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E EPIDEMIOLOGIA
BIOESTATÍSTICA
E EPIDEMIOLOGIA
Copyright © UVA 2020
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meio sem a prévia autorização desta instituição.
REVISÃO DIAGRAMAÇÃO
Janaina Vieira UVA
Lydianna Lima
Formato: PDF
ISBN 978-65-5700-094-6
1. Bioestatística. 2. Epidemiologia. 3. Estatística. I. Universidade Veiga de
Almeida. II. Título.
CDD – 570.15195
Apresentação 06
Autor 07
UNIDADE 1
UNIDADE 2
• Tabelas e gráficos
UNIDADE 3
Introdução à Epidemiologia 55
• História da Epidemiologia, conceitos epidemiológicos
UNIDADE 4
Epidemiologia Descritiva 84
• Medidas da saúde coletiva
• Transições e variáveis
Diante deste contexto, nesta disciplina serão abordados conceitos básicos de epidemio-
logia e bioestatística aplicados à saúde coletiva; conhecimento sobre vigilância epide-
miológica e estudos epidemiológicos para o levantamento de dados de morbidade e
mortalidade e sua aplicação no desenvolvimento de políticas de promoção, prevenção,
controle e erradicação de doenças e agravos. Além disso, trabalharemos a apresentação
e a leitura de dados em tabelas e gráficos, uso de medidas de tendência central, índices
e coeficientes. Análise crítica dos determinantes de saúde considerando os contextos
demográfico, social, econômico e cultural da população.
6
AUTOR
7
UNIDADE 1
Introdução ao estudo
da Estatística
INTRODUÇÃO
Nesta unidade você irá aprender os principais conceitos e aplicações básicas da estatís-
tica, conceituar população e amostra em estudos estatísticos para que torne-se possível
utilizá-la como ferramenta em pesquisas da área de saúde coletiva. Com esse conheci-
mento você compreenderá melhor o ambiente ao seu redor e poderá fazer melhorias em
seu processo de trabalho.
OBJETIVO
9
Conceitos e aplicações básicas da Estatística
A Estatística Básica é uma ferramenta que pode ser utilizada para responder a uma de-
terminada questão. Por meio da estatística, é possível realizar coleta de dados, analisar
minuciosamente as informações e, a partir dos resultados obtidos, localizar soluções ou
respostas para um problema.
Para que fique mais claro, começaremos por um exemplo prático da rotina de um profis-
sional da saúde em uma clínica urológica.
Suponha que houve uma “reclamação” sobre o atendimento na clínica onde você tra-
balha e você foi escolhido para fazer um levantamento do grau de satisfação dos seus
pacientes sobre o atendimento da clínica. A partir dessa informação, o levantamento de
dados será feito para analisar se o problema foi um atendimento específico ou se exis-
te insatisfação de muitos pacientes. Então, para isso, você dará a alguns pacientes um
questionário para posteriormente analisar e entender o cenário real dos atendimentos
prestados. Após a coleta de dados e análise dos questionários, você conseguirá chegar
a conclusões que ajudarão na melhoria da gestão da clínica urológica, com um conse-
quente aumento do grau de satisfação dos pacientes.
10
Conceitos
Pode-se dizer que a estatística é uma ciência exata, sendo a parte da matemática aplica-
da que fornece métodos para realizar: coleta, organização, descrição, análise e inter-
pretação de dados para utilização na tomada de decisões. É um método científico utili-
zado para avaliar o grau de importância da informação, que constantemente buscamos
nos mais diferentes meios (VIEIRA, 2016, p. 95.)
Exemplo
11
Exemplo
População
Amostra
Variável: é uma condição ou característica das unidades da população (VIEIRA, 2016, p. 1).
Dados estatísticos: é toda informação coletada e registrada a que se refere uma variável
(VIEIRA, 2016, p. 1).
Exemplo
12
Vamos aproveitar este mesmo exemplo para ilustrar os conceitos vistos:
Seriam muitos, não seria viável. Então, pegaremos uma AMOSTRA da população.
Para escolher essa amostra, utilizaremos uma TÉCNICA DE AMOSTRAGEM,
amostragem aleatória.
Como exemplo, podemos citar o censo demográfico, que tem por objetivo obter o número
da população do território nacional, verificar suas características etc.
Exemplo
13
A Estatística Descritiva visa descrever os dados. Daremos um exemplo bem simples do
nosso dia a dia: imagine que você quer comprar um carro, você tem um objetivo e a partir
desse objetivo fará uma pesquisa de mercado para escolher o melhor preço, as especi-
ficações, a marca... Toda essa pesquisa se dá por meio do uso da estatística. A parte da
coleta de dados, descrição dos dados e organização é a parte que refere-se à Estatística
Descritiva, já a análise e a interpretação dos dados fica a cargo da Estatística Inferencial,
que veremos a seguir.
Estatística Inferencial:
Ampliando o foco
14
População e amostra em estudos estatísticos
Estas perguntas podem ser respondidas por meio dos métodos de amostragem, que
veremos a seguir.
Métodos de amostragem
Antes de obter-se uma amostra, é preciso definir quais serão os critérios para selecionar
as unidades que a comporão. De acordo com o critério, tem-se o tipo de amostra, con-
forme o diagrama a seguir.
AMOSTRA
A amostra probabilística
15
Exemplo:
2. Sorteiam-se 10 números (10% de 100) usando algum mecanismo aleatório ou, nesse
caso, será a partir de uma tabela de Números Aleatórios, conforme a tabela a seguir:
6 5 0 2 1 2 6 5 7 6 5 1 4 3 7 5 2 7 7 0 5 7 3 0 1
5 6 5 3 0 9 1 9 0 9 7 9 6 4 5 8 7 0 5 1 3 3 7 8 7
5 0 6 8 3 4 3 0 2 4 3 9 6 8 8 8 7 7 5 8 1 1 8 8 0
9 5 3 2 7 4 8 1 4 1 5 3 5 1 8 5 6 0 2 4 0 1 1 6 1
1 4 3 5 3 0 1 9 6 6 2 7 7 7 4 5 3 8 4 6 3 9 8 3 9
5 6 6 0 9 3 3 0 4 0 4 5 0 9 0 1 8 5 5 3 9 5 6 8 5
5 7 1 1 5 6 5 6 8 5 9 4 0 9 0 8 0 7 4 9 7 5 8 4 4
3 4 9 1 0 9 2 6 6 0 0 2 8 9 5 5 6 0 4 2 9 4 7 5 6
8 9 3 9 9 7 2 1 2 3 4 6 8 1 5 4 2 8 2 3 0 5 4 0 7
6 0 9 9 2 1 9 1 7 4 0 2 2 0 2 8 6 6 0 9 9 4 1 1 9
7 1 5 5 8 1 5 5 6 5 6 3 3 4 8 2 2 3 7 5 4 9 7 4 9
2 7 8 8 2 2 8 4 1 0 1 9 1 7 2 6 5 0 7 3 9 8 5 9 9
4 7 9 6 2 5 1 8 8 3 9 8 8 1 6 3 0 5 8 6 1 0 7 7 9
5 5 7 8 4 6 5 6 8 6 3 2 0 0 1 5 6 5 2 8 9 2 1 5 6
1 6 4 8 1 8 3 0 3 1 2 3 8 0 1 5 8 7 6 0 8 6 0 7 9
8 3 9 1 7 2 3 1 0 4 4 6 4 3 4 4 1 0 7 9 1 3 8 1 5
2 3 0 6 6 1 4 1 3 3 9 8 3 1 3 7 2 3 3 7 8 9 5 1 1
3 1 2 1 9 6 4 5 0 7 8 7 3 0 7 9 1 3 7 4 4 5 2 3 6
8 5 4 5 9 3 2 8 9 8 4 4 9 4 7 5 4 9 4 4 7 5 2 5 9
5 2 3 8 4 1 2 6 3 9 5 9 8 5 4 2 7 1 0 1 6 3 7 9 1
1 9 4 8 0 4 3 8 3 4 8 8 6 4 7 7 7 2 1 7 7 9 3 3 2
7 2 5 4 0 2 9 6 6 1 3 5 7 1 3 0 8 2 1 5 9 7 8 4 8
3 1 0 1 4 6 2 3 6 2 7 7 5 8 6 1 9 9 5 1 4 4 1 4 0
5 4 0 2 5 2 2 8 6 7 0 8 7 9 2 9 5 2 1 6 2 2 0 9 6
3 2 1 7 6 8 3 3 1 0 0 7 3 7 1 7 2 3 5 0 0 3 5 7 5
7 3 5 1 1 5 5 3 5 3 6 7 7 3 7 7 9 4 8 6 5 4 5 5 9
Como iremos escolher 10% da amostra, o que, nesse caso, são 10 alunos, obtivemos os
seguintes números:
16
Como o número 9 (nove) está repetido nesta sequência, eliminamos o 9 (nove) em dupli-
cidade e escolhemos mais um número para supri-la. Mantendo a sequência, teremos o
número 33 (trinta e três).
Os alunos numerados de acordo com a lista anterior são escolhidos e tomados os valo-
res dos seus pesos, obtendo assim uma amostra da população de 100 alunos.
Exemplo:
Suponha que, no exemplo anterior, dos 100 alunos, 64 sejam homens e 36 sejam mulhe-
res. Neste caso poderemos obter a amostra estratificada e assim realizar a análise por
estratos (homem e mulher).
• Serão dois estratos (sexo masculino e sexo feminino) e queremos uma amostra
de 10% da população.
M 64 6,4 6
F 36 3,6 4
17
58, 26, 24, 13, 61, 28, 65, 21,17, 96, 30, 44, 92, 53, 93, 22, 44, 33...
58, 26, 24, 13, 61, 28, 65, 21, 17, 96, 30, 44, 92
Amostra semiprobabilística
AMOSTRA
SEMIPROBABILÍSTICA
Amostra Amostra
por por
conglomerados Amostra quotas
sistemática
18
Amostra sistemática
Algumas vantagens em usar esse tipo de amostra é porque ela obtém boas proprie-
dades de representatividade, similares à amostragem aleatória, porém de forma mais
rápida e simples.
População
1 2 3 4 5
Procedimento
6 7 8 9 10
Amostra
3 6 9 Sistemática
19
Amostra por conglomerados
Utiliza-se a amostra por conglomerados quando é pertinente comparar dois ou mais deles.
Porém, para que esta explicação torne-se mais clara, vamos entender o que são
conglomerados.
Conglomerados são grupos de unidades que já existem na população por alguma razão
(VIEIRA, 2016, p. 95).
Exemplo
Na amostragem por quotas as pessoas são selecionadas para a amostra porque têm
uma característica bem específica. A ideia de quota é semelhante à de estrato, com uma
diferença básica: a amostra estratificada é selecionada ao acaso da população, enquan-
to a amostra por quotas não é aleatória (VIEIRA, 2016, p. 95).
Essa amostra possibilita, por exemplo, que façamos análises entre 2 (dois) subgrupos,
mas, como dito anteriormente, esses dois subgrupos não são aleatórios.
20
Exemplo
Segue um exemplo para que você possa compreender melhor esse conceito:
Quando, por exemplo, você, como profissional da saúde, decide pesquisar um evento que
ocorre no seu próprio campo de trabalho, por qual motivo faria essa pesquisa?
São inúmeras possibilidades. Entre elas: para melhorar o processo de trabalho ou a ges-
tão, aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, economizar com as compras de determi-
nados itens etc.
Porque a amostra por conveniência é uma amostra simples, fácil de ser aplicada
e econômica.
21
Exemplo
1. Você, como profissional de saúde, decide fazer uma pesquisa para avaliar
a satisfação da assistência prestada aos pacientes da clínica onde trabalha.
Então, escolhe aleatoriamente alguns usuários para responder à pesquisa. Nes-
se momento, está usando uma amostra de conveniência. Por quê? Você está
pesquisando os pacientes que estão próximos a você, usando pouco recurso
financeiro e de forma simples.
Ampliando o foco
22
Estudos estatísticos e inferenciais
Para que seja realizado um estudo estatístico é necessário seguir algumas etapas:
Apuração Exposição
Crítica dos dados
dos dados dos dados
4ª
5ª 6ª
Análise
7ª
1ª - Etapa de planejamento
Neste ponto são definidos os objetivos, métodos a serem adotados e a definição do pro-
blema.
É importante que a primeira etapa seja construída com muita atenção, pois ela dará o
direcionamento a todo o estudo científico estatístico.
23
A primeira definição será escolher o objetivo, ou seja, a resposta que você quer obter com
a sua pesquisa e, logo após definir o método da pesquisa, o caminho pelo qual você irá
percorrer para encontrar o seu objetivo.
Exemplo
Ampliando o foco
Método da pesquisa
2ª – Coleta direta
São dados obtidos a partir de elementos informativos de registro obrigatório (ex: re-
gistro de natalidade, mortalidade) ou da coleta do próprio pesquisador. Ou seja, a coleta
pode ser considerada direta quando é feita pelo próprio pesquisador, seja por meio de
questionários, censo demográfico, entre outros meios.
24
A coleta direta pode ser (CRESPO, 2009):
A coleta indireta é a coleta de dados que utiliza dados já registrados. Por exemplo, quan-
do você usa dados do prontuário dos pacientes, dos sistemas de informação.
Exemplo
Uso dos resultados de uma pesquisa sobre mortalidade materna, que é feita
a partir das informações obtidas pela coleta direta de dados de nascimentos
e óbitos.
Essa é uma etapa na qual iremos confrontar os dados para achar possíveis falhas no
processo. É o momento de revisar, verificar se foi tudo feito de forma correta.
Nada mais é do que a soma e o processamento dos dados obtidos e a disposição me-
diante critérios de classificação (CRESPO, 2009).
25
Após ter criticado os dados, é chegada a hora de somar, criar categorias, condensar e
tabular para posteriormente expô-los.
Essa etapa consiste em apresentar os dados obtidos em sua pesquisa de maneira clara
para a melhor compreensão das pessoas que irão ler os dados. É o momento de criar
tabelas, gráficos, categorias.
7ª. Análise
26
MIDIATECA
NA PRÁTICA
“Objetivo:
O Censo Demográfico tem por objetivo contar os habitantes do território nacional,
identificar suas características e revelar como vivem os brasileiros, produzindo
informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de
decisões de investimentos da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo.
E também constituem a única fonte de referência sobre a situação de vida da
população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos, bairros
e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados
para serem conhecidas e terem seus dados atualizados.
População Alvo:
Toda a população residente no país.
Abrangência Geográfica:
Todo o Território Nacional.
Metodologia:
A coleta do Censo Demográfico é realizada por meio de entrevista presen-
cial, aplicando-se o questionário a todas as pessoas residentes em todo o
território nacional.
27
combinações possíveis selecionaram-se aquelas que mais interessavam aos
fins do recenseamento, no âmbito nacional, e às exigências de comparabilidade
dos resultados no campo internacional. Já o questionário do Censo Demográfico
de 1950 sofreu considerável redução comparando com o de 1940. O número de
quesitos reduziu-se de 45 para 25.
A seleção dos domicílios para a amostra, o que significava definir qual tipo de ques-
tionário seria aplicado em um determinado domicílio, foi feita automaticamente
28
no computador de mão (PDA). Os domicílios, cadastrados no PDA, fizeram parte
de uma lista da qual a amostra foi selecionada. A seleção é aleatória, indepen-
dente em cada setor censitário, de acordo com a fração amostral definida para o
município, e de forma que seja espalhada geograficamente por toda a extensão
do setor censitário.
Principais Variáveis:
Situação Urbana e Rural;
Características do Domicílio;
Emigração internacional, Sexo, Idade, Cor ou Raça, Etnia ou Povo a que pertence
e Língua falada só para indígenas, Religião ou Culto, Registro de Nascimento,
Deficiência Física ou Mental, Migração interna e Imigração internacional, Educa-
ção, Deslocamento para estudo, Nupcialidade, Características do Trabalho e do
Rendimento, Deslocamento para trabalho, Fecundidade e Mortalidade.”
Fonte do texto:
https://ces.ibge.gov.br/apresentacao/portarias/200-comite-de-estatisticas-so-
ciais/base-de-dados/1146-censo-demografico.html#:~:text=O%20Censo%20De-
mogr%C3%A1fico%20tem%20por,ou%20de%20qualquer%20n%C3%ADvel%20de
29
Resumo da Unidade 1
30
Referências
CRESPO, A. A. Estatística fácil. 19. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2009. 218 p. ISBN
9788502081062.
31
UNIDADE 2
Nesta unidade conheceremos mais sobre variáveis estatísticas, leitura de dados, tabelas
e gráficos. Além disso, aprenderemos a calcular medidas de tendência central e como
transformar uma tabela de números observados em uma tabela de frequência. Este con-
teúdo é de grande relevância, tendo em vista a importância de saber organizar os dados
para que possamos apresentá-los com mais clareza e objetividade.
OBJETIVO
33
Dados e variáveis
De acordo com Vieira (2016, p.1), variável é uma condição ou característica das unidades
da população.
Tipos de variáveis.
Nominal
Qualitativa
Ordinal
Variável
Discreta
Quantitativa
Contínua
34
Variável qualitativa
Uma variável é considerada qualitativa quando ela assume uma categoria que automati-
camente exclui outra.
Exemplos
1 - Local de nascimento: São Paulo (não pode ter nascido em outro local).
Nominais
São variáveis nominais: cor de cabelos (loiro, castanho, preto, ruivo), tipo de sangue
(O, A, B, AB), não ter ou ter determinada doença.
Ordinais
Ampliando o foco
35
Variáveis quantitativas
Discretas
Contínuas
A variável contínua assume qualquer valor em dado intervalo. São variáveis contínuas:
peso, temperatura corporal, pressão sanguínea (VIEIRA, 2016, p. 2). Outros exemplos:
altura (régua), tempo (relógio).
Dados estatísticos
De acordo com Vieira (2016, p.1), dado estatístico é toda informação coletada e registra-
da a que se refere uma variável.
Importante
36
Ampliando o foco
37
Tabelas e gráficos
As tabelas e gráficos nos auxiliam a sintetizar dados, organizar e tornar sua apresenta-
ção mais clara para que possamos, em um breve momento, obter sua leitura simplifi-
cada. Imaginem como seria trazer todos os dados coletados se não conseguíssemos
organizá-los em tabelas e gráficos.
Em um primeiro momento será descrita uma situação para que, posteriormente, possa-
mos construir nossa tabela. Para isso, começaremos a definir algumas etapas:
Masculino: 52 pacientes.
Feminino: 18 pacientes.
É importante aproveitar esse primeiro momento e anotar alguns itens essenciais de uma
tabela, representados a seguir:
38
O título explica TÍTULO:
o tipo de dados
que a tabela Pacientes de cada sexo atendidos
contém. em um programa de controle de
Deve-se colocá-lo tabagismo no ano de 2020, durante
acima dos dados. a pandemia.
O cabeçalho
especifica
Sexo Nº de pacientes
o conteúdo
de cada coluna.
Masculino 52 O indicador
de linha
descreve
o conteúdo
Feminino 18
de uma linha.
Exemplo:
masculino,
A fonte identifica Total: 70 feminino.
o responsável
pelos dados
(pessoa física
ou jurídica). Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Agora que estamos familiarizados com os itens de uma tabela, vamos aprofundar
nosso conhecimento.
Seguindo com este mesmo exemplo, vamos supor que o pesquisador principal decidiu
continuar a pesquisa para saber qual foi a faixa etária que mais procurou esse progra-
ma. Para isso, ele anotou a idade de cada paciente em uma tabela de apresentação
de dados contínuos e, posteriormente, transformou-a em uma tabela de distribuição
de frequências.
39
Apresentação de dados contínuos:
25 32 21 41 68 34 67
27 37 36 24 27 34 66
31 28 32 26 27 20 54
22 29 33 24 42 38 46
33 29 29 60 52 53 60
30 24 25 48 44 29 53
37 38 36 31 29 38 21
28 25 25 34 29 21 35
31 35 23 32 27 31 38
53 55 29 37 38 26 56
OK! Temos todos os dados apresentados em uma tabela. A esse tipo de tabela, cujos ele-
mentos não foram numericamente organizados, denominamos tabela primitiva (CRES-
PO, 2009, p. 77-78). Como faremos para transformá-la em uma tabela de distribuição
de frequências?
40
1. Determinar o menor e o maior valor para o conjunto:
Valor mínimo: 20
Valor máximo: 68
2. Definir o limite inferior (Li) da primeira classe, que deve ser igual ou ligeiramente inferior
ao menor valor das observações:
3. Definir o limite superior (Ls) da última classe, que deve ser igual ou ligeiramente supe-
rior ao maior valor das observações:
Ls: 70 (a maior idade anotada é 68, então arredondamos o limite superior para 70)
Arredondamos esse valor para melhor demonstrarmos os dados.
k ≅ 1 + 3,3 · log n
K (nº de classes) = 1 + 3,3 . log 70 (log 70 pode ser calculado na calculadora científica)
K = 1 + 6,07
(Ls − Li)
α=
κ
α = 70 – 20/ 7
α = 50 / 7
α =7
41
6. Com o conhecimento da amplitude de cada classe, definem-se os limites para cada
uma, em que o limite inferior será 20 e o limite superior será 20 + 7 = 27.
20 |– 27 23,5 15 21,5%
27 |– 34 30,5 23 33%
34 |– 41 37,5 15 21,5%
41 |– 48 44,5 4 5,5%
48 |– 55 51,5 5 7%
55 |– 62 58,5 5 7%
62 |– 70 65,5 3 4,5%
O uso desse símbolo “|” significa que o intervalo é fechado à esquerda, ou seja, pertencem
à classe os valores iguais ao extremo inferior desta (por exemplo, 20 na primeira classe).
Também significa que o intervalo é aberto à direita, ou seja, não pertencem à classe
os valores iguais ao extremo superior (por exemplo, o valor 27 não pertence à primeira
classe) (VIEIRA, 2016, p. 3)
Ampliando o foco
Por que é importante saber a frequência relativa para a saúde das coletividades?
42
E qual é a importância da construção de gráficos e tabelas?
É bom termos em mente que a Estatística tem por finalidade específica analisar o con-
junto de valores, desinteressando-se por casos isolados. Então, toda ferramenta que nos
auxilie nesse processo, pela estatística, é bem-vinda (CRESPO, 2009, p. 80-81).
Gráfico em pizza:
Masculino Feminino
Neste gráfico, conseguimos analisar com muita clareza que o maior número de pacien-
tes atendidos em um programa de controle do tabagismo no ano de 2020, em uma de-
terminada unidade de saúde, foi de homens.
43
Ampliando o foco
60
52
50
40
30
20 18
10
0
Masculino Feminino
Ampliando o foco
No Excel você encontra vários gráficos que poderá utilizar. A escolha preci-
sa ser feita levando em consideração o melhor entendimento do seu leitor. O
que buscamos com o uso dos gráficos e tabelas é apresentar os dados com
maior clareza. Entre outros tipos de gráficos destacamos: de colunas, de setor,
de linhas etc.
44
Medidas de tendência central, medidas de
dispersão e distribuição normal
Média aritmética
2 3 1 2 2
1 2 3 4 3
Vamos calcular a média aritmética dos dados apresentados acima? Mas como? O que é
média aritmética?
Média aritmética (X) é a soma de todos os dados apresentados, dividida pela quantidade
de números (dados) somados.
2 + 3 + 1 + 2 + 2 + 1 + 2 + 3 + 4 + 3/ 10 = 23/ 10 = 2,3
Então, chegamos à nossa média aritmética desse conjunto, que é 2,3. A média aritmética
é a medida de tendência central mais utilizada no cotidiano.
45
Quando queremos saber, por exemplo:
Moda
A Moda (Mo), que também é uma medida de tendência central, é o valor que ocorre com
maior frequência na distribuição dos dados.
Para refletir
Sabe quando falamos que uma roupa está na moda? O que queremos dizer
com isso? Queremos dizer que muitas pessoas estão usando aquela roupa,
portanto ela está na moda. Em estatística é igual: dizemos que é moda o dado
que aparece com maior frequência em um conjunto.
2 3 1 2 2
1 2 3 4 3
Nesse conjunto de dados, a moda (Mo) é 2, porque este número de faltas aparece com
maior frequência.
46
Vamos às variações:
Mediana
Primeiro, vamos começar apresentando sua definição. A mediana é o valor que ocupa a
posição central da amostra, ou seja, que divide a amostra em duas partes iguais. Porém,
para que essa observação seja feita, temos que ordenar os dados.
Conjunto: { 2 + 3 + 1 + 2 + 2 + 1 + 2 + 3 + 4 + 3 }
Dados organizados: { 1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 3, 4 }
Como temos um conjunto com número par de elementos, a nossa mediana será os dois
números centrais divididos por 2:
Neste caso: 2 + 2 = 4 / 2 = 2
Agora observe um conjunto com número ímpar de elementos: { 2, 5, 6, 8, 10, 13, 15, 16, 18 };
o número que divide o conjunto ao meio é o número 10, portanto a nossa mediana é 10.
47
Posição relativa: média, mediana e moda
Quando a média, a mediana e a moda têm o mesmo valor é uma distribuição simétrica
(imagem 1). Agora, se a distribuição apresentar certa tendência a valores positivos ou
negativos as medidas de posição poderão diferir. Se temos a Mo < (menor) Md <x, é
considerado posição assimétrica positiva (imagem 2) e, no caso de uma distribuição
assimétrica negativa, temos que x <(menor) Md < Mo. (imagem 3).
1 2 3
X=Md+Mo Mo Md X X Md Mo
Medidas de dispersão
48
xi = valores observados 1+3+5+7 20 média de conjunto
= = =4
13457 5 5 de dados
- média
d5 = 3
d1 = 3
d2 = 3 d4 = 1
d3 = 0
distância
média { d1+d2+d3+d4+d5
5
=
3+1+0+1+3
5
=
8
5
= 1,6
1 Variabilidade nula
2 Variabilidade baixa
3 Variabilidade alta
49
• Por exemplo:
-Grupo 1 (dados observados): 8; 8; 8.
-Grupo 2 (dados observados): 3; 8; 9.
-Grupo 3 (dados observados): 0; 8; 53.
• A média dos três grupos é a mesma (5), mas no grupo “A” não há variação entre os
dados, enquanto no grupo “B” a variação é menor do que no grupo “C”. Dessa forma,
uma maneira mais completa de apresentar os dados (além de aplicar uma medida
de tendência central como a média) é aplicar uma medida de dispersão.
Amplitude total: é a diferença entre o valor maior e o valor menor de um grupo de dados
(visto anteriormente); AT = é a diferença entre o maior e o menor número observado.
Variância: é a soma dos quadrados dividida pelo número de observações do grupo menos 1.
Desvio-padrão: é expresso na mesma medida das variações (Kg, cm, m³...).
Distribuição normal
Pontos importantes:
Forma a curva que é denominada Curva de Gauss: as medidas que originam esses grá-
ficos são variáveis, com distribuição normal.
Gráficos com dois extremos: um máximo e um mínimo e entre eles, uma distribuição
gradativa (maioria dos valores ao redor da média).
Exemplo
χ
μ
50
Características da distribuição normal:
51
MIDIATECA
NA PRÁTICA
905 / 3 = 301,66
52
Resumo da Unidade 2
53
Referências
RESPO, A. A. Estatística fácil. 19. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2009. 218 p.
ISBN 9788502081062.
54
UNIDADE 3
Introdução à Epidemiologia
INTRODUÇÃO
Além disso, assuntos como evolução natural das doenças, período epidemiológico e pa-
togênico, morbidade e mortalidade e os principais agravos que afetam a população bra-
sileira também serão abordados ao longo desta unidade.
OBJETIVO
56
História da Epidemiologia, conceitos
epidemiológicos
Grécia Antiga
Era médico da Grécia antiga e viveu há cerca de 2.500 anos. Analisava as doenças em
bases racionais. Em vez de atribuir origem divina ou sobrenatural para as doenças, co-
meçou a discutir suas causas ambientais. Escreveu sobre a distribuição de enfermidades
ou doenças nos vários ambientes, e acerca de epidemias, iniciando o raciocínio epide-
miológico. Neste sentido, sugeriu considerar fatores tais como clima, água e situação
da população em um determinado lugar como elementos que podem ajudar a avaliar a
saúde geral de seus habitantes (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
Hipócrates.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3crates#/media/Ficheiro:Hippocrates.jpg
57
Ampliando o foco
Higeia considerava a saúde como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes
e buscava promovê-la por meio de ações preventivas e de equilíbrio entre os elementos
fundamentais: terra, fogo, ar e água.
Ampliando o foco
58
Galeno (201-130 a.C.)
Galeno (Galeno de Pérgamo) era médico e filósofo romano de origem grega, e provavel-
mente o mais talentoso médico investigativo do período romano. Suas teorias domina-
ram e influenciaram a ciência médica ocidental por mais de um milênio.
Ampliando o foco
Galeno também foi o responsável pela saúde do imperador romano Marco Aurélio. De-
monstrou que as artérias transportavam sangue e não ar, momento que foi considerado
um marco. Ele também foi responsável pelo controle de óbitos e nascimentos (ALMEIDA;
BARRETO, 2017).
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1udio_Galeno#/media/Ficheiro:Galen_detail.jpg
59
Idade Média (século V-XV)
A Idade Média ou medieval inicia-se com a queda do Império Romano e segue até a Ida-
de Moderna (XVI). Caracterizou-se pelas invasões dos bárbaros e posterior crescimento
do cristianismo, e pelas Cruzadas — as várias tentativas de libertar a Terra Santa das
mãos dos muçulmanos. Nesse período as práticas de saúde eram de caráter mágico-re-
ligiosas, acreditava-se que as doenças eram castigos e a cura seria uma dádiva de Deus
e que Ele era o curador. O objetivo dos tratamentos era a salvação da alma, porque em
terra acreditavam que estava condenado. Neste período houve início da prática médica
para os pobres exercida caritativamente por religiosos, por leigos e por profissionais, os
barbeiros-cirurgiões (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
Ainda na Idade Média, Avicena teria vivido no que hoje é o Uzbequistão. Escreveu tratados
sobre variado conjunto de assuntos: 150 em filosofia e 40 em medicina. Suas obras mais
importantes são o Livro da cura e o Cânone da medicina — que era o texto-padrão em
instituições medievais, como a Universidade de Montpellier e a Universidade Católica de
Leuven. Apresenta um sistema completo de medicina em acordo com os princípios de
Galeno e Hipócrates e os reintroduz na medicina ocidental (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
Teoria miasmática
Ainda na Idade Média a população vivia em ambientes poluídos e insalubres, sem sanea-
mento e água potável. Acreditavam que as doenças eram geradas por miasmas — doen-
ças eram adquiridas por meio de emanações (gases/vapores) ambientais vindas do solo
e do ar. As emanações passariam do doente para os suscetíveis causando as epidemias.
Nota-se que ainda hoje o sobrenatural e os miasmas são utilizados por leigos para expli-
car muitas doenças.
No final da Idade Média surgiu a medida dos Estados, porque houve a necessidade de
contar o povo (produção agrícola) e o exército (poder) e, com isso, surgiu a estatística
60
(estado = “status”, isticum = “contar”). A estatística tem seu nascimento originado pela
necessidade de implantação do modo capitalista de produção e indicava a necessidade
não apenas de contar o povo e o exército, ou seja, o Estado, mas também verificar sua
disciplina e saúde. Podemos dizer, então, que a constituição histórica da epidemiologia
está pautada na medida do Estado, ou seja, contagem da população e exército, assim
como sua saúde (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
Importante
Epidemiologia moderna
O que é epidemiologia?
É a ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações hu-
manas e aplica esses estudos no controle dos eventos relacionados com a saúde. É a
principal ciência de informação da saúde, sendo a ciência básica para a saúde coletiva
(ROUQUAYROL, 2018 ).
61
1º
Medicina clínica
(Ciências Biológicas)
Os pilares da
Epidemiologia
3º 2º
62
Willian Farr (1807-1883)
Trabalhou no Registro Geral inglês. Seus relatórios permitiram verificar as desigualdades
regionais e sociais nos perfis de saúde, fazendo com que muitos estudiosos alardeas-
sem esses problemas, como Engels e Chadwick, advogado cujos relatórios deram subsí-
dios à reforma sanitária inglesa (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
Ele também inventou o método para impedir que o leite e o vinho causem doenças, um
processo que veio a ser chamado de pasteurização (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
63
Ampliando o foco
Houve então, nessa época, o desdobramento da teoria dos germes com grandes avan-
ços nesse campo a partir do progresso das tecnologias, caminhos que consolidaram a
prevenção e a proteção específica com uso de vacinas e saneamento ambiental (ALMEI-
DA; BARRETO, 2017).
Tendências atuais
64
No quadro a seguir podemos ver claramente a diferença das Ciências Médicas e das
Ciências Epidemiológicas:
Ciências Ciências
médicas epidemiológicas
Que segmentos
Qual o estágio
da população
da doença?
são acometidos?
Como se distribui
a doença espacialmente/
geograficamente?
65
Importante
Exemplo
Exemplos de aplicação:
66
Saúde, qualidade de vida e indicadores
de saúde
Segundo Pereira (1995), a prática clínica considera saúde como “ausência de doença” e
traz a definição de doença como “falta ou perturbação da saúde” (PEREIRA, 1995).
Renda
Meio
Acesso
ambiente
Emprego Alimentação
Liberdade Lazer
67
Neste sentido, para compreender o estado de saúde ou de doença de uma pessoa pre-
cisamos observar vários aspectos que envolvem a vida das pessoas e enxergar o ser
humano como um ser bio-psico-social.
Biológico
Psicológico Social
Assim, tendo em vista todo este contexto, a qualidade de vida resulta da adequação das
condições socioambientais às exigências e necessidades humanas. Isso quer dizer que
a qualidade de vida depende de:
• Um ambiente saudável.
• Ter suas necessidades básicas atendidas.
• Ter seus direitos assegurados e respeitados — proteção social.
68
Logo, podemos dizer que:
Alimentação e nutrição
Habitação e saneamento
Trabalho
determinada por padrões de:
Qualidade de Vida é
Educação
Ambiente físico
Apoio social
Práticas/Comportamentos
Atenção a saúde
Hospedeiro
69
Fatores do hospedeiro (o homem) que podem facilitar o processo de adoecimento
(ALMEIDA; BARRETO, 2017):
• Idade.
• Sexo.
• Estado civil.
• Ocupação.
• Escolaridade.
• Características genéticas.
• História patológica pregressa.
• Estado imunológico.
• Estado emocional.
Fatores do Agente (podem servir de estímulo para iniciar o processo patológico causado
pelo agente):
• Biológicos (microrganismos).
• Químicos (mercúrio, álcool, medicamentos).
• Físicos (trauma, calor, radiação).
• Nutricionais (carência, excesso).
Cabe destacar que, muitas vezes, para que um agente consiga contaminar
um hospedeiro, ele precisa de um vetor. O que é isso?
Vetor é todo ser vivo capaz de transmitir um agente infectante, de maneira ati-
va ou passiva. Um exemplo de vetor é o Aedes aegypti, mosquito transmissor
do vírus causador da dengue.
Meio ambiente: meio propício a infecção. O que seria um meio propício a infecção? Va-
mos a um exemplo: falta de saneamento básico, tornando o espaço propicio ao cresci-
mento de bactérias (ALMEIDA; BARRETO, 2017).
70
Fatores do meio Ambiente (ALMEIDA; BARRETO, 2017):
Etiologia
A etiologia é uma ciência que estuda as causas ou origem das doenças. De acordo com
a etiologia, podemos classificar as doenças da seguinte forma:
Doenças
infecciosas
Doenças não
Etiologia
infecciosas
Doença
aguda
Duração
Doença
crônica
Doenças infecciosas: são causadas por vírus, bactérias e/ou parasitas. Podem ser trans-
mitidas pelo sangue, líquidos corporais (vírus da imunodeficiência humana – HIV, causa-
dor da doença chamada aids), vetores (insetos, animais, como é o caso da dengue).
71
De acordo com a duração
Doença aguda: têm acelerado e duram até três meses. Em sua maioria são causadas
por infecção por vírus ou bactérias, como constipação, resfriado, gripe, infecções gas-
trointestinais, pneumonia, meningite. Porém, também entram nesta classificação trau-
mas físicos, infartes, hemorragias, bem como outras condições cardiovasculares.
Doença crônica: são doenças que não põem em risco a vida da pessoa em curto prazo
(doença hipertensiva, diabetes mellitus, síndromes dolorosas, câncer). Portanto, em um
primeiro momento não são consideradas emergências médicas, mas podem ser extre-
mamente sérias e letais. Incluem também todas as condições em que um sintoma existe
continuamente. Mesmo não pondo em risco a saúde física da pessoa, são extremamen-
te incômodas, diminuindo a qualidade de vida e atividades das pessoas.
Indicadores de saúde
Depois de vermos o que é saúde, doença, qualidade de vida, podemos nos perguntar:
Para que a saúde seja mensurada estatisticamente, utilizamos como base os indicado-
res de saúde. Eles são parâmetros utilizados internacionalmente de forma comparativa
para apresentar perfis de saúde e acompanhar tendências históricas das coletividades
(países, regiões).
Exemplos
72
Indicadores servem também para:
73
História natural das doenças
Para abordar a definição da história natural da doença, trouxemos um conceito bem ex-
plicado por Leavell e Clark (1976), que definem a história natural da doença como:
Esse estímulo patológico no meio ambiente pode estar relacionado ao clima, à geografia
do local ou mesmo a um ambiente que não tenha saneamento básico. Pontos como o
comportamento humano em relação ao local, bem como a predisposição genética são
fatores que também fazem parte desse estímulo patológico e podem fazer com que
aquelas “primeiras forças” facilitem o desenvolvimento de determinada doença.
• Genéticos.
• Sociopolíticos.
• Socioculturais.
• Socioeconômicos.
• Ambientais.
• Psicossociais.
74
Fatores
genéticos
Fatores Fatores
sociopolíticos psicossociais
Período
pré-patogênico
Fatores Fatores
socioculturais ambientais
Fatores
socioeconômicos
Esse período inicia-se quando o patógeno começa a exercer mudanças no ser afetado:
primeiras alterações bioquímicas, por exemplo. A doença ainda não está instalada, mas
são encontrados ali todos os fatores para que ela se desenvolva.
75
Interação
estímulo-
suscetível
Alterações
bioquímicas,
Cronicidade Período
histológicas
patogênico
e fisiológicas
Sinais
e sintomas
O conceito de história natural da doença demonstra que a prevenção deve estar presente
em todas as circunstâncias em que seja possível alguma intervenção que evite o adoeci-
mento ou suas consequências.
76
A prevenção primária (período pré-patogênico)
Promoção da saúde:
• Moradia adequada.
• Alimentação adequada.
• Áreas de lazer.
• Escolas.
• Educação em todos os níveis.
• Apoio social e de saúde mental.
• Informação, educação em saúde.
Proteção específica:
• Imunização, vacinação.
• Saúde ocupacional.
• Higiene pessoal e do lar.
• Proteção contra acidentes, uso de vestimenta e procedimentos adequados (aci-
dentes biológicos, por exemplo).
• Aconselhamento genético.
• Controle de vetores (mosquito da dengue, tratamento da água, coleta de lixo).
• Uso de preservativos (ROUQUAYROL, 2018).
Atua onde o processo de saúde-doença está instaurado. Visa propiciar a melhor evolu-
ção clínica para os indivíduos afetados conduzindo um processo para desfechos favorá-
veis de recuperação, bem como para interromper ou reduzir a cadeia de disseminação
do problema a outras pessoas (ROUQUAYROL, 2018).
Diagnóstico precoce:
77
• Limitação da Incapacidade.
• Evitar futuras complicações.
• Evitar sequelas (tratar a doença, recuperar a pessoa totalmente).
(ROUQUAYROL, 2018).
Refere-se ao processo em que a cura deixou sequelas ou doença crônica. Nesse plano,
o objetivo é conseguir a redução da incapacidade e a melhoria da qualidade de vida da
pessoa/paciente (ROUQUAYROL, 2018).
Exemplos:
Ampliando o foco
78
No Brasil, temos o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da
Saúde, que foi implantado em 1975/76.
E morbidade?
Conjunto de indivíduos que adquiriram uma doença (ficaram doentes) em um dado inter-
valo de tempo. Por exemplo, segundo o relatório de saúde World Health Statistics 2018
(p. 6), 325 milhões de pessoas no mundo vivem com hepatite B ou C.
79
Em mulheres, Brasil, 2018
80
MIDIATECA
NA PRÁTICA
Fatores
Fatores Agentes biológicos:
ambientais:
relacionados químico, físico,
físico, químico,
ao hospedeiro nutricional
biológico ou social
Alta taxa LDL-
Sexo (M>F) Sedentarismo
colesterol
81
Resumo da Unidade 3
82
Referências
83
UNIDADE 4
Epidemiologia Descritiva
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
85
Medidas da saúde coletiva
Exemplo
Principais coeficientes:
Razão de
Prevalência Incidência e índice
masculinidade
Incidência e prevalência
86
ocorrência de casos novos da doença na população exposta. Assim, sabemos que as
sentenças “mil novos casos de coronavírus por dia” ou “200 casos de dengue por ano”
são expressões que revelam a incidência, ou seja, a intensidade com que aquela doença
aparece (ROUQUAYROL; SILVA, 2018).
Ela pode ter valor absoluto, como citado anteriormente, ou podemos calcular o coeficien-
te de incidência – CI.
Então, podemos afirmar que o coeficiente de incidência é definido como a razão entre o
número de casos novos de uma doença e o número de uma população exposta vezes mil.
Exemplo:
Suponhamos que no ano de 2020 tenhamos tido um surto de dengue em uma determi-
nada cidade do interior do Rio de Janeiro, provocando muitas mortes, e que ao final do
ano esse número tenha abaixado consideravelmente. Então, podemos dizer que no ano
de 2020 tivemos alta incidência (número de casos novos) de casos de dengue.
Exemplo de cálculo:
Nº de casos
Local Ano População
diagnosticados
60
X 1.000=0,0026 X 1.000=2,60
23000
87
O que esse cálculo nos mostra?
Que na cidade X houve 2,60 casos novos da doença por mil habitantes no ano de 2020.
Alta incidência significa elevado risco coletivo de adoecer, logo ela mede o risco/proba-
bilidade de uma determinada doença acontecer na população exposta, e, dessa forma,
podemos criar políticas públicas para que haja controle, diminuição ou até mesmo a
erradicação dessa doença.
E prevalência? O que é?
Incidência
Número de Prevalência
casos
Cura
Óbitos
Doentes que
emigram
Fonte: Adaptada de Rouquayrol e Silva (2018).
88
Com essa imagem podemos compreender melhor o que são incidência e prevalência.
• Doentes novos.
• Doentes que imigram (doentes que chegam de outros países).
E a prevalência?
• Doentes novos.
• Doentes que imigram.
• Doentes curados.
• Óbitos.
• Doentes que emigram (doentes que saem do país).
Exemplo
5.554.206
Prevalência de covid-19 no Brasil no dia 2/11/2020 = X 100.000
210.000.000
89
= 0,0264500 x 100.000
= 2.644,86
Então, temos 2.644,86 casos por 100.000 habitantes.
CIDADE FICTÍCIA
Ano
Especificação
2018
90
Óbitos masculinos 45.000
1 – Coeficiente de mortalidade geral – CMG: calcula o risco de morte por todas as cau-
sas de toda a população e em um determinado período e local.
71.000
CMG = × 103
10.200.000
CMG = 6,96
Podemos calcular o CMG em dois anos diferentes de um determinado local para que
possamos compará-los. Vamos supor que fazendo isso você perceba que o CMG au-
mentou, então poderemos criar ações para que haja a diminuição do CMG, mas para isso
será necessário ampliar o foco para a causa do aumento do número do CMG.
91
Nº de óbitos de menores de 1 ano em um dado local e período
CMI = × 103
Nº de nascidos vivos no mesmo local e período
1.300
CMI = × 103
300 000
CMI = 4,33
92
800
CMIT = × 103
300 000
CMIT = 2,66
340
CMM = × 103
300 000
CMM = 1,13
93
Tendo como base as informações da tabela:
5.000.000
RM = × 1000 (ou χ 100)
5.200.000
6 – Coeficiente de letalidade – CL: mostra o risco que uma pessoa tem de morrer por
uma determinada doença.
300
CL = × 100
1150
CL = 0,2608 x 100
CL = 26,08
7 – Coeficiente de mortalidade por causa – CMC: calcula o risco de morte por determi-
nada causa em um dado local e período.
94
Nº de óbitos por causa em determinado local e período
CMC = × 105
Nº de pessoas expostas no mesmo local e período
300
CMC = × 105
5.000.000
CMC = 6
8 – Coeficiente geral de fecundidade – CGF: esse indicador mostra como está a condi-
ção reprodutiva das mulheres em idade fértil de um determinado local e período.
95
300.000
CGF = × 1.000
3.640.700
CGF = 82,40
300.000
CN = × 1.000
10.200.000
CN = 0,029 x 1000
CN = 29,41
96
Ampliando o foco
97
Transições e variáveis
Transições
Transição epidemiológica
O que é?
98
Transição demográfica
99
Fonte: IBGE (2010).
Variáveis
100
Quem? Quando? Onde?
Para ser possível responder a essas perguntas em um contexto real de pesquisa, preci-
samos conhecer mais sobre as variáveis relacionadas a tempo, pessoa e lugar. Vamos lá!
Quem? (pessoa)
101
Variáveis relacionadas à pessoa:
Quando? (tempo)
JANEIRO | 2021
102
Onde? (lugar)
103
Epidemias, endemias e surtos — diferença
entre as ocorrências
Endemia
Epidemia
Como epidemia, podem-se considerar surtos de determinada doença que não se espa-
lha para outros países, podendo ocorrer em alguns munícipios ou alguns estados.
Pandemia
Nome dado à ocorrência epidêmica caracterizada por larga distribuição espacial, atingin-
do várias nações (ROUQUAYROL; SILVA, 2018).
104
Um exemplo com gráficos de vários países acometidos pela pandemia causada pelo
coronavírus em 2020:
Surto
Surto é uma epidemia de proporções reduzidas, atingindo uma pequena comunidade hu-
mana. Muitos restringem o termo para o caso de instituições fechadas, enquanto outros
usam como sinônimo de epidemia (SCHMID, 1956).
105
Exemplo: a dengue, em algumas cidades, pode ser tratada como surto por atingir, nesse
caso, um bairro específico.
Vigilância epidemiológica
Como profissionais atuantes nessa área, faremos o controle de todas as doenças e cau-
sas de mortalidade de uma determinada região e proporemos ações no SUS, como:
106
MIDIATECA
NA PRÁTICA
107
• Proteger com lenços (preferencialmente descartáveis) boca e nariz, ao
tossir ou espirrar, para evitar disseminação de aerossóis;
• Indivíduos com síndrome gripal devem evitar contato com outras
pessoas suscetíveis;
• Indivíduos com síndrome gripal devem evitar aglomerações e ambientes
fechados;
• Manter os ambientes ventilados;
• Indivíduos que sejam casos suspeitos ou confirmados devem ficar em
repouso, utilizar alimentação balanceada e aumentar a ingestão de líquidos.
108
Resumo da Unidade 4
Nesta unidade aprendemos sobre medidas de saúde coletiva, bem como a realizar os
cálculos dos principais coeficientes em epidemiologia. Além disso, entendemos como
é a dinâmica das transições epidemiológicas e demográficas. Aprendemos, também,
os principais conceitos em epidemiologia, como: epidemia, endemia, pandemia e surto.
Dessa forma, por meio dos conteúdos estudados, fortalecemos o entendimento acerca
da atuação da vigilância epidemiológica.
109
Referências
110