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TREINAMENTO RESISTIDO APLICADO AOS IDOSOS HIPERTENSOS

MELO, Phelipe Raphael Simões de1


CARNEIRO, Juliano Cesar Pereira 2

RESUMO

O treinamento resistido regular proporciona uma redução nos níveis pressóricos em idosos


hipertensos, atuando de forma não farmacológica, e também se faz presente no controle dos fatores
de risco cardiovasculares, pois, contribui para a diminuição do infarto agudo do miocárdio e de
doenças coronarianas. O estudo tem como objetivo verificar os efeitos proporcionados pelos
exercícios resistidos em idosos hipertensos. A metodologia do estudo é baseada na análise de
revisões de literatura e artigos científicos relacionados ao assunto. Os resultados demonstram que o
exercício resistido exerce uma influência positiva no controle da pressão arterial sistêmica, porém,
torna-se necessário uma ordem de execução em relação à sua intensidade, frequência e duração,
para se obter o efeito hipotensivo pós-exercício em idosos hipertensos controlados.

Palavras-Chave: Treinamento Resistido. Idosos. Hipertensos.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a população com mais de 60 anos representa cerca de 10% da


camada total, esse público apresenta alta prevalência de doenças e deficiências
associadas ao envelhecimento, incluindo doenças crônico-degenerativas. Dentre
essas patologias, destacam-se as doenças cardiovasculares, que é a principal causa
de óbito no país, no qual a idade de início é na juventude, pois esses óbitos podem
ser retardados para uma idade posterior (BRASIL, 2015).
Cabe frisar que as estratégias eficazes para prevenir as doenças
cardiovasculares e coronárias incluem mudanças no estilo de vida, incluindo
exercícios físicos regulares, perda de peso, controle do estresse, o abandono do
fumo e bebidas alcoólicas e diminuição do consumo de sódio. A Associação Médica
Americana acredita que o sedentarismo é o maior fator de risco mutável para
doença coronariana (FARIA, 2020).
O papel decisivo da musculação na saúde e na prevenção de doenças
crônicas, bem como a afirmação de que a base fisiopatológica de muitas patologias

1
Graduado do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário São Lucas. Residente
no município de Cacoal – RO. E-mail: Phlpmello@gmail.com
2
Orientador Professor Especialista em Psicomotricidade pelo Centro Universitário Barão de Mauá,
Bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Unifacimed, Cacoal, Rondônia. E-
mail:julianocesar.carneiro@hotmail.com
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é causada pela falta de exercícios, ainda raramente é confirmada em pesquisas,


principalmente no impacto do exercício em diabéticos e nos portadores de doenças
cardiovasculares (MORAES, 2013).
Alves (2018) afirma que o exercício físico pode não só eliminar o
sedentarismo, como também ajudar a manter a saúde física do idoso. Desse modo,
a importância desta pesquisa é fornecer aos profissionais de educação física que
atuam com idosos mediante os benefícios do treinamento com pesos para essa
faixa etária e os cuidados que devem ser tomados na elaboração de programas de
treinamento de força para com os mesmos.
Os exercícios resistidos podem causar hipotensão pós-exercício em idosos
hipertensos controlados, entretanto, o modo de realização desses exercícios
resistidos pode influenciar na duração dessa hipotensão. A musculação regular
torna o idoso mais dinâmico e com menor incidência de doenças. Com isso o
indivíduo da terceira idade terá melhor qualidade de vida e autoestima (NOGUEIRA
et al., 2012).
A atuação fisioterapêutica por meio dos exercícios resistidos pode minimizar
os fatores de risco cardiovasculares, proporcionando uma melhora na qualidade de
vida desses pacientes, mostrando-se eficaz para manter e ou reduzir os níveis
pressóricos. Na literatura, há evidências bem significativas quanto aos exercícios
aeróbicos, com resultados satisfatórios na redução, manutenção ou controle da PA,
mas ainda existem poucos estudos com exercícios resistidos e os resultados são
controversos.
Nesse caso, torna-se significativo o desenvolvimento de pesquisas e ações
que possam beneficiar a estrutura de vida dos idosos, resultando em medidas que
podem ser tomadas a partir de recomendações de políticas públicas, quanto de
estratégias sociais beneficiem os idosos, melhorando assim a vida dos mesmos.
Portanto, qualidade de vida tem como pragmatismo a importância de encontrar os
benefícios da musculação para os idosos a partir da literatura, que é um instrumento
crucial para a criação de oportunidades de exercícios para essa população
especifica.
Por conseguinte, se tratando de benefícios da musculação para a qualidade
de vida do idoso, torna-se este tópico muito relevante e importante, haja vista que, o
objetivo é descrever essas melhorias na musculação, obter novas ações e
3

intervenções nesta etapa, oferecendo maiores orientações e suporte para garantir


uma maior qualidade de vida.
Portanto, está temática busca esclarecer os benefícios da musculação para
os idosos, promover a saúde e melhorar a qualidade de vida, pois compreender e
conhecer as vantagens da musculação proporcionará um conhecimento científico
mais aprofundado.
O estudo de revisão também teve como relevância realizar um levantamento
de dados de modo a demonstrar os diferentes resultados que o exercício resistido
pode promover a saúde do idoso, promovendo uma maior comprovação acerca dos
benefícios que a mesma pode proporcionar.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica da


literatura brasileira com caráter descritivo. Para compor o estudo, foi realizada uma
busca que entre janeiro e fevereiro de 2022, as buscas foram realizadas nas
seguintes bases de dados: Google acadêmico, Scielo, Capes e Lilacs; relacionadas
as seguintes palavras-chave: Treinamento Resistido. Idosos. Hipertensos.
A seleção do material teve como critérios de inclusão: artigos com menos de
10 anos de publicação; cuja população foi composta por idosos; cuja temática
estava relacionada ao exercício resistido; e pesquisas de campo nacionais,
disponíveis livremente na internet. Serão excluídos os artigos e dissertações que
não atenderem aos critérios de inclusão descritos, publicações que não se
enquadraram no recorte temporal estabelecido, artigos sem tradução brasileira,
línguas estrangeiras, artigos duplicados e produções sem disponibilidade do artigo
na íntegra.
Em relação à etapa de seleção dos estudos, primeiramente foi realizado
uma busca de acordo com as palavras-chave, depois houve uma primeira triagem
de acordo com os critérios de inclusão; a segunda triagem foi realizada com base
nos critérios de exclusão, por fim foram selecionados 11 artigos para compor a
fundamentação do estudo, assim como demostrado na Figura 01.
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Figura 01: processo de seleção dos artigos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a seleção dos artigos, foi realizada a leitura completa dos mesmos. Para
efeito de análise, foi elaborado um Quadro (01) com as referências, objetivo,
instrumentos utilizados para a coleta, amostra e características principais de cada
estudo, e por seguinte, os principais resultados e discussões sobre cada estudo.

Quadro 01: Apresentação dos artigos selecionados para fundamentar o estudo.


Autores Objetivo Instrumento Conclusão
A partir do estudo pode-se
concluir que a qualidade
Verificar a
de vida é um composto de
importância e a
diversos pontos, que vai
Ferraz, influência do
Revisão desde o emocional até o
André (2020) exercício
Bibliográfica ambiente em que o
Capes resistido na
indivíduo está inserido e o
qualidade de
profissional de saúde pode
vida dos idosos
fazer toda a diferença
nisso.
Almeida, Identificar os Conclui-se que os
Marco benefícios que benefícios na vida social e
Antônio traz os na autoestima na terceira
Bettine exercícios Revisão de idade não é consequência
(2013) resistidos para Literatura apenas do exercício de
Google a vida social e força e sim da associação
Acadêmico para a desta modalidade com
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outras atividades físicas,


autoestima em através da integração
idosos acima entre os participantes e
de 60 anos. melhoras na qualidade de
vida.
Esse resultado sofre
influência tanto de
questões individuais
Investigar e
Abordagem (interesse do indivíduo
discutir o
Qualitativa pela modalidade, objetivos
conhecimento
almejados com a prática, e
de pessoas
Teixeira, o fato de receber ou não
idosas
Tatiane informações do
praticantes e
Gomes profissional de Educação
não praticantes
(2015) Física) quanto do contexto
de musculação
Scielo sociocultural,
sobre os
especialmente no que se
benefícios
refere ao conceito social
associados à
de saúde, ao papel da
prática desta.
atividade física e ao lugar
do discurso midiático na
sociedade.
Avaliar efeitos O protocolo misto de
de um Estudo exercícios físicos
protocolo misto longitudinal, constituiu-se em
de exercícios prospectivo e alternativa possível, de
físicos sobre o quase- baixo custo e eficaz na
Cassiano,
risco experimental melhora do perfil lipídico e
Andressa do
cardiovascular da qualidade de vida
Nascimento
(RCV), relacionada à saúde dos
(2020)
qualidade de idosos desta pesquisa.
Capes
vida e presença
de sintomas
depressivos em
idosos
hipertensos.
Investigar os Abordagem Cabe então o papel do
benefícios Qualitativa profissional de educação
físicos física que promoverá
resultantes da atividades físicas
prática regular recreativas para colaborar
Mesquita,
da atividade com uma vida mais
Eloisa da
física na tranquila e saudável para
Silva (2018)
percepção dos cada cidadão.
Capes
praticantes da
Terceira Idade,
da cidade de
Castelo do
Piauí.
Kuster, Investigar por A partir dos resultados dos
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estudos investigados, e
meio de uma
das conclusões dos
revisão de
Revisão de próprios autores, foi
literatura, os
Literatura possível concluir que a
Leonardo benefícios do
prática de treinamento com
Majeski treinamento de
peso em indivíduos idosos
(2021) força nos
é um item importante para
Lilacs componentes
a melhoria da aptidão
da capacidade
física e força/potência
funcional em
muscular, dentre outros
idosos.
componentes estudados.
Avaliar e Com base nos resultados
comparar a obtidos, pode-se inferir que
qualidade de a prática da musculação
vida, a proporciona melhores
autonomia benefícios na qualidade de
funcional e a vida dos idosos quando
Oliveira, capacidade comparada aos exercícios
Daniel cognitiva de Pesquisa físicos realizados nas
Vincentini et idosas Quantiqualitativ academias da terceira
al. praticantes de a idade.
(2013) diferentes
Google modalidades de
Acadêmico exercício físico,
especificament
e, musculação,
atividades
praticadas em
ATI e
musculação
Verificar os De acordo com os
efeitos de 9 achados deste estudo o
semanas de um programa de exercícios
programa de físicos proporcionou
exercícios melhora na composição
Bim, Mateus
físicos na corporal e na aptidão física
Augusto
composição Pesquisa dos idosos.
(2021)
corporal e Quantitativa
Google
aptidão física
Acadêmico
de idosos
participantes de
um projeto de
extensão
universitária.
Mendes, Verificar os O exercício resistido
Débora efeitos exerce uma influência
Monique et proporcionados Revisão positiva no controle da
al. pelos Bibliográfica pressão arterial sistêmica,
(2017) exercícios porém, torna-se
resistidos em necessário uma ordem de
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execução em relação à
sua intensidade,
frequência e duração, para
idosos
se obter o efeito
hipertensos.
hipotensivo pós-exercício
em idosos hipertensos
controlados.

No estudo de Reis et al. (2015), o exercício resistido proporciona uma


redução dos níveis pressóricos, causando hipotensão pós exercício em indivíduos
normotensos e principalmente em hipertensos. Essa resposta pode apresentar-se de
forma variável dependendo da carga, volume de treino, tempo, massa muscular
mobilizada, intervalos entre as séries e intervalos entre os exercícios (JANNIG et al.,
2019).
Em relação aos protocolos de treinamento resistido podem ser realizados
com 50% ou 75% de 1RM. Nos exercícios submetidos a 50% de 1RM utiliza-se um
maior número de repetições, sendo três séries contínuas de doze repetições,
podendo ter um intervalo de 90 e 120 segundos entre cada série (CUNHA et al.,
2016).
Já nos exercícios submetidos a 75% de 1RM utiliza-se um menor número de
repetições, sendo três séries contínuas de oito repetições, podendo ter um intervalo
de 90 e 120 segundos entre cada série. Segundo Queiroz et al. (2018) um
treinamento realizado com menor intensidade, de 55 a 65% de 1RM foi capaz de
reduzir tanto a PAS como a PAD, enquanto o treinamento resistido realizado com
maior intensidade de 75% a 85% de 1RM, apenas diminuiu a PAS.
Os autores Moraes et al. (2019) corroboram que se pode realizar um
aquecimento antes de dar início ao treinamento resistido, este aquecimento é
realizado com uma série de repetições utilizando 30% de 1RM. Kura et al. (2020)
ressaltaram que exercícios realizados com volume e intensidade progressivas não
alteram a resposta dos níveis pressóricos pós exercícios em idosos hipertensos.
Foi utilizado volumes e intensidades progressivas com cargas submáximas,
não levando o músculo a exaustão. Os exercícios foram realizados com cargas de
50% e 75%, os quais por sua vez foram executados na seguinte ordem: leg-press,
adução de ombros, extensão de joelhos, abdução de ombros, flexão de joelhos,
extensão de cotovelos e flexão de cotovelos, sendo realizada uma série de 12
repetições na intensidade submáxima leve, uma série de dez repetições na
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intensidade submáxima média e duas séries de oito repetições na intensidade


submáxima pesada, com intervalos de recuperação de sessenta segundos entre as
séries.
Pelai et al. (2017) em um estudo com quatro indivíduos com hipertensão
arterial de ambos os sexos, com idades entre 40 a 60 anos e sedentários foram
submetidos ao teste de uma 1RM para obter sua carga inicial, sendo sua
intensidade de 60% de 1RM. Foram realizadas 18 sessões três vezes semanais,
com aquecimento, alongamentos globais, exercícios resistidos, seguindo os
movimentos do teste de 1RM e relaxamento por cinco minutos com os indivíduos em
decúbito dorsal.
As sessões foram iniciadas com aquecimento específico, com cinco
repetições para cada exercício, seguidas de alongamentos para membros
superiores e inferiores, logo após foram realizadas duas séries com 12 a 15
repetições, com intervalos de descanso de 60 segundos entre as séries, e ao final,
alongamentos para todos os grupos musculares.
Após as 18 sessões propostas, os autores obtiveram resultados positivos em
relação aos domínios psicológicos e físicos, além de uma melhora na capacidade
funcional destes indivíduos, portanto, foi observado que a qualidade de vida deles
tende a melhorar, entretanto, não houve indicação de redução nos níveis
pressóricos.
Já Scher et al. (2008) defendem em seu estudo que logo após uma única
sessão de exercícios resistidos de intensidade moderada, com sessões de 40% de 1
RM e duração de 20 e 40 minutos, foi observada uma redução da PA em idosos
hipertensos. Entretanto, as respostas cardiovasculares podem se apresentar bem
distintas, de acordo com o tipo de exercício.
Os autores fazem uma comparação quanto aos tipos de exercícios,
apontando que os exercícios isotônicos ou dinâmicos mostraram resultados mais
satisfatórios, com maior redução da PA do que os exercícios isométricos e resistidos
dinâmicos.
Porém, os autores ressaltam que os dois últimos tipos de exercícios
precisam ser mais estudados quanto aos seus efeitos. Realizaram um estudo de
amostra com 20 homens idosos, com idade entre 67 anos, para investigar o efeito
do exercício físico na resposta da hipotensão pós exercício.
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A sessão envolveu três séries de dez repetições em cada exercício, com


70% da carga de 10 RM, não sendo permitido realizar pausas entre as sessões.
Este estudo mostrou uma redução hipotensiva significativa nas PAS e PAD. Esta
redução permaneceu até 60 minutos após o exercício físico.
Em um estudo experimental onde o autor incluiu dois grupos de idosos
hipertensos controlados, cada grupo apresentou seis pacientes, os quais foram
submetidos a realizarem protocolos diferentes de treinamento resistido. As sessões
foram iniciadas com aquecimento e alongamento para os dois grupos.
O treinamento resistido realizado para um dos grupos foi de uma série com
dez repetições, no ritmo 2:2, utilizando 50% da carga obtida no teste de 1RM e para
o outro grupo foram três séries com dez repetições, no ritmo 2:2, utilizando 50% da
carga obtida no teste de 1RM.
Dessa forma, Silva et al. afirmam em seus estudos que as sessões de
treinamento resistido com uma ou três séries, tiveram um aumento significativo nos
valores pressóricos sistólicos e diastólicos imediatamente após o último exercício
realizado, porém, em relação ao repouso houve uma diminuição nas PAS e PAD,
evidenciando assim a hipotensão pós-exercício.
Um treinamento resistido, tanto leve quanto moderado na terceira idade,
apresenta benefícios cardiovasculares. Cunha et al. (2021) em um de seus estudos
piloto realizaram treinamento resistido com dois grupos de idosas hipertensas
controladas, com idades superiores ou igual a 60 anos, um dos grupos foi submetido
a um treinamento leve e o outro a um treinamento moderado, foram oitos semanas
de treinamento, sendo, três vezes por semana.
O grupo submetido ao treinamento leve apresentou reduções de 15,9 mmHg
na PAS, 12,7 mmHg na PAD e 13,8 mmHg na Pressão Arterial Média (PAM) e o
grupo submetido ao treinamento moderado também apresentou como de 11,6
mmHg na PAS, 12,5 mmHg na PAD e 12,1 mmHg na PAM. Ambos os treinamentos
resistidos ocasionaram a uma redução na PA, podendo, ser um auxílio para o
controle da HAS.
Moraes et al. (2019) em alguns de seus estudos mostraram que o
treinamento físico, mesmo realizado com pouca frequência, apenas duas vezes
semanais ou com valores inferiores a 120 minutos semanais, promovem uma
redução média de 2,8 mmHg na PAS e 2,2 mmHg na PAD, além disso, quando o
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período de exercício durar mais de 60 minutos semanais não se observa efeitos


hipotensores.
De acordo com o autor Jannig et al. (2009) existem vários estudos que
mostram que o exercício resistido influencia sim no controle da PAS, porém, é
necessária uma ordem de execução desses exercícios para se obter o efeito
hipotensivo pós exercício em idosos hipertensos controlados.
Os autores incluíram oito idosos com idade entre 62 anos, sendo eles
hipertensos bem controlados, de ambos os gêneros sem experiências prévias com
exercícios resistidos. Os mesmos foram submetidos a três diferentes protocolos,
com intervalo mínimo de 48 horas entre eles.
O primeiro protocolo foi composto na seguinte ordem: 1) leg press 90º; 2)
extensão de joelhos; 3) flexão de joelhos; 4) supino sentado na máquina; 5) puxada
alta anterior; 6) remada alta. Dessa forma, foram realizados todos os exercícios para
membros inferiores e em seguida para membros superiores.
Já o segundo protocolo usado pelos mesmos autores foram realizados de
forma inversa ao primeiro e o terceiro protocolo realizado de forma alternada. Foram
realizadas três séries de doze repetições máximas, com intervalos de dois a três
minutos após cada exercício.
Desse modo, ao comparar os protocolos observaram uma redução média
das PAS e PAD, apresentando um decréscimo de aproximadamente dois mmHg em
ambas, na realização do terceiro protocolo. Lezardo e Simões (2005) demonstraram
em um estudo de caso, uma comparação entre as sessões de exercícios para
membro superior e inferior, mostrando que ambos os casos resultaram em aumento
significativo da PAS e queda da PAD ao final do exercício.
As sessões para membros inferiores mostraram resultados hipotensivos
mais duradouros, do que as sessões para membros superiores apresentando uma
diminuição significativa da PAD. Entretanto, após a sessão de membros superiores
foi observada uma redução da PAS apenas após 70 a 100 minutos.
Desse modo, o presente estudo concluído pelo autor afirma que as sessões
envolvendo os membros inferiores apresentam resultados mais satisfatórios quanto
ao efeito hipotensor, quando comparadas as sessões de exercícios resistidos com
os membros superiores.
Em um estudo proposto por Krinski et al. (2006) a amostra foi composta por
53 voluntários sendo eles, de ambos os sexos e idades entre 64 anos, portadores da
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HAS. A proposta deles foi avaliar a resposta da PA após submeter os voluntários a


exercícios aeróbicos associados ao exercício resistido.
O protocolo constituiu na primeira parte de 20 minutos de exercícios
aeróbicos, segunda parte baseada em 40 minutos de exercícios resistidos, por meio
de circuito de forma concêntrica e excêntrica para membros superiores, tronco e
membros inferiores; sendo os exercícios em supino, leg press, puxada frontal, flexão
e extensão de joelhos e ombros, agachamentos e rosca de tríceps.
Cada exercício foi realizado com três séries completas de dez repetições em
ritmo moderado e contínuo, com intensidade estimada de 60% de 1RM. O estudo
resultou em reduções significativas da PA, com associação do treinamento físico de
exercícios aeróbicos, juntamente com os exercícios resistidos. Achados
semelhantes foram observados no estudo realizado por Santos et al. onde foram
aplicados os exercícios aeróbicos e o resistido em dias distintos e os indivíduos
monitorados por 22 horas.
As sessões de exercícios aeróbicos foram realizadas na esteira ergométrica
com duração de 40 minutos, sendo três minutos de aquecimento, 34 minutos de
condicionamento e os últimos três 1-8 minutos de descondicionamento. As sessões
de exercícios resistidos foram realizadas na forma de circuito, com total de seis
exercícios com intensidades de 40% de 1RM, cada exercício foi composto por três
séries de 20 repetições em ritmo moderado e contínuo, com intervalos entre eles de
30 segundos.
Contudo, também é valido ressaltar que o treinamento com exercício
resistido regular promove além de reduções nos níveis pressóricos, várias
adaptações fisiológicas sendo a mais comprovada delas, as modificações
musculoesqueléticas. Além disso, o treinamento com exercício resistido é capaz de
proporcionar ao idoso hipertenso uma melhor qualidade de vida e uma melhora na
capacidade funcional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que os exercícios resistidos exercem uma influência


positiva no controle da pressão arterial sistêmica, porém, torna-se necessário uma
ordem de execução em relação à sua intensidade, frequência e duração, para se
obter o efeito hipotensivo pós-exercício em idosos hipertensos controlados.
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O treinamento resistido regular proporciona uma redução nos níveis


pressóricos em idosos hipertensos, atuando de forma não farmacológica, e também
se faz presente no controle dos fatores de risco cardiovasculares, pois, contribui
para a diminuição do infarto agudo do miocárdio e de doenças coronarianas. Ele é
capaz de promover modificações nos sistemas cardiovascular, renal, neural,
endócrino, bem como adaptações fisiológicas e principalmente músculo
esqueléticas, promovendo uma melhora na qualidade de vida e na capacidade
funcional desses pacientes.
Cabe ressaltar que essa abordagem pode ser apenas programada e
coordenada por profissionais de Educação Física com conhecimentos próprios na
área, com a finalidade de atender às necessidades das pessoas da terceira idade e
alcançar bons resultados.

REFERÊNCIAS

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saúde, estilo de vida e doenças crônicas.pdf. Pesquisa Nacional de Saúde. 2015.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/p
ns/2013/default.shtm.Acesso em: 22 fev. 2022.

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hipertensas. Rev Bras Med Esporte. 2021;18(6):373-6.

JANNIG, P.R et al. Influência da ordem de execução de exercícios resistidos na


hipotensão pós-exercício em idosos hipertensos. Rev Bras Med Esporte.
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pressão arterial pós-exercício de idosos hipertensos. Rev Bras Ciênc e Mov.
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