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Eu serei um profissional de
saúde do Brasil: e agora?

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Apresentação 
Olá, Estudante!

Você estudou nas últimas aulas como a saúde se organizou no mundo (saúde pública e saúde privada) e os
principais conceitos associados a ela.

Você sabe quais artigos da Constituição tratam sobre a saúde? Como é o funcionamento da saúde pública onde
você mora? Será que a legislação bate com a realidade? Obviamente que não, mas as leis nos guiam para o bem.
As leis não existem para o mal, elas são a forma com que organizamos a nossa sociedade. Já pensou sobre a
importância de você saber sobre essas leis ou como funcionam? Se você pode ajudar a mudar a realidade de
saúde brasileira, você precisa conhecer as leis brasileiras! Mas, fique tranquilo, faremos um resumo do que está
lá, pois sabemos que leis são extensas e cansativas... Siga firme, não adianta se esquivar dessa
responsabilidade; para o seu bem, você tem que saber sobre isso!

Nesta aula você entenderá como a saúde se organizou no Brasil até os dias atuais. Estudaremos, também, como
o SUS funciona na prática e como a Constituição Federal de 1988 e algumas leis nacionais direcionam a saúde
brasileira.

Bons estudos!

Ao final desta aula, você deve apresentar as seguintes competências:

Compreender como o setor saúde funciona no Brasil, ou seja, quais são as possibilidades de emprego
disponíveis agora e como poderão ser no futuro.
Conhecer a influência da política na história da saúde pública no Brasil.
Entender como a Constituição Federal e algumas leis direcionam a saúde no Brasil.
Conhecer a importância do SUS para toda a população brasileira e os seus princípios doutrinários e
organizacionais.

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Conteúdo 
Você precisa muito do SUS!

Uma vez ouvi um estudante dizer: “eu não precisarei do SUS, pois quando eu me formar trabalharei somente em
consultório particular e minha família possui plano de saúde”. Isso não é verdade e é preciso que você perceba a
importância de você, estudante da área da saúde, entender o quanto precisa que o SUS exista, assim como todos
os brasileiros precisam.

Primeiramente, há duas possibilidades de emprego: no setor privado  (livre comércio, controlado pelo Estado)
e no setor público  (controlado diretamente pelo Estado). Se o SUS fosse extinto o setor saúde praticamente
seria todo privado, ou seja, toda a saúde deveria ser custeada pelo próprio indivíduo. Não existiriam concursos
públicos para a área da saúde, ou seja, você só conseguiria emprego no setor privado.

Outro ponto é que, como você leu no capítulo anterior, grande parte da população brasileira vive na pobreza.
Como essas pessoas que vivem com tão pouco poderiam pagar por prestação de serviços de saúde no setor
privado? Para essas famílias, falta dinheiro até para a alimentação. Então, como poderíamos exigir que elas
paguem por saúde? Inclusive, a saúde foi um direito adquirido com a Constituição Federal de 1988  (BRASIL ,
1988).

E para você que acredita que, mesmo tendo plano de saúde  privado, não necessita do SUS, você está
equivocado. Veja abaixo exemplos de fatos que estão relacionados ao SUS, que podem estar presentes no seu
dia a dia:

a. Tomando um sorvete no shopping: todo estabelecimento comercial (setor privado) que forneça alimentos,
produtos, matéria-prima, cosméticos, produtos de limpeza, químicos, dentre outros, é controlado e
fiscalizado pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). Para que você tome um sorvete no
shopping, esse estabelecimento deverá ter o alvará de funcionamento, os produtos para a fabricação do
sorvete deverão apresentar qualidade para o consumo e essa qualidade é avaliada pelo SNVS.
b. Indo ao cirurgião-dentista (CD): você foi ao dentista realizar uma cirurgia de exodontia (extração) de um
terceiro molar (dente do siso). O procedimento envolveu a invasão dos tecidos bucais e, portanto, houve
sangramento, o que obrigou o uso de instrumentais esterilizados, a injeção de anestésico, o descarte de
lixo contaminado e perfurocortantes (agulha, lâmina de bisturi, tubete de vidro do anestésico) em local
correto, dentre outros. Perceba que o SNVS controla essas questões associadas aos serviços de saúde ,
para a segurança do paciente, da sociedade e do meio ambiente. Não são controlados somente os serviços
de saúde, mas todos os tipos de serviços que implicam de alguma forma com a saúde, por exemplo, indo à
barbearia ou à manicure.
c. Necessitando de um transplante de órgão: espero que você não necessite de um desses! Mas você precisa
saber que não é permitida a venda de órgãos no Brasil, o que configura tráfico de órgãos; então, as clínicas
e hospitais particulares, para realizarem transplantes, devem agir de acordo com as normas do Sistema
Nacional de Transplantes (SNT), que pertence ao SUS. Isso dificulta o acesso aos órgãos de forma ilegal.
d. Tomando uma vacina: a maior parte das vacinas são oferecidas gratuitamente para a população brasileira,
com o intuito de prevenir o aparecimento de doenças e epidemias , que podem matar ou diminuir a
capacidade, a qualidade e a expectativa de vida.

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e. Sofrendo um Acidente de Transporte Terrestre (ATT): também não desejo que sofra um desses! Mas, se
isso acontecer e em caso de acidentes mais graves, você será atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência (SAMU) e será levado para um hospital de referência da rede.

O SUS precisa muito de você!

Para defender o SUS é preciso ter também empatia com as pessoas que dependem exclusivamente do
atendimento na rede, ou seja, não possuem acesso às clínicas, laboratórios ou hospitais particulares, o que
equivale a mais de 70% da população brasileira.

O que ouvimos sobre o SUS na mídia é um sistema com muitos problemas para serem resolvidos. Isso é
completamente verdade! Porém, é preciso entender que o SUS é um jovem sistema, nascido em 1988, pouco
antes do Brasil fazer 500 anos. Ou seja, foram quase 500 anos de negação da saúde pública como um direito de
todos. O SUS e a sociedade brasileira recém-democrática não conseguiriam resolver os problemas e as
diferenças sociais de 500 anos de Brasil, até o momento (pouco mais de 30 anos de SUS).

Mesmo que você, futuramente, não seja funcionário público, continuará sendo cidadão brasileiro e discutir o
rumo da saúde no Brasil e defender o povo brasileiro é um dever seu. Há um futuro a se construir e ele também
depende de você!

Como você percebeu, o SUS não representa apenas o atendimento dos profissionais de saúde em unidades de
saúde ou hospitais. Ele representa todo o contexto de saúde do nosso país e você, agora mais do que nunca,
está inserido nesse contexto. O SUS precisa muito de você!

A história das políticas de saúde no Brasil

Nesta parte iremos conhecer a história da saúde pública no nosso país, por meio de um documentário histórico e
bem ilustrado.

Convido você a assistir a este documentário de época sobre a história das políticas de saúde  no Brasil. Não é
um tipo de filme animador daqueles que você vê no cinema, mas ele acaba contando a história de uma forma
bem ilustrada, apresenta um pouco de humor e faz uma grande crítica social. Na Figura 3.1, você encontra um
resumo dos principais acontecimentos que levaram à construção e consolidação do Sistema Único de Saúde
(SUS).

Para Saber Mais 

Assista ao documentário “História das Políticas de Saúde no Brasil”

(https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc )

Assista também ao vídeo “A história da saúde pública no Brasil – 500 anos na busca de soluções

(https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8 )

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Para Refletir 

Após assistir ao documentário, você precisará identificar e responder às questões abaixo. Você deverá se
lembrar também do modelo de medicina social (medicina urbana, medicina de polícia e medicina da força
de trabalho), do modelo de medicina comunitária, do modelo biomédico e do modelo biopsicossocial, já
estudados nas aulas anteriores:

a. Quando a saúde pública foi criada pela primeira vez no Brasil?


b. O modelo adotado por Getúlio Vargas até a criação do SUS foi o modelo de medicina da força do
trabalho; explique o porquê.
c. Houve um evento de saúde pública que marca o modelo de medicina de polícia; diga qual foi esse
evento.
d. O que foi a reforma sanitária brasileira? Faça uma busca na internet sobre o assunto.

Figura 3.1 - Principais marcos históricos da saúde pública no Brasil.

Fonte: Oliveira et al., 2015.

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Siglas: LOS (Leis Orgânicas da Saúde).

O SUS foi uma conquista democrática

Como você pôde perceber no documentário, os movimentos sociais e as lutas da sociedade civil levaram à
conquista e criação do SUS com a Constituição Federal de 1988 (CF/1988) (BRASIL, 1988).

O SUS é amparado pela Constituição e algumas leis, a seguir:

a. Artigo 196 da CF/1988:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Brasil, 1988)

Este artigo cria o princípio da universalidade, quando fala que a saúde é para todos e o acesso é universal. A
assistência à saúde no Brasil é prestada a qualquer ser humano em território nacional. O artigo também cria o
princípio da integralidade, quando fala que a saúde deve ser promovida, protegida e recuperada, ou seja, as
ações de saúde devem ir das mais simples às mais complexas. Desde uma palestra do pré-natal até uma cirurgia
de transplante. A integralidade permite que a saúde seja mantida, promovida ou recuperada e a doença seja
prevenida, evitada e eliminada. A integralidade diz que todos os problemas de saúde devem ser resolvidos, na
prática.

Aqui vale um parágrafo para o entendimento do direito à saúde pelo Estado Brasileiro. Existem direitos que são
imediatos, como o direito à vida. Porém a saúde não é um direito imediato e se configura como um direito
programático, ou seja, que vai ser construído e melhorado com o tempo, já que é impossível resolver todo o
problema de saúde de uma vez só...

b. Artigo 197 da CF/1988:

São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. (Brasil, 1988)

Este artigo evidencia a necessidade da participação do Estado nas questões de saúde pública.

c. Artigo 198 da CF/1988:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção
única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. (...) (BRASIL,
1988)

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Este trecho inicial do artigo afirma o princípio da descentralização como parte do funcionamento do SUS. A
descentralização significa tirar o poder do centro (da esfera federal, da união) e permitir autonomia política e
administrativa aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal. Cada esfera de governo (federal, estadual e
municipal) tem autonomia para criar as suas próprias leis, respeitando as leis superiores. Isso faz muito sentido,
pois o Brasil é um país enorme em território, apresenta uma grande diversidade cultural, apresenta diferentes
climas e regionalismos. Então, as doenças também se distribuirão de forma desigual, em regiões desiguais.
Cada município, por exemplo, deve decidir em quais problemas de saúde irá gastar os recursos do orçamento
público disponíveis para o setor saúde.

Este artigo fala do atendimento integral, pautado pelo princípio da integralidade. Mas perceba que o SUS dá
prioridade para as atividades preventivas, principalmente aquelas realizadas para se evitar a doença, do que as
atividades curativas. As atividades curativas existem e são necessárias, mas é preciso mudar a forma de pensar
e acreditar que a melhor forma de resolver os problemas de saúde é evitando que eles aconteçam.

O artigo também fala do princípio de participação da comunidade. Esse princípio é fundamental para que o SUS
dialogue com a população. A população deve ser ouvida e participar ativamente das decisões de saúde numa
sociedade democrática. E que o SUS garante esta participação da comunidade por meio dos Conselhos de
Saúde e das Conferências de Saúde.

O artigo também trata da hierarquização, que corresponde à divisão dos serviços de saúde por complexidade.
Essa hierarquização é organizada em três níveis de atenção. A atenção básica ou primária é representada pelas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pela baixa complexidade; a atenção secundária é representada pela média
complexidade, ou seja, hospitais de médio porte ou ambulatórios de especialidades; a atenção terciária é
representada pela alta complexidade, ou seja, hospitais de grande porte. O usuário do SUS entra no sistema pela
porta de entrada, que corresponde à UBS. Se necessário, ele é encaminhado para a atenção secundária. Da
atenção secundária, se necessário, ele é encaminhado para a atenção terciária. Esse processo de
encaminhamento do paciente do menor nível de atenção para o maior é denominado de “referência”. Quando o
paciente termina o seu tratamento na atenção terciária ou secundária, ele é reencaminhado para a atenção
básica ou primária, o que é denominado de “contrarreferência”.

d. Artigo 199 da CF/1988:

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º - As instituições privadas poderão participar de


forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. (...)
(BRASIL, 1988)

Este trecho inicial do artigo nos mostra que decidimos que a assistência à saúde continuasse sendo realizada na
iniciativa privada, como ocorreu sempre ao longo da história do Brasil. O artigo também explica que as
instituições privadas podem participar de forma complementar ao SUS, por meio de parcerias público-privadas.
Esse artigo da Constituição também fala sobre a proibição da comercialização de órgãos e tecidos e afirma que
é de responsabilidade do SUS o controle e fiscalização de bancos de órgãos, transfusões de sangue e
transplantes.

e. Artigo 200 da CF/1988:

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Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e
fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção
de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as
ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a
formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da
execução das ações de saneamento básico; V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento
científico e tecnológico; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e
fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho. (BRASIL, 1988)

Este artigo provavelmente fez você se lembrar do que discutimos no início desta aula, o quanto o SUS tem
relação com todos os setores da nossa sociedade.

f. Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990:

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o


funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. [...] (BRASIL, 1990a)

Esta lei trata do objetivos e atribuições do SUS, princípios e diretrizes, da organização, da direção e da gestão do
SUS, da competência de cada entidade federativa (união, estados e municípios) na saúde, do subsistema de
saúde indígena, do subsistema de atendimento e internação domiciliar, da assistência da parturiente, da
participação da iniciativa privada no SUS e de forma complementar, dentre outros.

g. Lei 8.142 de 28 de dezembro de 1990:

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
[...] (BRASIL, 1990b)

Esta lei trata da participação da comunidade no SUS, conforme você refletiu, e também fala de como ocorre o
repasse de verbas entre as entidades federativas (da União para os estados e dos estados para os municípios).

Os princípios doutrinários e organizacionais do SUS

Os princípios doutrinários ou ideológicos são os três que estão mais voltados para a fundamentação teórica do
SUS ou para este tipo de modelo de saúde. Os demais princípios (organizacionais) tratam da organização do
sistema de saúde, nos seus diferentes setores. Os princípios doutrinários do SUS estão organizados no Quadro
3.1. e os princípios organizacionais do SUS estão dispostos no Quadro 3.2.

Quadro 3.1 - Os princípios doutrinários do SUS

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Universalidade A saúde é direito de todos, sem nenhuma distinção (sexo, gênero, etnia, classe social,
orientação sexual, ocupação, etc.).

Os estrangeiros têm direito à saúde brasileira quando estão em território nacional.

Integralidade Este princípio considera o ser humano como um todo, ou seja, é importante integrar as
questões biológicas, mentais e sociais para a resolução dos problemas de saúde, de acordo
com o modelo biopsicossocial.

O princípio da integralidade diz que o SUS deve atender a todos em todos os aspectos da
saúde, desde a ação mais simples até a mais complexa, com o foco na prevenção.

Equidade O princípio da equidade tem relação com o princípio da igualdade, mas não representa a
mesma coisa.

Tratar a todos da mesma forma seria promover a desigualdade, pois as pessoas vivem em
contextos e condições sociais diferentes. Ou seja, tratar prioritariamente os mais
necessitados (por meio da equidade) promoverá igualdade.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Quadro 3.2 - Os princípios organizacionais do SUS

Descentralização O princípio da descentralização se configura na organização do SUS em todas as esferas de


governo (federal, estadual e municipal), o que permite a descentralização do poder e das
decisões em saúde.

Regionalização O princípio da regionalização se configura no mapeamento e na organização das regiões de


saúde. Essa organização não precisa ser a mesma dos limites territoriais geográficos dos
municípios ou estados. Um dos objetivos da regionalização é distribuir o número de
Unidades Básicas de Saúde (UBS), hospitais de médio e grande porte, laboratórios regionais,
dentre outros, pelo território brasileiro, no intuito de organizar a rede de assistência. Cada
indivíduo deve ser atendido preferencialmente na região de saúde a qual esteja localizada a
sua residência.

Hierarquização (níveis de Atenção primária Corresponde à rede de atenção para resolver os principais problemas
atenção) (atenção básica) de saúde pública. Não precisam ser resolvidos em ambiente hospitalar
e são executados principalmente na própria comunidade e nas UBS.
São exemplos de procedimentos realizados pela atenção primária:
consultas médicas (clínica geral), imunizações, palestras educativas,
consultas odontológicas (clínica geral). Resolve 80% dos problemas de
saúde.

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Atenção Corresponde à rede de atenção para resolver problemas mais


secundária especializados, porém de média complexidade. Normalmente são
realizados em ambulatórios ou hospitais de médio porte ou média
complexidade. São exemplos de procedimentos realizados pela
atenção secundária: consultas na maioria das especialidades médicas,
odontológicas e de outras áreas, pequenas cirurgias realizadas em
ambiente hospitalar, dentre outros. Resolve 15% dos problemas de
saúde.

Atenção terciária Corresponde à rede de atenção para resolver os problemas de alta


complexidade. A atenção terciária corresponde à rede de hospitais de
grande porte ou de alta complexidade. São exemplos de
procedimentos realizados pela atenção terciária: tratamento de
neoplasias, transplantes de órgãos, tratamento de traumas, dentre
outros.

Resolve 5% dos problemas de saúde.

Participação popular O SUS garante a participação da comunidade por meio dos Conselhos de Saúde e das
Conferências de Saúde. Em todos os Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde a
participação obrigatória de usuários do SUS é de 50%. Assim, o SUS estimula e busca a
participação do povo nas decisões de saúde.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Para Saber Mais 

Assista aos três vídeos da Série SUS, do Youtube, que explica muito bem tudo o que foi discutido nesta
aula:

a. Você já ouviu falar bem do SUS? (https://www.youtube.com/watch?v=C2YRU_lvW4Y )


b. Por que o SUS hoje é assim? (https://www.youtube.com/watch?v=wV_SPOJfqgk )
c. Os princípios do SUS. (https://www.youtube.com/watch?v=PzVxQkNyqLs )

Você não precisa ler tudo, mas aqui tem um livro eletrônico interativo O que é o SUS, que pode te ajudar
bastante nos estudos:

(http://www.livrosinterativoseditora.fiocruz.br/sus/ )

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Para Refletir 

Você assistiu ao vídeo “Por que o SUS hoje é assim?” (https://www.youtube.com/watch?v=wV_SPOJfqgk


), indicado no campo para saber mais.

A partir dele, reflita sobre a importância da Estratégia de Saúde da Família (ESF)  e do Agente
Comunitário de Saúde (ACS)  para a consolidação da saúde no Brasil:

a. Como funciona a ESF na localidade onde você reside? Se não existe, qual seria o motivo?
b. Você conhece alguém atendido pela ESF e que recebe visitas domiciliares do ACS?

Finalizando 

Tenho certeza que você conseguiu perceber com esta aula que o SUS é um sistema democrático e procura
a melhoria dos níveis de saúde da população brasileira! Na próxima aula, veremos o que todos os
profissionais de saúde devem saber e fazer, atuantes no SUS ou não. Bons estudos!

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