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Doenças e
DE EDUCAÇÃO
Agravos mais
PERMANENTE frequentes
EM SAÚDE na Atenção
DA FAMÍLIA Primária à Saúde
UNIDADE
Diagnóstico
1
de Saúde da
Comunidade
Podemos analisar o diagnóstico de saúde pelo olhar dos atores que constroem, utilizam
e trabalham no Sistema Único de Saúde. Para os gestores, os números que envolvem o
trabalho na APS são fundamentais para o planejamento de ampliação da estrutura física,
aquisição de equipamentos e materiais, contratação de pessoal, definição de estratégias de
educação permanente, enfim, a preparação do sistema de saúde para acolher as necessida-
des que se apresentarem.
Para os trabalhadores, além de ajudar no diálogo com a gestão para melhorar a infraestru-
tura das unidades de saúde, o diagnóstico de saúde também favorece o planejamento de
ações e fluxos de forma a deixar a equipe mais preparada para prestar o cuidado mais inte-
gral possível. E ainda orienta estudos para as doenças mais prevalentes. Para a população,
auxilia tanto na participação das instâncias de controle social quanto na própria promoção
da saúde e prevenção de doenças.
Pensando numa equipe de saúde da família, são muitas as informações que podem nos aju-
dar a organizar um processo de trabalho ou escolha de prioridades. Desde a quantidade de
pessoas na população adscrita, passando por quantidade de crianças menores de um ano,
percentual de crianças com situação vacinal em dia, quantidade de gestantes, as com pré-natal
em dia, quantidade de hipertensos e diabéticos, até a classificação de risco de cada um desses
pacientes, quantas pessoas da área adscrita tem planos de saúde e o número de tabagistas.
Então, caro aluno, o que estamos propondo para você é uma coleta e análise de dados
estruturada, para conhecermos melhor o perfil de agravos que existe na nossa comunidade
adscrita. E propomos que isso seja parte de um modus operandi no processo de trabalho da
equipe, para que utilizemos essas informações para planejamento e avaliação desse traba-
lho. Ou seja, avançarmos para trazer valor de uso para as informações que coletamos, e não
somente utilizá-las para preencher mecanicamente fichas e formulários que são exigidos.
Para que esse processo possa ser divulgado e experiências possam ser trocadas, e ainda
para mostrar a produção de conhecimento no âmbito da atenção primária, o ideal é que
esse processo de levantamento, análise de dados e suas consequências estejam registrados
Manejo das Doenças e Agravos mais frequentes na Atenção Primária à Saúde
Diagnóstico de Saúde da Comunidade 4
no formato de pesquisa. Ou seja, criar um projeto de pesquisa, elaborar os instrumentos
de coleta e inserir esse projeto na Plataforma Brasil, sempre com atenção para a escolha da
fonte de dados e o tamanho da amostra que você irá utilizar.
Para este módulo do nosso curso, vamos nos concentrar em estudos de demanda. Como
a Atenção Primária se caracteriza pelo cuidado das pessoas independente de sua queixa
ou ciclo da vida, temos uma ampla gama de motivos para a consulta e procedimentos nas
nossas Unidades Básicas.
Reconhecer o perfil da demanda faz com que possamos tornar nosso processo de traba-
lho mais eficiente, melhorando nosso planejamento e avaliação. Além disso, permite que
possamos nos aproximar da imagem de uma APS com qualidade, o que pode resolver de 80
a 90% dos problemas de saúde de uma população.
Landsberg et al. (2012) afirmam que, em Porto Alegre, de 7849 atendimentos 91% foram resol-
vidos por Médicos de Família e Comunidade (MFC), sem a necessidade de encaminhamentos
Manejo das Doenças e Agravos mais frequentes na Atenção Primária à Saúde
Diagnóstico de Saúde da Comunidade 5
para outros níveis do sistema. Já em Florianópolis, no ano de 2008, de 5698 encontros avalia-
dos 753 resultaram em encaminhamentos a outras especialidades médicas – ou seja, cerca de
13,2%. Além desses, 305 foram referidos a outros profissionais de saúde, não-médicos (5,3%).
Apesar da grande representatividade das doenças crônicas no âmbito de uma equipe de saú-
de da família, é preciso se ter em mente que as mais diversas necessidades de saúde chegam
para ser acolhidas em uma Unidade Básica de Saúde. Muitas vezes, sintomas inespecíficos,
indiferenciados, caracterizando estágios iniciais de alguma doença ou mesmo processos que
não chegarão a um diagnóstico formal são atendidos pelo médico de atenção primária.
Diversos estudos e projetos pilotos foram estruturados para se chegar a uma classificação
que incorporasse o motivo da consulta, o diagnóstico do problema percebido pelo profis-
sional de saúde e a intervenção resultante. Foi criada, então, a Classificação Internacional
de Atenção Primária (CIAP). Dessa forma, como aborda muitas questões frequentes em APS,
avança na classificação do CID sem propor sua substituição.
É considerada a classificação mais adequada para ser utilizada em APS. A primeira versão
publicada pela WONCA é de 1987 e desde a sua publicação a CIAP tem recebido reconheci-
mento progressivamente maior em nível mundial como uma classificação apropriada para
medicina de família e comunidade e atenção primária, e vem sendo usada intensamente em
algumas partes do mundo.
Uma segunda edição da CIAP foi publicada essencialmente por duas razões: estabelecer
uma ligação com a 10ª edição da CID, CID-10, publicada pela OMS em 1992, e adicionar cri-
térios de inclusão e referências cruzadas em algumas rubricas.
• Introdução – apresentação clara a respeito do tema a ser pesquisado e, por meio de uma revisão
da literatura, explicação sobre o problema de pesquisa incluindo apresentação de um histórico a
respeito do que existe publicado e uma descrição simplificada das variáveis em estudo;
• Justificativa – breve demonstração sobre a importância do tema, os motivos pelos quais se deseja
fazer a pesquisa e seus benefícios para a população estudada;
• Objetivos – descrevem o que se pretende alcançar por meio da aplicação do protocolo. São comu-
mente divididos em primários e secundários (ou gerais e específicos). Contemplam o tema de
pesquisa e são realistas em relação aos meios disponíveis. O objetivo determinará o desenho do
estudo, cálculo de tamanho amostral, coleta e análise dos dados;
História em quadrinhos 1
Lembra a situação problema deste módulo? Vamos observar uma reunião de equipe na
História em Quadrinhos 1?
A equipe então resolveu montar uma ficha simples para ser preenchida quando fosse reali-
zado o acolhimento. Construiu um termo de consentimento livre e esclarecido para ser assi-
nado por quem buscava o acolhimento, para assinado pelos usuários que fossem participar
da pesquisa. Vamos dar uma olhada no esboço do instrumento produzido pela equipe?
Nome:
Gênero: Idade:
Endereço:
Outros Motivos:
Classificação (CIAP 2)
Grau de Instrução
Renda Familiar
5. Não responderam
Médico:
Enfermeira:
ACS:
E assim concluímos nossa aula 1 deste módulo!! Que tal você fazer um diagnóstico de saúde
com a caracterização da demanda em sua unidade?