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Saúde Pública e Atividade Física - Manual do Técnico de Exercício Físico

Chapter · November 2017

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João Faria
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
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Saúde Pública e Atividade Física

João Faria

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Enquadramento

A atividade física tem uma influência direta e indireta na saúde dos indivíduos,

na saúde das populações. Quando somos sedentários – não somos suficientemente

ativos – deterioramo-nos. Se somos ativos, a nossa atividade física altera os efeitos de

outras influências na nossa saúde, no nosso sistema cardiovascular e respiratório, no

perfil lipídico e proteico, no nosso sistema músculo-esquelético, no sistema

gastrointestinal e mesmo no nosso estado mental. As consequências daquilo que

comemos estão intimamente ligadas ao nível de atividade física que temos. Tal como a

morbilidade, a mortalidade e a longevidade. Desta forma a atividade física é um

elemento da nossa vida tão complexo que a sua medição e avaliação é uma tarefa

extremamente complicada e difícil, bem como extremamente importante.

Procura-se neste capítulo em primeiro lugar abordar o conceito de atividade

física, enquadrando-o numa perspetiva global e abrangente ao nível do seu

desenvolvimento. Pretende-se relacionar os hábitos de atividade física e os seus

benefícios, partindo de bases fisiológicas assentes em parâmetros epidemiológicos.

Ainda neste domínio procura-se efetuar uma relação entre ser ativo e ser sedentário,

bem como estabelecer as relações possíveis entre atividade física, condição física, saúde

e longevidade.

A atividade física foi definida como qualquer movimento corporal produzido

pelos músculos esqueléticos, que se traduz num aumento do dispêndio energético

(Caspersen & Chirstenson, 1985). Engloba os movimentos realizados no trabalho, nas

atividades domésticas, nos tempos livres, entre outras. O termo atividade física pode ser

descrito em termos de duração, frequência, intensidade, como igualmente em termos de

circunstâncias e envolvimento que rodeia a própria atividade.


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Sendo que a atividade física tem um papel decisivo na saúde e no bem-estar da

população, estima-se em Portugal que 14% da mortalidade anual esteja associada à

inatividade física, um valor claramente superior à média mundial que se encontra abaixo

dos 10% (1st Physical activity almanac, 2016), aumentando ainda mais a importância da

promoção de estilos de vida saudáveis à qual a área do fitness não pode estar dissociada.

Desenvolvimento

Executando um pequeno exercício mental é-nos fácil “observar” o quanto a

nossa vida se tornou fácil e cómoda, grande parte das pessoas não necessitam de andar

pois têm carro, não necessitam de subir escadas pois têm elevador, para além destas

máquinas, existe hoje em dia, quase sempre um instrumento mecânico que nos possa

“ajudar” nas nossas tarefas diárias. Nos séculos passados a atividade física não era uma

preocupação relativa à saúde pois fazia parte integrante da vida de cada um. Se as

pessoas necessitavam de se deslocar, normalmente andavam, a grande maioria das

pessoas tinham ocupações de trabalho que envolviam o labor manual. Mas os hábitos de

vida sedentários são a recente inovação da existência humana tornada possível pelo

desenvolvimento de instrumentos mecânicos e tecnológicos que nos transportam, que

nos fazem as tarefas pesadas e que aumentam a vicissitude pelo sedentarismo. Enquanto

uma grande dose de criatividade foi despendida em desenvolver máquinas que facilitem

e substituem as tarefas humanas tais como todas aquelas que estão intimamente ligadas

aos avanços tecnológicos, estas por outro lado, estarão sempre conotadas ao

desenvolvimento da saúde e sua afetação nos mais variados níveis.

Conseguimos, no presente, ser de tal forma bem-sucedidos, no papel de

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recusarmos a atividade que os hábitos de vida sedentários são hoje uma das maiores

preocupações em termos de saúde nas sociedades modernas. Será que existe algo

extremamente desagradável e punidor inerente à atividade física? Já num passado

recente um estudo da década de noventa (Killoran, Fentem, & Caspersen, 1994),

indicou que, até as crianças, preferiam uma existência sedentária a uma vida ativa! Esta

preferência pela inatividade significa que as pessoas procuram evitar a atividade, o que

leva obrigatoriamente a serem efetuados todos os esforços necessários no sentido de

inverter esta situação através de um aumento dos níveis de atividade física habitual.

Por outro lado, uma vertente igualmente presente na grande maioria das vidas de

cada um de nós, é o stress psicológico. Sem tempo para nós, para “tratarmos” de nós,

para estarmos bem connosco. E o resultado dessa vida moderna, cheia de atrativos mas

sem tempo para os gozar, é uma vida sem qualidade, uma vida de trabalho, uma vida

onde nós profissionais intimamente ligados à saúde de cada um, com a qual temos a

honra e o prazer de trabalhar e intervir, devemos ter um papel de prevenção, um papel

transformador de base positivo e globalizante que deve partir, antes de mais, desta

preocupação do ser ativo fisicamente para estar bem mentalmente.

Distinguir os conceitos associados à Saúde, Saúde Pública, à Promoção da Saúde e

à Educação para a Saúde

O conceito de saúde está associado a um estado de completo bem-estar em

termos físicos, sociais e mentais e não apenas a ausência de doença ou enfermidade

(OMS, 1946). Embora continue a ser criticada pela limitação e dificuldade em medir

bem-estar, continua a ser a definição mais apropriada hoje em dia. Num sentido mais

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abrangente e partindo do conceito atrás referenciado encontramos o de saúde pública, a

arte e a ciência de prevenir doenças, prolongar a vida e ações que visem promover a

saúde das comunidades. Saúde pública consubstancia-se em ações coletivas visando

melhorar a vida das populações. Integrado neste abrangente conceito de saúde pública,

torna-se imperioso descrever e estudar os conceitos de educação e promoção para a

saúde. Promoção para a saúde consiste em políticas, planos e programas de saúde

pública com o objetivo de evitar que as pessoas se exponham a fatores condicionantes e

determinantes de doenças. Por sua vez, educação para a saúde comporta atividades que

têm como objetivo levar a uma sensibilização e assimilação de bons hábitos

relacionados com a saúde. São intervenções diretas aos indivíduos levadas a cabo por

profissionais, que pressupõem uma eficaz implementação na comunidade tendo por

base uma legislação e políticas públicas com o objetivo de beneficiar e melhorar a saúde

dos indivíduos.

Os conceitos de saúde, saúde pública, promoção e educação para a saúde são

fundamentais para distinguir a operacionalização de uma promoção integrada de

atividade física eficaz numa população específica como a portuguesa, tendo por base

uma visão epidemiológica. Nesse sentido, epidemiologia, foi definida como o estudo da

distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em

populações específicas e sua aplicação na prevenção e controle de doenças. Torna-se,

por isso, fundamental, em primeiro lugar, não só, conhecer os hábitos específicos de

uma determinada população em termos de atividade física habitual, como conhecer e

investigar sobre quais os benefícios que um determinado tipo de atividade ou exercício

influencia a saúde das populações de uma forma coletiva, integrando uma educação

enraizada junto da comunidade com um espectro promocional adequado! Identificar as

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evidências que sustentam a relação entre a atividade física e a saúde, doença e

mortalidade torna-se, por isso, fundamental, neste contexto.

Identificar as evidências que sustentam a relação entre a atividade física e a saúde,

doença e mortalidade

A inatividade física é um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade

sendo responsável por mais de 1.9 milhões de mortes por ano em todo o mundo (WHO,

2015). Estima-se, em todo o mundo, que 60 a 85% das pessoas adultas que vivem em

países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento apresentam um estilo de vida

pouco ativo, isto é, não seguem as recomendações genéricas de acumular pelo menos

150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada enquanto nas

crianças e adolescentes devem realizar diariamente, pelo menos 60 minutos de atividade

com intensidade moderada a vigorosa, para além dos benefícios recomendados de um

trabalho de força adaptado, três vezes por semana, que contribua para um

desenvolvimento do seu sistema muscular e esquelético (Physical Activity Guidelines

Advisory Committee report, 2008; Riebe, Ehrman & Liguor, 2017).

Paralelamente ao papel da atividade física na prevenção de doenças não-

transmissíveis como a diabetes, a depressão e as doenças cérebro-cardiovasculares, a

importância do exercício físico - uma subespecialidade da atividade física – na

terapêutica de diferentes patologias, como doenças psiquiátricas, neurológicas,

metabólicas, cardiovasculares e pulmonares, bem como desordens músculo-esqueléticas

e cancro, está bem documentada (Curtis, Chughtai & Khlopas, 2017; Pedersen & Saltin,

2015).

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O exercício físico surge agora equiparado à terapêutica farmacológica em mais

de duas dezenas de doenças crónicas e começa a integrar os planos de tratamento de

doenças musculosqueléticas, cardiovasculares, autoimunes e oncológicas (Piteira,

Abrantes & Sá, 2017).

Estudos observacionais claramente demonstram que existe uma relação inversa

entre atividade física, condição física e risco de mortalidade relativa a todas as causas.

Os resultados destes estudos mantiveram-se intactos em termos estatísticos após

controlo para eventuais despistes relacionados com diversos fatores incluindo a

existência de doença na base do estudo (Hardman & Stensel, 2009). A evidência de

vários estudos demonstra que as taxas de mortalidade variam 20% a 80% mais baixas

em indivíduos ativos comparando com inativos num determinado período de tempo

(Hardman et al., 2009).

A força da associação entre atividade física e risco de mortalidade relativo a

todas as causas sugere que este fator é igual, ou um tão importante indicador que outros

fatores de risco estabelecidos de doença. Esta associação inversa entre atividade

física/condição física e mortalidade está demonstrada para adultos dos dois sexos de

todas as idades. A maioria dos estudos foi efetuada nos EUA e Europa em populações

caucasianas estando ainda limitado o seu estudo a outros intervenientes étnicos.

Consideram, no entanto, vários autores, que não existe razão para pensar que os estudos

noutras populações terão resultados diferentes (Hardman et al., 2009).

Estudos recentes indicam que indivíduos obesos mas com boa condição física

apresentam idênticos riscos de mortalidade por todas as causas comparativamente a

indivíduos magros e com boa aptidão física. Isto sugere que a atividade física

proporciona efeitos benéficos na saúde em indivíduos obesos para além da sua


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influência direta na massa gorda e composição corporal (Hardman et al., 2009).

Estudos comprovam que um gasto de 1000 kcal por semana em atividade física é

o suficiente para diminuir o risco de mortalidade e que maiores quantidades

proporcionam maiores benefícios e exercícios mais intensos provocam resultados mais

efetivos do que os menos intensos (Hardman et al., 2009).

A combinação de atividade física com outros estilos de vida saudáveis (dieta,

não fumar, consumo moderado de álcool) aumenta a proteção a doenças (Hardman et

al., 2009). As evidências retratadas a partir de vários estudos e investigações

desenvolvidas nos últimos tempos refletem o poder do movimento humano onde a

inatividade física foi identificada como o 4º principal fator de risco para a mortalidade

global e parece ser mais prevalente entre as mulheres, idosos, indivíduos de grupos

socio económicos baixos e pessoas com deficiências. O sedentarismo causa,

globalmente, cerca de 21-25% dos casos de cancro da mama e colón, 27% da diabetes e,

aproximadamente, 30% das doenças isquémicas do coração. Neste âmbito o risco de

contrair uma doença cardiovascular aumenta até 1.5 vezes em pessoas que não

cumprem as recomendações mínimas de atividade física (Mendes, Sousa & Barata,

2009).

Estudo recente revelou que o envolvimento em mais de 3 horas, no mínimo, de

atividade física de intensidade moderada, por semana, diminui o risco de mortalidade

em 27% (Mendes et al., 2009).

A atividade física para além de ser importante na prevenção primária de muitas

doenças crónicas, é também importante na prevenção secundária, para retardar a

progressão e reduzir os sintomas das condições crónicas (Mendes et al., 2009).

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Reconhecer o papel da atividade física como forma de intervenção primária e de

intervenção secundária na saúde pública

No que diz respeito à prevenção ou melhoria do estado clínico, são diversas as

patologias ou condições para as quais existe evidência científica de um benefício da

prática regular de atividade física. Existem fortes evidências, integradas na bibliografia

afeta a este capítulo, que a atividade física reduz a incidência de doença coronária,

hipertensão arterial, acidente vascular-cerebral, síndrome metabólica, diabetes tipo II,

cancro da mama, cancro colorretal, depressão e o risco de queda. Para além do efeito na

prevenção primária acrescente-se os benefícios em termos cardiorrespiratórios e

musculares, no peso, composição corporal, na saúde óssea e na autonomia e ganhos

funcionais (Ding, Lawson & Kolbe-Alexander, 2016; Lee, Shiroma & Lobelo, 2012).

Sabia que a diabetes do tipo I caracteriza-se pela absoluta deficiência de insulina e

elevada propensão para cetoacidose (Insulinodependentes) enquanto a diabetes do tipo

II refere-se a uma secreção defeituosa de insulina (não Insulinodependentes), ou seja, é

uma doença de patogenia mais periférica do que pancreática.

Em termos de prevenção secundária e terapêutica existe uma evidência clara de

que uma forma de exercício regular e dentro do patamar de recomendações tem uma

influência na reabilitação de muitas doenças crónicas, neoplasias ou osteoporose entre

outras (Warburton, Nicol & Bredin, 2006). Os fatos, afetos a algumas doenças

retratadas anteriormente, serão mais desenvolvidos no capítulo de populações especiais.

O exercício físico tem provado tratar-se, claramente, de um instrumento

poderoso e útil para melhorar a saúde em termos de prevenção, mantê-la e reabilitá-la,

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aumentando os níveis de condição física de uma forma exponencial. É a sua função base

de extrema importância em termos primários e secundários que só é possível com uma

prescrição adequada tendo por base todas as variáveis afetas ao próprio exercício e ao

individuo em questão.

Aplicar as formas de promoção da atividade física no contexto da saúde pública

De facto não obstante os diversos avanços na investigação através de vários

estudos epidemiológicos ligados à atividade física um longo percurso está ainda por

percorrer no que respeita a uma estratégia de promoção que seja duradoura e eficaz. Os

objetivos de um projeto de promoção de atividade física assentam num modificar dos

hábitos de vida pouco saudáveis e em promover a consciencialização sobre os seus

benefícios na saúde. A mudança pode ser implementada através de políticas e práticas

alargadas e inovadoras, nomeadamente através da cooperação entre sectores e adoção de

novos papéis por parte de diversos atores já reconhecidos e respeitados nas respetivas

áreas de competências transdisciplinares. Só com base num grande número de pequenas

alterações nas políticas e nas práticas em todos os níveis, poderão as nossas sociedades

tornar-se mais predispostas para a para um ser mais ativo. Alguns Estados-membros da

União Europeia possuem Orientações Nacionais para a atividade física, ajudando as

agências governamentais e as entidades privadas a trabalhar em conjunto no sentido da

sua promoção. Estas orientações também ajudam a canalizar os dinheiros públicos para

projetos que incentivem as pessoas para se movimentarem.

Por forma a assegurar a integração de políticas que se traduzam no aumento da

atividade física nas atividades do quotidiano, deverá existir uma colaboração próxima e

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consistente, entre os atores públicos e privados, e se as políticas de promoção forem

integradas com êxito, a opção mais cómoda disponibilizada aos cidadãos será a escolha

de um estilo de vida saudável. Colaboração no desenvolvimento de políticas para o

desporto, a educação, o transporte, o planeamento urbano, o ambiente de trabalho, o

entretenimento.

Muitas autoridades públicas com orçamentos significativos estão envolvidas na

promoção da atividade física. Só é possível atingir as metas estabelecidas com uma

estreita colaboração interministerial, interagências e interprofissional, incluindo as

entidades governamentais a todos os níveis (nacional, regional e local) e em

colaboração com o sector privado e o sector do voluntariado. Este processo na

população recai no âmbito de importantes sectores, a maior parte deles com uma

importante componente de sector público: no desporto, na saúde, educação, transportes,

ambiente, planeamento urbano e segurança pública, ambiente nos locais de trabalho e

serviços para os cidadãos seniores não esquecendo a família, parte integrante e

fundamental do processo de socialização.

Não obstante todo o reconhecimento da importância da redução do

comportamento sedentário e do aumento de atividade física, 72% dos adultos

portugueses “nunca” ou “raramente” faz exercício ou desporto e apenas 23% cumpre as

recomendações internacionais (European Commission, 2014). Noutro estudo, a

atividade física dos portugueses foi avaliada diretamente com um aparelho eletrónico

usado à cintura (acelerómetro) e apenas 21% dos adultos atingia o valor recomendado

pela OMS (Loyen, Clarke-Cornwell & Anderssen, 2017).

Sabia que - Acelerómetro é um aparelho portátil de pequenas dimensões, leve e não

invasivo, capaz de detetar as acelerações produzidas pelo corpo humano. Este


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instrumento proporciona uma medição objetiva da frequência, duração e intensidade dos

movimentos correspondentes à atividade física praticada. Permite ainda estimar o

dispêndio energético resultante dessa atividade, tendo como base a premissa de que os

movimentos corporais resultam de acelerações provocadas pela força muscular

realizada, refletindo desta forma os custos de energia que lhe estão associados.

Também no recente inquérito alimentar e da atividade física apresentado,

estimou-se que apenas 27% dos portugueses com 15 anos ou mais cumpre as

recomendações (Lopes, Torres, Oliveira, 2017). Neste âmbito na população portuguesa

infanto-juvenil (10-18 anos de idade), enquanto que aos 10-11 anos de idade, 36% das

crianças cumprem as recomendações para a atividade física (rapazes: 51.6%; raparigas:

22.5%), aos 16-17 anos a prevalência desce para os 4% (rapazes: 7.9%; raparigas:

1.2%) (Baptista, Santos & Silva, 2012). Se a prevalência de atividade física já é

preocupante na idade adulta, os números revelam que na nossa sociedade, ainda é mais

inquietante nas crianças e adolescentes.

Sabia que - incidência indica o número de casos novos ocorridos num determinado

período de tempo numa população específica enquanto prevalência refere-se ao número

de casos (novos e velhos) encontrados numa população definida num determinado

ponto no tempo. A relação entre incidência e prevalência varia entre as doenças. Uma

doença pode apresentar baixa incidência e alta prevalência como na diabetes I – ou alta

incidência e baixa prevalência – como na constipação comum.

Os números desenvolvidos obrigaram a nossa sociedade a mexer-se procurando

vencer a inércia, com poucos resultados do passado, e o reflexo disso é o lugar ganho

pela promoção da atividade física, como plano prioritário para a saúde, para a Direção-

Geral da Saúde, refletida na sua estratégia nacional que integra a Comissão


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Intersectorial para a Promoção da Atividade Física que conta com a participação de

representantes dos Gabinetes de seis Secretários/as de Estado dos Ministérios da Saúde;

Educação; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; Ciência; Tecnologia e Ensino

Superior.

É fundamental em primeiro lugar mudar mentalidades através de uma clara

mudança de hábitos desportivos e físicos. Esta mudança tem que começar na educação e

no seu instrumento mais forte, a escola, não esquecendo a sua regular monitorização e a

enorme importância da divulgação e consciencialização.

Conclusão

Através deste capítulo sumário relativo ao tema da saúde pública e atividade

física torna-se evidente, por intermédio do reconhecimento da importância do estudo da

epidemiologia, através da divulgação dos principais tipos de estudos e da sua aplicação,

a importância que o exercício e consequente aptidão física têm, na prevenção primária e

secundária de várias doenças, partindo da base do conceito lato de saúde e que se

repercute através de uma eficaz educação e promoção numa vertente do ser humano

mais ativo, e por isso, mais protegido em termos de recursos de longevidade com

qualidade.

O papel dos intervenientes diretos ligados à saúde pública, no qual estão

integrados os técnicos de exercício e saúde, sempre sob a supervisão dos diretores

técnicos é fundamental, em conjunto com outros atores, no objectivo, que é de todos, de

ter uma população portuguesa, no futuro, mais predisposta para a atividade física e o

exercício através de uma planificação, divulgação, consciencialização,

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acompanhamento e principalmente uma prescrição, o mais adaptada e correta, com base

numa formação mais exigente e rigorosa!

Referências

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