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INDICADORES DE SAÚDE:

MORTALIDADE

Prof. Paulo Arrais


Integração à Prática Farmacêutica II
Departamento de Farmácia - FFOE
Universidade Federal do Ceará
MORTALIDADE

• A mortalidade pode ser entendida como um caso particular do


conceito de incidência, quando o EVENTO DE INTERESSE É A
MORTE, e não o adoecimento.

• A mortalidade pode ser medida através de taxas/coeficientes.

• INDICADORES DE MORTALIDADE: quocientes entre frequências


absolutas de óbitos e o número dos expostos ao risco de morrer.

- Geral: todos os indivíduos da população encontram-se expostos


ao risco de morrer.

- Específico: categorizados segundo o critério escolhido (sexo,


idade, estado civil, causa, lugar etc.)

QUAIS AS FONTES DE DADOS SOBRE MORTALIDADE?


PRINCIPAIS FONTES DE DADOS SOBRE MORTALIDADE
• Estatísticas constantes de anuários, relatórios e outras publicações:
– Internacional: ONU, OMS, OPS, Unicef, Banco Mundial
– Nacional: anuários do Ministério da Saúde e do IBGE
• DECLARAÇÃO DE ÓBITO: nas Secretarias Estaduais de Saúde e nos
Cartórios de Registro Civil.
• Registros e livros de autópsias: nos hospitais e Institutos de Medicina
Legal.
• Prontuários e estatísticas hospitalares.
• Registros especiais de doenças: tuberculose e câncer.
• Inquéritos.
• Recenseamentos demográficos.
• Registros diversos:
– Repartições de Polícia
– Departamentos de Trânsito.
DECLARAÇÃO DE ÓBITO: MS, 1976.

• Objetivo: compatibilizar os dados consolidados em nível nacional,


permitindo a comparabilidade dos mesmos em toda a nação de
forma mais racional.

• Fluxo: Declaração de óbito => CARTÓRIO => CERTIDÃO DE


ÓBITO

• Responsabilidade: médico.

= Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

BOM REVELADOR:

• Estado geral de saúde das coletividades;

• (Doenças transmissíveis) Condição de saneamento e

• Eficiência dos serviços de prevenção e controle.


DECLARAÇÃO DE ÓBITO: MS, 1976.

• MORTALIDADE POR CAUSAS ESPECÍFICAS E POR CAUSAS BÁSICAS


(Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em
Português, 1995)

• Mortalidade por CAUSAS ESPECÍFICAS: as causas morte, a serem


registradas no atestado de óbito, são todas aquelas doenças, estados
mórbidos ou lesões que produziram a morte, ou contribuíram para ela, e
as circunstâncias do acidente ou da violência que produziu estas lesões.

• Mortalidade por CAUSAS BÁSICAS: é a) a doença ou lesão que iniciou a


cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à
morte, ou b) as circunstâncias da lesão ou acidente que produziu a lesão
fatal.
Causa terminal ou
imediata

Causa básica

Evolução do Outras condições


quadro morbidas pré-existentes,
sem relação direta com a
Morte.
Benefícios:
• Produção de estatísticas de mortalidade;
• Construção dos principais indicadores de saúde;
• Análises estatísticas, epidemiológicas e sociodemográficas.

https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/
Sistema de Verificação de
Óbito (SVO)

BR 116. S/n - Messejana/


atrás do Hospital do Coração
Telefones: (85) 31012150/
31012149
Fax: (85) 3101-2148
Perícia Forense do
Estado do Ceará
DECLARAÇÃO DE ÓBITO: MS, 1976.

ERROS NAS D. O.

• O preenchimento da declaração;

• O diagnóstico médico das causas do óbito;

• A codificação das causas do óbito;

• A classificação das causas do óbito.


DECLARAÇÃO DE ÓBITO: MS, 1976.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE (SIM)


www.datasus.gov.br

DADOS:

– Mortalidade geral;

– Mortalidade por idade;

– Mortalidade por sexo;

– Mortalidade por causa específica;

– Mortalidade por localidade;

– Etc.
TAXA DE MORTALIDADE GERAL
(taxa bruta ou global da mortalidade)

• TMG corresponde ao risco de morrer por qualquer causa em uma


dada população, em um intervalo definido de tempo.

Número total de óbitos registrados em certa área, período


T.M.G = _____________________________________________ x 10n
População da área ajustada para o meio do ano

OBS: Adota-se como aproximação da população sob risco a existente na


metade do período (1o. de Julho), supondo-se que os óbitos ocorram
uniformemente durante o ano. => não introduz distorções
apreciáveis nos resultados.

Uso: avaliação do estado sanitário de áreas determinadas, associadas


a outros coeficientes e índices.

• Propicia a possibilidade de se avaliar comparativamente o nível de


saúde de localidades diferentes.
TAXA DE MORTALIDADE GERAL
(taxa bruta ou global da mortalidade)

• TMG corresponde ao risco de morrer por qualquer causa em uma


dada população, em um intervalo definido de tempo.

Número total de óbitos registrados em certa área, período


T.M.G = _____________________________________________ x 100mil
População da área ajustada para o meio do ano

Exemplo:
Em 2000, foram registrados 946.686 óbitos em todo o Brasil e, em
1º de julho deste mesmo ano, a população brasileira era
constituída por 169.799.170 habitantes. Qual a taxa de MG?
TAXA DE MORTALIDADE GERAL
(taxa bruta ou global da mortalidade)

• TMG corresponde ao risco de morrer por qualquer causa em uma


dada população, em um intervalo definido de tempo.

Número total de óbitos registrados em certa área, período


T.M.G = _____________________________________________ x 100mil
População da área ajustada para o meio do ano

Exemplo:
Em 2000, foram registrados 946.686 óbitos em todo o Brasil e, em
1º de julho deste mesmo ano, a população brasileira era
constituída por 169.799.170 habitantes.

R. 946.686/ 169.799.170 habitantes X 100mil


= 557,5 óbitos por 100 mil hab.
TAXAS ESPECÍFICAS

I. MORTALIDADE POR SEXO.

II. MORTALIDADE POR IDADE:


1. Distribuição da mortalidade por faixa etária (freq. absoluta).
2. Taxa de mortalidade infantil
3. Taxa de mortalidade neonatal
4. Taxa de natimortalidade
5. Taxa de mortalidade perinatal
6. Taxa de mortalidade pré-escolar (1 a 4 anos)

III. MORTALIDADE POR CAUSAS:


1. Distribuição da mortalidade por grupo de causas
2. Taxa de mortalidade por causas específicas
3. Taxa de mortalidade materna
4. Taxa de letalidade
I. MORTALIDADE POR SEXO

TAXA DE MOTALIDADE POR SEXO:

No. de óbitos de um dado sexo, no período


T.M.S. = ___________________________________________ X 100 mil
População do mesmo sexo, na metade do período

https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33455/mod_resource/content/1/un2/top2_4.html
II. MORTALIDADE POR IDADE
2. MORTALIDADE POR FAIXA ETÁRIA

No. de óbitos de um dado grupo etário, no período


T.M.Id. = ___________________________________________ X 100 mil
População do mesmo grupo etário, na metade do período

• Números absolutos, proporções e coeficientes.


2. TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

• A mortalidade infantil mede o RISCO DE UM NASCIDO VIVO MORRER NO


SEU PRIMEIRO ANO DE VIDA.

No. total de óbitos de menores de 1 ano em certa área, no período


T.M.I = ____________________________________________________ x 1.000
No. total de nascidos vivos nessa área, no período

Interpretação da taxa de mortalidade infantil:


Mortalidade infantil* Interpretação
50 ou mais Alta
20 – 49 Média
abaixo de 20 Baixa

* Número de óbitos, por 1.000 nascidos vivos

Obs.: todo óbito, na infância, é uma morte prematura.


Sistema de Informações de Nascidos Vivos - SINASC
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2018/setembro/13/DR-LEONARDO-OFICINA-TRIPARTITE.pdf
https://www.ipece.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/45/2019/11/Painel_Indicadores_2019.pdf
No Brasil, QUE FATORES CONTRIBUIRAM PARA A QUEDA DA
TMI NOS ÚLTIMOS ANOS?
A. PERÍODO NEONATAL (Infantil precoce): quatro primeiras semanas de
vida.
ð MORBIMORTALIDADE: agressões sofridas durante a vida intra-uterina e
condições do parto.
ð CAUSAS DE ÓBITOS (endógena): Anomalias congênitas e afecções
perinatais.

TAXA DE MORTALIDADE NEONATAL (INFANTIL PRECOCE)

• A mortalidade neonatal mede O RISCO DE UMA CRIANÇA NASCIDA


VIVA MORRER NOS PRIMEIROS 28 DIAS DE VIDA.

No. de óbitos de zero a 27 dias de vida, em certa área, no período


T.M.N.N = _________________________________________________ x 1.000
No. total de nascidos vivos nessa área, no período

• Subdivisão em períodos:
– Neonatal Precoce:primeira semana de vida; e
– Neonatal Tardio: as três semanas de vida seguintes.
A. PERÍODO NEONATAL (Infantil precoce): quatro primeiras semanas de
vida.

1. NEONATAL PRECOCE: primeira semana de vida.

• Morbimortalidade: ligadas à gestação e ao parto.

No. de óbitos de crianças na 1a. Semana (0-6 dias) de vida em


certa área, no período
T.M.N.N.P = _________________________________________ x 1.000
No. total de nascidos vivos nessa área, no período

2. NEONATAL TARDIA: as três semanas de vida seguintes.

• Morbimortalidade: ligadas à gestação e ao parto.

No. de óbitos de crianças na 2a., 3a., e 4a (7-28 dias) semana de


vida
em certa área, no período
T.M.N.N.T = ________________________________________________ x 1.000
No. total de nascidos vivos nessa área, no período
As afecções originadas no período perinatal (principalmente
transtornos respiratórios e cardíacos específicos do período
neonatal) e as malformações congênitas, deformidades e
anomalias cromossômicas (mais frequentes os transtornos
relacionados à duração de gestação e crescimento fetal).

https://www.saude.gov.br/images/pdf/2018/setembro/13/DR-LEONARDO-OFICINA-TRIPARTITE.pdf
Exemplos de Intervenções

• Medidas de alto custo:


– Melhoria serviços de saúde =  MI (neonatal precoce).

• Alta efetividade e baixo custo: =  MI (neonatal tardio).


– Sais para Rehidratação Oral (diarréia)
– Vacinação
B. PERÍODO PÓS-NEONATAL (Infantil tardia): referente ao
período restante do primeiro ano.

ð morbimortalidade: natureza ambiental e social.


ð Causas de óbitos (exógenas): gastroenterites, infecções respiratórias,
doenças imunopreviníveis.

No. de óbitos de maiores de 28 dias até um ano de vida, em certa área, no


período
T.M.I.T = __________________________________________________ x 1000
Total de nascidos vivos nessa área durante o ano

• A proporção de óbitos neonatais em relação aos pós-neonatais,


serve de indicador indireto das condições sanitárias de uma
região.

• Quando elevados, aponta para falhas nos sistemas de proteção e


promoção da saúde infantil.
3. TAXA DE NATIMORTALIDADE
(MORTALIDADE FETAL)

• Natimortos ou Nascidos mortos = perdas fetais.


• Concepto: peso ~ 500g e cerca de 25cm.

No. de nascidos mortos (20ª semana ou mais de gestação)


ocorridos em certa área, no período
T.M.N = ___________________________________________ x 1000
Total de nascidos vivos nessa área + nascidos mortos, no
período

Problemas:
• As definições de natimorto diferem consoante às épocas e aos países.
• A não precisão da determinação da idade gestacional.
• Elevado sub-registro do óbito fetal.
4. COEFICIENTE DE MORTALIDADE PERINATAL

No. de nascidos mortos (22 semanas ou mais de gestação) +


No. de óbitos de crianças de 0-7 dias em certa área, no período
C.M.P.N = _________________________________________________ x 1000
Total de nascidos vivos nessa área + nascidos mortos, no período

Uso: obstetras e ginecologistas.


Concepto: peso ~ 500g e cerca de 25cm

Problemas:
• As definições de natimorto diferem consoante às épocas e aos países.
• A não precisão da determinação da idade gestacional.
• Elevado sub-registro do óbito fetal.
III. MORTALIDADE POR CAUSA
TAXA DE MORTALIDADE POR CAUSAS ESPECÍFICAS

• Risco de morrer por doença ou agravo em uma dada população,


durante um intervalo definido de tempo.

TAXA DE MORTALIDADE POR DETERMINADA DOENÇA:

No. de óbitos por determinada doença/agravo ocorridos na


população numa determinada área no ano
T.M.D = __________________________________________ x 100 mil
População da área ajustada para o meio do ano

• Uso: utilizados para estimar a importância da afecção na


comunidade e para comparações geográficas ou temporais.
RAZÃO, TAXA OU COEFICIENTE DE MORTALIDADE MATERNA
• A morte materna é uma PERDA EVITÁVEL.

No. de óbitos por causas ligadas à gravidez, parto


e puerpério, na área, no período
R.M.M. = ___________________________________________ x 100 mil
No. de nascidos vivos, em um dado local, no período

• Altas taxas de mortalidade materna refletem o baixo nível das


condições de saúde da mulher.
https://www.saude.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/9/2018/06/boletim_epidemiologico_mortalidade_materna_n1_25112020.pdf
TAXA DE LETALIDADE
– LETALIDADE

• A letalidade é uma medida da mortalidade restrita aos


indivíduos que apresentam um determinado problema de
saúde.

• A letalidade expressa a frequência de óbitos por uma


doença ou problema de saúde x, entre os indivíduos que
apresentam a doença ou problema de saúde x.

• É uma forma de expressão da gravidade do processo.

• Usos: avaliar a gravidade de uma doença, considerando as


variáveis idade, sexo e condições socioeconômicas da
região onde ocorre.
TAXA DE LETALIDADE

No. de óbitos de determinada doença em determinado período


T.L. = _______________________________________________ x 100
No. de casos dessa doença nesse mesmo período de
tempo

Ex.: Raiva Humana = letalidade (extrema) = 1,0 (100%)


Escabiose = letalidade zero.

• A REFERÊNCIA AO TEMPO é importante para a interpretação da


letalidade, particularmente nas doenças crônicas.

Ex.: Letalidade = 0,5 (50%)


Primeiro ano após o diagnóstico ?
Primeira semana após uma hospitalização ?
Ao longo de todo o tempo de vida, após desencadeada a
doença?
TAXA DE LETALIDADE

Problema:

• Dificuldade na obtenção do número de doentes, especialmente


quando se refere às afecções de pouca gravidade.

Para as doenças graves, ou que exigem hospitalização, como as


meningites, a taxa de letalidade é bastante exata, nos locais onde
haja fácil acesso da população aos serviços de saúde.
RELAÇÃO ENTRE LETALIDADE, MORTALIDADE E INCIDÊNCIA

* A magnitude da mortalidade por uma doença ou problema de


saúde determinado, em uma determinada população, é função da
sua incidência e da letalidade.

M=LxI

• As condições para sua aplicação exigem estabilidade de


incidência da doença.

Doença altamente letal, porém rara


Incidência elevada e letalidade baixa baixa mortalidade
Incidência baixa e letalidade baixa

Elevada mortalidade = Incidência e letalidade são elevadas


EXERCÍCIO - Calcule a taxa de letalidade.

1. Entre 40 crianças internadas por Covid-19, em um grande


hospital, quatro faleceram na sequência do episódio.

2.
Quadro. Número anual de óbitos, de doentes e população exposta.
___________________________________________________________
Eventos No. Absolutos
___________________________________________________________

Óbitos/ano 10
Doentes/ano 200
População exposta 1000
___________________________________________________________
EXERCÍCIO - Calcule o coeficiente de letalidade.
1. Entre 40 crianças internadas por sarampo, em um grande
hospital, quatro faleceram na seqüência do episódio.

R. L = 4 / 40 x 100 = 10%
2.
Quadro. Número anual de óbitos, de doentes e população exposta.
___________________________________________________________
Eventos No. Absolutos
___________________________________________________________

Óbitos/ano 10
Doentes/ano 200
População exposta 1000
___________________________________________________________

R. L = 10/200 x 100 = 5%
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• FORTALEZA. Anexo II – Saúde Pública em Fortaleza. In: Plano de


Desenvolvimento Econômico e Social – Fortaleza 2040. Organização,
Manoel Dias da Fonseca Neto, Cícera Borges Machado; Lindélia Sobreira
Coriolano – Fortaleza: PMF, FCPC, 2015. Acesso em:
http://forum.fortaleza2040.fortaleza.ce.gov.br/wp-content/uploads/2015/09/
ANEXO-II-SA%C3%9ADE-P%C3%9ABLICA.pdf

• VERMELHO, COSTA E KALE. Indicadores de Saúde. In: Medronho, RA et


al. Epidemiologia. 2ª Ed.São Paulo: Atheneu, 2009. p.31-82.

• LIMA, PORDEUS, ROUQUAYROL. Medida da saúde coletiva. In:


ROUQUAYROL e GUEGEL. Epidemiologia e Saúde. 7a. Ed. Rio de Janeiro,
MedBook, 2013. p.25-64.

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