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Medidas de Tendencia Central e

Frequencia de Doencas
Exercicios de Aprendizagem
• Até ao fim da aula os alunos devem ser capazes de:
• Sobre conceitos de Epidemiologia e Estatística:
• 1. Definir estatística e o relacionamento entre epidemiologia, estatística e saúde pública. 2. Definir e explicar a diferença
entre dados estatísticos e informação.
• 3. Definir e diferenciar os conceitos de população, censo e amostra.
• 4. Descrever “amostra aleatória” e como a análise de uma amostra permite chegar a conclusões acerca de uma população.

• 5. Descrever o conceito de vício (amostras viciadas) na epidemiologia/estatística.

• Sobre Medidas de Tendência Central e Frequência da Doença


• 1. Definir média, mediana e moda e interpretar esses valores.
• 2. Calcular média e mediana, usando “datasets” pequenos com uma calculadora e/ou Excel.
• 3. Definir, interpretar e calcular as seguintes medições de frequência de doença:
• a. Rácio, proporção e taxa;
• b. Prevalência;
• c. Taxa de incidência (morbilidade) e taxa de mortalidade;
• d. Taxa de letalidade de casos e os factores que a influenciam
Estatística
• É o ramo da matemática que transforma dados em informações úteis
para indivíduos responsáveis pela tomada de decisão dados. A
epidemiologia usa a estatística e aplicação na análise para a
interpretação de dados.
• Diferenças entre dados estatísticos e informação.

Dados estatísticos
Chamam-se dados ao conjunto de observações quantitativas ou
qualitativas de factos ou características que ocorrem na área de saúde,
num certo grupo populacional, na prestação de serviços.
Os dados não têm uma referência explicativa, o que dificulta o seu uso.
• Por exemplo, número de casos de malária registados numa dada região
durante um determinado período;
Informação
E o significado que se atribui à um determinado dado estatístico.
Com a informação torna-se possível tomar decisões e, igualmente, avaliar as actividades
em relação aos planos estabelecidos.
• Por exemplo, taxa de cobertura de crianças vacinadas contra o sarampo – se estiver
menor de 85% dá nos uma ideia de que há o processo de vacinação não está a correr
bem e há um risco de surgimento de um surto ou epidemia de sarampo nessa
comunidade, sendo necessário aumentar as vacinações.
• Então, pode-se optar fazer uma campanha de vacinação contra o sarampo.

População –
Refere-se a todos os individuos (em saúde normalmente refere a pessoas) numa
determinada área às quais o pesquisador quer fazer estimativas ou tirar conclusões.
Por exemplo, quando se pretende investigar a cobertura das vacinações em crianças dos 0
aos 11 meses na província de Maputo, a população é composta por todas as crianças que
tenham idades compreendidas entre os 0 e os 11 meses e que residam nesta província. 
• Censo
E o processo total de colecta, processamento, avaliação, análise e divulgação de
dados demográficos, económicos e sociais referentes a todas as pessoas dentro
de um país ou de uma área definida num momento específico.
Ou censo é uma operação de contagem que permite conhecer o volume a as
características da população num dado momento e num determinado espaço
geográfico
Amostra
E um grupo de indivíduos extraídos de uma população no qual o estudo é
conduzido.
• A amostragem resulta da impossibilidade de se conduzir um estudo num
universo tão grande (a população).
• A amostra deve representar o máximo possível a população de que é extraída
de modo a que os resultados obtidos sejam semelhantes aos que se
encontrariam se o estudo fosse conduzido em toda a população
AMOSTRAGEM
Amostragem É o processo através do qual se faz a selecção de uma
amostra.
O objectivo desse processo é obter uma estimativa não viciada (não
deturpada, não defeituosa) e precisa das variáveis (características de um
item ou indivíduo) que estão a ser medidas na população alvo. Podem ser
usados 2 métodos, com suas respectivas subdivisões:
Amostragem não probabilística
• E aquela que se utiliza quando não se conhece o universo (a população)
Amostragem probabilística
E aquela que se utiliza quando o universo é conhecido, tal que cada
unidade seleccionada (pessoas, produtos biológicos, etc) tem uma
probabilidade igual ou pelo menos conhecida de ser seleccionada para a
amostra.
Amostra aleatória
É um tipo de amostragem probabilística, também conhecida por amostragem casual,
randômica ou acidental.
Neste tipo de amostragem todos os indivíduos têm a mesma chance de ser seleccionados e
os resultados podem ser projectados para a população que se pretende estudar.
Consiste em atribuir um número único a cada membro da população a estudar e, depois,
seleccionar parte desses números casualmente, de acordo com o tamanho da amostra.
• Por ex: pretende-se seleccionar uma amostra ao acaso de 50 doentes de malária na
enfermaria de medicina que tem 250 doentes de malária.

Usando uma lista dos 250 doentes de malária, cada doente é atribuído um número (1 a
250) e estes número são escritos em folhinhas de papel.
Todas as 250 folhinhas são colocadas numa caixa que é agitada para assegurar a escolha ao
acaso (método de “lotaria ou sorteio”).
• Depois são retiradas da caixa 50 folhinhas e o número registado.
• Os doentes de malária correspondentes a estes números constituem a amostra a ser
estudada.
Viés ou vícios de amostragem
É um erro sistemático nos procedimentos de mostragem que leva a
uma distorção nos resultados.
Por exemplo: levou-se a cabo um estudo para determinar as
necessidades em saúde de uma população rural para planificar as
actividades de cuidados de saúde primários.

Contudo, uma tribo nómada, que representa um terço da população


total, foi deixada fora do estudo.

Como resultado, o estudo não deu uma ideia das necessidades de


saúde da população total.
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL
São medidas numéricas por meio das quais é possível sumarizar a informação colhida
antes das conclusões ou generalizações.

Média aritmética
Num determinado conjunto de dados, em que temos n eventos (em que n é o total) e
cada evento é representado por xi , a média será dada pelo somatório de cada evento
(x1+x2...) dividido pelo total de eventos (n) ocorridos
• Por exemplo, idades de 7 crianças na pediatria: {8, 5, 4, 12, 15, 5, 7 }, a média seria
calculada da seguinte forma,

n=7
∑× = x1+x2+x3+x4+x5+x6+x7
∑× = 8+5+4+12+15+5+7
∑× = 56
==8
Mediana
Num conjunto de dados organizados em ordem crescente ou decrescente, a
mediana será o valor central que divide o conjunto em duas metades iguais.

Isto é, particularmente, válido para os casos em que o número de eventos é


ímpar.
Para aqueles casos em que é par, de princípio, não há mediana, mas por
convenção, é considerado o valor médio entre os dois eventos centrais.

• Reorganizando os dados, ficaria: {4, 5, 5, 7, 8, 12, 15}, onde o valor que divide
o conjunto em duas metades iguais, ou seja, com igual número de eventos e,
por conseguinte a mediana, é o 7.
• Isto é, metade das crianças tem idade inferior a 7 anos.
• Para dados pares: {4, 5, 5, 7, 8, 11, 12, 15 }, onde o valor médio seria igual a
7+8, divididos por 2 de modo a achar o valor médio, neste caso 7,5.
A mediana é uma medida útil nos casos em que os dados tem alguns
resultados muito mais altos ou muito mais baixos que os restantes.

• A mediana não é influenciada pelos valores extremos.

Moda
E o valor que se apresenta mais vezes.
Se utilizarmos o mesmo exemplo acima: {8, 5, 4, 12, 15, 5, 7 },
veremos claramente que esse valor é 5, pois o 5 repete-se duas vezes e
as outras idades apenas estão presentes uma vez.
Indicadores de saúde
• Variáveis que nos permitem medir a ocorrência de qualquer evento
de saúde ou mesmo medir até que ponto estamos a atingir o que foi
planeado ou estipulado como meta, ou ainda comparar a ocorrência
de eventos em períodos diferentes.
• Também podem ser definidos como variáveis susceptíveis à medição
directa, que reflectem o estado de saúde de pessoas numa
comunidade.
• Os indicadores são calculados de acordo com a seguinte base

• Numerador/Denominador X Unidade Operativa


Onde o numerador corresponde à contagem do evento que está a ser medido, por
exemplo: número de pessoas padecendo de determinada doença;
O denominador corresponde ao tamanho da população-alvo que está sob risco de
ocorrência do evento, por exemplo: número total de pessoas sob risco de contrair tal
doença.
• A unidade operadora pode ser 102, 3, 4, 5,6 , dependendo da frequência do evento e
do tamanho da população alvo e do tipo de indicador.
• Por exemplo, nas taxas o valor apresenta-se em percentagem, ou seja 102.
• Nas proporções pode se utilizar qualquer delas dependendo do tamanho da
população, quanto maior, maior a unidade.
• Existem, basicamente, dois tipos de cálculos: aqueles em que o numerador faz parte
do denominador e aqueles em que o numerador não faz parte do denominador.
• Exemplos:
• 1 – para o caso em que o numerador faz parte do denominador,

• 2 para o caso em que o numerador não faz parte do denominador


Tipos de indicadores usados em epidemiologia e saúde pública
• Números
• Razões
• Proporções
• Taxas
Número – é uma medição simples, sem denominador. Por exemplo:
número de casos de diarreia.
Razão – é uma fracção na qual o numerador não é parte do
denominador
Exemplo: de um total de 55 doentes atendidos numa unidade sanitária
num determinado dia, 22 são do sexo masculino e 33 do sexo feminino.
Pode-se dizer que a razão dos elementos do sexo masculino em relação
ao sexo feminino é de 22:33, o que equivale a 2:3.
• Proporção – é uma expressão numérica que compara uma parte da unidade de
estudo ao total, isto é o numerador é parte do denominador.
• Uma proporção pode ser expressa como uma FRACÇÃO ou forma DECIMAL.
• No exemplo anterior teríamos: a proporção de elementos do sexo masculino é
22/55 ou 2/5 que é equivalente a 0,40. (o numerador é 22, o denominador é 55).

• Taxa – É a quantidade ou grau de alguma coisa medida num período de tempo


específico.

As taxas mais vulgarmente utilizadas no sector de saúde são:


• Taxa de natalidade = número de nados vivos por 1000 habitantes num ano
• Taxa bruta de mortalidade = número de óbitos por 1000 habitantes num ano
• Taxa de mortalidade infantil = número de crianças mortas por 1000 nados vivos
• Taxa de mortalidade materna = número de mortes maternas relacionadas com a
gravidez num ano por 100.000 nados vivos no mesmo ano.
Taxa de Incidência- É calculada como a razão entre o número de casos
novos de uma determinada doença ou problema de saúde, o total de
pessoa-tempo gerada a partir da população de estudo acompanhada.

Taxa de Prevalência – É o número total de casos de uma doença,


existentes num determinado local e período.
• Os casos correntes incluem aqueles previamente diagnosticados e que
continuam doentes (com a doença) e aqueles presentemente
diagnosticados no corrente ano ou na altura do estudo (casos novos +
casos antigos).
Interpretação Incidência e Prevalência
• Analisa Casos novos durante um período específico (ex.: 1 mês ou 1 ano) Geralmente é apresentado pelo número
de casos por período de tempo

• Todos casos numa determinada população num ponto no tempo Geralmente é apresentado pelo número de
casos / dividido pela população

• Regista geralmente

• Doenças agudas e de curta duração

• Doenças crónicas e de longa duração

• Serve para Identificar variações no padrão da doença

• Medir a magnitude de um problema de saúde

• Exemplo Novos casos de sarampo nos 6 primeiros meses de 2011 em Tete

• % da população de Zambézia doentes com HIV/SIDA em 2009 na Zambézia


Taxa de mortalidade – é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente por cada mil habitantes em
uma dada região, em um período de tempo.
A taxa de mortalidade pode ser tida como um forte indicador social, já que, quanto piores as condições de vida,
maior a taxa de mortalidade e menor a esperança de vida.
Principais usos
• Descrição das condições de saúde de uma população
• Investigação epidemiológica
• Avaliação de intervenções saneadoras
• Limitações
• Exprimem gravidade/ refletem uma história incompleta da doença
• Danos que raramente levam ao óbito não são representados
• Os óbitos são eventos que incidem em pequena parcela da população
• As mudanças nas taxas de mortalidade são lentas

Taxa de mortalidade bruta:


• Exemplo: a população moçambicana da Zambézia foi estimada em 4.000.000 de habitantes no ano de 2007,
tendo sido registado no mesmo período 20.000 óbitos.
• Assim a taxa de mortalidade bruta na Zambézia em 2007 foi de: 20.000/4.000.000 x 1000 = 5 por cada 1000
habitantes.
• Logo, morreram 5 pessoas em cada 1000 habitantes na Zambézia no ano de 2007.
• Taxa de letalidade é a razão entre o número de pessoas diagnosticadas por uma doença e
o número de óbitos por essa mesma doença, geralmente expressa em percentagem.

• Por exemplo: na epidemia de cólera no distrito de Gurúè, em 2009, foram registados 2345
casos de cólera com 20 óbitos.
• A taxa de letalidade foi de 20/2345 x 100 = 0.8%.

A Taxa de letalidade permite:


• Definir a gravidade da doença – maior taxa de letalidade pode sugerir maior gravidade da
doença – e assim ajudar a definir prioridade
• Comparar a eficácia do tratamento
• Estimar a qualidade do atendimento aos doentes – se uma doença que não deveria ter uma
taxa de letalidade alta apresenta taxas elevadas, pode significar problemas na qualidade
do atendimento (falta de medicamentos, falta de equipamentos, entre outros problemas
que requerem uma investigação)
• Comparar a taxa de letalidade entre dois ou mais lugares no mesmo período
PONTOS-CHAVE
• A estatística transforma dados em informações úteis para a tomada de decisões. Estas
decisões são tomadas quando a epidemiologia faz o uso dessa informação, analisando-a e
interpretando-a.
• População é o conjunto de indivíduos que compõem o grupo que se pretende estudar.
• Censo é o processo total de colecta, processamento, avaliação, análise e divulgação de dados
• Amostra é a porção da população que participa directamente no estudo.
• As medidas de tendência central são: a média, mediana e moda.
• A média é uma medida afectada pelos valores extremos, enquanto que a mediana é útil nos
casos de resultados variáveis muito altos ou muito baixos.
• Na razão, o numerador não é parte do denominador, enquanto que na proporção o
numerador faz parte do denominador.
• A taxa é a quantidade ou grau de alguma coisa medida num período de tempo específico.
A taxa de incidência tem relação com novos casos de uma doença ou problema, enquanto que,
a taxa de prevalência tem relação com casos existentes (novos e antigos)
A taxa de mortalidade intra-hospitalar permite comparar a eficácia, e estimar a qualidade do
atendimento aos doentes entre 2 lugares ou duas épocas diferentes, enquanto que a taxa de
letalidade permite definir a gravidade da doença

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