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Motivos que levam idosas a freqüentarem as salas de musculação

Article · January 2007


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ARTIGO
________________________________________________________

Motivos que levam idosas a freqüentarem as salas de musculação

Adriana Baratela Ribeiro Zawadski


Licenciada em Educação Física pelo CESUMAR

Gislaine Cristina Vagetti


Professora Mestre do curso de Educação Física do CESUMAR

Resumo

A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases da vida e mais


importante ainda para o idoso, que tem uma perda na aptidão física e isso,
conseqüentemente, atinge a saúde. O objetivo deste estudo foi o de conhecer
os motivos que levam as idosas à prática de musculação. A pesquisa teve
caráter descritivo, a amostra foi composta por 24 idosas, com idade igual ou
acima de 60 anos, praticantes de musculação, como instrumento de coleta de
dados foi utilizado um questionário. Desta forma, os resultados indicaram os
seguintes motivos que levam as idosas a praticarem musculação: manutenção
da saúde como primeira opção; em seguida, indicação médica e fazer amigos.

Descritores: Idosas; musculação; motivação.

Abstract

The practical one of physical exercises is essential in all the phases of the life
and more important still for the aged one, that it has a loss in the physical
aptitude and this, consequently, it reaches the health. The objective of this
study was to know the reasons that take the aged ones to the practical one of
bodybuilding. The research has descriptive character, the sample was
composed for 24 aged ones, with equal age or above of 60 years,
bodybuilding practitioners. As instrument of collection of data was used a
questionnaire. Of this form, the results had indicated the following reasons
that take the aged ones to practise bodybuilding: maintenance of the health
as first option; after that, medical indication and to make friends.

Descriptors: Aged; bodybuilding; motivation.

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Introdução

De acordo com Mazo (1998), o Brasil passa por um processo de envelhecimento


populacional rápido. Estimativas apontam que, neste século o país será o 6º maior em
número de idosos.
Para Géis (2003), o processo de envelhecimento é a soma de vários fatores que
envolvem os aspectos biopsicossocias, pois no idoso as transformações são
progressivas como perdas celulares, diminuição de força muscular, deficiência auditiva
e visual dentre outras. Além disso, há um declínio lento e depois acentuado das
habilidades que antes desenvolvia como recusa da situação de velho, do meio,
diminuição da vontade, enfim um estreitamento afetivo. E, por fim, um isolamento
social, a insegurança, estado de saúde insatisfatório e a falta de opção em escolher
suas próprias atividades.
Segundo Leite (2000), a atividade física regular torna o idoso mais dinâmico e
com menor incidência de doenças. Com isso, o indivíduo da terceira idade terá melhor
qualidade de vida e auto-estima.
Uma das atividades mais recomendadas para o idoso é a musculação, a qual
mantém e até mesmo pode aumentar a força muscular, melhorando os movimentos
básicos diários.
Para o idoso participar de alguma atividade física, no caso a musculação,
precisa de motivação para ter um significado o seu comportamento. A motivação
significa mover para a ação, o motivo é um fator interno, que dá início, dirige e
integra o comportamento de uma pessoa. Para Faria (2004), os motivos dirigem o
comportamento dos indivíduos em direção aos seus objetivos.
Essas necessidades tomam formas e expressões que variam de pessoa para
pessoa e não poderia ser diferente com a terceira idade, que também precisa de
motivação para estar superando as limitações naturais que o tempo lhe oferece.
Para Meireles (1999), o processo de envelhecimento começa desde a concepção
então, a velhice é um processo dinâmico e progressivo em que há modificações tanto
morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a
progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionando uma
maior incidência de processos patológicos. Este período de vida não é tido como um
estado patológico, e sim, como um fenômeno natural previsto
De acordo com Nahas (2001), a diminuição da capacidade funcional e a
conseqüente redução na qualidade de vida que acompanha o processo de

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envelhecimento pode ser atribuído a três fatores: envelhecimento natural , doenças e


inatividade.
Diante disso, a atividade física parece ser, sem dúvida, um dos meios para se
evitar que o homem passe do processo normal de envelhecimento para um
envelhecimento mais saudável. Através desta prática, muitos dos problemas dos
idosos podem ser amenizados proporcionando-se a eles uma vida saudável e
tranqüila, fazendo com que, pessoa sinta-se estimulada em sua auto-estima que,
nesta fase da vida, tende a declinar.
Nahas (2001), escreve que os benefícios da atividade física a partir da meia
idade podem ser analisados na perspectiva individual ou da sociedade como um todo.
Ele coloca os as vantagens da seguinte maneira: benefícios fisiológicos – controle dos
níveis de glicose, maior capacidade aeróbia, melhoria na flexibilidade e equilíbrio,
benefícios psicológicos – relaxamento, redução na ansiedade e melhoria na saúde e
diminuição no risco de depressão e por fim os benefícios sociais - indivíduos mais
seguros, maior integração com a comunidade e funções sociais preservadas.
Diante disso, a prática de atividade física para idosos não é só importante para
a força física, mas um bem necessário para fugir da depressão e conviver
socialmente. O idoso é beneficiado como um todo ao realizar exercício físico, pois
numa sociedade que envelhece rapidamente é fundamental que se redefina o papel do
idoso no âmbito social, valorizando assim a contribuição que ele ainda pode trazer.
Nieman (1999), diz que a maioria das pessoas mantém a força muscular até
aproximadamente 45 anos de idade, apresentando uma queda de 5 a 10 por cento
por década após esse período. Essa perda de massa muscular parece ser a principal
razão da diminuição de força nos idosos; o comum é verificar a fraqueza muscular nos
membros inferiores aumentando o risco de quedas e lesões.
Complementando a idéia Matsudo e Matsudo (1992), expõe que antes de
prescrever um exercício para o idoso é importante saber das perdas em nível
muscular. Como maior índice á fadiga muscular, diminuição na velocidade de
condução e na capacidade de regeneração. Todas essas mudanças morfológicas e
funcionais acontecem com o decorrer da idade e podem ser evidenciadas com a
combinação de três fatores – fenômeno do envelhecimento, presença de doenças e o
estilo de vida sedentário.
Conforme Okimq (1998), o processo de envelhecimento do sistema muscular
reduz tanto as forças estática e dinâmica máxima, quanto a potência e a velocidade
máxima, mas elas podem ser aumentadas para os idosos que se submetem a
programas regulares de musculação. De acordo com a autora, os ganhos de força

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podem variar dependendo do tempo do treinamento e de sua intensidade.O


treinamento de força muscular de alta intensidade pode produzir um aumento
significativo de força muscular, bem como hipertrofia muscular.
A força muscular no idoso facilita ainda a manutenção dos níveis de proteínas
corporais e a reconstrução em casos de atrofia por inatividade, com melhor
conservação da massa e de todo a musculatura do corpo, aumentando também a
resistência . Para buscar a musculação o idoso precisa de motivação para que assim
tenha sentido a atividade física.
Segundo Faria (2004), motivação significa mover para a ação. Assim o motivo é
um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa.
Portanto, são os motivos que dirigem o comportamento dos indivíduos em direção aos
objetivos. Os motivos distinguem-se usualmente, do pensamento e de outros
processos cognitivos, pois estão subjacentes á maior parte das atividades humanas.
Quanto mais forte o estímulo, maior a função de motivo possuirá.
Segundo Machado (1997), vários fatores motivam o ser humano em seu dia-a
dia, tanto de forma interna como externa. A força de cada motivo e seus padrões
influenciam e são diferenciados pela maneira de perceber o mundo que cada indivíduo
possui. A pessoa que possui um alto motivo de realização demonstra por palavras ou
ações seu desejo de atingir com sucesso um padrão de excelência. A motivação é um
conceito abstrato, sendo visto pelo comportamento resultante, que pode ser mantido
por um longo período de tempo. Isso significa que a pessoa pode ser motivada por um
tempo determinado, levando–a por algum fator a não se entusiasmar. Para entender
melhor o comportamento humano é interessante ter conhecimento da motivação ,
assim fica possível verificar os interesses e necessidades do ser humano.
Paiva (1999), afirma que é comum a pessoa idosa só se interessar por tarefas
que tenham um significado pessoal. É importante verificar o que cada pessoa
pretende alcançar com determinada realização ou participação.
Enfim, essas necessidades tomam formas e expressões que variam
enormemente de pessoa para pessoa. Sua intensidade e manifestação também são
extremamente variadas, obedecendo às diferenças individuais entre as pessoas as
quais possuem consciência de suas capacidades, habilidades e talentos e são
impelidos a por em prática estes pôr em prática esses poderes.
Portanto, o objetivo desse trabalho foi o de conhecer os principais motivos que
levam as idosas á prática de musculação.

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Materiais e métodos

Característica da pesquisa

Esta pesquisa teve caráter descritivo, que, segundo Alves (2003), caracteriza-
se por adotar como procedimento a coleta de dados e como recursos os questionários
ou formulários, além de correlacionar fatos sem manipulá-los. Esse método é muito
usado em pesquisa de levantamento. O questionário foi o instrumento da pesquisa e
conteve oito perguntas, sendo semi-estruturadas.

População/Amostra

A população foi constituída por um grupo de vinte e quatro senhoras com mais
de sessenta anos de idade, sendo oito alunas da Academia Estação, seis da Academia
CEMS, seis da academia Trainners e quatro da Academia Action, todas essas situadas
na cidade de Maringá – Paraná. O critério para a escolha se baseou em locais que
tivessem maior número de idosas praticando musculação e um nível sócio- econômico
semelhante.

Coleta de dados

A coleta de dados se efetivou nas academias, citadas anteriormente, após o


termo de consentimento do Comitê de Ética do Cesumar e se concretizou entre os
dias 09 e 23 do mês de setembro de 2005. O questionário foi respondido por grupo de
24 senhoras que freqüentam as academias citadas anteriormente, mediante a
explicação prévia por parte da pesquisadora.

Tratamento Estatístico

Para melhor análise dos resultados, foi realizada uma abordagem quantitativa
com freqüência e percentual para estabelecer relações estatísticas entre os fatores
analisados. As respostas obedeceram à escala Likert, a qual se utiliza de tabelas e
gráficos.

Resultados e Discussão

O questionário aplicado à população de idosas em estudo permitiu a obtenção


dos seguintes resultados:

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Quadro I. Características pessoais das idosas.


IDADE ESTADO CIVIL PROFISSÃO

F % F % F %
60 – 64 05 20,8 Casada 14 58,3 Aposentada 04 16,7
65 – 69 06 25,0 Viúva 10 41,7 Do Lar 20 83,3
70 – 74 09 37,5
75 – 79 02 8,3
80-84 02 8,3

Total 24 100 Total 24 100 Total 24 100

No quadro I, quanto ao perfil das idosas desse estudo, a maioria possui entre
60 e 74 anos de idade, sendo que 20,8% têm entre 60 e 64; 25,0% entre 65 e 69; e
37,5% possuem entre 70 e 74 anos. Já as idosas com idades entre 75 e 79 anos
correspondem a 8,3%, enquanto as com 80 a 84 anos também são 8,3% do total de
idosas.
De acordo com dados do IBGE –( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
o grupo com 60 a 70 anos é o que mais cresce proporcionalmente no Brasil, enquanto
a população jovem encontra-se em um processo de desaceleração de crescimento. Do
ano de 1980 até o ano 2000, o grupo de 0-14 anos cresceu apenas 14%, contra
107% do grupo com 60 anos ou mais.
Em relação ao estado civil, constatou-se que 58,3% das idosas são casadas,
enquanto 41,7% são viúvas. Essa alta taxa de viuvez pode ser explicada, segundo
Nahas (2001), pois, como vivem mais do que os homens, as mulheres têm também
mais probabilidade de enviuvar, além de que a maioria das mulheres casa-se com
homens mais velhos do que elas, aumentando ainda mais as chances de vir a se
tornar uma idosa viúva.
Quanto a profissão, a maioria das idosas é do lar, num total de 83,3%, ao
passo que 16,7% são aposentadas. Segundo Simões (1998), o idoso, após a
aposentadoria, está mais livre para fazer o que quiser com sua vida e seus recursos e,
ultimamente, graças a divulgações constantes na mídia sobre os benefícios da prática
de atividades físicas muitos idosos iniciaram práticas de exercícios visando obter mais
saúde.
Tabela I. Problemas de saúde.
Problemas de saúde F %
Artrose 03 13
Hipertensão 04 17

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Cardíaco 01 4
Bursite 01 4
Osteoporose 03 13
Colesterol 01 4
Dores no Joelho 01 4
Nenhum Problema de Saúde 10 42
Total 24 100

Gráfico I. Problemas de saúde.

Na tabela I, percebe-se que em relação a problemas de saúde, 42% das idosas


afirmou não apresentar nenhum problema de saúde, enquanto 17% apresenta
hipertensão; 13% artrose; 13% osteoporose; 4% problemas cardíacos; 4% bursite;
4% colesterol e 4% dores no joelho.
Esses dados demonstram que grande parte das idosas apresenta-se sem
problemas de saúde, o que pode estar relacionado com a prática da atividade física,
pois, conforme afirmam Matsudo e Matsudo (1992), o exercício físico atua na
prevenção de doenças, principalmente do coração e diabetes, melhorando a
expectativa de vida dos idosos.
Os problemas de saúde citados por algumas idosas, como a artrose, a
hipertensão, problemas cardíacos e a osteoporose, são doenças degenerativas que
têm maior incidência nos idosos, conforme afirma Leite (2000), mas, também podem
ser evitados ou atenuados com a prática de exercícios físicos.
Souza(1996), ressalta que os benefícios do exercício físico não se restringem
apenas à função cardiovascular, mas a outras importantes funções do organismo,
proporcionando uma melhor qualidade de vida aos idosos.

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Exercícios corretamente prescritos e orientados desempenham importante papel


na prevenção, conservação e recuperação da capacidade funcional dos indivíduos,
repercutindo positivamente em sua saúde. Estes não farão parar o processo de
envelhecimento, mas, poderão retardar o aparecimento de complicações, interferindo
positivamente no seu bem estar

Tabela II – Motivos que levaram a prática.


Motivos F %
Indicação Médica 06 25
Prevenção de doenças e manutenção da saúde 10 42
Qualidade de Vida 01 4
Auto Estima 01 4
Fazer amigos 06 25
Total 24 100

Gráfico II – Motivos que levaram a prática.

Na tabela II, o motivo mais alegado pelas idosas que a levaram a prática da
musculação é a prevenção de doenças e manutenção da saúde, com 42%; indicação
médica e fazer amigos tiveram 25% cada um; enquanto qualidade de vida e auto-
estima ficaram com 4% cada um.
Em uma pesquisa realizada por Matsudo et al (2001), as pessoas do sexo
feminino com mais de 50 anos de idade realizavam atividade física por: indicação
médica (38,3%), amigos (33,3%), familiares (10,4%), procura por companhia
(10,4%).

Pode-se perceber através destes dados a preocupação do idoso com sua saúde
ou recuperação em primeiro lugar. A maioria dos autores estudados assinalam a
importância que os idosos atribuem a sua saúde, preocupados em buscar uma vida

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com mais qualidade. Ofazer amigos” também é um dado importante, que é abordado
por Geis (2003), o qual afirma que quando o idoso se torna participante de uma
atividade física ele não busca somente a saúde, mas também a sociabilização.

Amorim e Alberto (1996) salientam que a atividade física pode ser um meio
contra o isolamento social e a solidão, auxiliando contra o tédio, podendo compensar
a redução das relações sociais e oferecer a substituição do “status” ora determinado
pela atividade e posição profissional.

A capacidade de interagir socialmente é fundamental para o idoso, para que ele


possa conquistar e manter as redes de apoio social e garantir maior qualidade de
vida. As influências sociais da família e amigos são de extrema importância à
manutenção da atividade física, pois esse suporte social incentiva o praticante a
manter o interesse em continuar fisicamente ativo.

Tabela III – Problemas que dificultam a prática.


Problemas F %
Esquecimento 1 4
Dores no Corpo 1 4
Cirurgia no Joelho 1 4
Dores no Joelho 1 4
Nenhum 20 84
Total 24 100

Gráfico III – Problemas que dificultam a prática.

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De acordo com a tabela III, a maioria das idosas (84%) relatou não apresentar
nenhum problema que dificulte a prática dos exercícios físicos. As dificuldades que
foram apontadas por algumas idosas, perfazendo 4% cada um: esquecimento, dores
no corpo, cirurgia no joelho, dores no joelho.
Segundo Kllinen & Maru (1996), a margem de segurança para dosar a atividade
física reduz com o passar dos anos. Lesões relacionadas às atividades físicas podem
acontecer, decorrentes principalmente dos processos degenerativos do
envelhecimento.
Nadeau & Péronet (1985) afirmam que o rendimento físico da pessoa na
terceira idade é limitado pela diminuição da sua capacidade aeróbica e anaeróbica, do
vigor dos músculos, pela diminuição da flexibilidade, da habilidade motora e do
rendimento mecânico.
Assim, Pollock e Wilmore (1993) enfatizam a importância de procedimentos
para avaliação sobre eventuais riscos na prática de atividades físicas, indicando as
atividades mais adequadas e promovendo a monitorização individual da evolução de
cada pessoa.
Tabela IV – Resultados com a prática.
Resultados F %
Maior Agilidade 11 47
Maior Dinamismo 4 17
Menor Solidão 1 4
Fazer Amigos 1 4
Coordenação 2 8
Sem Cansaço 1 4
Maior Resistência 1 4
Maior Flexibilidade 1 4
Fortalecimento Muscular 2 8
Total 24 100

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Gráfico IV – Resultados com a prática.

Em relação aos resultados obtidos com a prática da musculação, constata-se na

Tabela IV a maioria das idosas (47%) afirmou que obteve maior agilidade;
enquanto 17% apresentou maior dinamismo; melhorou a coordenação em 8% das
idosas; fortalecimento muscular em 8%; ao passo que 4% em cada um dos seguintes
itens: menor solidão, fazer amigos, sem cansaço, maior resistência, maior
flexibilidade.
Conforme afirma Leite (2000), o exercício físico não beneficia somente os
músculos e articulações, mas o organismo em sua totalidade, contribuindo para o
equilíbrio psíquico e afetivo do idoso, proporcionando uma segurança e integração
social.
Para Meirelles (1997) a atividade física para a terceira idade é importante pois
cria um clima descontraído, desmobiliza as articulações e aumenta o tônus muscular,
proporcionando maior disposição para o dia a dia. Além disso, a prática de exercícios
traz os seguintes benefícios: o bem estar físico; a autoconfiança; sensação de auto-
avaliação; segurança no dia-a-dia através do domínio do corpo; elasticidade; aumento
da prontidão para a atividade; ampliação da mobilidade das grandes e pequenas
articulações; fortalecimento da musculatura, pois os músculos têm uma capacidade de
regeneração especial; a função dos aparelhos de sustentação e locomoção também
depende da musculatura; melhoria da respiração, principalmente nos aspectos da
forte expiração; intensificação da circulação sanguínea, sobretudo nas extremidades;

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estimulação de todo sistema cardiocirculatório; melhoria da resistência; aumento da


habilidade, da capacidade de coordenação e reação; alem de ser um meio de combate
à depressão, circunstâncias de medo, decepções, aborrecimento, tédio e solidão.
Na velhice, segundo Meirelles (1997), há maior predisposição a doenças e
incapacidades, porém, a prática de atividade física promove o retardamento do
processo inevitável do envelhecimento, possibilitando a normalização da vida do idoso
e afastando os fatores de risco comuns na terceira idade.
Nieman (1999) afirma que pessoas idosas que se exercitam com pesos,
recuperam uma boa parte de sua força perdida, o que as capacita para um melhor
desempenho das atividades diárias.

Tabela V – Como deve ser o ambiente.


Ambiente F %
Agradável 4 17
Limpo / Arejado 6 25
Calmo / Descontraído 2 8
Saudável 2 8
Professor Atencioso 7 29
Bons Materiais 1 4
Mistura de Idade 1 4
Pessoas Animadas 1 4
Total 24 100

Gráfico V – Como deve ser o ambiente

Gráfico V – Como deve ser o ambiente.

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Constata-se na tabela V, em relação ao ambiente da prática da atividade física,


29% das idosas afirmou ser importante um professor atencioso; 25% priorizam
ambiente limpo/arejado; 17% acha que o ambiente deve ser agradável; um ambiente
calmo e descontraído é importante para 8% das idosas; já um ambiente saudável,
para 8%; bons materiais são importantes para 4% das idosas; mistura de idade para
4% e pessoas animadas para 4% das idosas.
Segundo Géis (2003), o professor deve despertar o interesse do idoso através
da motivação, sendo atencioso, transmitindo segurança, carinho, integridade e
confiança. Cabe o professor ser alegre, solícito, compreensivo e amigo, tratando com
respeito cada idoso, prestigiando suas opiniões, seus estímulos e suas críticas.
O professor deve apresentar seu trabalho de um modo claro, dando às idosas a
oportunidade de vencer seus desafios, motivando-as constantemente.
Dessa maneira, fica claro que muitos fatores contribuem para a motivação das
idosas, como um ambiente agradável, limpo, um professor atencioso. Como já foi
visto, a preocupação com a saúde leva as idosas a praticarem a musculação, mas a
motivação para continuarem depende também da interação de outros fatores,
incluindo as condições do ambiente e os resultados obtidos com a prática.
Em suma, além de exercícios que fortaleçam seu organismo e lhes confiram
mais saúde, as idosas necessitam da interação com outras pessoas, de uma prática
saudável que lhes dêem prazer e entusiasmo, motivando-as cada vez mais,
aumentando assim sua auto-estima e desenvolvimento pessoal.

Considerações finais

Neste início de século, destacam-se mudanças consideráveis na estrutura


demográfica mundial, especialmente em relação ao número de pessoas idosas. O
envelhecimento populacional é um fato que atinge o mundo todo e que traz várias
disfunções ao ser humano, como diminuição nas funções cardíacas e pulmonar,
aumento da gordura corporal, diminuição da massa e da força muscular e perda da
densidade mineral óssea, entre outras. Mas além dessas alterações físicas ou
envelhecimento biológico propriamente dito, temos também um envelhecimento
psicológico e social, ou seja, as mudanças são muitas e se dão em todos os aspectos
da vida das pessoas. Dessa maneira, é importante compreender as necessidades e

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limitações dessa fase da vida, para que se possa retardar o processo de


envelhecimento e dar mais qualidade de vida e independência às pessoas idosas.
Sabemos também que a procura por atividade física, em especial pela
musculação, é concreta, e que essa é uma atividade que proporciona aos seus
praticantes muitos benefícios, tanto fisiológicos como psicológicos e sociais. Mais do
que qualquer outra variável, a saúde influencia o bem-estar dos indivíduos em
processo de envelhecimento. Um estilo de vida ativo aumenta a capacidade funcional
e a qualidade de vida, e com a qualidade de vida vem a satisfação.
Da análise dos dados, observou-se que os motivos que levaram as idosas à
prática de musculação com maior freqüência foram a manutenção da saúde e
prevenção de doenças. Em seguida veio a opção pela indicação médica e fazer
amigos, enquanto que melhorar a qualidade de vida e elevar a auto-estima ficaram
como a terceira opção. Já melhorar esteticamente e praticar algo que as realizasse
não foram citadas no questionário, sendo assim ignoradas.
Um ingrediente fundamental para um envelhecimento saudável é a atividade
física regular. De todos os grupos etários, as pessoas idosas são as mais beneficiadas
pela atividade. O risco de muitas doenças e problemas de saúde comuns na velhice,
como as citadas pelas idosas desse estudo, diminui com a atividade física regular. E,
conforme se constatou, o fator saúde é o mais motivador para as idosas, que buscam
a prática da musculação desejando manter e fortalecer sua saúde, prevenindo
doenças e melhorando sua qualidade de vida, entretanto, outros fatores como o
ambiente físico e um professor atencioso também são fatores que motivam as idosas
a praticarem a atividade física.

Assim, conclui-se que a musculação se torna um dos meios que traz benefícios
morfológicos, orgânicos e psicossociais à idosa, promovendo seu bem-estar, sua
saúde e conseqüentemente proporcionando-lhe melhor qualidade de vida. Viver bem a
terceira idade é uma questão de escolha. A adoção de uma atividade que seja
adequada física e psicologicamente, torna o idoso mais ativo e retarda o processo de
envelhecimento através de uma postura saudável de vida.

Referências Bibliográficas

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Endereço:
Adriana Baratela Ribeiro Zawadski
Rua Netuno,240 B – Jardim Imperial II, Maringá - Pr
Fone: (44) 3246-4197/ 91183848
E-mail: dricazawadski@hotmail.com

Data de recebimento: 03/04/06


Data de aceite: 12/06/06

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