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Este texto apresenta alguns dos indicadores específicos utilizados para o diagnóstico de
situação de saúde.
Como você já sabe, e viu novamente no Módulo 6 desta UA, condições de saúde estão
intimamente ligadas às condições de vida. Então, os indicadores de condições socioeconômicos,
como os relacionados à renda, emprego, saneamento, habitação, escolaridade, etc, são
essenciais ao diagnóstico de saúde.
Estes serão tratados com mais vagar na UA V e aqui nos deteremos apenas em alguns
indicadores específicos clássicos.
Embora sejam indicadores utilizados para a elaboração de planos e pactuações, muitas vezes
são pouco entendidos, tanto em sua construção quanto em sua interpretação.
O DATASUS provê uma ampla base de indicadores e neste Módulo você vai aprender a buscá-
los. Mas, tão importante quanto, é poder analisá-los e compreender seu significado, para que
possam subsidiar de verdade as intervenções propostas.
Aqui, vamos apresentar alguns indicadores, mostrar seu método de cálculo e um pouco de seu
significado.
Durante o Módulo 7, leia com atenção este texto, imprima-o e utilize-o para fazer o exercício final
do Módulo, para os exercícios que virão na UA V e para seu TCC.
Procure compreender muito bem a diferença entre mortalidade e morbidade; entre prevalência e
incidência; entre mortalidade proporcional e taxas de mortalidade. Não é difícil, é só ler com
atenção e treinar um pouquinho.
Uma boa fonte de informação sobre os indicadores é o livro "Indicadores básicos para a saúde
no Brasil: conceitos e aplicações – Livro – 2ª edição – 2008" (disponível em:
http://www.ripsa.org.br/2014/10/30/indicadores-basicos-para-a-saude-no-brasil-conceitos-e-
aplicacoes-livro-2a-edicao-2008-2/), que traz todos os indicadores, seu método de cálculo, seu
significado e interpretação. O livro encontra-se na biblioteca da UA III.
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Com a colaboração Diana Martins Barbosa e Luciana Tricai Cavalini, que realizaram toda a revisão técnica e editorial do
texto.
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Confiabilidade: deve expressar o mesmo valor quando sua apuração é feita por pessoas
distintas, em condições análogas;
1. INDICADORES DE MORTALIDADE
Os indicadores de mortalidade são construídos a partir da análise dos óbitos observados numa
população ao longo de um período.
Podem avaliar o peso de cada causa de morte no total de óbitos (mortalidade proporcional) ou o
risco de morte por uma determinada causa na população (taxas de mortalidade por causas).
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A fonte primária para as informações sobre óbitos são os atestados de óbito preenchidos pelos
médicos, a partir dos quais são tabulados os dados. Nos atestados, solicita-se que a causa seja
preenchida de acordo com o Classificação Internacional de Doenças, versão 10, a CID-10.
A chamada classificação em grandes causas é composta por capítulos – por exemplo, doenças
do aparelho circulatório, neoplasias, doenças do aparelho respiratório, etc.
Cada um desses capítulos pode ser aberto em seus componentes mais detalhados. Por
exemplo, o capítulo de doenças do aparelho circulatório, pode ser detalhado em Infarto Agudo
do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral, entre outros.
O de Neoplasias, pode ser aberto em cada localização do tumor: mama, pulmão, pâncreas etc.
Sempre que você for realizar a análise da mortalidade, comece pelos Capítulos e depois detalhe-
os, dependendo do objetivo.
O problema são as mortes que poderiam ser evitadas. Mortalidade alta em faixas etárias mais
baixas, falam de causas evitáveis, como a mortalidade infantil. Ou mortes por determinadas
causas em pessoas mais jovens. Por exemplo, a morte de uma pessoa por acidente vascular
cerebral aos 58 anos tem significado diferente da morte de uma pessoa pela mesma causa aos
90 anos.
Vamos iniciar pela mortalidade proporcional, porque é muito comumente usada. Aqui, avalia-se o
peso que cada causa de morte tem no total de óbitos observados.
É expressa pela proporção de óbitos por uma determinada causa ocorridos num ano em relação
ao total de óbitos que ocorreram numa população neste ano.
Portanto, a mortalidade proporcional por uma causa sempre se expressa em uma proporção (por
isso, se multiplica por cem).
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Exemplo 1
Calcule a mortalidade proporcional por neoplasias para população de Cai-Cai, sabendo-se que
ocorreram 155 óbitos por esta causa e 938 pessoas morreram por todas as causas em 2017.
Observe que a mortalidade proporcional não permite avaliar se estas mortes são muitas, poucas,
se aconteceram na faixa etária esperada, etc. Apenas nos dá o peso relativo da causa na
mortalidade total.
Muitas vezes, o atestado de óbito não registra a causa de morte de forma correta. Quando os
médicos não conhecem o paciente e/ou não acompanharam a situação, não costumam
preencher a causa de óbito. Atestados preenchidos desta forma, quando não se consegue
realizar a correção, geram na tabulação a classificação de “causas mal definidas”.
O percentual de “causas mal definidas” no total de óbitos, serve para uma aproximação à análise
de desempenho do sistema de saúde, tanto de seu sistema de registro e investigação de óbitos
como, especialmente, reflete falta de acesso a uma fonte regular de cuidado. Quanto mais
mortes por causas mal definidas, pior é considerado o desempenho.
Depois, retire estes óbitos mal definidos do total de óbitos e, agora, sim, calcule a mortalidade
proporcional sobre o novo total. Veja um exemplo.
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Tabela I – Proporção de Óbitos (%) por Grupos de Causas segundo Regiões Brasileiras
– 2011
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Brasil
Oeste
Doenças Apar. Circulatório 25,31 31,04 31,35 30,96 28,58 30,69
Neoplasias 14,08 13,96 17,71 20,51 15,81 16,88
Causas Externas 20,24 15,89 11,10 11,79 17,47 13,36
Doenças Apar. Respiratório 9,66 9,65 12,74 12,23 11,22 11,60
D. Infecciosas/Parasitárias 6,06 4,58 4,52 3,75 4,63 4,50
Afecções originadas período 4,87 2,85 1,65 1,46 2,50 2,16
perinatal
Demais Causas definidas 19,78 22,03 20,93 19,30 19,79 20,81
Todas as Causas 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Ministério da saúde/ SVS- SIM/ DATASUS
1. Lembre-se: quadros tem formato fechado e tabelas, formato aberto. Observe o Quadro I
e a Tabela I acima
2. Tanto quadros como tabelas devem ter títulos que não deixem margem a dúvidas sobre
seu conteúdo
3. Tanto quadros como tabelas devem ter a fonte citada em seu (deles) pé.
Lembre-se: os totais devem bater. Se a soma das proporções está dando 100,01 ou 99,99,
corrija.
Por exemplo, na Tabela I, os totais (os 100%) são os óbitos ocorridos em cada região e no Brasil
distribuídos pelas causas de morte, ou seja, foi calculada a proporção de cada causa no total de
mortes em cada região e no país.
Se você observar a linha das Doenças do Aparelho Cardiovascular, ou qualquer outra linha, verá
que não fecha 100%.
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Para que isso acontecesse, o indicador seria outro: distribuição proporcional dos óbitos de cada
causa por região.
Então vamos lá. A primeira questão importante com relação à mortalidade proporcional, como já
observamos, é que as causas mal definidas não são causas de óbito e se as incluímos no
cálculo junto às outras causas, vamos distorcer os resultados.
A primeira coisa a fazer é calcular o percentual de óbitos por causas mal definidas, como no
Quadro I. Este percentual já é um indicador de qualidade da atenção à saúde. Observe as
diferenças entre as regiões.
Então, para o cálculo da mortalidade proporcional, retire os óbitos mal definidos e calcule as
proporções sobre o total de óbitos com causas definidas. Este é o 100% da Tabela I.
Observe a penúltima linha, em vermelho: “demais causas definidas” . As mal definidas não
entram no cálculo.
Ao analisar a Tabela I, observe que se somarmos as proporções das 6 causas listadas, temos
em torno de 80% dos óbitos. Este é o mínimo que deve ser coberto numa tabela que utiliza
proporções (qualquer tabela ou quadro que utilize proporções).
Se construíssemos, por exemplo, uma tabela que mostrasse que em determinado lugar as
doenças do aparelho respiratório são responsáveis por 20% dos óbitos, as neoplasias por 15% e
as “Demais causas definidas” por 65%, a informação seria pouco detalhada demais.
Então, lembre-se: trabalhando com proporções? Detalhe até cerca de 80% dos casos ou um
pouco mais.
Não faça o contrário e apresente uma tabela com 6 páginas, mostrando todas as causas
possíveis, cada uma aparecendo numa proporção de 0,001%. Não tem utilidade nenhuma. O
computador te dá uma tabela assim? Passe pra excel, some os totais até chegar nuns 15 ou
20% e coloque a categoria “Outros”.
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A utilização da mortalidade proporcional é um bom início, mas não substitui de modo algum o
cálculo das taxas de mortalidade, que veremos no outro item.
Por exemplo, observe a Tabela I, a distribuição proporcional por causas guarda semelhanças
entre as Regiões do Brasil, com exceção da troca eventual entre neoplasias e causas externas
no segundo e terceiro lugares. No entanto, sabemos que o perfil epidemiológico é diferente. Para
avaliar as diferenças, temos que aprofundar o diagnóstico.
Exemplo 2
A mortalidade proporcional por faixa etária permite uma aproximação às condições de saúde de
uma população, na medida em que à medida que melhoram as condições de vida e saúde, as
pessoas vivem mais, morrendo cada vez mais tarde.
Com base nisso, 2 indicadores foram elaborados a partir da mortalidade proporcional por faixa
etária:
É a proporção de óbitos de indivíduos com 50 anos e mais em relação ao total de óbitos, num
determinado ano.
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Exemplo 3
Calcule o indicador de Swaroop-Uemura para uma dada população em 2017, cujo total de óbitos
foi de 2.520 e que nas faixas etárias de 50 a 64 anos e de 65 anos e mais apresentou 587 e
1.019 mortes, respectivamente.
Indicador Swaroop-Uemura = óbitos nas faixas acima de 50 anos (587 + 1.019) X 100 = 63,72%
Total de óbitos (2520)
Este é considerado um bom indicador de nível de saúde, na medida em que leva em conta tanto
a estrutura etária, quanto a mortalidade específica por idades. Assim, os países com piores
condições de saúde, cuja população é mais jovem e a mortalidade é precoce, tem este indicador
mais baixo. À medida que melhoram as condições de vida e saúde, a população envelhece e
baixa a mortalidade precoce, fazendo este indicador crescer até aproximar-se de 100%.
É um indicador utilizado para grandes territórios, já que é afetado pela migração interna.
Cálculo da mortalidade proporcional para cada uma das faixas de: menos de 1 ano, 1 a 4 anos, 5
a 19 anos, 20 a 49 anos, 50 anos e mais.
A partir destes valores, é construída uma curva de mortalidade proporcional, para a qual são
propostos quatro tipos básicos, relacionadas com o nível de saúde.
Tipo I – Nível muito baixo, apresentando mortalidade muito alta nos grupos menores de 1 a no e
de 20 a 49 anos.
Tipo III – Nível regular. A mortalidade infantil é alta, mas o grupo etário com maior proporção de
óbitos é o de 50 e mais anos.
Tipo IV – Nível elevado. Mortalidade alta no grupo de 50 e mais anos e baixo nos demais grupos.
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Assim como calculamos a mortalidade proporcional por causas para a população total, podemos
também calcular para uma determinada faixa etária.
É expressa pela proporção de óbitos por determinada causa ocorridos numa determinada faixa
etária num ano, em relação a todos os óbitos desta faixa etária neste ano.
Mortalidade Proporcional pela causa nº de óbitos pela causa na faixa etária X100
X por Faixa Etária = Total de óbitos na faixa etária
Exemplo 4
Voltando a Cai-Cai, calcule a mortalidade proporcional por neoplasias para as faixas etárias de
10 a 29 anos e de 60 a 79 anos, sabendo-se que ocorreram 3 e 73 mortes por esta causa num
total de 91 e 312 óbitos respectivamente.
MP Neoplasia 10 - 29 anos = 3 (nº de óbitos por neoplasias na faixa etária) X 100 = 4,16%
72 ( total de óbitos na faixa etária)
MP Neoplasia 60 - 79 anos = 73 (nº de óbitos por neoplasias na faixa etária) X 100 = 23,39%
312 ( total de óbitos na faixa etária)
Observa-se, então, que para a população total de Cai-Cai, as neoplasias foram responsáveis por
16,50% do total de óbitos em 2017, mas em cada faixa etária o peso é diferente (reflexo do risco
diferenciado).
Da mesma maneira que foi calculada para um grupo etário, a mortalidade proporcional por uma
determinada causa ou doença pode ser calculada para grupos profissionais, sexo ou quaisquer
outras categorias que se escolham.
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Digamos que alguém diga para você que na cidade de Esperança do Mar aconteceram 20
mortes por câncer enquanto que em Além do Cais aconteceram 300. E coloque a questão: qual
das cidades tem menor mortalidade por câncer?
Para isso servem as taxas, para permitir avaliar o número em relação à população em questão.
Não é possível comparar números absolutos. Para isso, eu preciso de taxas.
Repare que quando falamos da mortalidade proporcional, não falamos em nenhum momento em
número de habitantes. Porque a mortalidade proporcional trabalha sobre o universo de óbitos e
não leva em conta a população, que não apareceu em nenhum dos cálculos que mostramos até
agora. Reparou?
As taxas de mortalidade que englobam todas as causas e podem ser calculadas para
populações totais e por faixas etárias.
Da mesma forma, as taxas de mortalidade específica por uma determinada causa podem ser
calculadas para a população total ou por faixas etárias.
As taxas de mortalidade avaliam o risco global de morte ou o risco de morrer por uma
determinada causa e/ou a uma certa idade.
É definida como o número total de óbitos registrados durante um determinado ano em relação à
população ajustada para o meio do ano (1º de julho).
Exemplo 5
Calcule a taxa de mortalidade geral em Cai-Cai para 2017, sabendo-se que sua população é de
158 mil habitantes e aconteceram 938 óbitos.
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A taxa de mortalidade geral expressa o risco global de morrer de uma determinada população
num determinado período.
É definida como o número de óbitos ocorridos numa determinada faixa etária num determinado
ano em relação à população desta faixa etária ajustada para o meio do ano.
Taxa de Mortalidade por Faixa Etária = nº total de óbitos na faixa etária X1.000
População desta faixa etária
Exemplo 6
Taxa de Mortalidade faixa 10 - 29 anos = 91 (nº total de óbitos na faixa etária) X 1.000 = 1,62/1000
56.180 (população da faixa)
Taxa de Mortalidade faixa 60 - 79 anos = 312 (nº total de óbitos na faixa etária) X 1.000 = 22,45/1000
13.900 (população da faixa)
A taxa de mortalidade por faixa etária expressa o risco de morrer em cada grupo de idade. E
como se poderia imaginar, o risco é bem maior entre as pessoas mais velhas do que entre as
pessoas mais jovens.
As taxas de mortalidade são utilizadas para a avaliação geral de nível de saúde e risco de morte
em uma população.
As taxas de mortalidade por faixa etária podem também ser utilizadas para comparação entre
duas populações.
Já as taxas de mortalidade geral ao serem usadas para comparação, podem gerar alguns
problemas.
Por exemplo, utilizando os dados do quadro II, analise comparativamente o nível de saúde dos
vários países.
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Com base nas taxas gerais, poder-se-ia dizer que as condições de saúde do Paraguai, Egito e
Argélia são melhores que as de Finlândia, Suécia e Noruega, países com os melhores
indicadores de condições de vida do mundo.
Como sabemos que tal fato não é verdadeiro e que os cálculos estão corretos, vamos analisar a
razão de tal resultado.
As taxas de mortalidade geral são influenciadas pela estrutura etária da população. Em uma
população com maior proporção de idosos, a taxa de mortalidade é mais alta, na medida em que
as pessoas com idade mais avançada, por melhor alojadas, alimentadas e assistidas que
estejam, morrem mais que os jovens.
Região A Região B
Faixa etária
Taxa Taxa
(em anos) População Óbitos População Óbitos
(por 1.000) (por 1.000)
0-14 500 2 4,0 400 1 2,5
15-29 2.000 8 4,0 300 1 3,3
30-44 2.000 12 6,0 1.000 5 5,0
45-59 1.000 10 10,0 2.000 18 9,0
60-74 500 20 40,0 2.000 70 35,0
75 e mais 100 15 150,0 400 50 125,0
Total 6.100 67 11,0 6.100 145 23,8
A comparação entre as taxas das duas regiões mostra que apesar de em B as taxas de
mortalidade em todas as faixas etárias serem mais baixas que em A, sua taxa de mortalidade
geral é mais que o dobro da de A.
Isso se deve ao fato de que a estrutura etária das duas populações é muito diferente, sendo que
em A, 74% dos habitantes tem entre 0 e 44 anos e apenas 26% tem mais de 45. Já em B, ao
contrário, 28% tem entre 0 e 44 anos e 72% tem mais de 45 anos.
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Portanto, quando queremos utilizá-las como base para comparar duas populações com estrutura
etária muito distintas, é necessário primeiro padronizar as taxas de modo a torná-las
comparáveis. As taxas de mortalidade geral não padronizadas são chamadas taxas brutas.
Observe no quadro IV, taxas de mortalidade brutas e ajustadas de alguns estados brasileiros e
observe as diferenças.
Observe como os três primeiros estados com taxas brutas menores apresentam taxas
padronizadas maiores e o Rio Grande do Sul, com a maior taxa bruta, tem a menor padronizada,
quando corrigidas as distorções devidas à estrutura etária diferente.
É expressa pelo número de óbitos em menores de 1 ano, num determinado ano, em relação ao
número de nascidos vivos no ano. É expressa por mil.
Exemplo 7
Calcular a taxa de mortalidade infantil de Cai-Cai, uma população sabendo-se que foram
registradas 2.360 nascidos vivos e morreram 38 crianças até 1 ano de idade.
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principais causas são as infecções, diretamente ligadas à qualidade de vida e ao acesso (ou
não) à atenção à saúde de qualidade.
À medida em que melhoram as condições de vida, a taxa de mortalidade infantil vai diminuindo
até expressar menos mortes evitáveis.
Na medida em que cada em que esses fatores causais influenciam de forma diferente os óbitos,
de acordo com o período em que ocorre a morte dentro do 1º ano de vida, para melhor
avaliação, o indicador pode ser decomposto em seus componentes.
Todas as taxas são calculadas tendo por numerador o número de óbitos em cada período
considerado dentro do primeiro ano de vida e o denominador, o número de nascidos vivos.
Na UA V, você terá um texto sobre mortalidade infantil, seus componentes e sua utilização para
definir estratégias de intervenção. E fará uma atividade sobre isso.
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Exemplo 8
Calcule a taxa de mortalidade materna de Vento Forte, onde ocorreram 3 óbitos por
complicações da gravidez, parto e puerpério e que foram registradas 8.500 crianças nascidas
vivas no ano de 2017.
Esta é uma taxa considerada alta. A Organização Mundial de Saúde considera que o valor
máximo aceitável seria de 20/100.000.
Esta taxa reflete o risco de morrer a que estão submetidas as mulheres durante a gravidez, parto
e puerpério e é influenciada pelas condições socioeconômicas, o estado nutricional e, em
especial, à assistência ao parto e pré-natal.
Expressa o risco de morte por determinada causa num dado universo populacional. Pode ser
calculada para a população total ou por determinado grupo etário, profissão ou gênero.
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As taxas de mortalidade específicas por causa geralmente são expressas por 100.000
habitantes.
É expressa pelo número de óbitos por determinada causa ou doença ocorridos durante um ano
em relação à população total ajustada para o meio do ano.
Exemplo 9
Calcule a taxa de mortalidade por neoplasias em Cai-Cai, sabendo que aconteceram 150 mortes
por esta causa para uma população de 158.000 habitantes.
É expressa pelo número de óbitos ocorridos por determinada causa num dado grupo etário
durante um ano em relação à população deste grupo etário ajustada para o meio do ano.
Exemplo 10
As taxas de mortalidade por determinadas causas são utilizadas para uma primeira avaliação da
magnitude de um determinado problema de saúde numa população, construir séries históricas e
realizar comparações.
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2. INDICADORES DE MORBIDADE
Os indicadores de morbidade são mais difíceis de construir pois é mais difícil obter os dados
sobre adoecimento. Enquanto para a mortalidade, utilizam-se os atestados de óbito, documento
obrigatoriamente preenchidos – ainda que nem sempre de forma completa -, para a morbidade
são muitas as fontes de informação, como veremos no próximo item.
A incidência se refere ao número de casos novos de uma determinada doença, os que foram
diagnosticados no período considerado.
O Coeficiente de Detecção de Casos Novos se refere à detecção de casos que não se pode
afirmar que são casos novos/recentes, mas casos antigos apenas diagnosticados no período.
A taxa de incidência/ coeficiente de detecção de casos novos é expressa pelo número de casos
novos de uma determinada doença em relação à população exposta ao risco.
Lembrem-se! Aqui colocamos as formas de expressão usual das taxas. No entanto, estas
podem ser expressas por outra base do coeficiente, dependendo do numerador, de modo a
facilitar a compreensão. Uma taxa de 0.004 por 100.000, fica melhor expressa por 0,04 por
10.000 ou ainda 0,4 por 1000. Todas estas expressões são o mesmo valor. É claro que para que
possam ser comparadas, as taxas devem usar a mesma base.
Nos últimos tempos, infelizmente, você deve ter ouvido muito falar da incidência, com o grande
aumento do número de casos de febre amarela. Aumentou, portanto, a incidência de febre
amarela.
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Exemplo 11
Este indicador expressa o risco de contrair tuberculose em Cai-Cai para toda a população. Como
você já sabe, pode ser calculado também por faixa etária, sexo, gênero, ocupação, etc.
Através desse indicador pode-se comparar os riscos que duas populações têm de adquirir
determinada doença ou como varia o risco numa mesma população ao longo do tempo.
Quando se calcula a incidência, a unidade de tempo pode ser um ano, um mês e, às vezes, para
doenças infecciosas agudas, usam-se períodos de tempo menores (semana, dia).
Você também tem observado isso em relação à febre amarela, em que aumentos na incidência e
nas taxas de incidência são comentados em todos os jornais e orientam a intervenção nas áreas
consideradas de risco.
Infelizmente, neste caso, boa parte do aumento da incidência poderia ter sido evitada por
medidas básicas de vigilância em saúde, como manter as populações vacinadas.
Em muitas áreas, a vacinação contra febre amarela é parte do calendário, por serem áreas
endêmicas – outro conceito que você deve ter ouvido muito. Estas são áreas de risco, porque
naturalmente apresentam as condições para manutenção do ciclo silvestre da doença, que
envolve o macaco. A vacinação previne o contágio das pessoas.
No entanto, a cobertura vacinal estava muito baixa já há tempos e demorou-se a tomar medidas
que seriam de rotina ou, pelo menos, às primeiras mortes de macacos observadas, ainda em
agosto de 2016. Hoje corremos o risco de reintrodução urbana da febre amarela, cujo último
caso foi em 1942.
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A prevalência e a respectiva taxa podem ser medidas por diferentes períodos de tempo,
geralmente de um ano ou de um mês.
Exemplo 12
2014 2015
População População Doentes Doentes População População Doentes Doentes em
1º jan. 1º jul. novos no em 31 1º jan. 1º jul. novos no 31 dez
Salem
ano dez ano
800.000 806.000 94 1.200 812.000 820.000 100 1.260
Taxa de prevalência em 2015 = Casos que passaram de 2014 (1200) X 10.000 = 15,85/10.000
casos novos (100)
População (820.000)
Como em 31 de dezembro de 2015 existiam 1.260 doentes, os restantes 40 casos (1.300 -1.260
= 40) foram os que saíram de observação, seja por morte, cura ou abandono.
As taxas de incidência são utilizadas para avaliação do risco de adoecer por determinada
doença. Já com relação à prevalência, que a rigor é uma proporção, é mais utilizado o número
de casos (numerador), especialmente com objetivo de programação.
2.3. LETALIDADE
É expressa pela proporção do número de óbitos ocorridos pela doença em relação ao total de
casos desta doença.
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Calcule a letalidade do sarampo numa área da Região Norte do Brasil, sabendo-se que nesta
dada população, aconteceram 500 casos e ocorreram 35 óbitos por esta causa.
Cabe observar que a letalidade de uma doença não é para ser confundida com sua taxa de
mortalidade.
Vamos considerar, por exemplo, a raiva. A morte pode ser evitada se o tratamento profilático for
administrado em tempo hábil, após a exposição (em geral, mordida ou arranhadura por cão
infectado, ou morcegos). Uma vez instalados os sintomas, já não há tratamento eficaz e os
casos de cura são raríssimos.
Exemplo 14
Para as doenças agudas e de alta letalidade, a taxa de mortalidade reflete bastante a incidência.
No caso da raiva, de evolução rápida e altíssima letalidade, na imensa maioria das vezes, o
número de casos novos é igual ao número de óbitos. E neste caso, a mortalidade oferece uma
aproximação muito acurada do adoecimento.
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devemos contar com informações sobre morbidade, nem sempre fáceis de obter. Mas, sempre
podemos trabalhar com estimativas, interpretar as informações disponíveis de modo a elaborar
hipóteses iniciais que embasem o trabalho.
No caso de doenças de baixa letalidade, como você pode observar, as taxas de mortalidade
informam pouco acerca de sua incidência e prevalência.
Atualmente, você encontra uma ampla base de dados e indicadores trabalhados pelo DATASUS/
Ministério da Saúde. Neste módulo você aprenderá como encontrá-los.
No entanto, para que sua construção seja possível são utilizadas diferentes fontes de
informação. Se você prestar atenção no pé de uma tabela de indicadores elaborada pelo
DATASUS, verá as fontes utilizadas. Muitas vezes são subsistemas de informação que utilizam
dados de fontes primárias.
Os censos de população e moradia geralmente são realizados de dez em dez anos; porém, nos
períodos intermediários, podem ser atualizados por estimativas ou através do censo simplificado
que faz a coleta de um número reduzido de dados, a Pesquisa Nacional por Amostragem de
Domicílios (PNAD) ou contagem intercensitária da população.
São encontrados nos cartórios de registros civis e fornecem dados sobre nascimentos (vivos e
mortos) e óbitos, que combinados aos dados do censo, permitem calcular os indicadores de
mortalidade infantil, geral e por faixa etária.
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A partir dos registros de óbitos nos cartórios, os órgãos estaduais de saúde e o Ministério da
Saúde, constroem tabulações de mortalidade por causas para o país, que combinadas aos
dados do censo facilitam o cálculo das taxas de mortalidade por causas.
Para a construção dos indicadores, entretanto, deve-se ter em mente problemas que podem
ocorrer pela falta de fidedignidade dos dados.
Especialmente a mortalidade infantil, dependendo da região que se quer estudar, pode ser muito
alterada pelo sub-registro dos nascidos vivos (crianças nascidas em um ano e registradas em
anos posteriores) e de óbitos. Existem questões específicas dependendo do subsistema de
informação utilizado (SIM/SINASC).
Outro problema diz respeito ao estudo da mortalidade por causas. A fonte primária da
informação é o modelo internacional de atestado de óbito.
No atestado devem ser declaradas, separadamente, a causa básica da morte (doença ou lesão,
que iniciou a série de eventos que levaram à morte), as complicações decorrentes e as causas
contribuintes, sendo que para a tabulação das estatísticas de mortalidade é utilizada a causa
básica.
Assim, por exemplo, o sarampo, que pode levar à morte por uma complicação
broncopneumônica, nem sempre é declarado, constando em seu lugar a broncopneumonia.
Outro tipo de problema diz respeito ao registro de óbitos hospitalares por local de ocorrência e
não de residência, fazendo com que em regiões com maior rede de serviços as taxas de
mortalidade aumentem, enquanto em regiões com menor rede, ocorra o contrário.
Para solucionar este problema, os órgãos estaduais de saúde têm a incumbência de fazer a
correção deste dado. No entanto, isto nem sempre ocorre em todas as regiões.
Observa-se, portanto, que frente à obtenção de uma taxa muito diferente da esperada, antes de
partir para a formulação de hipóteses epidemiológicas que a justifiquem, é sempre bom levar em
conta a possibilidade de problemas ligados ao registro.
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Ao lado das doenças de lista internacional – febre amarela, peste, cólera, varíola -, cada país
elabora a sua própria lista.
No Brasil, além da lista básica nacional, constituída apenas por doenças transmissíveis, cada
estado da federação acresce de outras doenças, de acordo com a necessidade ou interesse.
Os registros de morbidade a partir dos diagnósticos realizados pelos serviços de saúde de uma
área podem ser utilizados para uma aproximação da morbidade.
No entanto, é necessário ressalvar que é uma visão bastante parcial e determinada pela própria
forma como se organizam os serviços, a qual condiciona a maneira como a população os utiliza.
Atualmente, a maior fonte de registros é o sistema SIA-SUS para consultas ambulatoriais e SIH-
SUS para internação. São poucos os estabelecimentos de saúde que mantém seus próprios
sistemas de informação. Sendo ambos sistemas utilizados para pagamento, apresenta uma série
de distorções que, em certa media, comprometem a fidedignidade do banco de dados dos
sistemas. Vários estudos vem sendo feitos avaliando os limites à sua utilização, como você verá
na UA V.
Ainda assim, são os sistemas que dispomos e devemos utilizá-lo, sempre levando em conta
suas possíveis limitações.
Para algumas doenças crônicas, são organizados registros específicos, em que se busca
compilar todos os diagnósticos de uma determinada patologia numa determinada área a partir
dos serviços que fazem o diagnóstico e/ou acompanhamento.
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São levantamentos feitos na população com o objetivo de conhecer o seu perfil de morbidade,
por exemplo VIGITEL (sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico).
Os inquéritos na população, quando não existem outras fontes de dados confiáveis, possibilitam
um conhecimento bem mais aproximado das características da população.
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ANEXO
Método direto de padronização de taxas
Este método consiste em analisar as taxas de mortalidade geral que seriam obtidas para duas
ou mais populações, na hipótese de que não houvesse diferença em suas estruturas etárias.
Para isto, elege-se uma 3ª população qualquer, decomposta por faixas etárias, que será utilizada
como padrão. A seguir, aplica-se a essa população as taxas de mortalidade específica para
grupos etários de cada uma das populações que se quer comparar. Obtemos assim o número de
óbitos que existiriam em cada grupo de idades da população padrão caso esta apresentasse as
taxas de mortalidade específicas das populações em estudo. Calculamos, então, as taxas de
mortalidade geral padronizadas:
Exemplo 15
Quadro VII - Cálculo das taxas de mortalidade geral padronizadas para as regiões A e B.
Da mesma maneira como foi realizada a padronização por idades, pode-se também padronizar
por sexo, quando necessário.
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