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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GOIÂNIA – ESEFFEGO


CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ELAINE DE OLIVEIRA DOS SANTOS

ESTILO DE VIDA E CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE SERVIDORES


ESTADUAIS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

GOIÂNIA
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
ESEFFEGO - UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GOIÂNIA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ELAINE DE OLIVEIRA DOS SANTOS

ESTILO DE VIDA E CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE SERVIDORES


ESTADUAIS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

Trabalho de qualificação, como exigência


curricular para obtenção da conclusão da
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I sob
a orientação da Prof.ª Me. Lídia Acyole de Souza
Oliveira.

GOIÂNIA
2017
ELAINE DE OLIVEIRA DOS SANTOS

ESTILO DE VIDA E CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE


SERVIDORES ESTADUAIS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR

Trabalho de Qualificação apresentado


Em _____de________________de_______, aprovada pela
Banca Examinadora constituída pelos membros:

______________________________________________________
Prof.ª Me. Lídia Acyole, de S. Oliveira - Orientadora

____________________________________________________
Prof.ª Dra. Thaís Cidália Vieira Gigonzac - Parecerista
SUMÁRIO

1 Introdução 5
1.1 Objetivos 6
2 Referencial Teórico 7
2.1 Considerações sobre o estilo de vida 7
2.1.1 Sedentarismo 7
2.1.2 Nutrição 8
2.1.3 Relacionamentos Sociais 10
2.1.4 Comportamentos Preventivos 10
2.1.5 Controle do Estresse 11
2.2 Relação entre o estilo de vida e trabalho 11
3 Metodologia 14
3.1 Caracterização do estudo 14
3.2 População e Amostra 14
3.3 Instrumentos de coleta 14
3.3.1 Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS, 2000) 15
3.3.2 Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) 15
3.4 Procedimentos de coleta 16
3.5 Aspectos éticos da pesquisa 16
3.6 Análise de dados 16
4 Referências 19
5 Apêndices 21
6 Anexos 22
5

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas o estilo de vida tem sido diretamente afetado pelas mudanças
sócio demográficas, bem como também pelas inovações tecnológicas e as mudanças de
hábitos alimentares. Essas mudanças promovem como principais consequências,
prejuízos à saúde da população, que vem se tornando a cada dia menos ativa e menos
saudável (BATISTELLA, 2007; NAHAS, BARROS, FRANCALACCI, 2012).
Associada a esta mudança de hábitos, ocupações e afazeres do cotiado surgem
também como um risco para a saúde. Isso porque na atual conjuntura, o trabalho é
considerado um agente estressor devido as exigências impostas sobre o indivíduo.
Martinez, Latorre e Fischer (2010) afirmam então que a capacidade para o trabalho é a
condição resultante da combinação entre recursos humanos e o ambiente de trabalho,
levando em conta o estado de saúde e as capacidades físicas e mentais que representam a
medida do envelhecimento funcional.
Segundo Martinez, Latorre e Fischer (2010), os aspectos sócios demográficos, o
estilo de vida, a saúde, a educação e competência, o trabalho e a promoção da capacidade
para o trabalho, são os fatores determinantes para a capacidade de trabalho. Além disso,
sabe se que os fatores que compõem o estilo de vida apresentados por Nahas, Barros e
Francalacci (2012), estão também ligados a capacidade para o trabalho por envolverem
questões comuns ou que influam no ambiente de trabalho (nutrição; sedentarismo;
relacionamentos sociais; comportamentos preventivos e controle do estresse) sendo
assim, é possível identificar comportamentos e hábitos incompatíveis com uma boa ou
ótima capacidade para o trabalho.
Neste sentido é possível perceber uma clara relação entre estilo de vida e
capacidade para o trabalho, compreendendo a influência mutua exercida entre eles. Por
tanto, investigações relacionadas ao tema são necessárias, a fim de promover a
conscientização dos trabalhadores à cerca do estilo de vida por eles adotado e as
consequências que este venha acarretar no desempenho da atividade laboral.
Sendo assim, o presente estudo busca responder a seguinte questão: Qual a relação
entre o estilo de vida e a capacidade para o trabalho de servidores de uma instituição de
ensino superior?
6

1.1. Objetivos

Geral: Analisar o estilo de vida e capacidade para o trabalho de servidores


estaduais de uma instituição de ensino superior.

Específicos:
• Caracterizar o perfil sócio demográfico e econômico da amostra.
• Identificar e avaliar o estilo de vida dos participantes do estudo e associar
com variáveis sócio demográficas.
• Avaliar a capacidade para o trabalho dos participantes do estudo e associar
com variáveis sócio demográficas.
• Associar o perfil do estilo de vida com a capacidade de trabalho dos
servidores.
7

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Considerações sobre o Estilo de vida

Nas últimas décadas é possível notar uma grande mudança de hábitos e padrões
de vida nas sociedades. Essas mudanças muito provavelmente estão ligadas aos avanços
tecnológicos, que exigem cada vez menos esforços físicos nas atividades, tanto no
trabalho, quanto outras atividades simples cotidianas (NAHAS; BARROS;
FRANCALACCI, 2012).
Alguns acontecimentos históricos como a urbanização da população rural, o
envelhecimento populacional e o controle de doenças infectocontagiosas que deram lugar
às doenças crônico-degenerativas, são reflexos dessas mudanças no estilo de vida das
sociedades (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2012). Neste sentindo, tem-se uma
clara mudança no estilo de vida das pessoas.
O estilo de vida para a OMS (1998), “é um modo de viver baseado em padrões
de comportamento identificáveis”. Esses comportamentos são geralmente a relação das
características individuais com as interações com o meio e as condições socioeconômicas.
Segundo Nahas, Barros e Francalaci (2012), para compreender o estilo de vida, é
necessário antes compreender os cinco fatores que compõem o pentáculo do bem-estar
que são: os nutricionais, controle do stress, níveis de atividade física habitual,
comportamentos
A avaliação do estilo de vida se faz importante na medida em que são necessárias
ações públicas para evitar que ocorram prejuízos à saúde da população decorridos de
hábitos adotados a partir do senso comum.

2.1.1. Sedentarismo

O sedentarismo é um importante fator relacionado ao estilo de vida, e que sofreu


modificações significativas nos últimos anos. Com o aumento da carga horária de
trabalho e comodidade/modernidade, diminuiu-se consideravelmente a prática de
atividade física, contribuindo para o surgimento desse quadro. (FERREIRA,
MAGALHÃES, 2006).
Este, é considerado um hábito de vida caracterizado pelo gasto calórico reduzido
devido a diminuição ou a ausência de atividade física, que muitas vezes é confundida com
8

exercício físico. Pitanga (2002), afirma que atividade física é qualquer movimento
corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético como
por exemplo jogos, lutas, esportes, atividades cotidianas, entre outros. Enquanto exercício
físico seria um subgrupo da própria atividade física caracterizado por ser:

Uma atividade realizada com repetições sistemáticas de movimentos


orientados, com consequente aumento no consumo de oxigênio devido à
solicitação muscular, gerando, portanto, trabalho. O exercício representa um
subgrupo de atividade física planejada com a finalidade de manter o
condicionamento. Pode também ser definido como qualquer atividade
muscular que gere força e interrompa a homeostase (MONTEIRO; SOBRAL
FILHO, 2004, p. 513).

Para Santos (2010), a prática de atividade física devidamente instruída e


adequada ao indivíduo, traz inúmeros benefícios físicos e também psicológicos ao
praticante. Para orientar a prática, a OMS (2010) lançou um documento com diretrizes
básicas para orientar programas de promoção à atividade física.
Neste as orientações são direcionadas aos três perfis etários sendo eles: dos 5
aos 17 anos, que devem praticar um mínimo de 60 minutos de atividade física moderada
à intensa por dia; dos 18 aos 64 anos e a partir dos 65 anos, à estas últimas duas categorias
recomenda-se 150 minutos de atividade física moderada por semana (OMS, 2010).
Isso porque o sedentarismo ou inatividade física aumenta a prevalência e
incidência de doenças crônicas não transmissíveis, sendo também responsável pelo
aumento do surgimento de doenças cardíacas isquêmicas, diabetes e cânceres como o de
mama e cólon (OMS,2010).

2.1.2. Nutrição

Segundo Philippi (2015), a alimentação saudável pode ser entendida como um


fator indispensável para promoção saúde, devendo ser orientada desde a infância e
mantida na idade adulta. Entretanto ressalta que nem sempre a alimentação depende de
uma escolha individual já que, questões como baixa renda, exclusão social, escolaridade
inadequada e a falta ou má qualidade de informações disponíveis podem influenciar e até
impedir a adoção de uma nutrição de qualidade. Então:

A alimentação saudável deve ser planejada com alimentos de todos os grupos


alimentares, de procedência segura e conhecida, consumidos em refeições,
respeitando-se as diferenças individuais, emocionais e sociais, de forma a
9

atingir as recomendações nutricionais, e o prazer ao comer (PHILIPPI, 2015,


p. 24).

Porém, a nutrição saudável citada acima, tem sido dificultada nos últimos anos.
Bleil (1998) coloca que a urbanização e a globalização diminuíram potencialmente a
qualidade dos alimentos produzidos e inseriram os alimentos ultra processados. Além
dessas mudanças, a carga horário de trabalho se encontra cada vez maior, no qual quase
não se percebe a divisão entre a vida pessoal e a profissional. Ainda para Bleil (1998), é
na alimentação onde buscamos economizar tempo e buscar satisfação:

Talvez esta seja uma das razões pelas quais procuramos uma satisfação onde
não a poderemos encontrar, ou seja, na quantidade de comida ingerida. A
relação de afeto que antes permeava a refeição nas trocas familiares e entre
amigos, hoje cede lugar a uma alimentação onde o seu parceiro é o aparelho
de televisão e, nos países de primeiro mundo, os livros são convidados para o
almoço num restaurante. Uma das características deste modelo é o apelo a
comer demais (BLEIL, 1998, p. 09).

Neste sentido, a população brasileira vem enfrentando nos últimos cinquenta anos,
uma transição nutricional, caracterizada pela redução nas prevalências dos déficits
nutricionais e um aumento expressivo com relação aos índices de sobrepeso e obesidade
(BATISTA FILHO, RISSIN, 2003). A fim de explicar esse fenômeno, Souza (2017),
elencou alguns acontecimentos na sociedade que teriam ligação direta com essa transição,
sendo eles: a ocupação demográfica, a inserção da mulher no mercado de trabalho
(fazendo com que esta abandonasse a figura feminina “dona do lar”, o que diminuiu a
qualidade da alimentação da família); a inclusão de alimentos ultra processados nas
refeições e a redução da prática de atividade física.
De acordo com o SISVAN (BRASIL, 2004), o sobrepeso e obesidade podem ser
identificados pelo estado nutricional, que é o resultado equilibrado entre o consumo de
nutrientes e o gasto energético do organismo, podendo ser classificado em três tipos de
manifestação: eutrofia, carência nutricional e distúrbio nutricional.
A segunda edição do Guia alimentar para a população brasileira (BRASIL, 2014),
que tem a intenção de informar, esclarecer e apoiar as ações de educação alimentar e
nutricional nos SUS, propôs e enumerou 10 passos importantes a se seguir para manter
uma alimentação saudável.
Dentre essas tem-se que, uma alimentação adequada é baseada em alimentação em
alimentos naturais ou minimamente processados, em menor quantidade óleos, gorduras,
sal e açúcar no preparo e tempero dos alimentos; se alimentar em horários regulares e
10

em ambientes apropriados; desenvolver e compartilhar habilidades culinárias e manter


olhar crítico a respeito de informações e orientações sobre alimentação veiculadas nos
meios de comunicação (BRASIL, 2004).

2.1.3. Relacionamentos sociais

De acordo com Weber (1991), para as ciências sociais, relação social refere-se
ao relacionamento entre dois ou mais indivíduos no interior de um grupo social. Estes
relacionamentos podem ser afetivos ou profissionais e tem igual importância, pois
segundo Morin (2001), estar em contato com outras pessoas, é importante não só para o
desenvolvimento de uma identidade pessoal e social, mas também para a criação de laços
de afeição duráveis.
Nahas, Barros e Francalacci (2012), buscam correlacionar o fator “qualidade dos
relacionamentos” com a relevância em ter convivência com familiares e amigos, bem
como a busca de participação ativa ao meio social no qual o indivíduo está inserido.
A avaliação deste fator torna-se necessária quando se compreende que tanto a
falta quanto o excesso de relacionamentos sociais, são capazes de prejudicar os
rendimentos do indivíduo (MARQUES et al, 2016). Já um bom relacionamento social,
segundo Zalewska (1999), pode atuar na melhoria da saúde física e mental, auxiliando no
combate do estresse e adoção de um estilo de vida mais saudável.
Por outro lado, Marques et al. (2016), coloca que em alguns casos os prejuízos
do mal relacionamento estão ligados a outros comportamentos que não são adequados
para um estilo de vida saudável, como o consumo excessivo de álcool, violência e até
mesmo comportamentos sexuais sem nenhum cuidado.

2.1.4. Comportamentos preventivos

Para Nahas, Barros e Francalacci (2012), a discussão de comportamentos


saudáveis, predispõe um debate sobre os elementos comportamentais preventivos. De
acordo com Teixeira (2004), os comportamentos preventivos caracterizam ações e
hábitos que visam prevenir acidentes, manter e reduzir riscos para a saúde a nível
alimentar, sexual e etc., levando a adoção de estilos de vida mais saudáveis.
11

Segundo Barros e Santos (2005), estudos tem demostrado que apesar de


conhecerem a importância dos comportamentos preventivos, as sociedades apresentam,
em geral, baixo nível de atividade física, além de estarem expostos a outros riscos à saúde,
a saber: etilismo, fumo, percepção de baixo nível de saúde e exposição a altas cargas de
estresse.

2.1.5. Controle do estresse

Nas últimas décadas o estresse tornou-se um problema de saúde preocupante,


tanto na esfera profissional quanto pessoal. Isso porque interfere em diversos aspectos
que incluem desde situações do dia-a-dia até às questões de trabalho, insegurança em
relação ao futuro, violência urbana e questões familiares, sendo relatado em muitos
estudos por sua crescente incidência e destaque na sociedade moderna (ARAGÃO et al.
2009).
Segundo Sadir e Lipp (2013), o estresse é classificado em emocional e
ocupacional. O estresse emocional é definido como uma ação psicofisiológica do
organismo frente a situações de medo, felicidade ou excitação, já o estresse ocupacional,
constitui um estado físico-psíquico, resultante das exigências e pressões vividas no
ambiente de trabalho. Para tais existem graves consequências, que:

“ [...] vão de altos níveis de estresse crônico e são percebidas na forma


de licenças médicas e absenteísmo, queda de produtividade,
desmotivação, falta de concentração, irritação, dificuldades
interpessoais e doenças físicas e psicológicas, acarretando altos custos
para a pessoa e para as empresas. ” (LIPP, 2005)

Segundo a OMS (2010) o estresse é uma epidemia global, e a recomendação para


evitar o estresse é a de aliar fatores como lazer, trabalho, atividade física regular,
alimentação saudável, tempo de sono e descanso suficiente e ambiente familiar favorável.
12

2.2. A relação entre estilo de vida e trabalho

Nas últimas décadas, as transformações ocorridas no mundo do trabalho têm


evidenciado o seu reflexo negativo na saúde dos trabalhadores. Conforme afirmam Elias
e Navarro (2006) o aumento da jornada de trabalho é característica bastante marcante na
atual conjuntura capitalista. Este aumento na carga horária diária de trabalho traz consigo
as possíveis causas da alimentação de baixa qualidade e da falta da prática de atividade
física, que por sua vez, vão interferir diretamente na capacidade de trabalho destes
indivíduos.
Sobre a capacidade para o trabalho, Hilleshein et al. (2011) afirmam que esta é
resultante da relação do ambiente laboral e do estilo de vida do profissional, sofrendo
influência de vários fatores como por exemplo as características sóciodemográficas, o
estilo de vida e a própria função exercida. Nessa perspectiva, investigar as relações entre
a condição de saúde e trabalho associados ao estilo de vida é importante porque, segundo
Santos e Marques (2013), a capacidade de trabalho das pessoas está intimamente ligada
à sua condição de saúde e qualidade de vida.
Martinez, Latorre e Fischer (2010), colocam que a capacidade para o trabalho
pode ser compreendida como uma condição resultante da combinação entre recursos
humanos e o ambiente de trabalho. Sintetizando, este conceito procura definir [...] “como
quão bem está, ou estará, um (a) trabalhador (a) presentemente ou num futuro próximo,
e quão capaz ele ou ela pode executar seu trabalho em função das exigências, de seu
estado de saúde e capacidades físicas e mentais” (FISCHER, 2005, p. 2005).
A literatura apresenta alguns fatores determinantes para a capacidade de trabalho,
e, segundo Martinez, Latorre e Fischer (2010) tem-se os aspectos sócio demográfico, o
estilo de vida, a saúde, a educação e competência, o trabalho e a importância da promoção
da capacidade para o trabalho.
Sobre o aspecto sócio demográfico, destaca-se que o envelhecimento populacional
deixou bastante visível o quanto a capacidade funcional, mental e física é afetada com o
aumento da idade cronológica, isso porque ao ingressar na idade idosa o indivíduo
enfrenta o aparecimento e em alguns casos o agravamento de diversas doenças crônicas
(ROSA et al. 2003).
Já o estilo de vida, dentro desta perspectiva corresponde aos hábitos adotados
pelos trabalhadores, e podem auxiliar ou prejudicar a capacidade de trabalho, de acordo
13

com comportamentos adotados relacionados como tabagismo, etilismo, e até mesmo o


nível de atividade física (SILVEIRA, 2009).
Martinez, Latorre e Fischer (2010) consideram a saúde como o fator mais
importante a se considerar na capacidade para o trabalho, e pode ser notada em grande
impacto nas capacidades funcionais e na presença de doenças. Esta se relaciona com
outros dois fatores não menos importantes: o fator “trabalho” e o fator “promoção da
capacidade para o trabalho”.
O fator trabalho se refere às próprias condições que são oferecidas ao
trabalhador além do conteúdo e predominância das atividades exercidas que de acordo
com Martinez, Latorre e Fischer (2010) podem ser majoritariamente físicas ou mentais,
no qual poderá acarretar prejuízos específicos à saúde do trabalhador.
A promoção da capacidade para o trabalho, segundo Silveira (2009), tem como
função principal melhorar as condições de trabalho, promovendo a saúde e a competência
profissional que também é um dos fatores determinantes para Martinez, Latorre e Fischer
(2010). Esse fator está associado a produtividade conforme demonstrou Ilmarinem
(2006), no qual ao implementaram o sistema de promoção da capacidade para o trabalho
em uma empresa identificou a importância e eficiência do mesmo para os trabalhadores.
Além dos fatores determinantes indicados pelos autores Martinez, Latorre e
Fischer (2010), é importante ressaltar ainda o valor da própria percepção do trabalhador
sobre a sua saúde e capacidade para o trabalho. Segundo Bezerra (2008) essa percepção
é uma visão subjetiva de como o indivíduo qualifica sua própria condição, podendo ser
positiva ou negativa, sendo também importante nos programas de promoção da
capacidade para o trabalho.
A mensuração da capacidade para o trabalho pode ser feita através do Índice de
Capacidade para o Trabalho (ICT), que leva em conta a percepção subjetiva do
trabalhador a partir de sete dimensões: (1) capacidade para o trabalho atual e comparada
com a melhor de toda a vida, (2) capacidade para o trabalho em relação às exigências do
trabalho, (3) número atual de doenças autorreferidas e diagnosticadas por médico, (4)
perda estimada para o trabalho devido a doenças, (5) falta ao trabalho por doenças, (6)
prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho e (7) recursos mentais
(MARTINEZ; LATORRE; FISCHER, 2010, p. 1557).
O estudo da capacidade para o trabalho é importante para criar medidas de
intervenção que promovam ou mesmo mantenham o nível dos trabalhadores, neste
14

sentido os estudos acadêmicos são de grande importância na disseminação dos conceitos


e no impulsionamento dessas medidas.

3. METODOLOGIA

3.1. Caracterização do estudo

Este estudo é transversal analítico (THOMAS; NELSON, 2002), de análise quantitativa.

3.2. População e amostra

Para o desenvolvimento do estudo serão convidados os servidores técnicos


administrativos da Universidade Estadual de Goiás, UnU Goiânia – ESEFFEGO, que é
composto por 70 funcionários distribuídos conforme o quadro abaixo:

Quadro 1. Distribuição dos cargos de técnico administrativo da Universidade Estadual de Goiás,


Campus ESEFFEGO, 2017.
EFETIVOS TEMPORÁRIOS
Auxiliar de Gestão Administrativa Auxiliar Administrativo
Assistente de Gestão Administrativa Técnico Administrativo Nível Médio
Analista de Gestão Administrativa Técnico Administrativo Nível Superior

Com o intuito de garantir representatividade da população a ser investigada o


tamanho mínimo da amostra será calculado por meio de equação para populações finitas,
assumindo erro absoluto tolerável de amostragem de 5% (ε = 0,05), intervalo de confiança
de 95% (erro α = 0,05; zα/2 = 1,96) e uma prevalência estimada de 50%.

3.3. Instrumentos de coleta

Inicialmente será aplicada uma ficha sociodemográfica para preenchimento de


informações de identificação pessoal e de cargo e lotação (nome, idade, sexo, estado civil,
nível de escolaridade, cargo que ocupa, nível de exaustão, nível de satisfação com o
trabalho que exerce, nível de relações sociais, nível de atividade física, vícios, uso de
medicamentos e autoclassificação de saúde) (APÊNDICE I), e questionário elaborado
15

pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa para (ABEP, 2015) para


classificação econômica (ANEXO I)
Para a coleta de dados serão utilizados os seguintes instrumentos.
• Perfil do Estilo de Vida: Para a análise do Estilo de Vida, será aplicado o
questionário do Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI,
2012) (ANEXO II)
• Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT): Desenvolvido por um grupo
multidisciplinar do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (Finnish Institute of
Occupational Health - FIOH) (ANEXO III)

3.3.1. Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2012)

O questionário do Pentáculo do Bem-Estar é composto por 15 perguntas divididas


entre os 5 aspectos fundamentais do estilo de vida das pessoas. Os cinco componentes do
questionário são: Nutrição, Atividade física, Comportamentos preventivos,
Relacionamento social e Controle do estresse. Cada componente é composto por 3 (três)
perguntas com opções de 0 (zero) a três (três). Para avaliação e classificação, é realizada
a média em cada componente considerando que: de 0 a 0,99 perfil de índice negativo, de
1 a 1,99 perfil de índice regular e de 2 a 3 perfil de índice positivo.

3.3.2. Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT)

O ICT é um formulário que reflete a interação entre o volume de atividades físicas


e mentais, a avaliação subjetiva do estado de saúde e a capacidade funcional dos
trabalhadores em condições sociais e organizacionais específicas (TUOMI et al., 1998).
De acordo com Silva Junior (2010), o objetivo do ICT é fornecer informações que
possibilitem medidas de acompanhamento e apoio ao trabalhador e propõe 3 níveis de
recomendações a partir do escore da capacidade para o trabalho: ótima, boa, moderada e
baixa.
O formulário ICT é baseado em 10 itens que compõem questões (Quadro 2) que
consideram doenças, exigências físicas e mentais e trabalho, constituindo 7 dimensões. O
cálculo do escore global leva em conta a soma dos pontos recebidos para cada um dos
seus itens (SILVA JUNIOR, 2010).
16

Quadro 2. Dimensões do ICT e seus escores.


Itens e dimensões Escores
1. Capacidade para o trabalho comparada com a melhor de toda a vida. 0 - 10
2. Capacidade para o trabalho em relação às exigências físicas. 2 - 10
3. Número de doenças atuais diagnosticadas pelo médico. 1-7
4. Perda estimada para o trabalho por causa de doenças. 1-6
5. Faltas ao trabalho por doenças no último ano (12 meses). 1–5
6. Prognóstico próprio da capacidade para o trabalho daqui a 2 anos. 1,4 ou 7
7. Recursos mentais. 1–4
Escore do ICT 7 – 49
Fonte: Tuomi et al. (2005)

Segundo Silva Junior (2010), resultado do cálculo poderá atingir um escore que
vai 7 a 49 pontos e retratará o conceito que um trabalhador tem da sua capacidade para o
trabalho. (Quadro 3)

Quadro 3. Classificação da capacidade para o trabalho segundo os seus escores.


Pontos Capacidade para o trabalho Objetivos das medidas
7 – 27 Baixa Restaurar a capacidade para o trabalho
28 – 36 Moderada Melhorar a capacidade para o trabalho
37 – 43 Boa Apoiar a capacidade para o trabalho
44 – 49 Ótima Manter a capacidade para o trabalho
Fonte: Silva Junior (2010)

A partir dos resultados, é possível propor recomendações de intervenção, sendo elas:


• Recomendação 1: Se a capacidade para o trabalho é excelente, deve-se explicitar
ao trabalhador quais fatores do ambiente do trabalho e ao estilo de vida que
estariam relacionados à manutenção ou à deterioração da saúde. Além disto, o
encorajamento as práticas que estimulem a saúde do trabalhador são
recomendadas.

• Recomendação 2: Se a capacidade de trabalho é moderada, recomenda-se


incentivar as iniciativas do trabalhador para promover sua capacidade (por
exemplo, dieta adequada, exercício físico, sono e repouso, atividades sociais,
outros passatempos e estudos). Neste nível, o trabalhador pode necessitar de
reabilitação médica.
17

• Recomendação 3: Se a capacidade de trabalho é baixa, deve ser estabelecida a


reabilitação da saúde. Deve-se avaliar se a capacidade pode ser restaurada
corrigindo-se os riscos encontrados no ambiente de trabalho e remodelando sua
organização de modo a torná-lo mais eficiente.

3.4. Procedimentos de coleta

Para a coleta de dados, será feita a seleção de amostragem aleatória, que segundo
Ferreira e Campos (2001), é um procedimento caracterizado por dar a cada elemento da
população a mesma probabilidade diferente de 0 (zero) de ser escolhido para a amostra
Após a seleção da amostra, será feito contato prévio com os entrevistados
selecionados, onde lhes será apresentado o projeto e decididos os horários para aplicação
dos formulários. A pesquisa será apresentada e detalhada a partir de cada parágrafo do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) esclarecendo os objetivos, a
metodologia, a forma de participação, sigilo, garantia de desistência, destinação dos
dados e contatos com pesquisador. Em caso de aceite os funcionários assinaram o TCLE.

3.5. Aspectos éticos da pesquisa

De acordo com as normas da Resolução 466/12 Conselho Nacional de Saúde sobre


pesquisas envolvendo seres humanos, o presente projeto será submetido à avaliação do
Comitê de Ética em pesquisa na Plataforma Brasil.

3.6. Análise de dados

Os dados serão analisados através de estatística descritiva apresentados por medidas


de tendência central (média), medidas de dispersão (desvio padrão), mediana e intervalo
de confiança.
As variáveis qualitativas serão apresentadas com suas frequências absolutas e
proporções. A análise de associação entre elas será realizada com aplicação do teste qui-
quadrado ou Exato de Fisher, de acordo com a aplicabilidade.
A comparação de médias será realizada somente após análise da distribuição dos
dados com teste de Kolmogorov-Smirnof e aplicado teste paramétrico Wilcoxon.
18

Todos os testes considerarão um nível de significância de 5% e intervalo de


confiança de 95%.
19

REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Ellen Ingrid Souza et al. Suporte social e estresse: uma revisão da
literatura. Psicologia em foco, v. 2, n. 1, 2009.
BARROS, Mauro VG de; SANTOS, Saray G. dos. A atividade física como fator de
qualidade de vida e saúde do trabalhador. De http://www. eps. ufsc.
br/ergon/revista/artigos/saray. pdf, 2005.
BATISTA FILHO, Malaquias; RISSIN, Anete. A transição nutricional no Brasil:
tendências regionais e temporais. Cad saúde pública, v. 19, n. Supl 1, p. 181-91, 2003.
BATISTELLA, Carlos. Abordagens contemporâneas do conceito de saúde. O território
e o processo saúde-doença, p. 51, 2007.
BEZERRA, Polyana Caroline de Lima et al. Percepção de saúde e fatores associados em
adultos: inquérito populacional em Rio Branco, Acre, Brasil, 2007-2008. Cad Saúde
Pública, p. 2441-2451, 2011.
BLEIL, Susana Inez. O padrão alimentar ocidental: considerações sobre a mudança de
hábitos no Brasil. Cadernos de Debate, v. 6, n. 1, p. 1-25, 1998.
DE SOUZA, Elton Bicalho. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais
fatores. Cadernos UniFOA, v. 5, n. 13, p. 49-53, 2017.
ELIAS, Marisa Aparecida; NAVARRO, Vera Lúcia. A relação entre o trabalho, a saúde
e as condições de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de
enfermagem de um hospital escola. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14,
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FERREIRA, Maria João; CAMPOS, Pedro. XI–O inquérito estatístico. Dossiês
Didácticos, projecto ALEA, http://alea-estp. ine. pt, 2001.
FERREIRA, VANESSA ALVES; MAGALHÃES, ROSANA. Obesidade no Brasil:
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APÊNDICES
Apêndice I: Questionário Sócio Demográfico
22
23

ANEXOS
Anexo I: Questionário de Classificação Econômica ABEP (2015-2016)
24
25
26
27
28

Fonte: ABEP (2015)


29

Anexo II: Questionário de avaliação do perfil do estilo de vida individual, Nahas (2000).
30

Fonte: Nahas (2000)


31

Anexo III: Questionário Índice de capacidade para o trabalho (ICT):


32
33
34

Fonte: Tuomi et al. (2005)

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