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ÓRGÃOS E TECIDOS LINFÓIDES

O sistema linfóide é um sistema multicelular complexo que evoluiu como


um mecanismo de defesa do organismo contra a invasão por agentes
estranhos como bactérias, parasitas, fungos e células neoplásicas (MOTA,
1989).

Toda atividade imune é dependente de células linfóides sensíveis ao


antígeno que tem sua origem a partir de células indiferenciadas vindas da
medula óssea, os hemocitoblastos. Algumas dessas células que vão agir
combatendo agentes estranhos presentes no nosso organismo são
encontradas em vasos sangüíneos onde darão origem as células brancas da
corrente sangüínea, outras vão combater agentes estranhos que chegam até
os vasos linfáticos por meio da linfa e outras ainda podem ser encontradas
fazendo parte da parede de órgãos ou espalhadas pela sua mucosa.

São esses órgãos e tecidos linfóides os responsáveis pela produção das


células linfóides, podendo ainda ser classificados em primários ou centrais e
secundários ou periféricos.

Tecido Linfóide

As células linfóides estão localizadas em agrupamentos especializados


que formam os órgãos linfóides primários e secundários. Mas a diferenciação
das células linfóides se dá pelos órgãos primários enquanto os secundários
participam efetivamente da resposta imune, sendo ela celular ou humoral.

O tecido linfóide é constituído por um retículo citofibrilar que é composto


por fibras, células reticulares e macrófagos fixos. As células livres são linfócitos
em diferentes fases de diferenciação, aos quais se somam macrófagos livres e
plasmócitos. E os tecidos linfóides também são divididos em dois tipos: o tecido
linfóide frouxo onde há predominância de células do reticulo e o tecido linfóide
denso onde predominam as células linfóides (MOTA, 1989).

Os vasos linfáticos se originam nos tecidos por formações em dedo de


luva e logo se conjugam formando rede de capilares linfáticos. Suas paredes
são formadas por camadas de células endoteliais sustentadas por uma
delicada condensação do conetivo adjacente (tecido) e não possuem
membrana basal, o que facilita a absorção de macromoléculas do líquido
intersticial e dos exsudatos inflamatórios, sendo que essa absorção de
substâncias do líquido intersticial que passa pela parede dos capilares linfáticos
e dirige-se para os linfonodos é que forma a linfa.
Órgãos Linfóides Primários e Secundários

Durante o desenvolvimento embrionário os primeiros órgãos linfóides a


aparecer são o timo e a medula óssea, junto também aparecem os primeiros
linfócitos, por isso são chamadas de órgãos linfóides primários. Já o baço, os
linfonodos e os demais agregados, cujas porções linfóides dependem dos
órgãos primários são chamados de órgãos linfóides secundários.

 Órgãos Linfóides Primários

São estes o timo, a medula óssea e o fígado fetal. Representam o local


onde ocorre a linfopoese (produção de linfócitos), ou seja, as células-tronco
irão se diferenciar, proliferar-se e amadurecer em linfócitos funcionais, é então
nesses órgãos que acontece às principais fases de amadurecimento dos
linfócitos.

O timo é formado por tecido linfóide denso na sua porção periférica e por
tecido linfóide frouxo na porção central e tem como função promover a
maturação dos linfócitos T ou também chamados de timócitos que vieram da
medula óssea por meio da diferenciação de células-tronco para o estágio de
pró-linfócitos, indo para as veias e saindo em direção aos órgãos linfóides
secundários onde se tornarão ativos para a resposta imune. Porém, o timo
também origina linfócitos T maduros que reconhecerão o organismo a fim de
identificar o que é material estranho ou próprio do organismo.

Já na medula óssea e no fígado fetal as células hematopoiéticas


produzem linfócitos B. Os linfócitos B reconhecem o receptor de superfície do
antígeno e transformam-se em plasmócitos, que produzem e secretam
anticorpos que se ligam especificamente com o antígeno, ficando concentrados
nos gânglios linfáticos prontos para uma reação.

A medula óssea é constituída por células reticulares que tem função


sustentadora e é indispensável ao desenvolvimento das células que participam
da hematopoiese. É nesse tecido reticular que se encontram diversos tipos de
proteínas de adesão, sendo a hemonectina a mais importante para garantir que
as células passem pelo processo de maturação. A liberação dessas células
para o sangue é feita por estímulos, sendo a proteína C3b do Sistema
Complemento, glicocorticóides e algumas toxinas bacterianas os fatores
estimulatórios de liberação mais importantes. E como órgão linfóide é capaz de
formar pró-linfócitos vindos da diferenciação de células-tronco, que irão se
dirigir aos órgãos linfóides secundários para se desenvolver.

Os órgãos linfóides primários não formam células ativas na resposta


imune formam apenas células até o estágio de pró-linfócitos ou linfócitos
maduros não ativos, que agirão cada uma na sua função e órgão específico.
Independente da origem, as células linfóides dos órgãos primários
caracterizam-se pela intensa atividade proliferativa que não depende de
estímulos antigênicos. (MOTA, 1989)

 Órgãos Linfóides Secundários

Os órgãos linfóides secundários são estruturas complexas compostas


por linfócitos B, linfócitos T, plasmócitos e macrófagos que ocupam
seletivamente determinadas áreas e são formados pelos linfonodos e pelo
baço (MOTA, 1989). As células linfóides dependem da existência do timo e da
medula óssea, mas uma vez localizadas nos órgãos linfóides secundários
estas células não dependem mais do timo e da medula para o seu
funcionamento.

Os linfonodos são pequenas formações ovóides que se situam no trajeto


dos vasos linfáticos e possuem o hilo por onde entram e saem os vasos
sangüíneos e por onde saem os vasos linfáticos eferentes. Os linfonodos são
envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso e são constituídos por
fibras reticulares onde se encontram os linfócitos T e B, sendo que nessas
fibras apóiam-se as células reticulares e os macrófagos fixos (MOTA, 1989).

Normalmente, os linfonodos estão localizados nas axilas, virilhas, tórax,


na região inguinal, no pescoço, mas também se pode encontrar linfonodos ao
redor de grandes vasos do nosso organismo, porque são eles que retiram
vírus, bactérias e restos celulares da linfa.

O baço constitui o maior acúmulo de tecido linfóide do organismo


interposto na circulação sangüínea. (MOTA, 1989). Suas funções são a
formação de linfócitos (B, T, plasmócitos), destruição de hemácias velhas,
defesa do corpo contra agentes invasores e armazenamento de sangue
(SCHUTZE, 2007).

Uma cápsula de tecido conjuntivo que emite septos para o interior do


órgão envolve o baço, que tem o seu parênquima dividido em duas polpas: a
branca e a vermelha. A polpa branca refere-se aos corpúsculos de Malpighi,
que dá a função de órgão linfóide ao baço porque é neste local que ocorre a
maturação dos linfócitos, e a polpa vermelha que recebe esse nome devido à
grande concentração de hemácias, é o restante do órgão.

 Outras Estruturas Linfóides

É possível encontrar outras estruturas linfóides ao longo dos aparelhos


respiratórios e digestivos que se associam com o epitélio da região. Estas
estruturas são representadas pelas tonsilas, placas de Peyer e pelo apêndice
vermiforme.

As tonsilas palatinas, linguais e faríngeas, são aglomerados de nódulos


linfáticos revestidos por epitélio estratificado que emitem cristas para o interior
aumentando a área de contato com a mucosa. Já as placas de Peyer são
aglomerados linfóides localizados na parede do intestino delgado e o apêndice
vermiforme possuem folículos que formam aglomerados densos na submucosa
do órgão. Os folículos das tonsilas e das placas de Peyer são semelhantes aos
linfonodos porque também possuem centro germinativo e zona periférica com
linfócitos B maduros.

O tecido linfóide associado com estas estruturas, particularmente


aquelas associadas com o aparelho gastrointestinal, é rico em células
produtoras de IgA e IgE.

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