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IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS


FÍSICOS PARA IDOSOS:
aspectos psicológicos

Verônica Moreira Souto Ferreira


Prof.a Orientadora: Andrea Paixão
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Educação Física (EFL0730) – Trabalho de Graduação
02/11/2020

RESUMO

O presente estudo buscou analisar a produção científica que envolve a prática de exercícios físicos
e a melhora de aspectos psicológicos em pessoas idosas. Tendo em vista o crescimento contínuo da
população idosa, se faz necessário analisar as diversas mudanças inerentes ao envelhecimento.
Dentre elas, as mudanças psicológicas apontam uma predisposição a distúrbios mentais associados
ao aumento da idade, tais como depressão, ansiedade, demência, transtorno do pânico, transtorno
bipolar e distimia. Foi definido como caminho metodológico uma pesquisa com base no método
bibliográfico. As fontes de dados utilizadas foram compostas primordialmente de artigos científicos
disponíveis on-line no portal Periódicos da Capes. Foram selecionado 6 artigos originais que
apresentaram resultados importantes, mostrando a relevância da prática de exercícios físicos para
a melhora de aspectos psicológicos durante o envelhecimento.

Palavras-chave: envelhecimento; exercício físico; aspectos psicológicos.

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo biológico natural responsável por diversas mudanças


fisiológicas no corpo humano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é
considerado idoso o indivíduo com idade acima de 60 anos (2015). Segundo dados da Organização
das Nações Unidas (ONU), a expectativa de vida da população mundial vem crescendo
continuamente e a estimativa é de que até 2050 uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65
anos (2019).

No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico de 2010, cerca de 13% da população tem
60 anos ou mais e as projeções indicam um contínuo crescimento dessa parcela (IBGE, 2011),
seguindo as proporções mundiais. O envelhecimento da população é um fator importante para
mudanças no funcionamento da sociedade, tendo vista as necessidades inerentes ao novo cenário.
Dentre as diversas transformações na sociedade, a melhora da infraestrutura dos passeios públicos e
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uma constante manutenção desses espaços é fundamental para uma locomoção segura desses
indivíduos (SILVA et al., 2015), tendo em vista as alterações morfofuncionais inerentes ao processo
de envelhecimento.

Porém, a simples constatação da idade não pode ser considerada como parâmetro único para
rotular esses indivíduos, tendo em vista a diversidade observada nesse grupo (OMS, 2015). Diversos
fatores podem afetar a capacidade funcional dessas pessoas, como herança genética, influências
socioambientais e aspectos comportamentais, promovendo um processo de envelhecimento mais ou
menos saudável (GOTTLIE et al., 2007).

Além das transformações físicas, as mudanças nos aspectos psicológicos das pessoas idosas
precisam ser levadas em consideração. Estudos apontam a presença de psicopatologias relacionadas
ao envelhecimento humano, dentre elas quadros de ansiedade, depressão e demência (ARANHA,
2007; RESENDE et al., 2011; BIASUS, 2016; GULLICH; DURO; CESAR, 2016).

Tanto as alterações corporais quanto as psicológicas afetam diretamente a qualidade de vida


dos idosos, estando diretamente relacionados ambos os fatores. Diante disso, a busca por uma maior
expectativa de vida está atrelada a um processo de envelhecimento saudável, o qual inclui, dentre
outros diversos fatores, a prática de atividades e exercícios físicos para a manutenção de um estilo de
vida adequado a população idosa.

Assim sendo, há uma estreita relação entre as práticas físicas e a melhoria dos índices de
qualidade de vida dos indivíduos. Partindo dessa premissa foi elaborado o seguinte problema de
pesquisa: Tendo como enfoque os aspectos psicológicos, qual a importância da prática de exercícios
físicos para a população idosa?

O objetivo geral da pesquisa é analisar a influência da prática de exercícios físicos em pessoas


idosas com enfoque nos aspectos psicológicos. Os objetivos específicos são: 1) Mapear a produção
bibliográfica que relaciona exercício físico, aspectos psicológicos e envelhecimento; 2) Discutir a
importância dos exercícios físicos para o processo de envelhecimento; e 3) Observar a relação entre
a prática de exercícios físicos e a melhora de aspectos psicológicos das pessoas idosas.

Dentre as diversas informações apresentadas no trabalho, abordou-se as principais alterações


inerentes ao processo de envelhecimento humano, bem como as mudanças nos aspectos psicológicos
de pessoas idosas. Também foi possível relacionar a prática de exercícios físicos e a melhora de
aspectos psicológicos, conforme as fontes consultadas. Em seguida, é apresentada a metodologia do
trabalho, seguida dos resultados e discussões provenientes da pesquisa. Por fim, a conclusão faz um
apanhado geral das principais informações tratadas ao longo do trabalho.
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2 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES INERENTES AO ENVELHECIMENTO HUMANO

Dentre todas as mudanças inerentes ao processo de envelhecimento humano, podemos


apresentar alguns aspectos fisiológicos que são características marcantes dessa fase da vida. Nesta
seção trataremos de alterações nos sistemas respiratório, cardiovascular, músculo-esquelético e
nervoso, a fim de estruturar um panorama dos processos biológicos ocorridos na velhice, facilitando
o entendimento desses.

• Alterações no Sistema Respiratório - O avanço da idade promove importantes mudanças


tanto na função quanto na arquitetura pulmonar. Podemos citar as seguintes alterações:
enfraquecimento da musculatura respiratória, perda da elasticidade pulmonar, aumento do
tecido fibroso, diminuição da superfície de troca gasosa, diminuição da capacidade máxima
respiratória, curvaturas acentuadas da coluna vertebral e redução da caixa torácica (PEREIRA,
2013; MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004; GALLAHUE; OZMUN, 2001). Segundo
Pereira, além das modificações fisiológicas naturais, “concorrem para o declínio da
capacidade respiratória os maus hábitos de vida, a poluição do local de moradia e trabalho e
as doenças concomitantes” (2013, p. 1351).

• Alterações no Sistema Cardiovascular - O envelhecimento promove um comprometimento


severo de algumas estruturas do sistema cardiovascular. As principais alterações nesse sistema
são: degeneração das fibras musculares no miocárdio, depósito de gorduras em veias e
artérias, aumento da rigidez da parede arterial, aumento da pressão arterial sistólica e da
pressão arterial média, aumento do número de fibras colágenas na parede arterial e diminuição
da frequência cardíaca máxima durante o exercício (PEREIRA, 2013; MAZO; LOPES;
BENEDETTI, 2004). De acordo com Afiune, “com o avanço da idade, o coração e os vasos
sanguíneos apresentam alterações morfológicas e teciduais, mesmo na ausência de qualquer
doença (2013, p. 558).

• Alterações no Sistema Músculo-Esquelético - A força muscular máxima é encontrada nos


indivíduos com idade entre 25 e 30 anos, a partir disso há um declínio constante de força
muscular atrelado a importantes modificações na composição corporal. Destacamos as
seguintes alterações no sistema músculo-esquelético: perda de força muscular, maior fadiga
muscular; diminuição da capacidade de hipertrofia, diminuição no tamanho e número de fibras
musculares, diminuição na atividade da ATPase miofibrilar, diminuição dos estoques de
adenosina trifosfato (ATP) e de creatina fosfato (CP), diminuição na capacidade de
regeneração, diminuição da massa óssea, aumento da porosidade óssea, reabsorção interna
dos minerais ósseos, redução da lubrificação em articulações, tendões e ligamentos,
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desidratação e ressecamento dos discos invertebrados (PEREIRA, 2013; GALLAHUE;


OZMUN, 2001; MATSUDO; MATSUDO, 1992). Segundo Pereira (2013), as funções
musculares estão associada a diversas funções do corpo, como respiração, digestão,
locomoção e postura corporal. Ainda de acordo com Pereira, “a atividade física, independente
da idade, aumenta a força e a velocidade muscular além de prevenir a perda óssea, as quedas
e melhorar a função articular” (2013, p. 1343).

• Alterações no Sistema Nervoso - Importantes mudanças no sistema nervoso estão


relacionadas ao envelhecimento humano, promovendo o declínio de diversas funções além da
perda permanente de neurônios. As seguintes alterações podem ser identificadas: diminuição
do cérebro, diminuição do número e tamanho dos neurônios, diminuição da velocidade de
condução venosa e do fluxo sanguíneo cerebral, diminuição e/ou alteração das sinapses
nervosas, diminuição das substâncias químicas associadas à atividade neurotransmissora e
diminuição dos receptores cutâneos, reduzindo a percepção da temperatura e da sensibilidade
tátil (PEREIRA, 2013; MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).

Além das alterações apresentadas acima, modificações em outros sistemas também estão
relacionadas ao processo de envelhecimento. Ademais, Teixeira e Pereira ressaltam que

O organismo humano sofre uma continua redução na capacidade de realizar suas funções,
sendo estas perdas naturais e invitáveis. No entanto, condições ambientais como o estilo de
vida, parecem estar diretamente ligadas à forma e velocidade que este processo irá acontecer.
(TEIXEIRA; PEREIRA, 2008, n.p).

Para além das alterações fisiológicas, temos a presença de mudanças psicologias e sociais de
muita importância durante o envelhecimento. Na seção a seguir, abordaremos os aspectos
psicológicos relacionados a essa fase da vida, a fim de aprofundar a temática central do trabalho.

3 ENVELHECIMENTO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS

Dentre as muitas mudanças que ocorrem durante o envelhecimento, as mudanças nos aspectos
psicológicos dos indivíduos são um dos fatores que necessitam de atenção. Segundo Maia, Durante e
Ramos (2004, p. 651), “vários fatores associados ao aumento da idade podem predispor ao
desenvolvimento de transtornos mentais, especialmente sintomas distímicos1”.

1
Depressão branda, porém de duração longa. A distimia é definida como uma tristeza que ocorre durante pelo menos
dois anos, juntamente com pelo menos dois outros sintomas da depressão. Alguns exemplos de sintomas incluem perda
de interesse em atividades normais, falta de esperança, baixa auto-estima, falta de apetite, baixa energia, alterações no
sono e falta de concentração.
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Essas disfunções psicológicas estão estritamente associadas aos novos desafios inerentes ao
processo de envelhecimento, tendo em vista as diversas transformações nas dinâmicas fisiológicas,
comportamentais e sociais.

De acordo com Teixeira (2006), o idoso passa a ter um novo relacionamento com o meio que
o cerca e experimenta dificuldades adaptativas, emocionais e fisiológicas, além de importantes
transformações na sua performance ocupacional e social, bem como dificuldades para aceitação do
novo. Ainda segundo o autor, “o equilíbrio psíquico do idoso depende basicamente da sua capacidade
de adaptação à sua existência presente e passada e das condições da realidade que o cercam”
(TEIXEIRA, 2006, p. 2).

Embora a maioria das pessoas idosas possam ser consideradas mentalmente saudáveis, elas
são tão vulneráveis aos distúrbios psiquiátricos quanto os mais jovens (BRASIL, 2006). Dessa forma,
é possível identificar uma relação entre o estilo de vida, o desenvolvimento emocional, os aspectos
socioambientais e a saúde mental de pessoas idosas. Os principais distúrbios psíquicos
diagnosticados em pessoas idosas são: depressão, ansiedade, demência, transtorno do pânico,
transtorno bipolar e distimia.

Dentre os transtornos apontados, a depressão entre pessoas idosas apresenta maior


prevalência, alcançado até 14,6% dos idosos que vivem em comunidade e em idosos hospitalizados
ou institucionalizados essa prevalência chega a 22% (FRANK; RODRIGUES, 2013; RESENDE et
al., 2011). De acordo com Frank e Rodrigues, “o processo de desenvolvimento da depressão no idoso
pode durar anos, sendo, portanto, mais crônico que agudo” (2013, 483). Para Resende et al.,

A depressão pode interferir em todos os aspectos cotidianos da vida da pessoa, estando


presentes em graus variados de intensidade. No processo de envelhecimento o ser humano
pode desenvolver o sentimento de finitude da vida, avaliando-se negativamente,
desencadeando um estado depressivo, com a sensação de inutilidade, insuficiência, ansiedade
e irritabilidade, o que pode culminar em falta de motivação, distanciamento da família,
progressiva limitação física, sensação de impotência, falta de autonomia e aumento da
dependência emocional e financeira. (RESENDE et al., 2011, p. 38).

No que diz respeito ao tratamento da depressão, busca-se a eliminação dos sintomas, a


prevenção de recorrências ou recaídas, a prevenção da piora de outras patologias presentes, o apoio
para que os pacientes possam lidar com suas dificuldades, além da prevenção de mortalidade por
suicídio (FRANK; RESENDE, 2013).

Além da utilização de medicamentos e de acompanhamento psicológico adequado, a prática


de exercícios físicos pode contribuir para a melhora dos quadros de distúrbios psíquicos, contribuindo
significativamente para a melhora da qualidade de vida dessas pessoas, como trataremos a seguir.
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4 EXERCÍCIO FÍSICO E MELHORIA DE ASPECTOS PSICOLÓGICOS

Segundo Weinberg e Gould (2001), a prática de exercícios está relacionada a diminuição dos
níveis de ansiedade e depressão, melhoria dos sentimentos de autoconfiança, autoestima e prazer,
elevação de estados de humor, além de promover uma melhora significativa da qualidade de vida. Ou
seja, a realização de práticas físicas promove resultados importantes não só para aspectos físicos, mas
também para aspectos psicológicos, tornando-se relevante para diversos objetivos relacionados aos
exercícios físicos.

No que diz respeito ao bem-estar, é possível identificar os seguintes componentes:


autoaceitação, relações positivas com outras pessoas, autonomia, domínio do ambiente no qual se
está inserido, sensação desenvolvimento e autorrealização e propósito de vida. Dessa forma, a
melhora do bem-estar é proveniente da interação de mecanismos fisiológicos e psicológicos, tendo
como possíveis mecanismos psicológicos associados ao exercício físico o aumento da sensação de
controle, o sentimento de competência e de autoeficácia, as interações sociais positivas, a melhoria
no autoconceito e na autoestima e as oportunidades para diversão e prazer (WEINBERG; GOULD,
2001).

Em se tratando da qualidade de vida, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define essa


expressão como “a percepção individual da própria posição na vida, no contexto da cultura e do
sistema de valores em que se vive e em relação às próprias metas, expectativas, padrões e
preocupações” (OMS, 1995 apud WEINBERG; GOULD, 2001, p. 387). Nesse sentido, a percepção
de qualidade de vida é considerada subjetiva e multifatorial, sendo os exercícios e as atividades físicas
também responsáveis por efeitos positivos na qualidade de vida. Ademais, estudos apontam que a
atividade física é um dos principais fatores para a aquisição e manutenção de uma boa qualidade de
vida (MARCHI NETTO; BANKOFF, 2007; BANKOFF, 2006; SALVE; BANKOFF, 2004).

Em relação a ansiedade e depressão, estudos apontam melhoras significativas a partir de


práticas físicas, em ambos os distúrbios, em todas as faixas etárias, condições de saúde, raças, situação
socioeconômica e sexo (WEINBERG; GOULD, 2001). Dentre os diversos benefícios psicológicos
associados aos exercícios físicos temos o aumento do desempenho acadêmico, da positividade, da
confiança, da estabilidade emocional, melhora do funcionamento intelectual, da memória, da
percepção e imagem corporal, do autocontrole, da satisfação sexual, do bem-estar e da eficiência no
trabalho (WEINBERG; GOULD, 2001). Por fim, não há dúvidas sobre a importância do exercício
físico para a melhora de diversos aspectos psicológicos, corroborando com a necessidade de práticas
físicas para idosos.
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5 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos delineados, foi definido como caminho metodológico uma pesquisa
com base no método bibliográfico, que prevê a consulta e análise de dados obtidos a partir de livros,
periódicos, artigos de jornais, sites, bem como outros tipos de publicações (PIZZANI et al., 2012).
Relacionando fontes diversas, articuladas a partir dos objetivos de pesquisa definidos.

As fontes de dados utilizadas foram compostas primordialmente de artigos científicos


disponíveis on-line no portal Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), aplicando as
seguintes palavras-chave: Envelhecimento, psicologia e exercício físico. Foram consideradas para a
presente pesquisa as produções consultadas com publicação em língua portuguesa a partir do ano de
2015.

Conforme Minayo e Sanches (1993), “conhecimento científico é sempre uma busca de


articulação entre uma teoria e a realidade empírica; o método é o fio condutor para se formular esta
articulação” (p. 240). Assim sendo, as informações reunidas a partir da pesquisa serão analisadas e
relacionadas tendo como parâmetro aspectos qualitativos, com o intuito de aprofundar a observação
do objeto estabelecido (MINAYO; SANCHES, 1993).

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram selecionado 6 artigos originais, todos com temáticas relacionadas aos aspectos
psicológicos de idosos mediante prática de exercício físico. Para melhor visualização de objetivos,
resultados e identificação de autoria, foi elaborado o quadro a seguir (Quadro 1).

QUADRO 1 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES DOS ESTUDOS SELECIONADOS


Autoria e ano
Objetivo da pesquisa Resultados
de publicação

O treinamento de força, baseado na


Avaliar os efeitos do treinamento de
percepção de esforço, foi um método
força, com prescrição baseada na
BRUNONI et al., efetivo para uma redução nos sintomas
percepção de esforço, nos sintomas
2015 de depressivos das participantes bem
depressivos e na qualidade de vida
como para melhora da qualidade de
relacionada à saúde de idosas.
vida relacionada à saúde.

Descrever a perceção da qualidade


CAMÕES et al., de vida em indivíduos acima dos 70 Programas de intervenção com base na
2016 prática de exercício físico, mesmo com
anos, tendo em conta a participação
pouca frequência e duração,
em programas de exercício físico
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em contexto comunitário e idosos relacionaram-se com melhor qualidade


institucionalizados. de vida em idosos comunitários.

Verificar a percepção da Apresentaram baixo nível de exercício


autoimagem e sua relação com a físico praticado por semana, a
FRANÇA et al., composição corporal e escala de insatisfação com a imagem corporal
2016 depressão geriátrica de idosas devido ao excesso de peso das idosas e
participantes do Programa a escala de silhuetas indicou a busca
Longevidade Saudável. pela magreza.

Avaliar o efeito da prática do Tai


GUIMARÃES; Significativo aumento dos escores de
Chi Chuan na autoestima e
LIMA; autoestima e autoimagem do grupo
autoimagem de idosos da área
CARDOSO, 2017 praticante de Tai Chi Chuan.
urbana.

Avaliar a percepção da qualidade de A prática de exercício físico, seja em


ANDRADE et al., vida dos idosos praticantes de academias ou caminhada, gera
2018 exercícios físicos em academias ao manutenção da saúde e qualidade de
ar livre em um parque. vida para idosos.

Evidenciou-se uma diferença


expressiva entre os participantes que
Investigar a relação entre o
HERNANDEZ; praticam atividade física e aqueles que
exercício físico regular e a
VOSER, 2019 não praticam atividade física no que
depressão em indivíduos idosos.
tange aos índices de depressão
analisados.

Fonte: Quadro elaborado pela autora (2020).

Corroborando com as fontes estudadas, os artigos encontrados apontam diversas melhorias


em aspectos psicológicos associados a prática de exercício físico. Segundo a pesquisa desenvolvida
por Brunoni et al. (2015), o treinamento de força foi efetivo para a redução de sintomas depressivos
de idosas, além de promover uma importante melhora nos seguintes componentes da qualidade de
vida relacionada à saúde: vitalidade, capacidade funcional, estado geral da saúde e saúde mental. Para
esses autores, “o efeito antidepressivo do exercício poderia estar associado ao aumento da liberação
de neurotrofinas” (BRUNONI et al., 2015, p.193).

A qualidade de vida é um importante indicador da condição atual de saúde nos idosos e


mantém estreita relação com as práticas físicas, como apontam os resultados de Camões et al. (2016).
De acordo com o estudo desses autores, o grupo de idosos em contexto comunitário que realizaram
prática estruturada de exercício físico obtiveram indicadores superiores de qualidade de vid a quando
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comparado ao grupo de idosos comunitários e institucionalizados que não realizaram atividade física
regular. Ainda de acordo com Camões et al.,

os resultados parecem demonstrar grande consistência entre os domínios representativos de


qualidade de vida, acreditamos que estratégias de prevenção e tratamento com base no
exercício físico, devem ser privilegiadas em todos os contextos sócio comportamentais, como
forma de manter a autonomia e consequentemente a qualidade de vida, entre a população
envelhecida. (CAMÕES et al., 2016, p. 103).

Outro aspecto psicológico relevante diz respeito a imagem corporal, que pode influenciar a
saúde, os relacionamentos e a qualidade de vida dos indivíduos. Em se tratando da imagem corporal
de mulheres idosas, França et al. (2016) aponta consequências como isolamento social, sentimentos
de inferioridade, baixa autoestima, ansiedade e depressão, tendo em vista as imposições socioculturais
e midiáticas. Segundo o artigo, “embora as idosas não estejam satisfeitas com a sua percepção
corpórea, elas não apresentaram riscos para depressão” (FRANÇA et al., 2016, p. 103). Esse resultado
está relacionado com a rotina fisicamente ativa dos indivíduos pesquisados, uma vez que “a prática
de exercício físico influencia positivamente a autoimagem e a satisfação corporal, melhorando o
autoconceito da sénior” (FRANÇA et al., 2016, p. 104).

Em consonância com os resultados já apresentados, Guimarães, Lima e Cardoso (2017)


apontam a eficácia da prática de Tai Chi Chuan na autoestima e autoimagem de pessoas idosas, tendo
os seguintes aspectos relevantes associados a essa prática: “não ser competitivo, não necessitar de
equipamentos, ter flexibilidade com relação ao tempo e lugar para ser praticado, torna-o uma prática
ideal para idosos, pois pode ser uma intervenção eficaz na prevenção e controle de patologias ”
(GUIMARÃES; LIMA; CARDOSO, 2017, p. 957).

Está claro que “o exercício físico regular melhora a qualidade e expectativa de vida do idoso,
devendo ser estimulada ao longo de sua vida” (ANDRADE et al., 2018, p. 55). Segundo a pesquisa
de Andrade et al. (2018), ao comparar a percepção da qualidade de vida de idosos que praticam
exercício físico regular em academias ao ar livre com idosos que fazem caminhada em parques a céu
aberto como exercício físico, ambos os grupos apresentaram alta pontuação na percepção de
qualidade de vida verificada.

Por fim, a relação entre a prática de exercícios físicos e a redução nos níveis de depressão em
idosos foi abordada em pesquisa recente por Hernandez e Voser (2019). De acordo com os resultados
desse estudo, “a média de indicativos de sintomas cognitivos da depressão no grupo de idosos ativos
foi significativamente menor do que no grupo de idosos sedentários” (HERNANDEZ; VOSER, 2019,
p. 727). Em suma, todas as pesquisas encontradas apresentam importantes resultados para a melhora
de aspectos psicológicos relacionados a prática de exercícios físicos.
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7 CONCLUSÃO

O envelhecimento é um processo biológico natural responsável por diversas mudanças


fisiológicas no corpo humano. No Brasil cerca de 13% da população tem 60 anos ou mais e as
projeções indicam um contínuo crescimento dessa parcela, seguindo as proporções mundiais. Além
das transformações físicas, as mudanças nos aspectos psicológicos das pessoas idosas precisam ser
levadas em consideração.

Estudos apontam a presença de psicopatologias relacionadas ao envelhecimento humano,


dentre elas quadros de ansiedade, depressão e demência. Além da utilização de medicamentos e de
acompanhamento psicológico adequado, a prática de exercícios físicos pode contribuir para a melhora
dos quadros de distúrbios psíquicos, contribuindo significativamente para a melhora da qualidade de
vida dessas pessoas. A prática de exercícios está relacionada a diminuição dos níveis de ansiedade e
depressão, melhoria dos sentimentos de autoconfiança, autoestima e prazer, elevação de estados de
humor, além de promover uma melhora significativa da qualidade de vida.

Os artigos selecionados para a presente pesquisa apontaram melhoras significativas em


diversos aspectos psicológicos em idosos, a partir da prática de exercícios físicos. Dessa forma, são
necessárias estudos constantes, a fim de delimitar quais programas de treinamento são mais
adequadas para essa população.

Vale ressaltar que além da utilização de medicamentos e de acompanhamento psicológico


adequado, as pesquisas apontam que a prática de exercícios físicos pode contribuir para a melhora
dos quadros de distúrbios psíquicos, contribuindo significativamente para a melhora da qualidade de
vida das pessoas idosas. Concluiu-se através da revisão dos estudos que a prática de exercícios físicos
promove importantes resultados para a melhora de aspectos psicológicos dessas pessoas.

Por fim, se fazem necessárias novas pesquisas que possam mapear outros estudos que
relacionem a prática de exercícios físicos a melhora de aspectos psicológicos em pessoas idosas,
principalmente aqueles produzidos em línguas estrangeiras. Dessa forma, a produção de um
compilado de informações permitirá uma organização mais adequada para a prescrição de treinos de
acordo com as necessidades de cada grupo, em especial de pessoas idosas.

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