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Como escrever uma informação


de saúde corretamente?

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Apresentação 
Olá, Estudante!

Imagine agora que você pretende divulgar a situação de saúde da região onde você mora. Como seria a forma
correta de divulgar esses dados epidemiológicos? Nesta aula, você vai aprender como escrever corretamente e
interpretar os dados epidemiológicos. Você irá aprender sobre os indicadores de saúde mais utilizados em
Saúde Coletiva, no que se refere às taxas de mortalidade e morbidade da população estudada.

Bons estudos!

Ao final desta aula, você deve apresentar as seguintes competências:

Escrever corretamente e interpretar dados epidemiológicos.


Conceituar os principais tipos de indicadores de saúde e representá-los.
Conhecer os caracteres epidemiológicos: tempo, lugar e pessoa.
Diferenciar as variações regulares das doenças e agravos das irregulares (epidemias).

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Conteúdo 
A importância dos indicadores de saúde em Saúde Coletiva

Indicadores de saúde: o que são e para que servem?


Caro estudante, futuro profissional da saúde, você precisa entender, em primeiro lugar, que as informações e
dados de saúde possuem um jeito próprio de serem representados. É necessária uma padronização na forma de
representar e escrever esses dados, para que seja possível a comparação dos indicadores de saúde  de
regiões diferentes.

Um indicador de saúde é qualquer dado ou variável qualitativa ou quantitativa que represente alguma informação
sobre um indivíduo ou sobre a população estudada.

De acordo com Carvalho et al.  (2012), conhecer os indicadores de saúde é fundamental para o planejamento e
gestão das ações programadas no setor saúde. Por meio deles, é possível detectar mudanças na saúde
individual e populacional, identificar epidemias, comparar indivíduos ou populações de municípios, estados,
macrorregiões e até mesmo o nível de saúde de países diferentes.

Há uma diferença conceitual entre indicador de saúde e índice de saúde. O indicador representa apenas um
aspecto (ele é unidimensional), enquanto que o índice representa mais de um aspecto (ele é multidimensional).
Um exemplo de indicador é a taxa de mortalidade geral, que é unidimensional, pois o único aspecto referido são
os óbitos gerais. Um exemplo de índice é o índice de massa corporal (IMC), que é multidimensional, pois
considera dois aspectos diferentes no cálculo do índice (o peso e a estatura).

Na prática, indicadores e índices representam a mesma coisa. O termo “indicadores de saúde” é utilizado para
indicar todos os dados adquiridos nesse campo do conhecimento.

De acordo com Laurenti  (2005), os principais indicadores de saúde são:

a. Indicadores sociodemográficos: correspondem aos indicadores que representam as questões sociais e os


dados gerais da população, como por exemplo, a renda per capita , o número de habitantes de um
município, a proporção de analfabetos, dentre outros.
b. Indicadores de serviço: correspondem aos indicadores que representam os dados envolvidos com a rede
de serviço público ou privado. São exemplos, o número de leitos hospitalares, a quantidade de unidades de
saúde, o número de pessoas atendidas num determinado período, a quantidade de pessoas atendidas por
profissional, dentre outros.
c. Indicadores nutricionais: correspondem aos indicadores que refletem o estado nutricional dos indivíduos
ou populações. O IMC é um índice nutricional, por exemplo. O Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN) é o responsável pela divulgação de dados nutricionais da população brasileira.
d. Indicadores ambientais: correspondem aos indicadores que têm relação direta com o meio ambiente,
recursos naturais e a ação do homem sobre eles. São exemplos os indicadores de fauna e flora ameaçados
de extinção, a área de florestas públicas, dentre outros.
e. Indicadores de mortalidade: correspondem às taxas de óbitos gerais ou por problemas específicos. São
exemplos as taxas de mortalidade geral, a taxa de mortalidade infantil e as taxas de mortalidade por

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causas específicas, por exemplo, a taxa de mortalidade do câncer de colo uterino. A taxa de letalidade 
está inclusa nos indicadores de mortalidade.
f. Indicadores de morbidade: correspondem às taxas que se referem aos doentes, ou seja, número de casos
de doentes numa população (prevalência) e o número de casos novos da doença que aparecem em um
determinado período de tempo (incidência).

Critérios para avaliação dos indicadores de saúde


De acordo com Laurenti (2005), existem cinco critérios que todo indicador de saúde deve possuir. São eles:

a.  Validade: refere-se à capacidade do indicador de saúde medir o fenômeno estudado. Por exemplo, para se
medir a estatura do paciente é necessário um instrumento que possa ter capacidade de representar a
estatura. Um exemplo de indicador válido é a medida da estatura utilizando-se uma medida de
comprimento (em centímetros).
b. Confiabilidade: é a capacidade de obter os mesmos resultados de medida quando a mensuração é
repetida. Por exemplo, utilizei um estadiômetro  ou fita métrica para medir a estatura de crianças. Se eu
utilizasse outro estadiômetro ou fita métrica, eu encontraria maior confiabilidade se os resultados da
estatura encontrados fossem os mesmos.
c. Representatividade: é também chamada de cobertura populacional. Por exemplo, se eu quero saber
informações sobre os hipertensos no Brasil, eu não posso coletar os dados apenas na Região Nordeste.
Para que os dados de hipertensão apresentem representatividade, eu precisaria coletar dados e amostras
de pacientes em todas as regiões brasileiras.
d. Ética: como já discutimos, a ética representa o respeito para com o usuário do SUS e para com o paciente.
Pesquisas envolvendo seres humanos devem respeitar a ética e a Resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) , que estabelece os fundamentos éticos e científicos para esse tipo de
pesquisa. Então, para se obter indicadores de saúde dos usuários do SUS e dos pacientes hoje em dia, não
é permitido o desrespeito aos princípios da ética em pesquisa envolvendo seres humanos. A pesquisa
precisa respeitar os princípios da dignidade e da autonomia dos sujeitos envolvidos, precisa avaliar os
riscos e benefícios (evitando os riscos e comprometendo-se com os benefícios socias da pesquisa). Toda
pesquisa precisa ser aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) , antes de ser realizada.
e. Facilidades técnico-administrativas: são os critérios que permitem a obtenção de dados individuais ou
populacionais de uma forma mais racional e mais barata. Os indicadores de saúde devem ser simples,
flexíveis, de fácil obtenção e de custo operacional compatível. Um exemplo do critério de facilidades
técnico-administravas é a escolha do uso da radiografia ou da tomografia computadorizada. Se é possível
utilizar a radiografia para obter algum dado diagnóstico, ela será indicada por ser mais barata e mais
simples. A tomografia computadorizada só será indicada para a coleta desses dados diagnósticos, caso a
radiografia não dê conta.

O que são variáveis? Como são classificadas?


Primeiramente, você precisa entender que tipos de dados ou indicadores de saúde você pode coletar, seja
durante uma pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), seja para a publicação de um artigo de saúde
ou seja para gerar dados importantes para o SUS, para o DATASUS, por exemplo, que é o departamento de
informática do SUS.

As variáveis são dados ou características de interesse medidas em cada elemento de uma amostra ou
população. As amostras são recortes do universo de elementos que se deseja estudar, por exemplo o número de
pessoas selecionadas para participar de uma pesquisa. Por exemplo, você deseja realizar uma pesquisa
envolvendo hipertensos idosos no Distrito Federal. Seria muito difícil e caro estudar e encontrar todos os
hipertensos idosos do Distrito Federal (o número também seria muito grande). Então, realizamos a amostragem,
que é a seleção de um número (n) de pessoas com essa característica na população. Quanto maior a sua
amostra (n), mais facilmente você encontrará indicadores de saúde mais próximos da realidade. Não existe ao

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certo um número mínimo de pessoas para a amostra, mas a maioria dos pesquisadores considera o mínimo de
30 participantes (n=30), porém quanto maior a amostra, melhor. O número da amostra vai ser definido de acordo
com o problema de pesquisa e por meio da estatística . Uma pesquisa realizada com toda a população é o
senso, realizada a cada quatro anos no Brasil, para buscar dados sociodemográficos, principalmente.

De acordo com Vieira  (2016), as variáveis podem ser qualitativas e quantitativas, conforme a explicação a
seguir:

a. Qualitativas (ou categóricas): são as variáveis que não são representadas por um valor numérico (não
expressa contagem), ou seja, são representadas por categorias. Podem ser de dois tipos:
a. Qualitativas nominais: não existe ordenação entre as categorias. São exemplos dessas variáveis:
sexo, cor dos olhos, fumante/não fumante, doente/sadio, estado civil, dentre outras.
b. Qualitativas ordinais: existe uma ordenação entre as categorias. São exemplos: escolaridade (1º, 2º e
3º graus), estágio da doença (inicial, intermediário, terminal), dentre outras.
b. Quantitativas: são as variáveis que são representadas por um valor numérico, ou seja, são representadas
por valores quantitativos. Podem ser de dois tipos:
a. Quantitativas discretas: representam o número de contagens e, portanto, só podem ser números
inteiros. São exemplos: o número de filhos, a quantidade de pessoas doentes, o número de pessoas
atendidas, dentre outros. Ninguém pode ter 2,5 filhos, por exemplo, somente 1, 2, 3, 4, etc.
b. Quantitativas contínuas: representam características mensuráveis e podem apresentar valores
fracionados. São exemplos: peso, altura, tempo, pressão arterial, idade, dentre outros. A maioria
dessas variáveis precisa ser medida utilizando algum instrumento, como a balança, a régua, o relógio,
o esfigmomanômetro , por exemplo.

Para Saber Mais 

Leia as páginas 183-192 do capítulo 10 “Epidemiologia e Indicadores de Saúde” do livro Bases da Saúde
Coletiva

(http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/includes/header_pdf.php?id=266&ext=.pdf&titulo=EPIDEMIOLOGIA)

Leia, também, o artigo “Indicadores sociais e de saúde para a operacionalização da Vigilância à Saúde”

(http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n4/v42n4a24.pdf )

Para estudar sobre variáveis e representação gráfica dessas variáveis, leia as páginas 12-21 do “Módulo de
Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE) - Medição das condições de
saúde e doença na população” da OMS (2010).

(https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&category_slug=informacao-e-
analise-saude-096&alias=951-modulos-principios-epidemiologia-para-controle-enfermidades-mopece-
modulo-3-1&Itemid=965 )

Como representar corretamente os indicadores de saúde?


Imagine que você está lendo um trecho de uma matéria jornalística, a seguir (dado fictício):

“A cidade de Mangueiras apresentou 300 casos de mortalidade infantil  em outubro de 2019. A cidade de
Laranjeiras apresentou 200 casos, no mesmo período.”

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Para Refletir 

Em primeiro momento, você deve acreditar que a situação da mortalidade infantil é pior no município de
Mangueiras, pois o número de casos de mortes foi maior. Se você pensar bem, essa maneira de relatar
esse problema de saúde pública é falho, pois a matéria jornalística não considerou a quantidade de
habitantes em cada município.

Imagine que você buscou na internet a quantidade de habitantes em cada município. Mangueiras possui
100.000 habitantes e Laranjeiras possui 10.000 habitantes.

Tente calcular agora a proporção de casos de mortalidade infantil para cada grupo de 1.000 habitantes. O
que você concluiu? Qual das cidades apresenta uma pior situação epidemiológica em relação à
mortalidade infantil?

Você deve ter refletido que relatar apenas os numéricos absolutos dos casos (300 e 200 casos) de mortalidade
infantil nos dois municípios levou a um diagnóstico incorreto da realidade dos dois locais. Portanto, a frequência
ou contagem absoluta dos casos não é indicada e não nos permite comparar duas localidades diferentes, pois
não leva em consideração a quantidade de habitantes em cada local.

Então, o correto é utilizar a frequência relativa, que é representada pelas taxas ou coeficientes. Veja como
faremos isso:

Escolheremos uma unidade de referência, que é arbitrária, ou seja, você pode escolher essa unidade para a
maioria dos indicadores de saúde. Alguns indicadores possuem padronização no uso dessa unidade de
referência, como por exemplo, a taxa de mortalidade infantil, que é dada sempre com a unidade de referência de
1.000 habitantes (obrigatório). A unidade de referência é dada sempre na base 10 (10, 100, 1.000, 10.000,
100.000, 1.000.000, etc.). Vamos entender melhor, utilizando o exemplo de Mangueiras e Laranjeiras.
Calcularemos a taxa de mortalidade infantil em cada um dos municípios, por meio de uma regra de três simples:

a. Mortalidade infantil em Mangueiras: houve 300 casos de mortalidade infantil para um total de 100.000
habitantes. Quantos casos eu tive para cada grupo de 1.000 habitantes?
300 casos ------------- 10.000 habitantes

x casos ---------------- 1.000 habitantes

x=(300 ∙1000)/100000=3 casos para cada 1.000 habitantes

b. Mortalidade infantil em Laranjeiras: houve 200 casos de mortalidade infantil para um total de 10.000
habitantes. Quantos casos eu tive para cada grupo de 1.000 habitantes?
200 casos ------------- 10.000 habitantes

x casos ---------------- 1.000 habitantes

x=(200 ∙1000)/10000=20 casos para cada 1.000 habitantes

Podemos concluir que a taxa de mortalidade infantil de Mangueiras foi de 3 casos para cada 1.000 habitantes (3
casos / 1.000 hab.) e para Laranjeiras foi de 20 casos para cada 1.000 habitantes (20 casos / 1.000 hab.), ou
seja, a situação da mortalidade infantil em Laranjeiras é muito pior do que Mangueiras. É por isso que devemos
utilizar a frequência relativa (com a unidade de referência) para representar os dados epidemiológicos. Jamais
iremos utilizar a frequência absoluta de forma isolada.

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A descrição da frequência e da distribuição dos dados


De acordo com Laurenti (2005), a descrição dos dados, puramente como acontecem, é realizada pela
Epidemiologia Descritiva. Para se realizar a análise dos dados epidemiológicos devemos levar em consideração
três tipos de caracteres epidemiológicos:

Dados relativos às pessoas: se referem aos dados das pessoas acometidas pelo problema estudado e
respondem à pergunta: “quem são os sujeitos envolvidos com o problema estudado e quais são os dados
dessas pessoas? São exemplos de variáveis relacionadas às pessoas: o sexo, a escolaridade, etnia , classe
social e milhares de outros tipos de informações.

Dados relativos ao lugar (espaço): se referem à distribuição dos problemas estudados no espaço geográfico e
respondem à pergunta: “onde o problema aconteceu?”. Para a melhor representação dos dados relativos ao
espaço é utilizada a cartografia .

Dados relativos ao tempo: se referem à distribuição dos problemas estudados no tempo e respondem à
pergunta: “quando os eventos aconteceram?”. Existem duas formas de comportamento das doenças e agravos
no tempo:

a. Variações regulares: ocorrem quando o evento estudado é previsível, ou seja, pode ser possível estimar os
fatos futuros com base nos estudos e dados anteriores. As variações regulares podem ser de três tipos
(Pereira, 2005):
a. Tendência secular: é representada por meio de gráficos que mostram o impacto de programas ou
intervenções na área da saúde. Mostra a evolução futura do comportamento da doença ou agravo na
comunidade, representando as mudanças de um período longo do tempo, não necessariamente um
século, como expressa o termo “secular”. O Gráfico 2.1. nos mostra um exemplo de tendência secular.
Observe que o coeficiente de mortalidade infantil diminuiu consideravelmente ao longo dos anos, o
que demonstra uma tendência de diminuição da mortalidade infantil com o passar do tempo.

Gráfico 2.1 - Coeficiente de mortalidade infantil na cidade de São Paulo (SP) entre os anos de 1900-1994

Fonte: Antunes (1998) apud Antunes e Cardoso, 2015.

b. Variação sazonal: é representada por meio de gráficos que mostram as variações da doença ou
agravos durante o período de um ano (sazonalidade). Por exemplo, sabemos que a gripe é uma
doença sazonal, pois durante os períodos de seca ou o inverno, há um claro aumento no número de
casos de gripe (aumento da incidência). Esse aumento de número de casos é esperado (previsível),
portanto, não pode ser considerado como uma epidemia de gripe. Um exemplo de variação sazonal
está representada no Gráfico 2.2. Observe que a mortalidade por influenza e pneumonia em idosos foi
maior na Região Sul, por conta das temperaturas mais baixas. Em todos os anos, na estação mais
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seca e fria, a taxa de mortalidade por influenza e pneumonia aumentou consideravelmente, o que era
esperado por conta da redução das temperaturas. Portanto, não podemos dizer que o aumento da
taxa representa uma epidemia de influenza, pois esses eventos eram esperados. Porém, quando o
número de mortes por influenza e pneumonia ultrapassou o limiar epidêmico, foi considerada
epidemia, pois o número de mortes foi muito alto além do que era esperado para esta época do ano.
Analise com calma o Gráfico 2.2.

Gráfico 2.2 - Mortalidade semanal de idosos (65 anos ou mais) por influenza e pneumonia nas regiões Sul e
Nordeste do país. Brasil, 1996 a 1998

Fonte: Oliveira et al (2013) apud Antunes e Cardoso, 2015.

c. Variação ou flutuação cíclica: é representada por meio de gráficos que mostram a flutuação ou
variação do número de casos de doenças ou agravos ao longo de um tempo. Essa flutuação é regular
(previsível), pois sabemos que pequenas mudanças no número de casos ao longo dos anos, para
mais ou para menos, são comuns. O que não pode acontecer na variação cíclica é um aumento
inesperado do número de casos, ou seja, quando o número de casos novos é muito diferente do que
aconteceu nos últimos períodos. A flutuação cíclica representa o nível endêmico (endemia), que uma
situação oposta ao nível epidêmico (epidemia), que será descrito a seguir. O Gráfico 2.3 representa
um exemplo de flutuação ou variação cíclica. Lembre-se de que os picos do gráfico só podem ser
considerados epidêmicos se o número de casos for muito maior do que o esperado para os anos. No
caso do exemplo, a partir do ano de 1975 o sarampo não apresentou picos ou surtos epidêmicos,
permanecendo numa variação cíclica regular e esperada.

Gráfico 2.3 - Incidência mensal de sarampo na cidade de São Paulo, estado de São Paulo. Brasil, 1960 a 1993

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Fonte: Waldman e Rosa (1998) apud Antunes e Cardoso, 2015.

b. Variações irregulares: ocorrem quando o evento estudado não foi previsível, ou seja, não foi possível
estimar os fatos que aconteceram com base nos estudos e dados anteriores. As variações irregulares são
chamadas de epidemias. As epidemias não são previsíveis, elas ocorrem inesperadamente. O aumento do
número de casos novos de gripe (aumento da incidência) em determinadas épocas do ano (inverno e seca)
não pode ser considerado epidemia (variação irregular), pois esse aumento da incidência já é esperado ao
longo de todos os anos. Mas pode acontecer uma epidemia de gripe? Pode sim, quando esse aumento da
incidência de gripe aumentar significativamente em relação aos anos anteriores, de forma inesperada ou
fora de controle (Almeida Filho e Barreto, 2012).

Podemos utilizar o Gráfico 2.2 para analisar uma situação de epidemia. Quando o pico da doença ultrapassar o
limiar epidêmico, podemos constar o nível epidêmico. Ou seja, o Gráfico 2.2. também apresenta alguns pontos
de epidemia. Analise-o novamente. A classificação das epidemias está representa no Quadro 2.1.

O termo surto é indicado para epidemias em locais restritos ou menor espaço geográfico. O termo pandemia é
utilizado para indicar epidemias em grandes áreas geográficas, como países e continentes.

Quadro 2.1 - Classificação das epidemias quanto à origem e duração

Fonte: Carvalho, Pinho e Garcia, 2017.

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Para Refletir 

Faça uma busca na internet sobre algumas das principais epidemias da história: peste bubônica, gripe
espanhola, a epidemia do HIV/AIDS, a epidemia da influenza A (H1N1).

Reflita:

a. Qual a epidemia que mais matou em um curto período de tempo?


b. Qual a epidemia que mais matou ao longo da história (sem considerar o período de tempo)?
c. Qual a epidemia que mais perdurou e acontece até hoje?
d. Por que a epidemia do H1N1 deixou a humanidade em estado de alerta?

Para Saber Mais 

Ler o módulo III - “Medidas em Saúde Coletiva e Método Epidemiológico” (páginas 19-31)

(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Curso_vigilancia_epidemio.pdf )

Assista ao vídeo “Conceitos e Ferramentas da Epidemiologia - Indicadores de Saúde” do UNA-SUS

(https://www.youtube.com/watch?v=dQLMI0JF6mM )

Assista ao vídeo “Epidemiologia descritiva”

(https://www.youtube.com/watch?v=o8SHdtxiWQc )

Finalizando 

Agora você é capaz de representar corretamente um dado epidemiológico e entender um pouco mais de
Epidemiologia Descritiva. Bons estudos!

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Referências 
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