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Exercício Físico e Aspectos de Aptidão Física e

Funcional do Envelhecimento

Conteudista: Prof. Me. João Pedro da Silva Junior  


Revisão Textual: M.a Dalila Silva Neroni Jora

Objetivo da Unidade:

Conhecer as estratégias de promoção de programas de atividade física e


exercício durante o envelhecimento.

ʪ Contextualização

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
1 /4

ʪ Contextualização

A prática das atividades físicas tem sido consistentemente associada à manutenção da


funcionalidade física, reduzindo os efeitos deletérios ocasionados pelo envelhecimento. Uma
vez que a qualidade de vida da pessoa idosa é influenciada pelo estilo de vida, e este por sua vez
quando saudável inclui a realização de atividades físicas regulares, que é de fundamental
importância para uma vida ativa ao longo do processo de envelhecimento humano.  

Vamos, nesta Unidade, apresentar diversas propostas de intervenção e destacando a


importância que a prática regular de exercícios físicos proporciona aos idosos, por exemplo, a
ausência de patologias, como a depressão, a melhora da cognição e, também, favorece um
relacionamento familiar satisfatório. Além de melhorar a qualidade do sono, as atividades
físicas melhoram o desempenho cognitivo. A prática de atividades físicas reduz o estresse e
aumenta a sensação de bem-estar.

Vamos apresentar esta relação do exercício físico na manutenção da independência, autonomia


e funcionalidade na execução das atividades diárias. 
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ʪ Material Teórico

Introdução
Atenção: relembrar é necessário, mas conceituar é fundamental! Sendo assim, lembremos que a
atividade física, ou exercício físico, constitui grande conquista da saúde pública por
proporcionar muitos benefícios ao organismo; exerce influência positiva sobre as variáveis
fisiológicas, funcionais, psicológicas e sociais quando realizada regularmente. Além disso,
interfere, de forma positiva, na saúde física e mental de qualquer indivíduo, sendo muito
importante em todas as fases da vida. Quando realizada regularmente, atua na manutenção da
saúde, aliada a uma alimentação balanceada e a um estado emocional equilibrado. 

Na tentativa de amenizar tais perdas físicas e funcionais decorrentes da idade, as atividades


físicas podem auxiliar, e muito, pois favorecem a liberação de substâncias que ativam sistemas
corporais, estimulam as funções metabólicas e vitais do corpo, além de contribuir para a
qualidade de vida do idoso. Definição de Carpensen (1985, p. 126- 127) sobre atividade física,
exercício e esporte são importantes para diferenciação e especificidade de cada uma de suas
categorias: são elas:

Glossário
Atividade Física: qualquer movimento corporal produzido por
músculos esqueléticos, de forma voluntária e que resulta em gasto
energético, acima do basal. É um comportamento que envolve os
movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima do
nível de repouso, promovendo interações sociais e com o ambiente,
podendo acontecer no tempo livre, no deslocamento, no trabalho ou
estudo e nas tarefas domésticas.
Fonte: CASPERSEN et al., 1985, p. 126-127

Figura 1
Fonte: Getty Images
Figura 2
Fonte: Getty Images

Exercício Físico: subcategoria da atividade física que é


planejada, estruturada e repetitiva e tem como objetivo
melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão
física.
Figura 3
Fonte: Getty Images

Esporte: subcategoria da atividade física que envolve


desempenho e competição.
Figura 4
Fonte: Getty Images

Contempla atividades físicas em diversos contextos como lazer, meio de transporte, tarefas
domésticas e emprego pago. Você pode fazer atividade física em quatro domínios da sua vida: no
seu tempo livre, quando você desloca-se, nas atividades do trabalho ou dos estudos e nas tarefas
domésticas.

Atividade física no tempo livre é feita no seu tempo disponível ou no lazer, baseada em
preferências e oportunidades. Você pode: caminhar, correr, empinar pipa, dançar, nadar, fazer
trilha, pedalar, surfar, pular corda, jogar futebol, vôlei, basquete, bocha, tênis, peteca, taco/bete,
frescobol, praticar ginástica, musculação, hidroginástica, artes marciais, capoeira, yoga, ou
participar de brincadeiras e jogos, como esconde-esconde, pega-pega, saltar elástico,
queimada/baleado/carimba/caçador, entre outras.

Atividade física no deslocamento é feita como forma de deslocamento ativo para ir de um lugar a
outro. Você pode caminhar, manejar a cadeira de rodas, pedalar, remar, patinar, andar a cavalo,
de skate ou de patinete (sem motor), entre outras. 
Figura 5
Fonte: Getty Images

Atividade física no trabalho ou durante o estudo é feita no trabalho e em atividades educacionais


enquanto desempenha suas funções laborais ou de estudo. Você pode plantar, capinar, colher,
caminhar, correr, pedalar, limpar, varrer, lavar, ordenhar, carregar objetos, participar das aulas
de educação física, brincar no recreio ou intervalo entre as aulas e, também, antes ou depois das
aulas, entre outras.

Figura 6
Fonte: Getty Images
Atividade física nas tarefas domésticas é feita durante o cuidado do lar e da família. Você pode
cuidar das plantas, cortar a grama, fazer compras, dar banho na criança, no idoso, na pessoa que
requer cuidados ou no animal de estimação, varrer o chão, esfregar a louça ou lavar a casa, entre
outras.

Figura 7
Fonte: Getty Images

As informações acima citadas, foram destacadas do Guia de Atividade Física para População
Brasileira (BRASIL, 2021), primeiro documento geral de orientação, para que possamos nos
situar e identificar nossa prescrição de atividade física e entender diversas estratégias para
elaboração de programas e identificar ainda diversas possibilidades para promover intervenções
de atividade física para a população idosa. Fatores ambientais, intra e interpessoais estão
associados à prática da atividade física para a população idosa que destacaremos nesta Unidade.
Dentre as atividades importantes para a manutenção do equilíbrio, agilidade e capacidade
funcional, as mais utilizadas são as caminhadas, exercícios de força e alongamento. Os
exercícios físicos regulares podem prevenir a obesidade, a diabetes, as dislipidemias e as
doenças cardíacas. Cabe lembrar que a prática dessas atividades diminui com o avanço da idade,
o que pode estar associado à diminuição da capacidade física e funcional.

A recomendação de Atividade Física para pessoas com mais de 65 anos ou 50-64 anos
(limitações física) é apresentada por diversas instituições da Educação Física, Medicina do
Esporte, Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a
Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) Guia Brasileiro de Atividade Física
(MINISTÉRIO DA SAÚDE) associações de classes, recomendam aos profissionais da saúde que
estimulem a prática de atividades físicas regulares, com o objetivo de diminuir o risco de
doenças além de 150 min de atividades aeróbicas, exercícios de força, equilíbrio e flexibilidade
(WHO, 2020). Quando pensamos em número de passos a serem alcançados, devem variar entre
6.000 – 8.500 passos/dia. 

E além da prática da atividade física moderada/vigorosa exercícios e esportes já definidos e


classificados. Até recentemente...

“não se dava a menor atenção aos efeitos que a atividade física leve ou

minimamente intensa teria sobre a saúde. Ao contrário, não foram raras as


ocasiões em que se desmerecia esse tipo de ação. No entanto, nesta última década,
diversos estudos passaram a identificar um potencial benefício dessa atividade
para a saúde.”

- MATSUDO, 2019, p. 22
Esses achados já nos inspiram a preconizar que a atividade física poderia ser realizada a qualquer
momento do dia. Contudo, essa proposta recebeu, recentemente, uma maior sustentação com as
novas guias de atividade física para a saúde), com a Campanha tema “Todo Passo Conta”, e com
o tema “Todo Movimento Conta” (WHO, 2021).

Essas recomendações estão baseadas nas seguintes evidências e benefícios (considerando a


realização de sessões com duração de 30, 10 ou até 5 minutos), como a diminuição de:

10% na mortalidade por todas as causas;

Incidência e mortalidade por doenças cardiovasculares e a incidência de diabetes


tipo 2 (JEFFERIS et al., 2018).

Mesmo se for iniciada em uma fase tardia da vida, por sedentários ou por portadores de doenças
crônicas, a necessidade do estímulo da atividade física regular após os 50 anos, mesmo que o
indivíduo seja sedentário, visto que a manutenção da atividade física regular ou a mudança para
um estilo de vida ativo, tem um impacto real na longevidade. Praticar exercícios regularmente
diminui ou até previne a decadência provocada pelo processo de envelhecimento, diminuindo a
incapacidade para o cumprimento das atividades físicas da vida diária (FERREIRA, 2015).
Achados recentes na literatura apontam ganho de vida saudável mesmo quando a atividade é
iniciada após 75 anos de idade (SANCHEZ-SANCHEZ et.al., 2020). 

Visto que a expectativa de vida no Brasil e no mundo vem aumentando significativamente, assim
como o número de pessoas idosas cada vez mais ativas, lúcidas e em busca de novas
possibilidades, é possível observar, também, que os idosos têm buscado mais e mais práticas de
atividades físicas, por possuir uma importante função na melhoria das aptidões físicas e na
capacidade funcional, devido à perda de força, diminuição da massa muscular, redução da
capacidade cardiovascular, do equilíbrio, flexibilidade, percepção, memória e sensibilidade dos
sentidos (FERRETTI et al., 2015).

A prática regular de exercícios promove a melhoria da força, da massa muscular, da flexibilidade


das articulações, previne doenças neurológicas, tais como o mal de Alzheimer e a esclerose
múltipla, ainda combate o sedentarismo e colabora para a manutenção das capacidades físicas
dos idosos, reduzindo os danos decorrentes da idade, mantendo as habilidades do idoso por
mais tempo, dando-lhe autonomia, melhorando sua qualidade de vida. 

Existe uma Diferença entre Atividade Física e Exercício


Físico?
Todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico.
Ou seja, o exercício físico é um tipo de atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem
o objetivo de melhorar ou manter as variáveis de aptidão física. Sempre deve ser orientada e
supervisionada por um Profissional de Educação Física e deve ser justificada a população idosa
com os seguintes argumentos: a aptidão física ajuda você a controlar o seu peso, manter os seus
músculos fortes, seu coração saudável, melhorar suas atividades do dia a dia e prevenir doenças.
Ainda é preciso destacar as demais variáveis, tais como: 

Aptidão Cardiorrespiratória: é a capacidade que ajuda você a


se deslocar ou fazer as atividades do seu dia a dia sem ficar
cansado;

Força: é a capacidade que ajuda você a carregar as sacolas do supermercado ou


algum objeto;

Flexibilidade: é a capacidade que ajuda você a se vestir ou agachar para pegar algum
objeto no chão sem dificuldades;

Equilíbrio: é a capacidade que ajuda você a manter a sua postura e sustentar o seu
corpo.

Buscando estabelecer uma relação dos processos de perdas naturais ocorridas no processo de
envelhecimento, apresentamos e chamamos a atenção para o efeito do exercício (função
motora/esquelética) e da inatividade física (desuso) contrapondo cada uma das variáveis: 
Quadro 1 – Adaptações na Função Neuromotora ao
Envelhecimento, a Inatividade Física e Exercício

Mudanças Fisiológicas na Função Motora/Esquelética e Neural


Associadas

Variáveis  Envelhecimento Inatividade Exercício

Gordura ↑ ↑ ↓

Massa Magra ↓ ↓ ↑

Massa Óssea ↓ ↓ ↑

Força ↓ ↓ ↑

Número de
↓ ↓ ↔
Fibras

Área da Fibra ↓ ↓ ↑

Capac.
↓ ↓ ↑
Oxidativa

Velocidade
↓ ↔ ↔
Condução

Função da
↓ ↓ ↑
Unidade

Legenda: (↓) Diminuição | (↑) Aumento | (↔) Manutenção.


Realizar exercícios regulares é de extrema importância para a saúde física e mental de qualquer
indivíduo, principalmente no caso dos idosos, que adquirem maior desempenho de suas
funções de melhoria da qualidade de vida, interagindo-se com outras pessoas, pois o bem-estar
físico emocional e, aumenta a disposição e alegria. 

A prática regular de atividade física, associada a uma alimentação saudável, ajuda na prevenção e
no controle de doenças características desta faixa etária, como as doenças coronarianas
articulares, a hipertensão arterial, a osteoporose, a obesidade, beneficiando o organismo e
melhorando a saúde geral do idoso. Por sua vez, a falta de atividade física leva o idoso à
degeneração progressiva de suas capacidades físicas, ocasionando a diminuição do rendimento
físico, das habilidades motoras, da concentração, das capacidades de coordenação e reação,
causando uma condição de auto desvalorização, insegurança, impassibilidade, desmotivação,
isolamento social e de solidão. 

Os demais impactos da atividade física vão além das variáveis da aptidão física, eles têm
resultados importantes na capacidade funcional, na fragilidade e na autonomia da população
idosa. Na prática de exercícios ou das atividades físicas é possível encontrar diversos benefícios
que combatem o sedentarismo e contribuem, de maneira significativa, para a manutenção da
aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde, como nas capacidades funcionais (CYRINO
et al., 2004) ou segundo Matsudo et al. (2002), diversos benefícios ao organismo, que resultam
na melhora da capacidade motora geral e na prevenção de várias doenças como: diabetes,
hipertensão, arteriosclerose, varizes, artroses, enfermidades respiratórias, artrite, dores
crônicas e desordens psicológicas e mentais. Outro benefício causado pela prática do exercício
ou da atividade física é a melhora das funções orgânicas e cognitivas, garantindo maior
independência pessoal e prevenindo doenças.

É sabido há tempos na literatura nacional científica, evidenciado em estudos clássicos com


dados longitudinais que acompanharam a população idosa praticante de exercícios durante mais
de duas décadas, que a prática de exercícios físicos é benéfica para a população idosa,
melhorando o equilíbrio, trazendo mais força muscular e mobilidade. Os efeitos benéficos da
prática regular da atividade física no mesmo processo tem sido amplamente estudados
(MATSUDO et al., 2003; SILVA JUNIOR et al., 2011) e incluem: fortalecimento do tecido,
manutenção ou incremento da massa muscular, força muscular e densidade óssea, redução de
quedas e lesões, aumento da força muscular dos membros inferiores e da coluna vertebral,
melhora no tempo de reação, melhora na velocidade de andar, melhora na mobilidade, aumento
da flexibilidade, melhora a autoestima, imagem corporal, humor, tensão muscular e insônia,
prevenção ou retardo do declínio das funções cognitivas, diminui os riscos da depressão, do
estresse, da ansiedade, diminui o consumo de medicamentos e incremento na socialização.

Idosos do programa estruturado de exercícios tendem, quando comparados aos sedentários, a


apresentar e a manter atividades básicas da vida diária. A qualidade de vida, a recuperação e/ou
manutenção da saúde, a prática regular de exercícios físicos, reflete no ganho e definição da
massa muscular e a perda de peso. Ao manter um estilo de vida ativo e saudável, podem-se
retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem com a idade. Os efeitos da atividade física
são vários, como a melhora da força, massa muscular, flexibilidade e mobilidade articular,
preservação da massa óssea, melhora do equilíbrio e marcha, da cognição, menor dependência
para realização de atividades diárias. A atividade física para o idoso é importante, pois
desmobiliza as articulações, proporciona maior disposição para o dia a dia, o bem-estar físico,
autoconfiança, fortalecimento da musculatura, além de ser uma cura contra a depressão
circunstanciais de medo, decepções, tédio e solidão (MATSUDO et al., 2008).

Mesmo em idosos hipertensos cadastrados em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), foi
investigado os efeitos de um programa multicomponente (aeróbio, força, flexibilidade e
equilíbrio). O protocolo era composto de duas sessões de exercícios semanais, por 12 semanas,
com duração de 60 min. O treino repercutiu na melhora dos indicadores metabólicos, da aptidão
física e da capacidade funcional e atuou como auxiliar no controle da PA (redução de 3,6 % da
Pressão Arterial Sistólica – PAS e de 1,2% da Pressão Arterial Diastólica – PAD) (CASSIANO et al.,
2020). 

Em um estudo sobre programa de exercício físico ao ar livre em diabéticos e hipertensos


(MENDES et al., 2019) foi possível obter resultados que mostram que a realização de exercício
físico com materiais alternativos (bolas, cordas, colchonetes, garrafas pets com areia),
juntamente com exercícios realizados em academia ao ar livre (Academia da Saúde) e sessões de
caminhadas, não foram capazes de reduzir os valores pressóricos e glicêmicos de adultos e
idosos atendidos no Núcleo de apoio a Saúde da Família (NASF) de forma significativa, mas
foram capazes de melhorar a flexibilidade e auxiliar na redução do peso corporal o que,
indiretamente, pode auxiliar na redução da pressão arterial e da glicemia a longo prazo.
Qualidade de vida conceitualmente significa, basicamente, o nível de satisfação plena dos
indivíduos no contexto social, no que diz respeito às necessidades humanas fundamentais,
materiais ou imateriais como: água potável, saneamento básico, higiene, saúde, alimentação,
educação, segurança, direitos cívicos, entre outros, soma-se a esses fatores, suas expectativas
sobre a vida e o futuro. O envelhecimento da população está em crescente assunto de pesquisas,
devido ao fato de ser um período em que doenças surgem e com isso a sociedade se envolve, de
alguma forma. Em favor de uma qualidade de vida melhor, é recomendável que a população idosa
participe de ações que a resgate do sedentarismo, pensando sempre na condição de melhor
atividade para a vida diária (FERREIRA, 2015). 

O profissional de Educação Física atuará neste grupo, a fim de prevenir, promover, proteger e


reabilitar a saúde no contexto social desta população. Uma de suas funções é adequar as
atividades físicas para a forma correta de execução, para tornar o exercício eficaz, sem que o
idoso fique exausto, executando movimentos forçados de intensidade elevada e de longa
duração, para tal, é importante que o profissional de Educação Física tenha cautela com o
aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. O profissional de Educação Física tem por
função prescrever, nortear e acompanhar as pessoas na realização de atividades físicas ou
desportivas (CIVINSKI et al., 2011). 

É comum as pessoas começarem a realizar atividades físicas devido a indicações médicas,


porém, o profissional de educação física tem a incumbência de supervisionar tais atividades, de
modo que os resultados médicos sejam alcançados juntamente com as atividades físicas, sendo
o responsável pela orientação técnica, tática e física. Sempre objetivando os benefícios da prática
regular de atividade física, em diversos achados já mencionados, mas que aqui é compilado com
dados longitudinais citado, conforme Matsudo et al. (2009):

Controle ou redução da gordura corporal; 

Manutenção ou aumento da força muscular e da densidade mineral óssea; 

Melhora da flexibilidade; 

Redução da frequência cardíaca de repouso e da pressão arterial;


Diminuição do risco de doença cardiovascular, acidente vascular cerebral,
hipertensão, diabetes tipo II, osteoporose e obesidade;

Melhora da autoestima e diminuição da insônia, da tensão muscular, do estresse, da


ansiedade e da depressão;

Promove o seu desenvolvimento humano e bem-estar, ajudando a desfrutar de uma


vida plena com melhor qualidade;

Melhora as suas habilidades de socialização, por meio da participação em atividades


em grupo;

Aumenta a sua energia, disposição, autonomia e independência para realizar as


atividades do dia a dia;

Reduz o seu cansaço durante o dia;

Reduz as suas dores nas articulações e nas costas;

Melhora a sua postura e o equilíbrio;

Reduz o seu risco de quedas e lesões;

Melhora a qualidade do seu sono;

Melhora a sua autoestima e autoimagem;

Reduz os sintomas de ansiedade e de depressão;

Ajuda no controle da pressão alta;

Reduz o colesterol e o diabetes (alto nível de açúcar no sangue);

Reduz o risco de desenvolver doenças do coração e alguns tipos de câncer;

Melhora a saúde dos seus pulmões e sua circulação;


Ajuda na manutenção da sua memória, sua atenção, sua concentração, seu
raciocínio e seu foco;

Reduz o risco para demência, como a doença de Alzheimer.

Após destacar um amplo e consistente apanhado dos diversos benefícios da atividade física leve,
moderada e vigorosa, através da descrição da recomendação da atividade física, exemplos de
exercícios e de alguns mecanismos relacionados aos aspectos neuromusculares do
envelhecimento e (in)atividade física, vamos às adaptações fisiológicas que são resultantes dos
processos fisiológicos do exercício. 

Mecanismos Adaptação Treinamento Resistido X


Envelhecimento
Exercício Resistido (com peso), modificação da arquitetura muscular devido aumento do
comprimento da fáscia em repouso, aumento do ângulo articular, aumento da rigidez do tendão,
aumento da efetividade de transmissão sinápticas pela ação do neurônio motor (moto
neurônio), ativação precoce da unidade motora que resulta no aumento da velocidade de
contração muscular, aumento da taxa de recrutamento da unidade motora, que explica
diretamente o aumento da massa muscular, aumento da ativação dos músculos agonistas e
diminuição da ativação dos Co-ativação agonista que resulta na alteração do comportamento da
unidade motora.

O exercício resistido tem seus protocolos promissores com idosos e destacamos aqui alguns
grupos específicos e seus resultados gerais, com o objetivo de destacar o que devemos esperar
dos Programas de exercícios com pesos, são eles: 

Quadro 2 –Adaptações Fisiológicas do Exercício Durante o Processo de Envelhecimento 


Diversos trabalhos descrevem os efeitos do exercício resistido na população idosa, destacamos,
aqui, os principais: 

Melhora e mantém a saúde vascular; 

Reduz marcadores de stress oxidativo;

Aumenta a atividade enzimática antioxidante;

Reverte a expressão de genes afetados pela idade;

Prevenção de alguns tipos de câncer;

Tratamento para sobreviventes de câncer;

Mantém a força funcional para atividades diárias.

Além disso, os resultados positivos desta prática envolvem uma melhora do trânsito
Gastrointestinal e do perfil lipídico, alivia a depressão, restabelece a autoconfiança e melhora o
desempenho pós-evento coronariano. 

Mecanismos Adaptação Treinamento Aeróbico X


Envelhecimento
Exercícios aeróbicos que na recomendação citada no início desta unidade realizado entre 50% a
75% da FC.max, em intensidade moderada a vigorosa. Precisamos entender e/ou relembrar o
que acontece no sistema respiratório e cardiovascular da pessoa idosa adaptações são:

Diminuição da capacidade vital pulmonar, menor capacidade de difusão pulmonar;

Redução da mobilidade parede tórax, perda de alvéolo resultando na redução área


troca O2. 
Já no sistema cardiovascular temos:

Diminuição do volume sistólico e débito cardíaco;

Alteração padrão enchimento diastólico e fração ejeção ventricular reduzida;

Alterações propriedades contração isométricas e isotônicas do coração e, por fim,


menor preenchimento ventricular esquerdo. 

Os benefícios da prática dos exercícios aeróbicos vão desde uma melhora das propriedades
diastólicas e sistólicas, aumento volume sistólico, na pré-carga :a utilização do volume
sanguíneo e plasmático e na pós-carga: 

Perfusão músculos;

Melhor enchimento diastólico;

Encurtamento fase relaxamento músculo cardíaco (cálcio ATPase), estímulo


expressão genes no coração, diminui FC repouso;

Reduz os níveis catecolaminas coração até o aumento Potência aeróbica: 10-20%.

Nos exercícios aeróbicos, a ação dos Estrógenos na parede Arterial no Processo de


envelhecimento: 

Diminui a penetração e a retenção do LDL;

Efeito antioxidante inibe aterogênese;

Ação anti-inflamatória pós-angioplastia;


Reversão do vaso espasmo;

Ação sistema tromoboxano-prostaciclina;

Estímulo da produção de óxido nítrico (Potente Vasodilatador com propriedades


Antiaderentes);

Inibição níveis plasmáticos de endotelina;

Melhora função endotelial.

Vamos juntos unificar os efeitos fisiológicos do exercício aeróbico, aplicabilidade dos efeitos
benéficos na saúde cardiovascular:

Quadro 3 – Mudanças Fisiológicas na Função Cardiovascular


Associadas à Saúde Cardiovascular

 Efeitos do Exercício Efeito Cardiovascular

Cria colaterais ➝ ↓ obstrução

Reduz Vasoconstrição
➝ ↓ espasmo
Aumenta Vasodilatação

Modifica fator de coagulação ➝ ↓ embolismo

Diminui velocidade de fluxo


➝ ↓ trombose
para a mesma intensidade
Diminuição Mortalidade Cardiovascular – 20-30%
Diminuição Medicamentos – 18-26%

Consideramos ter deixado aqui uma grande contribuição dos diversos mecanismos fisiológicos
dos benefícios da prática de atividade física e da importância de um bom programa de exercícios
físicos. 

“Quando não conseguires correr através dos anos, trota. Quando não conseguires

trotar, caminha. Quando não conseguires caminhar, usa uma bengala. Mas nunca
te detenhas.”

- Madre Tereza de Calcutá


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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Livro  

Envelhecimento, Exercício e Saúde: Guia de Prescrição e


Orientação
MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento, Exercício e Saúde: Guia de Prescrição e Orientação.
Londrina: Midiograf, 2013.

  Vídeos  

Dra. Sandra Mahecha Matsudo – Conferencia en el Foro


Internacional Ponte al 100

Dra. Sandra Mahecha Matsudo - Conferencia en el Foro Internacio…


Medicina Esportiva com Dr. Victor Matsudo – Jornal da
Cultura

Medicina Esportiva com Dr. Victor Matsudo - Jornal da Cultura


  Leitura  

Efeitos Benéficos da Atividade Física na Aptidão Física e


Saúde Mental Durante o Processo de Envelhecimento

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
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ʪ Referências

BRASIL. Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Secretaria de Atenção Primária à
Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2021.

CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, G. M. Physical Activity, Exercise, and Physical
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CASSIANO, A. N. et al. Efeitos do Exercício Físico sobre o Risco Cardiovascular e Qualidade de Vida
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CIVINSKI, C.; MONTIBELLER, A.; OLIVEIRA, A. L. A importância do exercício físico no


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FERREIRA T. K. A.; PIRES V. A. T. N. Atividade Física na Velhice: Avaliação de um Grupo de Idosas


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FERRETTI, F. et al. Análise da Qualidade de Vida em Idosos Praticantes e não Praticantes de


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