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João Faria
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
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All content following this page was uploaded by João Faria on 12 April 2021.
João Faria
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Enquadramento
A atividade física tem uma influência direta e indireta na saúde dos indivíduos,
comemos estão intimamente ligadas ao nível de atividade física que temos. Tal como a
elemento da nossa vida tão complexo que a sua medição e avaliação é uma tarefa
Ainda neste domínio procura-se efetuar uma relação entre ser ativo e ser sedentário,
bem como estabelecer as relações possíveis entre atividade física, condição física, saúde
e longevidade.
atividades domésticas, nos tempos livres, entre outras. O termo atividade física pode ser
inatividade física, um valor claramente superior à média mundial que se encontra abaixo
dos 10% (1st Physical activity almanac, 2016), aumentando ainda mais a importância da
promoção de estilos de vida saudáveis à qual a área do fitness não pode estar dissociada.
Desenvolvimento
nossa vida se tornou fácil e cómoda, grande parte das pessoas não necessitam de andar
pois têm carro, não necessitam de subir escadas pois têm elevador, para além destas
máquinas, existe hoje em dia, quase sempre um instrumento mecânico que nos possa
“ajudar” nas nossas tarefas diárias. Nos séculos passados a atividade física não era uma
preocupação relativa à saúde pois fazia parte integrante da vida de cada um. Se as
pessoas tinham ocupações de trabalho que envolviam o labor manual. Mas os hábitos de
vida sedentários são a recente inovação da existência humana tornada possível pelo
nos fazem as tarefas pesadas e que aumentam a vicissitude pelo sedentarismo. Enquanto
uma grande dose de criatividade foi despendida em desenvolver máquinas que facilitem
e substituem as tarefas humanas tais como todas aquelas que estão intimamente ligadas
aos avanços tecnológicos, estas por outro lado, estarão sempre conotadas ao
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recusarmos a atividade que os hábitos de vida sedentários são hoje uma das maiores
preocupações em termos de saúde nas sociedades modernas. Será que existe algo
indicou que, até as crianças, preferiam uma existência sedentária a uma vida ativa! Esta
preferência pela inatividade significa que as pessoas procuram evitar a atividade, o que
inverter esta situação através de um aumento dos níveis de atividade física habitual.
Por outro lado, uma vertente igualmente presente na grande maioria das vidas de
cada um de nós, é o stress psicológico. Sem tempo para nós, para “tratarmos” de nós,
para estarmos bem connosco. E o resultado dessa vida moderna, cheia de atrativos mas
sem tempo para os gozar, é uma vida sem qualidade, uma vida de trabalho, uma vida
onde nós profissionais intimamente ligados à saúde de cada um, com a qual temos a
transformador de base positivo e globalizante que deve partir, antes de mais, desta
(OMS, 1946). Embora continue a ser criticada pela limitação e dificuldade em medir
bem-estar, continua a ser a definição mais apropriada hoje em dia. Num sentido mais
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abrangente e partindo do conceito atrás referenciado encontramos o de saúde pública, a
arte e a ciência de prevenir doenças, prolongar a vida e ações que visem promover a
melhorar a vida das populações. Integrado neste abrangente conceito de saúde pública,
determinantes de doenças. Por sua vez, educação para a saúde comporta atividades que
relacionados com a saúde. São intervenções diretas aos indivíduos levadas a cabo por
base uma legislação e políticas públicas com o objetivo de beneficiar e melhorar a saúde
dos indivíduos.
atividade física eficaz numa população específica como a portuguesa, tendo por base
uma visão epidemiológica. Nesse sentido, epidemiologia, foi definida como o estudo da
por isso, fundamental, em primeiro lugar, não só, conhecer os hábitos específicos de
influencia a saúde das populações de uma forma coletiva, integrando uma educação
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evidências que sustentam a relação entre a atividade física e a saúde, doença e
doença e mortalidade
sendo responsável por mais de 1.9 milhões de mortes por ano em todo o mundo (WHO,
2015). Estima-se, em todo o mundo, que 60 a 85% das pessoas adultas que vivem em
pouco ativo, isto é, não seguem as recomendações genéricas de acumular pelo menos
150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada enquanto nas
trabalho de força adaptado, três vezes por semana, que contribua para um
e cancro, está bem documentada (Curtis, Chughtai & Khlopas, 2017; Pedersen & Saltin,
2015).
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O exercício físico surge agora equiparado à terapêutica farmacológica em mais
entre atividade física, condição física e risco de mortalidade relativa a todas as causas.
vários estudos demonstra que as taxas de mortalidade variam 20% a 80% mais baixas
todas as causas sugere que este fator é igual, ou um tão importante indicador que outros
física/condição física e mortalidade está demonstrada para adultos dos dois sexos de
todas as idades. A maioria dos estudos foi efetuada nos EUA e Europa em populações
Consideram, no entanto, vários autores, que não existe razão para pensar que os estudos
Estudos recentes indicam que indivíduos obesos mas com boa condição física
indivíduos magros e com boa aptidão física. Isto sugere que a atividade física
Estudos comprovam que um gasto de 1000 kcal por semana em atividade física é
inatividade física foi identificada como o 4º principal fator de risco para a mortalidade
global e parece ser mais prevalente entre as mulheres, idosos, indivíduos de grupos
globalmente, cerca de 21-25% dos casos de cancro da mama e colón, 27% da diabetes e,
contrair uma doença cardiovascular aumenta até 1.5 vezes em pessoas que não
2009).
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Reconhecer o papel da atividade física como forma de intervenção primária e de
afeta a este capítulo, que a atividade física reduz a incidência de doença coronária,
cancro da mama, cancro colorretal, depressão e o risco de queda. Para além do efeito na
funcionais (Ding, Lawson & Kolbe-Alexander, 2016; Lee, Shiroma & Lobelo, 2012).
que uma forma de exercício regular e dentro do patamar de recomendações tem uma
outras (Warburton, Nicol & Bredin, 2006). Os fatos, afetos a algumas doenças
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aumentando os níveis de condição física de uma forma exponencial. É a sua função base
prescrição adequada tendo por base todas as variáveis afetas ao próprio exercício e ao
individuo em questão.
estudos epidemiológicos ligados à atividade física um longo percurso está ainda por
percorrer no que respeita a uma estratégia de promoção que seja duradoura e eficaz. Os
novos papéis por parte de diversos atores já reconhecidos e respeitados nas respetivas
alterações nas políticas e nas práticas em todos os níveis, poderão as nossas sociedades
tornar-se mais predispostas para a para um ser mais ativo. Alguns Estados-membros da
sua promoção. Estas orientações também ajudam a canalizar os dinheiros públicos para
atividade física nas atividades do quotidiano, deverá existir uma colaboração próxima e
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consistente, entre os atores públicos e privados, e se as políticas de promoção forem
integradas com êxito, a opção mais cómoda disponibilizada aos cidadãos será a escolha
entretenimento.
população recai no âmbito de importantes sectores, a maior parte deles com uma
atividade física dos portugueses foi avaliada diretamente com um aparelho eletrónico
usado à cintura (acelerómetro) e apenas 21% dos adultos atingia o valor recomendado
dispêndio energético resultante dessa atividade, tendo como base a premissa de que os
realizada, refletindo desta forma os custos de energia que lhe estão associados.
estimou-se que apenas 27% dos portugueses com 15 anos ou mais cumpre as
infanto-juvenil (10-18 anos de idade), enquanto que aos 10-11 anos de idade, 36% das
22.5%), aos 16-17 anos a prevalência desce para os 4% (rapazes: 7.9%; raparigas:
preocupante na idade adulta, os números revelam que na nossa sociedade, ainda é mais
Sabia que - incidência indica o número de casos novos ocorridos num determinado
ponto no tempo. A relação entre incidência e prevalência varia entre as doenças. Uma
doença pode apresentar baixa incidência e alta prevalência como na diabetes I – ou alta
vencer a inércia, com poucos resultados do passado, e o reflexo disso é o lugar ganho
pela promoção da atividade física, como plano prioritário para a saúde, para a Direção-
Superior.
mudança de hábitos desportivos e físicos. Esta mudança tem que começar na educação e
no seu instrumento mais forte, a escola, não esquecendo a sua regular monitorização e a
Conclusão
repercute através de uma eficaz educação e promoção numa vertente do ser humano
mais ativo, e por isso, mais protegido em termos de recursos de longevidade com
qualidade.
ter uma população portuguesa, no futuro, mais predisposta para a atividade física e o
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acompanhamento e principalmente uma prescrição, o mais adaptada e correta, com base
Referências
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