cruzamento dos dados informatizados. Diante dessa necessidade
da população alvo, realizou-se mais uma oficina.
desenvolvem-se instruções Quarta oficina
para uso dos instrumentos, Capacitação dos profissionais para o exame físico e compreensão da importância desta
verificam-se condições e atividade no desenvolvimento e registro eletrônicos do Processo de Enfermagem.
formas de aplicação dos Ao término do teste piloto construiu-se a 4ª versão do instrumento Histórico de
instrumentos e trabalha-se Enfermagem, considerando as contribuições dos enfermeiros.
o formato do instrumento Sequencialmente, deu-se início a implantação nos demais setores institucionais. Neste
piloto (BERTONCELLO, momento foi construído o instrumento para os registros da Avaliação de Enfermagem.
2004; PASQUALI, 2010). Para embasar esta construção, utilizou-se a matriz de dados do instrumento Histórico
de Enfermagem, definiram-se itens de preenchimento obrigatório e adotaram-se os
cadastros interconectados do sistema.
Desde o término do teste piloto, os registros do PE foram liberados para uso de todos
os enfermeiros e pequenos ajustes dos conteúdos foram sendo incluídos, conforme
solicitação da equipe.
Na análise constante da equipe sobre o uso da ferramenta na prática clínica,
evidenciou-se a fragilidade nos constructos do instrumento Histórico de Enfermagem
para expressar o suporte teórico da SAE institucional, incluindo constructos das Teorias
do Autocuidado e das Relações Interpessoais. Nesse momento foi consensuado com
os enfermeiros o aperfeiçoamento dos propósitos da Fase de Orientação da Teoria de
Peplau e os Requisitos de Autocuidado Universal, Desenvolvimentais e Desvio de Saúde
de Orem (TAYLOR, 2006; HAGERTY; SAMUELS; NORCINI-PALA; GIGLIOTTI, 2017) no
conteúdo do Histórico de Enfermagem e definiu-se a necessidade de validação analítica
com experts nas Teorias de Orem e Peplau, externos ao CEPON.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 137

continuação
Passos da Teoria Procedimentos realizados para a testagem dos instrumentos
2. Coleta da informação
empírica: nesta etapa
realizam-se possíveis
ajustes advindos do pré- Nesta etapa, voltou-se à literatura para nova aproximação com as teorias norteadoras
teste para. As informações da SAE no CEPON. Este fazer configurou a realização de novos procedimentos
obtidas darão origem teóricos propostos por Pasquali (PASQUALI, 2010) e culminou na elaboração da 5ª
a um banco de dados versão do instrumento, que foi submetida aos procedimentos analíticos, apresentados
que será utilizado nos sequencialmente.
procedimentos analíticos
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(BERTONCELLO, 2004;
PASQUALI, 2010).

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Procedimentos analíticos

Esta etapa compreende a dimensionalidade do instrumento (validade),


a análise empírica dos itens e a fidedignidade do instrumento. A dimensiona-
lidade do instrumento (validade) busca verificar se o instrumento construído
e aplicado é ou não unidimensional através de uma análise fatorial. A análise
empírica dos itens trata de analisar os itens quanto à dificuldade e a discrimi-
nação. A fidedignidade relaciona-se ao conceito da variância erro, sendo que,
quanto menor a variância erro e quanto maior a variância verdadeira mais
fidedigno é o instrumento.
Nos estudos de validação a correlação entre variância erro e variância
verdadeira deve aproximar-se de 0,90, segundo os testes estatísticos de Kuder-
-Richardson e alfa de Cronbach, para afirmar fidedignidade ou precisão. No
Quadro 3 apresentam-se as etapas metodológicas adotadas para realização
dos procedimentos analíticos para validação do instrumento do Histórico
de Enfermagem do CEPON. Os instrumentos para registro dos Diagnósti-
cos, Resultados e Intervenções de Enfermagem advindos das taxonomias da
NANDA-I não foram submetidos aos procedimentos analíticos, pois seus
constituintes partem de estudos pautados na prática baseada em evidências,
devidamente publicada.
138

Quadro 3 – Procedimentos analíticos para validação dos registros eletrônicos


do Histórico de Enfermagem do CEPON. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Enfermeiros experts (juízes avaliadores) em PE e Teoria do Autocuidado de Orem e/ou
Relações Interpessoais de Peplau, incluídos no estudo segundo os critérios: ser brasileiro,
possuir o título mínimo de doutor, com expertise em PE e Teoria do Autocuidado de Orem e/ou
Relações Interpessoais de Peplau, com publicações nessa temática de interesse, nos últimos
Participantes
dez anos.
Os enfermeiros experts foram selecionados via sistema de buscas disponíveis na Plataforma
Lattes com os filtros formação acadêmica/titulação atuação profissional e produções técnicas
e bibliográficas.

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Para validação do instrumento, primeiramente, o conteúdo do Histórico de Enfermagem
foi digitado no formato de formulário no Google Forms. Os domínios, itens e subitens do
Estratégia adotada
instrumento foram registrados no formulário online em 21 blocos de conteúdo.
para validação dos
Para cada bloco de conteúdo do Histórico de Enfermagem foram adotados cinco critérios para
conteúdos
avaliação: objetividade; pertinência; precisão da redação; exequibilidade e retrato do suporte
teórico das Teorias do Autocuidado e das Relações Interpessoais.
A primeira estratégia utilizada foi a inclusão de escala Likert de quatro pontos, com ordem
gradativa dos seguintes conceitos avaliativos em cada bloco de conteúdos e espaço descritivo
para inclusão das recomendações dos experts (alterações, inclusão ou exclusão de conteúdo).
A segunda estratégia, essa adotada para mensuração da concordância dos experts quanto
ao conteúdo do instrumento Histórico de Enfermagem, foi a aplicação do Índice de Validade
de Conteúdo (IVC), que consiste na soma de concordância do conteúdo avaliado como
“relevante” e “muito relevante” na escala Likert e divisão pelo número total de respostas.
Análise de dados Preconizou-se um valor mínimo para validação do conteúdo, que equivale ao IVC ≥0,8 (POLIT;
aplicada BECK; HUNGLER, 2011). Conteúdo com concordância/consistência inferior a este valor foi
ajustado ou excluído, conforme recomendações dos experts.
A terceira estratégia, essa para testar a confiabilidade do conteúdo, incluiu a aplicação do
Coeficiente Alfa de Cronbach. Definiu-se confiabilidade muito baixa α ≤0,30); baixa 0,30
< α ≤ 0,60); moderada 0,60 < α ≤ 0,75; alta 0,75 < α ≤ 0,90 e muito alta α > 0,90 (POLIT;
BECK; HUNGLER, 2011). Para este estudo foram considerados os valores superiores a ≥0,8
para validação do conteúdo. Média e desvio padrão também foram calculados. As análises
estatísticas foram realizadas por profissional estatístico, com uso do software SPSS, versão 25.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

A validação de conteúdo com os enfermeiros experts atingiu IVC entre


0,92 e 0,93, afirmando a concordância dos experts frente ao conteúdo do ins-
trumento Histórico de Enfermagem. A análise de consistência interna, segundo
o Alfa de Cronbach, apresentou valores entre 0,96 e 0,97, o que confirmou a
validação do conteúdo do instrumento.
A versão final do instrumento validado constituiu-se de cinco domínios,
90 itens e 588 subitens, ou seja, realizaram-se ajustes conforme recomenda-
ções dos experts no conteúdo do Histórico de Enfermagem.
Registra-se que o estudo foi desenvolvido sob apreciação ética, conforme
preconizado pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 139

Produto construído

O produto de enfermagem construído exigiu um trabalho continuado


de quatro anos, desses, dois percorridos no Curso de Mestrado Profissional
do Programa de Pós-graduação Gestão do Cuidado em Enfermagem e que
permitiram a finalização da validação semântica e analítica e o suporte neces-
sário para cientificidade dessa construção. O produto inclui instrumentos
informatizados disponíveis em prontuário eletrônico (Figura 1).
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Figura 1 – Telas do Prontuário Eletrônico exemplificando o produto


de enfermagem construído. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
140

Fonte: Elaborado pelas autoras.


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EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 141

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

A implantação dos produtos na prática clínica, como já descrito anterior-


mente, ocorreu a partir do teste piloto, desenvolvido nos procedimentos expe-
rimentais e com a aplicação das mesmas estratégias adotadas no teste piloto
para implantação nas outras unidades institucionais. O período de implantação
dos instrumentos levou cerca de dois anos para se efetivar em todos os setores.
Registra-se que a cada abertura de um novo serviço e/ou setor realiza-se
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o mapeamento cruzado das taxonomias em relação ao Histórico de Enferma-


gem e Avaliação de Enfermagem para adequação das características do novo
cenário de cuidados dos enfermeiros do CEPON.
Para implementação do uso dos registros eletrônicos do PE manteve-
-se a atuação e suporte técnico da enfermeira atuante na TI, inclusive em
atividades de sobreaviso, para dar suporte às demandas advindas do uso do
sistema e dificuldades para efetivação dos registros. Outra atitude adotada foi
a manutenção da atualização continuada dos registros do PE. Justifica-se essa
atualização para atendimento de demandas advindas da atenção oncológica
e análise dos enfermeiros institucionais, pois se deparam com o surgimento
de novas características nos pacientes oncológicos, uso de medicamentos e
seus efeitos colaterais que alteram, principalmente, as etapas do Histórico e
dos Diagnósticos de Enfermagem. Além disso, a abertura de novos serviços
de enfermagem institucionais exige a inclusão de conteúdos no instrumento
do Histórico de Enfermagem, podendo implicar no cruzamento desses dados
com os dos Diagnósticos de Enfermagem.
Na implementação do PE no CEPON, dentre as dificuldades encon-
tradas destaca-se a falta de conhecimento dos enfermeiros sobre o uso das
taxonomias e das Teorias de Enfermagem que fundamentam a SAE, com
destaque para a etapa de Planejamento de Enfermagem. Em geral, observa-se
a ausência de compreensão dos enfermeiros na identificação dos Resultados
de Enfermagem antes das Intervenções de Enfermagem, assim como o uso
dos Resultados de Enfermagem para avaliar a efetividade das Intervenções
de Enfermagem realizadas nos pacientes.
Adquirir conhecimento sobre as teorias de enfermagem e taxonomias, que
norteiam a assistência e relacioná-las no cenário da prática, instrumentaliza
o enfermeiro a desenvolver o cuidado de enfermagem avançado e científico.
Essa é uma missão repleta de desafios e que exige planejamento, persistência,
organização, trabalho continuado e repetitivo.
Neste ínterim, um aspecto configura uma dificuldade e um desafio, o
dimensionamento profissional e a rotatividade das contratações, que exigem
capacitação de novos colaboradores para a compreensão e o preenchimento
142

correto da ferramenta a partir do suporte teórico para execução dos registros do


PE e, principalmente, para a efetivação da SAE. Evidencia-se, portanto, empi-
ricamente que a elevada rotatividade das contratações profissionais prejudica a
qualidade dos registros eletrônicos de enfermagem e desenvolvimento da SAE.
Ainda empiricamente pode-se afirmar que profissionais com maior tempo
de formação têm maior habilidade na tomada de decisão de enfermagem,
opostamente mostram dificuldades para uso do sistema informatizado. Os
profissionais com menor tempo de formação têm maior habilidade para uso do
sistema, porém a tomada de decisão para os melhores resultados de enferma-

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gem fica prejudicada. Esse contexto de observação sugere o desenvolvimento
de investigações de enfermagem e práticas de educação permanente.
Outro desafio diz respeito a manter o banco de dados atualizado, pois as
etapas do PE foram construídas com o apoio de taxonomias de enfermagem,
que são avaliadas e a cada nova edição, lançada a cada dois anos, mudanças
estruturais e de conteúdo podem ser realizadas e impactar na forma como uti-
lizamos estas classificações na prática clínica da instituição. A atualização dos
dados no sistema informatizado e a alimentação dos cruzamentos desses dados
entre as etapas do PE são contínuas. O Enfermeiro responsável por atualizar os
cadastros, precisa estar atento às modificações de conteúdo para correlacionar
as taxonomias visando o nível mais alto de evidências, contribuindo, dessa
maneira, com a documentação do cuidado ao paciente oncológico.
Uma limitação digna de nota, realidade não apenas no contexto oncoló-
gico, mas em diversas instituições de saúde nacionais e internacionais, é a falta
de enfermeiros acarretando sobrecarga de trabalho e a ausência de capacita-
ções e de educação continuada/permanente sendo outro fator que inviabiliza
a adesão por completo do PE e o preenchimento correto da documentação em
prontuário eletrônico. A Organização Mundial da Saúde afirma a carência de
profissionais enfermeiros e que esta situação tende a piorar na próxima década,
ficando próximo a seis milhões de profissionais (OPAS, 2020).
Constata-se, contudo, que a implementação do PE trouxe visibilidade à
Instituição e a Enfermagem por ser uma excelente ferramenta para a gestão
em saúde, pois apresenta diversos benefícios qualificando a assistência, tra-
zendo autonomia profissional e evitando gastos desnecessários. Destaca-se
que o apoio dos gestores do CEPON, da Enfermagem e a prática da educação
permanente são fundamentais para que os esforços científicos dos enfermeiros
tenham continuidade.

Avaliação dos resultados após a implementação

São notáveis as contribuições do PE em todas as suas etapas registradas


em prontuário eletrônico, pois o registro eletrônico possibilita transparência
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 143

através de indicadores da qualidade que identificam possíveis falhas no pro-


cesso, sendo esta uma importante ferramenta para a avaliação e correção,
garantindo um cuidado seguro e eficaz.
A avaliação dos resultados (monitoramento e controle) da implementação
dos instrumentos vem sendo realizada por indicadores de gestão disponíveis no
Sistema TASY e software de BI que gera indicadores em tempo real, weKnow.
Os dados coletados são transformados em indicadores estratégicos que
permitem aos gestores trabalhar a melhoria contínua da qualidade assistencial.
Os indicadores auxiliam na implementação de ações para elevar os níveis da
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qualidade do cuidado de enfermagem.


Os indicadores de gestão permitem analisar dados qualitativos e quanti-
tativos, tais como, os Diagnósticos de Enfermagem mais selecionados pelos
enfermeiros por setor de atendimento, quantitativo de internações versus his-
tóricos de enfermagem aplicados, Histórico de Enfermagem realizado nas
primeiras 24 horas de internação, entre outras informações relevantes. Os
indicadores norteiam o gestor para atuar na eficiência, eficácia e efetividade
dos serviços prestados, além da gestão dos custos.
Os dados coletados contribuem para transformar conceitos e práticas
de organização do trabalho do enfermeiro e refletem em benefícios para o
paciente que no contexto oncológico exige controle e avaliação constantes
de sua condição de saúde.
Nessa ótica, cabe ressaltar a contribuição da tecnologia para a emissão
de dados que são utilizados tanto para a gestão do cuidado, quanto para o
ensino e pesquisa. As informações provenientes destes softwares permitem
a análise consistente que auxilia na tomada de decisões e reflexões sobre a
prática profissional de enfermagem.
Outra avaliação está relacionada à percepção dos enfermeiros e gestores
de enfermagem sobre a implementação dos registros eletrônicos do Processo
de Enfermagem. Os Enfermeiros do CEPON e a Alta Gerência reconhecem
que a construção, validação e informatização do PE estruturou o serviço de
enfermagem segundo a teoria de enfermagem com a organização da assistência
de modo individualizado e científico.
Assim, a construção do produto de enfermagem descrito trouxe impactos
significativos para a organização do serviço, modernização da enfermagem
frente aos avanços das tecnologias da informação que vem transformando as
instituições, a formação e a atuação dos profissionais.
O Histórico de Enfermagem, construído com rigor científico pautado
em Teorias de Enfermagem, ressalta o princípio do cuidado integral quando
o paciente é atendido não apenas por seus padrões biológicos, como também,
psicológicos, sociais e espirituais.
144

O PE baseado em suporte teórico desperta no enfermeiro o senso crítico


diante das mais variadas situações em que o contexto oncológico exige de sua
expertise, sendo esta ferramenta norteadora da tomada de decisão eficiente.
As etapas do PE quando realizadas em sua totalidade, aproximam o
enfermeiro de um novo olhar assistencial, um cuidado científico e seguro
com ferramenta própria que permite avaliar a eficácia das ações, ao mesmo
tempo em que desconstrói o modelo biomédico tão impregnado nas institui-
ções de saúde.

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Conclusões

Construir, validar, implementar e controlar os registros eletrônicos do PE


no CEPON vem orientando o cuidado profissional no que se refere a padro-
nização da documentação da prática de enfermagem e inclusive das condutas
profissionais mesmo diante do cuidado individualizado, pois o suporte teórico
conduz para essa atuação. Ainda, o uso das taxonomias de enfermagem e de
conteúdos para realização do Histórico de Enfermagem advindos da prática
de enfermagem baseada em evidências científicas, proporciona ao enfermeiro
alto nível de gestão do cuidado e amplia a visibilidade da profissão diante da
equipe multidisciplinar.
É unânime dentre os enfermeiros do CEPON que os cuidados de enfer-
magem fundamentados em suporte teórico refletem em resultados sólidos e
positivos para a saúde do paciente oncológico. Como o produto aqui descrito
vincula-se ao contexto da atenção oncológica, frisa-se este caráter inovador,
pois a produção de conhecimento no contexto da enfermagem oncológico
nacional ainda requer muitos avanços.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 145

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PRODUTO 3
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
DE ENFERMAGEM PARA LESÕES
POR PRESSÃO RELACIONADAS
A DISPOSITIVOS MÉDICOS EM
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IDOSOS: bundles de cuidados1


Daniela Soldera
Juliana Balbinot Reis Girondi
Cilene Fernandez Soares
Melissa Orlandi Honório Locks
Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt

Objetivo

Construir e validar Bundles de cuidados de Enfermagem para prevenção,


diagnóstico e tratamento de lesões por pressão relacionadas a dispositivos
médicos para uso hospitalar.

Introdução

O envelhecimento cutâneo humano é processo complexo e multifatorial,


sendo decorrente de diversos aspectos ainda desconhecidos. A pessoa idosa
perde a estrutura da derme tornando-a achatada e com diminuição da pro-
liferação celular que acarreta maior suscetibilidade a traumas e penetração
de agentes infecciosos (MARIANI; POZZI; ARMOND; VINAGRE, 2019).
As alterações fisiológicas do envelhecimento afetam a população inclusive
com ocorrência de lesões na pele do idoso, incluindo ressecamento, prurido,
calosidades, vesículas, bolhas, úlceras, tumores benignos e malignos, sendo
de grande importância a avaliação cutânea para prevenção de doenças (NEU-
MAIER; NEUMAIER; TURCHIELLO; LAMPERT, 2018).
Transformações relacionadas ao sistema tegumentar no processo de enve-
lhecimento incluem mudanças na epiderme (aumento de lipídios, diminui-
ção da junção dermo-epidérmica; menor número de melanócitos – melanina,

1 Linha: O cuidado e o processo de viver, ser saudável, adoecer e morrer.


150

diminuição de colágeno, diminuição na produção de hormônio); na derme


(aumento da flacidez e fragilidade, diminuição da espessura, diminuição do
colágeno, fibras elásticas mais fragmentadas, diminuição da vascularidade)
e na hipoderme (aumento do tecido adiposo, atrofia do tecido subcutâneo)
(MENDES; TOURINHO, 2012).
Segundo Strutzel, Cabello, Queiroz e Falcão (2007), as alterações celu-
lares modificam a estrutura anatômica da pele no envelhecimento, deixando
a pele desidratada e com poucos hormônios, afinada e descamada; a epiderme
tem estrutura pálida e fina, com áreas de pigmentação extra com fragili-

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dade vascular e o tecido subcutâneo apresenta menor densidade resultado em
enrugamentos, vincos e rugas. As alterações celulares trazem consequências
funcionais e orgânicas a pele e mucosas, sendo as mais comuns na pessoa
idosa: alteração na permeabilidade cutânea, diminuição da qualidade da reação
inflamatória, diminuição da resposta imunológica, diminuição da cicatrização
e sudorese, diminuição sensorial (MENDES; TOURINHO, 2012).
As alterações decorrentes do processo de envelhecimento da pele, que
podem ser intrínsecas (sendo a primeira causa relacionada a fatores genéticos
e cronológicos) e/ou extrínsecas (resultado de danos ambientais e hábitos de
vida), quando associadas a fatores externos (pressão, umidade, trauma mecâ-
nico – fricção e cisalhamento) podem potencializar as chances de ocorrerem
Lesão por Pressão (LP) (SANTOS; ALMEIDA; LUCENA, 2016; GIRONDI;
DI PIERO; OLIVEIRA; ROSA; SANTOS; ABREU, 2020).
A LP é uma lesão localizada em uma área de dano da pele e do tecido
mole subjacente geralmente sobre proeminência óssea ou relacionada com um
dispositivo médico, pode apresentar pele intacta ou úlcera aberta. Ocorre como
resultado da intensa pressão e/ou prolongamento de pressão em combinação
com cisalhamento. A tolerância do tecido mole para a pressão e cisalhamento
também podem ser afetados pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbida-
des e condições do tecido mole (GIRONDI; DI PIERO; OLIVEIRA; ROSA;
SANTOS; ABREU, 2020; NPUAP, 2016).
Existem diversos desafios para reduzir a ocorrência da LP nos idosos,
incluindo questões relacionadas ao cuidado, como aspectos estruturais/pro-
cesso de trabalho, déficit/dificuldade na educação permanente, baixa motiva-
ção destes para a implementação de protocolos de e/ou escalas preditivas de
risco e para prevenção de LP; além de características específicas da própria
pessoa idosa, como diferentes e elevados graus de dependência nos idosos,
déficit cognitivo/aprendizagem e/ou autocuidado, diferentes graus de imobi-
lidade, déficit de higiene pessoal e nutrição inadequada (VIEIRA; SANTOS;
ALMEIDA; SOUZA; BERNARDES; MATA, 2018; GIRONDI; DI PIERO;
OLIVEIRA; ROSA; SANTOS; ABREU, 2020).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 151

O enfermeiro possui papel fundamental no que se refere ao cuidado ao


idoso e especificamente no contexto de atenção à pele, tornam-se necessários
conhecimentos técnicos científicos baseados em evidências (SILVA, 2017).
Corrobora-se neste contexto, a importância da Sistematização da Assistên-
cia de Enfermagem (SAE), como estratégia necessária para cuidado seguro
e padronizado, com vistas a reduzir possíveis complicações e minimizar o
tempo necessário para a recuperação do paciente (ARAÚJO; FRANÇA; MEN-
DONA; BETTENCOURT; AMARAL; PRADO, 2018).
Como estratégia para qualificar a SAE, destaca-se a elaboração e utili-
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zação de instrumentos como tecnologias viáveis e seguras capazes de apoiar


o enfermeiro nas decisões bem como padronizar o cuidado ofertado. Dentre
os instrumentos possíveis, o Bundle constitui-se em forma estruturada de
melhorar os processos e os resultados dos cuidados para o paciente. É defi-
nido como um conjunto de cuidados, podendo ser estruturado entre três a
cinco itens construídos a partir de Práticas Baseadas em Evidências (PBE).
Trata-se de ferramenta coletiva e confiável com a finalidade de prevenir e
gerenciar diferentes condições do paciente (SILVA, 2017), a exemplo das
lesões de pele, em especial às Lesões por Pressão Relacionadas a Dispositivos
Médicos (LPRDM).
Neste contexto, constata-se a necessidade da construção de Bundles
de Cuidados de Enfermagem para prevenção, diagnóstico e tratamento de
LPRDM em idosos internados em instituição hospitalar, visto que, na popu-
lação idosa é inexistente a implantação desse tipo de pacote mínimo de cuida-
dos em instituições hospitalares associado às evidências científicas. Sob esta
lógica, enquanto vantagem para utilização deste instrumento pode-se destacar
a possibilidade de diminuir a prevalência/incidência de LPRDM em idosos
durante a internação hospitalar.

Percurso metodológico

Para proposição desses Bundles de cuidados foi realizado um estudo


metodológico sistematizado em três momentos: a) Revisão Integrativa de
Literatura (RIL), b) investigação com enfermeiros, c) elaboração e validação
do Bundles.
A pesquisa teve sua origem a partir da problemática encontrada em um
Hospital particular do sul do Brasil, que comporta um elevado quantitativo
de idosos internados nas unidades com potencial para desenvolver LPRDM.
O percurso metodológico será descrito conforme as etapas que o compu-
seram começando pela RIL, realizada no intuito de no intuito de elencar ações
e intervenções cientificamente comprovadas para prevenção, diagnóstico e
152

tratamento de LPRDM durante a internação hospitalar. Esta foi desenvolvida


em seis etapas: elaboração da questão de estudo; estabelecimento dos critérios
de inclusão e exclusão; identificação dos estudos selecionados; categorização
e análise dos estudos selecionados, análise e interpretação dos resultados
(BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011) apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Etapas da revisão de literatura. Florianópolis, SC, Brasil, 2019


ETAPAS OPERACIONALIZAÇÃO

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Quais os cuidados e/ou ferramentas voltados às ações e intervenções para prevenção,
Elaboração da questão de
diagnóstico de enfermagem e/ou tratamento de lesão por pressão relacionada a
estudo
dispositivos médicos em idosos internados em instituição hospitalar?
Bases selecionadas: Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cumulative Index to Nursingand Allied
(CINAHL), Medical Literature Analysisand Retrieval System Online (PUBMED/
MEDLINE), Web of Science, as bibliotecas Cochrane e Scientific Electronic Library
Online (SciELO) e SCOPUS.
Estabelecimento dos Critérios de inclusão: estudos de pesquisas qualitativa e/ou quantitativas sobre o
critérios de inclusão e tema, ensaios, consensos nas línguas: português, inglês ou espanhol; estudos com os
exclusão descritores e palavras chaves previstos em protocolo previamente elaborado utilizando
operadores booleanos (delimitadores) representados pelos termos AND e OR.
Critérios de exclusão: estudos duplicados; cartas; editoriais; resumos publicados em
anais de eventos e/ou periódicos; livros; dissertações; teses; programas, políticas de
saúde; estudos publicados antes de 2014.
Recorte temporal: materiais publicados entre 2014 e 2018.
Os resumos foram separados conforme sua natureza e tipo, onde foi realizada leitura
Identificação dos estudos
flutuante do material coletado. Quando atendidos os critérios de inclusão e exclusão
selecionados
foram resgatados na íntegra.
Realizada uma releitura criteriosa dos materiais pré-selecionados, sintetizando e
Categorização e análise
organizando os dados em quadro contendo: título, autor(es), tipo e ano de publicação,
dos estudos selecionados
objetivo, resultados e conclusões.
Os dados foram analisados de acordo com os níveis de evidência descritos por
Análise e interpretação dos Melnyk e Fineout-Overholt (2005). Esta análise considera hierarquicamente sete níveis
resultados de evidência, disposta fontes de dados de acordo com a solidez das informações
fornecidas.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

A segunda etapa do percurso metodológico foi desenvolvida mediante


investigação com os enfermeiros assistenciais do cenário deste estudo, a fim
de levantar informações sobre condutas adotadas para avaliação, prevenção
e cuidados concernentes às LPRDM.
Para participar da proposta foram convidados 23 enfermeiros assistenciais
considerando os critérios de inclusão: aqueles em atividades assistenciais com
idosos e atuantes há pelo menos três meses nas unidades de: centro cirúrgico,
clínica cirúrgica, clínica médica e Unidade de Terapia Intensiva Adulto. O
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 153

critério de exclusão incluiu enfermeiros afastados de suas atividades laborais


no período de coleta de dados. Logo, participaram 18 enfermeiros (13 lota-
dos em unidades de internação médico-cirúrgica, um no centro cirúrgico e
quatro na Unidade de Terapia Intensiva Adulto); houve duas recusas e três
estavam afastados em licença de saúde e período de férias no período da
coleta de dados.
Para a coleta de dados foi realizada entrevista semiestruturada, nesse
processo foi possível identificar a compreensão destes profissionais sobre
as LPRDM, as hesitações relacionadas aos conceitos, cuidados preventivos,
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diagnósticos de enfermagem, bem como as ações adotadas para prevenção


e tratamento das lesões. A apreciação dos dados foi embasada na Análise de
Conteúdo de Minayo, onde após transcrição das informações na íntegra rea-
lizaram-se a leitura do material e a exploração das informações, selecionando
palavras-síntese de onde emergiram as categorias do estudo (MINAYO, 2014).

Fluxograma 1 – Etapas metodológicas para realização do Bundles


de cuidados voltados para Lesão por Pressão relacionada a
dispositivos médicos em idosos. Florianópolis, SC, Brasil, 2019

Elaboração dos Bundles

Consistiu em duas etapas

Primeira etapa: Segunda etapa:


RIL + evidências científicas + Investigação com os
(manuais, consensos e diretrizes) enfermeiros

Foram elencados os principais cuidados desenvolvidos pelos enfermeiros


em nível internacional em manuais, consensos e diretrizes + resultado da
RIL somado aos cuidados desenvolvidos pelos enfermeiros da instituição
hospitalar, resultado da investigação com eles.

Compuseram os três Bundles: prevenção, diagnóstico de enfermagem e


tratamento das LPRDM

Fonte: Elaborado pelas autoras (2019).


154

A terceira etapa metodológica consistiu na validação do instrumento


realizada por enfermeiros experts Estomaterapeutas formados em cursos cer-
tificados pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST), mediante a
técnica de Bola de Neve. Foram convidados 134 experts, 58 aceitaram partici-
par, 20 foram participantes em duas rodadas de validação e 76 não retornaram
o convite. Para cada item avaliado foi solicitado julgamento quanto à: 1) obje-
tividade dos conteúdos: se os itens são imparciais, diretos, práticos e claros;
2) pertinência dos conteúdos: se são apropriados e relevantes; 3) precisão da
redação dos conteúdos: diz respeito ao rigor dos registros e definições, se as

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escolhas das palavras foram apropriadas. Para tal foi utilizado uma Escala
Likert para registro da avaliação contendo os escores 1 (discordo), 2 (discordo
parcialmente), 3 (concordo parcialmente) e 4 (concordo) e com um espaço
para sugestões e comentários. O formulário foi disponibilizado aos experts
avaliadores por meio de duas rodadas de validação, desenvolvidas conforme
a recomendação da técnica de Delphi (CASTRO, REZENDE, 2009).
Para analisar cada resposta do julgamento foi empregado o Índice de
Validade de Conteúdo (IVC), destinado a avaliar o conteúdo dos itens do
instrumento validado em relação à representatividade de medida. Conside-
rou-se válido o IVC ≥0,8 entre as avaliações dos experts, escores inferiores
foram ajustados, a partir das sugestões dos experts, sendo encaminhados para
nova avaliação.
O cálculo para cada item consiste na divisão do número total de respostas
com escore 3 (concordo parcialmente) e 4 (concordo), pelo número total de
respostas. Para calcular a concordância do instrumento somam-se todos os
IVC de cada item e divide-se pelo total de itens do instrumento.
O estudo obteve financiamento através do edital CAPES/COFEN
nº 0765/2017 e vinculado a um macroprojeto de pesquisa financiado pelo
CNPq 40 2794/2016-8, intitulado: “Estratificação de risco e intervenções de
enfermagem no Diagnóstico, prevenção e tratamento de skin tears e Lesão
por Pressão em idosos”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos sob o parecer nº 2.390.948 e CAAE 74769317.5.1001.0121.

Produto construído

A etapa de construção dos três Bundles ocorreu entre janeiro e fevereiro


de 2019, sendo Bundle 1: diagnósticos de enfermagem de LPRDM (contendo
3 diagnósticos de enfermagem, sendo 11 detalhamento das ações e 16 itens
relacionados a avaliação clínica da pele), o Bundle 2 voltado para preven-
ção de Lesões por Pressão Relacionadas a Dispositivos Médicos (contendo
cinco categorias de cuidados preventivos, compreendendo 15 detalhamento
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 155

das ações) e o Bundle 3 com cuidados voltados à prevenção e tratamento de


LPRDM (contendo cinco categorias para medidas de tratamento, compreen-
dendo nove detalhamento das ações).
As versões finais dos três instrumentos foram validadas, as quais com-
põem 35 detalhamentos de ações relacionadas aos cuidados com LPRDM em
idosos internados, apresentadas nos Quadros 2, 3 e 4.

Quadro 2 – Bundle 1: Diagnósticos de Enfermagem


(NANDA 2018-2020) de Lesões por Pressão Relacionadas a
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Dispositivos Médicos. Florianópolis, SC, Brasil, 2019


Diagnósticos de
Enfermagem
Detalhamento das Intervenções Avaliação clínica
(NANDA
2018-2020)
• A dor localizada em região do dispositivo
• Identificar dor localizada em região de médico é um sinal preditivo de Lesão por
dispositivo médico (ALVES; EBERHARDT; Pressão Relacionada a Dispositivo Médico
SOARES; PINTO; PINTO; VALES (HAM; SCHOONHOVEN; SCHURMANS;
et al., 2017; POKORNÁ; BENEŠOVÁ; LEENEN, 2016; HERDMAN; KAMITSURU,
JARKOVSKÝ; MUŽÍK; BEECKMAN, 2017); 2018);
• Avaliar a intensidade da dor utilizando as • Dor de início súbito ou lento sob e em
escalas preditivas: Visual analógica ou torno do dispositivo médico (HAM;
Behavior Pain Scale em pacientes sedados SCHOONHOVEN; SCHURMANS; LEENEN,
em uso de ventilação mecânica (SANTOS; 2016; HERDMAN; KAMITSURU, 2018);
Dor Aguda
BAVARESCO; ALMEIDA; LUCENA, 2017); • Dor de intensidade leve a intensa sob e
• Atentar aos pacientes com risco potencial em torno do dispositivo médico (HAM;
de Lesão por Pressão Relacionada a SCHOONHOVEN; SCHURMANS; LEENEN,
Dispositivo Médico, quanto a queixas de 2016; HERDMAN; KAMITSURU, 2018);
dor e desconforto (HAM; SCHOONHOVEN; • Avaliação regular da pele após queixas de
SCHURMANS; LEENEN, 2016; HERDMAN; dor e desconforto referidas pelo paciente
KAMITSURU, 2018); e/ou acompanhante principalmente em
• Gerenciar o controle da dor (SANTOS; pacientes com maior risco (idade avançada,
BAVARESCO; ALMEIDA; LUCENA, 2017). desnutrição, edema) (SANTOS; ALMEIDA;
LUCENA, 2016).
continua...
156

continuação
Diagnósticos de
Enfermagem
Detalhamento das Intervenções Avaliação clínica
(NANDA
2018-2020)
• Definida como derme e epiderme alterada,
incluindo como características: alteração na
• Avaliar hiperemia em torno do dispositivo
integridade da pele, área localizada quente
médico (VISSCHER; REI; NIE; SCHAFFER;
ao toque, dor aguda, matéria estranha
TAYLOR; GIACCONE et al., 2015);
perfurando a pele, vermelhidão (HERDMAN;
• Identificar maceração da pele em sítio de
KAMITSURU, 2018);
inserção do dispositivo médico (VISSCHER;

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• Hiperemia sob em torno do dispositivo
REI; NIE; SCHAFFER; TAYLOR; GIACCONE
médico (VISSCHER; REI; NIE; SCHAFFER;
et al., 2015; ELHABASHY, 2016);
TAYLOR; GIACCONE et al., 2015);
• Avaliar quanto a umidade e calor sob e em
• Pele macerada em sítio de inserção do
torno do dispositivo médico (VISSCHER;
Integridade da dispositivo médico (ELHABASHY, 2016);
REI; NIE; SCHAFFER; TAYLOR; GIACCONE
pele prejudicada • Microclima alterado sob e em torno do
et al., 2015; ELHABASHY, 2016);
dispositivo médico (VISSCHER; REI;
• Certificar quanto ao modo de inserção
NIE; SCHAFFER; TAYLOR; GIACCONE
e posicionamento correto do dispositivo
et al., 2015; BLACK; ALVES; BRINDLE;
médico para evitar lesão na pele (DYER,
DEALEY; SANTAMARIA; CALL et al., 2015;
2015; MAKIC, 2015);
ELHABASHY, 2016);
• Avaliar quanto à presença de edema sob e
• Dispositivo médico inserido
em torno do dispositivo médico (BARAKAT-
inadequadamente, lesionando o tecido
JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE,
(DYER, 2015; MAKIC, 2015);
2017).
• Edema local (BARAKAT-JOHNSON;
BARNETT; WAND; WHITE, 2017).
• Lesão localizada na pele e/ou tecido
subjacente geralmente sobre uma
proeminência óssea, resultante de pressão e
cisalhamento ou relacionada a um dispositivo
médico ou outro, sendo categorizada em
estágios (NPUAP, 2016);
• Realizar estadiamento da Lesão por Pressão
• Lesão por Pressão estágio 1: Pele íntegra
Relacionada a Dispositivo Médico, de acordo
com eritema que não embranquece (NPUAP,
com o sistema de estadiamento do National
2016);
Pressure Ulcer Advisory Panel (BARAKAT-
• Lesão por Pressão estágio 2: Perda da pele
Risco de Lesão JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE,
em sua espessura parcial com exposição da
por pressão 2017);
derme (NPUAP, 2016);
• Evoluir detalhadamente em prontuário
• Lesão por Pressão estágio 3: Perda da pele
as características da lesão (BARAKAT-
em sua espessura total (NPUAP, 2016);
JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE,
• Lesão por Pressão estágio 4: Perda da pele
2017).
em sua espessura total e perda tissular não
visível (NPUAP, 2016);
• Lesão Tissular Profunda: descoloração
vermelho-escura, marrom ou púrpura,
persistente e que não embranquece (NPUAP,
2016).

Fonte: SOLDERA (2019).


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 157

Quadro 3 – Bundle 2: Prevenção de Lesões por Pressão Relacionadas


a Dispositivos Médicos. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Cuidados Detalhamento das Intervenções
• Inspecionar a pele sob e em torno do dispositivo médico mais de 1x ao dia (BLACK;
Inspeção diária da ALVES; BRINDLE; DEALEY; SANTAMARIA; CALL et al., 2015);
pele • Realizar plano de avaliação da pele sob e em torno do dispositivo médico em pessoas com
condições específicas (fluidos, edema/ risco de edema/anasarca) (DYER, 2015).
• Escolher dispositivo médico de material flexível e suave com tamanho adequado para cada
Escolha e fixação do paciente (KAYSER; VANGILDER; AYELLO; LACHENBRUCH, 2018);
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dispositivo médico • Afrouxar as fixações do dispositivo médico sempre que necessário (KARADAG; HANONU;
EYIKARA, 2017).
• Reposicionar o dispositivo médico 2 vezes ao dia (BLACK et al., 2015);
Reposicionamento
• Plano individualizado de avaliação da pele sob e em torno do dispositivo médico em casos
do dispositivo
de edema ou risco de edema (BARAKAT-JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE, 2017).
• Manter a pele sempre limpa e seca sob e em torno do dispositivo médico (KULIK;
GRAHAM; CONNOR; HICKEY, 2018);
Cuidados com a pele
• Evitar inserção de dispositivo médico em áreas que já tiveram lesão de pele pré-existente
(DYER, 2015; MAKIC, 2015; KARADAG; HANONU; EYIKARA, 2017).
• Utilizar filmes ou fitas transparentes que permitam a visualização do sítio de inserção do
dispositivo médico, desde que possível (DYER, 2015);
• Utilizar hidrocolóide fino para evitar pressão e cisalhamento (ACORDA, 2015);
• Utilizar curativos de espuma para prevenção de pressão/cisalhamento e absorção da
umidade (ACORDA, 2015);
• Utilizar dispositivos específicos como suporte preventivo de Lesão por Pressão Relacionada
Curativo de proteção
a Dispositivo Médico (DYER, 2015; MAKIC, 2015; KARADAG; HANONU; EYIKARA, 2017);
sob o dispositivo
• Escolher os curativos de espuma, pois apesar de menor adesividade redistribuem melhor a
pressão (DYER, 2015);
• Aplicar creme ou spray de barreira a cada troca de curativo
(RATHORE; AHMAD; ZAHOOR, 2016);
• Aplicar lenço formador de barreira em área periestoma da traqueostomia
(RATHORE; AHMAD; ZAHOOR, 2016).

Fonte: SOLDERA (2019).

Quadro 4 – Bundle 3: Tratamento de Lesões por Pressão Relacionadas a


Dispositivos Médicos. Florianópolis, 2020. Florianópolis, SC, Brasil, 2020
Cuidados Detalhamento das Intervenções
• Utilizar curativos de espuma de poliuretano para controlar a umidade e manter o microclima
Controle do (DAVIES; RIPPON, 2010; ACORDA, 2015);
microclima e • Utilizar espumas de poliuretano para absorção da umidade periestoma (traqueostomia,
exsudato colostomia, gastrostomia e outros estomas), sob máscaras de ventilação não invasiva e
cânula de traqueostomia (DAVIES; RIPPON, 2010; ACORDA, 2015).
• Selecionar curativo oclusivo de acordo com a localização anatômica: monocamada ou
Aplicação de
múltiplas camadas dependendo da situação (NPUAP, 2014; DYER, 2015);
curativos oclusivos
• Evitar sobreposição de curativos (NPUAP, 2014; DYER, 2015).
continua...
158

continuação
Cuidados Detalhamento das Intervenções
• Realizar a troca de curativos quando estiver úmido ou com presença de secreção (DYER,
Troca de curativos 2015);
• Escolher curativos que permitam facilidade de aplicação e remoção (DYER, 2015).
Avaliação diária da • Plano individualizado de avaliação diária da pele sob e em torno do dispositivo médico
pele (BARAKAT-JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE, 2017).
• Descrever em prontuário do paciente o estadiamento da Lesão por Pressão Relacionada
Acompanhamento a Dispositivo Médico, as características da lesão quanto a presença de exsudato, edema,
e monitorização da maceração e hiperemia da pele (BARAKAT-JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE, 2017);

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lesão • Descrever em prontuário a conduta aplicada quanto aos tratamentos implementados
(BARAKAT-JOHNSON; BARNETT; WAND; WHITE, 2017).

Fonte: Soldera (2019).

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

A elaboração de Bundles para o contexto de atuação dos enfermeiros


assistenciais em cuidados direcionados aos idosos, em especial na preven-
ção aos fatores de risco para as LPRDM, configura-se instrumento capaz de
proporcionar a aquisição de informações pelo profissional, a fim de garantir
maior segurança ao paciente, diminuindo a incidência e prevalências dessas
lesões no âmbito da atenção hospitalar.
Durante a implementação do produto houve muitos desafios relacionado
à resistência às mudanças na prática assistencial dos enfermeiros e da equipe
de enfermagem. Nesse sentido, foram realizadas práticas educativas utilizando
a sustentação teórico-metodológica embasada nos preceitos de Paulo Freire,
uma vez que o método freireano enfoca na importância do trabalho em grupo
a partir dos temas geradores, e os participantes, por meio do diálogo, tem a
possibilidade de refletir sobre o seu trabalho e percurso de aprendizagem
(FREIRE, 2013).
As concepções de Paulo Freire (2013) são pautadas no método dialógico,
e estas se tornaram um referencial para as novas experiências no campo da
educação em saúde, culminando com a formação baseada em competências,
substituindo o enfoque tradicional de ensino-aprendizado por outro baseado
na troca de informações por meio da mescla entre o conhecimento técnico-
-científico e as experiências profissionais do educando/aprendiz.
Para tal, esse processo foi discutido individualmente com cada equipe
assistencial por turno de trabalho em todas as unidades da instituição onde
parte do estudo foi realizado, de modo que estes profissionais compreendes-
sem a importância dos produtos elaborados (Bundles) e suas contribuições
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 159

para a sistematização da assistência de enfermagem objetivando a prevenção,


diagnóstico e tratamento de LPRDM.
O primeiro instrumento a ser implementado durante a prática assistencial
foi o Bundle 1 para diagnósticos de enfermagem (DE) acerca das LPRDM. A
escolha deste se deu em virtude da importância do diagnóstico na identificação
da LP. Neste prevalece os DE quanto a Dor Aguda, Integridade da pele preju-
dicada e Risco de Lesão por Pressão, onde cada diagnóstico elenca os deta-
lhamentos das intervenções e a avaliação clínica do enfermeiro. Na sequência
foi apresentado o Bundle 2 sobre os cuidados preventivos de LPRDM, onde
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são descritos a importância dos cuidados relacionados a prevenção e o deta-


lhamentos das intervenções, por fim o Bundle 3 o qual contempla as medidas
para o tratamento das LPRDM com as mesmas características do Bundle 2.
Com a prática educativa, mediante roda de conversa, foram elucida-
dos minuciosamente os Bundles e seus detalhamentos, a fim de propiciar o
entendimento sobre os cuidados e intervenções, para aplicabilidade na prática
assistencial. A percepção dos profissionais quanto a considerar o dispositivo
médico como potencial causador de LP foi fundamental para que houvesse
comprometimento com os cuidados principalmente relacionados à prevenção
e diagnósticos.
Enquanto resultados, os cuidados citados nos Bundles foram inseridos
como componente da SAE no sistema informatizado de prontuário eletrônico
do paciente na instituição. Por sua vez, o enfermeiro durante a realização do
processo de enfermagem ao elencar como diagnósticos de enfermagem de
Risco de Lesão por Pressão, Integridade da pele prejudicada e Dor Aguda
automaticamente estabelece as intervenções de enfermagem com um campo
para a prescrição focada para o dispositivo médico que o paciente faz uso.
Foi observado por meio dos indicadores de qualidade da assistência da
instituição, a redução na ocorrência de LPRDM após a prática educativa e a
inserção dos cuidados dos Bundles na SAE, principalmente em decorrência
da implementação dos cuidados preventivos, bem como do diagnóstico de
enfermagem precoce. Em relação ao tratamento das LPRDM, especificadas no
Bundle 3, foram trabalhadas com as equipes mediante a instrumentalização para
o uso das tecnologias existentes disponíveis nas unidades para serem utilizadas,
uma vez que a instituição dispõe desse arsenal de possibilidades terapêuticas.
O impacto na instituição foi conveniente a partir do momento em que
a pesquisa foi realizada com os profissionais da enfermagem da Unidade de
Terapia Intensiva Adulta e unidades de clínica médico-cirúrgica com cuidados
voltado ao idoso. Esta etapa aconteceu em dois momentos: no primeiro, foi
aplicado um questionário estruturado para coletar informações sobre a prática
assistencial individual, bem como o conhecimento destes profissionais acerca
160

das LPRDM. Após a finalização do questionário foi realizada a prática edu-


cativa por meio de roda de conversa, onde foram elucidados os conceitos de
LP, cuidados preventivos, diagnósticos e os tipos de tratamentos existentes
que pudessem ser utilizados. Essa etapa foi fundamental, no intuito de ins-
trumentalizar os profissionais, pois incitou a reflexão acerca da importância
da definição dos diagnósticos, das medidas preventivas e dos tratamentos.
A trajetória de implantação no sistema informatizado se processou por
meio dos profissionais de enfermagem do núcleo de qualidade do hospital e
dos profissionais da tecnologia da informação, mediante avaliação das inter-

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venções que ainda não constavam nos referidos diagnósticos de enfermagem já
presentes no sistema de registros da instituição. Foram incluídas intervenções
quanto a avaliação da dor, reposicionamento do dispositivo médico, tecnolo-
gias a serem utilizadas sob dispositivos específicos e demais especificidades
quanto ao registro no prontuário referente a LPRDM.
Após a avaliação do paciente, a realização da SAE faz parte da rotina
assistencial do enfermeiro a cada 24 horas, impactando positivamente na des-
crição dos cuidados a serem prestados pelos enfermeiros e equipe técnica de
enfermagem responsável pelo paciente em uso de dispositivo médico. Após a
implementação no sistema informatizado, em casos de ocorrência de LPRDM,
estas automaticamente são notificadas, permitindo ao núcleo de qualidade
hospitalar analisar a ocorrência de agravos relacionados, permitindo assim
a avaliação do impacto positivo frente à implementação dos três Bundles.
Por fim, o impacto na instituição com a implantação dos Bundles, foi
imprescindível no que tange o olhar do enfermeiro frente ao idoso em uso do
dispositivo médico. Por meio da trajetória na etapa de construção e implan-
tação contemplou ainda a instrumentalização dos profissionais, aprimorando
a avaliação do paciente durante a sua prática assistencial, contribuindo para
a segurança do paciente.

Avaliação dos resultados após a implementação

As LPRDM são eventos adversos graves e se traduzem em desafio para


os serviços de saúde. No que tange os cuidados de enfermagem aos idosos,
em especial na prevenção das LPRDM, o Bundle se configura em instrumento
capaz de sistematizar a assistência e proporcionar a aquisição de informações
ao profissional, de modo a garantir maior segurança ao paciente e reduzir a
incidência e prevalências dessas lesões no âmbito da atenção hospitalar.
Nos cenários de cuidados intensivos onde os riscos de desenvolvimento
LP e inclusive a sua alta incidência, em especial provocada por dispositivos
médicos, adotar estratégia de prevenção, como a utilização de um Bundle de
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 161

cuidados, são essenciais para tentar evitar o agravo (SMITH; MOORE; TAN,
2019; TAYYIB; COYER; LEWIS, 2016).
Nos diversos contextos de cuidado, as mudanças em geral apresentam
obstáculos durante a sua implantação, o que não foi diferente na institui-
ção estudada, onde a implementação do produto levou a desafios relacio-
nados às modificações da prática assistencial dos enfermeiros e da equipe
de enfermagem.
Para tanto, buscar estratégias de implantação de ferramentas que auxiliam
no gerenciamento do cuidado são importantes neste processo. Um estudo,
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que utilizou a roda de mudança de comportamento como uma técnica de


implantação na prevenção da LP, teve como resultado que as principais par-
tes interessadas identificaram e priorizaram comportamentos apropriados na
prevenção do agravo (LAVALLÉE; GRAY; DUMVILLE; CULLUM, 2019).
Em convergência com a literatura, o processo de implementação dos
Bundles neste estudo foi construído individualmente com cada enfermeiro e
sua equipe, de modo que estes profissionais compreendessem a importância
do produto elaborado e sua contribuição para a sistematização da assistência
de enfermagem na prevenção, diagnóstico e tratamento de LPRDM. Possi-
bilitar a compreensão dos envolvidos quanto ao significado da incorporação
destas como um instrumento que torna mais seguro o cuidado e que promove
a qualificação profissional é fundamental para o sucesso da proposta. Integrar
a teoria, as evidências da pesquisa e a opinião dos participantes maximizam a
aceitabilidade, a viabilidade e a eficácia potencial da intervenção (LAVALLÉE;
GRAY; DUMVILLE; CULLUM, 2019).
Um estudo de implementação de Bundle de prevenção de LP em uma
unidade de terapia intensiva para adultos obteve 100% de aceitação dos par-
ticipantes (TAYYIB; COYER; LEWIS, 2016). O que eleva as chances de
êxito no resultado, que é efetivamente reduzir a incidência da LPRDM, neste
caso em idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva. Outra pesquisa
realizada em hospitais australianos com 799 pacientes que receberam a inter-
venção pautada no Bundle trouxe que 96,7% dos participantes aceitaram e
reconheceram os benefícios deste, sendo considerado de fácil compreensão e
aplicação, sendo aceitável por pacientes e enfermeiros (ROBERTS; WALLIS;
MCLNNES; BUCKNALL; BANKS; CHABOYER, 2017).
Enquanto resultados, os cuidados citados nos Bundles foram inseridos
como componente da SAE no sistema informatizado de prontuário eletrônico
do paciente. Neste raciocínio ratifica-se a importância desta prática profissio-
nal pelos participantes da pesquisa em que autores evidenciam que, por meio
da SAE, a enfermeira operacionaliza o cuidado, a partir das necessidades
previamente levantas dos pacientes internados, evitando e/ou minimizando
complicações, o que resulta em uma assistência profissional, científica, ética,
162

com vistas à promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da


saúde do indivíduo (SILVA; SILVA; MOSER; MAIER; BARBOSA, 2018;
LEITE et al., 2020).
Em atenção aos resultados, toda e qualquer ação que visa à prevenção da
LPRDM, como o deste estudo é fundamental para evitar o desenvolvimento
de agravos. Tais medidas são potencializadas quando norteadas por diretri-
zes baseadas em evidências que inclui novas tecnologias como protocolos e
Bundles de cuidados, o que conferem segurança para o cuidado, redução do
tempo médio de permanência na instituição, diminuição dos custos e neutra-

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lização do aumento de despesas (PADULA; CHE; SANTAMARIA, 2019).
Em divergência um estudo traz que o Bundle de cuidados pode não ser
custo-efetivo na prevenção de LP adquiridas em hospitais, mas este também
não descarta a importância do instrumento em promover as melhores práticas
de cuidados de enfermagem, e acentua o quanto é fundamental capacita-
ções, educação permanente, auditoria e feedback por parte dos envolvidos
(WHITTY; MCLNNES; BUCKNALL; WEBSTER; GILLESPIE; BANKS,
2017; TAYYIB; COYER; LEWIS, 2016).
No tocante ao acompanhamento e avaliação dos resultados da imple-
mentação do Bundle no serviço, embora não tenha havido tempo hábil para
o desenvolvimento desta etapa, é importante ressaltar a significância deste no
processo contínuo de melhoramento do cuidado. Estudos ratificam sobre a
necessidade de monitorar e avaliar a taxa de conformidade do Bundle, avaliar
a eficácia e explorar as percepções dos utilizadores a fim de fornecer uma
visão sobre as potencialidades e fragilidades, e como podem ser melhoradas
(TAYYIB; COYER; LEWIS, 2016; ROBERTS et al., 2017).
Considerando o fardo que a LPRDM representa para os pacientes e as
instituições hospitalares, buscar tecnologias que possam aprimorar o cui-
dado passa a ser valoroso na prática diária da enfermagem em uma assistên-
cia sistematizada.
Em conclusão, vinculado à evidência da prática, o Bundle é uma ferramenta
relevante a ser incorporado no processo de trabalho, de forma que além do pro-
fissional, sempre que possível o encorajamento da participação do paciente se
traduz numa resposta de aceitação por parte dos envolvidos, por esta compreen-
der interações pessoais que refletem positivamente no paciente (ROBERTS;
WALLIS; MCLNNES; BUCKNALL; BANKS; CHABOYER, 2017).

Conclusão

A restauração da integridade da pele dos idosos com lesão é difícil em


razão da fisiologia do envelhecimento da pele, por isso a prevenção desse
agravo é primordial, sendo este um indicador de qualidade da assistência.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 163

Além disso, os cuidados prestados pela enfermagem são essenciais para o


paciente, especialmente para os idosos onde o risco de evoluir com lesão rela-
cionada ao dispositivo médico é elevado. Esses cuidados são fundamentais,
pois fazem parte para o desfecho de ocorrência ou não das LPRDM.
Os cuidados direcionados aos idosos, com ênfase nos Bundles desenvol-
vidos, visam promover a prevenção dos fatores de risco para LPRDM, sendo
capaz de proporcionar segurança ao paciente, potencializando a diminuição
da incidência e prevalência dessas lesões.
Neste sentido, acredita-se que o Bundle tem potencial para replicação
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e poderá servir de subsídios para a implementação de cuidado seguro ao


idoso, contribuindo com a sistematização de assistência de enfermagem e a
padronização de cuidados assistenciais que agregam informações científicas
relevantes para os profissionais.
164

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PRODUTO 4
BUNDLES DE CUIDADOS PARA
LESÃO POR FRICÇÃO E LESÃO
POR PRESSÃO EM IDOSOS1
Scheila Monteiro Evaristo
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Juliana Balbinot Reis Girondi


Cilene Fernandes Soares
Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt

Objetivo

Construir Bundles de cuidados de enfermagem para prevenção, diagnós-


tico e tratamento para Lesão por Fricção (LF) e Lesão por Pressão (LP) em
idosos na Atenção Primária em Saúde.

Introdução

As Lesões por Pressão (LP) são injúrias de pele ou tecido mole sub-
jacente, causadas principalmente pela pressão leve prolongada, ou pressão
intensa em curto espaço de tempo, exercida entre tecido e estrutura óssea ou
relacionada ao uso de dispositivo médico/artefato. Seu surgimento é resul-
tante de determinantes, como a intensidade e a duração da pressão, associada
ao cisalhamento, levando a isquemia e consequentemente à morte celular
(necrose) (NPUAP; EPUAP; PPPIA, 2014).
Geralmente são comuns em pontos anatômicos que se sobrepõem a uma
proeminência óssea, sendo em adultos, o local mais comum a proeminência
sacral abrangendo cerca da metade de todas as LP. Outros locais comumente
afetados incluem o ísquio, tornozelo, cotovelo e quadril (GEOVANINI, 2014;
CALIRI; SANTOS; MANDELBAUM; COSTA, 2016).
As LP são consideradas um problema de saúde pública e seu cenário epi-
demiológico é muito semelhante entre países desenvolvidos e emergentes. No
Brasil, algumas publicações identificaram uma prevalência que varia de 27%
e 39,4% entre hospitalizados. Em se tratando do contexto domiciliar, os dados
são restritos, pois existem poucos estudos onde a taxa de prevalência oscila
entre 8% e 23% de LP (ROCHA; BARROS, 2007; BORGES; FERNADES,

1 Linha: O cuidado e o processo de viver, ser saudável, adoecer e morrer.


172

2014). Segundos estudos internacionais a prevalência em pacientes domicilia-


dos no Japão, Estados Unidos e Canadá são entre 3,52 e 9% (KAMIMURA,
2012; WOO, 2015). Nos Estados Unidos da América a prevalência é de 15%
e o aumento dos custos com o prolongamento de internação dos pacientes é
de 50%. Em países europeus como Suécia, Itália e Holanda, os percentuais
são de 20%, 23% e 24,2%, respectivamente (PELHAM; KEITH; SMITH;
WILLIAMS; POWELL, 2007).
Outra lesão com alta prevalência em idosos são as Lesões por Fricção
(LF), descritas pelo Internacional Skin Tear Advisory Panel (ISTAP) como

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lesões advindas do cisalhamento, fricção, ou contusão, a qual ocasiona sepa-
ração das camadas da pele, podendo essa, ser descrita como parcial ou total.
Na primeira, há separação entre epiderme e derme, na segunda, separação
tanto da epiderme quanto da derme (LEBLANC; BARANOSKI, 2011).
As LP e LF apresentam riscos eminentes em pacientes que permanecem
por longos períodos acamados ou com dificuldades de locomoção, apresen-
tando-se como um agravo quando esses são idosos, devido as várias carac-
terísticas inerentes ao processo de envelhecimento. Por esse motivo, se faz
necessário trabalhar com ações de prevenção e orientação desses idosos e
seus familiares/cuidadores no domicílio, para assim, evitar tratamentos e ou
hospitalizações prolongadas, o que automaticamente reflete no sofrimento
desse idoso.
Neste cenário a construção de Bundles de cuidados de enfermagem para
prevenção, diagnóstico e tratamento de LP e LF em idosos na Atenção Primá-
ria à Saúde (APS) é de suma importância, uma vez que na população idosa
é inexistente a implantação desse tipo de pacote mínimo de cuidados na
APS utilizando as melhores evidências científicas levando em consideração
a realidade local, além do compromisso com assistência segura por meio de
avaliação do processo de trabalho, reavaliar as ações para prevenção, trata-
mento de LF/LP em idosos na comunidade a fim de garantir a redução de
eventos preveníveis.

Percurso metodológico

Para proposta desses Bundles de cuidados foi realizado um estudo meto-


dológico sistematizado em três momentos: a) Revisão Integrativa de Lite-
ratura (RIL), b) Investigação com os Idosos, c) elaboração dos Bundles de
cuidados de enfermagem para prevenção, diagnóstico e tratamento das LP e
LF em idosos.
A pesquisa teve sua origem a partir da problemática encontrada nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um município do Sul do Brasil, onde se
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 173

observa empiricamente a alta incidência de lesões de pele, em destaque para


LF em suas diferentes categorias somadas à ausência de estudos sobre a temá-
tica na comunidade. Além disso, observa-se na prática diária, a necessidade de
abordar a temática, pois não só os idosos/cuidadores/familiares, mas também
a equipe de Estratégia Saúde da Família desconhece ou possui poucos conhe-
cimentos sobre os cuidados preventivos, bem como o tratamento adequado.
O percurso metodológico será descrito conforme os momentos que o
compuseram começando pela RIL, realizada no intuito de elencar ações e
intervenções cientificamente comprovadas para prevenção, diagnóstico e
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tratamento de LP e LF em idosos, bem como os níveis de evidência científica.


Esta foi desenvolvida em seis etapas: elaboração da questão de estudo; esta-
belecimento dos critérios de inclusão e exclusão; identificação dos estudos
selecionados; categorização e análise dos estudos selecionados, análise e
interpretação dos resultados e apresentação da revisão e síntese do conheci-
mento (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011) apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Etapas da revisão de literatura. Florianópolis, SC, Brasil, 2019.


ETAPAS OPERACIONALIZAÇÃO
Elaboração da questão Quais são evidências científicas das intervenções preventivas, diagnósticas e de
de estudo tratamento de LP e LF em idosos?
Bases selecionadas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde (LILACS); Cumulative Index toNursingandAllied (CINAHL); Medical
LiteratureAnalysisandRetrieval System Online (PUBMED/MEDLINE) e Scientific Eletronic
Library Online (SciELO).
Critérios de inclusão: estudos de pesquisas qualitativas e/ou quantitativas sobre o tema
Estabelecimento dos
que apresentassem em seu título ou no resumo a temática relacionada com seres
critérios de inclusão e
humanos na faixa etária igual ou maior a 60 anos, disponíveis nas línguas português,
exclusão
inglês ou espanhol.
Critérios de exclusão: produções científicas duplicadas, editoriais, cartas, relatos de
experiência, análise secundária, comentários e resumo de anais; livros, dissertações,
teses, programas e políticas de saúde.
Recorte temporal: materiais publicados entre 2014-2018.
A identificação dos estudos selecionados constituiu-se de fases: na primeira foram
obtidas as referências dos trabalhos, na maioria das vezes acompanhada somente dos
Identificação dos
títulos e resumos dos artigos. Na segunda fase foi realizada leitura do estudo na íntegra
estudos selecionados
e na terceira e última, os pesquisadores realizaram leitura na íntegra dos estudos e
fundamentaram seu processo de seleção.
Os estudos foram armazenados e sintetizados em ordem sequencial (planilha) em
Categorização e documento Software Microsoft Word ® com as informações: ano da publicação, título,
análise dos estudos autor, tipo de publicação, objetivo, método, resultados, conclusões, local do estudo (país),
selecionados base de dados. Sendo depois realizada a categorização, análise dos estudos selecionados
e classificação conforme nível de evidência Melnyk e Fineout-Overholt (2005).
continua...
174
continuação

ETAPAS OPERACIONALIZAÇÃO
A avaliação dos estudos com base na proposta da Análise Temática de Conteúdo
(MINAYO, 2012), prosseguindo-se com a discussão dos achados a partir da comparação
entre os resultados das publicações. Para avaliar o nível de evidência das produções
Análise e interpretação
utilizou-se a classificação sugerida por Melnyk e Fineout-Overholt (2005). Em seguida, os
dos resultados
resultados da revisão foram apresentados em quadro contendo o nível de evidência (NE),
ano, título, autor, país, método e base de dados dos artigos analisadas, e o corpus de
análise resultou em quatro categorias temáticas.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

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Após o processo de seleção das publicações, extração e sumarização dos
dados resultaram 37 publicações apontadas elegíveis para análise.
A Biblioteca Pubmed apresentou maior número de publicações. Em
relação ao país de origem das publicações: cinco (13,51%) eram dos Estados
Unidos da América, quatro (10,81%) do Brasil e do Japão, três (8,10%) da
Austrália, China, Suécia e Turquia. Observa-se que um (2,70%) estudo sele-
cionado não ofertou descrição do local de realização.
Em relação ao idioma 34 (91,89%) artigos foram publicados em inglês,
três (8,10%) em português e nenhum em espanhol. Referente ao ano de publi-
cação, o maior número de publicações selecionadas foram de 2016 com 13
(35,13%) publicações, seguidos de 12 (32,43%) em 2018. Evidencia-se o
menor número de estudos na área em 2017, totalizando três (8,10%).
Predominantemente, os estudos selecionados foram compostos por 32
(86,48%) ligados à LP e somente cinco (13,51%) abordavam LF. A maior parte
das publicações apresentou propensão para abordagem na linha de identifica-
ção de riscos para o desenvolvimento de LP e LF. Esses alcançaram um total
de 20 (57,05%) produções, onde 17 (45,94%) correspondiam à LP.
Estudos vinculados aos cuidados de enfermagem relacionados à prevenção
das lesões foram descritos em seis (16,21%) estudos, dos quais, relacionavam-
-se somente as LP. No que tange aos diagnósticos de enfermagem constatou-se
apenas três (8,10%) publicações, sendo duas relacionadas à LP e uma à LF.
Estudos que enfocassem o tratamento de LP e LF, contabilizaram sete (18,91%)
produções, sendo que destas, somente uma referia-se ao tratamento de LF.
Considerando o tipo de pesquisa, descrevem-se as mais frequen-
tes: 12 (32,43%) estudos descritivos, seis (16,21%) de coorte e quatro
(10,81%) casos-controle.
Em relação à qualidade os artigos foram analisados e classificados de
acordo com o Nível de Evidência (MELNIK; FINEOUT-OVERHOLT, 2005),
dois (5,40%) foram classificados com nível de evidência forte, dois artigos foram
publicados em 2018 e 2017, nas categorias prevenção e tratamento das lesões
estudadas. Dez (27.02%) estudos foram classificados como nível de evidência
moderada e 25 (67.56%) foram classificados com nível de evidência fraca.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 175

Quadro 2 – Sumarização das categorias temáticas da revisão


de literatura. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Categorias
Autores Principais achados
temáticas
RASERO; SIMONETTI; FALCIANI; FABBRI; FRANCESCA; DAL
MOLIN, 2015; SARDO; GUEDES; ALVARELHÃO; MACHADO;
MELO, 2018; SANADA; NAKAGAMI; KOYANO; LIZAKA;
Foram identificados como
SUGAMA, 2015; LEWIN; JANINE; CARVILLE; SANTAMARIA;
fatores de risco para
ROBERTS, 2015; JAUL; MENCZEL, 2015; DUIM; SÁ; DUARTE;
desenvolvimento das lesões
OLIVEIRA; LEBRÃO, 2015; SEVAL; AYISE, 2016; MIZOKAMI;
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Identificando (LP e LF): idade avançada,


TAKAHASHI; HASEGAWA; HATTORI; NISHIHARA; ENDO,
fatores de sexo, cor da pele, condições
et al., 2016; YOKO SETOGUCHI; GHAIBEH; MITANE; ABE;
risco para o nutricionais, mobilidade
HASCHIMOTO; MORIGUCHI, 2016; LANNERING; BRAVELL;
desenvolvimento prejudicada, índice de massa
MIDLOV; ÖSTGREN, 2016; PARK; CHOI, 2016; KANG; TZENG;
de lesões corporal (IMC), incontinências,
MILLER, 2016; SKOGESTAD; MARTINSEN; BORSTING;
lesões pré-existentes, baixo
GRANHEIM; LUDVIGESEN; GAY et al. 2017; KAŞIKÇI; AKSOY;
escore de Braden e estado de
AY, 2018; STRAZZIERI-PULIDO; SANTOS; CARVILLE, 2015;
saúde geral.
ALDERDEN; PEPPER, 2018; GRAY; RHODES; ATKINSON;
ROTHWELL; WILSON; DUMVILLE et al., 2018; BERMARK;
WAHLERS; GERBER; PHILIPSEN; SKVIREN, 2018.
Foram identificados cuidados
para prevenção das lesões
(LP e LF): reposicionamento,
ATHLIN; EGSTRÖM; GUNNINGBERG; BAATH, 2016; BAATH; inspeção frequente da
Prevenindo a EGSTRÖM; GUNNINGBERG; ATHLIN, 2016; KWONG; HUNG; pele, suspensão do
manutenção da WOO, 2016; WALKER; HUXLEY; JUTTNER; BURMEISTER; calcanhar, uso de meias
integridade da SCOTT; AITKEN et al., 2017; HAN; KIM; HWANG; LEE; SONG, antiembólicas, suplemento
pele 2018; BRIMELOW; WOLLIN, 2018; KIM; SEUNGMI; WOON KO; nutricional, superfícies de
SUNGHO, 2018. apoio, vestimentas, cremes
hidratantes hipoalergênicos
e manutenção da pele, PH
neutro.
Foram identificados
LIZAKA; KAITANI; NAKAGAMI; SUGAMA; SANADA, 2015;
instrumentos de avaliação
LEBLANC; BARANOSKI; CHRISTENSEN; LANGEMO;
Tratando as do processo de cicatrização/
EDWARDS; HOLLO et al., 2016; NIU; HAN; GONG, 2016;
Lesões por tratamento, desbridamento,
ZEIGLER; SMILEY; EHRLICH-JONES; MOORE, 2016;
Fricção e por nutrição adequada e escolha
KARAHAN; AABBASOĞLU; ISIK; CEVIK; SALTAN; ELBAS
Pressão de cobertura apropriada de
et al., 2018; CHIANG; WANG; TZENG, 2018; TARADAJ; SHAY;
acordo com as características
DYMAREK; SOPEL; WALEWICZ; BEECKMAN et al., 2018.
da lesão.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

O segundo Momento do percurso metodológico foi desenvolvido


mediante entrevista com 396 idosos com idades entre 60 e 96 anos na comu-
nidade a fim de levantar informações socioeconômicas e fatores de riscos
relacionados à LF e LP, assim como o exame físico detalhado da pele e veri-
ficação do Índice de Tornozelo Braquial (ITB).
176

Para a coleta de dados foram empregadas as técnicas: entrevista estru-


turada mediante aplicação de formulário elaborado com base na experiência
das pesquisadoras em companhia de grupo de expert na área e, extensa revi-
são de literatura sobre o tema. O formulário foi composto por 27 questões
subdivididas em partes: identificação; variáveis sociodemográficas (nove
questões); variáveis comportamentais (cinco questões); variáveis clínicas
(seis questões); variáveis desfecho (sete questões). Além disso, foi realizado
o exame clínico da pele, que consistiu na inspeção visual com a finalidade
verificar as características dela, bem como o exame de MMII (ITB e verifi-

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cação de pulso pedioso), também foi aplicado a Escala de Braden nos idosos
com mobilidade física prejudicada.
Os resultados foram analisados através de distribuições absolutas e
percentuais. Para avaliar a existência de associação entre duas variáveis
categóricas utilizou-se o teste estatístico Qui-quadrado ou, quando as con-
dições para o seu uso não foram atendidas, empregou-se o teste Exato de
Fisher. Para avaliar o grau de associação entre as variáveis obteve-se a
razão entre prevalências (RP) e respectivo intervalo de confiança (IC). A
margem de erro adotada foi de 5% e o grau de associação entre as variáveis
avaliadas pela razão de prevalências e o respectivo intervalo de confiança
(IC 95,0%). O programa StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS),
versão 21, foi utilizada para a realização de todas as análises estatísticas
dos resultados.
A análise bivariada da associação da variável desfecho com as variáveis
sociodemográficas, comportamentais e clínicas, evidenciou a existência de
associação significativa entre o desenvolvimento de LF com portadores de
doença crônica pulmonar e os que fazem uso contínuo de analgésicos. Além
disso, o fato de o idoso possuir cuidador apresentou maiores riscos para desen-
volver lesões, o que nos leva a pensar em causalidade reversa, havendo inversão
da direção causa-efeito nesse estudo, comportando-se como fator de proteção.
Os resultados mostraram, ainda, possível associação entre o desenvolvi-
mento da lesão em idosos que apresentaram o índice glicêmico pós-prandial
acima 160mg/dl, bem como o uso de diuréticos.
A análise da prevalência de lesões de pele revelou que o sexo masculino,
idosos não casados (solteiro, divorciado, viúvo) e os que residem sozinhos
apresentam duas vezes mais chances de desenvolver lesões, assim como pes-
soas da raça/cor branca. O desenvolvimento de lesões, embora não apresente
significância, diminuiu (menor prevalência) em função do aumento de esco-
laridade e da renda familiar do investigado.
Em relação à hidratação, os idosos que consomem até 500 ml de líquido
ao dia apresentam quase três vezes mais chances de lesão em relação aos que
consomem a partir de 2000ml/dia de líquido.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 177

Segundo os dados clínicos, o IMC evidenciou que as pessoas com sobre-


peso apresentam quase três vezes menos chances de desenvolver lesões em
relação às pessoas classificadas com magreza.
Em se tratando do ITB, o idoso com índice abaixo de 0,9 (risco de
Doença Arterial Obstrutiva Periférica) apresentou quase duas vezes mais
chances de lesões. Do mesmo modo, os idosos apresentaram quase três vezes
mais risco de lesão quando o pulso pedioso está ausente à palpação.
Em relação ao exame físico realizado durante a coleta de dados, consta-
tou-se que 293 idosos (74,0%) apresentavam pele ressecada, principalmente
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membros superiores e inferiores, seguidos de 208 idosos (52,50%) que apre-


sentavam calosidade, a maioria em planta dos pés, além disso, 190 idosos
(48,0%) possuíam varizes.
Em relação à escala de Braden foi necessário realizá-la somente em dois
idosos, que se apresentavam com déficit de mobilidade, sendo que de acordo
com a escala, ambos apresentavam risco moderado para LP.
O estudo obteve financiamento através do edital CAPES/COFEN
nº 0765/2017 e vinculado a um macroprojeto de pesquisa financiado pelo
CNPq 40 2794/2016-8, intitulado: “Estratificação de risco e intervenções de
enfermagem no Diagnóstico, prevenção e tratamento de skin tears e Lesão
por Pressão em idosos”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos sob parecer nº 2.390.948 e CAAE 74769317.5.1001.0121.

Produto construído

O terceiro momento do percurso metodológico se deu pela Construção de


três instrumentos intitulados: Bundle 1: prevenção de LP e/ou LF em idosos
na comunidade; Bundle 2: diagnósticos de Enfermagem segundo NANDA
(2018) de LP e/ou LF em idosos na comunidade; Bundle 3: Bundle para tra-
tamento de LP e/ou LF em idosos na comunidade.
Os instrumentos contemplam 114 intervenções para compor os Bundles
de cuidados voltados para prevenção, diagnóstico de enfermagem e tratamento
de LF e LP. Quanto aos diagnósticos de enfermagem foram apresentados
dois: Integridade da Pele Prejudicada e Lesão por Pressão. No que concerne
à prevenção foram apresentados 27 cuidados (detalhamento do cuidado) rela-
cionados à prevenção à LP e 24 cuidados relacionados à prevenção de LF.
Em relação ao tratamento, foram apresentados 26 cuidados para o tratamento
de LP e 35 cuidados para LF em idosos na comunidade apresentadas nos
Quadros 2, 3 e 4.
178

Quadro 3 – Bundle 1: Prevenção de Lesão por Pressão e/ou Lesão por


Fricção em idosos na comunidade. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Cuidados Preventivos
Intervenções para o cuidado*
Lesão por Pressão
• Aplicar escala de Braden para avaliação de risco (ela será aplicada mensalmente
pelo enfermeiro, ou antes, caso o ACS/família/cuidador informe mudança do
quadro clínico);
• Realizar avaliação geral do idoso: idade (longevos); pele branca (caucaseanos),
baixa escolaridade e renda;
• Verificar se o idoso possui doenças crônicas e/ou críticas/descompensadas

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Identificação de idosos (cardíacas, doença pulmonar crônica, hipertensão arterial sistêmica, diabetes
com risco para de mellitus, vasculopatias);
Lesão por Pressão • Verificar se o idoso possui alterações cognitivas (demências), sensoriais (visuais e
auditivas) e de mobilidade (andar, levantar);
• Verificar se o idoso usa medicamentos para: sintomas comportamentais/
depressivos; anticoagulantes; hipotensores; diuréticos; analgésicos e corticoides;
• Verificar se o idoso utiliza algum dispositivo médico (sondas, cateteres e outros);
• Investigar histórico de Lesões por Pressão prévias;
• Verificar exames laboratoriais (albumina, hemoglobina).
• Realizar exame cefalopodal da pele, principalmente em regiões de proeminências
ósseas e calcâneos;
Avaliação geral da pele • Identificar a existência de alterações da integridade cutânea e lesões (atentar-se
as áreas hiperemiadas);
• Verificar a presença de edema, hematoma, umidade e temperatura da pele.

• Orientar ingesta alimentar/ hídrica adequada;


Avaliação do estado • Solicitar avaliação nutricional para idosos rastreados para risco de desnutrição e/
nutricional e de hidratação ou com lesão existente;
• Verificar índice da massa corporal (IMC).

• Realizar reposicionamento no mínimo a cada 2 horas;


• Elevar cabeceira da cama até 30º;
• Lateralizar o idoso a 30º, e idosos obesos a 45º;
• Prescrever redistribuidores de pressão (superfícies de suporte): colchão de ar
com alternância de pressão, colchão viscoelástico, dispositivo de suspensão
do calcanhar, colchonetes, almofadas, coxim e assento redutor de pressão em
Avaliação da mobilidade/
cadeiras de rodas;
atividade
• Manter lençóis limpos e esticados, evitando dobras;
• Desestimular o uso de absorventes para incontinência urinária (acamados e
cadeirantes);
• Prescrever curativos de espuma, de silicone e de hidrocoloide fino em idosos de
risco (principalmente acamados);
• Prescrever meias antiembólicas.

• Orientar sobre banho rápido, com água morna e limpadores de pele com ph neutro
(sabonetes, lenços umedecidos e outros);
• Orientar uso diário de hidratantes hipoalergênicos pelo menos 1x/dia e conforme
característica da pele;
Educação em saúde para
• Desestimular massagem de áreas de proeminências ósseas ou áreas
idoso/família/cuidador
hiperemiadase uso de bucha no banho;
• Utilizar creme barreira, se necessário;
• Gerenciar as incontinências (urinária ou fecal) e umidade: mantendo pele limpa e
seca.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 179
continuação

Prevenção
Intervenções para o cuidado
Lesão por Fricção

• Verificar se o idoso possui alterações cognitivas (demências, comportamento


agressivo, agitado, hiperativo e inquieto), sensoriais (visuais e auditivas) e de
Identificação de idosos com
mobilidade (andar, levantar);
risco para de Lesão por
• Verificar se o idoso usa medicamentos para: sintomas comportamentais/
Fricção
depressivos; anticoagulantes; hipotensores; diuréticos; analgésicos e corticoides;
• Investigar histórico de lesões de pele prévias.

• Realizar exame cefalopodal da pele, especialmente em membros superiores e


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inferiores;
Avaliação geral da pele
• Identificar a existência de alterações da integridade cutânea e lesões;
• Verificar a presença de edema, hematoma.

• Orientar ingesta alimentar/ hídrica adequada;


Avaliação do estado nutricional • Solicitar avaliação nutricional para idosos rastreados para risco de desnutrição
e de hidratação e/ou com lesão existente;
• Verificar índice da massa corporal (IMC).

• Avaliar risco de quedas;


• Verificar histórico de quedas nos últimos 12 meses (“idoso caidor”);
Avaliação da mobilidade/
• Avaliar riscos ambientais;
atividade
• Verificar nível mobilidade/atividade: independência ou dependências para
atividades de vida diária (AVD’s) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD’s).

• Orientar sobre banho rápido, com água morna e limpadores de pele com ph neutro
(sabonetes, lenços umedecidos e outros);
• Orientar uso diário de hidratantes hipoalergênicos pelo menos 1x/dia e conforme
característica da pele;
• Desestimular massagem e uso de bucha no banho;
• Utilizar creme barreira, se necessário;
• Orientar sobre uso de: caneleiras (para aqueles que repetidamente apresentam LF),
Educação em saúde para roupas com mangas compridas e calças; manter as unhas curtas;
idoso/família/cuidador • Orientar sobre utilização de técnicas seguras para manuseio, transferência e
posicionamento do idoso (cuidado gentil);
• Gerenciar as incontinências (urinária ou fecal) e umidade: mantendo pele limpa e
seca;
• Evitar usar produtos adesivos na pele frágil, porém quando necessários optar por
fitas adesivas de silicone;
• Proteger arestas no domicílio;
• Utilizar lençol móvel para auxiliar no reposicionamento.

Fonte: EVARISTO, 2019.


* ATHLIN; EGSTRÖM; GUNNINGBERG; BAAT, 2016; BAATH; EGSTRÖM; GUNNINGBERG;
ATHLIN, 2016; KWONG; HUNG; WOO, 2016; WALKER; HUXLEY; JUTTNER;
BURMEISTER; SCOTT; AITKEN et al., 2017; LEBLANC; BARANOSKI; CHRISTENSEN;
LANGEMO; EDWARDS; HOLLO et al., 2016; HAN; KIM; HWANG; LEE; SONG, 2018;
BRIMELOW; WOLLIN, 2018; KIM; SEUNGMI; WOON KO; SUNGHO, 2018.
180

Quadro 4 – Bundle 2: Diagnóstico de Enfermagem segundo


NANDA (2018-2020) de Lesão por Pressão e/ou Lesão por Fricção
em idosos na comunidade. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Diagnóstico de Detalhamento dos diagnósticos
enfermagem (DE) (NANDA 2018-2020) e Descrição Intervenções para o cuidado**
Lesão por Pressão das Lesões/Estadiamentos

• Lesão localizada na pele e/ou tecido


subjacente, normalmente sobre
proeminência óssea, em decorrência de

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pressão, ou pressão combinada com forças
de cisalhamento (NANDA, 2018-2020); • Atentar aos pacientes com risco
Risco de Lesão por Pressão
• Estágios (NPUAP, 2016): potencial de LP, quanto a queixas
Obs.: Os DE “mobilidade
• Estágio 1 – Pele íntegra com eritema que de dor e desconforto;
prejudicada” e “mobilidade
não embranquece; • Avaliarintensidade da dor utilizando
física prejudicada” podem
• Estágio 2 – Perda da pele em sua espessura escalas preditivas;
estar presentes no
parcial com exposição da derme; • Atentar aos pacientes com risco
gerenciamento do cuidado,
• Estágio3 – Perda da pele em sua espessura potencial de LP, quanto a queixas
por serem fatores de risco
total; de dor e desconforto;
para LP. Os cuidados
• Estágio4 – Perda da pele em sua espessura • Implementar cuidados para o
relacionados a estes
total e perda tissular visível; controle da dor: farmacológicos e
diagnósticos já foram
• Perda da pele em sua espessura total e não farmacológicos;
descritos no Quadro 3.
perda tissular não visível; • Gerenciar o controle da dor.
• Lesão Tissular Profunda: Pele com
coloração vermelho-escura, marrom
ou púrpura, persistente e que não
embranquece.
Diagnóstico de Detalhamento dos diagnósticos (NANDA
enfermagem (DE) 2018-2020) e Descrição das Lesões/ Intervenções para o cuidado**
Lesão por Fricção Estadiamentos

• Lesão envolvendo derme e epiderme


caracterizada por alterações na integridade
da pele como área quente ao toque;
• Avaliar a pele quanto a presença
dano tecidual; dor aguda; hematoma;
de calor local, hematoma,
sangramento; tecido destruído; vermelhidão
sangramento, edema, vermelhidão
(NANDA, 2018-2020);
e destruição tecidual;
• Categorização ISTAP (LEBLANCK;
• Verificar presença de quadros
Integridade da pele BARANOSKI, 2013):
álgicos e se presentes: utilizar
prejudicada • Tipo 1. Lesão é linear ou o retalho pode
escalas preditivas para avaliação;
ser realinhado no intuito de cobrir o leito da
realizar controle da dor com
ferida;
ações farmacológicas e não
• Tipo 2. Lesão com perda parcial do retalho,
farmacológicas; gerenciar o
o qual não permite realinhamento no intuito
controle da dor.
de cobrir o leito da lesão;
• Tipo 3. Lesão apresenta perda total com
consequente exposição do leito.

Fonte: EVARISTO, 2019.


**
STRAZZIERI-PULIDO; SANTOS; CARVILLE, 2015; SANTOS; ALMEIDA; LUCENA,
2016; SARDO; GUEDES; ALVARELHÃO; MACHADO; MELO, 2018.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 181

Quadro 5 – Bundle 3: Lesões por Pressão e/ou Lesão por Fricção


em idosos na comunidade. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Tratamento
Intervenções para o cuidado***
Lesão por Pressão
• Realizar o estadiamento da lesão conforme classificação NPUAP (2016). Descritos
no quadro 4;
• Avaliar tipo e características da lesão em relação ao leito (granulação, necrose,
esfacelo, tecido epitelial), margens (indefinidas, definidas e aderidas, definidas
e não aderidas, maceradas), área perilesional, presença de exsudato (seroso,
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sanguinolento, purulento ou variantes), odor (ausente, ausente ou discreto),


presença de infecção (dor, calor, exsudato, odor e outros);
Avaliação e reavaliação da • Realizar mensuração da ferida: área (comprimento x largura) ou volume
Lesão (comprimento x largura x profundidade);
• Realizar registros periódicos para monitoramento da evolução da lesão e
acompanhamento do tratamento proposto;
• Verificar presença de quadros álgicos e se presentes: utilizar escalas preditivas
para avaliação; realizar controle da dor com ações farmacológicas e não
farmacológicas; gerenciar o controle da dor;
• Estabelecer a periodicidade de avaliações conforme as características do paciente
e da lesão, determinadas pela enfermeira.
• Limpeza da lesão com solução fisiológica 0,9% aquecida ou antisséptica –
Polihexanida (feridas infectada) utilizando a técnica de irrigação;
• Realizar desbridamento conforme características da lesão e estado clínico da
pessoa;
• Mecânico: hidroterapia (irrigações da ferida com soro fisiológico 0,9%);
Limpeza da Ferida
• Autolítico: hidrogel, hidrocoloide;
• Enzimático: papaína;
• Instrumental: enfermeiro/médico realiza;
• Orientar no momento do banho: cobrir o curativo com plástico protetor e a não
molhar a ferida.
• Realizar higiene das mãos antes e após realização do curativo;
• Remover o curativo antigo com cuidado para evitar traumas, se necessário
umedecer com solução fisiológica;
• Após a limpeza da lesão aplicar o curativo/cobertura prescrito pela enfermeira/
Troca de curativo
médico;
• Cobrir com fita microporosa adesiva ou adesivo de silicone ou atadura;
• Estabelecer o tempo de periodicidade de troca de curativo. (A periodicidade será
determinada pela enfermeira perante avaliação).
• Após a limpeza da lesão aplicar somente o curativo/cobertura prescrito pela
enfermeira/médico;
• Manter curativo com equilíbrio de umidade, sem excesso de exsudação,
respeitando as necessidades de troca;
Escolha da Cobertura
• Prescrever cobertura não aderente que auxilie no processo de cicatrização e evite
lesões nas trocas;
• Não utilizar no tratamento: pomadas, iodo, produtos naturais (babosa, ervas e
outros).
continua...
182

continuação
• Orientar higiene das mãos e do ambiente;
• Após o banho, trocar o curativo o mais breve possível para evitar riscos de
Orientação/apoio ao idoso, infecção;
família e/ou cuidador • Utilizar no tratamento da ferida apenas os produtos indicados pele enfermeiro/
médico, assim como as demais orientações relacionadas ao cuidado do idoso;
• Avaliar sinais de piora, principalmente presença de sinais/sintomas de infecção.
Tratamento
Ações para o cuidado
Lesão por Fricção
• Realizar o estadiamento da lesão conforme classificação ISTAP (LEBLANCK,

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BARANOSKI, 2013). Descritos no Quadro 4;
• Avaliar tipo e características da lesão em relação ao leito (granulação, necrose,
esfacelo, tecido epitelial), margens (definidas e aderidas, definidas e não aderidas,
maceradas), área perilesional, presença de exsudato (seroso, sanguinolento,
purulento ou variantes), odor (ausente, ausente ou discreto), presença de infecção;
• Realizar mensuração da ferida: área (comprimento x largura) ou volume
(comprimento x largura x profundidade);
Avaliação e reavaliação da
• Realizar registros periódicos para monitoramento da evolução da lesão e
lesão
acompanhamento do tratamento proposto;
• Verificar presença de quadros álgicos e se presentes: utilizar escalas preditivas
para avaliação; realizar controle da dor com ações farmacológicas e não
farmacológicas; gerenciar o controle da dor;
• Reavaliar a lesão entre 24 a 48 horas, ou na retirada do curativo. Atentar se o
retalho estiver: pálido, opaco ou escurecido;
• Estabelecer o tempo de periodicidade de avaliação destas lesões conforme as
características do paciente e da lesão, determinadas pela enfermeira.
• Aplicar pressão delicadamente para controle de sangramento se este estiver
presente; elevando o membro atingido;
• Realinhar o retalho sem puxar ou aplicar pressão, com dedo enluvado, gaze ou
haste flexível com ponta de algodão úmido ou uma pinça, desdobrar suavemente
qualquer segmento de pele ou retalho e deslizar sobre a ferida. Se dificuldade
de alinhamento do retalho hidratar com gaze úmida, mantendo-a em cima entre
5-10min, antes de realinhar;
• Avaliar pele perilesional observando presença de edema, descoloração, equimose;
• Secar suavemente a pele perilesional com gaze evitando mais danos, e considerar
o uso de creme barreira para evitar maceração na presença de exsudato;
Limpeza da Ferida • Limpara lesão com solução fisiológica 0,9% aquecida ou antisséptica
– Polihexanida (feridas infectada) utilizando a técnica de irrigação
(Excepcionalmente, na ausência de solução salina usar água morna potável);
• Realizar desbridamento conforme características da lesão e estado clínico da
pessoa:
a) Mecânico: hidroterapia (irrigações da ferida com soro fisiológico 0,9%);
b) Autolítico: hidrogel, hidrocoloide;
c) Enzimático: papaína;
d) Instrumental: enfermeiro/médico realiza.
• Orientar no momento do banho: cobrir o curativo com plástico protetor e a não
molhar a ferida.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 183
continuação

• Realizar higiene das mãos antes e após realização do curativo;


• Remover o curativo antigo com cuidado para evitar traumas, se necessário
umedecer com solução fisiológica;
• Certificar que retirada do curativo seja removida na direção do retalho e não contra
ele, se necessário marcar o curativo com uma seta para indicar a direção do
Troca de curativo retalho;
• Após a limpeza da lesão aplicar o curativo/cobertura prescrito pela enfermeira/
médico;
• Cobrir com fita microporosa adesiva ou adesivo de silicone ou atadura;
• Estabelecer o tempo de periodicidade de troca de curativo. (A periodicidade será
determinada pela enfermeira perante avaliação).
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• Prescrever cobertura não aderente que auxiliem no processo de cicatrização e


evite lesões nas trocas; o ideal é a cobertura permanecer no local por 5 a 6 dias
permitindo que o retalho adira ao leito da lesão;
• Prescrever adesivo em tiras com baixo potencial alergênico, mantendo espaço
entre as tiras para propiciar a drenagem;
• Prescrever para lesões secas ou exsudativas do tipo 1,2.3 (ISTAP, 2013): cobertura
de silicone perfurado ou malha de raion impregnada com petrolato ou AGE;
Escolha da cobertura
• Prescrever para lesões com moderada/grande quantidade de exsudato do tipo 1,
2, 3 (ISTAP, 2013): alginato de cálcio ou curativos de acrílico;
• Prescrever para lesões secas do tipo 2,3 (ISTAP, 2013): hidrogel;
• Prescrever para lesões moderada/grande quantidade de exsudato do tipo 2,3
(ISTAP, 2013): hidrofibra ou espuma de silicone (moderada/leve);
• Prescrever para lesões infectadas tipo 1,2,3 (ISTAP, 2013): cobertura com prata
iônica.
• Orientar higiene das mãos e do ambiente;
• Após o banho, trocar o curativo o mais breve possível para evitar riscos de
Orientação/apoio ao idoso, infecção;
família e/ou cuidador • Utilizar no tratamento da ferida apenas os produtos indicados pele enfermeiro/
médico, assim como as demais orientações relacionadas ao cuidado do idoso;
• Avaliar sinais de piora, principalmente presença de sinais/sintomas de infecção.

Fonte: EVARISTO, 2019.


***
LIZAKA; KAITANI; NAKAGAMI; SUGAMA; SANADA, 2015; LEBLANC; BARANOSKI;
CHRISTENSEN; LANGEMO; EDWARDS; HOLLO et al., 2016; NIU; HAN;
GONG, 2016; ZEIGLER; SMILEY; EHRLICH-JONES; MOORE, 2016; KARAHAN;
AABBASOĞLU; ISIK; CEVIK; SALTAN; ELBAS et al., 2018; CHIANG; WANG;
TZENG, 2018; TARADAJ; SHAY; DYMAREK; SOPEL; WALEWICZ; BEECKMAN
et al., 2018; SANTAMARIA; GERDTZ; KAPP; WILSON; GEFEN, 2018.

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

Em se tratando de LF e LP há que se considerar que ambas ocorrem


devido a processos multifatoriais, levando em consideração fatores extrínsecos
e intrínsecos ao idoso. Além disso, possuem fisiopatologias diferenciadas.
No entanto, apesar de suas especificidades, as diretrizes atuais recomen-
dam algumas intervenções comuns a elas incluindo: avaliação de risco para
184

desenvolver a lesão, avaliação da pele, reposicionamento, manutenção/corre-


ção de hidratação e nutrição, uso de dispositivos para redistribuir a pressão,
uso de cremes de barreira, treinamento para a equipe de saúde, monitoramento
do idoso e documentação necessária para os processos de acompanhamento
(LEBLANCK; BARANOSKI, 2013; NPUAP, 2016).
Nesta perspectiva, cabe a Equipe de Saúde da Família reorganizar e
planejar constantemente o cuidado de enfermagem para prevenção de lesões
de pele, orientando o idoso/cuidador acerca da prevenção destas, e na iden-
tificação de riscos para o comprometimento da pele. Considerando a impor-

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tância desta ação para redução de gastos com tratamentos de lesões evitáveis,
bem como diminuição do impacto negativo na qualidade de vida do idoso
assim como seus cuidadores e familiares. Essas ações podem ser largamente
trabalhadas, partindo da suposição de que estes idosos serão assistidos em
seu contexto real, podendo na avaliação profissional, contemplar até mesmo,
aspectos relacionados ao domicílio e seus hábitos de vida (SAATKAMP,
2012; GEOVANINI, 2014; ALMEIDA; BEZERRA; DA COSTA; VIEIRA;
CASTRO; COSTA, 2015).
Nesta conjuntura, a implantação do produto até o momento não foi pos-
sível, porém está sendo discutido no âmbito do município onde transcorreu o
estudo, a fim de propor mecanismos para incorporação do produto. A maior
perspectiva é de introduzir o produto no primeiro protocolo destinado espe-
cificamente ao Cuidado da Pessoa com Ferida na APS do município de São
José que segue em fase de construção. Assim como todo o trabalho que está
sendo construído no município para implementar uma linha de cuidado a
pessoas com feridas, estomias e incontinências.

Avaliação dos resultados após a implementação

A avaliação do produto não foi realizada, porém sugerem-se estudos


que possam validá-lo bem como avaliar a aplicabilidade e o impacto de sua
efetivação na redução das taxas de incidência e prevalência no âmbito da APS
por meios da qualificação da prática clínica assistencial.
Embora o produto ainda esteja em fase de implementação, visto que está
atrelado à fase de construção do protocolo de Cuidado da Pessoa com Ferida
na Atenção Primária à Saúde do município de São José, ele oportunizou a
reflexão e compreensão das múltiplas dimensões do processo de cuidado que
emergem da prática profissional do enfermeiro no âmbito da Estratégia Saúde
da Família. Neste panorama, houve o repensar acerca de novos meios de cui-
dado que permitisse soluções para problemas frequentemente encontrados na
prática assistencial do enfermeiro no que se refere a prevenção, diagnóstico
de enfermagem e tratamento de LP e LF.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 185

Sendo assim, o produto só veio a corroborar a caminhada profissional


de uma das autoras dentro do município no qual exerce a profissão de enfer-
meira, e estar nesse momento (após a formação como mestre) compondo a
Diretoria de APS. Tal fato proporcionou e vêm proporcionando maior enga-
jamento nas discussões no âmbito do município, a fim de propor mecanismos
para incorporação do produto na prática assistencial na Atenção Primária,
assim como sensibilizar a gestão municipal no que concerne a necessidade
de investimento em tecnologias de cuidado para prevenção e tratamento de
feridas. Tal processo contribuiu e culminou na implantação de um consultório
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de Estomaterapia, contemplado a partir de então, como estrutura exclusiva a


este fim, passando a demandar a necessidade de um protocolo, no qual faço
parte da comissão de elaboração do protocolo de Cuidado da Pessoa com
Ferida na Atenção Primária à Saúde.
Concomitantemente, a autora principal deste estudo passou a realizar
palestras no município, em faculdades sobre a temática, além disso, a fim
de agregar mais ainda, realizou cursos de tratamento adjuvante de feridas,
contribuindo para a rotina assistencial aos pacientes com lesões, uma vez que,
após o término do mestrado, que motivou este produto, passou a ser vista
como referência no tratamento de lesões dentro do município no qual exerce
atividades, realizando apoio matricial aos enfermeiros assistenciais na APS
no tratamento de lesões.

Conclusões

As LP e LF são injúrias frequentes, pois os idosos são mais propensos a


desenvolvê-las em decorrência da fragilidade cutânea. No entanto, na maior
parte das vezes é possível realizar cuidados preventivos a fim de reduzir custos
ao sistema de saúde, bem como o impacto danoso na qualidade de vida do
idoso em relação ao tratamento, assim como evitar complicações.
Para instrumentalizar os profissionais da Equipe de Saúde da Família,
frente ao exposto, a construção de Bundles de cuidados para prevenção, diag-
nóstico de enfermagem e tratamento das LP e LF em idosos na comunidade
por meio das evidências científicas encontradas durante a realização da revi-
são integrativa da literatura e no perfil dos idosos residentes na comunidade
foram pensadas para serem trabalhadas em equipe proporcionando melhoria
da assistência.
186

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data. International Wound Journal, [s. l.], v. 14, n. 1, p. 24-30, nov. 2015.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1111/iwj.12535.

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YOKO SETOGUCHI, A.; GHAIBEH, A.; MITANE, K.; ABE, Y.; HAS-
CHIMOTO, I.; MORIGUCHI, H. Predictability of pressure ulcers based on
operation duration, transfer activity, and body mass index through the use of an
alternating decision tree. The Journal of Medical Investigation, [s. l.], v. 63,
n. 34, p. 248-255, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2152/jmi.63.248.

ZEIGLER, M. et al. Use of the pressure ulcer scale for healing (push) in
inpatient rehabilitation: a case example. Rehabilitation Nursing, [s. l.], v. 41,
n. 4, p. 207-210, fev. 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1002/rnj.25.
PRODUTO 5
TECNOLOGIA DE CUIDADO
PARA SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
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DE CIRURGIA BARIÁTRICA1
Larissa Evangelista Ferreira
Luciara Fabiane Sebold
Nádia Chiodelli Salum
Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues
Ana Graziela Alvarez

Objetivo

Construir e validar um instrumento à sistematização da consulta de enfer-


magem realizada no período pré-operatório de cirurgia bariátrica à luz da
Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta.

Introdução

O termo “tecnologia” tem como significado a fusão entre o conhecimento


teórico (técnico-científico) e prático aplicada ao desenvolvimento de ferra-
mentas, materiais e processos que, uma vez utilizados, permitem a resolução
de problemas (LIMA; VIEIRA; NUNES, 2019).
Ao longo da história surgiram inúmeras definições para o termo “tec-
nologia em saúde”, no entanto na contemporaneidade este termo vem sendo
mais associado a expressão “cuidado”, sendo necessariamente embasado em
conhecimentos, explicações e técnicas utilizadas na área de promoção da
saúde e da assistência ao paciente (MOREIRA; PINHEIRO; FLORÊNCIO;
CESTARI, 2018).
Muitas vezes, o termo tecnologia em saúde é associado à maquinaria
desenvolvida para a reabilitação e sobrevida dos indivíduos. Porém, é necessá-
rio destacar que tal conceito pode se expressar de diferentes maneiras, a saber:

1 Linha: O cuidado e o processo de viver, ser saudável, adoecer e morrer.


194

tecnologia dura, que se refere exatamente à ideia trazida pelo senso comum,
representada pelas máquinas, normas e estruturas organizacionais; tecnologia
leve-dura, representada pelos saberes teóricos que darão suporte para a com-
preensão do processo de trabalho em saúde e a tecnologia leve, evidenciada
pelas relações interpessoais que têm por finalidade suprir as necessidades do
usuário (REZENDE; SANTOS; MEDEIROS, 2016).
A enfermagem, por sua relação direta com o processo saúde-doença e
como profissão envolvida diretamente no cuidado humano, não pode ficar
distante das transformações oriundas do desenvolvimento tecnológico e passou

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a incorporar e criar tecnologias para atender as necessidades de cuidado nos
mais variados cenários de assistência ou então aliou o processo de criação de
tecnologias para fortalecer processos de trabalho, tal como a Sistematização
de Assistência de Enfermagem (SAE). Neste capítulo será apresentada uma
tecnologia de enfermagem aplicável ao cuidado ao paciente obeso no período
pré-operatório de cirurgia bariátrica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a obesidade como um
dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em
2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estarão com sobrepeso e mais de 700
milhões serão obesos (WHO, 2016). No Brasil, a obesidade vem crescendo
cada vez mais. Pesquisas apontam que mais de 50% da população está acima
do peso, encontrando-se na faixa de sobrepeso e obesidade (BRASIL, 2017).
A obesidade é uma doença cuja etiologia é multifatorial, sendo neces-
sária uma abordagem multidisciplinar e minuciosa. Inicialmente, recomen-
da-se um acompanhamento nutricional visando a modificação dos padrões
alimentares, a indicação de atividade física e o tratamento medicamentoso.
Quando não se obtém sucesso com essas estratégias de tratamento, pode ser
indicada a realização da cirurgia bariátrica (DIAS; HENRIQUES; ANJOS;
BURLANDY, 2017).
Ainda que o recurso à cirurgia pareça reforçar uma abordagem patológica
e curativa, a alternativa de tratamento cirúrgico da obesidade passou a ser
um direito no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), instituída através
da Portaria nº 425, de 19 de março de 2013, sendo considerada atualmente o
tratamento mais eficaz para obesidade grau III e para controle desta epidemia
global, visando complementar uma necessidade terapêutica (BRASIL, 2013;
DIAS; HENRIQUES; ANJOS; BURLANDY, 2017).
Considerando a complexidade do tratamento para obesidade, o enfer-
meiro exerce um papel essencial no cuidado às pessoas que se encontram no
período pré-operatório de cirurgia bariátrica, principalmente no que tange a
avaliação e estímulo ao enfrentamento de mudanças cotidianas e implemen-
tação de cuidados para o alcance do seu bem-estar e do sucesso terapêutico
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 195

(BRAGA; JESUS; CONZ; TAVARES; SILVA; MERIGHI, 2017). Sendo


assim, se faz imprescindível a utilização SAE, a fim de se obter um direcio-
namento para a implementação de cuidados (SILVA, 2017).
A SAE é um conjunto de atividades que tem por finalidade profissio-
nalizar a assistência ao paciente por meio de instrumentos de trabalho que
auxiliem na tomada de decisão para execução de cuidado científico, holístico
e constante (MASSAROLI, 2015).
Com o seu reconhecimento como metodologia de trabalho, o Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN) considera a SAE, uma atividade privativa
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do enfermeiro, desde a aprovação da Lei do Exercício Profissional n. 7498/86


e reafirma essa prerrogativa por meio da Resolução COFEN n. 358/2009, que
“dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implemen-
tação do Processo de Enfermagem (PE) em ambientes, públicos ou privados,
em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem”.
Para a aplicação do PE na prática assistencial, o mesmo deve ser funda-
mentado em um modelo teórico (COFEN, 2009). No Brasil, os pressupostos
teóricos da enfermeira Wanda Horta, sobre as Necessidades Humanas Bási-
cas (NHB), vêm sendo utilizados nos mais diversos serviços e aplicados aos
variados clientes da enfermagem. A teoria de Horta direciona a assistência
de enfermagem em três níveis: psicobiológico, psicossocial e psicoespiritual
(HORTA, 1979).
A consulta de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro
e representa um momento para a aplicação da SAE através do PE, o qual
compreende cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes:
coleta de dados de enfermagem (histórico de enfermagem); diagnósticos de
enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e avaliação de
enfermagem (COFEN, 2009).
A necessidade legal de implementar a SAE contribuiu para alavancar o
número de estudos sobre a construção de instrumentos para sistematizar o PE,
entretanto ainda é discreto número de produções científicas sobre instrumentos
para a sistematização da consulta de enfermagem no período pré-operatório
de cirurgia bariátrica.
Pelo fato de a cirurgia bariátrica ocasionar uma série de alterações, entre
elas metabólicas, físicas e psíquicas, o período pré-operatório é o momento
adequado para o estabelecimento do relacionamento interpessoal, com o obje-
tivo conhecer as expectativas que o indivíduo tem em relação ao tratamento,
suas necessidades e potencialidades de saúde, além de motivá-lo a modificar
hábitos e ajudá-lo compreender as alterações decorrentes do processo cirúr-
gico que, neste caso, muitas delas, serão para toda a vida (MORALES, 2014).
O enfermeiro, como membro da equipe multidisciplinar, exerce um
importante papel para o sucesso da intervenção cirúrgica, sendo responsável
196

pelo planejamento e implementação da assistência prestada ao paciente e


familiar, durante todo o processo. Nesse contexto, a consulta de enfermagem
que ocorre no período pré-operatório de cirurgia bariátrica se faz imprescin-
dível e deve ter caráter educacional e assistencial. Ela possibilita conhecer o
paciente e levantar seus problemas, potencialidades e necessidades de saúde,
permitindo ao enfermeiro planejar individualmente as ações de enfermagem
que contribuirão para uma boa qualidade do trans e pós-operatório (FELIX;
SOARES; NÓBREGA, 2012; ROCHA; IVO, 2015).
Após uma reflexão sobre as particularidades do paciente em tratamento

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para a obesidade e a importância da assistência sistematizada de enfermagem
no período pré-operatório, observou-se no cenário de prática profissional
necessidades de adequações no que se refere à SAE no período pré-operatório
de cirurgia bariátrica. Partindo-se do principal objeto de estudo, a consulta de
enfermagem, observou-se que esta ainda era realizada de forma assistemática
e ainda apresentava fragilidades, contemplando apenas a etapa de Histórico
de Enfermagem e do Exame Físico.
Tais etapas foram realizadas utilizando-se um formulário para guiar a
coleta de dados, porém para a sistematização integral da assistência ao paciente
pré-operatório de cirurgia bariátrica acredita-se que mais dados de investigação
deveriam ser incorporados neste formulário. Também, durante a consulta de
enfermagem, não existia a incorporação de um referencial teórico de Enfer-
magem para fundamentar e guiar a prestação de cuidados de enfermagem a
estes pacientes.
Diante da necessidade de contribuir para o fortalecimento da SAE através
da utilização de instrumentos concebidos dentro de uma linguagem padro-
nizada e apontada pela literatura carências de tecnologias de enfermagem
destinadas a assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico bariátrico defi-
niu-se o objeto deste estudo.

Percurso metodológico

O desenvolvimento de uma tecnologia requer estudo metodológico cri-


terioso, realizado em fases que perpassam por investigação, organização e
análise de dados, para então iniciar a etapa de construir, validar e avaliar a
ferramenta desenvolvida, utilizando critérios que certifiquem a confiabilidade
do instrumento para sua posterior adaptação e utilização à realidade a que se
propõe (POLIT; BECK, 2011).
O presente produto foi desenvolvido utilizando os métodos do estudo
metodológico que, segundo Polit e Beck (2011) consiste em uma pesquisa
referente às investigações dos métodos de obtenção, organização e análise dos
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 197

dados, na qual discorre-se sobre a elaboração, validação e avaliação dos ins-


trumentos. Sendo assim, o estudo metodológico, busca interpretar fenômenos
e novos significados; engloba o aprimoramento de método utilizado em outras
pesquisas, cujo objetivo é construir um instrumento que seja confiável, preciso
e utilizável, para que possa ser aplicado na prática (LACERDA; RIBEIRO;
COSTANEIRO, 2018).
Conforme Lobiondo-Wood e Haber (2006), o estudo metodológico se
caracteriza por abordar o desenvolvimento, validação e avaliação de instru-
mentos de coleta de dados, escalas ou técnicas sobre conceitos/fenômenos da
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enfermagem. Geralmente este tipo de estudo abrange quatro etapas: definição


do conceito ou do comportamento a ser medido; formulação dos itens do
instrumento; desenvolvimento de instruções para usuários e respondentes e
o teste de confiabilidade e da validade do instrumento de medidas.
Baseado nestes critérios, o desenvolvimento do produto de dissertação
seguiu as quatro etapas descritas a seguir:

Primeira etapa: identificação dos indicadores empíricos

Para esta etapa foi utilizado o referencial teórico das NHB proposto
por Wanda Horta (1979), no qual a autora classifica as NHB em três níveis:
psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais. Os indicadores empíricos
(IE) representam os conceitos específicos, observáveis e mensuráveis de uma
teoria da enfermagem que fornecem informações suficientes e necessárias à
avaliação inicial do estado de saúde do cliente por determinar e padronizar o
conjunto de dados essenciais (FAWCET, 2013).
Para a elaboração desta etapa, buscou-se conhecer, através da literatura
científica os IE, ou seja, as manifestações, observadas ou mensuradas, das
NHB afetadas no paciente obeso, que se encontra no período pré-operatório
de cirurgia bariátrica, a fim de elaborar um instrumento de coleta de dados
que contemple a investigação das reais necessidades, riscos e potencialidades
de saúde neste segmento de pacientes.
Para a pesquisa e levantamentos dos IE foi realizada uma revisão inte-
grativa (RI) da literatura. Segundo Soares e colaboradores (2014), a revisão
integrativa reúne achados de estudos desenvolvidos através diferentes metodo-
logias, permitindo aos revisores sintetizar, de forma sistemática e rigorosa os
resultados sem ferir a filiação epistemológica dos estudos empíricos incluídos.
A presente RI foi realizada em seis etapas, seguindo os pressupostos da
Revisão Integrativa de Literatura de Ganong: seleção da pergunta de pes-
quisa; estabelecimento dos critérios para seleção da amostra; representação
das características da pesquisa original; análise dos dados; interpretação dos
resultados; apresentação da revisão integrativa (GANONG, 1987).
198

A RI foi guiada pela pergunta: quais são os indicadores empíricos,


relacionados à teoria das necessidades humanas básicas apresentados pelo
paciente obeso que devem ser investigados na consulta de enfermagem no
período pré-operatória de cirurgia bariátrica? A busca foi realizada a partir
dos descritores “Obesidade”, Cirurgia Bariátrica”, “Gastroplatia” e “Período
Pré-operatório” nas bases eletrônicas de dados Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Banco de Dados da Enfer-
magem (BDENF), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE), consultada por meio do PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde

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(BVS), biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO),
Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Scopus
Info Site (SCOPUS), Web Of Science e Science Direct.
Foram incluídos trabalhos originais que continham os descritores listados
acima, publicados em periódicos científicos nos anos de 2012 até 2018, nos idio-
mas inglês, espanhol e português; disponíveis on-line na forma completa. Foram
excluídas as publicações de trabalho duplicadas; estudos publicados em anais de
eventos, resumos em anais de eventos ou periódicos; cartas editoriais; materiais
publicados em outros idiomas que não fossem inglês, espanhol e português.
Fez-se uma leitura dos títulos e resumos para conferir se os materiais
eram condizentes com o objetivo do estudo, sendo que os julgados pertinentes
foram resgatados dos textos completos. Após, realizou-se a leitura na íntegra
dos artigos selecionados analisando-se se iriam ou não compor a amostra final.
Os artigos selecionados foram organizados em um instrumento em formato
de tabela construída a partir do Microsoft Excel com identificação numérica
sequencial crescente.
Para facilitar a organização dos dados, os artigos selecionados receberam
códigos numéricos e utilizou-se um instrumento construído para realizar o
levantamento e categorização dos IE. Para contabilização final dos indicadores
empíricos, eles foram organizados em uma única tabela, sendo excluídos os
duplicados ou aqueles que apareciam em mais de uma NHB.
Na etapa de identificação dos indicadores empíricos foi identificado
um total de 128 artigos e selecionados, dos quais 11 foram selecionados
e, portanto, constituíram a amostra final revisão integrativa. Ao total foram
selecionados 72 IE distribuídos nas respectivas NHB.

Segunda etapa: validação dos indicadores empíricos por juízes

Para a etapa de validação dos IE, foram convidados 25 (vinte e cinco)


enfermeiros com experiência no atendimento ao paciente cirúrgico bariátrico,
denominados como “juízes”.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 199

Os critérios de inclusão para juízes nesta pesquisa foram: possuir gra-


duação em enfermagem, ter experiência profissional mínima de 3 anos no
atendimento de pacientes no serviço de cirurgia bariátrica; atuar junto a ins-
tituições de assistência, pública ou privada à saúde em qualquer região do
Brasil. Foram excluídos enfermeiros que eram residentes de enfermagem, ou
estavam na função de enfermeiros treinee.
A escolha dos juízes primeiramente foi de forma não intencional, através
da busca no currículo cadastrado na plataforma Lattes. Após buscas na pla-
taforma Lattes, houve poucos enfermeiros cadastrados que atendessem aos
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critérios desejados para a inclusão, sendo assim, também se fez a escolha de


juízes através da indicação de enfermeiros que responderam inicialmente a
pesquisa de validação dos IE, no qual se solicitava se o mesmo poderia indicar
algum outro profissional que atendesse aos critérios de inclusão para participar
da pesquisa e ainda realizou-se buscas através de contatos telefônicos com
instituições que realizaram cirurgia bariátrica a fim de se obter enfermeiros
para participar como juiz nessa pesquisa.
Após a identificação dos juízes, foi enviado, via correio eletrônico, uma
carta convite, convidando-o a participar da pesquisa. Na carta convite, havia
um link de acesso ao formulário elaborado através da ferramenta Google
Docs®. Após receber o formulário como link, os juízes tinham um prazo de
20 dias para respondê-lo.
Os IE elencados para a validação, já distribuídas nos níveis das NHB
estavam dispostos em uma escala dicotômica, que serviu de parâmetro para
o julgamento desses indicadores como “relevante” ou “não relevante” para
a avaliação do paciente obeso no período pré-operatório de cirurgia bariá-
trica. Além da escala dicotômica, era disponibilizado um espaço destinado
às sugestões para o acréscimo de algum indicador ou comentários sobre ele.
Foram considerados os válidos os indicadores empíricos com o índice
de concordância (IC) maior ou igual a 0,80 (IC ≥ 0.80) (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011). Os IE que não atingiram o IC estipulado para este estudo
foram excluídos, não sendo utilizados nas etapas posteriores.
Dos 25 juízes selecionados para participar da pesquisa, apenas 14 forma-
lizaram o seu aceite. Desses 14, um foi excluído por não atender aos critérios
de inclusão, sendo assim ao final foi considerada a opinião de 13 juízes.
Em relação ao perfil profissional dos juízes que participaram deste pro-
cesso de validação: 30,77% (4) eram doutores em enfermagem; 15,38% (2)
mestres em enfermagem e 53,84% (7) possuíam o título de especialista. Em
relação ao local de trabalho 38,46% (5) atuavam em Centro Cirúrgico; 30,77%
(4) atuavam em atendimento ambulatorial; 15,38% (2) em unidade de inter-
nação clínica/cirúrgica, e 15,38% (2) em outros cenários da assistência. A
200

maioria, 69,23% (9), possuía mais que 10 anos de atuação como enfermeiro;
15,38% (2), entre 6-10 anos e 15,38% (2) entre 3-5 anos de atuação. Sobre a
região do Brasil na qual residiam, 53,84% (7), na região Sul, 15,38% (2) na
região Centro-Oeste; 15,38% (2) na região Norte; 7,69% (1) na região Sudeste
e 7,69% (1) Nordeste.
Dos 72 IE levantados, 69 foram atingiram IC maior que 0,80 para serem
considerados validados, conforme demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Validação dos Indicadores Empíricos selecionados

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através da revisão integrativa. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Indicadores Empíricos IC
Dispneia 1,0
Tosse 0,92
Sibilos 0,92
Crepitação 0,92
Ortopneia 1,00
Ingesta de líquido insuficiente 0,84
Bebidas com excesso de açúcar 0,92
IMC 1,00
Peso 1,00
Circunferência abdominal 1,00
Circunferência braquial 1,00
Relação cintura/quadril 1,00
Consumo de alimentos com excesso de açúcar 1,0
Dentição 1,0
Local inadequado para a realização das refeições 1,0
Distensão abdominal 0,92
Constipação 1,0
Diarreia 1,0
Incontinência urinária/fecal 0,92
Horas de sono insuficientes 0,84
Ronco 1,0
Apneia 1,0
Insônia 1,0
Ausência da prática de atividade física 1,0
Prática de atividade física de baixa intensidade 1,0
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 201

continuação
Indicadores Empíricos IC
Vida sexual ativa 0,84
Utilização de métodos contraceptivos 1,0
Alteração na libido 0,69
Desconforto durante relação sexual 0,92
Dificuldade de locomoção para atividades 1,0
Fadiga 0,92
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Higiene corporal precária 1,0


Dificuldade de higienizar todas as partes do corpo 1,0
Presença de lesões cutâneas 1,0
Presença de hérnias 0,92
Grau de obesidade 1,0
Pele/mucosas hipocorada 1,0
Pressão Arterial elevada 1,0
Frequência cardíaca 1,0
Glicemia capilar elevada 1,0
Presença de edema 1,0
Alergias 1,0
Beta-HCG 0,84
Perfusão tissular 1,0
Hemograma 1,0
Alteração na função hepática 1,0
Alteração no perfil lipídico 1,0
Desconforto gastrointestinal após alimentação 0,92
Dor nas articulações 1,0
Local de residência: área urbana ou rural 0,76
Medicações em uso 1,0
Tabagismo 1,0
Etilismo 1,0
Histórico da obesidade 1,0
Doenças prévias 1,0
Vínculo com principal cuidador 1,0
Falta de apoio familiar 1,0
Renda familiar 1,0
continua...
202

continuação
Indicadores Empíricos IC
Pessoa que costuma preparar os alimentos 1,0
Baixo nível de escolaridade 0,76
Desconhecimento sobre a doença 1,0
Dificuldade de compreender as informações 1,0
Pouca realização de atividades de lazer 0,92
Não participação em grupos de educação em saúde/
1,00
grupos de apoio

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Motivação para mudanças 1,0
Ansiedade 1,0
Tristeza 1,0
Isolamento social 1,0
Percepção sobre seu corpo 0,92
Constrangimento relacionado ao corpo 1,0
Religião 0,92
Crenças em relação ao tratamento 0,92

Segunda etapa: levantamento dos Diagnósticos de Enfermagem,


Intervenções de Enfermagem e Resultados Esperados

Os IE validados foram essenciais para a etapa de Levantamento dos


Diagnósticos de Enfermagem, Intervenções de Enfermagem e Resultados
Esperados. Primeiramente fez-se o agrupamento e associação de IE validados
e após isso a seleção do enunciado diagnóstico. Como linguagem padroni-
zada, adotou-se a taxonomia North American Nursing Diagnosis Association
(NANDA-I). Após, foram elencados as intervenções de enfermagem através da
Nursing Outcomes Classification (NOC) e os resultados esperados, baseados
na Nursing Interventions Classification (NIC), que tivessem ligação com o
enunciado diagnóstico. Optou-se por selecionar os itens da linguagem padro-
nizada e seu código de classificação dentro da taxonomia, pois isso facilitará
sua utilização caso almeja-se adaptar este instrumento dentro de um sistema
de informação em enfermagem.
Foram realizados cruzamentos com os 69 IE validados para a definição
dos títulos diagnósticos da taxonomia NANDA-I. O cruzamento dos IE per-
mitiu múltiplas associações, logo, múltiplos diagnósticos. Foram extraídos os
que se julgaram serem os mais relevantes para o paciente obeso no período
pré-operatório de cirurgia bariátrica.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 203

Os principais diagnósticos selecionados, bem como as associações dos


IE realizados estão descritos no Quadro 1.

Quadro 1 – Principais diagnósticos de enfermagem e associação


com Indicadores Empíricos. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Diagnóstico de Enfermagem NANDA-I Associação com Indicadores Empíricos
Ansiedade (00146) Insônia; Ansiedade.
Higiene corporal precária; Dificuldade de higienizar todas
Déficit de autocuidado para banho (00108) as partes do corpo; Dificuldade de locomoção para
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atividades; Dor nas articulações.


Conhecimento deficiente (00126) Desconhecimento sobre a doença.
Pressão arterial elevada; glicemia capilar elevada; IMC;
Ausência da prática de atividade física; Bebidas com
Risco de síndrome do desequilíbrio metabólico (00263)
excesso de açúcar; Consumo de alimentos com excesso
de açúcar.
Disposição para controle da saúde melhorado (00162) Motivação para mudança.
Percepção sobre seu corpo; Constrangimento relacionado
Distúrbio na imagem corporal (00118)
ao corpo; tristeza, isolamento social.
Ansiedade; Horas de sono insuficientes; Ronco; Apneia;
Distúrbio no padrão de sono (00198)
Insônia; Ortopneia.
Dor nas articulações; Dificuldade de locomoção para
Dor crônica (00133)
atividades.
Ausência da prática de atividade física, prática de
Estilo de vida sedentário (00168)
atividade física de baixa intensidade.
Intolerância à atividade (00092) Fadiga; Dor nas articulações; Dispneia.
Tristeza; Isolamento social; constrangimento relacionado
ao corpo; pouca realização de atividades de lazer; não
Isolamento social (00053)
participação em grupos de educação em saúde/grupos
de apoio.
Dor nas articulações; Dificuldade de locomoção para
Mobilidade física prejudicada (00085)
atividades; Dispneia; Fadiga.
Obesidade (00232) IMC; Histórico da obesidade; Peso.
Padrão respiratório ineficaz (00032) Dispneia, sibilo, crepitação.
Risco de Integridade da Pele prejudicada (00047) Presença de lesões cutâneas; Higiene corporal precária.

Fonte: Autoras (2019).

Quarta etapa: estruturação do instrumento para o consulta de


enfermagem

Com os dados acumulados nas etapas anteriores, a estruturação do instru-


mento para a CE obedeceu aos requisitos estabelecidos previamente: deveria
204

contemplar as características mínimas para compor o histórico de enfermagem


e exame físico, contemplar os possíveis diagnósticos de enfermagem, inter-
venções e resultados esperados, ter aplicabilidade prática, fácil compreensão,
possibilitar sempre que possível à aplicabilidade dos itens em checklist, ser
possível de ser aplicado em outras cenários com prática de enfermagem seme-
lhante e possibilitar futuramente a conversão do instrumento para o sistema
de prontuário eletrônico.

Quinta etapa: validação de conteúdo do instrumento por juízes

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Ocorreu com a participação dos mesmos juízes que haviam sido convi-
dados para participar da etapa anterior deste estudo, sendo novamente enviado
carta-convite via correio eletrônico, com prazo de resposta de 30 dias. A
Validação de Conteúdo, em relação a sua relevância, foi realizada através da
técnica Delphi, na qual utiliza-se um método sistematizado de julgamento de
informações, destinada ao alcance do consenso sobre um determinado assunto,
por meio de validações articuladas em rodadas de questionários, favorecidos
pelo anonimato (SCARPARO; LAUS; AZEVEDO; FREITAS; GABRIEL;
CHAVES, 2012).
Para cada domínio do instrumento foi adotada uma escala do tipo Likert,
de quatro pontos, onde o juiz da pesquisa relatava seu parecer entre os pontos
propostos (PASQUALI, 2010). Sendo assim, a escala tipo Likert adotada
continha as opções “concordo totalmente”, “concordo”, “discordo” e “dis-
cordo totalmente”. Ainda era possível que pudessem expor os comentários ou
sugestões a respeito do item que estava sendo avaliado em um campo espe-
cífico. Os dados foram analisados através do cálculo de Índice de Validade
de Conteúdo (IVC), considerando válidos aqueles que alcançassem um IVC
superior a 0,80 (IVC ≥ 0.80).

Produto construído

O produto deste estudo consiste em um roteiro sistematizado para ser


utilizado na consulta de enfermagem no período pré-operatório de cirur-
gia bariátrica.
Ele está estruturado em seis partes: Identificação, que contém dados
mínimos para realizar a identificação do paciente que irá realizar a consulta
de cirurgia bariátrica, sendo esta uma medida importante para a segurança do
paciente; Histórico de Enfermagem; Diagnósticos de Enfermagem, Resultados
de Enfermagem; Intervenções de Enfermagem e Avaliação.
O Histórico de enfermagem e itens do exame físico foram divididos
nos níveis de NHB, de acordo com IE validados. Os IE foram explorados
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 205

e feitos desdobramentos deles e dispostos de forma que facilitasse o uso de


instrumento em forma de checklist ou transformados em perguntas, as quais
facilitam o direcionamento da coleta de dados.
Os Diagnósticos de Enfermagem foram distribuídos em quadros com
colunas seguidas de Resultados de Enfermagem e Intervenções de Enferma-
gem e atividades. O instrumento é composto por 15 diagnósticos de enferma-
gem, 17 resultados esperados, 28 intervenções de enfermagem e 67 atividades.
Acredita-se que o produto oriundo desta dissertação oferecerá subsídios
para nortear o planejamento e implementação de uma assistência de enfer-
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magem segura e de qualidade, além de contribuir para a implementação do


processo de enfermagem, e servir de modelo para outros cenários da prática
profissional. Além do mais, o instrumento desenvolvido para sistematizar o
processo de enfermagem pode ser visto como um instrumento de coleta de
dados para contribuir para estudos primários e gerar indicadores sobre um
tema que ainda carece de pesquisas na enfermagem.

INSTRUMENTO PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PERÍODO


PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA
Data:
IDENTIFICAÇÃO
Nome Completo:
Data de Nascimento: Sexo:
Nome da mãe:
Escolaridade:
Estado Civil:
Profissão:
Endereço:
UBS de Referência:
COLETA DE DADOS DE ENFERMAGEM
NECESSIDADES PSICOBIOLÓGICAS
Oxigenação
FR: _____mrpm ( ) Eupneia ( ) Dispneia ( ) Ortopneia
Ausculta Pulmonar: ( ) Murmúrios vesiculares Ruídos Adventícios: ( ) Roncos ( ) Sibilos ( ) Estertores
Observações: _________________________________
Tosse: ( ) Improdutiva ( ) Produtiva Característica:
Existe alguma situação no cotidiano que percebe que a respiração fica prejudicada?
continua...
206

continuação
Nutrição
Peso: Altura: IMC:
Abdome: ( ) Plano ( ) Globoso ( ) Distendido ( ) Doloroso à Palpação ( ) Abaulado ( ) Outros:________
RHA: ( ) Presente ( ) Ausente ( ) Diminuído ( ) Aumentado
Circunferência Abdominal:___________ cm
Circunferência Braquial: __________ cm
Relação Cintura/Quadril: __________ cm
Descrição da rotina/consumoalimentar

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Café da manhã:
Almoço:
Lanche:
Jantar:
Outros:
Local onde costuma realizar as refeições:
Qual período do dia a ingestão de alimentos é maior?
Por quais alimentos têm mais preferência?
Tem intolerância/alergia a algum tipo de alimento? ( ) Não ( ) Sim Especificar:
Sente algum desconforto gastrointestinal após alimentar-se? ( ) Não ( ) Sim Especificar: _______
Dentição: ( ) Completa ( ) Incompleta Observações:
Uso de prótese: ( ) Sim ( ) Não
Hidratação
Qual a ingestão de líquidos diariamente:
( ) Água: ________ml/dia
( ) Sucos: _______ml/
( ) Refrigerante: _______ml
( ) Café: _________ml
( ) Chá: _______ml
( ) Bebida Alcóolica: __________ml Periodicidade:
( ) Outros: _______
Eliminação
Eliminação urinária – característica/frequência: ___________________________________
Queixa de incontinência urinária ( ) Sim ( ) Não
Eliminação intestinal:
Frequência de Evacuação: _____ vezes/semana
( ) Normal ( ) Constipação ( ) Diarreia ( ) Outros___________
Característica das Fezes:
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 207

continuação
Sono e Repouso
Quantas horas de sono diariamente? ________horas
Característica do sono: ( ) Insônia ( ) Sono Interrompido ( ) Ronco ( ) Apneia ( ) Outros:__________
Exercícios e Atividades Físicas
Pratica Atividade Física: ( ) Não ( ) Sim Qual tipo ?
Qual a Frequência:____ vezes/semana
Sexualidade
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Tem vida sexual ativa ? ( ) Não ( ) Sim


Utiliza método(s) contraceptivos(s)? ( ) Sim Qual(is):_____________________ ( ) Não
Apresenta algum desconforto durante a relação sexual? ( ) Não ( )Sim Especificar: ______________
Locomoção/Motilidade/Mecânica Corporal
Dificuldade de locomoção: ( ) Não ( ) Sim Observações: ________________________
Dor nas articulações: ( ) Não ( ) Sim
Integridade Cutânea Mucosa/Integridade Física
Pele e Mucosa: ( ) Íntegra ( ) Não íntegra Tipo de lesão/localização: __________________
Presença de estrias : ( ) Não ( ) Sim Localização:______________
Alteração na coloração da pele: ( ) Não ( ) Sim Característica/Localização: ___________
Cuidado Corporal
Higiene Corporal: ( ) Satisfatória ( ) Insatisfatória
Apresenta dificuldade para realizar a higiene corporal: ( ) Não ( ) Sim
Especificar tipo de dificuldade:
Higiene Oral: ( ) Adequada ( ) Inadequada
Regulação (térmica, hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica,
imunológica, crescimento celular, vascular)
T:_______°C PA: _______mmHg P:_______bpm ( ) Regular ( ) Irregular
Glicemia: _______mg/dl ( ) Jejum ( ) Pós Prandial
Pele e mucosas ( ) Corada ( ) Hipocorada
Presença de edema: ( ) Não ( ) Sim Localização/classificação:
Alergia: ( ) Não ( ) Sim Qual?_________________
Resultados de exames laboratoriais
Hemograma (data do exame: ___/____/____) Ht: Hb: Leu: Plaq:
Função hepática (data do exame: ___/____/____) TGO: TGP: GGT
Perfil lipídico (data do exame: ___/____/____) Colesterol Total: HDL: LDL:
Triglicerídos (data do exame: ___/____/____):
Outros exames complementares:
continua...
208

continuação
Terapêutica
Doenças prévias:
Medicamentos em uso:
Tabagismo:
( ) Nunca Fumou
( ) Fumou Anteriormente Quanto tempo?
( ) Fuma Atualmente Há quanto tempo? Quantidade/dia:__________________________
Faz uso de bebida alcoólica? ( ) Não ( ) Sim Frequência/quantidade:

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Histórico da obesidade (há quanto tempo começou a ganhar peso):
Tratamentos para a obesidade realizados anteriormente:
NECESSIDADES PSICOSSOCIAIS
Segurança/Amor/Gregária
Nome do principal cuidador:
Vínculo com o principal cuidador:
Como percebe o apoio familiar para a realização do procedimento cirúrgico: ( ) Adequado ( ) Insuficiente
Especificar:
Quem costuma preparar os alimentos?
Renda média familiar: R$__________
Aprendizagem (educação à saúde)/ Comunicação/ Atenção
Conhecimento sobre procedimento de cirurgia bariátrica ( ) Satisfatório ( ) Insuficiente
Capacidade de compreender as informações/orientações repassadas sobre o tratamento ( ) Satisfatório ( )
Insuficiente
Recreação/Lazer/Participação
Quais atividades de lazer costuma realizar?
Costuma realizar atividades em grupo de apoio: ( ) Sim ( ) Não
Aceitação/ Autorrealização/ Autoestima/Autoimagem
Como se sente em relação a sua imagem?
Apresenta constrangimento relacionada a alguma parte do corpo? ( ) Não ( ) Sim / Qual?
Apresenta alguma queixa de ordem emocional? ( ) Não ( ) Sim/ Qual?
( ) Tristeza ( ) Solidão ( ) Euforia ( ) Ansiedade ( ) Isolamento social ( ) Outras__________

4 NECESSIDADES PSICOESPIRITUAIS
Religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida
Religião que considera pertencer:
Costuma frequentar algum grupo religioso: ( ) Não ( ) Sim / Frequência?
Tem limitação/crença à algum tipo de tratamento: ( ) Não ( ) Sim / Qual?
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 209

continuação
Outras informações relevantes:

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM, PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO


DIAGNÓSTICO DE
RESULTADOS INTERVENÇÕES DE
ENFERMAGEM ATIVIDADES
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ESPERADOS (NOC) ENFERMAGEM (NIC)


(NANDA–I)
• Obter medidas
antropométricas;
• Reunião para
• Orientar o pacientes sobre
Avaliação
as opções de tratamento
dos cuidados
• Comportamento de Perda de disponíveis;
multidisciplinares
Peso (1627): ações pessoais • Incentivar adesão ao
• Obesidade (8020);
para perder peso, por meio de tratamento prescrito pela
(00232) • Aconselhamento
dieta, exercícios e modificação equipe multidisciplinar;
nutricional (5246);
do comportamento. • Orientar sobre os riscos
• Assistência para
da obesidade para a
redução de peso
manutenção da saúde;
(1280).
• Investigar fatores etiológicos
da obesidade.
• Comportamento de Busca da
Saúde (1603): ações pessoais
• Monitorar sinais vitais;
para promover bem-estar,
• Verificar a glicemia capilar;
recuperação e reabilitação
• Explicar ao paciente o
excelentes;
tratamento prescrito e a
• Conhecimento – Controle da • Monitoração de sinais
• Risco de importância da adesão para a
Hipertensão (1837): alcance da vitais (6680);
síndrome do manutenção da saúde;
compreensão transmitida sobre • Aconselhamento
desequilíbrio • Explicar o uso correto das
pressão sanguínea elevada, seu nutricional (5246);
metabólico medicações;
tratamento e a prevenção de • Controle de
(00263) • Investigar a adesão do
complicações; medicamentos (2380).
paciente ao tratamento
• Conhecimento – Controle do
prescrito;
Diabetes (1820): alcance da
• Realizar orientações sobre a
compreensão transmitida sobre
dieta prescrita.
o diabetes, seu tratamento e a
prevenção de complicações.
continua...
210

continuação
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM, PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO
DIAGNÓSTICO DE
RESULTADOS INTERVENÇÕES DE
ENFERMAGEM ATIVIDADES
ESPERADOS (NOC) ENFERMAGEM (NIC)
(NANDA–I)
• Orientar o paciente sobre
a importância da atividade
física para a manutenção da
saúde e redução do peso;
• Comportamento de Busca da • Aconselhamento • Investigar se o paciente
Saúde (1603): ações pessoais (5240); possui restrições para a

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• Estilo de vida para promover o bem-estar, • Modificação do prática de atividade física;
sedentário recuperação e reabilitação; comportamento • Orientar realizar atividade
(00168) • Motivação (1209): urgência (4360); física com acompanhamento
interna que leva ou incita os Promoção do de um profissional;
indivíduos para ações positivas. exercício (0200). • Incentivar a prática de
atividade física dentro dos
limites de tolerância;
• Determinar a motivação do
paciente para mudar.
• Explicar a importância dos
movimentos respiratórios e
de tossir para a prevenção de
complicações;
• Incentivar o exercício da
tosse, para aumentar
o volume inspiratório e
expiratório;
• Demonstrar ao paciente
a importância de seu
• Estado Respiratório – troca • Posicionamento posicionamento ao deitar-se,
• Padrão gasosa (0402): troca alveolar de (0840); mantendo o tronco elevado
respiratório dióxido de carbono e oxigênio • Assistência para de 30 a 45 graus;
ineficaz (00032) para manter as concentrações de redução de peso • Explicar que, quando estiver
gases no sangue arterial. (1280). sentado, deverá posicionar
os braços com almofadas
na lateral, deixando o
pulmão mais livre para a
sua expansão e as pernas
estendidas;
• Orientar a importância
de seguir a tratamento
da redução de peso
para melhora do padrão
respiratório.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 211

continuação
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM, PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO
DIAGNÓSTICO DE
RESULTADOS INTERVENÇÕES DE
ENFERMAGEM ATIVIDADES
ESPERADOS (NOC) ENFERMAGEM (NIC)
(NANDA–I)
• Avaliar as queixas referentes
à qualidade de sono;
• Identificar as circunstâncias
que interrompem o sono e a
frequência com que ocorrem;
• Estimular o paciente a dormir
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com a cabeceira elevada,


como forma de evitar o
• Sono (0004): suspensão • Melhora do sono laringoespasmo e a obstrução
• Distúrbio no
periódica natural da consciência, (1850); das vias aéreas superiores;
padrão de sono
durante a qual o corpo se • Posicionamento • Orientar a manter o ambiente
(00198)
recupera. (0840). calmo, tranquilo e com
luzes apagadas e sem ruído
durante a noite;
• Manter um horário regular
para acordar, dormir e
descansar;
• Evitar bebidas alcoólicas
consumo de produtos com
cafeína antes de dormir.

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados
O produto oriundo desta dissertação de mestrado ainda não foi imple-
mentado na instituição. Uma vez que todo o seu desenvolvimento exigiu
estudo criterioso, baseado em evidências científicas, de forma que o resultado
para se concretizar em um produto desenhado para solucionar uma lacuna
assistencial da enfermagem, igualmente necessita também ser realizada dentro
do rigor científico.
Acredita-se que o processo de implementação deste produto se inicia
com a sensibilização da equipe sobre a necessidade de aprimorar a prática
profissional através do uso de uma tecnologia de enfermagem, bem como o
treinamento para o uso do instrumento construído. Após isso, será necessário
realizar estudos sobre a aplicabilidade do instrumento da prática assisten-
cial com o objetivo de investigar sua clareza e confiabilidade para a prática
assistencial em enfermagem. Ou seja, ainda é necessário realizar uma nova
etapa de pesquisa científica, na qual poderá ser avaliado se cada domínio do
instrumento é capaz de atender ao propósito da consulta de enfermagem.
Na prática, uma proposta de implementação poderá ser desenvolvida uti-
lizando-se métodos validados como a Teoria da Translação do Conhecimento
212

e Validação Clínica dos diagnósticos de enfermagem. Além disso, para a


implementação do instrumento também será necessário conhecimentos de
informática em saúde, uma vez que se almeja a utilização do instrumento
através do prontuário eletrônico.
Neste sentido, os indicadores de qualidade são reconhecidos como ferra-
menta indispensável para o gerenciamento de boas práticas de enfermagem. Os
valores mensurados demonstram o resultado da assistência e permitem avaliar
se as metas assistenciais foram atingidas; auxiliam no conhecimento acerca
dos pacientes atendidos, bem como podem sinalizar melhorias na assistência

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no que tange ao cuidado centrado no paciente, auxiliando no planejamento
e na tomada de decisão do enfermeiro para a prática baseada em evidências
(BÁO; AMESTOY; MOURA; TRINDADE, 2019).
Como mencionado anteriormente, este produto ainda não passou pelo
processo de implementação, não havendo então dados que possam atestar seus
resultados na prática assistencial de enfermagem. Entretanto, espera-se que a
aplicabilidade deste produto possa trazer resultados positivos para a segurança
cirúrgica do paciente no período pré-operatório de cirurgia bariátrica com reper-
cussões na continuidade do cuidado que acontece no período pós-operatório.
Sendo assim, acredita-se que a implementação deste instrumento contribuirá
para sustentar a prática profissional, e ao aplicá-lo, utilizando-se a metodologia
do PE, tem-se a oportunidade de obter dados relevantes do processo de cuidado
no período pré-operatório de cirurgia bariátrica, que podem ser utilizados na
construção da ciência do cuidado e divulgados através da literatura científica.

Conclusões
A Enfermagem vem demonstrando a importância do aprimoramento das
práticas de cuidados nos mais diversos cenários de assistência. Isto se deve
ao fortalecimento da SAE, permitindo ao enfermeiro o reconhecimento de
sua realidade de atuação para assim, propor ações no processo de cuidado.
Neste contexto, surge a necessidade de desenvolvimento de instrumentos
metodológicos que embasam o cuidado e auxiliam a documentação da prá-
tica profissional e geram indicadores sobre as ações realizadas e registram o
processo de raciocínio clínico.
Os instrumentos criados pela enfermagem são utilizados também para
otimizar e facilitar o trabalho nas áreas que demandam atenção para as ações
de cuidado complexos, tal como a cuidado ao paciente obeso.
Nesta perspectiva, o presente estudo contribuiu para o desenvolvimento
de um instrumento para nortear a atuação do enfermeiro durante a consulta
de enfermagem, o qual foi desenvolvido dentro dos rigores científicos e rece-
beu contribuição de enfermeiros com expertise na área. A participação dos
enfermeiros com experiência na área contribuiu para que dados importantes,
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 213

que não foram possíveis ser contemplados apenas com a revisão integrativa,
passassem a fazer parte do instrumento.
Em relação à consulta de enfermagem, esta pode ser vista como um
valioso espaço de atuação, definida legalmente na legislação profissional.
Ao executar a consulta de enfermagem, utilizando-se todas as fases do PE,
o enfermeiro desenvolve sua prática utilizando o processo científico, tor-
nando a assistência individualizada e segura, reconhecendo e interpretando as
potencialidades e fragilidades da saúde do indivíduo, família e comunidade,
determinando intervenções adequadas, com resultados mensuráveis. O alcance
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dos resultados, ou seja, as implicações das ações de cuidados serão possíveis


apenas quando o PE é realizado utilizando os direcionamentos de uma teoria
de Enfermagem.
A Teoria das NHB de Wanda Horta demonstrou alcance para a realização
de ações sistematizadas e inter-relacionadas de cuidado que contemplassem a
complexidade do paciente obeso no período pré-operatório de cirurgia bariá-
trica. Os conceitos que emergiram nos níveis psicobiológico, psicossocial
e psicoespiritual e explorados durante a construção do instrumento, tornam
possíveis a investigação das necessidades do paciente levando em considera-
ção as características multifatoriais da obesidade e complexidade do preparo
para o procedimento de cirurgia bariátrica. Os IE, relacionados aos diversos
níveis da Teoria das NHB, quando organizados dentro do processo de enferma-
gem, tornam possível à obtenção do maior número de dados que para direcionar
o raciocínio clínico do enfermeiro. Dessa forma, todas as etapas do processo
de enfermagem produzirão resultados e ações à luz da teoria de Wanda Horta.
Acredita-se que o instrumento proposto, utilizando os referenciais teóri-
cos, filosóficos, conceituais e taxonômicos possa contribuir para amenizar as
demandas de tecnologias assistenciais para a área da enfermagem em cirurgia
bariátrica e aumentar a qualidade da assistência prestada.
Este instrumento passou pelo processo de validação de conteúdo,
demonstrando conter os dados essenciais para guiar o enfermeiro nas fases
do PE durante a consulta de enfermagem. Porém, ele ainda carece de outros
métodos de validação, tais como validação clínica, que demonstrarão sua
eficácia para a operacionalização na prática da enfermagem, ou também vali-
dação de acurácia diagnóstica. Sugere-se a realização de outros estudos de
validação, que possam tornar este instrumento o mais direcionado possível
para o atendimento do paciente cirúrgico bariátrico no período pré-operatório.
Cabe ainda a reflexão que a utilização de instrumentos em muito con-
tribuem para dar um norte às ações, em um universo em que as práticas de
cuidado estão se tornando cada vez mais especializadas. Logo, é importante
lembrar que a utilização dos mesmos deve vir acompanhada de uma análise
crítica sobre outros aspectos relacionados à saúde, incorporando a visão com-
plexa de integralidade, para que o processo de enfermagem não produza ações
engessadas e relativistas, sem alcance para as demais fragilidades do paciente.
214

REFERÊNCIAS
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2016. Disponível em: https://www.who.int/publications/en.
PRODUTO 6
TERAPIA PELA COR NO MANEJO
DA DOR EM PEDIATRIA: proposta de
desenvolvimento de especificações para
um protótipo de dispositivo eletrônico1
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Cheila Mara Freu


Jane Cristina Anders
Ana Izabel Jatobá de Souza
Mônica Stein
Isis da Silva Galindo

Objetivo

Apresentar o desenvolvimento das especificações para a construção de


um protótipo de dispositivo eletrônico com capacidade de mensuração da dor
e emissão da terapia pela cor em pediatria.

Introdução

A dor é uma experiência individual e subjetiva, a qual envolve compo-


nentes sensitivos e emocionais que interagem entre si e desencadeiam vários
fatores geradores de estresse. Para o International Association for the Study
of Pain (IASP), a dor pode ser considerada uma sensação emocional ou expe-
riência desagradável, relacionada à injúria potencial ou real (IASP, 2011).
Também está relacionada a fatores como a gravidade da doença, hospitali-
zação, necessidade de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, variáveis
familiares e a adaptação psicológica.
Pode ser categorizada, entre outras, quanto à duração e evolução da
dor, em aguda e crônica, em que a dor aguda é de início súbito, relacionada
a distúrbios traumáticos, infecciosos ou inflamatórios, apresentando melhora
após intervenção na causa da dor. Já a dor crônica, pode variar de um período
de um a seis meses, geralmente cura em três meses, é persistente, contínua
e recorrente, dificulta na realização das atividades de vida diárias, podendo
incapacitar o indivíduo (LIOSSI; HOWARD, 2016; HAUEISEN et al., 2019).

1 Linha: O cuidado e o processo de viver, ser saudável, adoecer e morrer.


218

Tanto a dor aguda como a crônica é prevalente em crianças/adolescentes,


que requerem algum cuidado de saúde, nesse sentido, quando a verbalização
não é possível, o processo de identificação e mensuração da dor são dificul-
tados, esse fenômeno é mais comum em pacientes de pediatria, que nem
sempre sabem falar ou expressar as sensações (LIOSSI; HOWARD, 2016;
WILLIAMS; HOWARD; LIOSSI, 2017).
Além da dor associada à doença, durante a internação muitos procedimen-
tos e intervenções são essenciais e, por vezes, são dolorosos, mas a dor pode
ser minimizada diante da forma como o processo é conduzido. Portanto, cabe

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aos profissionais proporcionar esses momentos o menos traumático possível,
avaliando e adotando as melhores estratégias para o manejo e tratamento neces-
sário da dor durante os procedimentos (MENDES-NETO; SANTOS, 2020).
Nesse sentido existem as modalidades não farmacológicas de manejo
adequado da dor baseados em evidências científicas, sendo eficazes em modi-
ficar a percepção de dor. As intervenções não farmacológicas são mais usadas
para dores agudas, ocasionadas por procedimentos menos agressivos, como
por exemplo, punção venosa periférica (AMARAL; RESENDE; CONTIM;
BARICHELLO 2014).
Dentre as intervenções não farmacológicas utilizadas no manejo da dor,
destaca-se a terapia pela cor ou cromoterapia. Este é um conceito centenário
que foi praticado no antigo Egito, Grécia, Índia e China, pois se acreditava nas
propriedades curativas das cores. Esta terapia é conhecida como a ciência que
faz uso de cores para alcançar a harmonia do corpo no tratamento das desor-
dens físicas e emocionais. Sua utilização é baseada nas sete cores do espectro
solar, sendo elas: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Cada uma
dessas cores possui uma interação e uma atuação em uma parte específica no
organismo, repercutindo em modificações nas energias do corpo, criando um
laço de equilíbrio e consequentemente contribuindo para a melhora da saúde
e do bem-estar físico e emocional (VALCAPELLI, 2017).
A terapia pela cor incorpora a cor na busca do equilíbrio e quando é inse-
rida no hospital contribui com o ambiente, pois as cores exercem uma influência
no ambiente, modificando-o, animando-o ou transformando-o, e assim, podem
tornar mais acolhedores e aconchegantes, tanto para o paciente como para os
profissionais de saúde (BOCCANERA; BOCCANERA; BARBOSA, 2006).
Neste contexto, a terapia pela cor no manejo da dor pode ser compreen-
dida como uma tecnologia que visa solucionar períodos de estresse resultantes
de procedimentos terapêuticos em pediatria. A cor traz consigo a sua universa-
lidade, não só geográfica, mas também em todos os níveis do conhecimento,
sendo contexto cosmológico, psicológico e místico, na qual as interpretações
podem variar (GHEERBRANT; CHEVALIER, 2017).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 219

A tecnologia tem sido vista como aliada em diversas áreas do conheci-


mento e no desenvolvimento da sociedade, os avanços obtidos nessa área,
tem contribuído para a translação do conhecimento na enfermagem. Uma
ferramenta muito utilizada são os aplicativos para dispositivos móveis os
(APP), os quais estão ganhando aplicabilidade na área da saúde, por favore-
cerem a compreensão dos fatores determinantes de saúde, ou de adoecimento
e a junção das terapias de controle da dor com a tecnologia pode contribuir
muito na melhoria da assistência (OLIVEIRA et al., 2020).
Diante do exposto, entendemos que o desenvolvimento de um dispositivo
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eletrônico para auxiliar o enfermeiro na mensuração da dor da criança/adoles-


cente e permitir a realização de uma terapia não farmacológica configura-se
em uma estratégia para o cuidado de enfermagem atraumático, centrado na
criança, no adolescente e na família.

Percurso metodológico

Foi realizado um estudo metodológico, na modalidade de um estudo des-


critivo exploratório com produção tecnológica, voltado ao desenvolvimento
de uma proposta de dispositivo eletrônico com capacidade de mensurar a dor e
realizar a terapia pela cor em pediatria. A pesquisa metodológica trata do desen-
volvimento, da avaliação e da validação de instrumentos, técnicas ou métodos
de pesquisa ou de prática. Portanto, seu objetivo é desenvolver um instrumento
efetivo e fidedigno que possa ser utilizado por outros (POLIT; BECK, 2011).
Neste estudo, foi utilizado o Projeto Integrado de Produto proposto por
Back, Ogliari, Dias e Silva (2008) o qual fornece e organiza etapas, tarefas,
atividades e ferramentas para o auxílio no processo de desenvolvimento do
projeto. Destaca-se que para o desenvolvimento das especificações para a
construção de um protótipo de dispositivo eletrônico com capacidade de men-
suração da dor e emissão da terapia pela cor em pediatria foram utilizadas
apenas duas etapas do Processo de Desenvolvimento de Produto, sendo elas:
etapa de projeto informacional e conceitual.
A etapa de projeto informacional destina-se a definição das especificações
do projeto do produto através da identificação dos clientes do projeto e produto;
elicitação das necessidades dos clientes; transformação das necessidades em
requisitos de clientes; planejamento da qualidade desejada; conversão dos
requisitos de cliente em requisitos de projeto; priorização dos requisitos de pro-
jeto; análise relacional entre requisitos de projeto; conversão dos requisitos de
projeto em especificações de projeto (BACK; OGLIARI; DIAS; SILVA, 2008).
Os principais métodos utilizados para a elicitação das necessidades dos
clientes são: a entrevista estruturada com usuários; informações de consultores;
220

sessões de brainstorming; pesquisa em material publicado e o método de


desdobramento da função qualidade – QFD e diagrama de Mudge que é uma
ferramenta que permite a comparação de função de duas em duas, com o
objetivo de ordená-las por relevância (ROCCO; SILVEIRA, 2008).
Back, Ogliari, Dias e Silva (2008) descrevem que o método QFD, além de
apoiar a elicitação, documentação e visualização das necessidades dos clientes,
é usado no processamento e transformações delas em requisitos de usuários,
requisitos de projeto, priorização dos requisitos de projeto e sua transforma-
ção final em especificações de projeto. As especificações de projeto de um

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produto devem apresentar declarações que necessitam: descrever “o que” o
produto deve fazer e não “como” fazer; ter identidade única e detalhamento
adequado ao entendimento do destinatário ser quantificáveis.
A etapa do projeto conceitual destina-se ao desenvolvimento da concep-
ção do produto. Para atingir o propósito desta etapa foi utilizado o método
da síntese funcional compreendido nas seguintes atividades: formulação da
função global do sistema em desenvolvimento; estabelecer uma estrutura ou
fluxo de funções; pesquisar princípios de solução alternativos para cada função
da estrutura, montando a matriz morfológica; combinar um princípio de cada
função da estrutura, para formar concepções alternativas do problema global
e selecionar as concepções viáveis.
O estudo foi realizado em um hospital pediátrico do sul do país. Este
hospital é vinculado à Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina e atua
como referência do estado para doenças de média e alta complexidade. Atende
diversas especialidades médicas, dentre elas: ortopedia, oncologia, nefrolo-
gia, urologia, nutrologia, cirúrgica geral pediátrica, plástica, oftalmologia,
otorrinolaringologia, cardiologia, gastroenterologia, neurocirurgia, neurolo-
gia, vascular, bucomaxilo facial, infectologia, pneumologia, terapia intensiva
neonatal e pediatria geral (SANTA CATARINA, 2018).
O estudo foi realizado de acordo com os preceitos éticos determinados
pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que dispõe
sobre pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). Assim, foi sub-
metido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da referida instituição,
sob o CAAE 85359918.4.0000.5361 e o Parecer 3.066.280.
Para a operacionalização do estudo, na etapa de Projeto informacional
do produto, inicialmente foi realizado uma busca no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI) para identificar patentes e analisar o mercado
sobre as tecnologias para medir a dor e realizar a terapia pela cor. Nesta busca
foram identificados oito dispositivos registrados.
Para a identificação dos clientes foi solicitado a gerência de enfermagem
da instituição os(as) enfermeiros(as) que realizavam atividades assistenciais ou
chefia de setor nas unidades de internação, sendo elas B, C, D, E, Ortopedia,
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 221

Isolamento, Oncohematologia e Queimados. Foram estabelecidos os seguintes


critérios de inclusão: ter vínculo empregatício no hospital, atuar no mínimo
seis meses na instituição e os critérios de exclusão: estar em período de férias,
licença para tratamento de saúde, licença gestação, licença prêmio, e/ou ates-
tado médico no período de coleta de dados.
Na etapa de elicitação das necessidades dos clientes foi buscado iden-
tificar as necessidades e expectativas dos clientes com o auxílio de duas
estratégias, sendo elas: aplicação de um questionário com os enfermeiros e a
realização de uma revisão integrativa.
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Para a aplicação do questionário participaram 40 enfermeiros(as), sendo


dois lotados na unidade B; dois na unidade C; três na unidade D; dois na
unidade E; um na Ortopedia, um no Isolamento; oito na unidade de Oncohe-
matologia e um na unidade de Queimados. Os outros 22 enfermeiros não são
lotados exclusivamente em um destes setores, porém realizam plantões em
regime de supervisão, tanto no período diurno e como no noturno.
Inicialmente foram convidadas(os) enfermeiras(os) dos três turnos de
trabalho (matutino, vespertino e noturno) dos respectivos setores e apresentado
o objetivo, os procedimentos, os riscos e benefícios da pesquisa. Foi entregue
um envelope lacrado contendo o Termo de Consentimento Livre Esclarecido
(TCLE) e o questionário, sendo agendada a sua devolução.
Na revisão de literatura seguiram-se as seis etapas as seis etapas propos-
tas por Mendes, Silveira e Galvão (2008), sendo elas: identificação do tema
e seleção da questão de pesquisa; estabelecimento de critérios de inclusão e
exclusão dos estudos; categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluí-
dos na revisão; interpretação dos resultados e síntese do conhecimento dos
principais resultados evidenciados dos artigos incluídos na revisão integrativa.
Frente à primeira etapa, definiu-se a seguinte questão norteadora: é a pro-
dução científica recente sobre a utilização da terapia pela cor na área da saúde?
Os critérios de inclusão estabelecidos foram: estudos relacionados à tera-
pia pela cor, publicados no período de janeiro de 2014 a março de 2019, nos
idiomas português, inglês e espanhol, disponíveis na íntegra e gratuitamente.
Como critérios de exclusão foram: artigos duplicados, editoriais, cartas ao
editor, estudos de revisão de literatura e estudo reflexivo, estudos cujo foco
não seja relacionado ao tema e os manuscritos que não estivesse o resumo
disponível, trabalhos apresentados em seminários, congressos e conferências.
A coleta de dados deu-se através das seguintes bases de dados: Scielo,
Medline/Pubmed, Scopus, Web Of Science, Cinahl e Scopus. Foram realiza-
das cinco estratégias de busca, uma para cada base de dados, considerando
a especificidade de cada base de dados, sempre com os mesmos descritores
e palavras-chave, objetivando aumentar a abrangência das produções cien-
tíficas disponíveis.
222

A seleção dos estudos primários foi realizada por dois profissionais, sendo
posteriormente comparados os resultados, para a delimitação da amostra da
revisão. Para a extração das informações dos estudos incluídos na revisão,
utilizou-se instrumento, o qual contemplou os seguintes itens: identificação
do estudo (autor, ano e país), objetivo, método e terapia pela cor utilizada. A
forma descritiva foi adotada para a análise dos resultados evidenciados, na
qual se apresentou a síntese de cada estudo incluído na revisão, bem como
comparações entre as pesquisas e suas contribuições.
Foram identificados, inicialmente, 97 estudos por meio da busca nas bases

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de dados selecionadas e no portal de periódicos. Após a leitura do título, foram
excluídos 43 artigos, pois 30 artigos não abordaram a temática estudada, 10
duplicados e 3 relatos de caso. Após essa etapa, foi realizada a leitura dos resu-
mos de 54 artigos, dos quais foram excluídos 46 artigos, pois 20 não abordaram
o tema, 12 não disponíveis na íntegra, 6 artigos eram estudos secundários, 2
relatos de caso, 4 editoriais e 2 duplicados. Assim, de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão, dos 97 estudos obtidos a partir da busca nas bases de dados,
foram excluídos 89 e selecionados 8 estudos primários, conforme Figura 1.

Figura 1 – Diagrama do processo de seleção de artigos da


revisão integrativa. Florianópolis, SC, Brasil, 2019

Artigos recuperados na busca N = 97


Identificação

Cochrane PubMed WOS CINAHL SCOPUS


5 16 15 23 38

Títulos excluídos N = 43
Triagem

Cochrane PubMed WOS CINAHL SCOPUS


3 14 13 2 11

Resumos excluídos N = 46
Eligibilidade

Cochrane PubMed WOS CINAHL SCOPUS


2 2 2 19 21

Artigos Selecionados N = 08
Incluídos

Cochrane PubMed WOS CINAHL SCOPUS


0 0 0 2 6

Fonte: As autoras (2019).


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 223

Na etapa de planejamento da qualidade desejada

Para avaliar a importância dos diferentes interesses dos clientes foi rea-
lizada uma análise comparativa das necessidades e requisitos dos clientes
objetivando determinar os fatores de importância e as metas dos requisitos
de clientes. Esta comparação foi feita geralmente enumerando as funções
como 1,2,3, sucessivamente, onde n é o número de funções, posteriormente
atribui-se valores para as comparações as funções foram representadas pelos
números, as letras A, B, C, sucessivamente, indicando a ordem de relevância
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que uma função tem sobre a outra. Por exemplo, na primeira coluna tem-se
que a função 1 tem relevância B sobre a função 2. Na coluna soma, faz-se a
soma dos pesos de cada função e na última coluna tem-se a porcentagem que
a funções representa sobre o total (BACK; OGLIARI; DIAS; SILVA, 2008;
NICKEL; LIMA; NAVARRO; PINTO; TEIVE; BECKER, 2010).
Na coluna “soma”, foi realizada a soma dos pesos de cada função e na
última coluna a porcentagem que a função representa sobre o total. A impor-
tância de cada requisito indicou como o requisito deverá ser analisado pela
equipe de desenvolvimento. No Diagrama de Mudge os requisitos foram
hierarquizados e posteriormente comparados por meio da ferramenta desdo-
bramento da função da qualidade (QFD).
Na etapa de QFD as informações foram levantadas com os usuários
através do questionário aplicado, transformadas em requisitos de usuários e
de projeto, priorizando os requisitos de projeto. Posteriormente, elas foram
triadas, classificadas e agrupadas de modo a formar as necessidades que fos-
sem representativas e que expressassem vontades ou qualidades que o cliente
quer no produto.
Na aplicação do QFD, foram respondidos os questionamentos: quais
os atributos o cliente considera importante para o produto? Neste aspecto,
o símbolo (+) significou que a engenharia gostaria de aumentar o nível de
atributo e inversamente para o símbolo (-), considerando a voz do cliente.
Para a correlação existe o que os clientes desejam e o que a engenharia quer,
sendo que essa correlação foi assinalada na matriz com símbolos diferentes.
Na etapa de transformação das necessidades em requisitos de clien-
tes, as necessidades dos clientes foram convertidas ou traduzidas para os
requisitos de clientes usando uma linguagem mais compacta e apropriada ao
entendimento da equipe de desenvolvimento. Essa conversão foi feita com
base em atributos de qualidade do produto sendo classificados em atributos
qualitativos, quantitativos, preferenciais e obrigatórios, como: a funcionali-
dade, segurança e a esteticidade. Na etapa de conversão dos requisitos de
clientes em requisitos de projeto foi realizado a sistematização e valoração
dos requisitos dos clientes, iniciando o estabelecimento das características
224

de engenharia do produto. Essas características expressam, conforme Reich


(1996), a “voz da engenharia”, ou seja, são os atributos do produto que podem
ser manipulados, modificados, onde um requisito de projeto pode englobar
mais de um requisito de cliente. Os requisitos foram dispostos verticalmente
nas colunas da matriz.
Foi adotado o termo requisitos de projeto que foram registrados na casa
da qualidade. A palavra tradução foi empregada para designar uma forma
de interpretação de cada requisito de cliente e expressar o resultado numa
linguagem técnica orientada ao objeto do estudo, os chamados requisitos de

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projeto, foram na medida do possível, parâmetros mensuráveis. Dimensões em
cm (centímetro), peso em kg (kilograma), ruído em dB, (decibéis) parâmetros
de acordo com NR (norma regulamentadora) foram apresentados na forma da
casa da qualidade, onde um requisito de projeto pode englobar mais de um
requisito de cliente. Cada requisito de projeto possui uma unidade de medição
e um sinal qualificador (+ ou -), ou seja, o que se deseja sobre dado requisito.
Após definidos os requisitos de projeto eles foram classificados, ou seja,
procurou-se identificar a prioridade que ocorre, no desenvolvimento do
projeto, à busca de soluções que atendam a um requisito em detrimento de
outros. Foi realizada uma análise dos requisitos de projeto e dos requisitos
de clientes. Essa atividade corresponde à parte central da casa da qualidade –
matriz de relacionamentos, conforme Hauser e Clausing (1988), no qual ocorre
a interseção entre linhas e colunas da matriz. Cada interseção corresponde a
um relacionamento entre um requisito de projeto e um requisito de cliente.
Os valores designados para o relacionamento foram qualitativos e quan-
titativos. Os qualitativos foram expressos por qualidades ou adjetivos que
indicam quanto um dado atributo foi ou não melhor do que outro. Isso foi
realizado com base no conhecimento, experiência e intuição durante o esta-
belecimento das relações. Como valor de relacionamento utilizou entre forte,
médio e fraco e nulo como requisito de cliente onde todas as células do campo
da matriz foram preenchidas.
Na etapa de análise do relacionamento entre requisitos de projeto
ocorreu a representação da análise dos relacionamentos entre os requisitos de
projeto adotamos a seguinte escala: Forte = 5, indica que quando se efetua
uma variação para melhorar um requisito de projeto x, também melhorará
fortemente o requisito de projeto y. Moderado = 3, similar ao anterior, uma
melhora em um requisito A melhora o requisito de projeto T com menos
intensidade; Fraco = 1 indica fraca relação entre os requisitos, se forem
adotadas mudanças no requisito i podem ocorrer piora no requisito j. – Em
branco, se uma célula foi deixada sem registro, isso significa que não deve
haver efeitos mútuos.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 225

Na etapa de conversão dos requisitos de projeto em especificações de


projeto ocorreu a descrição dos requisitos de forma resumida para preenchi-
mento da casa da qualidade. Após, esses requisitos foram redigidos de forma
mais detalhada para que fossem compreensíveis aos diferentes usuários. Além
disso, para cada requisito de projeto foram previstas grandezas mensuráveis
e meios ou métodos de verificar se a solução a ser desenvolvida atenderia ao
requisito de projeto.
Desta forma, foram apresentadas as especificações de projeto de produto
em ordem com classificação decrescente. Para auxiliar esta etapa utilizou-se
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a matriz de apoio ao levantamento de necessidades dos clientes. A disposição


dos requisitos de cliente foi hierarquizada de acordo com a ordem de impor-
tância, resultado do diagrama de Mudge, do mais para o menos importante.
Foi realizada uma busca nas bases de dados e patentes para uma análise de
mercado sobre tecnologias para medir dor e realizar a terapia pela cor.
A etapa de projeto conceitual destinou-se ao desenvolvimento da con-
cepção do produto. Foram realizadas diversas tarefas buscando estabelecer a
estrutura funcional do produto. Esta atividade envolveu a execução da função
global do produto bem como de suas subfunções. Determinadas as funções a
serem realizadas pelo produto, foi elaborado o estudo das estruturas funcionais
alternativas, com o objetivo de selecionar a mais adequada. Sobre a estrutura
funcional selecionada foram desenvolvidas as concepções alternativas. Esta
etapa será realizada posteriormente.
A etapa de definição da função global do sistema foi definida a função
global com objetivo de mensurar a dor e realizar a terapia pela cor. E deter-
minadas as características pré-concebidas, como por exemplo, a localização
específica para cada produto ou uma única localização para todos (aleatória
ou não); a capacidade de armazenagem dos locais dos produtos de entrada
e/ou saída; o número de locais de armazenagem dos produtos de saída bem
como suas capacidades.
E, por fim, a etapa de definição da estrutura funcional do produto foi
seguido o fluxo de grandezas e identificação dos processos de transforma-
ção. A função global foi a mensuração da dor e realizar a terapia pela cor e
teve como entrada e saída grandezas representadas. A partir da função glo-
bal detalharam-se as funções parciais do sistema. Dessa forma, dividiu-se o
problema em subproblemas. Foi avaliado as funções parciais do sistema em
concordância com os requisitos de clientes utilizando uma matriz de avaliação.
A primeira proposta das funções parciais foi utilizada como referência e as
outras foram comparadas com a primeira, posteriormente foram valorizadas
por 0, -1 ou +1, sendo “similar, ‘atende melhor’ ou ‘não atende’, ao requisito
de cliente respectivamente. Para o valor de importância do requisito de cliente
foi representada com base no diagrama de Mudge.
226

Produto – Especificações para um protótipo de dispositivo


eletrônico com capacidade de mensuração da dor e emissão da
terapia pela cor em pediatria

Apresentação

Para a construção das especificações de um protótipo de dispositivo ele-


trônico com capacidade de mensuração da dor e emissão da terapia pela cor

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em pediatria foi utilizado o Projeto Integrado de Produto proposto por Back,
Ogliari, Dias e Silva (2008), seguindo as fases: informacional e o conceitual.

Projeto informacional

Inicialmente foi realizada uma busca no Instituto Nacional da Proprie-


dade Industrial (INPI) para identificar patentes e analisar o mercado sobre as
tecnologias para medir a dor e realizar a terapia pela cor. Nesta busca foram
identificados oito dispositivos citados a seguir: Dispositivo portátil emissor
de luz e ultrassom; Algígrafo UBI; ASIR; Instrumento medidor de intensi-
dade de dor; Medidor de tolerância à dor produzida por um estímulo térmico;
ReitzScan®; Algômetro digital de pressão; Algômetro vestível flexível.

As necessidades dos clientes

As necessidades dos clientes foram obtidas por meio da revisão integra-


tiva da literatura e do questionário aplicado aos enfermeiros.
Esta revisão integrativa reuniu evidências científicas que ilustram a
utilização da terapia pela cor de maneira positiva e diversificada no con-
texto da assistência, ilustrando os benefícios desta prática. Alguns resultados
evidenciam o manejo da dor e estresse, distração em pediatria, redução da
bilirrubina, qualidade do sono, melhora da capacidade cognitiva, aceleração
dos processos de cicatrização e seus efeitos bactericidas e bacteriostáticos.
Foram encontrados cinco estudos realizados com adultos (PARAGAS; NG;
REYES; REYES, 2016; EMERSON; MURPHY; QUINLIN; O’MALLEY;
HAYES, 2017; MINGUILLON; LOPEZ; RENEDO-CRIADO; SANCHES-
-CARRION, 2017; SCHEURMAIER; MÜNCH; RONDA; DUFFY, 2018;
ZHANG et al., 2018); dois estudos realizados com crianças (EBBESEN;
VANDERBORG; MADSEN; TRYDAL; JAKOBSEN; VREMAN, 2015;
TUFEKCI; KUCUKOGLU; AYTEKIN; POLAT; BAKAN, 2017) e um uti-
lizou amostras de urina (AZEEMI; SHAUKAT; AZEEMI; KHAN; MAH-
MOOD; NAZ, 2017).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 227

A terapia pela cor na área da saúde é adotada durante o tratamento da


dor em pediatria e em adultos. Porém são escassos os estudos que envolvem a
influência das cores no ambiente hospitalar, tanto na literatura nacional como
na internacional. A terapia pela cor tem indicações no tratamento de saúde em
diferentes especialidades, envolvendo o tratamento físico e emocional, com
um equilíbrio energético fisiológico (TUFEKCI; KUCUKOGLU; AYTEKIN;
POLAT; BAKAN, 2017).
Em relação à opinião dos(as) enfermeiros(as) sobre o uso de tecnolo-
gias e métodos durante o processo de avaliação e manejo da dor através da
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escala Likert de cinco pontos com categorias positivas, negativas e neutra,


distribuídos da seguinte forma: sem importância, pouco importante, média
importância, muito importante e extremamente importante.
Os dados ilustram como pontos positivos que 67% dos(as) enfermei-
ros(as) entendem que seja extremamente importante realizar um estudo para o
desenvolvimento de um dispositivo que tenha como estratégia a capacidade de
reduzir a dor de crianças com o uso de terapias farmacológicas, corroborando
com o objetivo do estudo. Ressalta-se também que 50% da amostra considera
que esse dispositivo deva ser acessível para uso além do ambiente hospitalar.
Em relação ao manejo da dor, 42,5% dos(as) enfermeiros(as) consideram
extremamente importante avaliar a dor da criança/adolescente hospitalizado
no momento da verificação dos sinais vitais e 45% identificam que é extre-
mamente importante avaliar a dor independente de intervalo de tempo.
Em relação à utilização de terapia não farmacológica, 45% dos(as) enfer-
meiros(as) consideram extremamente importante a adoção dessas medidas
no manejo da dor e a terapia pela cor foi entendida por 75% dos(as) enfer-
meiros(as) como uma utilização importante para o alívio da dor da criança
e adolescente hospitalizado. De acordo com as opiniões dos(as) enfermei-
ros(as), os resultados foram convertidas em requisitos de cliente e expressa
de forma técnica.
Dessa forma, cada necessidade de cliente pode ser convertida em mais
de um requisito de cliente e esta configuração está representada da seguinte
forma: realizar a mensuração da dor; permitir programação de escala pré
definida; realizar a terapia pela cor; permitir protocolo de cor pré definido;
realizar a terapia pela cor de acordo com escore de dor; disponibilizar ava-
liação de dor em intervalo programado; baixo custo; ocupar pouco espaço;
ser móvel; ser fácil de transportar; fácil usabilidade; dispositivo não deve
produzir ruído; permitir uso domiciliar; permitir uso em diversas unidades
de internação; realizar a mensuração de dor em pouco tempo; possuir estética
adequada para pediatria; fácil higienização; não ser insalubre ao usuário e
paciente; não apresentar riscos de queda; ser leve; confiabilidade do escore.
228

Em seguida foi utilizado o Diagrama de Mudge que elucida o grau de


importância de cada requisito comparando uns com os outros. Este diagrama
se desenvolveu comparando em pares os requisitos com as seguintes per-
guntas: a) Qual o requisito mais importante para o produto? b) Quanto mais
importante é este requisito?
Após a definição dos requisitos de cliente, foi realizada a conversão dos
requisitos de clientes em requisitos de projeto usando matriz de conversão,
com o intuito de transformar as informações dos requisitos de cliente em
atributos mensuráveis.

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Destaca-se que pode haver mais requisitos de projeto do que requisitos de
cliente, pois muitas vezes um requisito ao ser convertido pode gerar dois ou
mais requisitos de projeto. Utilizou-se uma matriz de apoio ao levantamento
de necessidades de clientes. Os requisitos de clientes foram hierarquizados de
acordo com a classificação de importância, resultado do diagrama de Mudge,
do mais para o menos importante.
Tendo os requisitos de cliente e os requisitos do projeto, iniciou a fase
da matriz de relacionamento Desdobramento da Função Qualidade, também
conhecida por QFD. Esta por sua vez definirá especificações do produto, em
um conjunto de metas que o produto deve atender. Em seu desenvolvimento
os itens serão comparados em pares para saber o grau de relacionamento
entre eles, definindo uma pontuação de: 1 para pouco, 3 para médio e 5 para
muito importante.
A Casa da Qualidade desenvolvida por neste estudo representada como o
resultado dela temos os requisitos de projeto em ordem e valor de importância.
O telhado da Casa da Qualidade visa apresentar o inter-relacionamento dos
requisitos de projeto e o grau de intensidade, possibilitando-se analisar como
a influência de uma alteração na característica do produto pode influenciar
outras características (PINTO; FONTANELLE, 2013).

Projeto conceitual

Nesta etapa será apresentado o processo de geração do conceito do dis-


positivo eletrônico e, a partir das especificações de projeto, foi estabelecido
a estrutura funcional do produto; os princípios de solução para atender às
funções da estrutura; as concepções alternativas de produto resultantes da
combinação de diferentes princípios de solução, e por fim o conceito do
dispositivo eletrônico. Após esclarecer as especificações e os requisitos do
produto busca-se, nesta etapa, uma concepção que atenda a estas necessidades.
Ressalta-se que o problema é decomposto em subproblemas, de menor
intensidade, cujas resoluções serão sub-soluções, as quais, compostas entre
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 229

si, formam a solução para o problema de projeto. Nessa etapa foi realizada a
modelagem funcional por meio da matriz morfológica e concebido princípios
de solução com a matriz concepção e as decisões de como o projeto será
executado serão tomadas com a matriz decisão.

Definição da estrutura funcional do produto

Inicialmente definiu-se a função global do sistema uma expressão con-


densada do problema a ser resolvido com o equipamento proposto por este
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projeto. A função global foi mensurar a dor e realizar a terapia pela cor e terá
como entrada e saída de grandezas.

Busca por princípios de solução e geração de concepções alternativas

Após determinar as funções parciais do sistema, analisaremos cada fun-


ção e serão propostas várias soluções. Utilizaremos a matriz morfológica para
melhor análise das soluções, seguindo o método utilizado por Novaes (2005).
O termo morfologia significa o estudo da estrutura e forma. A partir da matriz
morfológica desenvolveram-se as concepções para o dispositivo eletrônico
com capacidade de mensurar a dor e realizar a terapia pela cor. Para análise
foram criadas 3 concepções, as quais serão avaliadas em relação a viabilidade.
Posteriormente, serão justificadas aquelas concepções consideradas inviáveis.
Em síntese, as especificações para a construção de um protótipo de dis-
positivo eletrônico com capacidade de mensuração da dor e emissão da terapia
pela cor em pediatria devem possuir características hierarquizadas conforme
QFD. Sua concepção deverá ser acompanhada e fundamentada em pesquisa
com nível de evidência científica e disponibilizar protocolos adequados em
pediatria relacionados à utilização da terapia pela cor.
Para a funcionalidade da mensuração da intensidade da dor em crianças e
adolescentes este deverá apresentar 95,45% de confiabilidade no escore. Outro
aspecto considerado é o tempo de leitura que deverá ser realizado em tempo
menor que três minutos e permitir a entrada de dados de programação no dispo-
sitivo. Por ser um produto com indicação também em domicílio, este dispositivo
deverá ter facilidade de manuseio e com uma interface de usuário intuitiva.
Em relação aos investimentos financeiros do dispositivo, este deve ser
de baixo custo com utilização de 70% de peças nacionais. Para atingir a
solicitação dos clientes em relação a segurança, o dispositivo não poderá
apresentar ruídos insalubres, sendo permitido (45-55 decibéis). Ainda por
estar em ambiente hospitalar deverá ser de fácil higienização e este requisito
será atingido com a redução de ângulos fechados e estruturas geométricas que
não permitam o acúmulo de resíduos na sua estrutura externa.
230

As características associadas à terapia pela cor deverão disponibilizar


entrada de lâmpadas e protocolos de terapia pré-definidos. Também deve
apresentar sensores para testes clínicos com pacientes; software de alta tec-
nologia com algoritmos de análise de comportamentos de dor agregado ao
dispositivo e um com um sistema de emissão de terapia pela cor programada
de acordo com o escore de dor.
E, por fim, o dispositivo deve contemplar em seu design uma versão
lúdica; com interface amigável para usuários sem necessidade de treinamento;
com dimensões de 25 cm x 25 cm x 15 cm; com peso de até 5.000g; com

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interface resistente a produtos de limpeza hospitalar; com fácil manuseio, ser
portátil, com formato ajustável; com materiais leves e com baixo custo para
manutenção de peças.

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

Frente à intervenção de dor da criança e do adolescente surge à expecta-


tiva de inovação e o aprimoramento na sua avaliação e manuseio, com intuito
de contribuir com seu alívio.
A utilização de questionário com os(as) enfermeiros(as) evidenciaram
aspectos importantes para a avaliação da dor da criança e do adolescente hos-
pitalizado, bem como o seu entendimento sobre o manejo da dor em unidades
de internação de um hospital pediátrico. Desta forma, evidenciou-se que as
estratégias selecionadas pelos participantes na avaliação da dor seguem mais
o seu feeling do que um instrumento sistematizado.
O conhecimento das especificações de produto foi embasado por meio
das necessidades dos usuários provenientes de seu posicionamento no manejo
da dor, ou seja, os(as) enfermeiros(as) envolvidos na avaliação e no manejo da
criança e do adolescente com dor. A revisão integrativa orientou e fortaleceu
a utilização da terapia pela cor como opção não farmacológica.
Desta forma, o projeto informacional e conceitual conclui a função glo-
bal do dispositivo, o que permitiu a escolha da função parcial do sistema que
melhor atendeu aos requisitos de cliente, para que se possa atuar na busca por
princípios de solução e geração das concepções alternativas para o desenvol-
vimento do protótipo de dispositivo eletrônico com capacidade de mensurar
a dor e realizar a terapia pela cor.
Como dificuldades encontradas para a construção das especificações
para o protótipo de dispositivo eletrônico com capacidade de mensurar a
dor e emitir a terapia pela cor em pediatria, destaca-se o número reduzido de
enfermeiros participantes da pesquisa, além das dificuldades em levantar e
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 231

analisar os dados, acerca dessa temática não habitual do enfermeiro, sendo de


suma importância que o enfermeiro se aproprie cada vez mais desses conhe-
cimentos e produzam tecnologias e produtos úteis à ao cuidado ao paciente.
Nesse sentido a proposta de construção de um dispositivo é atual e contribuirá
com a avaliação e o manejo da dor em pediatria, buscando a utilização de
uma tecnologia e sua aplicabilidade na prática em saúde.

Avaliação dos resultados após a implementação


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O desenvolvimento deste dispositivo eletrônico pode auxiliar o enfer-


meiro na mensuração da dor da criança e do adolescente e permitir a realização
de uma terapia não farmacológica, configurando-se em uma estratégia para o
cuidado de enfermagem atraumático, centrado na criança, no adolescente e na
família. Desta forma, configura-se como uma proposta atual e que quando for
plenamente implementado irá contribuir com a avaliação e o manejo da dor
em pediatria, buscando a utilização de uma tecnologia e sua aplicabilidade
na prática em saúde.

Conclusões

Frente a intervenção de dor à criança e ao adolescente surge à expectativa


de inovação e o aprimoramento na sua avaliação e manuseio, com intuito de
contribuir com seu alívio. A utilização de questionário com os(as) enfermei-
ros(as) evidenciaram aspectos importantes para a avaliação da dor da criança
e do adolescente hospitalizado, bem como o seu entendimento sobre o manejo
da dor em unidades de internação de um hospital pediátrico. Desta forma,
evidenciou-se que as estratégias selecionadas pelos participantes na avaliação
da dor seguem mais o seu feeling do que um instrumento sistematizado.
Já os estudos trouxeram aspectos relacionados ao manejo da dor e
estresse, distração em pediatria, redução da bilirrubina, qualidade do sono,
melhora da capacidade cognitiva, aceleração dos processos de cicatrização e
seus efeitos bactericidas e bacteriostáticos. Sugerem a utilização da terapia
pela cor de maneira diversificada em várias áreas do setor saúde, ilustrando
os benefícios desta prática e possibilitando um espaço terapêutico. De fato,
na maioria das vezes, o ambiente hospitalar enseja aos pacientes o desalinha-
mento entre o cognitivo e o comportamental, especialmente entre crianças
e adolescentes. Nesse contexto o enfermeiro ao incorporar e utilizar a tera-
pia pela cor poderá resgatar esse equilíbrio e realizar um cuidado integral
ao indivíduo.
Na etapa de projeto conceitual foi definida a estrutura funcional do pro-
duto, a concepção e a avaliação das concepções alternativas. O conhecimento
232

das especificações de produto foi embasado por meio das necessidades dos
usuários provenientes de seu posicionamento no manejo da dor, ou seja, os(as)
enfermeiros(as) envolvidos na avaliação e no manejo da criança e do ado-
lescente com dor. A revisão integrativa orientou e fortaleceu a utilização da
terapia pela cor como opção não farmacológica.
Desta forma, o projeto informacional e conceitual concluiu a função
global do dispositivo, o que permitiu a escolha da função parcial do sistema
que melhor atendeu aos requisitos de cliente, para que se possa atuar na
busca por princípios de solução e geração das concepções alternativas para o

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desenvolvimento do protótipo de dispositivo eletrônico com capacidade de
mensurar a dor e realizar a terapia pela cor.
Para a construção das especificações para o protótipo de dispositivo
eletrônico com capacidade de mensurar a dor e emitir a terapia pela cor em
pediatria apresentou algumas dificuldades, dentre elas destaca-se o número
reduzido de enfermeiros que participaram do estudo, considerando a mag-
nitude da aplicação do dispositivo em vários cenários de cuidado em saúde.
Assim, sugere-se uma replicação das necessidades de clientes com amostras
em outros contextos hospitalares pediátricos.
A proposta de construção de um dispositivo é atual e contribuirá com
a avaliação e o manejo da dor em pediatria, buscando a utilização de uma
tecnologia e sua aplicabilidade na prática em saúde. As especificações para a
construção do dispositivo devem contemplar em seu design uma versão lúdica,
com interface amigável para usuários sem necessidade de treinamento, com
pequenas dimensões além de ser resistente a produtos de limpeza hospitalar,
ser portátil, móvel com formato ajustável, com materiais leves e com baixo
custo para manutenção de peças.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 233

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PRODUTO 7
PROCEDIMENTO OPERACIONAL
PADRÃO DE ATENDIMENTO
AO PACIENTE COM
CARDIODESFIBRILADOR
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IMPLANTÁVEL EM
TEMPESTADE ELÉTRICA1
Liziane Conceição Goulart Boff
Melissa Orlandi Honório Locks
Nádia Chiodelli Salum
Kátia Cilene Godinho Bertoncello
Maritê Inez Argenta

Objetivos

O capítulo a seguir tem por objetivo apresentar um produto operacio-


nal padrão para orientar a assistência do enfermeiro ao paciente em uso de
cardiodesfibrilador implantável que chega à emergência em situação de tem-
pestade elétrica.

Introdução

A capacidade do enfermeiro de identificar e agir em situações de urgên-


cia, apoiado por uma equipe qualificada, está diretamente relacionado a
desfechos favoráveis para o sucesso no atendimento aos casos graves. Na
alta complexidade em saúde o enfermeiro lida diariamente com situações
que exigem conhecimento clínico e de gestão da equipe para efetivação de
uma prática segura ao indivíduo em situação de urgência ou emergência.
Especialmente no atendimento às urgências e emergências de ordem cardio-
lógicas, o atendimento voltado às arritmias cardíacas torna-se um desafio
considerando que este se constitui em um dos principais motivos de morte
súbita no mundo.

1 Linha: Tecnologia em Saúde e Enfermagem.


238

No Brasil, as doenças cardiovasculares representam as principais causas


de mortes. Estima-se que 17,9 milhões de pessoas morreram por doenças
cardiovasculares em 2016 no mundo, representando 31% de todas as mortes
em nível global. Destes óbitos, estima-se que 85% ocorrem devido a ataques
cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) (OPAS, 2021).
Dentro dessas alterações cardíacas, encontram-se as arritmias cardíacas
que, por sua vez, são definidas como desordens na frequência e/ou ritmo
regular devido à alteração na condução elétrica ou na automaticidade do
coração. Algumas arritmias podem ser benignas e assintomáticas, enquanto

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outras impõem risco de vida. As mesmas podem ser detectadas por alterações
no pulso, anormalidades na ausculta da frequência cardíaca ou anormali-
dades no eletrocardiograma (ECG). A monitorização cardíaca contínua é
indicada para arritmias que podem levar ao risco de morte potencial (NET-
TINA, 2007).
Para o tratamento de arritmias, diversos procedimentos e condutas são
indicadas, conforme o tipo de alteração e a gravidade. Especificamente diante
das arritmias ventriculares potencialmente fatais, é indicado o implante do
cardiodesfibrilador (CDI). O reconhecimento e a identificação das arritmias
pelo CDI quando em uso por pacientes que possuem a alteração, são reali-
zados mediante a detecção da frequência de despolarizações ventriculares e
seus intervalos de acoplamento.
Apesar de ser considerada uma prática segura, podem ocorrer falhas
nas detecções das taquiarritmias e, por consequência, deflagrações do CDI
de forma inadvertida. Dentre as intercorrências que podem surgir em decor-
rência da utilização do CDI está o choque inapropriado, culminando muitas
vezes em diagnóstico equivocado das arritmias supraventriculares, dentre
elas, Fibrilação Atrial (FA) com alta resposta ventricular, sendo esta a mais
frequente. No entanto, uma variedade de outros mecanismos, como fratura
do eletrodo, interferência eletromagnética ou da onda T podem atrapalhar a
detecção de arritmias e resultar na deflagração equivocada do desfibrilador
levando ao que chamamos de choques inapropriados (KALIL; DAL FORNO;
SOLIZ; OLIVEIRA, 2007).
Os choques apropriados podem dar origem à chamada tempestade elé-
trica, que é definida como o agrupamento de vários episódios recorrentes
de choques do CDI durante um período de 24 horas. É um evento grave,
podendo ser responsável por um dos quadros mais dramáticos do portador
de CDI. Estes, quando presentes mediante choques de repetição, podem
além de acarretar enormes prejuízos e desconforto aos pacientes, também
resultar em desgaste precoce do CDI (GALVÃO FILHO, 2011; ALENCAR;
CRUZ, 2008).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 239

As condutas voltadas para situações em caso de choques são variadas,


mas a sedação deve ser sempre considerada, contribuindo para reduzir o
tônus simpático. A correção de eventuais comorbidades, tais como insufi-
ciência cardíaca, desequilíbrio hidroeletrolítico e insuficiência coronariana,
é fundamental para o controle da arritmia. As tempestades elétricas são
relativamente frequentes em portadores de CDI e, na maioria das vezes,
são eventos preocupantes, que podem acarretar trauma psicológico, pois
causam dor em grande intensidade no momento de descarga, gerando des-
conforto e medo. Entretanto, quando bem conduzidas, seu prognóstico é
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bom e sua relação com o aumento da mortalidade é controversa (GALVÃO


FILHO, 2011).

Percurso metodológico
A construção de produtos que possam apoiar e padronizar a ação dos
enfermeiros torna-se fundamental, sobretudo, quando nos deparamos com
emergências. Essas intercorrências são comuns na prática do enfermeiro que
atua em emergências cardiológicas considerando as características e aspectos
que envolvem esse cuidado, sendo assim, é fundamental que as condutas
adotadas sejam baseadas em evidências científicas tornando a assistência
ainda mais segura.
Para tanto, estimula-se a participação dos enfermeiros no processo de
construção dos instrumentos que guiem seus cuidados, para que esses per-
cebam-se como copartícipes do processo de elaboração. Neste sentido, a
trajetória aqui percorrida, levou em consideração tais aspectos, tratando-se
de um estudo metodológico que contemplou quatro etapas: revisão inte-
grativa, questionário com enfermeiros do setor de emergência, elaboração
do instrumento e validação do material por especialistas no assunto, con-
forme Quadro 1:

Quadro 1 – Etapas percorridas para a construção do POP para assistência


do enfermeiro ao paciente em uso de cardiodesfibrilador implantável
em situação de tempestade elétrica. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Etapas percorridas Atividades desenvolvidas
Estratégia PICO.
1º. Passo: Revisão integrativa.
Bases Lilacs, Scielo e Medline.
2º. Passo: Questionário semiestruturado com Caracterização.
enfermeiros do setor. Conhecimento.
Teorizados e recontextualizados de modo a dar
3º. Passo: Dados da revisão + questionário.
subsídios para a construção do POP.

Fonte: Elaborado pelas autoras.


240

Conforme descrito no quadro acima, a primeira etapa consistiu na


revisão integrativa, para evidenciar os cuidados acerca da assistência ao
paciente em uso de cardiodesfibrilador implantável em situação de tempes-
tade elétrica, considerando as bases selecionadas e a estratégia PICO, que se
estrutura da seguinte forma: P=Paciente, I=Intervenção, C=Comparação e
O=Outcomes (desfecho) (SANTOS; PESTANA; GUERRERO; MEIRELES;
ERDMANN, 2013).
A amostra final foi constituída de 9 trabalhos. Destes, a maioria foi publi-
cado em 2017 (4), seguidos de dois em 2012 e um em cada ano de 2011, 2016

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e 2018. Apenas um foi publicação nacional e todos apresentaram indicação de
terapêutica medicamentosa e ablação como conduta padrão no atendimento de
pacientes em tempestade elétrica. Nenhum dos estudos encontrados indicou
a ação do enfermeiro nos atendimentos, mas evidenciaram a importância de
uma equipe preparada e agilidade nos atendimentos.
Um dos desafios, nesse sentido, foi a escassez de publicações na área com
recomendações específicas que orientassem a ação do enfermeiro na assis-
tência a esses pacientes, sendo necessário realizar uma busca complementar
acerca da temática através de uma busca flutuante na literatura, sobretudo em
documentos e livros publicados por instituições e associações renomadas na
área, textos estes que auxiliaram na construção do POP bem como na discus-
são dos resultados.
A segunda etapa foi desenvolvida com os enfermeiros da Emergência
Cardiológica, de um hospital de Santa Catarina atuantes no setor. Essa etapa
foi importante para a identificação dos cuidados de enfermagem que a equipe
realiza e/ou julga importante serem prestados a estes pacientes como forma
de auxiliar na compreensão das principais dúvidas da equipe, favorecendo e
direcionando a construção do Procedimento Operacional padrão (POP). Esta
etapa foi realizada com 17 enfermeiros por meio de questionário semiestru-
turado, composto de duas partes, sendo a primeira contendo aspectos sobre
a caracterização dos mesmos e a segunda contendo perguntas abertas para
avaliar o conhecimento acerca das arritmias, CDI e tempestade elétrica. Os
dados qualitativos oriundos dos questionários foram analisados segundo aná-
lise temática por Minayo (2013).
Os achados oriundos do conhecimento dos enfermeiros através da apli-
cação dos questionários, associados aos cuidados evidenciados na literatura,
foram sintetizados, teorizados e recontextualizados de modo a dar subsídios
para a construção do POP, sendo esta a terceira etapa do transcurso metodo-
lógico, conforme exemplo a seguir:
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 241

Quadro 2 – Exemplo de comparativo entre as evidências


científicas e o identificado através dos questionários aplicados
com os enfermeiros. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Intervenção Referência científica Conhecimento dos enfermeiros
Recomenda-se que o eletrocardiograma
Solicitar realização de Na prática o eletro é feito nas primeiras 2
seja realizado imediatamente na chegada
Eletrocardiograma horas.
do paciente (SCHWARZ, 2009).
Na prática a punção venosa é realizada
Realizar acesso venoso Recomenda-se que a punção venosa seja
após a garantia desegurança no disparo de
periférico realizada na chegada (HARADA, 2011).
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choque na equipe.
Realizar monitorização Recomenda-se que seja realizada na
Na prática é realizado na chegada.
cardíaca chegada (JEVON, 2009).
Recomenda-se ofertar oxigênio ao indivíduo
Na prática instala-se CNO2 somente
Instalar oxigenoterapia para evitar fadiga respiratória (BRASIL,
quando solicitado pelo médico.
2015).

Fonte: Elaborado pelas autoras.

A quarta etapa foi desenvolvida através da disponibilização do instru-


mento aos juízes avaliadores por meio de duas rodadas de validação, desen-
volvidas conforme a recomendação da técnica Delphi. Esta técnica pode ser
definida como um processo pelo qual se analisa e discute a avaliação de peritos
sobre um tópico específico, busca o consenso de opiniões de um grupo de
profissionais com expertise no assunto, onde sua maior vantagem é o poder
de utilização mesmo com especialistas geograficamente distantes do pesqui-
sador (AMAYA; PAIXÃO; SARQUIS; CRUZ, 2016; BELLUCCI JUNIOR;
MATSUDA; 2012).
A busca pelos enfermeiros e médicos aptos a participarem do estudo
como experts deu-se através de pesquisa na plataforma Lattes do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), utilizando-se
da ferramenta de busca avançada e os filtros disponíveis, disponibilizado na
própria plataforma a fim de identificar profissionais enfermeiros e médicos
do Brasil que atuam na área da enfermagem cardiológica.
Para a seleção destes profissionais experts utilizou-se a pontuação adap-
tada do modelo proposto por Fehring (1987), baseados em critérios do estudo
de Silva e Gorini (2012). Foram incluídos os profissionais que ao final da
avaliação de critérios obtivessem uma pontuação mínima de cinco pontos.
Assim, esses critérios foram desenvolvidos especialmente para este estudo, de
modo a incluir também os enfermeiros/médicos assistenciais que prestassem
cuidados ao paciente cardiológico.
242

Quadro 3 – Pontuação para seleção de experts adaptado


de Fehring, Florianópolis/SC, SC, Brasil, 2019
Critérios Pontuação
Ser doutor e mestre 3
Título de Especialista em cardiologia 3
Especialização ou Residência em Cardiologia 3
Prática clínica atual mínima de dois anos em emergência cardiológica 3
Pesquisas ou artigos publicados sobre a temática do estudo 1

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Resumos publicados sobre cardiologia 1
Participação em cursos ou congressos da área cardiológica com carga horária
1
mínima de 4 horas

Fonte: Modelo proposto por Fehring, baseados em critérios do estudo de Silva e Gorini (2012).

Após a seleção dos experts, o contato e envio do documento para ava-


liação foi realizado por endereço eletrônico. O formulário encaminhado aos
juízes foi dividido em duas partes: Parte 1 – Caracterização dos juízes da
pesquisa; Parte 2 – Cuidados a serem realizados antes, durante ou após o aten-
dimento do paciente, contendo ainda uma escala Likert para avaliação e espaço
para observações. Especificamente sobre a escala Likert ela foi graduada com
quatro pontos (sendo 1 =discordo totalmente e 4= concordo totalmente).
Quanto à análise das respostas dos instrumentos devolvidos pelos experts,
foi avaliada cada resposta do julgamento, sendo empregado o cálculo do
Índice de Validade de Conteúdo (IVC), destinado a avaliar o conteúdo dos
itens do instrumento validado em relação à representatividade de medida.
Considerou-se válido o consenso de 90% (0,9) ou mais entre as avaliações
dos juízes, sendo que os valores abaixo foram ajustados, a partir das sugestões
dos experts, sendo encaminhados para nova avaliação.
Este estudo baseou-se na Resolução 466/2012, que orienta o desenvol-
vimento de pesquisas com seres humanos no Brasil, onde foi encaminhado
para o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos sendo aprovado com
o número de CAAE 2797718300000121.

Produto construído

O produto descrito é oriundo de uma construção que perpassou passos


consecutivos que envolveram a revisão da literatura, questionário com enfer-
meiros, bem como a validação do conteúdo por experts na área da cardiologia,
culminando na construção de um POP com o objetivo de padronizar e quali-
ficar os atendimentos da equipe de enfermagem ao paciente em uso de CDI
que chega à emergência em situação de tempestade elétrica.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 243

Os POPs são documentos necessários e importantes para o exercício de


qualquer tarefa a ser realizada com qualidade, eficiência e eficácia, obedecendo
a critérios técnicos e observando normas e legislação das áreas pertinentes.
Podem ser utilizados como estratégia para auxiliar os processos, de modo que
as informações acerca dos mais diversos processos cheguem com segurança
ao executor (EBSERH, 2014).
Desta forma, a seguir será apresentado o POP na íntegra (Quadro 4),
após validação dos experts.
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Quadro 4 – POP de atendimento ao paciente portador de CDI


em Tempestade Elétrica. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Ação: Atendimento ao paciente portador de CDI em
Data de Emissão:
Tempestade Elétrica.
Quem: Equipe de Enfermagem.
Onde: Emergência do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina.
Quando: Em pacientes portadores de CDI que chegam à emergência em Tempestade elétrica.
Resultados Esperados: Padronizar o atendimento de enfermagem aos pacientes portadores de CDI em Tempestade
Elétrica.
Definição: A tempestade elétrica em portadores de cardiodesfibriladores implantáveis é a ocorrência de três ou mais
intervenções por choques apropriados, resultante de taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular, em 24 horas. É
preditor de mau prognóstico e a terapia varia de medicamentos até transplante cardíaco.
Material necessário:
• Equipamento de Proteção individual conforme quadro clínico do paciente;
• Estetoscópio;
• Monitor cardíaco;
• Eletrodos 5;
• Aparelho de eletrocardiograma;
• Cateter sobre agulha n. 16 e 18G;
• Algodão embebido em clorexidina alcoólica a 70%;
• Película transparente e ou Micropore para fixação;
• Seringa;
• Agulha 40x12;
• Água destilada;
• Solução fisiológica 0,9%.
continua...
244
continuação

Recomendação:
• A voltagem diminui conforme a descarga é dispersa para a periferia do corpo e tem menor intensidade na
extremidade mais distante dos membros. Apesar disso, existe uma pequena e remota possibilidade de que uma
arritmia possa ser induzida na pessoa que esteja manipulando o paciente no momento em que um choque seja
liberado. Desta forma cabe à equipe cautela na hora de manipular o indivíduo, estando atento ao monitor cardíaco
onde através do traçado eletrocardiográfico e monitorização cardíaca indicará a probabilidade de deflagração de
choque.

Procedimentos:

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Antes do atendimento

1. Higienizar as mãos antes de iniciar o atendimento;


2. Receber o paciente, apresentar-se e orientar quanto ao procedimento;
3. Apresentar-se ao paciente/família;
4. Verificar junto ao paciente ou família o tipo de CDI e tempo de uso;
5. Identificar através de relato tempo de início dos sintomas e características que geralmente são identificadas por
eletrocardiograma e monitorização cardíaca: Fibrilação ventricular, Flutter e Fibrilação atrial, Taquicardia ventricular
monomórfica, Taquicardias supraventricular, Taquicardia ventricular polimórfica, Taquicardia sinusal Torsades de
pointes, Múltiplas extrassístoles precoces;
6. Atentar para o risco de propagação do choque na hora do cuidado realizando a assistência com cautela na hora de
manipular o indivíduo, estando atento ao monitor cardíaco onde através do traçado eletrocardiográfico e frequência
cardíaca indicará a probabilidade de deflagração de choque.

Durante o atendimento

1. Verificar sinais vitais (PA, FC, FR, T, Oximetria);


2. Solicitar através do ramal 9035 técnico da sala de ECG para realizar Eletrocardiograma (imediatamente em sua
chegada);
3. Colocar eletrodos: 1º – região infraclavicular; 2º – região infraclavicular D; 3º – região inframamária em espaço
intercostal; 4º – região inframamária D em espaço intercostal; 5º – região mediastinal espaço central e realizar a
monitorização cardíaca contínua;
4. Realizar punção de acesso venoso periférico com cateter sobre agulha de calibre maior ou igual a 18,
preferencialmente em região do MSE;
5. Instalar oxigenoterapia através de cateter nasal tipo óculos somente em caso de saturação abaixo de 92%
6. Avaliar junto à equipe médica confirmação do diagnóstico confirmada por traçado eletrocardiográfico e
monitorização cardíaca: Fibrilação ventricular, Taquicardia ventricular monomórfica, Taquicardia ventricular
polimórfica, Torsades de pointes.

Em caso de confirmação de tempestade elétrica

1. Preparar as medicações padronizadas conforme prescrição médica, atentando para a disponibilidade no setor
de emergência e farmácia. (A terapia com Amiodarona, bloqueadores beta-adrenérgicos, Metoprolol, Sulfato
de magnésio e Sedativas são opções farmacológicas). A dosagem dependerá do peso e diagnóstico de cada
paciente. Em alguns casos não se descartam técnicas ablativas;
2. Solicitar equipe do laboratório para coleta de material sanguíneo;
3. Acalmar o paciente informando sobre os procedimentos pelo qual esteja passando, deixando claro sua
importância.
continua...
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 245
continuação

Em caso de não ser tempestade elétrica

1. Contatar a equipe da empresa fabricante do CDI para interrogar o motivo da deflagração de choque. O fabricante
estará disponível em carteira de identificação do paciente, esta indicará também o tipo de aparelho e a data do
implante. O contato dos técnicos responsáveis de cada empresa encontra-se com a equipe de médicos da arritmia;
2. Seguir atendimento ao paciente para avaliação das possibilidades que levaram à deflagração de choque.
(As possibilidades podem ser tratamentos de síndromes febris, inflamatórias e infecciosas, distúrbios metabólicos,
insuficiência cardíaca, insuficiência coronária, ansiedade, interferências eletromagnéticas e ruptura de cabo do
eletrodo).

Ao final do atendimento
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1. Realizar registros de enfermagem em prontuário eletrônico;


2. Seguir o fluxo de rotina de atendimento conforme POP.

Após a construção do POP e com o intuito de aumentar a usabilidade dos


resultados oriundos dessa construção, propôs-se um fluxograma para otimizar
e conduzir as ações da equipe de enfermagem no âmbito da emergência diante
do atendimento de um paciente com CDI em tempestade elétrica.
Acredita-se que o uso de fluxogramas nas instituições de saúde visa
otimizar as atividades a serem desenvolvidas, através de gráficos representa-
tivos e esquemáticos, propiciando a compreensão global do fluxo de trabalho
e facilitando a operacionalização do mesmo para quem o executa. Assim,
mediante uma rápida visualização, o trabalho pode ser executado de forma
mais rápida, eficiente e padronizada (DEBASTIANI, 2015).
No caso específico para os pacientes que estão vivenciando uma tem-
pestade elétrica pelo uso do CDI, a agilidade do atendimento torna-se crucial
para minimizar complicações e reduzir dor e ansiedade pelo paciente. Desta
forma, o uso do fluxograma nestes atendimentos torna-se necessário.
O Fluxograma é uma representação gráfica que descreve e mapeia diver-
sas etapas de um processo, auxiliando na ordenação da sequência lógica e
proporcionando uma visão ampla e integrada do fluxo das ações, possibilitando
posteriormente uma análise crítica para a detecção de falhas e oportunidades
de melhoria (OLIVEIRA, 2005).
Dentre as vantagens e benefícios que podem ser alcançados em função do
uso do fluxograma pode-se destacar: permitir verificar como funcionam, real-
mente, todos os componentes de um sistema, mecanizado ou não, facilitando
a análise de sua eficácia; Entendimento mais simples e objetivo do que o de
outros métodos descritivos; Propiciar o uso de convenções de simbologias, o
que possibilita a leitura mais simples e lógica do processo por seus usuários;
Possibilidade de identificação mais fácil e rápida dos pontos fortes e fracos
do método administrativo considerado; Facilitar a localização das deficiên-
cias, pela fácil visualização dos passos e operações; Rápido entendimento
246

de qualquer alteração que se proponha nos sistemas existentes, por mostrar


claramente as modificações introduzidas; Possibilidade da apresentação de
uma filosofia de administração, atuando, principalmente, como fator psico-
lógico (CURY, 2005).
Desta forma, a partir das simbologias utilizadas para a descrição de um
fluxograma estruturaram-se as etapas do atendimento do paciente com CDI
em tempestade elétrica.

Figura 1 – Fluxograma do atendimento ao paciente em uso do

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CDI em tempestade elétrica. Florianópolis, SC, Brasil, 2019

Identificar tipo de CDI


tempo de uso e início
dos sintomas

Verificar sinais vitais e realizar


monitorização cardíaca

Instalar cat. Se sat< Solicitar ECG e


Nasal 90% acesso venoso

Em Sem
tempestade tempestade
elétrica elétrica

Contatar fabricante
Terapia medicamentosa
(cpm) Seguir atendimento
Solicitar laboratório conforme POP
Acalmar o paciente

Aguardar evolução da REALIZAR REGISTROS


terapia medicamentosa e DE ENFERMAGEM
necessidade de outros
procedimentos médicos

REALIZAR
REGISTROS DE
ENFERMAGEM
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 247

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

Após a validação do POP por experts os instrumentos foram apresentados


às chefias de enfermagem da instituição, sendo elas a Gerência de enfermagem
e a Chefia de enfermagem da emergência.
As mesmas tiveram a oportunidade de manusear os instrumentos e
apresentar ao grupo para discussão na reunião de gerência que ocorre sema-
nalmente. Nesta reunião participaram gerência de enfermagem, bem como
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médicos supervisores, direção clínica e direção administrativa. Após apresen-


tação do POP e fluxograma, eles puderam dar suas contribuições e sugestões
de aplicações e disponibilização dentro da unidade de emergência, sendo a
seguir realizados os ajustes solicitados.
Em um segundo momento os instrumentos foram apresentados à equipe
de enfermagem através de uma reunião da unidade, do qual fizeram parte 10
profissionais entre enfermeiros e técnicos de enfermagem. Esta apresentação
ocorreu de forma breve, onde eles puderam manusear os instrumentos, sanar
dúvidas e questionamentos para um melhor entendimento e multiplicação das
informações. A aceitação da equipe se deu de forma surpreendente e gratificante.
Eles relataram sentir-se mais seguros para o atendimento por ser algo padroni-
zado, proporcionando segurança tanto para o profissional quanto para o paciente.
Após os ajustes sugeridos o POP foi disponibilizado no sistema infor-
matizado da instituição e em pasta impressa para acesso rápido juntamente
com o fluxograma disponibilizado no posto de enfermagem. As equipes foram
orientadas quanto à disponibilidade e forma de acesso.
Uma dificuldade apresentada foi quanto à fixação do fluxograma. A pro-
posta inicial seria fixá-lo na parede da sala de emergência para visualização
rápida, porém não foi recomendado pela comissão de infecção hospitalar. Tal
fato dificulta o acesso rápido das informações em emergências. Neste sentido,
como continuidade do trabalho realizado sugere-se o desenvolvimento de
tecnologias a serem acessadas por dispositivos móveis pelos profissionais da
saúde, otimizando o acesso às informações e contribuindo ao apoio às decisões
nas ações de cuidado no setor de emergência.
Dentre os desafios encontrados podemos destacar ainda a rotatividade do
setor, com mudanças constantes de servidores, exigindo por parte das chefias
educação permanente continuada para que o cuidado seja padronizado.

Avaliação dos resultados após a implementação

O atendimento de enfermagem às urgências e emergências de ordem


cardiológicas, sobretudo frente o atendimento voltado às arritmias cardíacas,
248

constitui-se em um desafio considerável, pois é um dos principais motivos


de morte no mundo. O uso de ferramentas como o POP nas boas práticas de
enfermagem, torna-se relevante para uma assistência de qualidade. Especifi-
camente a construção do POP para atendimento ao paciente portador de Car-
diodesfibrilador Implantável em Tempestade elétrica deu-se com o intuito de
padronizar a assistência, bem como nortear os enfermeiros para um cuidado
mais seguro.
Percebeu-se nesse sentido, que foi de fundamental importância à par-
ticipação dos enfermeiros diretamente no processo, pois favoreceu a ade-

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são e o uso por parte deles da tecnologia implantada, tornando-se de suma
importância um bom alinhamento quanto ao protocolo adotado com toda a
equipe multiprofissional, potencializando as chances de resultados positivos
no atendimento. Infere-se, porém, que o atendimento a este tipo específico
de intercorrência cardiológica não é algo rotineiro, sendo necessárias cons-
tantes reciclagens, capacitações e discussões acerca da temática, tornando a
equipe sempre estimulada e atualizada quanto ao uso da ferramenta. Mesmo
não havendo a possibilidade de avaliar os resultados a partir de indicadores
objetivos, foi possível identificar um movimento positivo dos enfermeiros que
passaram a se basear no referido POP para guiar suas ações, minimizando
sentimentos de inseguranças e padronizando os cuidados, corroborando a
importância da tecnologia construída para apoiar a decisão do enfermeiro
frente aos cuidados bem como aumenta segurança do paciente.

Conclusões

O uso de ferramentas como o POP nas boas práticas de enfermagem,


torna-se relevante para uma assistência de qualidade. A construção do POP
para atendimento ao paciente portador de Cardiodesfibrilador Implantável em
Tempestade elétrica deu-se com o intuito de padronizar a assistência, bem
como nortear os enfermeiros para um cuidado mais seguro. Estratégias como
estas fortalecem a segurança do paciente onde a assistência à saúde ocorre,
garantindo qualidade nos serviços oferecidos e proporciona aos profissionais
de enfermagem a oportunidade de repensar a prática do cuidado.
O enfermeiro assume papel de destaque no âmbito da segurança do
paciente, pois além de ter o maior contingente de profissionais atuantes sob
sua coordenação clínica, mantém contato direto e ininterrupto com pacientes, o
que torna a equipe de enfermagem responsável pela segurança, principalmente
na alta complexidade em saúde, onde lida diariamente com situações que
exigem conhecimento clínico e de gestão da equipe para efetivação de uma
prática segura ao indivíduo em situação de urgência ou emergência. Especial-
mente no atendimento às urgências e emergências de ordem cardiológicas, o
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 249

atendimento voltado às arritmias cardíacas constitui-se em um desafio con-


siderável, pois é um dos principais motivos de morte no mundo.
Ao avaliar o método utilizado, ele mostrou-se factível uma vez que as
ferramentas que guiam os estudos metodológicos possibilitaram a construção
de um instrumento capaz de padronizar as ações dos enfermeiros de forma
segura e sistematizada, favorecendo sobremaneira a sistematização da assis-
tência de enfermagem no contexto da enfermagem cardiológica.
Crê-se, portanto, que o produto aqui descrito traz importantes contri-
buições para a enfermagem cardiológica no que se refere à ampliação do
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conhecimento acerca do cuidado ao paciente em uso de CDI, proporcionando


ainda o estímulo à reflexão por parte dos enfermeiros acerca dos cuidados rea-
lizados, além de estimular estratégias institucionais de educação permanente.
Por fim salienta-se que o desenvolvimento deste POP foi um momento
importante para os participantes do estudo e para a pesquisadora, e sua utili-
zação torna visível a possibilidade de mudança da prática assistencial. Este
estudo visa auxiliar os profissionais de saúde da emergência a realizarem
um cuidado com mais qualidade e segurança, tanto para si, quanto para os
pacientes atendidos neste hospital, traduzindo-se em um importante avanço.
250

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PRODUTO 8
CHECKLIST DE CUIDADOS
DE ENFERMAGEM NA
HEMOTRANSFUSÃO: estratégia para
segurança do paciente em unidade intensiva1
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Rosângela Helena da Silva


Nádia Chiodelli Salum

Objetivo

Descrever o processo de construção, implantação e implementação de


um checklist de cuidados de enfermagem na hemotransfusão como estratégia
para a segurança do paciente emunidade de terapia intensiva.

Introdução

O sangue, seus componentes e seus derivados são utilizados como suporte


para tratar várias doenças destacando-se situações clínicas envolvendo casos
de choque, hemorragias, apoio a transplantes, quimioterapias e cirurgias, sendo
esses, produtos fundamentais e insubstituíveis. A terapia transfusional é um
procedimento complexo, não isento de riscos, podendo levar a complicações
e a sérios prejuízos, inclusive os fatais, sendo a hemotransfusão parte funda-
mental da atenção, promoção e recuperação da saúde (HINKLE; CHEEVER,
2020). A hemotransfusão é a transferência de um hemocomponente ou hemo-
derivado de um indivíduo (doador) a outro (receptor) na corrente sanguínea,
realizado para tratar diversas doenças (AMARAL; NUNES; RODRIGUES;
BRAZ; BALBINO; SILVINO, 2016).
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), atra-
vés da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 158, de 4 de fevereiro
de 2016 e da Portaria de Consolidação de nº 5 de 28 de setembro de 2017,
redefinem o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos (BRASIL,
2016, 2017). Essas normativas estabelecem regras que devem ser conheci-
das e seguidas pelos profissionais que atuam em hemotransfusão e tem por

1 Linha: Tecnologia em Saúde e Enfermagem.


254

objetivo garantir a segurança da hemotransfusão e prevenir eventos adversos


ou incidentes transfusionais.
O incidente transfusional é qualquer intercorrência ou evento adverso
que ocorra como consequência à hemotransfusão durante ou após sua admi-
nistração. Podem ser complicações decorrentes da contaminação bacteriana,
reações hemolíticas agudas provocadas por incompatibilidade do sistema
ABO, reações anafiláticas e sobrecarga volêmica (ARRUDA; SARAIVA;
VASCONCELOS, 2018) e caracterizadas como leve, que não há risco a
vida, moderada que requer intervenção médica para evitar danos e grave que

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ameaça a vida e requer intervenção médica para evitar o óbito (DELANEY
et al., 2016).
No Brasil, segundo dados da Hemovigilância nº 7, da ANVISA, em 2014
foram notificadas 11.247 reações transfusionais, destas 2.346 correspondem
à região sul do país, sendo 541 do Estado de Santa Catarina. De maneira
geral, o crescimento das notificações vem ocorrendo nas diferentes regiões
e estados do país, observando-se que a gravidade leve representou 82,6%; a
gravidade moderada 14,3%; a gravidade grave 2,8% e o óbito 0,3% dentre as
notificações do ano (ANVISA, 2015). Observa-se que ainda há subnotificação
de eventos de reações transfusionais, o que dificulta conhecer a real frequên-
cia de ocorrência de tais eventos, bem como as condições a eles associadas.
São dados que geram grande preocupação e ratificam a importância da
capacitação do enfermeiro para identificar sinais e sintomas de reações trans-
fusionais, indispensáveis para determinar os cuidados imediatos ao paciente
(CHEREM; ALVES; RODRIGUES; SOUZA; GUERRA; MACIEL, 2017).
Dentre os sintomas de maior morbidade, destaca-se a taquicardia, seguida de
dispneia, tosse e cianose e dentre os sintomas menos observados, mas de igual
morbidade, encontra-se a hemoglobinúria e a alteração do nível de consciência
(CHEREM; ALVES; PIMENTA; SOUZA; GUERRA, 2018).
Evitam-se ou previnem-se as reações transfusionais com o cumprimento
das normas técnicas, a avaliação correta das condições clínicas do paciente, a
indicação correta da transfusão, bem como a administração e monitorização
correta da infusão de hemocomponente sanguíneos (AMARAL; NUNES;
RODRIGUES; BRAZ; BALBINO; SILVINO, 2016).
O profissional de enfermagem está diretamente envolvido nos cuidados
prestados ao paciente submetido à hemotransfusão na administração e moni-
torização, identificando possíveis eventos adversos. Sendo assim, a instalação
correta do sangue depende diretamente da atuação da equipe de enfermagem,
que deve possuir conhecimentos científicos sobre hemotransfusão e habilidade
técnica, a fim de impedir a ocorrência de reações transfusionais ao paciente
que muitas vezes podem ser letais (BRASIL, 2016; COFEN, 2020).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 255

O profissional deve conhecer as principais indicações da transfusão de


sangue, checar dados importantes a fim de prevenir a ocorrência de erros,
orientar os familiares e os pacientes sobre a transfusão, atuar no atendi-
mento das reações transfusionais e registrar todo o processo (CARNEIRO;
BARP; COELHO, 2017). A atuação destes profissionais tem a finalidade
de garantir a segurança transfusional. Entretanto, profissionais com pouco
conhecimento nessa especialidade e sem habilidade suficiente podem causar
danos importantes.
Estudos ao analisar a assistência de enfermagem nas hemotransfusões
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apontam que o enfermeiro promove a orientação sobre o procedimento, pres-


creve cuidados de enfermagem, realiza supervisão ou administra e realiza
a assistência aos pacientes em casos de reação adversa. Sendo assim é de
extrema importância e necessidade o constante aperfeiçoamento profissional,
estando atento aos pequenos sinais e sintomas que o paciente possa apresentar,
corroborando assim ao entendimento que a hemotransfusão é um processo
minucioso que precisa de vigilância e controle antes durante e após a transfu-
são (SILVA et al., 2018). Identifica-se desta forma a necessidade de constante
aperfeiçoamento profissional, a fim de manter-se sempre alerta aos pequenos
sinais e sintomas do paciente doador e/ou receptor de hemoderivados.
As reações adversas decorrentes da transfusão sanguínea ocorrem prin-
cipalmente devido a erros e as reações transfusionais por fatores relacionados
aos mecanismos de resposta do receptor decorrentes da produção do compo-
nente sanguíneo, da indicação ou do uso inadequado dos hemocomponentes;
bem como, inerentes ao próprio receptor (BRASIL, 2015).
Nesse sentido, o profissional enfermeiro tem papel significativo na
segurança da administração do hemocomponentes, que executa e/ou super-
visiona a administração e monitoração da infusão de hemocomponentes e
hemoderivados devendo conhecer suas indicações, prevenir erros, orientar
o paciente sobre o procedimento, identificar, detectar, comunicar, notificar e
atuar no atendimento das reações transfusionais e registrar todo o processo
(BARBOSA; TORRES; GUBERT; PINHEIRO; VIEIRA, 2011; AMARAL;
NUNES; RODRIGUES; BRAZ; BALBINO; SILVINO 2016; COFEN, 2020).
Essas ações possibilitam a detecção precoce de eventuais reações transfu-
sionais e a notificação, sendo que o registro e acompanhamento dessas reações
contribuem para a garantia da segurança do paciente e controle da qualidade
dos serviços de hemoterapia (MATTIA; ANDRADE, 2016).
O atendimento de pacientes em hemoterapia prescreve um cuidado deta-
lhado, razão pela qual a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)
é de suma importância para identificar, individualizar e organizar as necessi-
dades do paciente. Dessa forma, o processo da SAE promove um atendimento
256

globalizado e seguro no estabelecimento e manutenção dos padrões de saúde


adequados a cada indivíduo (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017).
A utilização de um checklist como ferramenta para a SAE traz a pers-
pectiva de nortear e padronizar as ações dos profissionais de enfermagem no
que se refere ao processo de hemoterapia. O checklist pode ser usado precisa-
mente com o intuito de assegurar que uma operação, processo ou tarefa sejam
executadas como planejado, verificando que todas as preparações relevantes
sejam concluídas (BEZERRA; CARDOSO; SILVA; RODRIGUES, 2018).
Na unidade hospitalar de Santa Catarina, cenário deste estudo, existem

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Procedimentos Operacionais Padrão (POP) para orientação ao processo de
hemotransfusão, entretanto, ele não contempla um checklist de verificação e
controle do procedimento de hemotransfusão para ser seguido e preenchido
pelos profissionais nas unidades, dificultado a visualização da monitorização
e registro de todo o processo.
Desta forma, este estudo surgiu da necessidade da prática de gestão do
cuidado em hemoterapia específico para a Unidade Intensiva Coronariana
(UCO), no sentido de desenvolver um checklist como ferramenta da SAE,
que oriente, organize e padronize as ações dos profissionais de enfermagem
no que se refere ao processo de hemoterapia no setor.

Percurso teórico-metodológico

A construção do checklist ocorreu pelo desenvolvimento de estudo meto-


dológico que incluiu estudo descritivo, estudo de revisão e análise temática
para construção do instrumento de ckecklist. Foi desenvolvido no Instituto
de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), um hospital geral localizado no
Estado de Santa Catarina (BR). Teve como cenário principal a UCO que é
especializada no tratamento clínico e/ou cirúrgico de adultos com problemas
cardíacos e vasculares com alto risco que necessitam de cuidados intensivos
com vigilância e monitorização ininterruptas. Dos 15 leitos disponíveis, sete
são cirúrgicos e oito clínicos. O atendimento é realizado por uma equipe mul-
tidisciplinar formada por Médicos, Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem
nas 24 horas e uma fisioterapeuta que atende no período diurno.
A instituição possui uma Agência Transfusional (AT) de acordo com o
regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos, a qual regulamenta
que instituições de assistência à saúde que realizem intervenções cirúrgicas
de grande porte, atendimentos de urgência e emergência ou que efetuem
mais de 60 transfusões por mês devem contar com, pelo menos, uma AT
(BRASIL, 2016).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 257

Essas Agências, vinculadas ao Centro de Hematologia e Hemoterapia


de Santa Catarina (HEMOSC), são unidades hemoterápicas que armazenam
sangue e seus derivados, realizam exames pré-transfusionais (como testes de
compatibilidade), assim como o transporte dos componentes sanguíneos para
as transfusões nos setores do Complexo Hospitalar.
O maior consumo de hemoderivados ocorre no Centro Cirúrgico e UCO
em paciente em pós-operatório imediato, que recebem sangue e hemoderi-
vados diariamente.
Na UCO a coleta da amostra de sangue e a transfusão sanguínea são
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realizadas pelos profissionais de enfermagem que atuam no setor, sendo res-


ponsabilidade da AT somente a realização dos testes imuno-hematológicos.
Assim, na UCO é responsabilidade da equipe de enfermagem a coleta de
amostra, instalação, administração dos hemocomponentes, controle e registro
de reações transfusionais.
Como estratégia metodológica definiu-se os passos de entrevista com
os profissionais, revisão da literatura, construção do instrumento checklist
agrupando os achados advindos da investigação com os profissionais e da
literatura científica, implantação e avaliação, conforme aponta a Figura 1.

Figura 1 – Etapas de construção do Checklist. Florianópolis, SC, Brasil, 2019


Envolvimento da
equipe na mudança
da prática

Necessidade Instrumento para controle da


da prática hemotransfusão na unidade

Implantação e
Facilidades e avaliação da Entrevista
dificuldades Come é realizado o
intervenção profissionais cuidado
na prática

Construção
17 itens - cuidados antes, instrumento Revisão Boas práticas na
durante e após a hemotransfusão
literatura
hemotransfusão
checklist

Conforme mostra a Figura 1, a primeira etapa da construção do ins-


trumento de checklist constituiu-se da identificação de um problema da
prática diária em uma unidade de terapia intensiva coronariana em que
258

não há acompanhamento e registro adequado do processo de transfusão


de hemoderivados.
Como segunda etapa buscou-se a participação dos profissionais relatando
como prestam e entendem o cuidado ao paciente submetido a hemotransfusão.
Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturada nos meses de janeiro e
fevereiro 2019, utilizando-se um roteiro com dados sociodemográficos (nome,
categoria profissional, sexo, tempo de atuação na UCO e tempo de formação)
e relacionadas ao tema (indicação de hemotransfusão, reações transfusionais,
responsabilidade de instalação e controle do paciente durante a infusão, cui-

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dados realizados durante a hemotransfusão conhecidos e indicados para um
checklist, procedimentos adotados diante de uma reação transfusional e as
dificuldades encontradas). As entrevistas foram agendadas de acordo com a
disponibilidade dos participantes e áudio gravadas.
Para o tratamento dos dados, adotou-se a análise temática (MINAYO,
2013), com encerramento das entrevistas após saturação dos dados, baseado na
repetição das informações fornecidas pelos profissionais no decorrer das entre-
vistas. As ideias centrais obedeceram aos temas semelhantes; e a construção
das categorias de análise que foram discutidas à luz da literatura pertinente,
contemplando os cuidados antes, durante e após o procedimento.
As entrevistas foram realizadas com 16 profissionais, sendo cinco enfer-
meiros e 11 técnicos de enfermagem, dentre os 73 lotados na UCO, sendo 11
do sexo feminino e cinco do sexo masculino. Em relação a idade predomi-
naram participantes com idade entre 25 e 48 anos, com tempo de atuação na
UCO entre um a 20 anos e, tempo de formação acadêmica entre um e 25 anos.
O critério de inclusão foi ser enfermeiro e técnico de enfermagem, lotado
na unidade nos turnos matutino, vespertino e noturno. Foram excluídos os
enfermeiros e técnicos de enfermagem de outros setores e afastados das ati-
vidades por férias ou licença de saúde.
Os aspectos éticos foram respeitados e a pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética e Pesquisa do hospital de estudo, com o protocolo número
3.094.987/2018. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, atendendo às exigências da resolução 466/12 do Conselho Nacio-
nal de Saúde. Foi garantido o anonimato, sendo identificados pelas letras “E”
para enfermeiros, e “TE” para técnicos de enfermagem, seguidas de número
absoluto e crescente, para diferenciá-los (E1, E2... E6.) e (TE1, TE2...TE16).
Na terceira etapa foi realizada a revisão integrativa da literatura com a
finalidade de identificar as melhores práticas no processo de transfusão. Esta
ocorreu com a busca de manuscritos nacionais e internacionais considerando
as bases selecionadas e a estratégia PICO (SANTOS, 2007).
As bases selecionadas foram Literatura Latino-Americano e do Caribe
em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Banco
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 259

de Dados Bibliográficos da ScientificElectronic Library On-line (Scielo). O


cruzamento dos descritores foi realizado da seguinte forma: “hemoterapia”
or “segurança transfusional” or “transfusão de hemocomponentes” or “enfer-
magem” or “hemotransfusão” or “terapia transfusional” or “checklist” or
“paciente safety” or “b” or “bloodtransfusionsafety”.
A amostra constitui-se de 44 artigos, que mencionam os cuidados e
observações importantes que devem ser levadas em consideração durante a
hemotransfusão, os quais juntamente com a legislação vigente deu sustenta-
ção a construção do checklist, com destaque para identificação do paciente,
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conferência do hemocomponente com a tipagem sanguínea, monitorização


dos sinais vitais antes, durante e após a hemotransfusão, verificação do tempo
de infusão para cada hemocomponente, orientação do paciente e família,
equipo específico para transfusão de sangue com filtro que retenha coágulos,
utilizando um equipo para cada hemocomponente, acesso venoso específico
para hemotransfusão, acompanhamento e monitorização do paciente nos pri-
meiros 10 minutos, registro de todo o processo no prontuário do paciente,
observação da presença de queixas e sintomas de reações adversas, respeito
ao tempo de transfusão para cada hemocomponete, entre outros (BRASIL,
2007; BOLTON-MAGGS; COHEN, 2013; CONTTRELL; DAVIDSON,
2013; JARDIM; RAMOS; BLÁSIUS; SILVA; BONOMINI, 2014; BARRA;
COSTA; CARDOSO, 2015; DELANEY et al., 2016; CARNEIRO; MARP;
COELHO, 2017; BEZERRA; CARDOSO; SILVA; RODRIGUES, 2018).
A quarta etapa consistiu na elaboração do instrumento de checklist,
que foi construído com base nas informações obtidas dos profissionais de
enfermagem e na revisão de literatura buscando elencar as melhores práticas
no cuidado ao paciente em hemotransfusão. Obteve-se como resultado um
checklist com 17 itens, que englobam dados de identificação do paciente, os
cuidados antes, durante e após a transfusão.
Diante do checklist elaborado, este foi divulgado à equipe para ser
implantado na UCO, consistindo a quinta etapa do processo.
Após um período de utilização de 30 dias foi avaliado pelos profissio-
nais, caracterizando assim, a última etapa. Para a avaliação foi construído
um instrumento em que os profissionais pudessem expressar sua opinião das
contribuições ou dificuldades decorrentes do uso do checklist.

Produto construído

Reforça-se que o produto decorrente do estudo “Checklist de cuidados


de enfermagem na hemotransfusão: estratégia para segurança do paciente
em unidade intensiva coronariana” foi construído a partir da perspectiva dos
260

profissionais de enfermagem que atuam UCO, associado às evidências cien-


tíficas atualizadas decorrentes da revisão de literatura e da legislação acerca
da hemovigilância com o objetivo de padronizar e qualificar as intervenções
de enfermagem e melhorar a comunicação entre a equipe multiprofissional
durante a hemotransfusão. No desenvolvimento do checklist os cuidados foram
identificados em cuidados antes, durante e após a hemotransfusão.
O checklist é uma ferramenta essencial para monitorar o paciente durante
o processo de hemoterapia, coibindo assim os erros, prevenindo as reações
adversas precocemente e consequentemente, aumentando a segurança do

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paciente nesse processo.

Cuidados antes da hemotransfusão

Esta categoria constituiu-se dos relatos dos participantes quanto à sua


experiência no cuidado ao paciente em hemotransfusão. A conferência dos
dados de identificação constantes no hemocomponente com os dados do
paciente é considerada um aspecto importante para a maioria dos profissionais.

O principal cuidado, pensando na segurança do paciente, seria conferir a


tipagem sanguínea do paciente, identificação do paciente na bolsa, horário
que a bolsa chega, horário que começou a correr (E1).

Antes de tudo é a identificação da bolsa do paciente se é este paciente, se


é aquele sangue, tipo sanguíneo que tem mesmo que receber (E2, T13).

Em relação aos cuidados imediatos no momento da instalação, referem


necessidade de verificação de sinais vitais, de manter acesso venoso único
para a transfusão, tempo necessário para cada bolsa e a prescrição médica.

Antes da transfusão a gente sempre toma cuidado com assepsia, mantendo


numa via exclusiva, tomando cuidado com a bolsa de sangue, com a tem-
peratura do ambiente, pois a bolsa de sangue pode coagular (E1, TE2).

Verificar possíveis reações alérgicas anteriores, verificar único acesso


venoso para transfusão, tempo necessário para cada bolsa (T13, E1, E3).

Cuidados durante a hemotransfusão

Esta categoria engloba os cuidados que são realizados pela equipe durante
o procedimento de transfusão dos hemocomponentes, com destaque para a
identificação precoce de reações transfusionais. Os profissionais destacam
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 261

como cuidados o controle de sinais vitais, tempo de infusão, identificação


das reações adversas e o controle do gotejamento.

Durante a transfusão geralmente a gente fica mais concentrado na moni-


torização de sinais vitais e na observação do paciente para ver se tem rush
cutâneo alguma coisa na pele, algum sinal físico além do que o monitor
indica para gente (E1, E3, E5).

Alterações dos sinais vitais, prurido, náuseas (TE1, TE3, TE5, TE9, E4).
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Verificar tempo necessário para cada bolsa, verificar possíveis reações


dos sinais vitais e processos alérgicos durante a transfusão e infundir a
bolsa em 4 horas no máximo (E1, E2, E3, E5, TE 1, TE4, TE6, TE7, TE8,
TE10, TE11, TE16).

Queixas do paciente durante a transfusão e infundir a bolsa em 4 horas


no máximo (E6, TE16).

Cuidados após a hemotransfusão

Os cuidados após a hemotransfusão referem-se àqueles que são reali-


zados quando acaba o hemocomponente e o acesso venoso é retirado. Nesta
categoria os profissionais tiveram mais dificuldade de apontar os cuidados,
parece que entendem que ao retirar a bolsa com o hemocomponente acaba a
responsabilidade da equipe, ou desconhecem quais as reações adversas tardias.

Observar sinais e sintomas durante e após a infusão da bolsa (E3, E5,


TE3, TE11).

Parar a infusão, verificar sinais e sintomas, se apresentar algum comunicar


o médico para avaliar o risco de hemotransfusão (E4, TE5, TE9).

Quando questionados acerca dos cuidados que consideravam impor-


tantes constar em um checklist para controle da hemotransfusão, a partir de
sua experiência prática, foi possível observar que a maior parte dos cuidados
estava centrada nos cuidados antes da hemotransfusão. O Quadro 1 apresenta
os cuidados evidenciados pelos profissionais decorrentes de suas experiências
práticas na UCO, conforme aponta o Quadro 1.
262

Quadro 1 – Distribuição dos cuidados de enfermagem antes, durante e


após a hemotransfusão identificados pelos profissionais de enfermagem
da Unidade Intensiva Coraniarana. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Cuidados antes Cuidados durante Cuidados após
Identificação do paciente da bolsa Identificar reações adversas -
Conferir a tipagem sanguínea Controlar o gotejamento -
Conferir tipo de hemocomponente - -
Verificar a identificação do paciente - -

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Monitorar sinais vitais - -
Verificar possíveis reações alérgicas
Controle de tempo de infusão -
anteriores
Verificar único acesso venoso para
- -
transfusão
Parar a transfusão em caso de
Verificar tempo de infusão para cada
- ultrapassar o tempo recomendado de
hemocomponente
cada hemocomponente
Verificar a prescrição médica - Aferir sinais vitais

Fonte: As autoras (2019).

O instrumento checklist para a SAE à pacientes no período antes, durante


e após transfusional, abordou os seguintes aspectos: dados de identificação,
cuidados na instalação dos hemocomponentes, cuidados durante a infusão e
cuidados frente às reações transfusionais e cuidados pós transfusionais.
O Checklist de cuidados de enfermagem na monitorização da hemo-
transfusão consiste em uma relação de cuidados de enfermagem que devem
ser seguidos pelos profissionais de enfermagem quando um paciente é sub-
metido a hemotransfusão. A cada ação executada o profissional deve assinalar
e registrar as observações observadas.
Essa ferramenta deve ser fixada à mesa de cabeceira do paciente durante a
hemotransfusão para controle e registro e após deve ser anexada ao prontuário
do paciente como registro legal.
Os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao processo
do cuidar servindo para avaliar a qualidade da assistência prestada, um sendo
documento legal de defesa dos profissionais compreendendo que as informa-
ções de cuidados prestados e respaldo jurídico das ações executadas junto
ao paciente. Além de possibilitar a comunicação entre a equipe de saúde e
servir ao ensino, pesquisa, auditoria, processos jurídicos, planejamento, fins
estatísticos e outros (COFEN, 2015).
O Quadro 2 com o checklist de cuidados de enfermagem na hemotrans-
fusão é apresentado a seguir.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 263

Quadro 2 – Checklist de cuidados de enfermagem na


Hemotransfusão. Florianópolis, SC, Brasil, 2019
Nome: Leito: Idade:
Data: Início: Término:
Hemocomponente: Nª de bolsas:
Assinatura
Nº Descrição Sim Não Observação
profissional
Antes da instalação do hemocomponente
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Conferir prescrição médica, descrição do


1
componente solicitado, e data da transfusão.
2 Orientar paciente/família quanto a hemotransfusão.
PA:
2 Aferir e anotar os Sinais vitais. P:
T:
Checar se hemocomponentes não permaneceram
3 à temperatura ambiente por mais de 30 (trinta)
minutos.
Conferir os dados de identificação do paciente,
com o paciente ou confirmar com a equipe de
4
enfermagem do setor, responsável pela assistência
direta ao paciente (dupla checagem).
Utilizar equipo específico para transfusão de
sangue com filtro que retenha coágulos e
5 agregados alternativamente.
Obs.: Utilizar um novo equipo para cada
hemocomponente.
Garantir acesso venoso adequado e exclusivo
para transfusão. Não infundir nenhum tipo de
6
medicamento concomitantemente com a transfusão
(exceto solução fisiológica 0,9%).
Informar ao paciente/se lúcido sobre a
7 administração do hemocomponente e a
possibilidade de reações adversas.
8 Instalar o hemocomponente – anotar horário.
Acompanhar a transfusão junto ao paciente nos
9
primeiros 10 minutos.
Durante a transfusão

Estar atento a presença de queixas e sintomas de


10
eventuais reações adversas.
continua...
264

continuação
Observar presença de reação adversa? Qual?
______
Prurido, febre, urticária, eritema, pápulas,
rouquidão, tosse, broncoespasmo, dispneia,
11 hipotensão, hipertensão, insuficiência respiratória,
choque.
Obs.: Interromper a transfusão e comunicar
imediatamente ao médico e a agencia transfusional
na suspeita de qualquer efeito adverso.

Controlar a transfusão para que não passe

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ultrapasse o período máximo:
- concentrado de hemácias: 4 horas
- concentrado de plaquetas: 30 minutos
12
- plasma: 2 horas
- crioprecipitados: Imediatamente
Obs.: Interromper a transfusão quando ultrapassar
esse tempo.

13 Anotar o horário de término da transfusão.


Desprezar a bolsa de sangue vazia em lixeira para
14
resíduo hospitalar.
Após a transfusão
PA:
15 Aferir e anotar os sinais vitais. P:
T:
Registrar em prontuário a evolução da transfusão,
se ocorreu ou não reação adversa.
16 Obs.: Consideram-se reações transfusionais
imediatas aquelas que ocorrem até 24 horas depois
de iniciada a transfusão.
17 Remover o acesso venoso.
Orientar paciente e família sobre possíveis reações
18
adversas pós-transfusão.

Fonte: As autoras (2019).

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

A hemotransfusão é uma terapêutica relevante que se utilizada de forma


adequada, em condições de morbidade ou emergência, pode salvar vidas e
melhorar a saúde dos pacientes. A segurança na administração do sangue
depende de profissionais capacitados e competentes, uma vez que o conhe-
cimento específico e a habilidade profissional poderão minimizar os riscos e
evitar danos se todo o processo ocorrer com eficiência (GRANDI; GRELL;
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
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ARECO; BARBOSA, 2018; SANTOS; SANTANA; OLIVEIRA, 2021). O


cuidado dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é sempre cauteloso
e a implementação de melhorias na prática assistencial exige mudança nos
processos de trabalho.
Ao solicitar autorização dos gestores para a realização do estudo, houve
estímulo e incentivo, uma vez que serviria para melhorar a qualidade da
assistência ali prestada, haja visto que havia uma necessidade da unidade
para orientar e garantir que os profissionais pudessem prestar uma assistência
segura ao paciente em hemotransfusão, melhorando os registros e acompa-
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nhamento do paciente.
Após a realização das entrevistas com os 16 profissionais, foi possí-
vel observar a unanimidade destes pela necessidade de um checklist para
ser utilizado durante a hemotransfusão, demonstrando que a proposta teria
boa aceitação.
Os resultados apontam que os profissionais conhecem as indicações da
hemotransfusão, entretanto apresentam maior preocupação com os cuidados
antes e durante a hemotransfusão, demonstrando um conhecimento frágil no
que se refere à monitorização, observação dos sinais e sintomas das reações
adversas e registro das informações executadas junto ao paciente relacionadas
à transfusão. Estes dados corroboram com estudo realizado com idosos para
identificar a ocorrência de reações adversas, identificando que estas podem
estar associadas à ausência parcial ou total de informações dos profissio-
nais sobre o ato transfusional; a falhas no acompanhamento sistemático da
transfusão; o desconhecimento dos sinais sintomas de reação transfusional
e à dificuldade da equipe em relacionar o quadro clínico adverso ao uso de
hemocomponentes (SOBRAL; GÖTTEMS; SANTANA, 2020).
Com relação aos cuidados realizados, percebeu-se um descompasso entre
a preocupação com a monitorização antes e durante a hemotransfusão em
relação aos cuidados pós-transfusão. Esta percepção corrobora com Bezerra
(2018) que aponta a existência de uma inquietação maior com o preparo do
paciente para a hemotransfusão e, quando esta é retirada, parece não ser mais
preocupação a observação das reações transfusionais ou, se estas são identifi-
cadas não são associadas a hemotransfusão por desconhecimento dos profissio-
nais que não tem noção da gravidade que é a instalação de hemocomponentes e
os riscos a ela relacionadas. Se os profissionais não obtiverem as informações
corretas, poderão identificar erroneamente alguns sinais e sintomas que o
paciente estiver apresentando como reação, podendo indicar, inclusive, a exis-
tência de subnotificações de reações (STOUT; JOSEPH, 2016; FAQUETTI;
ROSA; BELLAGUARDA; LAZZARI; THOLL; MORAES, 2016).
Após a apresentação do checklist à equipe e definição da implementação
e aplicação na UCO, verificou-se que os profissionais estavam dispostos a
266

utilizar o instrumento, buscando garantir maior segurança do paciente e a


redução dos eventos adversos.
Contudo, apesar de todos os participantes do estudo terem entendimento
da necessidade do gerenciamento dos riscos para a prevenção de erros, ainda
assim foram apresentadas dificuldades durante sua aplicação, com desta-
que para o tempo gasto para execução do checklist (alegando ser mais uma
demanda burocrática) e a sobrecarga de trabalho (pelo preenchimento do
instrumento). Tais pontos suscitaram como obstáculo para uma adesão mais
efetiva do instrumento. Afirmaram também que na comunicação entre a equipe

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não perceberam melhoras, principalmente na troca de plantão, reconhecendo
a necessidade de maior engajamento da equipe de enfermagem.

Avaliação dos resultados após a implementação

São percebidas as contribuições do checklist para a prática diária da


enfermagem no cuidado ao paciente em hemotransfusão na unidade, quer seja
de UCO como nas unidades de internação, sendo esta uma importante ferra-
menta para acompanhamento controle e registro das ações de enfermagem.
Destaca-se a importância e a urgência de investimento em capacitações
sobre os cuidados ao paciente na hemotransfusão, essencial para o sucesso dos
procedimentos, evidenciando-se que não basta apenas a imposição de proto-
colos, há que se ter uma consciência coletiva, pois se trata de uma terapia que
pode salvar vidas, e que essa prática pode vir a gerar riscos ou desconfortos
caso não seja adequadamente implementada.
Entretanto, os participantes do estudo ao serem questionados após o uso
do checklist, foram unânimes em afirmar que gostaram do uso do instrumento,
uma vez que este direciona, organiza e registra o cuidado prestado ao paciente
em hemotransfusão.
Ao observar o preenchimento do checklist após seu uso, observou-se
que a maioria dos itens foi preenchida corretamente (95%) e outros 0,5%
preencheram de forma incompleta ou incorreta. Assim, demonstra que não
são unânimes as condutas, indicando que é necessário reorientar, motivar e
discutir aspectos éticos e legais para melhor desempenho dos registros e con-
tinuidade da assistência. Enfatiza-se que a identificação correta do paciente é
parte indispensável para realizar a hemotransfusão, assim como a conferência
da tipagem sanguínea, tipo de hemocomponente, horário de início e término
do hemotransfusão (BRASIL, 2016).
O processo transfusional é um complexo processo que depende de uma
equipe interdisciplinar. Nesse sentido, o prontuário do paciente é um docu-
mento essencial de sua história, em que os profissionais fazem seus registros da
assistência prestada, podendo-se considerar falha grave não verificar e seguir
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 267

as instruções, pois nele constam as informações necessárias para garantir as


intercorrências do paciente no hospital. É um meio de comunicação entre os
distintos profissionais da saúde, sendo um recurso imperioso para assegurar
a continuidade do atendimento, em todas as suas fases; como também, fonte
de dados e conhecimentos (BRASIL, 2020).
Os profissionais mostram-se preocupados com os cuidados no início da
hemotransfusão o que corrobora com a literatura que aponta que as reações
transfusionais mais graves geralmente ocorrem no início da transfusão san-
guínea, entretanto, para que isso possa ser identificado exige dos profissionais
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o conhecimento de técnicas do procedimento, os riscos e a capacidade de


reverter as complicações clínicas, sem trazer danos ou prejuízo ao paciente
(SILVA et al., 2018).
Com o uso percebeu-se que houve uma significativa mudança na per-
cepção dos profissionais de enfermagem em relação ao preenchimento da
checklist, e, apesar das dificuldades, a equipe de enfermagem foi unânime
em reconhecer esta ferramenta como prioridade para uma hemotransfusão
segura, apontando uma atuação dos profissionais com maior segurança e
autonomia. Entendendo que o monitoramento do processo transfusional obje-
tiva detectar queixas, sinais e sintomas que possam evidenciar precocemente
reações transfusionais, minimizando os danos e desconfortos ao paciente. Uma
monitorização ineficaz do paciente e ausência de registros sobre a assistência
prestada fragiliza a qualidade do cuidado. Essas medidas contribuirão para a
segurança do paciente e amparo legal de profissionais e instituições.
A meta do uso de sangue livre de riscos, são objetivos dos órgãos regu-
lamentadores no intuito de minimizar os incidentes transfusionais, garantir
a transfusão segura e determinar a utilização, ou não, do sangue coletado
(COVO; CRUZ; MAURÍCIO; BATISTA; SOUZA, 2019).
Nesse contexto, com o intuito de identificar e enfrentar os desafios que
norteiam a prática da enfermagem em hemotransfusão, os profissionais de
Enfermagem precisam estar adequadamente preparados, no sentido de conhe-
cer o tipo de componente; características do paciente e suas condições; uso de
equipamentos; soluções endovenosas; procedimentos adequados, entre outros.
Chama-se a atenção para o processo de educação permanente da equipe
de saúde, uma vez que não haverá eficácia e segurança na utilização de hemo-
componentes por profissionais desatualizados (LOCKS; SALLUM; BARROS;
MATOS, 2019). Os profissionais de enfermagem não só administram as trans-
fusões de componentes sanguíneos, mas também são responsáveis por checar
dados importantes na prevenção de erros. Além disso, orientam os pacientes
sobre a transfusão, verificam, comunicam e atuam no atendimento das reações
adversas e elaboram a documentação de todo o processo. Portanto, devem
saber identificar sinais e sintomas relacionados à essas reações, e aplicar os
268

cuidados corretos diante dessas intercorrências (RAMOS; AMORIM; FER-


REIRA; ROMANELLI; CAMPOS; DIAS, 2018).
Essa perspectiva construtiva participativa poderá ser um estímulo à ade-
são da equipe a monitorização e registro de todo o processo de hemotrans-
fusão, uma vez que prioriza, define e organiza as ações de enfermagem ao
paciente da UCO que recebe transfusão sanguínea, sendo fundamental para
a tomada de decisão da enfermagem.
Para aplicação do checklist avalia-se que é imperioso a adesão às melho-
res práticas, utilizando-se da educação permanente para compreensão dos

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profissionais da importância do uso desta ferramenta para monitoramento e
a melhoria do cuidado.
Embora a utilidade e importância do checklist tenham sido ratificadas
pela equipe, não foi implementado como rotina, pois necessita ainda ser ava-
liado e aprovado pelo Núcleo de Segurança do Paciente da instituição, que
é responsável pela criação dos protocolos e instrumentos para segurança do
paciente. Também o hospital dispõe de um POP sobre hemotransfusão que
está vigente e deve estar em consonância com o checklist. Nesse sentido, o
instrumento foi enviado aos gestores responsáveis para apreciação e aprova-
ção, por acreditar ser uma ferramenta útil na SAE.
O checklist representa uma ferramenta simples e útil da SAE,configuran-
do-se como material escrito para apoio de tomada de decisão que assegurem
aos enfermeiros detentores da responsabilidade legal pelo ato transfusional
de diminuírem os erros de omissão e a variação nos cuidados prestados pela
incorporação de barreiras de proteção para a segurança do paciente, que tem
por finalidade a prevenção, redução e notificação de eventos adversos que
influenciam diretamente na vida e saúde dos pacientes.
Assim, para que o enfermeiro desenvolva suas atividades de forma satis-
fatória é necessário que domine o conhecimento teórico específico de hemote-
rapia com sua experiência e habilidade prática, bem como haja instrumentos
que possam assegurar os cuidados transfusional de forma segura (SOUZA;
SANTORO, 2019; SANTOS; SANTANA; OLIVEIRA, 2021).
Sua implantação deve ser bem planejada e sistematizada com o objetivo
reduzir ao máximo as condutas diferenciadas entre os profissionais e as pos-
síveis complicações que possam acontecer.

Conclusões

Destaca-se a necessidade de haver um checklist, como instrumento guia


de controle e registro para os profissionais, voltado para a melhoria da assis-
tência de enfermagem aos pacientes submetidos à transfusão de sangue.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 269

Nesse sentido, o checklist institucionalizado para o monitoramento das


etapas de transfusão objetiva sistematizar o processo e garantir a eficácia
das ações e evitar variação de cuidados/desvios entre profissionais. Requer,
portanto, a participação e o envolvimento de gestores e profissionais e no
desenvolvimento de estratégias para capacitação permanente dos profissionais
e adesão aos procedimentos padronizados. Sua implementação dependerá
muito do envolvimento dos profissionais e de seus gestores no cumprimento
das diretrizes determinadas legalmente.
Recomenda-se, portanto, que haja uma avaliação periódica das boas
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práticas no cuidado ao paciente submetido a hemotransfusão para que seja


atualizado o checklist.
Os resultados do estudo representam uma contribuição para a atuação
do enfermeiro com vistas a garantir a segurança transfusional uma vez que o
checklist direciona as ações a fim de minimizar danos e melhorar o registro
e indicadores relacionados à notificação e investigação das causas. Essas
medidas contribuirão para a segurança do paciente e amparo legal e autono-
mia dos profissionais e instituições. Trata-se, portanto, de realizar a transla-
ção do conhecimento produzido para uma prática da enfermagem baseada
em evidências.
Nesse contexto, recomendam-se novos estudos e pesquisas que incenti-
vem a discussão nesta área de hemoterapia para assim contribuir e favorecer
a valorização profissional e aumento de conhecimentos em hemoterapia.
270

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PRODUTO 9
INSTRUMENTO ELETRÔNICO PARA
REGISTROS DA AVALIAÇÃO CLÍNICA
DE PACIENTES ONCOLÓGICOS
COM ESTOMIAS INTESTINAIS1
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Mabel Villa Demétrio


Lúcia Nazareth Amante
Luciana Martins da Rosa
Maristela Jeci dos Santos
Gisele Martins Miranda

Objetivo
Descrever o processo de construção e de validação de um instrumento
informatizado para avaliação clínica do paciente com estomia intestinal.

Introdução
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do
triênio 2020/2022, surgem no Brasil 40.990 novos casos de câncer colorretal
(20.520 homens e 20.470 mulheres). Esses valores correspondem a um risco
estimado de 19,64 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100
mil mulheres (INCA, 2020).
Os tratamentos para o câncer colorretal podem ser: quimioterapia anti-
neoplásica, radioterapia e cirurgia, em muitos casos é necessário combinar
mais de uma modalidade. A colostomia é uma abertura criada cirurgicamente
no abdômen por onde uma parte do cólon é exteriorizada para permitir a
passagem das fezes. Pode ser temporária ou permanente, dependendo da indi-
cação. Uma colostomia temporária permitirá que o intestino afetado descanse
e cicatrize. Assim que o intestino estiver curado, a colostomia poderá ser
revertida, geralmente permanece no local por três a seis meses. Uma colos-
tomia permanente é necessária quando a doença afeta a extremidade inferior
do intestino e/ou o reto, ou o paciente apresenta comorbidades significativas
que o colocariam em um risco maior se fizesse a cirurgia de reversão. As
colostomias mais comuns são a colostomia sigmoide localizada no quadrante

1 Linha: Tecnologia em Saúde e Enfermagem.


276

inferior esquerdo, a colostomia transversa localizada nos quadrantes superiores


direito e esquerdo próximo à linha média e a colostomia ascendente localizada
no lado direito do abdome (STRICKER et al., 2015).
A intervenção cirúrgica para uma colostomia poderá ter efeitos físicos,
emocionais e sociais significativos nos pacientes. As mudanças na imagem
corporal, as evacuações involuntárias, a exposição da mucosa intestinal, o
vazamento fecal e o odor desagradável causam reflexos negativos na saúde
mental e fisiológica e na qualidade de vida dos pacientes. O processo de
preparação e adaptação à estomia pode ser desgastante, portanto, reduzir os

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impactos e as barreiras de autocuidado devem ser a prioridade para o enfer-
meiro. Os avanços nos procedimentos cirúrgicos, juntamente com a redução
do tempo de internação hospitalar, exigem expertise para o cuidado científico
e seguro destes pacientes durante a recuperação pós-operatória e as fases
iniciais de aprendizagem do autocuidado.
Na assistência ao paciente com estomia intestinal, o enfermeiro deve
realizar a avaliação clínica da estomia e da pele periestomia para indicar o
equipamento e adjuvantes adequados para cada condição. Os aspectos físicos,
as atividades desenvolvidas por estes pacientes e sua capacidade de autocui-
dado, também devem ser considerados nesta avaliação, no sentido de prevenir
o desenvolvimento de lesões e complicações, proporcionando segurança,
favorecendo a adaptação ao uso do equipamento coletor e o retorno às ativi-
dades rotineiras (MIRANDA; LUZ; SONOBE; ANDRADE; MOURA, 2016).
Corroborando com este contexto, a assistência aos pacientes com colos-
tomia ou ileostomia requer a percepção pelo enfermeiro das condições clí-
nicas, a partir do exame físico e anamnese detalhada, e valorizando ainda os
relatos do paciente ou do cuidador (TAYLOR et al., 2014). No exame físico
do paciente com estomia intestinal, deve-se identificar qualquer alteração que
afete o cuidado da estomia (MENDONÇA; LAMEIRA; SOUZA; COSTA;
MAURÍCIO; SILVA, 2015).
A observação da aparência da estomia intestinal deve ser frequente e
registrada em prontuário, possibilitando assim a detecção precoce de compli-
cações. Ao observar as características da estomia, deve-se avaliar o edema,
presença de sangramento e sua origem, coloração, protrusão, aderência do
equipamento coletor, além das características da pele periestomia (PANTA-
ROTO, 2015).
Esta contextualização inicial mostra a relevância da avaliação clínica
do enfermeiro aos pacientes com câncer colorretal com estomias intestinais.
No Centro de Pesquisa Oncológicas (CEPON), uma instituição referência
para atenção oncológica no estado de Santa Catarina, identificou-se que nos
registros eletrônicos do Processo de Enfermagem (PE), a avaliação de enfer-
magem aos pacientes com estomias limitava-se ao tipo de estomia e aspecto
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 277

do conteúdo excretado. Neste sentido, identificou-se a ausência de um instru-


mento direcionado às especificidades do paciente com estomias intestinais,
ferramenta necessária para auxiliar o enfermeiro no momento da avaliação
de possíveis complicações e planejamento do cuidado, que necessitava de
complemento. Neste cenário surgiu a ideia da construção e validação de um
produto de enfermagem para reduzir esta lacuna e contribuir com a Sistema-
tização da Assistência de Enfermagem (SAE).
A aplicação de um instrumento validado para avaliação da estomia intes-
tinal e da pele periestomia contribui para a SAE ao possibilitar uma linguagem
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padronizada entre os enfermeiros. Dessa forma, contribuindo ainda para a


construção de evidências que fundamentam a prática de cuidados de enfer-
magem neste campo. Sua utilização consiste em uma poderosa ferramenta de
comunicação, clara e consistente, viabilizando a continuidade do cuidado e a
melhor monitorização dos resultados alcançados (NUNES; SANTOS, 2018).
Esclarece-se que o CEPON conta com SAE implementada desde 1997,
sendo que desde 2015 vem passando por uma transformação e ampliação das
práticas de enfermagem relacionadas aos registros do processo de enferma-
gem, que saíram do formato manual para o formato eletrônico, sem impressão
de documentos. Outro aspecto relevante neste cenário de atenção, abrange
a implementação dos registros eletrônicos de enfermagem construídos com
cadastro inter-relacionados, assim, ocorre uma relação em cascata entre os
registros nas cinco etapas do processo de enfermagem (MIRANDA; ROSA;
BERTONCELLO; MERCÊS; AMANTE; ALVAREZ, 2019).

Percurso metodológico
O estudo foi submetido à apreciação no Comitê de Ética em Pesquisas
com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (aprovado
pelo parecer 3.064.745) e no Comitê de Ética em Pesquisas do CEPON (apro-
vado pelo parecer 2207718.1.3001.5355).
As etapas desenvolvidas para criação do produto seguiram o delinea-
mento do estudo metodológico, cujo modelo foi adaptado de Pasquali (1998),
tendo como cenário o CEPON. O desenvolvimento ocorreu em duas fases,
chamadas de teórica e analítica (estatística). A primeira fase contemplou pre-
viamente a construção e fundamentação teórica do conteúdo do instrumento,
e a segunda fase, os procedimentos analíticos, que determinaram as análises
estatísticas dos dados para a validação do instrumento construído.
Os procedimentos teóricos envolveram a realização de revisão integrativa
nas publicações disponíveis nas bases de dados, no entanto, a seleção de arti-
gos resultou na escassez de estudos com a temática. Considerando a natureza
das informações necessárias para construção do instrumento, ampliou-se a
busca em sites, sociedades e literatura clássica.
278

A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados, via portal de periódi-
cos Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Minis-
tério da Educação (CAPES/MEC) com acesso por Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), publicados de 1 de janeiro de 2014 a 31 de dezembro
de 2018. A busca ocorreu nas seguintes bases de dados: Medical Literaturean-
dRetrivial System onLine (MEDLINE) via portal PubMed; Cumulative Index
toNursingandAllied Health Literature (CINAHL), SciVerseScopus (SCOPUS);
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)
e Base de dados de Enfermagem (BEDENF); SciELOCitation Index Web of

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Science e Scientific Eletronic Libraryonline (SCIELO).
Para o refinamento da pesquisa, contou-se com o auxílio de uma biblio-
tecária na construção das estratégias de busca para cada base de dados e com
as seguintes palavras chaves e descritores: estomias intestinais, colostomia,
ileostomia, manifestações clínicas, observação clínica, avaliação em enferma-
gem, exame físico e sinais e sintomas. Realizou-se o cruzamento dos termos
utilizando a lógica dos recursos booleanos no campo de busca “and” ou “or”
e “not”. A busca dos estudos ocorreu no dia 8 de janeiro de 2019, quando os
artigos capturados foram organizados por base de dados e os artigos dupli-
cados foram excluídos.
Ainda para construção do conteúdo do instrumento, reuniram-se as con-
tribuições dos enfermeiros assistenciais do CEPON, que cuidam dos pacientes
com estomias intestinais. Para essa coleta dos dados, 24 enfermeiros foram
entrevistados. A entrevista abrangeu dados pessoais e profissionais dos par-
ticipantes e questões abertas que indagaram: 1) Qual a experiência do enfer-
meiro na avaliação clínica de enfermagem a pacientes com estomia intestinal?
2) Como o enfermeiro realiza a avaliação clínica de pacientes com estomia
intestinal na sua prática, e como ocorre o registro das informações coletadas?
3) Quais os conteúdos são considerados importantes ao avaliar um paciente
com estomia intestinal.
Sequencialmente à fase empírica elaborou-se a primeira versão do ins-
trumento, que incluiu oito domínios e 44 itens, os conteúdos foram transcri-
tos em um formulário on-line elaborado no Google Forms, dando início a
fase analítica.
Na fase analítica o conteúdo do instrumento foi validado por um comitê
de juízes, cuja composição ocorreu com a seleção de enfermeiros estoma-
terapeutas por meio de busca na Plataforma Lattes, no portal do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Utilizou-se
o modo de busca avançada por assunto para identificar enfermeiros estoma-
terapeutas em todo Brasil. A busca ocorreu mediante os seguintes critérios:
assunto tendo como palavra-chave de produção: “estomaterapia”, os filtros
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 279

nas bases de “doutores” e “demais pesquisadores” e com nacionalidade “bra-


sileira”; o filtro relativo à área de atuação profissional: grande área “ciências
da saúde” e área “Enfermagem”; formação acadêmica “Mestrado” e currículo
atualizado nos últimos 12 meses.
A busca na plataforma, realizada no mês de abril de 2019, trouxe 499
currículos Lattes, que foram organizados em uma planilha e todos foram
analisados, identificando-se que 137 tinham especialização em estomatera-
pia. A fim de buscar os endereços eletrônicos (e-mails) dos respectivos juí-
zes, consultou-se a lista de Enfermeiros Estomaterapeutas (ET) com o título
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TiSOBEST no site da Sociedade Brasileira de Estomaterapia (SOBEST),


assim como também os artigos publicados mencionados no currículo Lattes.
Encontrou-se 88 e-mails dos juízes, para os quais se enviou a carta convite
com a explicação da proposta, os objetivos do estudo e em anexo o TCLE na
íntegra digitalizado, constando as assinaturas das pesquisadoras, e ainda com
o link para acessar o instrumento para avaliação construído no Google Forms.
O juiz obteve acesso ao instrumento de avaliação após aceitar participar da
pesquisa. Quanto ao número ideal de juízes, Pasquali (1998) recomenda o
mínimo de sete juízes para validação de conteúdo.
O formulário on-line continha os domínios, itens e subitens do instru-
mento seguidos de escala de Likert para avaliação do conteúdo, de acordo com
Pasquali, (2010). O formulário eletrônico foi dividido em duas partes: uma
com o instrumento construído “Instrumento de avaliação clínica do paciente
com estomia intestinal” dividido em oito domínios, que apresentam seus
respectivos itens e subitens; e as escalas de Likert de quatro pontos, para pon-
tuar sobre a clareza e relevância de cada item, ou seja, para avaliar a clareza
do item, ou se o mesmo está compreensível: (1) não claro; (2) pouco claro;
(3) claro; e, (4) muito claro; e quanto a relevância do item, se está adequado
para atingir os objetivos propostos: (1) não relevante; (2) item necessita de
grande revisão; (3) item necessita de pequena revisão; e (4) item relevante.
Constando ainda a avaliação de cada domínio quanto a abrangência, ou seja,
se está adequadamente coberto pelo conjunto de itens e subitens, por meio das
opções de respostas: Adequado: sim ou não; podendo os juízes fazer sugestões
e comentários. Para calcular a adequação da abrangência do domínio, como se
adotou respostas do tipo “sim” e “não”, foi utilizado o Índice de Conteúdo (IC)
que calcula a porcentagem de concordância entre os juízes (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011). Neste estudo, considerou-se aceitável o índice de concor-
dância maior ou igual a 72% para o domínio ser considerado abrangente.
Em relação à escala de respostas, quanto à clareza e relevância, por ter
sido utilizada uma escala de Likert de 4 pontos, para calcular-se o nível de
concordância utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), em que:
280

IVC = número de respostas “3” e “4” / número total de respostas. Como


consenso, considerou-se o IVC igual ou superior a 0,90, tanto para validação
de cada item, como para validação geral do instrumento (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011). A clareza e a relevância do instrumento em sua totalidade foi
obtida a partir da média de todos os IVC calculados separadamente (POLIT;
BECK, 2006).
A última parte do formulário eletrônico referiu-se aos dados sociode-
mográfico dos juízes: idade, sexo, região do Brasil, formação profissional e
atuação na área temática, utilizados para caracterizar a amostra representativa

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no estudo.

Produto construído

O instrumento foi construído com os resultados da Revisão Integrativa


e das entrevistas com os enfermeiros, os quais estão apresentados a seguir.
Os dados coletados a partir das entrevistas revelaram que os enfermeiros
realizam a avaliação dos pacientes com estomias considerando o perfil, dados
para confecção do estoma; avaliação o estoma (tipos de estomia, tempo de
cirurgia, localização, características incluindo a isquemia e necrose, outras
possíveis complicações como retração, descolamento muco cutâneo e este-
nose, tamanho e forma, contribuem para a detecção e tratamento precoce
das complicações bem como fornecem subsídios para a seleção e indicação
do tipo de equipamento adequado). Esta avaliação é necessária para indi-
car o equipamento e adjuvantes adequados para cada condição, incluindo a
verificação das características da pele a qual contribui para a aderência do
equipamento coletor, detecção precoce de complicações, especialmente nos
primeiros dias de pós-operatório. Também incluem na avaliação os aspectos
relacionados ao funcionamento da estomia e do efluente, das complicações
gerais e locais, com vistas ao atendimento das necessidades identificadas, e
assim favorecer a esses pacientes a adaptação e o retorno às atividades de vida
normal. Uma observância ao equipamento utilizado e como o paciente faz
para acoplar a fixação na pele, o recorte do tamanho da estomia com orifício
da base da bolsa, proximidade da incisão cirúrgica, presença de estomias
múltiplas, complicações existentes, disponibilidade de equipamentos coletores
e adjuvantes, entre outras.
Também foi incluída a identificação do perfil de autocuidado do paciente
com estomia intestinal, pois a avaliação contínua do conhecimento dos pacien-
tes acerca do autocuidado e da habilidade nas atividades diárias permite ao
enfermeiro elaborar um plano de cuidados adaptado às reais necessidades
da pessoa com estomia intestinal, assim como também perceber o nível de
compreensão em relação às orientações fornecidas. Além disso, é preciso
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 281

conhecer as dificuldades encontradas pelos pacientes com estomia intestinal,


coletando os dados de forma sistematizada e completa.
Os passos anteriores reuniram artigos com a temática e a experiência dos
enfermeiros. No entanto, poucos itens foram extraídos destes recursos para
o conteúdo do instrumento de avaliação, haja visto a abrangência reduzida
acerca da avaliação específica do paciente com estomia intestinal. Assim,
fez-se necessário ampliar a busca nos sites, sociedades, literatura clássica,
além da experiência da pesquisadora.
A construção da versão preliminar do Instrumento de Avaliação Clí-
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nica do Paciente com Estomia Intestinal teve seu conteúdo dividido em oito
grandes domínios, subdivididos em 44 itens, de acordo com a característica
de abrangência de cada grupo de informação, a qual se apresenta a seguir:

a) Dados do paciente com estomia intestinal: contempla informações


do paciente, como nome, idade, sexo, peso, altura, índice de massa
corporal (IMC); escolaridade, estado civil, profissão/ocupação,
moradia, agravos crônicos (diabetes, hipertensão, tabagismo ou
alcoolismo) e tratamentos submetidos como quimioterapia ou radio-
terapia além da cirurgia da confecção da estomia;
b) Coleta de dados sobre a confecção da estomia, com os itens: motivo
da confecção da estomia, tempo de cirurgia, caráter de permanên-
cia da estomia, tipo de estomia intestinal, segmento da colostomia
(procedência anatômica), localização no abdome, característica da
parede abdominal próximo a estomia (até aproximadamente 10
cm), forma de exteriorização (confecção cirúrgica), abdome (con-
torno abdominal);
c) Características da estomia, com os itens: formato da estomia (irre-
gular, ovalada, circular), mucosa da estomia (íntegra, não integra,
úmida, ressecada). Coloração da mucosa (Rosa, vermelho vivo,
rubro, pálido, enegrecido); Nível da estomia (protruso, plano ou
retraído), Presença de pontos (sutura), Presença de haste de sus-
tentação, Tamanho e altura da estomia;
d) Complicações da estomia: está dividido em três itens, contendo
as três fases pós cirúrgicas que são: Complicações imediatas (pri-
meiras 24 horas pós cirúrgica); Complicações precoces (primeira
semana pós cirúrgica); Complicações tardias (até seis meses após
a cirurgia), e ainda questiona o tempo do aparecimento da compli-
cação apresentada;
e) Características da pele periestomia: seu conteúdo é de um item
denominado: Presença de alterações na pele periestomia, que está
subdividido em nove subitens, para múltiplas escolhas de alterações
282

da pele. Eritema, erosão, hiperemia, infecção, lesão necrótica, lesão


proliferativa, pústula, úlceras, varizes periestomia, outros;
f) Aspectos relacionados ao funcionamento da estomia e ao efluente:
está dividido em três itens: Se os efluentes estão presentes ou ausen-
tes; a consistência das fezes; e alterações das eliminações;
g) Equipamento utilizado: composto de oito itens, sendo eles: Tipo de
dispositivo coletor; periodicidade da troca do dispositivo coletor;
Uso de acessórios e adjuvantes; Apresenta vazamento de efluente
ou infiltração sob a base adesiva? O recorte da base da bolsa está

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adequado com o tamanho da estomia? Local de aquisição do equi-
pamento? Realiza a técnica de irrigação? Paciente tem indicação
para realizar a técnica de irrigação?
h) Perfil de autocuidado do paciente com estomia intestinal: Seu con-
teúdo está dividido em 13 itens a saber: Realiza o autocuidado? Con-
dições de higiene; Grau de dependência. Possui limitações quanto
a acuidade visual? Possui limitações quanto a destreza manual?
Possui limitações quanto ao aprendizado? Refere fraqueza, fadiga
ou desânimo? Pratica atividade física ou lazer? Possui atividade
laboral? Participa de algum grupo de apoio às pessoas estomizadas?
Gostaria de participar de algum grupo de apoio às pessoas estomi-
zadas? Passou em consulta pós-operatória após a alta hospitalar? e
Paciente tem queixas ou dúvidas quanto ao cuidado com a estomia?

O estudo contou com a participação de 29 juízes, amostra considerada


viável para a validação de conteúdo do instrumento. Todos atenderam obri-
gatoriamente o critério de ser estomaterapeuta, pois são considerados os mais
indicados para analisar o conteúdo do instrumento. O comitê de juízes foi
composto em sua maioria, por juízes do sexo feminino 93,1% (n=27), com
idade entre 20 e 60 anos, havendo superioridade da faixa etária entre 30 e 40
anos, com 41,38% (n=12) dos juízes. O tempo de atuação na enfermagem
oscilou entre seis e mais de 25 anos de experiência profissional. A maio-
ria dos profissionais trabalha de 11 a 20 anos; no que se refere à titulação
acadêmica, 65,5% (n=19) possuem mestrado, 31% (n=9) doutorado e 3,4%
(n=1) pós-doutorado.
As informações obtidas no Currículo Lattes mostraram que 79% (n=23)
dos juízes realizaram sua dissertação ou tese com tema relevante dentro da
área de estomaterapia; 86% (n=25) contam com publicações na área de esto-
materapia e 44,5% (n=13) desenvolveram trabalhos contemplando estudos
de validação.
Relacionado à localização geográfica, 17,2% (n=5) dos juízes eram pro-
cedentes da região Sul, 44,8% (n=13) do Sudeste, 3,4% (n=1) do Centro-Oeste
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 283

e 34,4% (n=10) do Nordeste do Brasil. Corroborando com este resultado,


Machado et al. (2016) analisaram o perfil da enfermagem no Brasil por regiões,
identificando que o Sudeste é responsável pela origem de 40,4% dos profissio-
nais, mais fortemente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, seguido
do Nordeste (23,9%), sendo que apenas a Bahia e Pernambuco se destacam.
O Domínio 1 contém os itens agrupados, contemplando informações do
perfil do paciente com estomia intestinal e dados clínicos. O conjunto de itens
alcançou um índice de excelência com IVC igual a 0,96, maior que o consi-
derado como aceitável para validação. Já a abrangência do domínio atingiu a
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concordância adequada, com IC de 76% (Sim=22 e Não=7). A maioria dos itens


deste domínio recebeu sugestão, como de desmembrar este domínio foi acatada,
separando-se os dados sociodemográfico e os dados clínicos do paciente com
estomia, visando a melhor compreensão e avaliação do enfermeiro.
Para o item Agravo Crônico, foram acatadas as sugestões: substituição
do termo por Comorbidades; inclusão de Acidente Vascular Encefálico (AVC),
por ser uma patologia que limita a mobilidade e a capacidade de fazer o auto-
cuidado e inserir a opção outro. As sugestões inseridas no item Tratamento,
foram de inclusão dos subitens: Nenhum Tratamento; Radioterapia mais Qui-
mioterapia; e outros, visando ampliar as opções de escolha. Foi modificado o
item Moradia para “Com Quem Reside”, facilitando o entendimento e incluído
o subitem: com companheiro(a) e filhos(as). Quanto às modificações do item
Profissão, foi alterado para Situação Trabalhista, e recebeu várias sugestões
que foram aceitas para melhorar a clareza, como inclusão dos subitens: desem-
pregado, aposentado por invalidez, do lar e outros. No item Peso, altura e IMC
(Índice de Massa Corporal), foi retirada da classificação do IMC, e mantido
somente os valores respectivos do Peso, Altura e IMC conforme sugestões
de três juízes, embora esta informação já esteja contemplada no prontuário
eletrônico do paciente (PEP). Finalmente, foi sugerido incluir o item religião,
que foi aceito para compor os dados sociodemográfico do paciente. Destaca-
-se, no entanto, que com a informatização do instrumento essas informações
não serão necessárias, visto que esses registros sociodemográfico e clínicos
acerca do paciente já constam no PEP.
Com relação ao domínio 2, Coleta de Dados sobre a Confecção da Esto-
mia, o resultado do IC encontrado mostrou uma baixa adequação quanto à
abrangência do domínio, 72% (Sim=21 e Não=8).
Em relação aos itens da Coleta de Dados sobre a Confecção da Estomia,
quanto à clareza, o item “Tempo de Cirurgia” obteve pontuação inferior a 0,90
(0,69), embora tenha atingido 0,93 de concordância para relevância assim
como todos os demais itens também apresentaram uma taxa de concordância
elevada. Observa-se a partir dos comentários dos juízes, que este item apresenta
sentido dúbio e não claro, sendo sugerida alteração para “tempo de estomia”.
284

Optou-se então em alterar a denominação do item para Tempo de Estomia, e


mantê-lo no conteúdo por esta informação ser considerada bastante relevante,
dado a importância do conhecimento das fases pós-operatórias que o paciente
se encontra, para uma assistência de enfermagem específica em cada situação.
Os juízes contribuíram com sugestões para reestruturação pertinentes
no instrumento, como acréscimos de subitens, substituição de alguns itens e
subitens, desmembramento de um subitem e a retirada de algum item. No item
Motivo da Confecção da Estomia, verificou-se que no julgamento dos juízes,
embora tenha atingido IVC 1,0 em relevância e IVC 0,90 em clareza, necessita

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de grande modificação nos subitens, conforme as observações: incluir doença
inflamatória intestinal (5 juízes); ser mais direto nas causas da confecção
dos estomas, tipo traumas, câncer, doenças inflamatórias intestinais; retirar
consequência do tratamento; e 2 sugestões para retirar o item. Para ficar mais
objetivo e claro, optou-se por retirar as opções fístula, doença benigna e con-
sequência do tratamento, sendo substituídos por: Traumas, Câncer Colorretal,
Doenças inflamatórias intestinais e outro com campo para livre digitação.
Quanto ao item “Tempo de Cirurgia”, mencionado anteriormente, 9 juízes
apontaram que o termo, que se refere ao período que a pessoa possui a estomia,
pode ser confundido com duração da cirurgia. Foram aceitas as sugestões e
substituído item por Tempo de Estomia, e os subitens de escolha alterados
para: menos que 48 horas, menos de 1 mês, de 1 a 6 meses e mais de 6 meses.
No que se refere ao item Caráter de Permanência da Estomia, ele rece-
beu sugestões de inserção do subitem “Outro” ou, quando indefinida, a colo-
cação de um espaço para observação ou motivo, visto que muitos pacientes
desconhecem o caráter de permanência da estomia. Modificou-se então os
subitens para: Definitiva, Temporária e substituído Indefinida por “outro” com
campo para livre digitação. Para o “Tipo de estomia intestinal”, no subitem
Colostomia Úmida foi sugerido colocar entre parênteses a definição (junção da
vesical junto com a intestinal), sendo retirado colostomia com fístula mucosa,
devido a observação de um juiz que não se trata de um tipo de estomia e sim
de uma complicação. Permaneceram os subitens para escolha: Ileostomia,
Colostomia e Colostomia Úmida (junção da vesical junto com a intestinal).
Quanto ao item Segmento da colostomia (procedência anatômica), foi
alterado para “Segmento da Estomia”, e os subitens receberam algumas
sugestões de desmembramento do cólon descendente e sigmoide, pois esses
segmentos são distintos e com implicações diferentes para o cuidado; e uma
sugestão de acrescentar o íleo (intestino delgado), que resulta na ileostomia.
Mantido: Cólon ascendente; Cólon transverso; Cólon descendente; Acrescen-
tado: Sigmoide e Íleo (Intestino Delgado).
O item Característica da parede abdominal próximo a estomia (até apro-
ximadamente 10cm), mesmo tendo sido avaliado como claro e relevante, foi
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 285

considerado confuso por cinco juízes, pois todas essas estruturas, ou “aci-
dentes anatômicos” estão próximos a estomia quando implantado na parede
abdominal. O item foi considerado confuso visto que existem complicações
como a hérnia e questões de má localização da estomia. Dessa forma, após
análise das sugestões, o referido item foi retirado do instrumento.
A Forma de exteriorização (confecção cirúrgica), foi alterada para “Seg-
mento Intestinal Exteriorizado”, por assim apresentar mais clareza, sendo
sugestão de um juiz. Este item obteve observações de que existem dois tipos
de exteriorização: uma ou duas bocas, sendo “em alça” o mesmo que duas
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bocas; quando duas bocas, deve ser avaliado se são justapostas ou separadas,
visto que o fato de as duas bocas serem separadas, justapostas, muito pró-
ximas ou distantes (em quadrantes diferentes), é importante, por determinar
intervenções preventivas ou curativas diferenciadas no cuidado com estomias.
Sugeriu-se ainda que este item, deveria vir logo abaixo do item “Tipo de
Estomia intestinal” para ficar mais lógico. Essas considerações foram aceitas,
ficando assim os subitens: Uma boca (terminal), Duas bocas justapostas e
Duas bocas separadas. Além de, na versão final, este item constar logo após
o item “Tipo de Estomia”.
O item Abdome (contorno abdominal), foi mantido na sua íntegra, e rece-
beu 3 sugestões de inclusão do subitem “outro”, visto que pode ser irregular,
com saliências e depressões etc. O conteúdo do item resultou então em: Plano;
Distendido; Flácido; Escavado; Globoso; Pendular/em avental; e Outros com
espaço para livre digitação.
O domínio 3, abrangência dos conteúdos quanto às Características da
Estomia, alcançou o índice de 90% (Sim=26 e Não=3), mostrando uma ele-
vada concordância dos juízes. Todos os itens obtiveram nível de concordância
acima de 0,93 tanto para clareza quanto para relevância O item foi consi-
derado abrangente, sendo que todos os itens com IVC elevado para clareza
e relevância. Contudo, dois itens, os de “Presença de Pontos” e de “Haste
de Sustentação” foram avaliados por três juízes como uma informação não
pertinente, e podendo o enfermeiro não saber qual o fio utilizado na sutura e
não possuir capacitação para a remoção dos pontos, muito menos da haste de
sustentação. Dessa forma, esses itens foram excluídos do conteúdo.
No item Formato da Estomia, foi sugerido alterar os subitens de circu-
lar para redonda e ovalada para oval, tendo 2 juízes sugerido incluir a opção
regular. Sendo assim, o item foi modificado para: Regular, Irregular, Redonda
e Oval. O item “Mucosa da Estomia” recebeu sugestões quanto à especifica-
ção no subitem relacionado à mucosa não integra, de incluir as características
como, recidiva tumoral, presença de granulomas, entre outros aspectos.
Os juízes observaram ainda que existem estomias com umidade aumen-
tada na mucosa da inserção na pele e ressecadas na parte mais alta. Para tanto,
286

após análise das observações dos juízes, optou-se em modificar os subitens


para: Íntegra; Não íntegra e Outros com campo para livre digitação.
Quanto ao item Coloração da Mucosa, foi sugerida as seguintes modi-
ficações: Como necrose não é uma coloração, pois pode ser branca, pálida,
marrom, amarelada ou preta, poderia ser substituída pelo item “Outra”. Modi-
ficado as opções de escolha para: Rosada; Vermelha; Rubra; Pálida; e Outra
com campo livre digitação. Os subitens do item Nível da Estomia foram
alterados para feminino já que está sendo avaliado a estomia, sendo mantidos
os subitens: Protrusa; Plana; Retraída; acrescentado Prolapso; alterado para

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Tamanho do diâmetro da estomia em milímetros, e Retirado altura da estomia.
O Domínio 4, Complicações da estomia, obteve uma adequação de 83%
(Sim=24 e Não=5) da abrangência. Quanto à clareza e relevância, nos três itens
elencados, a menor pontuação de IVC foi de 0,93 e 0,96, respectivamente.
Dentre as contribuições dos juízes que vieram enriquecer o conteúdo do
instrumento, uma delas foi: o termo Paraestomal ou estomal não se aplica,
conforme consulta à Academia Brasileira de Letras (ABL), a qual esclare-
ceu que não há o registro das palavras “estomal”, “ostoma” e “ostomia” no
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). Para nosso idioma,
os termos corretos a serem utilizados são “estoma” ou “estomia” e, portanto,
“pele periestoma” ou “pele periestomia”. Termos estes usados e padronizados
pela SOBEST (SOBEST, 2019). Diante disso, o termo utilizado neste estudo
foi “pele periestomia”, já que se adotou também o termo estomia e não estoma.
Quanto ao item Complicações imediatas (primeiras 24 horas pós-cirúr-
gica), os juízes observaram que é incomum a retração nas primeiras 24 horas
após a cirurgia, sugeriram a retirada de “equimose” e “evisceração”, mantendo
apenas as mais comuns, que são: edema, isquemia/necrose e sangramento ou
hemorragia. Destacaram ainda que Enterorragia não é uma complicação da
estomia, devendo ser removida. As sugestões foram acatadas, ocorrendo a
modificação dos subitens para: edema; isquemia/necrose e sangramento ou
hemorragia. Os termos enterorragia, evisceração e equimose foram excluídos
do conteúdo deste item conforme sugerido.
Às Complicações precoces (primeira semana pós-cirúrgica), foi suge-
rido acrescentar a palavra periestomia no item lesão de pele; usar o termo
“retração” que é mais comum, não usar em outro item “retração ou afunda-
mento”. Um juiz questionou se o subitem Lesão de Pele refere-se a derma-
tite, e sugeriu colocar os tipos de dermatites. Porém, os tipos de dermatites
já são diagnósticos, e como neste item não se abrange diagnóstico, somente
os achados de alterações na estomia e pele periestomia, a sugestão não foi
considerada e manteve-se o subitem lesão de pele. Os subitens foram modifi-
cados conforme sugestões, para: Sem alteração; Descolamento muco cutâneo;
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 287

retração; Evisceração; lesão na pele periestomia; e outros com espaço para


livre digitação.
Para o item Complicações tardias (até seis meses após a cirurgia), houve
um lapso ao colocar “seis” no tempo desse período pós-operatório, sendo
o correto “até meses após a cirurgia”, o que foi observado pelos juízes e
corrigido na nomenclatura do item. Foi sugerido ter um espaço para outras
complicações, como lesão da mucosa; detalhar as lesões de pele, considerado
muito generalizado, como qual tipo de lesão, lesão por pressão em mucosa por
equipamentos. Porém este detalhamento da lesão de pele não será contemplado
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neste item, pois está no conteúdo das Características da Pele Periestomia do


próximo domínio. Modificado o item para: Complicações tardias (até meses
após a alta hospitalar) e os seus subitens para: Sem alteração; Estenose; Retra-
ção; Obstrução; Fístula; Prolapso de alça; Infecção (Candidíase ou foliculite);
Hérnia periestomia; Lesão na pele periestomia; Granulomas; Lesão pseudo-
verrucosa; Lesão por Pressão na Estomia e Observação para registrar outras
alterações não contempladas nas opções acima. E ainda a pergunta: Quanto
tempo do aparecimento da alteração, com campo de livre digitação.
Para o Domínio 5, Presença de Alterações na Pele Periestomia, foi consi-
derado abrangente com índice de 86% (Sim=25 e Não=4) de concordância. O
item Presença de Alterações na pele periestomal contém 9 subitens, que foram
considerados claros e relevantes, obtendo IVC de 0,90 para ambos. Mesmo
assim, os juízes sugeriram a melhoria na descrição para melhor entendimento
do conteúdo e sua aplicação. Foi recomendado a substituição dos subitens
pelas alterações de pele periestomia conforme instrumento Peristomal Skin
Lesion Assessment (SACS) validado em 2018 no Brasil (SILVEIRA, 2018),
buscando maior evidência científica das alterações de pele periestomia e apri-
morando o instrumento.
O SACS é uma ferramenta padronizada e objetiva com a Classificação
da Pele Periestomal, considerado importante para determinar e documentar
lesões de pele periestomia, possibilitando uma avaliação objetiva, auxiliando
na tomada de decisão clínica e subsidiando o diagnóstico de enfermagem e a
identificação de mecanismos e marcadores relacionados a essas complicações
(ANTONINI; MILITELO; ARENA; VERALDI; MANFREDDA; GASPE-
RINI, 2016). Logo, a sugestão foi acatada e modificaram-se os subitens para
as opções: Sem Alteração; Hiperemia (eritema em pele periestomia com pele
intacta); Lesão Erosiva (lesão aberta que não atinge o subcutâneo, perda da
espessura parcial da pele); Lesão Ulcerativa (lesão aberta que se estende além
do tecido subcutâneo, perda da espessura total da pele); Lesão Ulcerativa com
tecido inviável (perda da espessura total da pele, com tecido morto: necrose,
esfacelo); Lesão Proliferativa (Presença de tecidos anormais como hiperplasia,
granulomas ou neoplasias); e Outros com campo para registrar outros achados.
288

No Domínio 6, Aspectos Relacionados ao Funcionamento da Estomia


e ao Efluente, 93% (Sim=27 e não=2) juízes consideraram que a abrangência
estava adequada e claros, obtendo o IVC de 0,93. Considerando as contribui-
ções dos juízes, no item “Efluentes”, que considera se estes estão presentes
ou não, foi sugerido acrescentar à opção “ausente” o período de ausência.
Para o item Consistência das Fezes, acatou-se a sugestão de substituir for-
mada por moldada, retirar semi pastosas e acrescentar a opção outras sempre
por última opção para dar mais uniformidade ao questionário. Ficando assim
os subitens após modificações: Líquida; Semi líquida; Pastosa; Moldada; e

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Outra. Quanto ao item Alterações das Eliminações, não houve sugestões de
modificação, embora tenha sido observado que o termo alteração pode não
ser adequado, visto que no caso de diarreia, fezes líquidas são normais para
uma ileostomia; sendo mantidas as opções de escolha como: Diarreia; Gases
em excesso; Constipação; e Outra.
No Domínio 7, Equipamentos Utilizados, o IVC foi de 96% (Sim=28 e
Não=1) de adequação da sua abrangência. Todos os oito itens foram considera-
dos claros e relevantes, sendo o IVC mínimo de clareza de 0,93, e relacionado
a relevância, somente 2 itens (Tipo de dispositivo coletor e uso de acessórios
e adjuvantes) obtiveram índice de 0,96, todos os demais receberam 1,0 de
concordância. Os juízes sugeriram a substituição dos termos “dispositivo
coletor” por “equipamento coletor”; usar “base adesiva” ao invés de base; e
substituir o termo acessório por “adjuvante”, visto que estas nomenclaturas
não são mais utilizadas na área da estomaterapia; sugeriu-se também substituir
a expressão “pele periestomal” por “pele periestoma” ou “pele periestomia”.
Logo, foi acatada a substituição dos termos mencionados acima e alterado ao
longo do estudo e no conteúdo do instrumento. Visando melhorar o entendi-
mento dos itens deste domínio, conforme sugestão dos juízes optou-se pela
modificação de alguns deles para: Periodicidade da troca do equipamento
coletor contendo as opções: diariamente e outro para registrar alternativas; O
recorte da base adesiva do equipamento coletor está adequado com o tama-
nho da estomia? Realiza a técnica de irrigação da colostomia? Paciente tem
indicação para realizar a técnica de irrigação da colostomia? Os demais itens
foram mantidos, como por exemplo: Local de aquisição do equipamento? e
Apresenta vazamento de efluente ou infiltração sob a base adesiva?
O Domínio 8, Perfil de Autocuidado do Paciente com Estomia Intesti-
nal, foi considerado adequado obtendo um índice elevado de 96% (Sim=28 e
Não=1) como abrangente. Seu conteúdo contém 13 itens obtendo IVC mínimo
de 0,96 para relevância e 0,93 para clareza. Ocorreram sugestões para melho-
ria do conteúdo, como a substituição do termo “pessoas estomizadas” por
“pacientes com estomias” nos itens a respeito de grupo de apoio a pessoas
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 289

estomizadas. Esta alteração foi acatada para acompanhar o termo utilizado


no decorrer do estudo. Após análise das sugestões, o item com a pergunta
Passou em consulta pós-operatória após a alta hospitalar, foi modificado
para: passou em atendimento com enfermagem ou estomaterapeuta após a
alta hospitalar? pelo fato de assim ficar mais objetiva.
Para o item referente às condições de higiene, foi sugerido excluir o
termo razoável, por ser uma resposta subjetiva e não diferenciando do termo
precária, dessa forma, manteve-se somente adequada e precária, com a opção
“outras” para descrever outras condições.
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Quanto ao item Atividade Laboral, os juízes comentaram que já foi


abordado nos dados sociodemográficos, quando foi informada a situação
trabalhista, por esse motivo o item foi excluído. Outra sugestão pertinente
foi para especificar quais são as limitações, no item da fadiga, fraqueza e
desânimo, já que as três condições estavam agrupadas em um só questiona-
mento. Decidiu-se então separar os sintomas e deixar opções para múltiplas
seleções, se apresenta todas ou somente um dos subitens e ainda observação
para registrar outras informações identificadas.
No que se refere ao questionamento se Pratica Atividade Física ou Lazer,
foi sugerido acrescentar no caso de positivo, quantas vezes por semana pra-
tica a atividade mencionada. Sendo que não foi acatada esta sugestão, pois o
importante é conhecer suas atividades e identificar suas reais necessidades.
Os demais itens que não foram contemplados com comentários ou sugestões
dos juízes foram mantidos na íntegra da versão preliminar do instrumento.
A coleta de informações referente ao paciente com estomia intestinal,
de dados clínicos como comorbidades e tratamento atual, é imprescindível
para conhecer o perfil desses pacientes, visando o planejamento do cuidado
de enfermagem e de ações voltadas para as necessidades específicas, dire-
cionando o trabalho da equipe de saúde (AGUIAR; PEREIRA; GALISTEU;
LOURENÇÃO; PINTO, 2017), favorecendo dessa forma a tomada de decisão
clínica e os melhores resultados de enfermagem.
O produto construído contempla o instrumento denominado: Avaliação
Clínica do Paciente com Estomia Intestinal. Assim, apresenta-se a seguir as
imagens do instrumento construído na versão final com os prints das telas
resultantes da informatização do instrumento no Prontuário Eletrônico do
Paciente, implementado no Sistema de Informatização em Saúde utilizado
no CEPON, o Sistema de Gestão em Saúde TASY.
290

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EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 291
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292

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

Após a validação, o Instrumento foi transcrito para os cadastros do Sis-


tema de Gestão em Saúde (TASY) utilizado no CEPON, Instituição onde
o estudo foi desenvolvido. Desse modo, disponibilizou-se em Prontuário
Eletrônico a versão final denominada “Avaliação Clínica do Paciente com
Estomia Intestinal”. Sua visualização e preenchimento ocorrem através de
campos com tópicos de seleção simples, multi-seleção, checkbox e descritivos,

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dependendo da informação a ser registrada. Também constam alguns campos
abertos para inserção de observações, em livre digitação, sendo o instrumento
intuitivo, possibilitando: maior agilidade ao preenchimento; padronização do
registro de forma efetiva; e ainda nortear o enfermeiro usuário com opções
disponíveis, reduzindo erros no processo.
Considerou-se relevante o conteúdo deste instrumento, pois para o plane-
jamento da assistência ao paciente com estomia intestinal é preciso envolver
devidamente a avaliação cuidadosa de fatores predisponentes e causais de
complicações na pele periestomia, podendo estar relacionado com o paciente,
com a estomia ou com os equipamentos e adjuvantes para estomias (PAULA;
CESARETTI, 2015).
O sucesso da assistência em estomaterapia muitas vezes está vinculado
à aplicação conjunta das formas de tecnologias do cuidado disponíveis, visto
que essas se mostram essenciais para a plena recuperação desses pacientes
(SHOJI; SOUZA; MAURÍCIO; COSTA; ALVES, 2017), sendo o instrumento
construído e validado neste estudo considerado uma tecnologia do cuidado.

Avaliação dos resultados após a implementação

Este estudo procurou contribuir com a prática profissional com uma tec-
nologia de cuidado, constituindo subsídio para os enfermeiros na assistência
ao paciente com estomia intestinal. A avaliação e exame físico adequado do
enfermeiro, com uma coleta de dados que permita a identificação da neces-
sidade de cuidados/orientações, favorece a redução de fatores de riscos às
complicações com a estomia intestinal.
Dessa forma, a utilização de um instrumento validado para avaliação
específica do paciente com estomia intestinal, viabiliza a SAE ao subsidiar
uma coleta de dados direcionada a essa população. Contribui ainda para a
instrumentalização dos enfermeiros que atuam na Instituição Oncológica,
cenário deste estudo, direcionando ainda os registros da avaliação clínica de
forma padronizada e científica.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 293

Conclusões

O instrumento desenvolvido, além de nortear o profissional na avaliação


clínica com a identificação de necessidades apresentadas pelo paciente com
estomia intestinal, subsidiou a construção das outras etapas do processo de
enfermagem, visando promover a continuidade do cuidado sistematizado e
de qualidade.
O caráter inovador e pioneiro do instrumento no contexto da SAE amplia
a especificidade da coleta e registro de dados para avaliação clínica do paciente
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oncológico com estomia intestinal.


O conteúdo do instrumento foi disponibilizado no prontuário eletrônico
do paciente, porém não vem sendo utilizado pelos enfermeiros, pois para
sua aplicação no contexto clínico necessita de educação continuada, sendo
inviabilizada pela pandemia.
294

REFERÊNCIAS
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PRODUTO 10
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE
UM BUNDLE DE CUIDADO PARA O
PACIENTE COM INFARTO AGUDO
DO MIOCÁRDIO ATENDIDO NA
EMERGÊNCIA CARDIOLÓGICA1
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Viviane Muller
Kátia Cilene Godinho Bertoncello
Thábata Larissa Agostini dos Santos

Objetivo
Construir e validar um bundle de cuidado para o paciente com infarto
agudo do miocárdio atendido na emergência cardiológica.

Introdução
As doenças cardiovasculares (DCV) ao longo dos anos vêm aumentando
as taxas de mortalidade e o número de hospitalizações (CARVALHO; PAREJA;
MAIA, 2013). No período de janeiro a maio de 2019, foram aprovadas 2.469
Autorização de Internação Hospitalar (AIH) com um valor total de 12 milhões
e 119 mil reais, onde o valor médio da internação foi de R$4.908,62, com uma
média de permanência de 5,8 dias e uma taxa de mortalidade de 9,19. Neste
mesmo período já foram contabilizados 227 óbitos através das AIH’s tabuladas
pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2019).
A taxa de mortalidade no ano de 2011 de pacientes com doenças do
aparelho circulatório, especificamente para doenças isquêmicas do coração,
no estado de Santa Catarina representa 54 óbitos por 100.000 habitantes e
o total, em todo Brasil 53,8 óbitos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2019).
Já no período de 1990 a 2010 a taxa de mortalidade para doenças isquê-
micas no país foi de 47,1 óbitos por 100.000 habitantes e no estado de Santa
Catarina foi de 47,8% óbitos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2019). Tais
dados demonstram o custo, cada vez maior, com as DCV no Sistema Único
de Saúde (SUS) e evidencia-se um aumento gradual das taxas de mortalidade
para as doenças isquêmicas do coração anualmente.
1 Linha de Investigação: Tecnologia em Saúde e Enfermagem.
298

Quando não ocorre a morte pelas DCV, muitas vezes, as sequelas e incapa-
cidades provenientes de um infarto agudo do miocárdio (IAM) também geram
despesas ao SUS. Atualmente com envelhecimento da população, juntamente
com o avanço da expectativa de vida, está havendo um aumento dos índices
de complicações das doenças, principalmente as crônicas (WHO, 2012).
Em 2017 os óbitos por IAM tiveram uma incidência maior na faixa etária
de 60 a 69 anos (627 óbitos por ocorrência), porém é necessário também aten-
ção à faixa etária de 50 a 59 anos (425 óbitos por ocorrência) (BRASIL, 2019).
Torna-se imprescindível que os profissionais que prestam atendimento

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à saúde, dentre eles os que estão nas emergências cardiológicas, sejam res-
ponsáveis pela organização da informação, pela educação permanente e con-
tinuada, como também por capacitar-se para atuar com competência técnica
científica, ética e humanística no cuidado e no tratamento dispensado, tendo
qualificação adequada para conhecer sinais e sintomas do IAM e para promo-
ver o diagnóstico e tratamento precoce, minimizando riscos e danos maiores
(MARTINS; ALVES; LORETO; ALVES, 2017).
A atuação de equipes de saúde em serviços de emergência é caracterizada
como um processo coletivo onde os enfermeiros possuem a responsabilidade
de articulação das diferentes ações profissionais que englobam os cuidados
às pessoas em situação de emergência. Neste sentido, a comunicação eficaz
entre os membros da equipe de saúde é fundamental para uma atuação efetiva
do serviço em questão e integração entre os profissionais (SANTANA-SAN-
TOS; PIRES; SILVA; SALLAI; BEZERRA; FERRETI-REBUSTINI, 2017).
O atendimento primário do IAM realizado por enfermeiros na sala de emer-
gência é baseado na identificação dos sintomas clínicos e conhecimento científico
desse profissional, para isso faz-se necessário uma sistematização dos procedi-
mentos que devem ser realizados, além do conhecimento sobre as necessidades
básicas dos usuários (ALVES; OLIVEIRA; SAMPAIO; OLIVEIRA, 2017).
O enfermeiro possui um importante papel no atendimento ao paciente
com IAM, implementando ações com o objetivo de identificar os problemas,
causas e riscos, desdobrando suas habilidades e garantindo uma atenção eficaz
na busca ou controle dos problemas, prevenindo ou retardando os agravos, é
indispensável ainda, o papel do enfermeiro como gerenciador com sua equipe
e os demais profissionais de saúde, coordenando a abordagem realizada. Para
a concretização destas atividades, é necessária uma constante atualização
para fornecer segurança e habilidade na aplicação destes cuidados vitais,
indispensáveis ao paciente cardíaco (SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO
ESTADO DE SÃO PAULO, 2015).
A Prática Baseada em Evidências (PBE) faz uso da evidência avaliada e
cientificamente comprovada na prestação dos cuidados de saúde, garantindo a
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 299

qualidade e segurança. Entre seus objetivos é capaz de amparar os profissionais


de saúde a ofertarem o melhor cuidado e tratamento possível aos pacientes,
percorridos pelas práticas tradicionais e adotando intervenções inovadoras
originadas de pesquisas sólidas (MAJID; FOO; LUYT; ZHANG; THENG;
CHANG, 2011). Os autores também abordam que o foco principal na solução
dos problemas é fundamentado em melhores evidências científicas, possibili-
tando estabelecer condutas profissionais de forma segura e organizada.
O Bundle tem sido utilizado ao longo dos anos pela simplicidade de exe-
cução, apresentando cuidados simples que preferencialmente não acarretam
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em aumento da carga de trabalho dos profissionais envolvidos, característica


importante ao lidar principalmente com profissionais que atuam em serviços
de emergência hospitalar, onde a demanda de pacientes e trabalho é intensa
(BRACHINE; PETERLINI; PEDREIRA, 2012).
No Brasil, há uma lacuna no que se refere à utilização de bundle pela
enfermagem no cuidado aos pacientes com IAM na emergência. Diante dessa
problemática, podemos questionar: quais são os cuidados que devem compor
um bundle, para ser utilizado, pelo enfermeiro, na intervenção do paciente
com infarto agudo do miocárdio, atendidos na Emergência Cardiológica?
Neste sentido, este estudo surgiu da necessidade da construção e validação
de um bundle de cuidados para o paciente com infarto agudo do miocárdio
atendido na emergência cardiológica.

Percurso metodológico

Trata-se de uma pesquisa de desenvolvimento metodológico, com


abordagem quantitativa de natureza descritiva, desenvolvido em duas
fases metodológicas.
Os estudos metodológicos tratam do desenvolvimento, da validação e da
avaliação de ferramentas e métodos de pesquisa. O aumento das solicitações por
avaliações de resultados sólidos e confiáveis, testes rigorosos de intervenções
e procedimentos sofisticados de obtenção de dados tem gerado interesse pela
pesquisa metodológica entre enfermeiros pesquisadores (MELO et al., 2017).
A construção e a validação de instrumentos de pesquisa tem sido um
método bastante utilizado, pois muitos profissionais de enfermagem têm per-
cebido a necessidade de debater esses conteúdos e constructos aplicados na
prática diária, já que nem sempre se encontram ferramentas capazes de medir
fielmente esses eventos (MARINHO; CAMPOS; RODRIGUES; GOIS; BAR-
RETO, 2016).
Cabe ressaltar que a pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pes-
quisa (CEP) envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
300

Catarina (UFSC), com o CAAE nº CAAE: 8656918.0.0000.0121, parecer


n 3.191.930.
A primeira fase da pesquisa foi constituída da realização da revisão
integrativa da literatura dos últimos cinco anos (2013-2018), para atender ao
paciente com IAM, no ambiente da Emergência Cardiológica.
A revisão integrativa foi pautada nas seguintes etapas de desenvolvi-
mento: identificação do tema, seleção da questão de pesquisa; estabelecimento
dos critérios de elegibilidade; identificação dos estudos nas bases científicas;
avaliação dos estudos selecionados e análise crítica; categorização dos estudos;

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avaliação e interpretação dos resultados e apresentação dos dados na estrutura
da revisão integrativa (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2018).
Por meio da definição do tema, a questão de pesquisa que definiu a busca
na literatura foi: quais são os cuidados de enfermagem para os pacientes com
infarto agudo do miocárdio atendidos em emergências cardiológicas?
Para análise do resultado da pesquisa bibliográfica, foi incluído artigos
científicos, publicados em português, inglês e espanhol que continham os
descritores nas estratégias de identificação dos estudos e publicados entre
2014 e 2019 nas Bases Eletrônicas de Dados LILACS/BDENF/SCIELO/
PUBMED/ SCOPUS.

Quadro 1 – Estratégia de identificação dos estudos


da revisão de literatura de 2014 e 2019
REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS
BASES DADOS ESTRATÉGIAS DE BUSCA
RECUPERADAS SELECIONADAS
Infarto do miocárdio (OR) myocardial infarction (OR)
LILACS infarto del miocárdio (AND) cuidados de enfermagem 44 11
(OR) nursing care (OR) atención de enfermeira
Myocardial infarction (OR) angina pectoris (OR)
PUBMED angina unstable (OR) acute coronary syndrome (AND) 18 6
emergency medical services (AND) nursing care
Infarto do miocárdio (AND) serviços médicos de
BDENF emergência (AND) cuidados de enfermagem (AND) 4 2
síndrome coronariana aguda
Estratégia 1: Myocardial infarction (AND) emergency
medical services (AND) nursing care.
10 4
SCOPUS Estratégia 2: Myocardial infarction (OR) angina pectoris
(OR) acute coronary syndrome (AND) emergency 2 2
medical services (AND) nursing care
Myocardial infarction (AND) emergency medical
SCIELO 13 2
services (AND) nursing care

Fonte: Autoras (2019).


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 301

Os critérios de exclusão utilizados foram: os artigos nas modalidades


cartas, resenhas, teses, dissertações, relato de experiência e editoriais, estudos
duplicados e estudos que não contemplaram o tema e que não responderam
à questão de busca.
No total foram selecionados 21 artigos. O processo de avaliação crítica
dos estudos obtidos se constitui da leitura na íntegra e avaliação. Todos os
estudos selecionados foram analisados por dois avaliadores (pesquisadora e
orientadora) e as discordâncias resolvidas com discussão e consenso.
Após a análise dos estudos encontrados na pesquisa integrativa foi elabo-
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rado o constructo, de um Bundle de oito itens, que contemplou os cuidados de


enfermagem ao paciente com IAM para o serviço de emergência cardiológica.

Quadro 2 – Bundle de cuidados para o paciente com infarto


agudo do miocárdio atendido na emergência cardiológica com as
evidências científicas encontradas na revisão de literatura
Bundle de cuidados de enfermagem para paciente com IAM
Cuidados de enfermagem Evidência científica
A equipe deve facilitar a manutenção do sono e repouso do paciente, evitando
manuseios desnecessários, diminuição dos ruídos, diminuir a intensidade das
Manter repouso por
1. luzes, quando possível, além disso, outros fatores interferem no repouso do
pelo menos 24 horas.
paciente como, ansiedade, os ruídos do ambiente, dificuldades relacionadas ao
sono (PONTE; SILVA, 2017).
Em pacientes com Infarto Agudo do miocárdio o seu posicionamento pode
2. Manter Decúbito elevado. alterar a troca gasosa, o desempenho cardíaco e circulação sanguínea periférica
(BARROS; SILVA; REIS; JERONYMO; MARTINS; LIMA, 2015).
Em presença de dor, para realização de exames, para redução do risco de
Manter jejum no mínio de 4
3. aspiração por êmese, após este prazo, comunicar equipe médica e nutrição
horas na presença de dor.
sobre estado clínico atual do paciente (PIEGAS et al., 2015).
Terapia de rotina em pacientes com congestão pulmonar e/ou saturação
Manter oxigenioterapia <90%. Quando utilizado de forma desnecessária, a oxigenioterapia por tempo
4. nas primeiras horas prolongado pode causar vasoconstrição sistêmica, aumento da resistência
(saturação de O2 <90%). vascular sistêmica e da pressão arterial, reduzindo assim, o débito cardíaco
(ANDERSON et al., 2013; SHUVY et al., 2013; NICOLAU et al., 2021).
Administrar antiagregantes
Inibe a ativação, degranulação e agregação plaquetária, diminuindo o risco de
plaquetários. – Atentar
5. morte (PIEGAS et al., 2015; SIERRA; HERNÁN; PÉREZ; CAMACHO; GAMBOA,
para as contraindicações.
2017; AMSTERDAM et al., 2014).
Conforme prescrição médica
continua...
302

continuação
Bundle de cuidados de enfermagem para paciente com IAM
Cuidados de enfermagem Evidência científica
O paciente gravemente enfermo necessita de monitorização e vigilância
gerencial e assistencial durante as 24 horas. Por isso a monitorização consiste
na produção de dados de vigilância e permite a tomada de decisão através
dessas informações. A vigilância de enfermagem, garante a segurança e
proteção com a implementação das ações de enfermagem. É necessário também
que o profissional saiba interpretar os parâmetros indicados, a fim de evitar
complicações ao paciente. Essa monitorização permite diagnosticar e identificar
a resposta ao tratamento, acompanhar a evolução do paciente e determinar a

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conduta terapêutica. Avaliar sistema cardiorrespiratório e estabilidade térmica
(BULECHEK et al., 2016). Os sinais vitais são um conjunto de medidas,
observações e monitorações que são úteis no diagnóstico e acompanhamento
da evolução e das condições clínicas dos indivíduos. Através da monitorização
Realizar ECG em até 10
rigorosa dos sinais vitais, pode-se obter uma resposta rápida ao tratamento em
6. minutos – Monitorização
casos de hipotensão, hipertermia, taquicardia, bradicardia e presença de arritmias
contínua à beira leito.
ventriculares. (T: 35,5/36,9; FC: 60 a 100bpm – Limites de alerta: < 50 bpm ou
60 >120bpm; FR: < 12 a > 20 irpm PA:120X80mmHg (FETEZER, 2013). O ECG
de 12 derivações é capaz de refletir alterações resultantes de disfunções do
miocárdio nas mais diversas possibilidades, é essencial pois é capaz de detectar
anormalidades na condução elétrica cardíaca prevendo os riscos para a vida do
paciente, além de permitir o monitoramento do segmento ST. O ECG continua
sendo um teste essencial não invasivo em pacientes com suspeita de IAM e deve
ser realizado em até 10 minutos após a chegada na unidade de emergência. A
chance de IAM é menor quando um ECG é normal ou não conclusivo, no entanto
aumenta substancialmente na presença de desvios de segmento. Portanto um
único ECG normal não exclui o IAM, recomenda-se a obtenção de ECGs em série
ou uma monitorização contínua do ECG.
A punção venosa periférica consiste no acesso à corrente sanguínea através
da introdução de um cateter especial, podendo ser mantido por até 96 horas
no sítio de inserção, cateteres mais calibrosos permitem maior fluxo que um
cateter central com o mesmo calibre, pois a resistência depende também de seu
Puncionar acesso
7. comprimento, os mais calibrosos (16 ou 14) são amplamente utilizados em casos
venoso periférico.
de emergência para infusão com fluxo alto. Cabe ao enfermeiro, juntamente com
sua equipe, providenciar a garantia de um acesso venoso periférico e calibroso
(VIZCARRA; CASSUTT; CORBITT; RICHARDSON; RUNDE; STAFFORD, 2014;
ALVES; SILVA; OLIVEIRA; ARRAIS; MENEZES JÚNIOR, 2013).
A dor é uma queixa frequente nos serviços de emergência, no entanto muitas
Realizar analgesia e vezes não é um sintoma bem abordado pela equipe de saúde. O manejo da dor
8. sedação conforme é uma tarefa complexa e exige uma avaliação criteriosa da equipe, para garantir
prescrição médica. uma conduta terapêutica apropriada, permitindo assim um tratamento eficaz da
dor (BERTONCELLO; XAVIERA; NASCIMENTO; AMANTE, 2016).

Na sequência foi realizada a segunda fase da pesquisa metodológica


que foi validar o conteúdo do Bundle de cuidados de enfermagem para o
atendimento ao paciente com IAM no serviço de emergência cardiológica.
A validação consiste em verificar se o instrumento mede aquilo a que
se propõe avaliar. A validade de conteúdo avalia se o instrumento contempla
todos os aspectos do domínio a ser pesquisado (POLIT; BECK, 2018).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 303

Para formar o time de profissionais enfermeiros juízes, que validassem


o constructo, foi realizada uma busca ativa avançada, por meio da plataforma
Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), com o objetivo de identificar profissionais enfermeiros do Brasil que
atuem como juízes das intervenções de enfermagem.
A busca foi realizada em abril de 2019, e teve como critérios de inclu-
são além de experiência em emergência: formação mínima de especialistas;
enfermeiros da área de Enfermagem em saúde do adulto e idoso; currículo
no idioma português, nacionalidade brasileira; e tempo máximo de 12 meses
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da última atualização do currículo. Esta busca resultou em população de 835


enfermeiros e potenciais juízes para validação do conteúdo do instrumento.
Como forma de aprimorar a seleção de juízes foi utilizado o Modelo de
Validação de Conteúdo de Fehring (1994). Quanto à pontuação foi: Mestre
em enfermagem (dois pontos), pesquisa com publicação em área de cardio-
logia (três pontos), doutorado (dois pontos), doutorado com tema relacionado
à cardiologia (dois pontos), prática clínica de pelo menos um ano em uni-
dade de emergência (quatro pontos), especialização em área de cardiologia
(três pontos).
Foram selecionados como juízes àqueles que obtiveram pontuação
mínima de seis pontos na classificação adaptada de Fehring (1994). Para
tanto foi realizada a leitura dos resumos dos currículos, e quando necessário
do currículo ampliado, obtendo-se um quantitativo inicial de 52 enfermei-
ros. Destes, 30 aceitaram participar do estudo, no entanto, 11 enfermeiros
realizaram a avaliação do instrumento, dentro do prazo estipulado de 30 dias.
Neste estudo o consenso foi definido como a concordância de opiniões
dos expertos, estabelecida por uma porcentagem de conformidade verificada
pelo índice de validade de conteúdo (IVC ≥0,90) e a clareza e pertinência do
instrumento foram verificadas a partir do coeficiente de validade de conteúdo
(CVC ≥0,80). Cabe ressaltar que segundo Bertoncello (2016), não há uma
descrição única de porcentagens a ser atingida para considerar o conteúdo de
um instrumento válido, mas sim recomendações.
O instrumento de avaliação para o Bundle a ser validado o conteúdo pelos
juízes, foi construído na plataforma Google Forms e constituiu de duas par-
tes: a primeira com questionamentos sobre o perfil dos juízes, com perguntas
sobre idade, sexo, formação profissional, tempo de atuação. A segunda parte
com foco na validação do instrumento em si, com a avaliação dos cuidados
de enfermagem no atendimento ao paciente com IAM na emergência.
O questionário para avaliação continha os seguintes elementos: a) intro-
dução com esclarecimentos sobre a pesquisa e participação livre, b) endereço
de e-mail do respondente, c) Termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE), d) instruções sobre o questionário, e) identificação do participante,
304

f) instruções sobre o procedimento de análise, g) questionário propria-


mente dito.
Cada item do blundle de cuidados construído, tinha uma escala do tipo
Likert de quatro pontos (1 – discordo totalmente; 2 – discordo; 3 – concordo;
4 – concordo totalmente), onde cada juiz avaliou conforme seu julgamento
técnico e teórico (PASQUALI, 2010). Para ajudar o juiz na compreensão de
cada item foi disponibilizado um anexo com informações pertinentes para a
sua avaliação e com as referências citadas nas justificativas de cada item do
instrumento construído. Ademais, foi fornecido um espaço para dúvidas e

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sugestões dos juízes especialistas.
Ao final do prazo estabelecido de 30 dias, para retorno da avaliação dos
juízes, um total de 11 juízes expertos realizaram a validação do constructo. De
maneira que, finalizado o formulário, as respostas foram encaminhadas para
uma planilha no programa Microsoft® Excel (2019), indicando o juiz e suas
respectivas respostas através de identificação alfanumérica a fim de manter
o anonimato dos participantes e tornando mais transparente a visualização
dos resultados.
Sendo assim, com o levantamento das avaliações e respostas dos avalia-
dores, procedeu-se com a análise estatística da validação.
Para análise dos dados utilizou-se Statistica (Statsoft®) e Minitab®,
estatística descritiva simples, apresentando frequências absolutas e relativas
para os dados sociodemográficos. Análises inferenciais foram realizadas para
o estudo das propriedades psicométricas.
A relevância dos itens foi obtida pela concordância intra-inter avalia-
dores por meio do Coeficiente de validade de conteúdo (CVC) e pelo índice
de confiabilidade por meio do Coeficiente de Validade de Conteúdo (IVC).
Consideraram-se válidos os itens que obtiveram concordância ≥0,80 para CVC
≥ 90. Realizou-se também análise do julgamento descritivo realizado pelos
juízes, possibilitando ajustes do instrumento, mas sem inclusão ou exclusão
de nenhum item.
A validade de conteúdo refere-se ao grau em que o conteúdo de um
instrumento reflete adequadamente o construto que está sendo medido, ou
seja, é a avaliação do quanto uma amostra de itens é representativa de um
universo definido ou domínio de um conteúdo (SOUZA; ALEXANDRE;
GUIRARDELLO, 2017).
O IVC avalia a concordância dos juízes quanto a representatividade
da medida em relação ao conteúdo abordado, que é calculado dividindo-se
o número de juízes que concordam com o item pelo número total de juízes
(IVC para cada item).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 305

Este mensura a proporção de expertos que estão em concordância sobre a


aprovação positiva (geral) dos componentes e itens (específicos) e faz-se uma
estimação da validade de conteúdo, que é facilmente calculada e utiliza-se
das pontuações da escala tipo Likert.
O cálculo da pontuação é realizado, através da soma dos itens que foram
pontuados com o valor de “3” ou “4” pelos expertos e o resultado dessa
soma é dividido entre o número total de respostas. Para a interpretação dos
dados, considerou-se como válidos os valores maiores de 0,8 que são descritos
como uma boa qualificação (PEDROSA; SUAREZ-ALVAREZ; GARCIA-
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-CUETO, 2014).

Produto construído

Constituíram o quadro de especialistas para julgamento do bundle de


cuidado para o paciente com infarto agudo do miocárdio atendido na emer-
gência cardiológica 11 profissionais enfermeiros, sendo sete (63,3%) do sexo
feminino e quatro (36,4%) do sexo masculino, com idade em média de 42,1
+ 10,1 anos.
O tempo de formação foi em mediana de 22 anos, variando de quatro a 32
anos. Sete dos especialistas apresentaram à docência como principal área de
atuação e os demais a Assistência (3) e Pesquisa (1). O tempo de experiência
foi em mediana de 15 anos, variando de quatro a 30 anos.
A construção e validação de conteúdo, a partir do julgamento de 11
juízes enfermeiros brasileiros, consistiu no Produto: Bundle de cuidados de
enfermagem para atendimento ao paciente com infarto agudo do miocárdio,
altamente confiável (CVC 0,86 e IVC 0,98), de acordo com a Figura 1.
306

Figura 1 – Bundle de cuidados para o paciente com infarto agudo do miocárdio


atendido na emergência cardiológica. Florianópolis, SC, Brasil, 2019

Cuidados de enfermagem

1- Manter repouso pelo menos por 24 horas.

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2-Manter decúbito elevado.

3-Manter jejum por no mínimo 4 horas na


presença de dor.

4-Manter oxigenioterapia nas primeiras horas


(saturação de O2 >90%).

5-Administrar antiagregantes plaquetários.


Atentar para as contraindicações.

6-Realizar ECG em até 10 minutos


Monitorização contínua à beira leito.

7-Puncionar acesso venoso periférico.

8-Realizar analgesia e sedação conforme


prescrição médica.

Implementação do produto na prática de enfermagem e os


desafios encontrados

O bundle de cuidados para o paciente com infarto agudo do miocárdio


atendido na emergência cardiológica obteve o CVC, de 0,86, considerado
satisfatório e o IVC de 0,98 indicando concordância quase perfeita.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 307

Portanto, mostrou-se válido e sua aplicação na prática poderá contribuir


para uma melhor assistência de enfermagem no atendimento ao paciente com
IAM na emergência, também auxiliará para a segurança do paciente, visto
que, trata-se de uma ferramenta de trabalho que tem como objetivo melhorar
a qualidade da assistência de enfermagem.
Cabe salientar da importância da metodologia adotada para o aperfeiçoa-
mento do instrumento, através da avaliação por enfermeiros com experiência
na assistência em emergência cardiológica, com a finalidade de garantir um
instrumento confiável, com qualidade no âmbito cientifico, e que possa ser
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aplicado na prática diária dos enfermeiros assistenciais.


A confiabilidade de um instrumento é definida como sua relação com
o processo de construção e validação de qualidade, em que o pesquisador
conhece e respeita os referenciais e domínios para um julgamento adequado
do instrumento que está sendo construído e/ou validado.
É de suma importância, que o pesquisador tenha total domínio sobre
o constructo e a população do instrumento que se refere e que o busque no
decorrer da pesquisa pelo seguimento rigoroso dos passos metodológicos,
com a finalidade de garantir instrumentos que contribuam para as interven-
ções dos profissionais da saúde (ECHEVARRÍA-GUANILO; GONÇALVES;
ROMANOSKI, 2018).
Apesar desse instrumento não ter sido aplicado ainda na prática clí-
nica, instituições podem fazê-lo e para isso devem utilizá-lo como modelo e
adaptá-lo para a sua realidade. Com o propósito de garantir bons resultados
é necessário que sua aplicabilidade seja realizada de forma rotineira e siste-
mática, a cada turno de trabalho, ou seja, nas 24 horas do dia. Pois se tratando
de pacientes em situação crítica, como são os pacientes com infarto agudo do
miocárdio, sua condição clínica pode alterar-se constantemente.
É fundamental que enfermeiros estejam fundamentados em protocolos,
guias, manuais, bundles, escalas, para garantir a qualidade da assistência
de enfermagem.
O atendimento inicial do IAM é realizado por enfermeiros na sala de
emergência, e é baseado através dos sinais e sintomas que o paciente apresenta,
por isso é necessário que a sistematização da assistência seja prestada, além
do mais, é fundamental que o enfermeiro possua uma visão ampla da assistên-
cia a ser prestada considerando, os aspectos biopsicossociais. A intervenção
deve ocorrer de forma individualizada e singular, respeitando a condição do
paciente (RIBEIRO; SILVA; LIMA, 2017).
A essência da enfermagem é o cuidado humano, e a atenção ao paciente
com infarto agudo do miocárdio não seria diferente, o enfermeiro que atua
como protagonista no cuidado ao paciente com IAM, necessita de um
308

raciocínio clínico e crítico, e esse cuidado se estende desde a chegada do


paciente até a sua alta hospitalar, através de diversas ações como: puncio-
nar veia, administrar medicamentos e fluidos, administrar oxigênio por cate-
ter nasal para evitar hipóxia e ofertar o suprimento adequado de oxigênio
para o miocárdio (ALVES; SILVA; OLIVEIRA; ARRAIAS; MENEZES
JÚNIOR, 2013).
Como também, cumprir indicações médicas, como analgesia para alivio
da dor, administração terapêutica trombolítica com atenção, com a finalidade
de evitar reações adversas, manter cabeceira elevada a 30o para diminuir a

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carga do coração, controle do balanço hidroeletrolítico, realizar o eletrocar-
diograma (ECG) para avaliação dos resultados dos pacientes, monitorar os
mesmos para detecção de possíveis complicações, como arritmias cardía-
cas atrioventricular, bloqueio, entre outras atividades (RIBEIRO; SILVA;
LIMA, 2017).
Os principais objetivos das ações de enfermagem visam: avaliar a evo-
lução dos sinais e sintomas, identificar e prevenir complicações cardíacas
irreversíveis, envolver a família e o paciente em seu tratamento. Nesse con-
texto, observa-se que a equipe de enfermagem é de extrema importância para
o atendimento a esses pacientes, sendo necessário empenho e dedicação da
equipe, visando uma assistência de qualidade (ALVES; SILVA; OLIVEIRA;
ARRAIAS; MENEZES JÚNIOR, 2013).

Avaliação dos resultados após a implementação

Apesar desse instrumento não ter sido aplicado na prática, instituições


podem fazê-lo e para isso devem utilizá-lo como modelo e adaptá-lo para a
sua realidade. Com o propósito de garantir bons resultados é necessário que
sua aplicabilidade seja realizada de forma rotineira e sistemática, a cada turno
de trabalho, ou seja, nas 24 horas do dia, pois se tratando de pacientes em
situação crítica, como são os pacientes com infarto agudo do miocárdio, sua
condição clínica pode alterar-se constantemente. É fundamental que enfermei-
ros estejam fundamentados em protocolos, guias, manuais, bundles, escalas,
para garantir a qualidade da assistência de enfermagem.

Conclusão

A construção e validação de conteúdo, a partir do julgamento de 11 juízes


enfermeiros brasileiros, consistiu na composição do bundle de cuidados de
enfermagem para atendimento ao paciente com infarto agudo do miocárdio,
altamente confiável (CVC 0,86 e IVC 0,98).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 309

Cabe salientar a importância da metodologia adotada para o aperfeiçoa-


mento de instrumentos e processos, através da avaliação por enfermeiros com
experiência na assistência em emergência cardiológica, com a finalidade de
garantir uma ferramenta confiável, e com qualidade no âmbito cientifico, e
que possa ser aplicado na prática diária dos enfermeiros assistenciais.
Considerou-se como uma limitação do estudo o fator da construção do
instrumento de cuidados envolver somente um grupo de profissionais (enfer-
meiros), uma vez que o olhar da equipe interdisciplinar, para a construção de
protocolos e ferramentas possibilita uma abordagem de cuidados integrada
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nas estratégias para a segurança do paciente relacionada ao cuidado do infarto


agudo do miocárdio.
Ainda, evidenciou-se como limitante o quantitativo de enfermeiros
especialistas participantes do processo de validação e a devolutiva da avalia-
ção do instrumento no tempo estipulado foi uma dificuldade enfrentada na
coleta de dados.
Considera-se ainda que este instrumento deva ser continuamente
aperfeiçoado e utilizado na formação e avaliação de futuros profissionais
de enfermagem.
Espera-se que o instrumento validado, seja divulgado e possa ser uti-
lizado, tanto por instituições formadoras para avaliarem seus alunos, tanto
em laboratórios de habilidades ou em campos de prática clínica, através de
programas de educação continuada, com o objetivo de promover a atualização
e processo da capacitação técnica das equipes de enfermagem.
310

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EIXO 4
PERSPECTIVAS FUTURAS
PARA O DESENVOLVIMENTO
DE NOVOS PRODUTOS
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CAPÍTULO 1
ESTRATÉGIAS PARA CONSTRUÇÃO
DE TECNOLOGIAS DE CUIDADO
QUE POSSAM SUBSIDIAR
A SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
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Neide da Silva Knihs


Ana Graziela Alvarez
Daniela Couto Carvalho Barra
Mônica Stein
Juliana Balbinot Reis Girondi

Objetivos
Discorrer sobre métodos, diretrizes e técnicas para desenvolver tecno-
logias leves, leves-duras e duras de cuidados para subsidiar a sistematização
da assistência de enfermagem.
Apresentar possibilidades de utilização de métodos, diretrizes e técnicas
empregados para elaborar, prototipar e validar tecnologias leves, leves-duras
e duras de cuidado.

Introdução

Nos últimos anos é possível observar uma rápida expansão na oferta de


produtos e processos tecnológicos desenvolvidos para atender às diversas
demandas na área da saúde. Tais tecnologias, sejam elas de caráter inovador
e/ou para melhoria de processos e técnicas, estão ocorrendo de forma abran-
gente e com ramificações significativas em todos os cenários de cuidados.
Neste contexto de inovação e desenvolvimento tecnológico destaca-se a
participação dos enfermeiros assistenciais, docentes e pesquisadores, na busca
por novos produtos e processos que possam subsidiar uma prática segura e
qualificada, nomeadamente na realização da Sistematização da Assistência
de Enfermagem (SAE).
A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 358/2009
dispõe sobre a SAE e a implementação do Processo de Enfermagem em
ambientes públicos e privados onde acontece o cuidado profissional de
318

enfermagem. A Resolução aponta sua efetivação em cinco etapas inter-re-


lacionadas, interdependentes e recorrentes, assim especificadas: I) coleta de
dados de enfermagem ou histórico de enfermagem; II) diagnóstico de enfer-
magem; III) planejamento de enfermagem; IV) implementação e V) avaliação
de enfermagem (COFEN, 2009). No artigo 6º desta resolução está disposto
que, a execução do processo de enfermagem deve ser registrada formalmente
e envolve: I) resumo dos dados coletados sobre o paciente, família ou coleti-
vidade humana num dado momento do processo saúde e doença; II) diagnós-
ticos de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade

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humana em um dado momento do processo saúde e doença; III) ações ou
intervenções de enfermagem realizadas face aos diagnósticos de enfermagem
identificados; V) resultados alcançados consequentes das ações ou interven-
ções de enfermagem realizadas (COFEN, 2009).
Destaca-se assim que, além das etapas que compõem a SAE, as tec-
nologias podem contribuir para a sua implementação e/ou aprimoramento,
bem como, permear outros aspectos como a educação em saúde, promoção
da saúde, educação continuada, tomada de decisão clínica, raciocínio clínico,
rastreamento e gerenciamento dos cuidados, controle de intervenções e resul-
tados do paciente, indicadores clínicos e de saúde, dentre outros.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe como um dos objetivos
globais para melhoria da segurança do paciente entre 2021 e 2030, o desen-
volvimento de tecnologias de cuidado capazes de gerenciar resultados, riscos
e mapear fatores relacionados aos eventos adversos em saúde. A proposta é
que essas ferramentas tecnológicas possam oportunizar relatórios de inciden-
tes, informações sistemáticas relacionadas ao paciente, vigilância dos dados
e rastreamento de informações, dados para pesquisas e mudanças na prática
clínica, além da criação de tecnologias digitais que possam apoiar a equipe na
segurança dos cuidados de enfermagem na prática clínica (OPAS; OMS, 2021).
Como é possível observar, as tecnologias estão presentes no cotidiano da
assistência à saúde. Na literatura científica, essas tecnologias podem ser con-
ceituadas e compreendidas sob diferentes aspectos. Neste capítulo, adotou-se
os conceitos propostos por Merhy (2002), assim denominadas, tecnologias
leves, leves-duras e duras.
Mehry (2002) descreve que as tecnologias leves são consideradas tec-
nologias de relações, ou seja, de produção de vínculo, fortalecimento das
relações, autonomização, acolhimento e gestão de processos de trabalho. As
tecnologias leve-duras são os saberes e conhecimentos estruturados, tais como
a clínica médica, a psicanalítica e a epidemiológica. Já as tecnologias duras
englobam equipamentos e produtos tecnológicos, ou seja, máquinas, normas,
estruturas organizacionais, entre outros.
As tecnologias leve-duras podem ser conceituadas como construção do
conhecimento por meio de saberes estruturados, teorias, modelos de cuidado,
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 319

cuidado de enfermagem, sistema de informação, organização e desenvolvi-


mento de produtos que possam proporcionar gestão dos cuidados, além de
produtos e ou saberes capazes de apoiar a promoção e educação em saúde
(MEHRY, 2002; SABINO; BRASIL; CAETANO; SANTOS; ALVES, 2016).
Importante ressaltar ainda que no cenário das tecnologias há produtos
tecnológicos como equipamentos à beira do leito, hardware clínico eletrônico,
protocolos, guidelines e equipamentos que têm impulsionado o desenvolvi-
mento e validação de prototipação de produtos. Diante de tal cenário, torna-se
fundamental que tais produtos tecnológicos sejam desenvolvidos considerando
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as normas técnicas vigentes em cada país, além de pesquisadores e empresas


associadas às pesquisas seguirem todas as etapas propostas por referenciais
metodológicos e/ou técnicas que possam dar sustentação e robustez a esses
processos. Assim, os produtos e/ou processos tecnológicos prototipados ou
desenvolvidos poderão ter uma boa receptividade no mercado, além de per-
mitir que sejam replicáveis em outros cenários e contextos de cuidados.
Reforça-se a necessidade de considerar o número crescente de tecnologias
que estão sendo produzidas e/ou prototipadas nos últimos tempos. Contudo, há
que se apontar que algumas dessas tecnologias possivelmente serão considera-
das lixo eletrônico ou tecnologias inoperantes, em virtude de serem construídas
sem o subsídio de rigorosos e coerentes referenciais teórico-metodológicos.
Diante disto, é recomendável que, antes de uma tecnologia ser implantada
em determinada instituição ou ambiente de saúde, que ela possa ser proto-
tipada, avaliada e validada na prática e por profissionais com expertise na
temática, mesmo que esse seja um produto ou processo tecnológico de menor
complexidade. Tal recomendação é pertinente por considerar a possibilidade
da realização de ajustes que atendam às reais necessidades dos profissionais
que utilizarão as tecnologias, bem como, dos beneficiados por elas e da própria
instituição em pauta.
Outra importante recomendação em relação às tecnologias voltadas para
a área da saúde refere-se à análise da viabilidade econômica, incluindo ava-
liações de eficiência, custo-efetividade, impactos orçamentários, custos de
oportunidade e a necessidade de cada produto ser incorporado pela instituição
e/ou serviço de saúde. Recomenda-se que sejam realizadas pesquisas futuras
para mensurar as evidências e indicadores que as tecnologias desenvolvidas
e implementadas impactaram na prática (BRASIL, 2009).
Além das recomendações mencionadas aponta-se ainda, a vigência da
realização de pesquisa em publicações indexadas nas principais bases de
dados especialmente na área da saúde, tais como PUBMED/MEDLINE,
Scopus, Web of Science, Scielo, Portal de Periódicos da CAPES, BIREME,
CINAHL, Cochrane, entre outras, para assegurar que não haja produtos/tec-
nologias iguais ou similares já desenvolvidos e que possam ser adaptados a
320

cada realidade. Recomenda-se que as pesquisas sejam realizadas também na


literatura cinzenta. Segundo Farace e Frantzen (1999), Botelho e Oliveira
(2017) a literatura cinzenta engloba tudo que é produzido em todos os níveis
do governo, institutos, academias, empresas e indústria, em formato impresso
e eletrônico, mas que não é controlado por editores científicos ou comerciais.
Essa rastreabilidade possivelmente contribuirá no processo para o desenvolvi-
mento de um produto pertinente, aderente e original às suas reais necessidades.
Embora as tecnologias leves, leve-duras e duras possam ser inovadoras,
atraentes e necessárias, sugere-se que as recomendações descritas sejam obser-

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vadas e adotadas pelos enfermeiros, docentes e pesquisadores, considerando
especialmente as particularidades identificadas antes do desenvolvimento e pro-
totipação de produtos tecnológicos a serem utilizados na implementação da SAE.
Além das necessidades e demandas apresentadas pelos profissionais, a equipe
envolvida no desenvolvimento das tecnologias do cuidado deve possibilitar e
promover a participação constante dos profissionais da prática em todas as etapas
do desenvolvimento do produto e, concomitantemente, seguir todas as fases e
etapas do método ou técnica escolhida para a obtenção de um resultado exitoso.
No processo de elaboração de um produto tecnológico, em muitos
momentos, os pesquisadores e equipe necessitam perpassar por diferentes
caminhos até a prototipação e validação dele, haja vista que nem sempre um
método contempla em detalhes as minúcias de etapas de desenvolvimento que
um produto tecnológico específico precisa. Métodos estruturam macro fases,
com etapas intrínsecas a cada uma, que se permitem ser adaptadas ao contexto
encontrado do problema, para melhor viabilizar a criação de soluções. Isto
implica em dizer que, em determinados momentos, é necessário a adaptação
dos métodos pelas questões das especificidades do produto, empregando fer-
ramentas e estratégias que sejam consideradas mais adequadas e aplicáveis
ao longo da elaboração das tecnologias.
Doravante, este capítulo tem como proposta apresentar e discutir alguns
métodos, diretrizes, processos e técnicas utilizadas para o desenvolvimento de
tecnologias leves, leve-duras e duras no campo da Enfermagem, bem como,
exemplificar produtos tecnológicos desenvolvidos e divulgados na literatura
a partir de métodos e/ou técnicas apropriados para determinadas finalidades.
Os exemplos apresentados visam incitar a compreensão de alguns desses
métodos, suas etapas, indicações e aplicações.

Conceitos iniciais
Para o desenvolvimento do capítulo torna-se necessário conceituar os
termos metodologia, métodos, técnicas, ferramentas e diretrizes.
Metodologia pode ser definida como a ciência que se ocupa do estudo
de métodos, técnicas ou ferramentas e de suas aplicações na definição,
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 321

organização e solução de problemas teóricos e práticos. Ou seja, equivale a


um conjunto de procedimentos para o desenvolvimento de um determinado
produto (FREITAS; COUTINHO; WAECHTER, 2013).
Os métodos são os caminhos pelo qual se atinge determinado objetivo. As
técnicas são compreendidas como a habilidade para a execução de determinada
ação ou produtos. Já as ferramentas são instrumentos ou utensílios empregados
no cumprimento desta ação (FREITAS; COUTINHO; WAECHTER, 2013).
Logo, o pesquisador poderá utilizar um método, com as técnicas e ferramentas
sugeridas por este, bem como também associar demais ferramentas e técnicas
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advindas de outros para guiar e orientar demais necessidades que possam


surgir ao logo do processo como, por exemplo, para buscar informações adi-
cionais junto à equipe de saúde ou outras áreas.
As diretrizes são orientações e caminhos que buscam guiar o pesquisa-
dor e propor melhorias e aprimoramento no desenvolvimento de produtos,
os quais apoiam mudanças, melhorias e qualidade para as práticas em saúde
(BRASIL, 2018).
Para melhor compreensão, na Figura 1 é apresentado o desenho esque-
mático dos métodos e técnicas para desenvolvimento de tecnologias leves,
leve-duras e duras.

Figura 1 – Desenho esquemático dos métodos, diretrizes e técnicas utilizadas


para o desenvolvimento de tecnologias. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Diretrizes SQUIRE;
Design Instrucional Sistemático
Role Play; (DIS);
Arco de Maguerez; Tecnologias
Design Instrucional Contextualizado
Ambiência leves (DIC);
Hospitalar Tecnologias leves
Design Centrado no Usuário (DCU);
e duras Instructional System Design (ISD);
Ciclo de Vida de Desenvolvimento de
Tecnologias duras Sistemas (CVDS)
Modelo Design, Play and Experience;
Definição, Arquitetura, Design,
Implementação-DADI Ciclo Plan-
Projetos de produtos-Mike Do-Study-Act (PDSA)
Baxter;
Metodologia projetual de
Gui;
Bonsiepe;
Metodologia ergonômica.

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2021.

Como explanado anteriormente, o método adotado para desenvolver um


produto pode necessitar de adequações conforme o contexto do problema
encontrado. O pesquisador, juntamente com sua equipe, pode então ajustar
e/ou adaptar seu método, diretriz, técnica ou ferramenta considerando a rea-
lidade encontrada diante do produto tecnológico a ser construído. A Figura
2 apresenta exemplos de tecnologias que podem ser implementadas na SAE.
322

Figura 2 – Desenho esquemático de exemplos de algumas


tecnologias leves, leve-duras e duras que apoiam o
desenvolvimento da SAE. Florianópolis, SC, Brasil, 2021
Acolhimento por meio de rodas
de conversa;
Procedimento Operacional Padrão;
Comunicação efetiva e segura
considerando as ferramentas Tecnologias Diretrizes de cuidados;
de comunicação; leves Aplicativos;
Desenvolvimento da escuta Tecnologias leves Software;
ativa e empatia aproximando-se e duras Álbuns seriados;
da realidade do outro.

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Vídeos educativos;
Tecnologias duras
Infográficos animados;
Sistema de informação.

Equipamentos (Bombas de infusão,


monitores, mantas térmicas, entre
outros);

Máquinas para perfusão;


Camas, macas, cadeiras, entre outros.

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2021.

Métodos, diretrizes e técnicas utilizados na construção das


tecnologias leves

As tecnologias leves são denominadas tecnologias de reações, tais como:


acolhimento, vínculo, empatia, escuta ativa, responsabilização, autonomiza-
ção e gestão, como forma de liderar o processo de trabalho (BRASIL, 2009;
LIMA; SOARES; RAMOS; PAIXÃO; RONCONI, 2020).
Em tempos de globalização e rápidos processos de informação, consi-
derar que acolhimento, escuta qualificada, empatia e vínculo são tecnologias
de cuidado, pode gerar em um primeiro momento a percepção de que, não
estejamos desenvolvendo tecnologias. Contudo, as tecnologias leves envolvem
diretamente ações de cuidado capazes de aproximar e/ou fortalecer as relações
interpessoais entre equipe multiprofissional, paciente, família e pessoas que
configuram redes de apoio e suporte social.
As tecnologias leves buscam centralizar os indivíduos nos processos,
promover uma escuta empática e resolutiva para as ações a serem desenvol-
vidas, além de respeitar os seres humanos no que tange sua historicidade e
autonomia, na medida do possível. A humanização está fortemente pactuada
nos conteúdos das políticas públicas levantando questionamentos e reflexões
de como se pode aprimorar, sensibilizar e agregar essas tecnologias na pro-
posta de trabalho junto a equipe de saúde e pacientes (BRASIL, 2009).
As tecnologias leves surgem para nortear os profissionais no desenvolvi-
mento, implantação e aprimoramento de cuidados baseados em evidências no
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 323

sentido de promover e estimular o uso das melhores práticas nos ambientes


de saúde. A Figura 3 apresenta os principais métodos e técnicas que podem
ser utilizados para o desenvolvimento de tecnologias leves.

Figura 3 – Desenho esquemático dos métodos, diretrizes e técnicas para o


desenvolvimento de tecnologias leves. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Role Play;
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Tecnologias Arco de Maguerez;


leves Ambiência Hospitalar.

Fonte: Elaborada pelas autoras.

Role Play

O Role Play teve sua origem no psicodrama, por suas características foi
incorporado posteriormente em atividades educativas, especialmente na área
da saúde. Esta técnica permite que uma pessoa assuma o papel de outra com
o propósito de sensibilizar os demais (RIERA; CIBANAL; MORA, 2010).
Trata-se de encenação onde as pessoas envolvidas são convidadas a atuar em
determinado cenário interpretando papéis específicos. Por conseguinte, são
convidadas a agir como se estivessem em uma situação real, resultando no
aprendizado sobre a situação experienciada, a partir do contexto e personagens
propostos (RABELO; GARCIA, 2015; COGO et al., 2016).
Segundo Priyanka e Nussbaum (2015), o Role Play proporciona desen-
volvimento de competências comunicativas, como flexibilidade e fluência na
oralidade ou competências sociolinguísticas, possibilitando que profissionais
da equipe de saúde possam desenvolver o pilar da empatia, mediante a imersão
em contextos comunicativos, empáticos e humanos. A Figura 4 apresenta o
detalhamento das etapas da técnica.
324

Figura 4 – Desenho esquemático das etapas da Técnica


Role Play. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Definição do tema, objetivos de aprendizagem,


formas de interação e tempo em cada uma das
1ª Etapa etapas

Determinação das atividades a serem


2ª Etapa desenvolvidas, as quais devem ter coerência
com os objetivos propostos.

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3ª Etapa Descrição de como as atividades serão
Técnica desenvolvidas pelos participantes (troca de
Role Play papéis).

4ª Etapa Adaptação de cada um dos papéis dentro do jogo.

5ª Etapa Execução das atividades propostas.


Sugere-se um pré-teste para ajustes.
6ª Etapa
Análise (debrefing) do Role Play. Os participantes são estimulados a
refletir sobre o aprendizado em cada uma das etapas do jogo.

7ª Etapa Acompanhamento (follow-up). As aprendizagens adquiridas são introduzidas


na prática. Os participantes são estimulados a utilizarem na prática diária.

Fonte: Adaptado de Priyanka e Nussbaum (2015).

Estudos apontam que a utilização da Role Play aproxima a vivência


da realidade e, por ser considerada uma prática de ensino de simulação, a
aprendizagem dos participantes é individual e coletiva simultaneamente. A
técnica pode oportunizar redução da ansiedade e aumento da confiança e
segurança nas ações desenvolvidas, uma vez que, diante de uma conduta/
ação incorreta, os participantes podem revisá-la e refazê-la sem compro-
meter a segurança de um paciente, além de oportunizar o desenvolvimento
de habilidades de escuta ativa e empatia (COGO et al., 2016; SEBOLD;
BOELL; FERMO; GIRONDI; SANTOS, 2018; CRESCÊNCIO; CONCEI-
ÇÃO; ALVES; COSTA; ALMEIDA, 2020; KNIHS et al., 2021).

Arco de Maguerez

O Arco de Maguerez criado pelo francês Charles Maguerez baseia-se no


princípio da aprendizagem por meio da realidade do sujeito, ou seja, aborda
um caminho metodológico capaz de orientar a prática de um profissional preo-
cupado com o desenvolvimento do seu aprendizado no ambiente de trabalho
(PRADO; VELHO; ESPÍNDOLA; SOBRINHO; BACKES, 2012).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 325

Também conhecido como “Arco da Problematização”, o método abarca


cinco etapas que se entrelaçam sendo adotado em pesquisas que abordam a
metodologia problematizadora como fundamentação teórica acerca do objeto em
estudo (BERBEL, 2012). A Figura 5 apresenta as etapas do Arco de Maguerez.

Figura 5 – Esquema representativo das etapas do Arco


de Maguerez. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Teorização
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Hipótese de
Pontos-chave
solução

Aplicação à
Observação da
realidade
realidade (problema)
(prática)

Realidade

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2021.

O primeiro passo é a observação da realidade compreendida pelo levan-


tamento da problemática e que tem relação com a realidade das pessoas envol-
vidas, do lugar onde se encontram. Nessa primeira etapa são levantados os
pontos que devem ser explorados ou investigados. Neste contexto, questio-
namentos chaves são abordados: o porquê e como os entendem ou interagem
com a situação que foi problematizada e as relações com o contexto que os
cerca. Neste processo, amplia-se as possibilidades de teorização para além
da vivência dos sujeitos buscando-se outros elementos teóricos que possam
contribuir para a reflexão dessa realidade.
Na sequência vem a etapa de buscar soluções possíveis a curto, médio
e longo prazo a partir dos recursos disponíveis para solucionar o problema.
Testam-se as possibilidades de solução encontradas nesta caminhada aplican-
do-as à realidade, refletindo sobre os resultados dessa aplicação e finalmente,
voltando à etapa de teorização.
Estudos apontam a contribuição deste método na melhora da comunica-
ção, relação empática e melhores práticas para ajustes de situações cotidianas
da prática em saúde. Além disso, oportuniza melhorias na relação interpessoal
pelo trabalho em equipe e promove a humanização, em especial junto as
326

crianças por incitar a participação e integração (FUJITA; MECENA; CAR-


MONA; SHIMO, 2016; MACEDO; VIEIRA; TEIXEIRA; GOMES; MEDEI-
ROS; MELO, 2019; SANTOS; DINIZ; NOGUEIRA; ROLIM; SARDINHA,
2019; SILVA; COSTA; SALES; JUNIOR; RENOVATO, 2020).
Como uma tecnologia leve, o Arco de Maguerez tem sido amplamente
utilizado como uma ferramenta na Enfermagem e demais áreas da saúde por
permitir envolver atividades relacionadas à assistência, ensino e pesquisa ali-
cerçados na realidade; uma vez que integra a realidade do sujeito, daquilo que
o cerca, do que o incomoda. Pode ser também utilizado como uma tecnologia

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leve junto a grupos e comunidades no sentido de problematizar a realidade
vivida, buscar hipóteses de solução, aplicá-las avaliando a sua eficácia, em
um processo constante de reflexão-ação-reflexão.

Desenvolvimento da ambiência em cenários de saúde

O método de desenvolvimento da ambiência refere-se ao tratamento


dado ao espaço físico, social, profissional e de relações interprofissionais
desenvolvidos nos ambientes de saúde, proporcionando uma atenção resolu-
tiva, acolhedora e humana. A ambiência hospitalar tem como foco central a
humanização, pressupondo a valorização das tecnologias médicas, dos com-
ponentes estéticos ou sensíveis captadas pelos órgãos do sentido e a interação
entre usuários/pacientes, profissionais e gestores. Cabe destacar que as orien-
tações sobre ambiência nos serviços de saúde constam na Política Nacional
de Humanização (PNH) (BRASIL, 2010).
O desenvolvimento da ambiência parte de três pilares apresentados
na Figura 6.

Figura 6 – Esquema representativo do método da


ambiência. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Fonte: Adaptado de Brasil (2010).


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 327

Pesquisas sobre a ambiência têm sido desenvolvidas em diversos contex-


tos da saúde, quais sejam: saúde mental, pediatria, saúde da mulher, unidade
de terapia intensiva, serviços de emergência, atenção primária, dentre outros.
No estudo de Willrich, Bieleman, Chiavagatti, Kantorski e Borges (2013),
os autores buscaram apreender a importância da ambiência de um Centro
de Atenção Psicossocial e sua relação com o processo terapêutico em saúde
mental, a partir da visão dos profissionais da equipe, usuários e familiares. Os
resultados apontaram que a ambiência é uma ferramenta que pode potenciali-
zar a reabilitação psicossocial, considerando que os vínculos afetivos/relações
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terapêuticas entre profissionais e usuários são construídos neste espaço.


No estudo de revisão sistemática que objetivou identificar e analisar a
produção de conhecimento sobre quais estratégias as instituições de saúde
têm implantado para humanizar a assistência à criança hospitalizada, uma das
evidências foi a utilização da arquitetura como forma de proporcionar bem-
-estar à criança e sua família, facilitando o desenvolvimento do processo de
trabalho dos profissionais de saúde (RIBEIRO; GOMES; THOFEHRN, 2014).
Observa-se, portanto, que o desenvolvimento da ambiência nos cenários
de saúde é uma tecnologia leve que, conforme o contexto de cada paciente,
pode ser considerada em todas as etapas da SAE. De forma geral, os estudos
sobre ambiência apontam a necessidade de se pensar o ambiente como fer-
ramenta para qualificar o cuidado e promover saúde, pautado principalmente
na humanização.

Métodos, diretrizes e técnicas que apoiam o desenvolvimento de


tecnologias leve-duras

As tecnologias leve-duras estão direcionadas a apoiar a equipe de saúde


em especial para a gestão dos processos, agilidade e efetividade na comu-
nicação entre equipe multiprofissional, gestores e rede de atenção. Tem por
objetivo agregar conhecimentos, promover desenvolvimento de novos sabe-
res e facilitar a interação entre a equipe de saúde, usuário e rede de apoio
(YOONG; NESBITT, 2017; JACKSON et al., 2018).
Esses produtos são basicamente formados considerando a internet das
coisas e/ou a informática preditiva, as quais estão diretamente relacionados
com a expansão da informática no mundo. Em 2018, a World Health Assem-
bly (WHA) reconhece a tecnologia como uma oportunidade de promover
as melhores práticas na saúde pública. Tal reconhecimento na criação da
resolução WHA 71.7 priorizou maior desenvolvimento, criação e uso das
tecnologias em saúde. Neste sentido, as tecnologias surgem como suporte aos
serviços, gestão e sistemas de saúde (WHO, 2017). Em 2021, a OMS volta a
328

reforçar nas metas globais a importância dessas tecnologias para segurança


nos cenários em saúde (OPAS; OMS, 2021).
No Sistema Único de Saúde (SUS), as tecnologias leve-duras podem
proporcionar desenvolvimento de banco de dados de domínio público das
tecnologias, contendo eficácia, efetividade, informações econômicas, além
de apresentar diretrizes assistenciais, eventos adversos e falhas terapêuticas.
Essa publicização promove agilidade na resolução de problemas, toma-
das de decisão e implementação de estratégias efetivas. Além disso, essas
tecnologias são capazes de oportunizar a integração de banco de dados de

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produção de serviços ambulatorial e hospitalar do SUS e da Saúde Suple-
mentar, bem como ligar e interligar as redes de apoio no sistema de saúde
(BRASIL, 2010).
Na Enfermagem, as tecnologias leve-duras promoveram um cenário de
evidências capazes de oportunizar ao enfermeiro a disseminação e aplicabi-
lidade de conhecimentos, além de promover espaços para a implantação da
SAE. Contudo, se faz necessário que cada um dos produtos criados, desen-
volvidos, prototipados e validados sigam estritos parâmetros legais, éticos e
metodológicos na sua elaboração, a fim de estarem embasados na cientifici-
dade e legalidade.
Neste espaço de discussão, tem-se a intenção de apresentar e discutir
alguns métodos, diretrizes, técnicas e referenciais metodológicos que podem
ser usados para desenvolver produtos relacionados a esses tipos de tecnologias.
A Figura 7 apresenta os principais métodos e técnicas capazes de proporcionar
a criação de tecnologias leve-duras.

Figura 7 – Desenho esquemático dos métodos, diretrizes e técnicas para o


desenvolvimento de tecnologias leve-duras. Florianópolis, SC, Brasil, 2021

Diretrizes SQUIRE;

Design Instrucional Sistemático (DIS);

Design Instrucional Contextualizado (DIC);

Design Centrado no Usuário (DCU);


Tecnologias leves
Instructional System Design (ISD);
e duras
Ciclo de Vida de Desenvolvimento de Sistemas (CVDS);

Modelo Design, Play and Experience;

Definição, Arquitetura, Design, Implementação-DADI Ciclo Plan-Do-

Study-Act (PDSA).

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2021.


EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 329

Diretrizes SQUIRE 2.0 (Revised Standards for Quality Improvement


Reporting Excellence)

As diretrizes SQUIRE 2.0, versão traduzida para português, vem sendo


utilizadas para criar, elaborar e prototipar produtos e/ou organizar diretri-
zes em saúde. Estas diretrizes oportunizam um modelo capaz de descrever
novos conhecimentos, propor melhorias e aprimoramento os serviços de saúde
envolvendo a formulação de produtos tecnológicos, os quais propõem apri-
morar a qualidade e segurança (OGRINC; DAVIES; GOODMAN; BATAL-
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DEN; DAVIDOFF; STEVENS, 2016; WERLANG; PANIZ; PIMENTEL;


GOMES, 2015).
Além disso, busca descrever os métodos utilizados para comprovar que os
resultados foram provenientes da(s) intervenção(ões). Essas diretrizes podem
ser adaptadas para reportar e descrever abordagens utilizadas em diferentes
áreas do conhecimento. Para tanto, se faz necessário que os autores consi-
derem cada item do SQUIRE, apresentadas na Figura 8, quando da escrita
de seus projetos, considerando que, ao depender do produto a ser gerado ou
descrito, nem todas as etapas precisarão ser utilizadas (OGRINC; DAVIES;
GOODMAN; BATALDEN; DAVIDOFF; STEVENS, 2016; WERLANG;
PANIZ; PIMENTEL; GOMES, 2015).

Figura 8 – Sumarização das etapas do método SQUIRE


Título e Resumo - Incluir
impacto do produto (qualidade,
segurança, eficiência e equidade
nos serviços de saúde).

Apontar o que foi feito, o contexto;

Introdução - Descrever o conhecimento Deixar claro a intervenção que foi realizada, além de apontar
existente, fundamento e objetivos. as medidas (abordagem escolhida para investigar o impacto
da(s) intervenção(ões);

MÉTODO Apresentar a abordagem utilizada para confirmar se os


resultados observados são provenientes e decorrentes da
intervenção(ões) análises e considerações éticas.

Resultados - destacar o que foi encontrado nas fases iniciais da(s) intervenção(ões) e sua evolução através do
tempo; detalhes das medidas e resultados do(s) processo(s); elementos contextuais que interagiram com a(s)
intervenção(ões).

Discussão - apontar a interpretação (comparativo entre resultados obtidos com achados de outras publicações;
impacto do projeto nas pessoas envolvidas e nos sistemas). Além das limitações do estudo.

Fonte: Ogrinc, Davies, Goodman, Batalden, Davidoff, Stevens (2015).

Estudos apontam que as diretrizes SQUIRE conferem ao pesquisador a


oportunidade de criar o produto, prototipar, desenvolver pré-teste e/ou teste
piloto, utilizando a tecnologia produzida como intervenção para avaliar,
330

mensurar e propor novos ajustes ao produto. Knobel, Menezes, Takemoto


(2020) produziram e prototiparam simuladores de baixa fidelidade e baixo
custo e apliaram um teste piloto utilizando esses diretrizes. Um outro estudo
desenvolveu ações de autocuidado de estudantes de enfermagem: em um teste
piloto. Nesse projeto, ações para minimizar o estresse, favorecer o autocui-
dado, além de melhorar a relação interpessoal e comunicação foram desen-
volvidos por meio do SQUIRE (GREEN, 2020).

Design Instrucional Sistemático (DIS)

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O DIS é um dos métodos mais difundidos para projetos de
desenvolvimento tecnológico, originalmente desenvolvido por Walter
Dick e Lou M. Carey, em 1978. Ele contempla cinco etapas: Análise,
Design, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação (DICK, 2012).
O método tem por objetivo promover instruções efetivas e oferecer apoio
integral no processo de ensino aprendizagem (DICK, 2012), sendo composto
de nove estágios, os quais incorporam elementos de outros modelos de design,
bem como elementos de behaviorismo, cognitivismo e construtivismo, con-
forme apresentado na Figura 9.

Figura 9 – Desenho esquemático das etapas do método Design


Instrucional Sistemático. Florianópolis, SC, Brasil, 2021
Fazer Análise Revisar
Instrucional Ensino

Desenvolver Projetar e
Identificar Definir Desenvolver Desenvolver e selecionar conduzir
objetivos Objetivos de Ferramentas Estratégia materiais avaliação
instrucionais Desempenho de Avaliação de Ensino didáticos formativa

Analisar Aprendizes
e Contextos Projetar e conduzir
avaliação somativa

Fonte: Adaptado de Dick (2012).

Design Instrucional Contextualizado (DIC)

Método aplicável a projetos de desenvolvimento tecnológico que propõe


as mesmas etapas do método DIS (Análise, Design, Desenvolvimento, Imple-
mentação e Avaliação). No entanto, diferencia-se na etapa de implementação,
que ocorre simultaneamente com as etapas de análise e design podendo agregar
novos estágios e permitindo maior detalhamento ao projeto (FILATRO, 2010).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 331

Convém destacar que modelos de design instrucional convencionais


incorporam estágios específicos em cada etapa, enquanto o método DIC
adota o entrelaçamento entre suas etapas, o que ocorre ao longo de todo o
processo de desenvolvimento da instrução/conteúdo. Deste modo, a fase de
implementação não ocorre separadamente da fase concepção, progredindo
juntas em uma série de estágios que se complementam (FILATRO, 2010).
O Quadro 1 descreve em detalhes as etapas e respectivas orientações para o
seu desenvolvimento.
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Quadro 1 – Etapas do método Design Instrucional


Contextualizado. Florianópolis, SC, Brasil, 2021
Etapas Detalhamento
Composição da equipe de trabalho, levantamento de necessidades, definição do público-alvo,
Análise revisão de literatura, escolha de conteúdos, definição de objetivos de aprendizagem e definição
infraestrutura e tecnologias necessárias.
Design Planejamento e produção de conteúdos didáticos, definição de storyboard e layout.
Desenvolvimento da estrutura e produção propriamente dita da tecnologia (programação, vídeos,
Desenvolvimento
imagens, esquemas, entre outros).
Implementação Disponibilização da tecnologia desenvolvida ao público-alvo.
Avaliação Análise de possíveis melhorias.

Fonte: Adaptado de Filatro (2010).

O DIC constitui um sistema vivo e dinâmico, que parte de uma estrutura


matricial norteadora e do planejamento de situações didáticas que preve-
jam saídas e possibilidades de abertura, fazendo com que os momentos de
aprendizagem sejam contextualizados segundo a compreensão dos fenômenos
educacionais locais (FILATRO, 2010).

Center Used Design

O Design Centrado no Usuário (DCU) é um método com abordagem


colaborativa, que considera as necessidades e o contexto de um grupo espe-
cífico de usuários finais, os quais se destina o produto, desde a fase inicial de
concepção para desenvolvimento de um aplicativo móvel em saúde (SCH-
NALL et al., 2016).
A consideração da experiência do usuário final, assim como seu envol-
vimento em cada estágio do processo de design é o grande diferencial deste
método, que mantém o foco nas preocupações e satisfação desse usuário.
Dessa forma supre uma das principais lacunas da prática de pesquisas que é
a centralidade da produção desde a sua concepção nesse usuário, permitindo
332

gerar produtos focados no paciente, eficazes, novos, viáveis e aceitáveis na


vida diária (LORIG; HOLMAN, 2003).
O método prevê o desenvolvimento das etapas: elaboração do conteúdo,
avaliação do conteúdo e construção do aplicativo (ABNT, 2014), conforme
detalhado no Quadro 2.

Quadro 2 – Etapas do método Design Centrado no Usuário


Etapas Definição

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Elaboração do
Seleção de conteúdos de interesse para o aplicativo.
conteúdo
Avaliação do
Validação do conteúdo do aplicativo por juízes experts.
conteúdo
Etapa que se desenvolve a partir de quatro momentos: definição de requisitos e elaboração
Construção do
da estrutura do aplicativo, geração de alternativas de implementação e prototipagem, testes e
aplicativo
implementação do aplicativo.

Fonte: ABNT (2014).

Destaca-se que no DCU, para a adequada interação com os usuários


durante o processo de desenvolvimento, pode ser necessária a inserção de
outros métodos tais como grupos focais, entrevistas, sessões de design par-
ticipativo e testes de usabilidade, além de testes controlados randomizados
para avaliação da eficácia do aplicativo (SCHNALL et al., 2016).

Modelo ADDIE (Analysis, Design, Development, Implementation


e Evaluation)

Esse método constitui-se do modelo sistemático de design de instrução


muito utilizado na atualidade podendo ser definido como a ação intencional
e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e
a aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais e produtos educacio-
nais, a fim de promover a aprendizagem humana (FILATRO, 2008; GÖKSU;
ÖZCAN; CAKIR; GÖKTAS, 2017).
Por seu intermédio é possível estabelecer princípios, objetivos e méto-
dos de ensino mais adequados à intervenção pretendida. Divide-se em fases
interdependentes de planejamento, onde temos sua Concepção, representada
pela Análise, Design e Desenvolvimento; e a Execução, representada pelas
etapas de Implementação e Avaliação (OLIVEIRA, 2011); conforme apre-
sentado na Figura 10.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 333

Figura 10 – Sumarização das etapas do método ADDIE


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Fonte: Oliveira (2011).

Como já mencionado, a Concepção abrange análise, design e desenvol-


vimento. A etapa de Análise é primordial pois através dela é que se define
as necessidades de aprendizagem e o público-alvo a ser atingido. Na etapa
Design são elaborados documentos essenciais como: a construção do mapa de
atividades (é um documento a ser utilizado pelos planejadores da atividades,
que serve para planejar a sequência de atividades a serem desenvolvidas de
forma organizada e sistematizada visando obter um panorama geral), a matriz
de design instrucional (é um complemento da matriz de atividades, no sentido
de detalhar melhor algumas dinâmicas/atividades mais complexas, não sobre-
carregando de informações o mapa) e o storyboard (é a especificação exata
do conteúdo a ser produzido nas atividades propostas). O Desenvolvimento
é considerado dentre todas as etapas antes da implementação a mais longa,
justamente porque nesta fase são preparados todos os materiais didáticos,
bem como da sua adaptação.
A Execução é representada pelas etapas de implementação e avaliação. A
etapa de Implementação é o desenvolvimento propriamente dito da atividade
proposta, onde ocorre a situação didática na qual se configura o ambiente de
aprendizagem. Por fim, a Avaliação analisa a solução educacional quanto aos
resultados e adequação de aprendizagem (FONTES, 2020).
334

As concepções pedagógicas do modelo ADDIE incluem a coerência entre


os objetivos e a abordagem pedagógica; contextualização de acordo com o
público-alvo; ênfase na formação e no desenvolvimento de competências;
estímulo da autonomia no aprendizado; aprendizagem significativa; cons-
trutivismo; abordagem crítica-reflexiva (LIMA; MERINO; TRISKA, 2020).
O método é considerado útil no contexto de educação on-line, em especial
por permitir a definição de metas claras e identificação de recursos a serem
alocados, além da criação de cronograma e esboço da atividade educacional
auxiliando na identificação de recursos humanos e financeiros necessários

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(CROXTON; CHOW, 2015).

Systems Development Life Cycle

O Ciclo de Vida de Desenvolvimento de Sistemas (CVDS) é um método


que prevê três abordagens para o desenvolvimento de sistemas definidas como:
ciclo de vida clássico, ciclo de vida espiral e ciclo de vida da prototipação, as
quais visam auxiliar na identificação das necessidades dos usuários (ALVES;
VANALLE, 2001).
Na abordagem clássica, o desenvolvimento do sistema ocorre mediante
análise, projeto e implementação, etapas que podem ser mais detalhadas,
realizadas em uma sequência linear, desde o diagnóstico do problema até os
testes necessários à implementação. Esta caracteriza a maior fraqueza deste
ciclo de vida, considerando que na prática pode ser necessário retornar a fase
inicial mediante problema identificado em etapa posterior, por exemplo. O
modelo exige que sejam declaradas explicitamente todas as exigências dos
usuários, o que às vezes pode ser uma tarefa difícil, impedindo que o projeto
siga o fluxo sequencial proposto pelo modelo.
No ciclo de vida da prototipação ocorre a construção de um modelo de
software, o qual será posteriormente implementado. Neste método, a definição
do sistema ocorre pela descoberta gradual e evolutiva de usuários e desen-
volvedores, de modo a obter um conjunto inicial de necessidades, implemen-
tando-as rapidamente, a fim de refinar estas necessidades de acordo com o
aumento do conhecimento do sistema (PRESSMAN, 1995).
Logo, o modelo pode assumir diferentes formas, como um protótipo em
papel ou um modelo computacional que prevê a interação do homem com
a máquina, de tal forma que o usuário perceba com clareza a existência da
interação; um protótipo de trabalho com algumas funções implementadas, que
são exigidas pelo sistema; um programa existente que executa parte ou toda
a função desejada para o novo sistema, mas com características que poderão
ser melhoradas durante o desenvolvimento.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 335

Por fim, modelo de ciclo de vida espiral mescla características do modelo


clássico e de prototipação, adicionando a análise dos riscos. Destaca-se como
um fator importante o fato de que cada ciclo é completado com uma revisão,
na presença de pessoas chaves para o produto em desenvolvimento.

Definição, Arquitetura, Design (DADI)

Esse método foi criado pelo designer americano Clement Mok em 2011,
e apresenta quatro etapas: Definição, Arquitetura, Design e Implementação;
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permitindo uma melhor organização quanto à divisão de trabalho, à reunião de


informações, à escolha do layout e à implementação da programação (LINS;
MARIN, 2012). É muito utilizado em projetos de desenvolvimento digital
(sites e sistemas interativos).
Na etapa de Definição são reunidos todos os requisitos para o desen-
volvimento do projeto: escopo, público-alvo, orçamento e as tecnologias a
serem empregadas. Esse também é o momento da coleta de dados e eleição
de conteúdos a serem analisados, a fim de avaliar o que será de interesse.
Nessa etapa desenvolve-se um protótipo em primeiro nível de navegação
para a avaliação.
Na etapa da Arquitetura ocorre a definição das regras de organização e
distribuição dos conteúdos adquiridos na fase de definição, e onde se propõe
uma estrutura hierárquica do que será apresentado, além da mensagem que o
sistema vai passar para o usuário que o estiver acessando.
Na etapa do Design a prioridade está nas funções estéticas e ergonômicas,
analisando tanto o tipo quanto o tamanho de fontes, a disposição de imagens,
a elaboração de textos curtos e que transmitam com eficácia a mensagem que
se deseja. E por fim, definem-se os protótipos de telas do sistema, para uma
melhor visualização do resultado gráfico.
Na última etapa, de Implementação, é onde vão ser testadas todas as
aplicabilidades do sistema, dos links aos recursos de software ou hardware.
Cada detalhe deve ser testado, verificando a navegabilidade e a interface. Após
essa checagem, é necessário fazer testes com usuários/clientes potenciais e
proceder a ajustes considerados necessários para que a plataforma possa ser
amplamente utilizada (OLIVEIRA, 2011).

Ferramenta Ciclo Plan-Do-Study-Act (PDSA)


Essa é uma ferramenta útil para apoiar mudanças na prática e promover
qualidade no ambiente. O Ciclo PDSA é também conhecido como o Ciclo da
Qualidade ou Ciclo de Deming. É uma técnica que tem como função básica o
auxílio no diagnóstico, análise e prognóstico de problemas organizacionais,
336

sendo extremamente útil para a solução de problemas. Poucos instrumentos


se mostram tão efetivos para a busca do aperfeiçoamento quanto este método
de melhoria contínua, tendo em vista que ele conduz a ações sistemáticas que
agilizam a obtenção de melhores resultados com a finalidade de garantir a
sobrevivência e/o crescimento das organizações (TAYLOR; McNICHOLAS;
NICOLAY; DARZI; BELL; REED, 2014; SILVA et al., 2021).
Executar um ciclo de PDSA envolve um cenário e a necessidade de
mudanças, onde um plano para testar mudanças é elaborado. Por meio do
planejamento e desenvolvimento de cada etapa deste ciclo, mudanças são

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realizadas, propondo quebra de paradigmas e novas estratégias de trabalho.
Essa ferramenta é formada por um plano para testar a mudança (planejar),
realizar o teste (fazer), observar, analisar e aprender com o teste (estudar) e
determinar quais modificações, se houver, para fazer para o próximo ciclo
(agir). A Figura 11 apresenta as etapas que compõem a ferramenta PDSA.

Figura 11 – Sumarização das etapas do PDSA

Plan (Planejamento): Do (Execução):


Planeje o teste, incluindo um Execute o teste em pequena escala.
plano para coletar dados.

Ciclo Plan do
Study-Act
(PDSA)

Act (Ação): Study (Estudo):


Avalie o que deu certo e o que Analise os resultados e compare-os
precisa ser revisto. com suas previsões.

Fonte: Taylor, McNicholas, Nicolay, Darzi, Bell, Reed (2014); Silva,


Alves, Silva, Santos, Lima, Feitosa et al. (2021).

Para iniciar as atividades desta ferramenta deve-se preencher uma plani-


lha PDSA para cada alteração testada. Na maioria dos projetos de melhoria,
as equipes testam várias mudanças diferentes. Cada etapa deverá ser seguida
com muito cuidado uma vez que, para que a mudança ocorra é necessário que
o pesquisador e equipe sigam cada passo.
O primeiro passo é desenvolver o Plan (Planejamento): Faça a pergunta
que deseja responder e uma previsão sobre o que você acha que acontecerá.
Em seguida elaborar um plano para testar a mudança (Quem? O quê? Quando?
Onde?). Nesse momento, identificar quais dados precisarão ser coletados
(TAYLOR; McNICHOLAS; NICOLAY; DARZI; BELL; REED, 2014; SILVA
et al., 2021).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 337

Na segunda etapa Do (Execução) e importante que a equipe do projeto


faça teste e, assim que possível, documente os problemas e observações ines-
peradas. Em seguida, o pesquisador deve coletar e analisar os dados. Na etapa
do Study (Estudo), ocorre a análise dos dados, onde é necessário analisar os
resultados comparando-os com as previsões. Em seguida, junto com a equipe
fazer uma reflexão do aprendizado até o momento, com ênfase para as neces-
sidades de mudanças percebidas (TAYLOR; McNICHOLAS; NICOLAY;
DARZI; BELL; REED al, 2014; SILVA; ALVES; SILVA; SANTOS; LIMA;
FEITOSA et al., 2021).
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A última etapa Act (Ação), talvez uma das mais importantes, é onde
realiza-se avaliação do que deu certo e o que precisa ser revisto. Assim,
é necessário definir o próximo passo, considerando as etapas Adapte (faça
modificações e execute outro teste), Adote (teste a mudança em uma escala
maior) ou Abandone (não faça outro teste sobre esta ideia de mudança).

Métodos e técnicas capazes de apoiar o desenvolvimento de


tecnologias duras

Dentre uma série de métodos da área das ciências exatas, como as enge-
nharias, e das sociais aplicadas, como o design, alguns métodos foram criados
como um conjunto de fases e etapas para subsidiar a elaboração de projetos
complexos, principalmente no campo das tecnologias duras.
Alguns métodos sugerem fases sequenciais e lineares, outros circulares,
outros paralelas, que evidenciam não apenas possibilidades de inter-relação
entre estas fases, mas também oganizações que podem ser sequenciais ou
alternadas, conforme a necessidade e/ou complexidade do problema a ser
solucionado, vide a representação na Figura 12.
Figura 12 – Representação esquemática de sistema de fases e etapas de métodos projetuais
338

Linear Retroactivo Espiral


PROBLEMA
Reconhecer Reconhecer
Ergonomia Custos
Analisar

Analisar Definir SOLUÇÃO


Desenvolver
idéias
Decidir Materiais
Definir Segmento
de mercado
Reavaliar

Desenvolver Avaliar
idéias
Circular
Reconhecer
A

Av
a

Ramificado
na
l

lia

Decidir
r
isa
r

Desenvolver
idéias
Analisar Avaliar

Definir Decidir Reavaliar


Reavaliar
Reav
Defin

Reconhecer Reanalisar
ir

Desenvolver
aliar

idéias Desenvolver
Definir idéias
De ver
Avaliar ci vol
Reanalisar dir
esen ias
D idé

Fonte: Costa, Silva (2013).

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EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 339

Ao logo do tempo e eficácia de uso, alguns métodos se destacaram no


meio científico e técnico com projeções e atuações nacionais e internacionais
desde os anos sessenta. O método Baxter (2000) da área design de produto
é um destes.
Da proposta de Mike Baxter (2011), a partir da metodologia apresentada
em seu livro Projeto de Produto: guia prático para o design de novos pro-
dutos, pode-se perceber um processo que tem foco no mercado competitivo
atual. As etapas e metas propostas por Baxter são orientadas por gerência de
risco e metas verificáveis “já que, ante esta competitividade, é preciso estar
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atualizado com os novos lançamentos e os produtos similares, na intenção


de trazer inovações que sejam atraentes aos mais diversos consumidores”
(MELO; RODRIGUES; CANTALICE, 2017, p. 2).
Outro autor que também obteve projeção mundial de método para desen-
volvimento de tecnologias duras foi Lobach (2000). Na Figura 13 é apresen-
tado desenho esquemático das etapas que compõem seu método.

Figura 13 – Desenho esquemático das etapas do Método de Bernd Lobach

Conhecimentos
Experiência

Intelecto Pessoa criativa Temeridade


Segurança Designer industrial Incerteza

Processo criativo
Processo de design
Processo de resolução
de problemas
4 FASES

1. Análise do problema
2. Geração de alternativas
3. Avaliação das alternativas
4. Realização da solução

Produto conceitual Produto Produto material


p. ex., idéia criativo p. ex., produto industrial

Fonte: Lobach (2000).


340

Alguns outros autores conceituados na área das tecnologias duras podem


ser mencionados, como Horst Rittel, Bruce Archer, Gui Bonsiepe, Bruno
Munari e Ambrosi & Harris (SIQUEIRA; CUNHA; PENA; CORRÊA; AMO-
RIM, 2014). Na Figura 14 são apresentados seus métodos, bem como seme-
lhanças e diferenças entre suas propostas metodológicas.

Figura 14 – Desenho esquemático de autores para


desenvolvimento de tecnologias duras
Horst Rittel Bruce Archer Gui Bonsiepe Bruno Munari Ambrose & Harris

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Situação Fase de Fase de
problemática Fase de estruturação problematização problematização
Fase analítica
do problema
Fase de pesquisa Fase de análise Fase de pesquisa
Fase de elaboração Fase criativa Projetação Fase criativa Fase criativa
Fase de Detalhamento e
Detalhamento técnico
especificação implementação
Fase de comunicação Realização Modelagem,
Fase de
avaliação e Feedback
implementação
implementação

Fonte: Siqueira, Cunha, Pena, Corrêa, Amorim et al. (2104).

Observando os autores supracitados anteriormente é possível perceber


que as macrofases se assemelham, tranquilizando quanto a sequência ideal
de projetação: entender primeiro o problema, analisando-o minuciosamente,
para então pensar em possíveis soluções e seguir para o detalhamento das
mais interessantes e passíveis de implementação, para finalmente seguir para
a prototipação e testes.
Seria possível elencar aqui uma série de vários métodos e processos
neste tópico que vieram a existir posterior ou concomitantemente, além dos
anteriores citados na Figura 14, dentro da mesma sequência ideal. Porém, a
infinidade existente e pertinente a momentos distintos desde os anos sessenta já
se encontra extensamente descrita em diversos artigos (SIQUEIRA; CUNHA;
PENA; CORRÊA; AMORIM, 2014; SOBRAL; AZEVEDO; GUIMARÃES,
2017; BUREK, 2006). Portanto, cabe neste tópico, sucintamente, salientar
que a escolha por um método ou outro para o desenvolvimento de uma tec-
nologia dura deve levar em consideração as fases e etapas que cada um pro-
põe, observando a complexidade intrínseca a cada produto que se pretende
desenvolver. Ou seja, a escolha por um ou outro método deve ser alinhado
às características do que se propões como solução, considerando aspectos
pertinentes ao mercado, matéria prima, orçamento, tecnologia disponível, e
consumidor, preferencialmente.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 341

Conclusões

Como fechamento para um capítulo que se propõem a ser amplo, porém


sucinto, em relação a métodos, ferramentas e técnicas que melhor se encai-
xam para criar tecnologias leves, leves-duras e duras, pode-se dizer que todos
partem do pressuposto de que inicialmente, primeiro se precisa analisar o pro-
blema a ser resolvido de forma susbtancial e profunda, para que se possa então
partir para as fases seguintes de criação, prototipação, testes e implementação.
Quanto maior o número de dados levantados relacionados ao contexto do
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que se pretende resolver, agentes e variáveis envolvidos no mesmo, melhor.


Neste sentido, é possível observar que a ampla gama de sequências sugeri-
das pelos diversos métodos apresentados permite que se observe que, apesar
de estarem elencados em áreas distintas de tecnologias (leves, leves-duras
e duras), podem também ser utilizados em outras áreas, caso a equipe de
projetistas assim entenda como necessário, pertinente e adaptável. E isso é
constatado na prática, conforme o conhecimento daquela equipe em relação
a quantidade de métodos existentes e onde se encaixam melhor. É um fato
a impossibilidade de domínio da vasta gama de métodos existentes, assim
como também é um fato a existência de evidências de que muitos, por serem
generalistas, embora utilizados para determinado fins e contextos, se encaixam
eficazmente em outros.
Colocar um ou outro em uma das tecnologias não os impedem de serem
também adequados a outras tecnologias, caso permitam-se ser viáveis, adap-
táveis e interessantes para as questões que estejam sendo trabalhadas.
Ou seja, o que fica claro diante da vasta explanação, é que o que os méto-
dos fazem é organizar fases com respectivas etapas condizentes as questões
que os projetistas irão enfrentar nos contextos a serem solucionados, servindo
como o orientadores e delimitadores do que deve acontecer em cada uma
delas, oferecendo o maior número de recursos possíveis de uso nas mesmas,
chamados de técnicas e ferramentas, que possam ser úteis para auxiliar nos
processos envolvidos nas particularidades de cada fase e etapas.
342

REFERÊNCIAS
ALVES, R. F. VANALLE, R. M. Ciclo de vida de desenvolvimento de
sistemas – visão conceitual dos modelos clássico, espiral e prototipação.
[S. l.], 2001. p. 1-8. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENE-
GEP2001_TR93_0290.pdf.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ergonomia da

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interação humano-sistema – métodos de usabilidade que apoiam o projeto
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CAPÍTULO 2
NOVAS PERSPECTIVAS PARA
DESENVOLVIMENTO DE
TECNOLOGIAS DE CUIDADO:
internet das coisas, informática
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preditiva e tecnologia industrial


Ana Izabel Jatobá de Souza
Mônica Stein
Juliana Balbinot Reis Girondi
Neide da Silva Knihs
Ana Graziela Alvarez
Daniela Couto Carvalho Barra

Objetivos

Apresentar, conceituar e discutir tecnologias de cuidado factíveis para


a prática dos enfermeiros, a fim de promover qualidade e segurança na sis-
tematização do cuidado.

Introdução

O enfermeiro em diferentes cenários vivencia inúmeros desafios para


implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Con-
forme já mencionado em capítulos anteriores, a SAE é um instrumento
organizacional de planejamento e execução de intervenções realizadas pela
equipe de enfermagem supervisionada pelo enfermeiro (PISSAIA; COSTA;
MORESCHI; REMPEL; CARRENO; GRANADA, 2017; SOUZA; JUNIOR;
IKEDA; LOUREIRO; REIS; FROTA, 2019).
Diante deste contexto, o enfermeiro se vê frente a desafios ímpares ao
promover a SAE em todos os ambientes de saúde e cuidado. Assim, com-
preende-se que as tecnologias de cuidado surgem como apoio à tomada de
decisão, seja na gestão, supervisão e assistência à saúde e nos cenários de
cuidado onde desenvolve sua práxis.
Nesse ínterim, os contextos da assistência em saúde impulsionaram
o profissional em direção à criação de tecnologias de cuidado nos últimos
352

anos. O apoio da internet, informática, sistemas de informação, equipes de


tecnologia da informação, engenheiros, designers entre outros profissionais
são fundamentais para a criação, testagem, validação e implementação des-
sas tecnologias.
Neste sentido, as tecnologias de cuidado até então analógicas, envol-
vem tecnologias impressas que tem se tornado digitais de forma a apoiar a
comunicação, a dupla checagem, a padronização de rotinas e cuidados, ou
ainda, podem envolver produtos tecnológicos desenvolvidos por meio da
internet das coisas, informática preditiva e tecnologia industrial. Logo, o

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avanço na informática em saúde tem oportunizado a criação e prototipação
de diversos produtos.
Vale destacar que todos esses produtos primam pela segurança, efetivi-
dade e agilidade, sendo capazes de impulsionar o cuidado de enfermagem em
direção a uma prática segura, contribuindo para a promoção de uma maior
satisfação dos clientes atendidos (PISSAIA; COSTA; MORESCHI; REMPEL;
CARRENO; GRANADA, 2017; SOUZA; JUNIOR; IKEDA; LOUREIRO;
REIS; FROTA, 2019).
Neste capítulo, o leitor terá a oportunidade de conhecer os conceitos
das tecnologias que envolvem a internet das coisas, informática preditiva
e tecnologia industrial. Ainda, será discutida a aplicabilidade desses produ-
tos por meio da apresentação de alguns estudos, a partir do qual conhecerá
alguns exemplos de produtos que já foram desenvolvidos, validados e testados
na prática.

Cenário das tecnologias

O cenário das tecnologias de cuidado remete ao significado de arte e


“habilidade” e traz consigo inúmeras dimensões que se associam ao desen-
volvimento da ciência ao longo do tempo. As tecnologias abarcam objetivos
como: “aumentar a eficiência da atividade humana nas mais variadas esfe-
ras, e para isso a tecnologia produz os mais variados objetos para atender às
necessidades da demanda ou aperfeiçoa objetos tornando-os mais duráveis ao
passo que melhora a produção ao reduzir o tempo ou o custo de certo objeto”
(KOERICH et al., 2006, p. 180).
Neste contexto, destaca-se uma importante ferramente de trabalho para
o enfermeiro, que é o raciocínio, caracterizado como: “o raciocínio teórico e
prático, conhecimentos sistemáticos e especializados cujo resultado só pode
ser alcançado mediante um planejamento eficiente e o uso cuidadoso destas
ferramentas” (KOERICH et al., 2006, p. 180). Estas autoras destacam que
muitas das produções tecnológicas surgem para atender uma necessidade e/ou
um problema a ser resolvido emergindo da prática.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 353

No que se refere à inovação tecnológica, a Lei nº 13.243/2016, que dis-


põe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação
científica e tecnológica e à inovação, conceitua este termo como a introdução
de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte
em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação
de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já
existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade
ou desempenho (BRASIL, 2016).
Na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), o termo “inovação” é descrito
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como uma atividade de caráter científico, tecnológico, organizacional, finan-


ceiro ou comercial que se executa com o objetivo de obter produtos, processos
tecnológicos e serviços totalmente novos ou melhorados de forma signifi-
cativa. Considera-se que uma inovação tenha sido implementada se estiver
aplicada à prática social ou se for usada dentro de um processo produtivo ou
de determinados serviços. Ou seja, inovação é definida como resultado da
introdução de novo conhecimento ou tecnologia econômica e socialmente
útil (BVS, 2021).
Outros dois termos (descritores) na BVS são “projetos de desenvolvi-
mento tecnológico e inovação” e “difusão de inovações”. O primeiro se refere
à projetos dirigidos para aplicação e sistematização de conhecimento para o
desenvolvimento de um produto, um processo, serviço ou equipamento. Por
exemplo, um projeto de desenvolvimento tecnológico pode implicar no desen-
volvimento de protótipos ou a transferência tecnológica. O desenvolvimento
de protótipos está direcionado ao desenvolvimento de modelos, enquanto a
transferência de tecnologia se refere ao processo por meio do qual se trans-
fere a terceiros os conhecimentos para a criação, melhoria ou otimização de
equipamentos, serviços, produtos ou processos. Já o segundo descritor trata
da ampla disseminação de ideias novas, procedimentos, técnicas, materiais e
dispositivos e o grau pelo qual estes são aceitos e usados (BVS, 2021).
A incorporação de novas tecnologias, especialmente na área da saúde,
gera novas demandas, bem como, pode aumentar a intensidade do trabalho,
uma vez que passa a requisitar multidisciplinaridade do conhecimento e de
especialidades diversas e complementares dos profissionais (SALVADOR;
OLIVEIRA; COSTA; SANTOS; TOURINHO, 2012).
No âmbito do cuidado em enfermagem as tecnologias são aplicadas e
incorporadas em seu processo de trabalho mediada pela reflexão, interpreta-
ção e análise do enfermeiro alicerçada na experiência profissional e humana
dele. Portanto, a incorporação das tecnologias no cuidado enfatiza a premente
necessidade de otimizar ferramentas e instrumentais sem esquecer a dimensão
humana que envolve o processo de cuidar em enfermagem.
354

Assim, diante do cenário de tecnologias e de inovações, nomeadamente


nas áreas de “projetos de desenvolvimento tecnológico e inovação” e “difusão
de inovações” compete ao enfermeiro manter-se constantemente instrumen-
talizado, pesquisando e conhecendo as novas tecnologias, seus conceitos e as
políticas envolvidas neste processo. Este profissional pode integrar e aplicar
novas tecnologias ao seu processo de cuidar, com destaque para a internet
das coisas, a informática preditiva e a tecnologia industrial.

Conceito e definição de internet das coisas, informática preditiva

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e tecnologia industrial

Muitas tecnologias vêm se destacando na atualidade, em especial, a


internet das coisas, a informática preditiva e tecnologia industrial, temas que
serão abordados a seguir e que possuem potencial para aplicação na área de
saúde e Enfermagem.
O termo ‘‘internet das coisas’’ (do inglês, internet of thing – IoT) tor-
nou-se popular recentemente, especialmente por enfatizar a visão de uma
infraestrutura global que conecta objetos físicos, usando o mesmo protocolo
de Internet, permitindo que eles se comuniquem e compartilhem informações
entre si (SULA; SPAHO; MATSUO; BAROLLI; MIHO; XHAFA, 2013).
Por meio destas redes é possível conectar diferentes tipos de dispositivos
(laptops, tablets, smartphones, esfigmomanômetro, monitor de frequência
cardíaca e oximetria, carros, robôs, entre outros), os quais reúnem informa-
ções úteis a partir de sensores para coleta de dados, e em seguida os transmite
para dispositivos de processamento para interpretação e tomada de decisão
(CORNEL, 2015).
A abordagem mais usada para conectar dispositivos na IoT e obter infor-
mação é ter como dispositivo um módulo eletrônico, o qual precisa ter internet
embutida em um recurso de conectividade e um serviço da web capaz de
receber e enviar dados de e para os dispositivos conectados (CORNEL, 2015).
Ou seja, trata-se da capacidade de trabalho em rede que facilita o fluxo de
informação de e para objetos e dispositivos usando a internet (DeCS, 2021).
Na área da saúde, a IoT é denominada Internet das Coisas da Saúde
(Internet of Health Things – IoHT). Costa, Pasluosta, Eskofier, Silva e Righi
(2018) conceituam como objetos que trocam e processam dados para monito-
rar o estado de saúde de um paciente. Refere-se à uma mudança de paradigma,
em que o sistema reativo está sendo substituído gradativamente por um sistema
preditivo e personalizado. A IoHT está associada às Tecnologias da Informação
e Comunicação (TICs), e como exemplos cita-se a saúde móvel (mHealth),
saúde eletrônica (eHealth) e saúde ubíqua (uHealth) (MIERONKOSKIA et al.
2017; COSTA; PASLUOSTA; ESKOFIER; SILVA; RIGHI, 2018).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 355

Já o termo “informática preditiva”, mais precisamente “análise predi-


tiva”, trata de um sinônimo do termo mineração dos dados (data mining).
A análise preditiva envolve a descrição de técnicas de análise e estatísticas
para o desenvolvimento de modelos que podem prever eventos futuros e/ou
comportamentos específicos. As técnicas para a análise preditiva se baseiam
em modelagem de dados, aprendizado de máquina (machine learning), inte-
ligência artificial, algoritmos de aprendizado profundo (deep learning) e a
mineração de dados (FINLAY, 2014; BARTLEY, 2017; GRAHAM; BOND;
QUINN; MULVENNA, 2018).
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Natarajan, Frenzel e Smaltz (2017) apontam que a análise preditiva pos-


sui em sua essência a utilização de dados existentes para a criação de um
modelo consistente que será usado para prever dados que não existem. Cabe
destacar que a análise preditiva é probabilística e não determinística, ou seja,
não é possível garantir que a predição realmente aconteça de fato.
A análise preditiva (informática preditiva) compreende, portanto, a apli-
cação de algoritmos para compreender a estrutura dos dados existentes sobre
determinado tema e gerar regras de predição, ou seja, o efeito de predizer ou
afirmar o que se acredita que vai acontecer no futuro. Estes algoritmos podem
ser utilizados em cenários não supervisionados, onde apenas preditores estão
disponíveis no conjunto de dados, ou também podem ser usados em problemas
supervisionados, quando, está disponível também, além dos preditores, uma
resposta de interesse, responsável por guiar a análise (HASTIE; TIBSHIRANI;
FRIEDMAN, 2008).
Na saúde, os modelos preditivos permitem estimar o risco de determinado
desfecho clínico ocorrer, dado um conjunto de características socioeconômi-
cas, demográficas, relacionadas ao hábito de vida e às condições de saúde
dos sujeitos (PEPE, 2005; STEYERBERG, 2009).
Ao combinar os resultados às medidas de saúde pública aplicadas em
nível populacional, a tecnologia pode trazer implicações positivas na redu-
ção de custos e efetividade de intervenções, como tratamentos e prevenção.
E ainda, pode auxiliar os gestores públicos a formular e avaliar políticas
públicas, direcionando suas intervenções de modo preventivo, considerando
a ponderação entre danos e benefícios (PEPE, 2005; STEYERBERG, 2009).
Algoritmos de inteligência artificial (machine learning) vêm sendo apli-
cados na modelagem preditiva de desfechos de interesse para a saúde, como
por exemplo, para predizer o risco de mortalidade, de readmissão hospitalar
e de desfechos desfavoráveis ao nascimento. A partir de dados coletados por
sensores ou banco de dados (entrada dos dados) são aplicados algoritmos para
predição (modelagem do algoritmo) e a predição (saída dos dados), podendo
ser usados: árvore de decisão, Support Vector Machine (SVM), redes neurais e
356

regressão linear. Os modelos usados para predição dependerão da necessidade


real para resolver o problema.
Ainda, diante do cenário dos conceitos das tecnologias, o de Tecnologia
Industrial Básica (TIB), segundo Reis (2018) abarca um conjunto de técnicas e
procedimentos destinados a codificar, analisar e normalizar diferentes aspectos
de um produto e/ou processo. A TIB inclui funções básicas como a metro-
logia, normalização e regulamentação técnica; avaliação da conformidade e
seus mecanismos (ensaios, certificação, etiquetagem e outros procedimentos
de autorização), bem como, funções relacionadas à informação tecnológica,

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tecnologias de gestão e propriedade intelectual.
As funções básicas e relacionadas da TIB estão ligadas diretamente ao
aumento da capacidade de inovação das empresas de serviços de tecnologia
da informação (REIS, 2018). Paralelamente, as diversas possibilidades no
campo da internet das coisas, informática preditiva e tecnologia industrial,
salienta-se que os métodos projetuais que levam ao desenvolvimento das
distintas soluções digitais costumam advir das áreas da computação, design
e engenharia, de forma independente ou conjunta, conforme o contexto a ser
solucionado (SIQUEIRA; CUNHA; PENA; CORRÊA; AMORIM, 2014;
BARCELLOS; BOTURA, 2019; BAHIA; PEREIRA, 2016).
Especificamente no caso do design, como área holística de convergência
de saberes, pode-se utilizar não apenas requisitos, dados e processos inerentes
ao contexto avaliado, mas inserir práticas adjacentes e complementares nas
fases projetuais que permitam juntar ao processo demais participantes rela-
cionados ao mesmo, com as chamadas atividades cocriativas. Neste sentido,
consideram-se não apenas as questões relacionadas à situação, mas também a
observação e sugestão de quem vivencia o problema ou situação diretamente
ou de forma adjacente (KRUCKEN; MOL, 2014; PRAHALAD; RAMAS-
WAMY, 2004)
Nesta direção costumam-se obter soluções e resultados mais adequados
às questões de interação digital entre ser humano e máquina, em aspectos
como sistemas e interfaces mais condizentes com as questões de usabilidade
e ergonomia relacionadas às vivências e intuições da prática daqueles que de
fato estão imersos no problema e usarão os sistemas criados ou adaptados.

Internet das coisas: oportunidades e desafios para o


desenvolvimento da sistematização do cuidado

A revolução tecnológica recente trouxe consigo novas oportunidades


e desafios para o setor da saúde e Enfermagem. Entre as várias tecnologias
destaca-se a IoT, porém estudos e aplicações na área da enfermagem ainda
são incipientes.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 357

Várias pesquisas apontam que nesta década, sistemas inteligentes serão


criados e desenvolvidos visando à melhoria da saúde e qualidade de vida
das populações. Tais sistemas caracterizar-se-ão pela onipresença (ubiqui-
dade) e poderão ser utilizados nas residências, instituições de assistência a
idosos, redes hospitalares, centros de saúde, escolas, universidades, entre
outros, o que exigirá dos profissionais, pesquisadores e empresas de tec-
nologias, desenvolvimento de dispositivos, sensores e sistemas IoT para a
gestão da saúde (ESPINOSA; LÓPEZ; MATA MATA; ESTEVEZ, 2021;
HAMAD; HIDALGO; BOUGUELIAESTEVEZ; QUERO, 2020; DE-LA-
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-HOZ-FRANCO; ARIZA-COLPAS; QUERO; ESPINILLA, 2018; BLAN-


CO-NOVOA; FERNÁNDEZ-CARAMÉS; FRAGA-LAMAS; CASTEDO,
2018; FIROUZI et al., 2018).
Mieronkoskia et al. (2017) apontam a IoT para o desenvolvimento de dis-
positivos e sensores sem fio caracterizados pelo baixo custo, pouco consumo
de energia, acesso universal à internet com importantes avanços ocorrerão
na computação em nuvem. Trata-se de um novo paradigma onde objetos
podem ser integrados em uma rede de informações para fornecer serviços de
monitoramento remoto de saúde e bem-estar.
Neste contexto, verifica-se a necessidade de os enfermeiros aprofun-
darem os conhecimentos sobre os conceitos desenvolvidos e utilizados por
outras disciplinas, bem como, identificar a extensão, natureza e alcance desta
tecnologia na prática clínica profissional; além de fortalecer parcerias com
outras áreas de conhecimentos (MIERONKOSKIA et al., 2017). A IoT per-
mite, por exemplo, o acompanhamento da situação clínica do paciente em
tempo real, seja no hospital ou na residência, por meio da conexão sem fio
entre equipamentos de monitorização (cardíaca, glicose capilar, oximetria e
pressão arterial, temperatura, sensores de movimento no leito/cama, entre
outros) (CORNEL, 2015).
No estudo de revisão de escopo realizado por Mieronkoskia et al. (2017)
acerca da IoT para cuidados de enfermagem básicos em ambiente hospita-
lar os autores evidenciaram a aplicação e/ou utilização desta tecnologia em
quatro atividades: avaliação clínica completa, reavaliação clínica periódica,
atividades de vida diária e gestão do cuidado. Cabe ressaltar, entretanto, que
as inovações proporcionadas pela IoT na Enfermagem ainda estão emergindo
na área da saúde e que a maioria das publicações identificadas é de estudos
de casos e avaliação de usabilidade.
Na pesquisa de Costa, Pasluosta, Eskofier, Silva e Righi (2018), a IoT
foi descrita como uma possibilidade para que os dados relacionados aos sinais
vitais dos pacientes internados nas enfermarias do hospital, coletados de dife-
rentes fontes fossem combinados para melhorar o diagnóstico do estado de
358

saúde e identificar possíveis ações de forma antecipada acerca de cuidados a


serem realizados mediante alertas de alterações. Concluiu-se que a IoT, espe-
cificamente a IoHT, contribui com soluções otimizadas para o gerenciamento
dos sinais vitais, uma vez que a abordagem destas tecnologias está centrada
no paciente.
A Enfermagem deve-se atentar para as novas perspectivas que despontam
no cenário do desenvolvimento de tecnologias centradas nas individualidades
de cada paciente. Lapente e Lapente (2016a, 2016b) apontam que diversos
aplicativos de saúde para a IoT possuem o potencial de serem utilizados

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de forma abrangente no cuidado ao paciente. Tais redes conectadas à IoT
possibilitam o rastreamento e análise de dados de pessoas, equipamentos,
suprimentos, entre outros; verificação dos sinais vitais e outras informações
biométricas, que detectam problemas/alterações e proporcionam agilidade no
diagnóstico, melhor qualidade de atendimento e eficiência na utilização dos
recursos necessários.
Estes mesmos autores apresentam vários exemplos de aplicação e utili-
zação da IoT para diagnósticos e/ou gestão da saúde, quais sejam:

• Bulimia (transtorno alimentar): sensores para detecção de aumento


da temperatura e/ou pressão arterial, odor de vômito em pacientes
internados ou em atendimento domiciliar; abuso de exercícios físi-
cos, treinamento cardiovascular excessivo ou caminhada acelerada
comparada à caminhada em ritmo regular e normal;
• Mal de Alzheimer: empregar geolocalização para evitar compor-
tamento de mobilidade indesejada; sensores para monitoramento
de hipertensão arterial, degeneração macular ou diabetes que são
situações frequentemente presentes nos pacientes com Alzheimer;
• Segurança e prevenção de violência de profissionais contra profissio-
nais, visitantes ou familiares contra os profissionais e/ou pacientes:
rastreamento do movimento de funcionários, pacientes e visitantes
com fornecimento de alertas mediante presença de comportamentos
ameaçadores; sensores biométricos para a detecção de sinais de
agressão ou estresse em pessoas que sofrem violência;
• Gestão de equipamentos hospitalares: bombas de infusão e anal-
gesia controlada pelo paciente e cilindros de oxigênio podem ser
monitorados quanto à necessidade de recarregar ou calibrar emitindo
alertas para as equipes de saúde;
• Gestão de suprimentos hospitalares: marcação dos insumos com
RFID (Radio Frequency Identification – Identificação por Radio-
frequência) de baixo custo ou etiquetas com código de barras
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 359

conectados à uma tecnologia IoT podem ser rastreados quando


retirados de um repositório ou administrado a um paciente ou ser
localizado mais rapidamente. Tais insumos rastreáveis incluem
suprimentos de uso único, como curativos, cateteres e itens de cui-
dados pessoais;
• Gestão de suprimentos médicos em domicílios: etiquetas RFID para
monitoramento e emissão de alertas para a equipe de saúde quando
o suprimento está sendo usado em excesso pelo paciente ou ele é
muito baixo.
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Entre os desafios relacionados aos sistemas de saúde IoT, a literatura


aponta a segurança, privacidade dos dados e confiança como principais obs-
táculos a serem observados e assegurados aos pacientes nesta área. Ou seja,
tais sistemas deverão ser confiáveis, adaptáveis, seguros e eficientes exigindo
maior interação/integração entre empresas de tecnologia desenvolvedores
de hardware e software, pesquisadores e profissionais da saúde. Destaca-se
ainda que, pesquisadores e profissionais da saúde podem criar diversos outros
aplicativos para IoT voltados para cuidados em saúde que poderiam melho-
rar consideravelmente o atendimento ao paciente, a otimização e economia
dos recursos financeiros em saúde (LAPENTE; LAPENTE, 2016a, 2016b;
FIROUZI et al., 2018).

Diferentes cenários para o uso da informática preditiva na


sistematização do cuidado

Informática preditiva, inserida no contexto da inteligência artificial,


algoritmos de aprendizado profundo, entre outros produtos proporcionam a
equipe de saúde acesso a dados volumosos, ou seja, contato com inúmeras
informações em diferentes contextos da saúde.
Neste sentido, a inteligência artificial (IA) refere-se a um sistema inte-
ligente que consiste não em um humano, mas em uma máquina e inclui o
aprendizado de máquina, que é a capacidade dos computadores em “aprender”
sem ser programado. O aprendizado profundo é um subconjunto do apren-
dizado de máquina que usa redes neurais artificiais que consistem em várias
camadas ocultas. Essas tecnologias têm sido introduzidas aos cuidados de
enfermagem nos últimos anos. Coloquialmente, o termo “inteligência arti-
ficial” é frequentemente usado para descrever máquinas (ou computadores)
que imitam funções “cognitivas” (KAUR; KUMARI, 2020).
Uma maneira acessível de entender a IA é apresentá-la em termos de
níveis: a) IA – é um programa de controle simples diretamente controlado
360

pelo operador; b) IA clássica – tem vários padrões e muitos entradas e saídas


de mapeamentos; tais sistemas são usados para pesquisar e fazer estimativas
e como bancos de dados de conhecimento; c) IA baseada na aprendizagem;
d) IA baseada em aprendizagem profunda (JOERIN; RAUWS; ACKER-
MAN, 2019).
Ainda é relativamente novo o uso da IA nas pesquisas em Enfermagem.
Contudo, já é possível identificar estudos que já apresentam o uso da IA na
prática conforme apresenta-se em alguns exemplos a seguir.
O primeiro exemplo foi o desenvolvimento de um chatbot (software

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que conversa com uma pessoa de maneira natural), o qual foi criado para
cuidar da saúde mental. Os pesquisadores descreveram que este é um serviço
de psicologia intitulado de Tess, o qual foi usado para fornecer suporte sob
demanda para profissionais de saúde, pacientes e cuidadores familiares em
uma organização sem fins lucrativos. Trata-se de um serviço de baixo custo
e altamente personalizável que permite um serviço emocional de suporte que
pode abarcar milhares de pessoas de uma só vez.
Outro exemplo, é um sistema de processamento de linguagem neural
desenvolvido que identifica relações de eventos adversos dos medicamentos.
Este sistema de aprendizagem pode ser usado para extrair relações entre medi-
camentos e eventos adversos a medicamentos. Um terceiro exemplo é do uso
de um sensor, o NurseNet, que foi instalado no piso para monitorar idosos em
uma casa de repouso, monitorando as atividades físicas dos idosos para veri-
ficar a sua saúde (JEONG, 2020; JOERIN; RAUWS; ACKERMAN, 2019).
A Coreia tem se destacado enquanto celeiro mundial na produção de
IA. Salientam-se alguns dispositivos desenvolvidos que podem contribuir na
sistematização do cuidado. Um deles trabalhou com aplicação de redes neurais
de retro programação aplicadas a diagnósticos de enfermagem. A estrutura
da rede possui três camadas: uma camada de entrada para representar sinais
e sintomas e uma de saída para diagnóstico de enfermagem, bem como uma
camada oculta. O objetivo era simplificar o uso de diagnósticos de enferma-
gem para pacientes com câncer de estômago. Os dados de 17 pacientes foram
concomitantes ao resultado produzido a partir do sistema de diagnóstico de
enfermagem que apresentou taxa de acerto de 85% (YANG; BIAN; FANG;
BJARNADOTTIR; HOGAN; WU, 2020).
Outro foi um sistema para classificar os dados sobre a adesão à medi-
cação. Uma máquina de vetores de suporte (um método de aprendizado de
máquina útil para classificação de dados) foi aplicada para identificar fatores
que predizem a adesão à medicação em pacientes com insuficiência cardíaca.
Os dados sobre a adesão medicamentosa foram coletados de pacientes de
um hospital universitário por meio de questionário autorreferido. Os dados
incluíram 11 variáveis de 76 pacientes com IC. Simulações matemáticas foram
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 361

realizadas para desenvolver um modelo de SVM, para a identificação das


variáveis que melhor predisseram a adesão medicamentosa (MINVIELLE;
AUDIFRENN, 2019).
Os dois modelos que melhor classificaram a adesão à medicação em
pacientes com IC foram: um com cinco preditores (sexo, frequência diária
do medicamento, conhecimento sobre medicamentos, classe funcional da
New York Heart Association [NYHA], cônjuge) e outro com sete preditores
(idade, escolaridade, renda mensal, fração de ejeção, Mini-Mental Status
Examination-Korean [MMSE-K], conhecimento de medicamentos, classe
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funcional NYHA) (LEE; SONG; PARK, 1996).


Por fim, foi desenvolvido um sistema de triagem para o departamento
de emergência. Através de um sistema de triagem baseado no aprendizado
de máquina e na avaliação inicial de enfermagem, criou-se um sistema efi-
ciente para prever resultados clínicos adversos (SON; KIM; KIM; CHOI;
LEE, 2010).
Outro exemplo de uma área de cuidados de enfermagem onde a IA é útil
é no pré-natal, onde são estabelecidas intervenções baseadas em registros de
enfermagem de mulheres grávidas e previsão baseada em IA do risco de parto
de acordo com a idade destas (YU; JEONG; JEONS; CHANG; CHA, 2020).
Os enfermeiros devem ser capazes de lidar com o rápido desenvolvi-
mento de ambientes de cuidados de enfermagem influenciados pela IA e deve
compreender como aplicar a IA em seu campo. É essencial o conhecimento
para adoção de medidas no intuito de se familiarizar com IA na pesquisa,
educação e prática cotidiana.

Tecnologia industrial como apoio ao desenvolvimento da


sistematização do cuidado: agilidade, segurança e gestão dos
cuidados
A abordagem da tecnologia industrial permite que se possa delinear
uma vasta diversidade de produtos de manufatura para diversos setores da
saúde, além de equipamentos e máquinas diversos e distintos. Observando
questões de agilidade, segurança e gestão do cuidado, pode-se elencar alguns
que permitam que se observem alguns pontos que enfatizam a sistematização
de ações e atividades.
As tecnologias industriais estão diretamente envolvidas com a assistência
de enfermagem, com especial atenção para apoiar e subsidiar os cuidados. Há
inúmeros produtos que podem ser citados que apoiam o trabalho do enfermeiro,
os quais foram aprimorados ou implicaram na criação de novos produtos.
Um exemplo claro desses produtos são os monitores utilizados nas
unidades de pacientes críticos. Há anos, a enfermagem disponibilizava de
362

equipamentos simples, os quais permitiam mensurar apenas a frequência


cardíaca. Ao longo dos anos, esses equipamentos foram aprimorados e, atual-
mente, eles possuem várias funções, novos parâmetros, além de diferentes
resoluções. Esses equipamentos foram aprimorados, permitindo que passassem
a ser multiparâmetros. Do ponto de vista das questões diretamente ligadas
a tecnologia industrial envolvida nestes, é perceptível não apenas questões
relacionadas as diversas engenharias envolvidas nos aspectos eletrônicos,
mecânicos e de produção na criação e confecção dos monitores para abarcarem
um número maior de parâmetros, assim como nos sistemas computacionais e

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de design ligados a relação de leitura da captação dos dados pelos eletrodos,
e sua transformação em uma linguagem gráfica adequada a leitura dos usuá-
rios da saúde, de acordo com suas necessidades que foram transformadas em
requisitos de projeto.
A identificação de uma demanda expressiva por equipamentos com mais
finalidades como estes demonstra não apenas o conjunto de necessidades a
serem atendidas pela indústria a um grande grupo de usuários, como também
a multidisciplinariedade envolvida nela para criá-los ou adaptá-los, e suas as
relações diretas com o mercado. A inexistência de aspectos positivos e claros
entre os custos de produção destes e os interesses por sua compra pelas insti-
tuições de saúde pode acarretar o não interesse de empresas para realizá-los,
explicando o porquê muitas vezes inovações nos diversos setores que com-
põem a saúde não ocorrem. Trata-se de regras intrínsecas a tecnologia indus-
trial e as implicações financeiras que as envolvem (LEAL; FIGUEIREDO,
2021). Nem sempre uma solução adequada a uma necessidade implica em
algo sustentável do ponto de vista da construção industrial sob os aspectos
monetários, infelizmente.
Certamente, o aperfeiçoamento ou criação de equipamentos tem opor-
tunizado benesses ao enfermeiro que, no caso dos monitores, aprofundam as
avaliações quanto as alterações clínicas do paciente, desenvolvem o raciocínio
clínico com maior precisão, além de tomada de decisão rápida e segura.
Outro exemplo é o desenvolvimento de uma inovadora seringa de câmara
dupla para terapêutica intravenosa e lavagem: envolvimento dos enfermeiros
por meio de uma abordagem centrada no ser humano (PARREIRA et al.,
2020). Esse produto auxilia o profissional na lavagem dos cateteres pré e
pós-administração de medicamentos pela via intravenosa periférica. Tal equi-
pamento é considerado de suma importância por permitir a prevenção de
complicações. Menos complexa que a solução dos monitores anteriormente
demonstrada, mas não menos importante diante de sua importância e aplica-
bilidade na prática, do ponto de vista da tecnologia industrial envolvida na
seringa, pode-se observar um explícita demonstração multidisciplinar entre os
processos industriais para confeccioná-la, assim como de engenharia e design
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 363

para criá-la, sem particularidades computacionais envolvidas em um produto


especificamente analógico; fato que remete à necessidade da interdisciplina-
ridade para ampliação e aprimoramento desses processos.
Vale destacar que algumas áreas da saúde têm se destacado mais no cená-
rio das tecnologias industriais. Um exemplo é o da doação de órgãos e trans-
plantes. Algumas máquinas de perfusão de órgãos foram testadas, validadas e
já estão sendo utilizadas em diferentes países. Tal tecnologia industrial traz a
possibilidade de assegurar que os órgãos sejam preservados com maior segu-
rança e efetividade, além de apoiar e respaldar a equipe de saúde quanto a
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logística da doação e do implante. Esses equipamentos asseguram maior tempo


de conservação, além de diferentes controles quanto à temperatura, tempo para
transporte e checagem de monitorização do acondicionamento dos órgãos. No
processo de doação de órgãos e transplantes o enfermeiro enquanto gestor da
logística do transporte do órgão, bem como da organização do implanta deste
órgão, tem inúmeros benefícios com essa tecnologia, em especial a rastreabili-
dade do órgão, armazenamento e acondicionamento deste órgão (GHINOLFI;
LAI; DONDOSSOLA; CARLIS; ZANIERATO; PATRONO et al., 2020).
Ainda neste cenário, destaca-se o uso de drones, equipamentos que estão
sendo testados e adaptados em diferentes realidades e países. Já é possível
perceber que o uso destes dispositivos no cenário da doação de órgãos agiliza
o processo e assegura que o implante ocorra de maneira mais breve e rápida.
Isso oportuniza um menor tempo do órgão em isquemia fria; considera dife-
rentes tempos de isquemia de acordo com o tipo de órgão. Com o uso desse
equipamento há possibilidade e aproveitamento dos órgãos considerando uma
logística mais rápida (SCALEA; RESTAINO; SCASSERO; BARTLLET;
WERELEY, 2018).
Outros produtos que estão sendo desenvolvidos e envolvem a tecnologia
industrial se relacionam a peças, objetos e artefatos para prevenção de Lesão
por Pressão. Um exemplo são os colchões de redistribuição de pressão (JIANG
et al., 2020). Destaca-se ainda, o uso de produtos de silicones desenvolvidos
para adaptar-se ao corpo e promover a proteção de proeminências ósseas
(STRAUSS; PRESTON; ZALMAN; RAO, 2019). Esses produtos asseguram
ao enfermeiro apoio para intervenções e cuidados capazes de minimizar e ou
prevenir o risco de lesão por pressão. Assim, há a possibilidade de tais pro-
dutos minimizar o risco de eventos adversos nos ambientes de saúde.
Certamente, várias outras tecnologias industriais poderiam ser apresenta-
das e discutidas neste capítulo. Contudo, a proposta central aqui é apresentar
ao leitor as oportunidades de avanços e inovações que podem proporcionar a
tecnologia industrial na SAE. É notório que tais produtos podem contribuir
de maneira efetiva para subsidiar o enfermeiro na gestão do cuidado e na
assistência direta ao paciente e família.
364

Perspectivas futuras para o desenvolvimento de novos produtos


tecnológicos capazes de apoiar e subsidiar a assistência de
enfermagem

Do ponto de vista projetual, as linhas das abordagens metodológicas


atuais deverão permanecer as mesmas, dependendo apenas do contexto a ser
trabalhado. De acordo com os aspectos envolvidos entende-se que se poderá,
na grande maioria das situações em um futuro breve, ter as necessidades de
inovação e tecnologia permeando situações que acontecem já na atualidade,

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com soluções que se mantenham no caminho da criação de sistemas compu-
tacionais com algoritmos e interfaces diferenciados que continuarão a pedir
não apenas a criação de sistemáticas computacionais de interligação de dados,
equipamentos e empresas, mas também de propostas de organizações gráficas
mais adequadas as relações de necessidade e distinções de, na grande maioria
das vezes, usuários pacientes e/ou profissionais da saúde interligadas com o
conteúdo a ser disponibilizado via base de dados.
Neste sentido, os aspectos do design e da computação devem se manter
como as bases mais usadas como sistemas organizadores dos passos projetuais
com suas ferramentas e técnicas. Já estas sim, podem variar a ponto de surgi-
rem novas e mais adequada as situações que venham a surgir, principalmente
no campo da visualização de dados.
Para sistemas mais robustos que impliquem em criações com ramificações
de diversos equipamentos e até mesmo de complexas redes de empresas e
instituições, as sistemáticas projetuais das engenharias, e até mesmo da admi-
nistração, poderão se fazer mais presentes tão logo surjam aparatos computa-
cionais que permitam tais inovações. Porém, o que fica claro é que tudo pode
mudar rapidamente com a criação de tecnologias que atualmente sequer se pode
imaginar (LIU; HUANG, 2017). Um exemplo disso é o uso da realidade virtual
e realidade aumentada, que surgiram com algumas finalidades distintas para
entretenimento, e com o passar do tempo passaram a ser foco de uso na área
da saúde, e tem-se colocado como vertentes para novos projetos no campo da
assistência e respectivas simulações de interação (TORI; HOUNSELL, 2018).
Porém, independente do campo e tipo de aparato tecnológico, reforça-se
novamente que os métodos projetuais continuarão sendo pautados nos campos
atuais do design, computação, engenharia e administração, e até mesmo na
área de métodos de desenvolvimento de jogos e entretenimento que, por conta
das novas tecnologias de interação e programação, passaram a despontar como
possibilidades projetuais quando o assunto envolve aquisição de conhecimento
de forma lúdica (COSTA; MACHADO; MORAES, 2014; BRANDÃO; WHI-
TAKER; OLIVEIRA; LESSA; LOPES; CAMARGO et al., 2019).
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 365

Do mesmo jeito, entende-se também que o crescimento das sistemáticas


metodológicas consideradas rápidas e advindas das Startups, pautadas na
abordagem filosófica que cunhou o termo “métodos ágeis”, com suas técni-
cas e ferramentas projetuais como scrum e kanban, advindas das inovações
sistemáticas da atividade projetual computacional, estabeleceram-se como
processos de rápida prototipagem de ideias de soluções para testes de viabi-
lidade de produtos, serviços e processos. Independente do tipo de solução,
projetualmente acabaram por colocar-se também como um dos vieses atuais
e de perspectiva de contínuo uso no futuro. Embora não discutidas neste capí-
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tulo, mas em outros, vem ganhando amplo espaço de destaque em discussões


que aprodundam seus benefícios em diversas áreas, como na saúde (CRUZ;
GONÇALVES; GIACOMO, 2019; HOHL et al., 2018).

Conclusões

No que tange às novas perspectivas para desenvolvimento de tecnologias


de cuidado, se observado as áreas da internet das coisas, informática preditiva
e tecnologia industrial pode-se dizer conclusivamente que a grande maioria
dos exemplos apresentados comprovam a ligação direta com os avanços rela-
cionados a computação que subsidia as soluções criadas, independentemente
do método ou tecnologia utilizada.
Os massivos esforços relacionados ao uso adequado e estratégico dos
algoritmos que transformam dados em um conjunto de estruturas semânticas
permite que diversas comunicações sejam efetivadas para que aplicativos e
máquinas diversas, entre outros, realizem um conjunto de ações planejados
para alcançar os objetivos traçados.
Vivenciamos uma época de grandes transformações tecnológicas as quais
inevitavelmente atingirão a saúde e enfermagem, saindo do campo da pes-
quisa para utilização em benefício do cuidado seguro de pacientes em todos
os níveis de atenção à saúde. Tamanho desafio exige cada vez mais que o
enfermeiro se mantenha atualizado e participe deste processo de mudança,
tanto em pesquisas que busquem soluções para os problemas da prática, quanto
na discussão e desenvolvimento de políticas públicas relacionadas ao tema.
366

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Capítulos apresentados nesta Obra: Experiências Práticas para a
Implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em Instituições
de Saúde, à guisa de considerações finais, trazem conhecimentos importantes
construídos em temáticas frente às necessidades oriundas da prática profis-
sional dos pós-graduandos em Mestrado Profissional em Gestão do Cuidado
de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
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No conjunto da Obra destacam-se pontos relevantes, tais como:

• A Enfermagem é ciência, arte, tecnologia e profissão social, centrada


em bases teóricas e filosóficas de saúde e vida da pessoa como ser
humano integral e integrado à natureza, mundo com objetividades,
subjetividades e intersubjetividades. Estas bases a possibilita ser
constituída e reconhecida como ciência aplicada, com disciplina e
tecnologias próprias e como parte das ciências da saúde;
• A Enfermagem é uma profissão social com atuação interprofissional
na equipe de saúde, sustentada por um coletivo de profissionais
específicos da profissão, equipe de enfermagem, que centraliza
as ações de atenção à saúde por dominar e manter o controle da
vitalidade da pessoa em sua saúde por meio do cuidado no seu
processo de viver e morrer;
• O trabalho da Enfermagem é realizado por meio de ações com
tecnologias que sustentam e dão identidade à Profissão, sendo elas,
parte específica do cuidado de enfermagem e outras são integradas
com as demais profissões da saúde. Portanto, é uma Profissão cen-
trada na gênese e natureza do cuidado de enfermagem propriamente
dito, da ciência da enfermagem em interface com os demais campos
de conhecimentos;
• A Sistematização da Assistência de Enfermagem se constitui a
principal tecnologia de gestão do cuidado, dando identidade à Pro-
fissão e viabilizando novas tendências e avanços na qualidade e
no domínio e promoção de melhor saúde à pessoa, nos diferentes
níveis de atenção e condições para a efetivação dos cuidados de
enfermagem e saúde;
• Os avanços no cuidado clínico de enfermagem e nas práticas
baseadas em evidências científicas vêm propiciando um cuidado
de enfermagem cada vez mais avançado e resolutivo, estando
atualmente, fortemente enriquecido com a construção de novos
374

produtos tecnológicos implementado na prática a inovação com


impactos significativos;
• Os Programas de Pós-graduação stricto sensu na área da Enferma-
gem em nosso país, na modalidade Profissional, vem dando con-
tribuições relevantes e destacadas, fazendo a diferença na prática
da Profissão, reconhecidamente pelas suas características bem dife-
renciadas dos Programas na Modalidade Acadêmicos. São produtos
como estes, apresentados nesta Obra, construídos por profissionais
que estão inseridos na prática com vínculo empregatício na institui-

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ção onde estas tecnologias foram desenvolvidas e implementadas
que evidenciam a potencialidade dos Programas de Pós-Graduação
na modalidade Profissional;
• O acompanhamento e a orientação dos docentes, também autores
dos Capítulos desta Obra, foram essenciais para que estas novas
experiências fossem realizadas balizadas pela leitura mais clara das
necessidades de avanços na prática do cuidado, como também, pelo
domínio e uso da metodologia mais adequada e do planejamento e
controle mais rigoroso da implementação da experiência e análise
e avaliação dos resultados;
• As políticas públicas de investimentos nos avanços tecnológicos na
e da prática da profissão de Enfermagem vem sendo implementadas
com forte participação das Entidades de Classe, especialmente pelo
Conselho Federal de Enfermagem. A Sistematização da Assistên-
cia de Enfermagem e as Práticas Avançadas de Enfermagem estão
ganhando impulsos importantes em nosso país, galgando identidade,
autonomia e reconhecimento, tão necessário numa era de acelerado
desenvolvimento tecnológico.

Por todos estes destaques, conclui-se que os conhecimentos tecnológicos


são relevantes e altamente contributivos para uma prática de cuidados de enfer-
magem e saúde, rumo a promoção do viver humano com melhor saúde, cen-
trado em princípios e valores qualificam o seu viver, estando nas tecnologias
do cuidado de enfermagem e saúde as oportunidades de ser melhor cuidado.
ÍNDICE REMISSIVO
A
Assistência 3, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34,
35, 36, 37, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 49, 50, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89,
90, 93, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 103, 109, 110, 111, 123, 124, 126, 127,
129, 130, 141, 142, 143, 145, 149, 151, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 166,
168, 172, 186, 193, 194, 195, 196, 199, 205, 209, 210, 212, 213, 214, 215,
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216, 219, 226, 237, 239, 240, 244, 248, 249, 255, 256, 262, 263, 265, 266,
267, 268, 276, 277, 284, 292, 295, 305, 307, 308, 309, 312, 317, 318, 326,
327, 345, 351, 357, 361, 363, 364, 370, 373, 374
Assistência de enfermagem 3, 13, 14, 15, 17, 18, 22, 27, 30, 34, 35, 36, 37,
39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 49, 50, 83, 85, 86, 88, 93, 97, 98, 99, 100, 101,
103, 127, 129, 130, 145, 149, 151, 159, 161, 163, 164, 166, 168, 193, 194,
195, 196, 205, 214, 216, 249, 255, 268, 277, 284, 307, 308, 312, 317, 345,
351, 361, 364, 370, 373, 374
Autonomia profissional 39, 41, 45, 49, 142

B
Bundles 14, 149, 151, 153, 154, 155, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 166,
167, 168, 169, 171, 172, 177, 178, 180, 181, 187, 297, 299, 301, 302, 303,
305, 306, 307, 308, 310

C
Cardiodesfibrilador 14, 237, 238, 239, 240, 248
Cirurgia bariátrica 14, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 203, 204, 205,
208, 212, 213, 215
Cuidado de enfermagem 14, 21, 27, 40, 41, 47, 89, 91, 99, 104, 109, 110,
112, 113, 114, 115, 116, 117, 119, 120, 127, 131, 132, 135, 141, 143, 144,
149, 151, 160, 162, 169, 171, 172, 174, 184, 190, 196, 219, 231, 240, 253,
255, 259, 262, 263, 273, 277, 289, 296, 300, 301, 302, 303, 305, 308, 318,
319, 352, 357, 359, 361, 373, 374, 379
Cuidado em enfermagem 13, 34, 36, 37, 44, 53, 55, 56, 70, 71, 72, 78, 82, 92,
97, 99, 103, 139, 168, 169, 187, 252, 353, 370, 379, 380, 381, 382, 383, 384

D
Diagnósticos de enfermagem 31, 47, 50, 89, 90, 91, 134, 135, 141, 143, 146, 153,
154, 155, 159, 160, 165, 174, 177, 190, 195, 202, 203, 204, 205, 212, 318, 360
376

Dispositivos médicos 54, 55, 149, 151, 152, 153, 154, 155, 157, 160, 169

E
Emergência cardiológica 14, 240, 242, 297, 299, 300, 301, 302, 305, 306,
307, 309
Equipe de enfermagem 23, 32, 40, 41, 45, 46, 86, 87, 92, 96, 104, 115, 116,
117, 119, 120, 130, 158, 161, 242, 243, 245, 247, 248, 254, 257, 263, 266,
267, 270, 271, 308, 309, 351, 373

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Estomias intestinais 275, 276, 277, 278, 295

F
Formação 13, 19, 22, 32, 40, 41, 44, 57, 58, 69, 93, 94, 95, 96, 105, 138, 142,
143, 158, 185, 258, 279, 280, 303, 305, 309, 334, 347, 348

H
Hemotransfusão 14, 253, 254, 255, 256, 258, 259, 260, 261, 262, 263, 264,
265, 266, 267, 268, 269, 273

I
Idosos 14, 58, 127, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 158, 160, 161, 162,
163, 165, 166, 169, 171, 172, 173, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 184,
185, 187, 265, 357, 360
Infarto agudo do miocárdio 14, 115, 121, 127, 297, 298, 299, 300, 301, 305,
306, 307, 308, 309, 310, 311, 312
Informatização 129, 130, 131, 132, 133, 143, 283, 289
Instrumento eletrônico 275
Intervenções de enfermagem 31, 89, 91, 133, 134, 135, 137, 141, 145, 154,
159, 177, 202, 204, 205, 209, 260, 303, 311, 318

L
Lesão por fricção 171, 178, 179, 180, 181, 182, 187
Lesão por pressão 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159,
165, 168, 169, 171, 177, 178, 180, 181, 187, 287, 363

M
Mensuração da dor 14, 217, 218, 219, 225, 226, 227, 229, 231
Metaparadigma 24, 25
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 377

Modelos conceituais 24, 25, 26

P
Pacientes oncológicos 134, 141, 275
Pediatria 14, 76, 217, 218, 219, 220, 226, 227, 229, 230, 231, 232, 327
Período pré-operatório 14, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 203, 204, 205,
212, 213
Prática de enfermagem 13, 17, 18, 27, 28, 53, 86, 88, 89, 90, 134, 141, 144,
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146, 158, 183, 204, 211, 230, 247, 251, 264, 292, 306, 312
Procedimento operacional padrão 74, 110, 115, 116, 117, 119, 120, 128,
237, 240
Projetação 54, 55, 57, 58, 64, 70, 72, 73, 75, 76, 77, 340
Protótipo de dispositivo eletrônico 14, 217, 219, 226, 229, 230, 232

S
Saúde 3, 13, 14, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 32, 33, 34, 37, 40, 41, 44, 45,
46, 53, 54, 56, 57, 58, 70, 77, 78, 83, 84, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 94, 95,
96, 98, 99, 103, 104, 105, 107, 109, 110, 111, 123, 124, 125, 126, 127, 129,
130, 131, 136, 138, 142, 143, 144, 146, 147, 152, 153, 158, 160, 162, 166,
171, 172, 173, 175, 178, 179, 184, 185, 187, 189, 193, 194, 195, 196, 197,
198, 199, 202, 203, 208, 209, 210, 212, 213, 214, 215, 216, 218, 219, 220,
221, 227, 231, 232, 233, 234, 235, 237, 245, 247, 248, 249, 250, 251, 252,
253, 256, 258, 262, 264, 267, 268, 270, 271, 275, 276, 278, 279, 289, 292,
294, 296, 297, 298, 299, 302, 303, 307, 312, 313, 317, 318, 319, 321, 322,
323, 325, 326, 327, 328, 329, 331, 342, 343, 344, 346, 347, 348, 351, 352,
353, 354, 355, 356, 357, 358, 359, 360, 361, 362, 363, 364, 365, 366, 367,
369, 370, 373, 374, 379, 381, 383
Segurança do paciente 14, 96, 99, 160, 204, 248, 250, 253, 255, 259, 260,
266, 267, 268, 269, 307, 309, 318, 347
Síndrome coronariana aguda 14, 109, 110, 114, 115, 116, 117, 119, 120,
125, 300, 310
Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE 3, 13, 14, 15, 17, 18,
19, 24, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 49, 50,
58, 73, 75, 81, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99,
100, 101, 103, 104, 105, 109, 129, 130, 132, 134, 136, 137, 141, 142, 145,
149, 151, 159, 160, 161, 163, 164, 166, 168, 193, 194, 195, 196, 212, 214,
215, 216, 223, 249, 255, 256, 262, 268, 277, 292, 293, 298, 307, 317, 318,
320, 321, 322, 327, 328, 351, 353, 356, 359, 360, 361, 363, 370, 373, 374
378

T
Tecnologia de cuidado 88, 91, 193, 292
Tecnologia de educação 93
Tecnologia de gestão 86, 87, 100, 373
Tecnologia do trabalho 83, 85
Tecnologia industrial 351, 352, 354, 356, 361, 362, 363, 365, 370
Tecnologias de cuidado 14, 17, 27, 92, 185, 317, 318, 322, 351, 352, 365, 369

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Tecnologias de suporte 55, 58
Tecnologias duras 83, 89, 318, 337, 339, 340
Tecnologias inovadoras 53, 56
Tecnologias leves 86, 317, 318, 320, 321, 322, 323, 341
Tecnologias na Sistematização da Assistência de Enfermagem 13, 101, 103
Tempestade elétrica 14, 237, 238, 239, 240, 242, 243, 244, 245, 246, 248, 251
Teorias de enfermagem 13, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31,
32, 33, 34, 35, 36, 37, 40, 85, 93, 94, 130, 133, 141, 143
Terapia pela cor 14, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 225, 226, 227, 229, 230,
231, 232

U
Unidade intensiva 14, 253, 256, 259, 262
SOBRE OS AUTORES
Ana Graziela Alvarez
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-graduação Mestrado profissional em Infor-
mática em Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
SC, Brasil.
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Ana Izabel Jatobá de Souza


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Cheila Mara Freu


Enfermeira. Mestra pelo Programa de Programa de Pós-graduação em Ges-
tão do Cuidado de Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade
Federal de Santa Catarina. Enfermeira do Hospital Infantil Joana de Gusmão.
Florianópolis, SC, Brasil.

Cilene Fernandes Soares


Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Gestão do Cui-
dado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de
Santa Catarina. Enfermeira Matriciadora no cuidado a pessoas com feridas
e estomias da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. Enfermeira
Assistencial do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Tiago da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Daniela Couto Carvalho Barra


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-graduação Mestrado profissional em Infor-
mática em Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
SC, Brasil.

Daniela Soldera
Enfermeira. Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Gestão do Cui-
dado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.
380

Dulcinéia Ghizoni Schneider


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Eliane Matos
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-Gra-
duação Gestão do Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

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Francine Lima Gelbcke
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Titular do Departamento
de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em
Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Gisele Martins Miranda


Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cui-
dado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de
Santa Catarina. Enfermeira do Centro de Pesquisas Oncológicas do Estado
de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Isis da Silva Galindo


Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cui-
dado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal
de Santa Catarina.

Jane Cristina Anders


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Juliana Balbinot Reis Girondi


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 381

Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Modalidade
Acadêmico e do Programa de Pós-graduação em Prática do Cuidado em
Saúde – Modalidade Profissional da Universidade Federal do Paraná. Curi-
tiba, PR, Brasil.

Kátia Cilene Godinho Bertoncello


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

magem, do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enfermagem


– Modalidade Profissional e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem
– Modalidade Acadêmico da Universidade Federal de Santa Catarina. Flo-
rianópolis, SC, Brasil.

Larissa Evangelista Ferreira


Enfermeira. Mestre Profissional do Programa de Pós-graduação em Gestão do
Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal
de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Liziane Conceição Goulart Boff


Enfermeira. Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado
em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC. Enfermeira do Instituto de Cardiologia de Santa
Catarina. São José, SC, Brasil.

Lúcia Nazareth Amante


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Luciana Martins da Rosa


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Luciara Fabiane Sebold


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.
382

Mabel Villa Demétrio


Enfermeira. Mestra pelo Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado
em Enfermagem – Modalidade Profissional. Enfermeira do Ambulatório de
Procedimentos do Centro de Pesquisa Oncológicas do Estado de Santa Cata-
rina. Florianópolis, SC, Brasil.

Maria Lígia dos Reis Bellaguarda


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade

Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização


Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Maristela Jeci dos Santos


Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cui-
dado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal
de Santa Catarina. Estomaterapeuta do Centro de Pesquisas Oncológicas do
Estado de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

Maritê Inez Argenta


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação e do
Programa de Pós-Graduação da Universidade Estácio de Sá.

Melissa Orlandi Honório Locks


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Mônica Stein
Arquiteta. Doutora em Gestão do Design. Pós Doutora em Game Technology,
Media and Innovation. Docente no Curso de Graduação em Design, Animação
e no Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado em Enfermagem
– Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina. Floria-
nópolis, SC, Brasil. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Grupo de Educação
e Entretenimento e Laboratório Avançado de Design e Inovação. Pesquisadora
DT do CNPq (Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora).

Nádia Chiodelli Salum


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-Gra-
duação Gestão do Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da
Universidade Federal de Santa Catarina. Enfermeira do Hospital Polydoro
Ernani de São Thiago. Florianópolis, SC, Brasil.
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS PARA A IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 383

Neide da Silva Knihs


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação Gestão do Cuidado em Enferma-
gem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Nen Nalú Alves das Mercês


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfer-
magem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

Federal do Paraná. Curitiba, PR, Brasil.

Rodrigo Bastos Fernandes


Pesquisador do Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos NeDIP da
Universidade Federal de Santa Catarina. Docente nos Cursos de Graduação
em Engenharia Mecânica e no Programa de Pós-graduação em Gestão do
Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal
de Santa Catarina. Membro do comitê técnico da Associação Brasileira de
Análise de Riscos, Segurança de Processos e Confiabilidade (ABRISCO) e
do SC2C – Aero – Centro de Convergência de Santa Catarina em Tecnologias
Aeroespaciais). Florianópolis, SC, Brasil.

Rosângela Helena da Silva


Enfermeira. Mestra pelo Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado
em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, SC, Brasil. Enfermeira da Unidade de Terapia Inten-
siva do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina. São José, SC, Brasil.

Sabrina da Silva de Souza


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-Gra-
duação Gestão do Cuidado em Enfermagem – Modalidade Profissional da
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil. Enfermeira
do Hospital Universitário Prof. Polydoro Ernani de São Thiago e da Secretaria
Municipal de Saúde de São José.

Scheila Monteiro Evaristo


Enfermeira. Mestra Programa de Pós-graduação em Gestão do Cuidado em
Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, SC, Brasil. Gerente de Distrito da Secretaria Muni-
cipal de Saúde de São José.
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Silvana Alves Benedet Ofugi Rodrigues


Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Enfermeira no Hospital Universitário
Polydoro Ernani de São Thiago. Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.

Thábata Larissa Agostini dos Santos


Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cui-
dado em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil.

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Viviane Muller
Enfermeira. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado
em Enfermagem – Modalidade Profissional da Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC. Enfermeira do Instituto de Cardiologia de Santa
Catarina. São José, SC, Brasil.
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SOBRE O LIVRO
Tiragem não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5/11,5/13/16/18
Arial 8/8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

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