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ARTIGO ORIGINAL

A INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA DE


IDOSOS

Alunos: Lucas Henrique Mendes Morais


Victor Moreira Santos
Vinícius Fernando Lopes Nogueira
Orientadora: Natália Fontes Alves Ambrósio

Centro Universitário Una - Campus Linha Verde

Resumo
O presente estudo teve como objetivo investigar a influência da prática de musculação
na qualidade de vida de idosos. A amostra foi composta por 32 participantes, sendo
14 homens e 18 mulheres. Os instrumentos utilizados foram: um questionário com
perguntas semiestruturadas (16 perguntas) para caracterização da amostra e em
relação à prática de musculação e o questionário padronizado WHOQOL-
Bref (WHOQOL GROUP, 1998), que avalia aspectos da qualidade de vida
relacionados a 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. O
convite para a participação foi realizado pelos pesquisadores a partir de pessoas
conhecidas, academias e grupos de Whatsapp, idosos residentes da cidade de Belo
Horizonte e região metropolitana. Após selecionados, foram convidados para
participarem da pesquisa através de um questionário on-line da plataforma Google
Forms. Os idosos compuseram dois grupos experimentais: idosos praticantes de
musculação (Grupo 1); idosos não praticantes de musculação e demais exercícios
físicos (Grupo 2). Os resultados mostraram que a maioria 62,5% dos idosos do Grupo
1, realizam a musculação há mais de 4 anos e responderam serem orientados por
profissional especializado, caracterizando uma amostra com dois grupos
heterogêneos. Alguns idosos que compõem o Grupo 1, 31% relatou algum tipo de dor,
a maioria salientou que as dores eram leves, sendo relatadas até mesmo como
apenas um incomodo. Em relação ao Grupo 2, a maioria, sendo 81% da amostra
possui algum tipo de dor, como dores no joelho e na coluna. Em relação à qualidade
de vida, os resultados indicaram que, para todos os domínios, o Grupo 1 obteve
maiores pontuações no escore em relação ao Grupo 2, essa pontuação apresentada
diferenciou os grupos quanto a classificação da qualidade de vida avaliada pelo
WHOQOL-Bref. O Grupo 1 foi classificado com a qualidade de vida “boa”, enquanto o
Grupo 2 “necessita melhora” e “regular”. Pode-se concluir, a partir dos resultados
encontrados, que a musculação influencia a qualidade de vida de indivíduos idosos,
podendo ser utilizada como importante ferramenta para manutenção e melhoria deste
aspecto. E sugere-se que tenha também um maior incentivo a musculação ao público
idoso, como forma de promoção de uma melhor qualidade de vida.

Palavras-chave: musculação, idosos, qualidade de vida.

1
THE INFLUENCE OF STRENGTH TRAINING ON THE QUALITY OF LIFE OF
ELDERLY
Abstract
The present study aimed to investigate the influence of strength training on the quality
of life of the elderly. The sample consisted of 32 participants, 14 men and 18 women.
The instruments used were: a questionnaire with semi-structured questions (16
questions) to characterize the sample and in relation to the strength training and the
standardized WHOQOL-Bref questionnaire (WHOQOL GROUP, 1998), which
assesses aspects of quality of life related to 4 domains: physical, psychological, social
relationships and environment. The invitation to participate was made by the
researchers from known people and Whatsapp groups, elderly residents of the city of
Belo Horizonte and the metropolitan region. After being selected, they were invited to
participate in the research through an online questionnaire on the Google Forms
platform. The elderly composed two experimental groups: elderly bodybuilders (Group
1); elderly people who do not practice weight training and other physical exercises
(Group 2). The results showed that the majority, 62.5% of the elderly in Group 1,
performed weight training for more than 4 years and responded that they were guided
by a specialized professional. Of the participants that make up Group 1, 31% reported
some type of pain, most stressed that the pain was mild, being reported even as just a
nuisance. In relation to Group 2, the majority, 81% of the sample, have some type of
pain, such as knee and spine pain. Regarding quality of life, the results indicated that,
for all domains, Group 1 obtained higher scores in the score compared to Group 2, this
presented score differentiated the groups in terms of the classification of quality of life
evaluated by the WHOQOL-Bref. Group 1 was classified as having a “good” quality of
life, while Group 2 “needs improvement” and “regular”. It can be concluded, from the
results found, that weight training influences the quality of life of elderly individuals, and
can be used as an important tool for maintaining and improving this aspect. And it is
suggested that there is also a greater incentive to strength training for the elderly, as a
way of promoting a better quality of life and longevity for these individuals.
Keywords: strength training, elderly, quality of life.

Introdução
A epidemiologia destaca que aproximadamente 11% da população mundial
está acima dos 60 anos, havendo projeções que indicam que até o ano de 2050
haverá um aumento para 22% do percentual populacional (KANASI, 2016). Sabe-se
que cada vez mais a população de idosos vem crescendo em todo mundo, e a
longevidade está ligada à economia, à qualidade e ao modo de vida de uma
população. Com objetivos de minimizar os efeitos do processo de envelhecimento,
como a sarcopenia, a diminuição do equilíbrio e as doenças cardiovasculares, e
melhorar a qualidade de vida, verifica-se que a musculação tem sido buscada pela

2
população idosa (FONSECA et al., 2018; VENÂNCIO; SILVA; SILVA-OLIVEIRA,
2017).
Envelhecer é um processo contínuo e inevitável, nos dias de hoje observa-se
divergências na hora de classificar o que seria de fato o envelhecimento, alguns
autores preconizam que este processo inicia junto com o nascimento, já que a partir
daí, se inicia a apoptose ou morte celular (CONTERATO, 2021). O envelhecimento,
trata-se de uma fase que ocorrem alterações mostradas de formas características por
indivíduos que ocorrem da vida adulta até a morte, trazendo ainda a associação desta
etapa da vida como sendo associada ao esgotamento e a perda de aspectos como a
força e a massa muscular (CONTERATO, 2021).
É uma evidência que o envelhecimento impacta de várias maneiras a vida e
apesar de ser considerado um processo heterogêneo, que varia de pessoa para
pessoa, existem alguns aspectos comuns, como aqueles ligados a modificações do
fisiológicos, tais como perda de massa óssea e de massa magra, já supracitados, que
podem ser atenuados a fim de melhorar a qualidade de vida dos idosos (FRAGALA et
al., 2019).
Existem dois tipos de envelhecimento, conhecidos como senescência e
senilidade. A senescência caracteriza as alterações que aparecem com o passar do
tempo resultante de processos fisiológicos ligados ao aumento da idade, mas não
alteram a maneira de viver do indivíduo. Já a senilidade está relacionada a fatores que
geram o declínio físico com o passar do tempo devido a doenças, depletação de
massa muscular e óssea (já supracitadas) e alterações cognitivas, estes que por sua
vez, alteram o dia a dia do indivíduo podendo levar até a dependência para realização
das tarefas (ROSA; FILHA; MORAES, 2018).
Algo bastante corriqueiro que acomete todos os idosos é a chamada
sarcopenia que é o processo de perda de massa muscular com o passar dos anos,
este processo se inicia por volta dos 40 anos e se atenua com o passar dos anos e o
mesmo é responsável pela diminuição da força e resistência muscular, maior número
de quedas devido à falta de equilíbrio, diminuição na capacidade de se locomover
podendo levar até a completa imobilização (GIALLAURIA et al., 2015).
O que é comum também nos idoso é a osteoporose, que é uma doença osteo
metabólica sistêmica, caracterizada por uma gradativa diminuição da massa óssea,
que por sua vez, leva a uma fragilidade mecânica; assim o indivíduo afetado encontra-

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se predisposto a sofrer fraturas (CAPUTO; COSTA, 2014). Como consequências
físicas ocasionadas pela osteoporose é comumente diagnosticado uma diminuição da
força muscular, falta de equilíbrio corporal, alteração na coordenação motora e uma
limitação na amplitude de movimento.
Como constatado, um dos principais acometimentos que acompanham o índice
de envelhecimento e está atrelado a doenças é a perda de força muscular. Segundo
o American College of Sports Medicine (ACSM, 2018), um exercício físico que pode
amenizar essa perda seria a musculação. A musculação é caracterizada por uma série
de movimentos corporais planejados e repetitivos, estruturados em diversos
exercícios com pesos e máquinas, normalmente praticados em academias (ACSM,
2018). Com este tipo de treinamento pode-se obter algumas adaptações como:
hipertrofia muscular, aumento da força máxima e resistência de força (ACMS, 2018).
Além dos benefícios em relação ao ganho de massa muscular, um estudo
realizado por Varela, Santos (2019), teve como objetivo identificar a motivação que
leva idosos a prática de musculação, e foi identificado que o principal motivo no qual
idosos praticam musculação, é a busca pela melhora na saúde e bem-estar.
Um estudo elaborado por Venâncio, Silva e Silva-Oliveira (2017), no qual o
principal objetivo foi comparar o perfil motor de idosos praticantes de musculação e
hidroginástica, utilizou uma amostra de 45 idosos divididos nos três grupos
supracitados, estes realizaram testes motores que avaliaram a coordenação motora,
equilíbrio, esquema corporal e estruturação espacial e temporal. Os resultados
coletados mostram que entre os grupos praticantes de exercícios físicos e de
sedentários houve diferença significativa, e ainda comparando os grupos de idosos
fisicamente ativos pode-se observar que os praticantes de musculação se mostraram
beneficiados por esta prática em comparação aos que não a realizam (VENÂNCIO;
SILVA; SILVA-OLIVEIRA, 2017).
É comum observarmos em salões de academias, o público adulto (18 a 59
anos) compondo a maior parte de seus frequentadores, porém a musculação é uma
eficiente ferramenta, para obtermos um aumento nos índices de aptidão física e
composição corporal na população idoso, trazendo benefícios em sua autonomia e
independência (FONSECA et al., 2018).
O estudo de Fonseca et al., (2018), teve o objetivo de identificar os efeitos de
um programa de treinamento de força para idosos, analisou os indicadores de

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composição corporal e aptidão física funcional. A pesquisa trata-se de um estudo
longitudinal, foi realizada com um grupo de 9 idosos ativos com idade média de 67,44
anos. Estes idosos, participaram de um programa de treinamento resistido, onde
foram submetidos a testes para mensuração da aptidão física e avaliação da
composição corporal antes e depois do programa de treinamento e os resultados
apontaram uma melhora em ambos os aspectos após a intervenção. O estudo conclui
que o treinamento periodizado de força reflete diretamente no quesito independência
e qualidade de vida (FONSECA et al., 2018).
Outro estudo a se destacar, Oliveira et al., (2020), tiveram o objetivo de
investigar as diferenças na força muscular e na capacidade funcional de idosos
praticantes de dois tipos de exercícios contra resistência. Para isso, os autores,
realizaram um estudo transversal, com 80 idosos de ambos os sexos, sendo 40
praticantes de musculação e 40 praticantes de exercícios nas Academias da terceira
idade (ATI). Foi aplicado um questionário sociodemográfico, os testes sentar e
levantar, flexão de cotovelo, e os testes de capacidade funcional do Grupo de
Desenvolvimento Latino Americano para Maturidade. Concluiu-se que, os idosos
praticantes de musculação apresentaram melhor força muscular de membros
superiores e melhor capacidade funcional em todos os testes realizados em relação
aos idosos praticantes de exercícios nas ATI (OLIVEIRA et al., 2020).
Diante do exposto, a musculação parece trazer importantes benefícios que vão
além da melhora da massa muscular associada ao processo de envelhecimento,
conforme artigos apresentados. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo
investigar a influência da prática de musculação na qualidade de vida de idosos.
Espera-se que idosos praticantes de musculação apresentem indicativos de qualidade
de vida melhores que idosos não praticantes.

Materiais e Métodos

Este estudo caracteriza-se como descritivo e de caráter quantitativo. De acordo


com GIL (2007), a pesquisa descritiva tem o objetivo de apresentar as características
de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como os questionários.

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A amostra do presente estudo foi composta por 32 participantes, sendo 14
homens e 18 mulheres. A amostra foi selecionada por conveniência, o convite para a
participação foi realizado pelos pesquisadores a partir de pessoas conhecidas, grupos
de whatsapp, idosos que frequentam academias, dentre idosos residentes da cidade
de Belo Horizonte e região metropolitana.
Os critérios tomados para inclusão dos participantes do presente estudo foram:
ter a idade entre 60 a 80 anos; não realizar outros exercícios físicos (considerando o
grupo que praticava musculação e que não praticava).
Após selecionados, foram convidados para participarem da pesquisa através
de um questionário on-line na plataforma Google Forms, que poderia ser feito em
casa, e em caso de dúvidas, poderiam entrar em contato com os pesquisadores.
Caso tivessem alguma dificuldade de compreensão, poderiam também ter
auxílio de familiares. Os idosos que aceitaram participar da pesquisa e se
enquadraram nos critérios de inclusão, receberam o TCLE juntamente com o
questionário.
Os instrumentos utilizados foram: um questionário semiestruturado com
perguntas de caracterização da amostra e em relação à prática de musculação (16
perguntas) e o questionário WHOQOL-Bref (WHOQOL GROUP, 1998) e
disponibilizados no link do google forms: (https://docs.google.com/forms/d/1DI9uXA-
NU91ak-j2Te2B9eRhBfQxgLctnH-z3Sd7MU0/edit?usp=drivesdk).
O questionário WHOQOL-Bref é composto por 26 questões e o participante
pode apresentar sua resposta por meio de escores que variam de um a cinco, sendo
a condição pior no escore um e a melhor no cinco. As respostas seguiram a escala de
Likert (de 1 a 5, quanto maior a pontuação melhor a qualidade de vida). As questões
são divididas em seus respectivos domínios: (a) Domínio I – Físico: dor e desconforto,
energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana,
dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho; (b) Domínio
II – Psicológico: sentimentos positivos, pensar, aprender, memória e concentração,
autoestima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos, espiritualidade,
religião e crenças pessoais; (c) Domínio III – Relações sociais: relações pessoais,
suporte (apoio) social, atividade sexual; (d) Domínio IV – Meio ambiente: segurança
física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais:
disponibilidade e qualidade oportunidade de adquirir informações e habilidades,

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participação e oportunidades de recreação/lazer e ambiente físico (poluição, ruído,
trânsito, clima e transporte) (WHOQOL GROUP, 1998). Para avaliação dos dados, as
perguntas 1 e 2 deverão aparecer da seguinte forma. 1 – Percepção da qualidade de
vida (resultado em média 1 a 5); 2 – satisfação com a saúde (resultado em média 1 a
5). As demais perguntas, considera-se que cada domínio possui as suas facetas
correspondentes, conforme o material suplementar 2. Após a separação das facetas
por domínios, soma-se os valores da entrevista (de 1 a 5) e divide pelo número de
participantes, depois realiza-se uma média onde o resultado vai ser de 1 até 5.
Todos os resultados são em média, considerando o domínio e as facetas. Em
relação aos domínios, as facetas, as perguntas um e dois, a classificação foi:
necessita melhorar (quando for 1 até 2,9); regular (3 até 3,9); boa (4 até 4,9) e muito
boa (5) (http://www.cefid.udesc.br/arquivos/id_submenu/1173/whoqol_bref.pdf).
Para coleta da amostra foi disponibilizado um questionário pelo Google Forms,
dividido em 3 sessões (MATERIAL SUPLEMENTAR 1), contendo perguntas com
respostas alternativas, sendo que uma das sessões o participante tinha que preencher
um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para participar do estudo, na
segunda sessão perguntas de caráter pessoal e a terceira sessão o questionário
oficial.
Na análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva, média e percentual de
respostas, para isso, foi utilizado o software Excel.

Resultados

O estudo contou com a participação de 32 voluntários idosos, que responderam


ao questionário, destes, 56,3% eram do sexo feminino e 43,7% do sexo masculino.
Em relação à faixa etária dos participantes, 12,5% possuem idades de 60 a 65 anos,
50% possuem de 66 a 70 anos, 25% de 71 a 75 anos e 12,5% de 76 a 80 anos de
idade. A amostra foi separada em dois grupos (n=16), o grupo de idosos praticantes
de musculação (Grupo 1) e o grupo de não praticantes de musculação (Grupo 2).
Para os participantes do Grupo 1 foi perguntado há quanto tempo e quantas
vezes na semana estes praticam musculação. As respostas foram tabuladas e
colocadas a seguir, em formato de gráficos, para facilitação do entendimento.
Em relação ao tempo de prática, a maioria dos idosos (61%) realiza a prática
de musculação há mais de 4 anos (FIGURA 1).
7
11%
28% Mais de 5 anos
Menos de 1 ano
22% 1 a 2 anos
2 a 3 anos
4 a 5 anos
Mais de 5 anos
5% 17%

17%

Figura 1. Respostas referentes ao Grupo 1, quando foram perguntados: Há quanto tempo pratica a
modalidade musculação?

Em relação a quantos dias da semana realizam a prática de musculação, a


maioria dos idosos (56%) vai à musculação mais de 3 dias na semana (FIGURA 2).

31%
3 dias
44%
4 dias

5 a 7 dias

25%

Figura 2. Respostas referentes ao Grupo 1, quando foram perguntados: Quantos dias em uma
semana realiza a prática de musculação?

Dos idosos praticantes de musculação, a maioria, 62,5% responderam serem


orientados por personal trainer.
Quando questionados sobre haver ou não a ocorrência de algum tipo dor no
dia a dia, obtivemos dos participantes que compõem o Grupo 1, que apenas 31%
relataram algum tipo de dor, a maioria salientou que as dores eram leves, sendo
relatadas até mesmo como apenas um incomodo. Em relação ao Grupo 2, 81% da

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amostra possui algum tipo de dor, quando questionados sobre a parte do corpo na
qual as dores ocorriam, foi constatado que, a maioria sente dores no joelho e na
coluna.
Subsequente a isso, foi questionado também, para ambos os grupos, se estes
desequilibravam e/ou caiam com frequência a ainda se teria havido alguma fratura
recente e como ocorreu, em casos de respostas positivas. As respostas obtidas foram
que 25% do Grupo 2 caem com frequência, em relação ao Grupo 1, não houve
nenhuma resposta.
Como já citado anteriormente, foi utilizado também o questionário WHOQOL-
Bref no qual as perguntas 1 e 2 mensuram a percepção de saúde e de qualidade de
vida entre os idosos. Em relação a classificação, é indicado: necessita melhorar
(quando a média for 1 até 2,9); regular (3 até 3,9); boa (4 até 4,9) e muito boa (5).
Notou-se, ao avaliar todas as respostas, que houve uma diferença considerável
entre os grupos. O Grupo 2, ficou em uma classificação regular para as duas
perguntas e o Grupo 1, a classificação foi indicada como “boa”.

Grupo 1 Grupo 2
5
4,5
4
3,5
Escore (média)

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Percepção da Saúde Percepção da Qualidade de Vida
Qualidade de Vida Geral

Figura 3. Respostas às perguntas 1 e 2 do WHOQOL-Bref indicando Qualidade de Vida Geral.

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Quando analisadas individualmente as perguntas que correspondem a cada
domínio (já citados e explicados anteriormente), constatou-se que para todos os
domínios houve diferença nos valores entre os grupos (FIGURA 4).

4,5

3,5
Escore (média)

2,5 Grupo 1

2 Grupo 2

1,5

0,5

0
Físico Psicológico Relações Sociais Meio Ambiente
Domínios da Qualidade de Vida

Figura 4. Resultados para os 4 domínios da Qualidade de Vida como resultado de questionário


WHOQOL-Bref.

Observa-se que, para todos os domínios, o Grupo 1 obteve maiores


pontuações no escore em relação ao Grupo 2, essa pontuação apresentada
diferenciou os grupos quanto a classificação da qualidade de vida avaliada pelo
WHOQOL-Bref. Especificamente, o Grupo 1 teve uma classificação “boa” em todos
os domínios (média 4 e acima desse valor), enquanto o Grupo 2, no domínio físico
obteve média abaixo de 3, indicando que “necessita melhorar” para esse domínio, e
nos demais, obteve uma classificação regular (média abaixo de 4).

Discussão
O objetivo do presente estudo foi investigar a influência da musculação na
qualidade de vida de idosos. De acordo com a nossa hipótese, a prática de
musculação influenciaria a qualidade de vida de idosos em relação à inatividade física.

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Esta hipótese foi confirmada, já que os indicativos de qualidade de vida foram
observados em maiores proporções em idosos que praticam a musculação. Essa
afirmação fica ainda mais evidente quando observamos que a musculação se faz
presente constantemente na vida dos idosos que a praticam, caracterizando uma
amostra com dois grupos heterogêneos, uma vez que, o grupo que não pratica
musculação não realiza também outro exercício físico.
Para Medeiros, Souza e Oliveira (2019), o treinamento de força para idosos é
uma importante ferramenta que proporciona manutenção e melhora de valências
físicas como aumento de massa muscular, potência, força, flexibilidade que estão
diretamente ligados a independência destes indivíduos, o que consequentemente,
impacta de maneira positiva na qualidade de vida. Estudos anteriores analisados
nesta revisão literária apontam para melhorias estéticas que acabam influenciando na
autoestima.
Uma pesquisa realizada por Oliveira et al., (2016), teve como objetivo identificar
o impacto de um programa de treinamento resistido de três meses, para idosos com
osteoartrite de joelho, em um determinado município do Brasil. Verificando os
resultados obtidos, é destacado a evolução na qualidade de vida do idoso, já que
houve uma melhora em cinco dos oito domínios presentes no questionário SF-36
aplicado. Santos et al, (2017), também realizaram uma pesquisa com o público idoso,
para verificar se há diferença na qualidade de vida daqueles que praticam e não
praticam exercícios físicos regularmente. O resultado encontrado foi semelhante ao
da pesquisa anterior, já que também identificaram uma melhora na qualidade de vida
do idoso, graças as práticas de exercícios físicos como a musculação.
Neste contexto podemos citar também Angeli, Menezes e Mazo (2017), pois
afirmam que a musculação na terceira idade traz ganhos expressivos de força nos
membros superiores, além de um aumento na flexibilidade dos membros inferiores,
consequentemente resultando em uma melhora na qualidade de vida do indivíduo,
algo que reforça os resultados encontrados no presente estudo.
Papa, Dong e Hassan (2017), afirmam que um dos principais fatores
relacionados ao declínio de força e da função física de idosos é a perca de massa
magra conhecida como sarcopenia. Visto a necessidade de intervenção para este
fator, foi encontrado que o treinamento contra resistência externa mostrou-se uma
ferramenta efetiva para atenuação das limitações que surgem decorrentes da

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sarcopenia no envelhecimento, melhorando consequentemente a realização das
atividades diárias e a qualidade de vida (PAPA; DONG; HASSAN, 2017).
Corroborando e complementando os resultados deste estudo Coelho et. al. (2014)
encontraram maior força de membros superiores e inferiores em idosos praticantes
de musculação quando comparado a idosos praticantes de hidroginástica e não
praticantes de quaisquer atividades físicas
Ainda reforçando os achados do estudo conduzido por Coelho et. al. (2014),
Oliveira, Bartolini e Júnior (2014) também concluem que a musculação surte maiores
resultados na melhora da qualidade de vida em indivíduos idosos, se comparado a
indivíduos que praticam hidroginástica ou que utilizam as academias da terceira idade.
É importante ressaltar que este trabalho se trata de um estudo quantitativo, transversal
e de caráter descritivo que também utilizou como principal ferramenta de avaliação os
questionários WHOQOL - Bref e WHOQOL – Old.
Os resultados encontrados por Coelho et. al. (2014), também ressaltam que o
grupo praticante de musculação apresentou maiores escores nos domínios
psicológico e de relações sociais quando comparados a outros grupos, porém, não
houve diferença significativa entre eles, já no domínio meio ambiente os grupos
apresentaram resultados praticamente semelhantes, havendo diferença significativa
apenas para o domínio físico.
Segundo Kekäläinen et. al., (2017), o treinamento de musculação surte efeitos
positivos na qualidade de vida de idosos, trazendo mudanças em aspectos físicos,
psicológicos e ambientais. Utilizando o questionário WHOQOL-Bref, após a aplicação
de um protocolo de treino de 9 meses em indivíduos de 65 a 75 anos, o estudo
encontrou mudanças positivas em aspectos gerais de qualidade de vida, mas em
destaque no domínio de meio ambiente, que por sua vez não se mostra muito comum
em análises feitas em estudos anteriores. Os autores destacam que o fator meio
ambiente na qualidade de vida inclui questões relacionadas ao ambiente ao qual o
indivíduo faz parte, segurança física e também está ligada a possibilidade de acesso
a atividades de lazer, serviços de saúde, que também são aspectos importantes que
influenciam na percepção do indivíduo como parte importante do meio em que vive
(KEKÄLÄINEN et. al., 2017).
Os resultados encontrados nas pesquisas supracitadas corroboram e
complementam os resultados encontrados no presente estudo.

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Considerações finais
Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa conclui-se que a musculação
influencia a qualidade de vida de indivíduos idosos, podendo ser utilizada como
importante ferramenta para manutenção e melhoria deste aspecto.
Para futuros estudos, recomenda-se a utilização de uma amostra maior
podendo também trazer outras abordagens para que seja possível também
acompanhar o progresso da percepção para cada domínio abordado no questionário
WHOQOL – Bref, levando a uma maior abrangência na influência da musculação
sobre cada domínio.
Por fim, sugere-se que a musculação orientada por profissional especializado
seja incentivada ao público idoso, como forma de promoção de uma melhor qualidade
de vida e longevidade para estes indivíduos.

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OLIVEIRA, Daniel vicentini de; BERTOLINI, Sônia Maria Marques Gomes; JÚNIOR,
Joaquim Martins. Qualidade de vida de idosas praticantes de diferentes modalidades
de exercício físico. Conscientiae Saúde. São Paulo, v.13, n.2, p.187-195, jun, 2014.

PAPA, Evan V; DONG, Xiaoyang; HASSAN, Mahdi. Resistance training for activity
limitations in older adults with skeletal muscle function deficits: a systematic review.
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ROSA, Tábada Samantha Marques; FILHA; Valdete Alves Valentins dos Santos;
MORAES, Anaelena Bragança de. Prevalência e fatores associados ao prejuízo
cognitivo em idosos de instituições filantrópicas: um estudo descritivo. Revista
Ciência & Saúde Coletiva, Rio Grande do Sul. v.23, n.11, p.3757-3765, nov, 2018.

SANTOS, Aline Araújo et al. Qualidade de vida em idosos praticantes do programa


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Qualidade de Vida. Ponta Grossa-PR, v.9, n.2, p.142-152. abr/jun, 2017.
14
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VARELA, Gabriel de Palma; SANTOS, Rafaella Zulianello dos. Motivação Para a


Prática da Musculação Por Idosos do Município de Palhoça-SC. Revista Contexto &
Saúde, Ijuí: RS, v.19, n.36, p.53-58, jan/jun, 2019.
VENÂNCIO, Patrícia Espíndola Mota; SILVA, Sidnei Sanches Nascimento; SILVA-
OLIVEIRA, Iransé. Perfil motor de idosos: existe exercício físico mais eficaz? Revista
Cereus, Gurupi-TO, v.9, n.3, set/dez, 2017.

15
Material Suplementar 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado (a) a participar de um estudo científico que visa
investigar os benefícios da musculação na qualidade de vida dos idosos. Esta
pesquisa faz parte do trabalho de conclusão de curso de graduação em Educação
Física do Centro Universitário Una – Campus Linha Verde.
A pesquisa consistirá na aplicação de um questionário impresso, com um
período para o preenchimento de 18 de abril/2022 a 30 de abril/2022. Será garantido
o anonimato dos voluntários e os dados obtidos serão utilizados exclusivamente para
fins de pesquisa pelos pesquisadores. Além disso, você também poderá se recusar a
participar desse estudo ou abandoná-lo a qualquer momento, sem precisar justificar-
se e sem gerar qualquer constrangimento ou transtorno.
Antes de aceitar participar leia atentamente estas informações. Solicitamos sua
atenção especial aos seguintes aspectos:
A participação é voluntária e durante a pesquisa você poderá se recusar a
responder qualquer pergunta ou participar de procedimento(s) que por ventura lhe
causar algum constrangimento.
Você poderá abandonar o procedimento em qualquer momento, sem que isso
lhe cause algum prejuízo ou penalização.
Não haverá nenhum privilégio, seja de caráter financeiro ou outra natureza, aos
participantes. No entanto, lhe serão garantidos os cuidados necessários para que sua
participação se dê com a garantia dos seus direitos individuais e respeito ao seu bem-
estar físico e psicológico.
Como benefícios dessa pesquisa espera-se que seus resultados colaborarem
com a comunidade educacional objeto de pesquisa e ainda com a ampliação de outras
pesquisas afins, que possam ser desenvolvidas pela comunidade científica.
Considera-se que poderá haver riscos decorrentes de sua participação ao
manifestar suas convicções e opinião, podendo lhe causar algum tipo
constrangimento, anseio ou receios no momento de registro do questionário.
Em caso de quaisquer dúvidas éticas, você deverá procurar os pesquisadores, a fim
de resolver seu problema. O contato poderá ser feito com a professora Dra. Natália
Fontes Alves Ambrósio pelo e-mail natalia.ambrosio@prof.una.br ou pelo telefone
(33) 999460489 *

( ) Aceito Participar da Pesquisa


( ) Não aceito participar da pesquisa

16
Material Suplementar 2 – Questionário de caracterização da amostra

1- Idade:
2- Sexo:
3- Peso:
4- Estatura (Altura)
5- Você realiza musculação?
6- Se sim, há quanto tempo pratica musculação?
7- Se realiza musculação, quantos dias da semana você vai a musculação?
8- Se realiza musculação, você é orientado na musculação por um personal
trainer?
9- Sente alguma dor física no seu dia-a-dia?
10- Se sim, em qual parte do corpo?
11- Na sua visão, o que levaria um idoso a praticas musculação em uma
academia?
12- Você sente dificuldade na realização das atividades diárias, como por
exemplo, caminhar, brincar com netos ou fazer atividades comuns como
sentar, levantar, tomar banho, pegar objetos no chão?
13- Você se desequilibra ou cai/se lesiona com muita frequência?
14- Teve alguma fratura recente?
15- Se sim conte como ela ocorreu
16- Você considera que a musculação ajuda/ajudaria em sua qualidade de vida?

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Material Suplementar 3 – Questionário Whoqol-Bref

Descrição do instrumento e explicação da análise dos domínios da Qualidade de


Vida

https://www.ufrgs.br/qualidep/qualidade-de-vida/projeto-whoqol-bref/50-whoqol-bref
http://www.cefid.udesc.br/arquivos/id_submenu/1173/whoqol_bref.pdf

1. Como você avaliaria sua qualidade de vida?


2. Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde?
3. Em que medida você acha que sua dor (física)impede você de fazer o que você
precisa?
4. O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?
5. O quanto você aproveita a vida?
6. Em que medida você acha que a sua vida tem sentido?
7. O quanto você consegue se concentrar?
8. O quanto você se sente em segurança em sua vida diária?
9. Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?
10. Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia?
11. Você é capaz de aceitar sua aparência física?
12. Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?
13. Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-
dia?
14. Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?
15. Quão bem você é capaz de se locomover?
16. Quão satisfeito(a) você está com o seu sono?
17. Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de desempenhar as
atividades do seu dia-a-dia?
18. Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o trabalho?
19. Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo?
20. Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)?
21. Quão satisfeito(a) você está com sua vida sexual?
22. Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?
23. Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?
24. Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?
25. Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?
26. Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau humor,
desespero ,ansiedade, depressão?

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