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AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO IDOSO

Saúde do Idoso
IDOSO

Segundo o Estatuto do Idoso, é considerado idoso as pessoas


com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Dentro do grupo
das pessoas idosas, os denominados "mais idosos, muito idosos
ou idosos em velhice avançada" são aqueles com idade igual ou
maior que 80 anos, que vêm aumentando proporcionalmente e de
forma muito mais acelerada, constituindo o segmento populacional
que mais cresce nos últimos tempos, 12,8% da população idosa.
SAÚDE

➢ O conceito de saúde deve estar claro no idoso. Não se


deve confundir presença de doenças ou idade avançada
com ausência de saúde.
➢ Considera-se saúde como uma medida da capacidade
individual de realização de aspirações e da satisfação
das necessidades, independentemente da idade ou da
presença de doenças.
CAPACIDADE FUNCIONAL

➢ O conceito de Capacidade Funcional pode ser compreendido como a eficiência


do idoso em atender às demandas físicas do seu dia a dia que envolve desde as
atividades básicas para uma vida independente até as ações mais difíceis de sua
rotina. Na velhice é comum a pessoa apresentar baixos níveis de CF, sobretudo
em razão da diminuição das funções físicas, como a redução da função dos
sistemas osteomuscular, cardiorrespiratório e nervoso, circunstância que pode
limitar os idosos de realizar suas atividades cotidianas com eficiência.
Com o avançar da idade os danos causados pelo processo
do envelhecimento são irreversíveis, progressivos e de
soma gradativas das diminuições de vários segmentos
atribuídos à Capacidade Funcional (CF) e autonomia do
ser humano, ocasionados por perdas lentas identificadas a
partir da terceira década de vida e imperceptíveis até os
cinquentas anos.
ESTADO FUNCIONAL

➢ O nível com o qual a pessoa desempenha funções e atividades


da vida diária.
➢ Avaliação da Capacidade Funcional: método para descrever
as habilidades e limitações no desempenho de tarefas
necessárias na vida diária, atividades de lazer, ocupacionais e
interações sociais, sempre focada na função motora.
NÍVEIS DE FUNÇÃO FÍSICA

✓ Elite Física: Esportes de competição e esportes de alto risco:


(asa delta, levantamento de peso);
✓ Idoso Fisicamente Condicionado: Trabalho físico moderado,
esportes e jogos de resistência;
✓ Idoso Fisicamente Independente: Trabalho físico muito leve,
atividades de baixa demanda física (dança de salão, viagens,
condução de veículos, hobbies como caminhada, jardinagem);
✓ Idoso Frágil: Trabalho doméstico leve, atividades como:
preparo de comida, compra de mantimentos, etc;
✓ Idoso Fisicamente Dependente: Não pode realiza atividades
como caminhar, banhar-se, vestir-se, alimentar-se e transferir-
se), precisa de cuidados em casa.
DECLÍNIO FUNCIONAL

Segundo a Classificação Internacional da Funcionalidade - CIF


(OMS, 2003), declínio funcional é a perda da autonomia e/ou
da independência, pois restringe a participação social do
indivíduo. Por sua vez, a independência e autonomia estão
intimamente relacionadas ao funcionamento integrado e
harmonioso dos seguintes domínios funcionais:
➢ Cognição: é a capacidade mental de compreender e
resolver adequadamente os problemas do cotidiano;

➢ Humor/Comportamento: é a motivação necessária


para a realização das atividades e/ ou participação
social. Inclui também o comportamento do indivíduo,
que é afetado pelas outras funções mentais, como
senso-percepção, pensamento e consciência.
➢ Mobilidade: é a capacidade individual de deslocamento
e de manipulação do meio. Por sua vez, a mobilidade
depende de quatro subsistemas funcionais:
▪ a capacidade aeróbica e muscular (massa e função),
▪ o alcance/preensão/pinça (membros superiores),
▪ a marcha/ postura/transferência
▪ a continência esfincteriana.
➢ Comunicação: é a capacidade de estabelecer um
relacionamento produtivo com o meio, trocar
informações, manifestar desejos, ideias e sentimentos,
que depende da visão, audição e produção/motricidade
orofacial.
A perda da independência e/ou autonomia é causada pelas principais
síndromes associadas ao envelhecimento, conhecidas como as “Grandes
Síndromes Geriátricas”:
▪ incapacidade cognitiva,
▪ instabilidade postural,
▪ incontinência esfincteriana,
▪ imobilidade,
▪ incapacidade comunicativa,
▪ iatrogenia,
▪ insuficiência familiar.
A funcionalidade global do indivíduo sempre foi fundamental
para qualquer classificação de idosos. Em 1943, Marjory
Warren, propôs uma classificação baseada na presença de
vários tipos de incapacidades:
▪ Independente: realiza todas as atividades básicas de vida
diária de forma independente;
▪ Semi-dependente: apresenta comprometimento de uma das
atividades como banhar-se e/ou vestir-se e/ou usar o
banheiro);
▪ Dependente incompleto: apresenta comprometimento de
uma das funções vegetativas simples (transferência e/ou
continência), além de ser dependente para banhar-se, vestir-
se e usar o banheiro.
▪ Dependente completo: apresenta comprometimento de
todas as atividades de vida,e também, das funções
vegetativas simples, incluindo a capacidade de alimentar-se
sozinho. Representa o grau máximo de dependência
funcional.
➢ Nesse período contínuo de transformações biológicas o
corpo humano sofre perdas as quais alteram os níveis
de massa muscular e da capacidade funcional
contrátil, acarretando a diminuição da agilidade,
coordenação motora, mobilidade articular, flexibilidade e
equilíbrio.
➢ Além destas mudanças há modificações também no
estado psicológico e social que somadas com as
anteriores aumentam a susceptibilidade do idoso a
doenças crônicas degenerativas.
SARCOPENIA

➢ Trata-se de uma alteração da musculatura esquelética caracterizada pela


redução da força e da massa muscular secundária ao envelhecimento,
podendo comprometer o desempenho físico do indivíduo, sendo uma das
variáveis utilizadas para definição da síndrome de fragilidade, que é
altamente prevalente em idosos, conferindo maior risco para quedas e
incapacidades, dependência e mortalidade.
SARCOPENIA
➢ Recomenda-se que o diagnóstico da sarcopenia seja baseado na confirmação de
baixa quantidade de massa muscular, somado a baixa força muscular ou baixo
desempenho funcional.
Para compor os indicadores de sarcopenia são utilizadas:
▪ Circunferência da panturrilha: Com o indivíduo sentado, usou-se uma fita métrica
inelástica e mediu-se a maior proeminência da musculatura da panturrilha, adotou-se
como ponto de corte os valores usados por Rolland (2003), menor que 31 centímetros.
▪ Força de preensão palmar (FPP): mensurada pelo dinamômetro modelo JAMAR.
▪ Velocidade da marcha: foi demarcado, em um local plano, a distância de 4 metros e o
tempo cronometrado. São realizadas duas repetições e considerada a de melhor valor.
PENSANDO NA SARCOPENIA...
QUAIS SERIAM OS FATORES DE RISCO
PARA QUEDAS?
Fatores de risco às quedas:
▪ idade avançada (80 anos e mais);
▪ história prévia de quedas;
▪ imobilidade;
▪ baixa aptidão física;
▪ fraqueza muscular de membros inferiores;
▪ fraqueza do aperto de mão;
▪ equilíbrio diminuído;
▪ marcha lenta com passos curtos;
▪ dano cognitivo;
▪ doença de Parkinson;
▪ sedativos, hipnóticos, ansiolíticos e polifarmácia.
E QUAL O PAPEL DA FISIOTERAPIA NA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA
SARCOPENIA?
1. Exercícios resistidos podem causar lesões e aumentar a degeneração
muscular?
2. Alongamentos e exercícios passivos são as melhores modalidades para
ganho de trofismo?
3. Exercícios aeróbicos de baixa intensidade são os mais efetivos e seguros,
por promover melhora da força e potência muscular?
4. O repouso e as técnicas de conservação de energia auxiliam na melhora da
sarcopenia?
5. Exercícios resistidos associados com suplementação proteica podem
melhorar o trofismo e força muscular?
1. Exercícios resistidos podem causar lesões e aumentar a degeneração
muscular?
2. Alongamentos e exercícios passivos são as melhores modalidades para
ganho de trofismo?
3. Exercícios aeróbicos de baixa intensidade são os mais efetivos e seguros,
por promover melhora da força e potência muscular?
4. O repouso e as técnicas de conservação de energia auxiliam na melhora da
sarcopenia?
5. Exercícios resistidos associados com suplementação proteica podem
melhorar o trofismo e força muscular?
Atividades de Vida Diária
Habilidade do idoso de executar atividades que permitam cuidar de si
próprio e viver independente em seu meio.
Galera & Rebouças, 2005, Costa et al., 2001

▪ Cuidados pessoais;
▪ Comer;
▪ Banhar-se e vestir-se;
▪ Ir ao banheiro;
▪ Mobilidade: andar, transferir-se, mover-se na cama;
▪ Continência urinária e fecal.
Índice de Katz
Avalia Atividades:
1. Banho
2. Vestir,
3. Higiene
4. Transferências
5. Continência
6. Alimentar-se
➢ Aplicação: 5 a 10 minutos.
➢ Prediz mortalidade, institucionalização e alta hospitalar. Não contempla
deambulação. Adequado para idosos mais dependentes.
Índice de Katz
Índice de Barthel
Tarefas avaliadas:
1. Alimentação
2. Banho
3. Vestuário
4. Higiene Pessoal (lavar rosto, mãos, escovação dentária)
5. Eliminações intestinais (inclui supositórios)
6. Eliminações vesicais (inclui urina e sonda)
7. Uso de vaso sanitário
8. Passagem cama-cadeira
9. Deambulação (50m)
10. Escadas (capacidade de subir e descer sem ajuda
Índice de Barthel
➢ São 10 tarefas valendo 10 pontos cada, quanto maior for a nota
maior a dependência.
➢ Pontuação de 0 a 100 depende do tempo e da assistência dada
Índice de
Barthel
ATIVIDADES
INSTRUMENTAIS DE VIDA
DIÁRIA (AIVD’s)

O QUE SERÁ?
Atividades Instrumentais de Vida
Diária – AIVD
Habilidade do idoso para administrar o ambiente onde
vive, tornando sua vida Independente.
Escalas de Avaliação de - AIVD

➢ Teste de caminhada de 6 minutos


➢ Lawton
➢ Pfeffer (respondido por acompanhante ou cuidador)
➢ Berg Balance Scale- BERG
➢ Timed Up and Go
Escalas de Avaliação de – AIVD
Teste de caminhada de 6 minutos (TC6M)

Método simples que avalia a capacidade funcional cardiorrespiratória,


analisando a resposta global e integrada de todos os sistemas envolvidos em
um exercício submáximo, como ocorre na rotina de diversos pacientes.
Teste de caminhada de 6 minutos (TC6M)
➢ O teste é realizado em um local pré-determinado, plano de 30 metros, com
marcação na parede de 1 em 1 metro e piso não escorregadio.
➢ Durante o teste, o paciente será encorajado pelo avaliador por meio de frases de
incentivo padronizadas, a cada minuto.
➢ A cada 2 minutos, durante a caminhada do paciente, serão anotados os valores da
distância percorrida, FC, Sat. O2, escala de Borg de dispneia, Borg para esforço
dos membros inferiores (MMII) e número de passos por meio do pedômetro.
➢ O teste será interrompido imediatamente se o paciente relatar dor no peito, dispneia
intolerável, cãibras nas pernas, andar cambaleante, diaforese e aparência pálida.
Escalas de Avaliação de – AIVD
LAWTON
Avalia sete atividades instrumentais:
▪ usar o telefone,
▪ locomoção com meios de transporte,
▪ fazer compras,
▪ realizar trabalhos domésticos,
▪ preparo de refeições,
▪ uso de medicação
▪ administração das finanças.
➢ Esta avaliação é feita através de perguntas direcionadas ao idoso.
Escalas de Avaliação de – AIVD
LAWTON

➢ A pontuação de cada item varia entre 1 e 3.


➢ No final do teste somam-se os scores de todos os itens teste:
▪ a pontuação máxima é 21, que indica total independência por
parte do paciente;
▪ a pontuação mínima é 7, que demonstra que o avaliado é
completamente dependente.
Escalas de Avaliação de – AIVD
PFEFFER

➢ Objetivo:
Verificar a presença e a severidade de declínio cognitivo por meio da avaliação
da funcionalidade e consequentemente da assistência requerida.
A combinação do MEEM com o Questionário de Pfeffer indica uma maior
especificidade para a medida de declínio cognitivo mais grave.
Escalas de Avaliação de – AIVD
PFEFFER
➢ É uma escala de 11 questões aplicada ao acompanhante ou cuidador da
pessoa idosa discorrendo sobre a capacidade desse em desempenhar
determinadas funções. As respostas seguem um padrão:
▪ sim é capaz (0);
▪ nunca o fez, mas poderia fazer agora (0);
▪ com alguma dificuldade, mas faz (1);
▪ nunca fez e teria dificuldade agora (1);
▪ necessita de ajuda (2);
▪ não é capaz (3).
➢ A pontuação de 6 ou mais sugere maior dependência, (pontuação máxima 33 pontos).
Escalas de Avaliação de – AIVD
BERG

➢ Compreende a avaliação de 14 tarefas relacionadas ao dia-a-dia, que


envolvem o equilíbrio estático e dinâmico, tais como alcançar, girar,
transferir-se, permanecer em pé e levantar-se.
➢ As tarefas são avaliadas por meio de observação do desempenho, com uma
escala de 0 á 4. A pontuação é baseada no tempo em que a posição pode ser
mantida, a distância que o braço é capaz de alcançar para a frente, ou o tempo
para completar uma tarefa, com pontuação máxima é de 56 pontos.
Escalas de Avaliação de – AIVD
Timed Up and Go

➢ O teste consiste em levantar de uma cadeira, (de aproximadamente 46 cm),


caminhar até uma linha reta a 3 metros de distância (em um ritmo auto selecionado,
porém seguro), virar, caminhar de volta e sentar-se novamente. Quanto menor o
tempo utilizado, melhor é o desempenho no teste.
▪ Até 10 segundos – desempenho normal para adultos saudáveis. Baixo risco de quedas;
▪ Entre 11 e 20 segundos – Normal para idosos frágeis ou com debilidade, mas que se mantêm
independentes na maioria das atividades de vida diária. Baixo risco de quedas;
▪ Entre 21 e 29 segundos – Avaliação funcional obrigatória. Indicado abordagem específica para a
prevenção de queda. Risco de quedas moderado;
▪ Maior ou igual a 30 segundos – Avaliação funcional obrigatória. Indicado abordagem específica para
a prevenção de queda. Alto risco para quedas.
PLANO DE CUIDADOS
Estratégia utilizada para a organização do cuidado, onde se observa:
▪ O QUÊ? - quais são os problemas de saúde do paciente;
▪ COMO? - as intervenções mais apropriadas para a melhoria da sua saúde;
▪ POR QUÊ? - as justificativas para as mudanças;
▪ QUEM? - quais profissionais;
▪ ONDE? - equipamentos de saúde são necessários para a implementação das
intervenções.
➢ Assim, o Plano de Cuidados contém todas as informações necessárias para o
planejamento e implementação das ações necessárias para a manutenção ou recuperação
da saúde do idoso.
AÇÕES PREVENTIVAS E/OU PROMOCIONAIS:
consiste na implementação de cuidados antecipatórios, capazes de
modificar a história natural das doenças e evitar futuros declínios da saúde.
As intervenções preventivas utilizam quatro tipos de abordagem:
▪ aconselhamento ou mudança de estilo de vida,
▪ rastreamento,
▪ quimioprevenção (uso de drogas que, comprovadamente, reduzem o
risco de doenças e/ou suas complicações)
▪ imunização.
AÇÕES CURATIVAS E/OU PALIATIVAS:
➢ As ações curativas consistem nas ações direcionadas a problemas específicos
identificados na consulta médica. A ênfase deve estar no diagnóstico correto dos
problemas crônicos de saúde e na prescrição correta das intervenções
farmacológicas e não farmacológicas
➢ As ações paliativas reservam-se àquelas situações em que não há
possibilidade de cura ou modificação da história natural da doença. Nestes
casos, o cuidado paliativo tem como objetivo a melhora da qualidade de vida
dos pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam continuamente a
vida.
AÇÕES REABILITADORAS:
é o conjunto de procedimentos aplicados aos portadores de incapacidades
(deficiências, limitação de atividades ou restrição da participação), com o
objetivo de manter ou restaurar a funcionalidade (funções do corpo,
atividades e participação), maximizando sua independência e autonomia.
➢ Desta forma, a reabilitação atua nas seguintes dimensões da funcionalidade:
mobilidade, comunicação, nutrição e saúde bucal (reabilitação física);
cognição, humor, estado mental, sono e lazer (reabilitação cognitiva-
comportamental); suporte social e familiar (reabilitação sócio-familiar) e no
ambiente físico onde o indivíduo está inserido (reabilitação ambiental).

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