Você está na página 1de 51

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

ANA ZÉLIA PRISTO DE MEDEIROS OLIVEIRA

CONSTRUÇÃO DE CARTILHA DIGITAL PARA APOIO À EDUCAÇÃO EM


SAÚDE DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO

NATAL/RN
2022
ANA ZÉLIA PRISTO DE MEDEIROS OLIVEIRA

CONSTRUÇÃO DE CARTILHA DIGITAL PARA APOIO À EDUCAÇÃO EM


SAÚDE DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ensino na Saúde, curso de
Mestrado Profissional em Ensino na Saúde
(MPES), da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Ensino na
Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Pétala Tuani Candido


de Oliveira Salvador.

NATAL/RN
2022
FICHA CATALOGRÁFICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde. Curso de Mestrado


Profissional em Ensino na Saúde: Dra. Maria José Pereira Vilar
ANA ZÉLIA PRISTO DE MEDEIROS OLIVEIRA

CONSTRUÇÃO DE CARTILHA DIGITAL PARA APOIO À EDUCAÇÃO EM


SAÚDE DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO

Aprovado em: / /

Banca examinadora:

Presidente da Banca:

____________________________________________________________

Profa. Dra. Pétala Tuani Candido de Oliveira Salvador

Membros da Banca:

____________________________________________________________

Profa. Dra. Monica Barros de Pontes

____________________________________________________________

Profa. Dra. Giovanna Karinny Pereira Cruz

____________________________________________________________

Profa. Dra. Kisna Yasmin Andrade Alves


RESUMO

O aleitamento materno é uma ação comum a todas as mulheres que passaram por um processo
gestacional e tiveram seus filhos e é o fator principal para o crescimento e desenvolvimento na
primeira infância. Muitas puérperas produzem leite além do que seus bebês precisam e, se
saldáveis, esse poderá ser doado. O leite doado poderá ser utilizado em Unidade de Terapia
Intensiva, unidades de internações e alimentam crianças que suas mães não conseguem
amamentar por pouca ou nenhuma produção de leite. O incentivo de doação de leite deve ser
realizado por todos os profissionais de saúde envolvidos no processo gestacional, desde o pré-
natal até o período puerperal. Diante desse contexto, faz-se importante pensar a respeito de
formas que possam facilitar e contribuir para que se aumente a adesão da doação de leite
humano. Nesse panorama, a educação em saúde tem se mostrado como o principal fator
causador da adesão. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo construir material educativo
para apoio à educação em saúde das doadoras de leite humano. Trata-se de um estudo
metodológico com foco na descrição do processo de elaboração de tecnologia educativa para
aprendizado do processo de doação de leite materno para o banco de leite humano. Para a
realização foi utilizado o método ADDIE, que envolve análise, design, desenvolvimento,
implementação e avaliação. Todavia, devido ao viés de tempo não foi possível implementar o
instrumento elaborado. Durante a pandemia, todos os cuidados relacionados ao aleitamento e à
doação de leite humano e, ainda, relacionado ao processamento do leite humano foram
atualizados e todos os profissionais foram capacitados para atuar de forma assertiva com todas
as mudanças e todo esse processo foi desafiador para todos. Durante esse processo, foi
disponibilizado um canal via WhatsApp para que as mulheres pudessem tirar suas dúvidas a
respeito de doação do leite humano e de aleitamento materno. Para a realização do presente
trabalho, foi realizado um levantamento das dúvidas mais frequentes, uma análise
documentação para construir com as respostas necessárias obtidas em documentos oficiais e
artigos científicos. Dessa forma, o presente estudo poderá contribuir de forma positiva para a
disseminação de conhecimento sobre o aleitamento materno e a doação de leite humano
resultando assim, no aumento da adesão de ambos.

Palavras-chave: Aleitamento Materno; Doação de Leite; Educação em Saúde; Tecnologia


Educacional.
ABSTRACT

Breastfeeding is a common action for all women who have undergone a gestational process and
have had their children and is the main factor for child growth and development in early
childhood. Many puerpery women produce milk in addition to what their babies need and, if
saldable this milk can be given. This hand-dealist milk can be used in intensive care units,
hospitalization units and feed children that their mothers cannot breastfeed for little or no milk
production. The incentive to give milk should be performed by all health professionals involved
in the gestational process, from prenatal care to the puerperal period. However, the reality
experienced in health services does not seem to be compatible with the reach and promotion of
benefits, and it is necessary to know and intervene on the multiple factors that determine this
phenomenon, considered simultaneously as a biological and social act, impregnated with
ideologies and market interests. In this context, it is important to think about ways that can
facilitate and contribute to increase the uptake of human milk donation. In this scenario, health
education has been shown to be the main causative factor of the adhering. Therefore, the present
work aimed to build educational material to support the health education of human milk donors.
This is a methodological study focused on the description of the process of elaboration of
educational technology for learning the process of donation of breast milk to the human milk
bank. During the pandemic, all care related to breastfeeding and human milk donation and also
related to human milk processing were updated and all professionals were trained to act
assertively with all changes and this whole process was challenging for all. During this process,
a channel was made available via WhatsApp so that women could answer their doubts about
human milk donation and breastfeeding. To carry out the present work, a survey of the most
frequent doubts was carried out and then a booklet was constructed with the necessary answers
obtained in official documents and scientific articles. Thus, the present study may contribute
positively to the dissemination of knowledge about breastfeeding and the donation of human
milk, thus resulting in the increase in their support.

Keywords: Breastfeeding; Milk Donation; Health Education; Educational Technology.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14

2.1 Geral ................................................................................................................................ 14


2.2 Específicos ...................................................................................................................... 14
3 MÉTODO ............................................................................................................................. 15

3.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................................. 15


3.2 Referenciais Teórico e Metodológico ............................................................................. 15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 18

4.1 Processo de trabalho e as mudanças diante da pandemia: reflexões necessárias ........... 18


4.2 As necessidades de aprendizagem das doadoras ............................................................ 22
4.3 Cartilha digital para apoio às doadoras de leite humano ................................................ 25
5 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE . 44

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 46
8

1 INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, são incontestáveis os benefícios do aleitamento materno (AM) para


o binômio mãe-filho, sendo crescentes as publicações científicas que recomendam está boa
prática, porém a realidade vivenciada nos serviços de saúde parece não ser compatível ao
alcance e promoção dos benefícios, sendo necessário conhecer e intervir sobre os múltiplos
fatores que determinam este fenômeno, considerado, simultaneamente, como um ato biológico
e social, impregnado de ideologias e interesses mercadológicos (ALMEIDA; NOVAK, 2004).
Há estimativa de que a cada ano 820.00 mil mortes em menores de cinco anos poderiam ser
evitadas com o aleitamento materno (VICTORA et al., 2016), o que faz com que este tema
ganhe destaque nas políticas globais de saúde da mulher e da criança.
O aleitamento é uma ação comum a todas as mulheres que passaram por um processo
gestacional e tiveram seus filhos. Além disso, trata-se de uma ação de extrema importância ao
que diz respeito ao binômio mãe-filho, tendo em vista que proporciona diversos benefícios a
estes (MARTINS; BRITO; PEREIRA, 2020).
O aleitamento materno é a prática ideal para a saúde do binômio além de promover
benefícios sociais e ecológicos. Dentre os benefícios podem ser citados: proteção imunológica
que protegerá o recém-nascido em boa parte de sua infância, pois receberá parte dos anticorpos
presentes em sua mãe; além disso, a nutrição recebida através do leite materno possui a
quantidade de moléculas ideais para absorção no organismo do bebê, como água, lipídios,
carboidratos e proteínas que irão intervir diretamente na sua nutrição, crescimento e vínculo
entre mãe e filho, que repercute diretamente na saúde emocional materna, além de fortalecer o
vínculo afetivo entre o binômio; a contribuição para o desenvolvimento cognitivo e a
movimentação do aleitamento, que auxilia no desenvolvimento motor da criança; e a redução
de doenças prevalentes na primeira infância, como diarreia e doenças respiratórias (MARTINS;
BRITO; PEREIRA, 2020; SEVERINO et al., 2021).
Em virtude desses benefícios estabelecidos, organizações internacionais, como
Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),
advogam a favor do aleitamento materno há mais de três décadas, recomendando-o,
principalmente, na primeira hora após o parto, exclusivamente durante seis meses e de forma
continuada, com alimentação complementar, por até dois anos (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1991; 2003).
Assim, a OMS e UNICEF, por meio do lançamento da Inciativa Hospital Amigo da
Criança (IHAC), vêm empreendendo esforços para incentivar no mundo inteiro a proteção,
9

promoção e apoio ao AM (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1991). Entre eles, destaca-


se a publicação “Ten Steps to Successful Breastfeeding” (Dez passos para o sucesso do
aleitamento materno), que são: 1) Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno que deve
ser rotineiramente transmitida a toda a equipe de cuidados de saúde; 2) Treinar toda equipe de
cuidados de saúde, capacitando-a para implementar esta norma; 3) Informar todas as gestantes
sobre as vantagens e o manejo do aleitamento materno 4) Ajudar as mães a iniciar o aleitamento
materno na primeira meia hora após o nascimento; 5) Mostrar às mães como amamentar e como
manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos; 6) Não dar aos recém-
nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tal
procedimento seja indicado por razões médicas; 7) Encorajar o alojamento conjunto – permitir
que as mães e bebês permaneçam juntos – 24 horas por dia; 8) Encorajar o aleitamento materno
sob livre demanda; 9) Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao peito;
10) Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio ao aleitamento materno, para onde as mães
deverão ser encaminhadas, por ocasião da alta do hospital ou ambulatório. Esses passos,
reunem orientações práticas, baseadas em evidências científicas, para que os serviços e
profissionais de saúde apoiem rotinas que promovam o AM (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1991; 2003).
Em 2018, esse documento foi publicado novamente após uma extensa revisão da
literatura científica que o fundamenta, reforçando a adoção dos 10 passos e trazendo novas
direções para o alcance da cobertura universal e sustentabilidade da IHAC (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2018).
No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) adotou esta iniciativa desde 1991 a partir do
Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, que foi incorporado à Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança em 2015 (BRASIL, 1991; 2015), conferindo
o selo de qualidade aos hospitais que, além de alcançarem os 10 passos para o sucesso do
aleitamento, também respeitem outros critérios, como o cuidado humanizado à mulher em todas
as fases do parto, o livre acesso à mãe e ao pai e permanência deles junto ao recém-nascido
internado, durante 24 horas, e cumprir a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos
para Lactentes e Crianças na Primeira Infância (BRASIL, 2015).
Embora a importância do aleitamento seja amplamente divulgada, os índices de
aleitamento materno continuam abaixo do esperado. Assim, com o intuito de fortalecer a
política pública de saúde voltada para o incentivo ao aleitamento materno, criou-se os Bancos
de Leite Humano através da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH-BR), pelo
Ministério da Saúde no ano de 1998 com o papel assistencial de contribuir junto às puérperas e
10

nutrizes com a alimentação dos recém-nascidos e promover, proteger e apoiar o aleitamento


materno, além de coletar e distribuir o leite humano de qualidade, principalmente para mulheres
que apresentam dificuldades para amamentar, além de contribuir para a diminuição da
mortalidade infantil (FIOCRUZ, 2021).
Justino et al. (2019) relatam que, no ano de 1998, a taxa de mortalidade infantil era de
33,1 por mil nascidos vivos, em 2005 essa taxa passou para 22,18 por mil nascidos vivos,
chegando em 2015 a ser 12,42 por mil nascidos vivos e no ano de 2020 para 29,2 por mil
nascidos vivos;. Os autores relatam que as políticas de saúde implantadas contribuíram para
redução da taxa de mortalidade infantil, confirmando o esperado pela RBLH-BR. Tal fato,
revela a importância do impacto do aleitamento materno e das RBLH-BR (que são cerca de 200
unidades em todo o território brasileiro), na adesão do aleitamento materno e doação de leite
humano.
Muitas puérperas produzem leite além do que seus bebês precisam e, se saldáveis, esse
leite poderá ser doado. E, esse leite doado poderá ser utilizado em Unidade de Terapia Intensiva,
unidades de internações e alimentam crianças que suas mães não conseguem amamentar por
pouca ou nenhuma produção de leite. O incentivo de doação de leite deve ser realizado por
todos os profissionais de saúde envolvidos no processo gestacional, desde o pré-natal até o
período puerperal (SOUZA et al., 2021).
Entretanto, a doação de leite humano envolve valores sociais, conhecimento e
organização para os profissionais e para as possíveis doadoras. Dessa forma, é importante
ampliar a capacitação profissional para que esses contribuam com a ampliação dos
conhecimentos sobre a doação e isso possa resultar em aumento no número de doações
(FREITAS et al., 2019).
O estudo de Buges e Pereira (2020) revelou que as doações ocorrem por fatores como
o altruísmo, a benevolência e a resposta empática. Os autores relatam que o que mais contribui
para a doação é quando as mães se colocam no lugar das outras mães que tem passado por
dificuldades para amamentar seus filhos e, ainda, o excesso de leite.
Em contrapartida, Foguiano et al. (2020) relatam em seu estudo que diversos fatores
podem estar diretamente relacionados à adesão da doação de leite materno humano, como: ação
educativa para doação domiciliar, aperfeiçoamento da técnica de coleta, acompanhamento de
um profissional e o monitoramento contínuo.
Por meio da prática de educação em saúde, os profissionais transmitem ao público em
geral conhecimentos gerados cientificamente na área da saúde, afetando efetivamente seu
cotidiano, pois a compreensão das condições que levam à doença oferece incentivos para a
11

adoção de novos hábitos e comportamentos que melhoram o bem-estar e a qualidade de vida


(BRASIL, 2014).
Os Bancos de Leite Humano (BLH) são uma das unidades estratégicas para campanhas
de promoção, pois apoiam e reúnem as mães que são o suporte e são preciosas para os seus
filhos. Assim, faz-se necessário a realização do exercício contínuo e permanente dos
profissionais de saúde para incentivar à doação de leite humano. No entanto, existem alguns
fatores que podem dificultar a doação, incluindo questões operacionais, educacionais e
estruturais (VIEGA et al., 2022).
A informação precoce sobre o assunto abre uma janela de tempo positiva e efetiva para
que as gestantes se interessem, realizem novas pesquisas sobre o assunto, e até mesmo sugira a
outros colegas que estão passando pelo mesmo processo que há muito tempo. Como resultado,
haverá um maior interesse materno na orientação dada, tanto para o aleitamento quanto para a
doação de leite humano. Sabe-se que muitas mães desconhecem todo o processo de doação de
leite, pois não recebem essas informações valiosas dos profissionais de saúde no momento
oportuno para realizar tal prática (VIEGA et al., 2022).
Ainda, ao que se refere aos desafios, destaca-se o atual cenário pandêmico que
ocasionou a redução na doação de leite materno humano devido às medidas de segurança
existentes, como o distanciamento social, o que ocasionou a redução do número de
atendimentos no setor de doação (AZEVEDO et al., 2020).
Além disso, caso a puérpera tenha tido contato com alguém positivado ou suspeito
para a Covid-19, ou esteja infectada pelo vírus, esta fica impossibilitada de realizar a doação de
leite materno humano. Frente a isto, criou-se uma estratégia de coleta em domicílio do leite
doado, o que também é desafiador e perigoso, haja visto que possui a insegurança
microbiológica e risco de contaminação pelo vírus das pessoas envolvidas (CARDOSO et al.,
2021).
Para tanto, a FIOCRUZ (2022), elaborou o passo a passo para coleta de leite à
domicílio que possui cinco passos: 1) Preparação do frasco (escolher o frasco correto, esterilizar
com água fervendo); 2) Preparação para a ordenha (escolher um local limpo e tranquilo; prender
os cabelos, utilizar mascara; higienizar antebraços e mãos com água e sabão e secar com tolha
limpa); 3) Retirar o leite – ordenha (massagear as mamas em formato circular, realizar a retirada
de forma manual firmando os dedos na aréola e empurrando para trás em direção ao corpo, e
necessário desprezar as primeiras gotas para começar a colleta); 4) Armazenamento do leite
coletado (no congelador ou freezer e não encher o frasco, deixar um espaço de dois dedos da
tampa, esse leite poderá ficar até 15 dias congelado, sendo necessário identificar com a data o
12

frasco); 5) Levar a um Banco de Leite Humanos mais próximo ou solicitar a coleta a domicilio
(após o congelamento é só entrar em contato com um BLH que eles realizam a oritação sobre
o processo de doação).
A infecção de gestantes próximo ao momento do parto também tem se tornado
desafiador. Tem sido utilizadas medidas de isolamento do binômio mão-filho com ausência de
aleitamento materna, o que torna mais necessário o banco de leite humano e revela a
importância da doação nesta pandemia (CARDOSO et al., 2021).
Diante desse contexto, faz-se importante pensar a respeito de formas que possam
facilitar e contribuir para que se aumente a adesão da doação de leite humano. Nesse panorama,
a educação em saúde tem se mostrado como o principal fator causador da adesão. Isso, a
proposta que o presente estudo apresenta como instrumento educacional (cartilha), poderá
contribuir para o aumento percentual de doações de leite humano no estado do Rio Grande do
Norte o que resultará no aumento da alimentação de bebês prematuro e daqueles que suas mães
não produzem leite suficiente, isso influenciará positivamente para a redução dos índices de
mortalidade neonatal precoce e tardia no estado do Rio Grande do Norte que faz parte da
segunda regiões com maior índice de mortalidade infantil no Brasil.
No estudo de Bugs, Klinger e Pereira (2020), os autores relatam que, antes de ações
educativas realizadas durante a internação pós-parto, as parturientes não conheciam e não
sabiam sobre a doação de leite humano. Os autores trazem ainda em seu estudo que as
parturientes se dispuseram a doar seu leite após as ações realizadas na maternidade durante sua
hospitalização.
Cabe ressaltar a existência de diversos entraves encarados pela assistência na atenção
primária à saúde, como a cultura em que a população assistida está inserida, logística de gestão,
material necessário ao atendimento adequado e, atualmente, o cenário mundial que é a
pandemia por Covid-19. E, embora todos os esforços encontrem-se voltados a contenção do
vírus e redução dos indicadores de morbimortalidade deste, faz-se necessário reforçar a
necessidade de educação continuada para os profissionais da saúde e as mães sobre o
aleitamento materno, fortalecendo a rede assistencial materno-infantil, e os atributos da atenção
primária á saúde, como o da integralidade.
Apesar das iniciativas da campanha mundial para o aleitamento materno terem sido
estabelecidas há quase 30 anos, as taxas globais de aleitamento materno permanecem muito
abaixo das metas internacionais (HADDAD et al., 2015). No Brasil, o cenário obteve melhorias
significativas com tendência ascendente até 2006, porém estabilizou seu crescimento e os
13

índices ainda não alcançaram o nível satisfatório recomendado pela OMS, superior a 50%
(BOCCOLINI et al., 2017; VENANCIO; SALDIVA; MONTEIRO, 2013).
Frente ao exposto, reflete-se sobre o papel dos profissionais de saúde, especialmente
dos que estão em formação nas residências multiprofissionais, em que as ações
interdisciplinares promovidas no seu processo de ensino-aprendizagem poderiam beneficiar
consideravelmente o manejo efetivo do AM. Assim, há muito interesse no Sistema Único de
Saúde (SUS) em intervenções de promoção do AM que promovam melhoria nos resultados nas
taxas de aleitamento materno, sendo indispensáveis o cumprimento dos 10 passos
recomendados pela OMS e UNICEF, especialmente do segundo passo, relacionado ao
treinamento da equipe para apoiar o AM.
A partir disso, o presente estudo se propõe a desenvolver material educativo para
apoiar profissionais atuantes na Maternidade Escola da UFRN, assim como os profissionais
atuantes na atenção primária à saúde, para a realização de educação em saúde das doadoras de
leite humano, com base na seguinte questão de pesquisa: como deve ser estruturado material
educativo para apoio à educação em saúde das doadoras de leite humano?
A escolha em desenvolver esse material partiu da vivência da pesquisadora, tendo em
vista que tem uma formação em enfermagem obstétrica e atua na área da obstetrícia há 30 anos,
especificamente na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC). Além disso, a sensibilidade
para realizar o presente estudo surgiu a partir do desenvolvimento de atividades de ensino,
capacitação e preceptoria na área do Aleitamento Materno, em que a pesquisadora pode atuar
como Colaboradora, Docente e Preceptora junto aos cursos de graduação e residência na área
de saúde (Enfermagem e Medicina), bem como em projetos de extensão que envolvem a
temática. Já foi também referência na região nordeste da Rede Brasileira de Banco de Leite
Humano/FIOCRUZ/MS.
No ano de 2013, a MEJC passou a ser administrada pela Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH) e teve como foco a formação de equipe multiprofissional e
Residência Multiprofissional em Saúde, voltada para atenção Materno-Infantil, tendo o
Aleitamento Materno como um dos pilares da formação dos futuros profissionais nas áreas de
Enfermagem, Farmácia, Serviço Social e Nutrição, onde é desenvolvido ações de capacitação
e preceptoria nessa temática pela pesquisadora.
A MEJC passou, desde então, por transformações estruturais no âmbito do binômio
ensino-aprendizado, exigindo cada vez mais que os profissionais que exercem as suas
atividades laborais na instituição estejam a par de novas metodologias educacionais, na
identificação de problemas, no desenvolvimento de ações que tragam impacto resolutivo, com
14

eficácia e eficiência, e possam ser transformadores nas condutas assistenciais, de capacitação e


de ensino, nas diversas áreas temáticas da saúde Materno Infantil, particularmente no âmbito
do Aleitamento Materno.
Atualmente o mundo está inserido em um contexto digital que tem influenciado no
cenário pandêmico e contribuído para as mudanças no processo de ensino-aprendizado. Assim,
as Tecnologias da informação e comunicação tem contribuído no campo da saúde oferecendo
um leque de possibilidades e interação, de fácil adaptação, transformando o processo de ensino
e estimulando a utilização de novas metodologias para disseminação de informações no formato
digital, sendo um diferencial na Educação à Distância (BARROS, 2009).
Com base nisso, o desenvolvimento da ferramenta proposta (a cartilha educativa) pelo
presente estudo poderá contribuir positivamente para o aumento na doação de leite para o banco
de leite humano e aumento na disseminação de conhecimento sobre a doação de leite humano.
Além disso, cabe ressaltar a necessidade da construção de um material educativo que contribua
com o processo de educação em saúde e de educação continuada. E, este material irá estimular
e contribuir com a educação permanente de profissionais atuantes tanto na atenção primária à
saúde quanto em maternidades ampliando o conhecimento dos profissionais a partir de uma
metodologia ativa.
15

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Construir material educativo para apoio à educação em saúde das doadoras de leite
humano.

2.2 Específicos

 Identificar quais as adaptações de fluxo de doação que foram necessárias serem


realizadas no contexto da pandemia;
 Identificar as principais dúvidas das doadoras relacionadas à doação de leite humano;
 Desenvolver uma cartilha digital para apoio à educação em saúde das doadoras de leite
humano e da educação permanente em saúde dos profissionais atuantes.
16

3 MÉTODO

3.1 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo metodológico com foco na descrição do processo de elaboração


de tecnologia educativa para aprendizado do processo de doação de leite materno para o banco
de leite humano.
O estudo metodológico envolve a investigação de métodos para obtenção e organização
dos dados de uma pesquisa. Além disso, são capazes de desenvolver ferramentas e métodos de
pesquisa para o desenvolvimento de materiais sólidos e confiáveis (POLIT; BECK, 2011).

3.2 Referenciais Teórico e Metodológico

O desenvolvimento da cartilha teve como referencial teórico os princípios da Educação


popular em saúde descrita por Paulo Freire. Uma vez que Paulo Freire sistematiza a educação
popular na saúde e afirma que está se constitui um norte na relação entre as classes populares.
No que se refere a educação popular, o Brasil teve um papel pioneiro na constituição desse
método, construindo e inovando novos saberes desde a década de 1950 (BRASIL, 2007). Com
isso, tornou-se indispensável a utilização dos conceitos de Paulo Freire para alcançar os
objetivos propostos.
Além disso, para atingir os objetivos, o percurso metodológico foi estruturado com base
nas fases do método ADDIE . O método ADDIE, significa Analyze (Análise), Design, Develop
(Desenvolvimento), Implement (Implementação) e Evaluate (Avaliação) (GAVA; NOBRE;
SANDERMANN, 2014). Cada fase compõe atividades estratégias para atingir o objetivo pré-
estabelecido inicialmente.
Na Análise, é realizado o diagnóstico da situação e/ou identificação dos problemas de
desempenho que poderão demandar uma intervenção de capacitação. Na fase de Design é feito
o planejamento do constructo que será utilizado como instrumento para a intervenção de
capacitação.
A terceira fase é o Desenvolvimento, nessa fase será colocado em prática as fases
anteriores, o instrumento será construído de acordo com o que foi planejado. A quarta fase que
é a de Implementação é a etapa de treinamentos e aplicação prática do instrumento que foi
construído. E, a quinta fase é composta pela Avaliação, esta fase dividida em duas etapas e
formativa que é realizada ao final de cada etapa anterior com o objetivo de identificar a
17

necessidade de ajustes e melhorias e a somática que tem por objetivo avaliar o aprendizado
adquirido a partir do instrumento construído.
Esse método tem sido utilizado no processo de construção de material educativo na área
da saúde, principalmente na educação a distância e na construção de ferramentas tecnológicas.
É importante destacar que as fases supracitadas se relacionam entre si durante o processo de
construção do material. Todavia, devido ao viés de tempo, só foi possível desenvolver nesse
momento quatro das fases supracitadas, de modo que as fases de implementação e avaliação
somática ficarão para execução posteriori do mestrado.
Diante disso, as fases do processo ADDIE que foram desenvolvidas estão descritas a
seguir:
 Análise: Para cumprir essa etapa no desenvolvimento do presente estudo, foram
identificadas as principais dúvidas geradas pelas doadoras a partir do canal
disponibilizado durante a pandemia através do WhatsApp para a elaboração do material.
Além disso, com o objetivo de refletir sobre as adaptações de fluxo que foram
necessárias no contexto da pandemia de forma a associar as dúvidas com a atual conduta
instituída pela FIOCURZ. Portanto, foram tecidas reflexões decorrentes da experiência
de vivência da atuação profissional da pesquisadora junto de uma análise documental
descrita a seguir. A análise documental foi realizado a partir de documentos disponíveis
na internet pela FIOCRUZ e de relatos de experiência publicados em formato de artigos
científicos, sobre a temática estudada. Esse levantamento bibliográfico foi utilizado para
descrever os processos que são utilizados e seguidos no banco de leite humano. Esse
levantamento bibliográfico foi realizado a partir do que se encontra disponível na
internet após início do período pandêmico que corresponde a janeiro de 2019 até maio
de 2022. Foram utilizadas as bases de dados bibliográficas da PUBMED, Sistema
Online de Busca e Análise de Literatura Médica - MEDLINE, Biblioteca Virtual de
Saúde – BVS e Scopus. Para essa busca, usou-se os descritores disponíveis no
Descritores em Ciências da Saúde – DsCs/Mesh: Bancos de Leite, Educação em Saúde
e Tecnologia da Informação, com os operadores AND e OR. Os materiais coletados a
partir da análise documental foram usados como base para fundamentação teórica dos
resultados que serão apresentados no presente trabalho.
 Design: Nessa fase, foi estabelecido o que a ferramenta construída iria abordar. Foi
estabelecida as imagens e os textos com uma abordagem que seja entendida
independentemente do nível de instrução de quem terá contato com o material.
18

 Desenvolvimento: Para a efetivação desta fase, os pesquisadores tiveram o apoio de


profissional da área audiovisual, especificamente para a construção da cartilha, o que
foi realizado utilizando a ferramenta CANVA, ferramenta gratuita de design gráfico
online.
 Avaliação: Essa fase foi realizada junto a profissionais especialistas na área para avaliar
o levantamento bibliográfico e o material desenvolvimento. Sendo então executado a
avaliação formativa.
Todos os relatos de experiencias descritos a seguir foram realizados a partir da vivência
que a pesquisadora teve durante seus anos de serviços prestados no banco de leite humano.
Além disso, estes relatos foram a base para a construção da cartilha educativa.
19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente tópico será dividido em três partes. A primeira trata-se de reflexões com base
no processo de proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno infantil que o Banco de
Leite Humano se objetiva a fazer diante da pandemia do Coronavírus. A segunda parte que o
presente tópico abordará será sobre a necessidade de aprendizado das doadoras de leite humano
no que se refere ao processo de doação e a funcionalidade do Banco de Leite Humano. Na
terceira parte será apresentada a cartilha, produto da presente dissertação. Essa cartilha irá
abordar todos os tópicos principais diante do processo de trabalho do Banco de Leite Humano
e buscará responder as principais dúvidas das gestantes, parturientes e puérperas.

4.1 Processo de trabalho e as mudanças diante da pandemia: reflexões necessárias

Março de 2020 é marcado pela declaração da OMS sobre a pandemia ocasionada pelo
SARS-CoV-2 que começou em Wuhan, província de Hubei, na China ainda em dezembro de
2019 (COSTA et al., 2021). Diante disso, todos os países se prepararam para tentar conter a
pandemia e procuraram medidas protetivas de forma a garantir que não houvesse
descontinuidade nos atendimentos e nos serviços de atenção à saúde já existentes.
Nesse contexto, a nota técnica da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH)
contempla os procedimentos de rotina e as condições mínimas necessárias ao funcionamento
de um BLH (FIOCRUZ, 2021). Porém, diante da pandemia da COVID-19, foi necessário a
reformulação dos cuidados necessários e de como proceder diante do atual cenário mundial.
Sabendo disso, foi lançada pela rBLH uma nova nota técnica, agora sobre como orientar
os serviços de Bancos de Leite Humano quanto a medidas de prevenção e controle do novo
coronavírus (SARS-COV-2) a serem adotadas na assistência e processamento do leite humano
além do processo de aleitamento materno.
Na nota técnica n. 01/20.170320, elaborada pela Rede Brasileira de Bancos de Leite
Humano, buscou-se orientar a manutenção do aleitamento por falta de elementos que
comprovem que o leite materno possa disseminar o coronavírus. Com esse documento, foi
possível orientar todas as doadoras e a receptoras e garantir a essas a segurança necessária para
que a doação do leite humano não deixasse de acontecer (REDE BRASILEIRA DE BANCOS
DE LEITE HUMANO, 2021).
20

Cabe destacar que o amamentar durante o período de pandemia tornou-se um fator


protetor para os recém-nascidos, tornando-se então uma recomendação do MS que o
aleitamento materno fosse mantido desde a sala de parto, no alojamento conjunto, Unidade de
Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN), enfim, em todos os setores da maternidade (REDE
BRASILEIRA DE BANCOS DE LEITE HUMANO, 2021).
Ao chegar em casa, se a mãe estiver com suspeita ou com diagnóstico de COVID-19
poderá amamentar como se estivesse em bom estado geral com alguns cuidados higiênicos, de
acordo com as recomendações gerais, as quais persistem até então, que são: utilizar máscara
facial cobrindo boca e nariz completamente durante as mamadas e evitar tossir ou falar durante
a mamada do bebê, trocar a máscara se houver caso de espirro ou tosse ou a cada nova mamada,
lavar as mãos com frequência, utilizando água e sabão por pelo menos 20 segundos de duração
antes e após tocar o bebê e antes e após retirar leite materno manualmente ou com bomba
extratora e se não for possível, realizar a higienização com álcool à 70% (FIOCRUZ, 2020).
Porém, caso as mães ainda não se sentissem à vontade para amamentar mesmo com
todas as recomendações repassadas, elas poderiam ser orientadas conforme a Cartilha para a
mulher trabalhadora que amamenta, elaborada pelo Ministério da Saúde em 2015.
Já no que diz respeito ao processamento do leite doado ao chegar no banco de Leite
Humano, as orientações foram com base na Norma que fixa as condições exigíveis para limpeza
e desinfecção de ambientes e faz parte da rotina estabelecida para controle de qualidade do leite
humano ordenhado em BLH. Essa nota fixa foi apenas atualizada para condições específicas de
limpeza e desinfecção, sendo então incorporados a limpeza de pisos e paredes, em que o agente
escolhido deve ser o hipoclorito de sódio a 0,5% e as superfícies metálicas, que podem sofrer
ação corrosiva pelo hipoclorito; bancadas, móveis e equipamentos precisaria utilizar álcool
70% (FIOCRUZ, 2020).
Uma outra mudança que ocorreu foi referente as condições exigíveis para higiene de
funcionários/doadoras de BLH. Foi, assim, atualizada uma Nota fixa sobre a temática,
incorporando nessa orientações quanto as práticas de higiene pessoal para funcionários e
doadoras, em que se tinha a recomendações sobre a higienização das mãos corretamente antes
de realizar seus processos, a utilização de toalhas descartáveis, sempre que possível, e
paramentação mínima para funcionários (gorro, máscara, luva e óculos de proteção) e para
doadoras (gorro, máscara e avental, na coleta domiciliar, o uso de avental é facultativo, bem
como gorro e máscara). Incorporou-se, também, a necessidade de após o contato com o leite
humano, a higiene das mãos com água e sabão e secando com toalhas descartáveis (FIOCRUZ,
2020).
21

Outra orientação à respeito da sala de manipulação e ao ambiente de ordenha do leite


humano foi a não permissão para a utilização de adornos pessoais, a fim de evitar contaminação
de que??, bem como o uso de cosméticos voláteis, além de não ser permitido conversar, fumar,
comer, beber e manter plantas, objetos pessoais ou quaisquer outros que não estejam sendo
utilizados, nas áreas de manipulação e ordenha. Ainda, recomendou-se que as doadoras e os
funcionários não devem roer unhas, esfregar os olhos e tocar o rosto com as mãos (FIOCRUZ,
2020).
Já no que se refere aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), foi utilizado como
base um documento da ANVISA (2020), o qual descreve a necessidade de jaleco de mangas
longas (utilizado apenas no ambiente de trabalho), gorro (com troca a cada turno de trabalho),
máscaras N95 e FFP2, óculos de proteção individual, higienização das mãos, luvas de
procedimento (trocar quando apresentarem furos ou sujidades, trocar a cada paciente, é
importante destacar que não é recomendado a utilização de álcool nas luvas, pois poderá
danificar o látex) ao retirar as luvas é necessário lavar as mãos imediatamente.
Outra orientação que foi utilizada nesse período foi a recomendação quanto a ordem de
paramentação com os EPIs, tanto para inserção (jaleco, máscara, óculos, gorro e luvas) quanto
para retirada (luvas, gorro, óculos, capote, máscara), sempre com a finalidade de evitar a
contaminação e manter todos os parâmetros de qualidade no leite doado (FIOCRUZ, 2020).
Além disso, no tocante à estrutura, todo o ambiente do banco de leite humano passou
por ajustes conforme as orientações da OMS, de modo que houve aplicação de vidros protetores
nas bancadas que funcionaram de barreira entre o profissional e a pessoa que vinha entregar a
doação do leite humano, reduzindo o contato para prevenir possíveis infecções ocasionadas
pelo vírus.
Quanto ao transporte do leite humano ordenhado e doado, não houve alteração no
processo, uma vez que esse processo já era bem rigoroso quanto aos cuidados necessários. Cabe
destacar que há a necessidade de que o veículo para transporte seja climatizado a baixa
temperatura e apresente condições higiênicas e sanitárias adequadas (FIOCRUZ, 2020). Os
profissionais que realizam a coleta externa (rota) não entravam nas residências, realizavam a
coleta mantendo o distanciamento de segurança, uso de EPIe desinfecção das sacolas com
álcool à 70% no momento da coleta.
Também não houve alterações quanto aos cuidados necessários aos aspectos a serem
observados na recepção do LHO cru, que devem integrar o controle de qualidade de rotina dos
BLH. Porém, foi reforçado quando a higienização das mãos, utilização de álcool em gel à 70%
e uso de máscara.
22

Todavia, como profissional atuante nesse processo, acredita-se que houve ganhos, uma
vez que foi possível fazer com que as mulheres continuassem amamentando seus filhos. No
início, houve resistência e desistência, pois as doadoras não queriam ter contato com os
profissionais com medo de infecção por covid-19. Esse foi um período desafiador para a equipe
porque, mesmo que houvesse a explicação previamente de como funcionaria o processo de
aleitamento e de doação, com todo o rigor de paramentação e cuidados para evitar a infecção
por Covid-19, algumas doadoras recusavam, temendo possível exposição. Após campanha
vacinal iniciada como também divulgação a nível nacional, superamos os desafios, foi possível
o retorno das doações de leite humano coletado.
Algumas dessas mães foram infectadas pelo vírus do covid-19 e ficaram
impossibilitadas de doar seu leite, uma vez que um dos critérios para doação, seguindo a RDC
171 ANVISA/MS (2026), consiste no fato de que a doadora tem que ser uma mulher saudável
e isso foi reforçado, porém, essas mesmas mães foram orientadas a respeito de continuar a
amamentar seus filhos com os cuidados necessários para evitar a contaminação, que são os
cuidados gerais orientados pelo MS.
Fazer com que essas mães entendessem a importância do aleitamento materno e retirar
e/ou amenizar as angústias, dúvidas e medo foi um desafio que a equipe conseguiu vencer. Para
isso, foi possível contar com o material disponibilizado pelo MS e Fiocruz que ficou exposto
para todos no serviço.
Em decorrência da pandemia, um outro ganho para o BLH, localizado na MEJEC, foi a
disponibilização de um canal via WhatsApp, tornando mais fácil e prático para essas mulheres
tirassem suas dúvidas que funciona até hoje.
Mesmo em meio a tantos obstáculos, procurou-se manter a credibilidade a partir da
passagem de confiança através das instruções repassadas pelos profissionais que atuam no
BLH, acredita-se que a educação em saúde foi a principal fonte de o serviço não parar.
Ressalta-se, também, que o BLH foi de extrema importância no momento da pandemia
para as mães que tinham seus bebês internados na UTI neonatal, pois essas não podiam estar
todos presentes no setor para evitar aglomeração. Assim, elas iam para suas residências onde
eram aconselhadas a realizar a retirada do seu leite e levar no dia seguinte para o hospital, onde
esse passava pelo processo pasteurização para que fossem dados aos seus bebês. Esse
procedimento era realizado para garantir a segurança e qualidade alimentar a esses bebês
prematuros.
Pode-se citar como ganho a comunicação e a confiança que existia entre as doadoras e
a equipe, pois essas eram comunicadas sobre a necessidade de informar a equipe caso algum
23

sinal e sintoma gripal surgisse após a doação, uma vez que seu leite doado precisaria ser
descartado e essa dinâmica conseguiu ser realizada com sucesso.
Porém, infere-se, a partir da vivência, que houve perdas no que se refere nesse processo
pandêmico. A grande perda foi em relação a mortalidade materna/infantil que se elevou em
decorrência do Covid-19. Muitas mães foram à óbito em decorrência do Covid-19 e deixaram
seus bebês saudáveis. Tal fato pode ser observado em decorrência das solicitações de leite
materno doado ao BLH localizado na MEJEC por diversas maternidades de âmbito público e
privado.
Para esses bebês, o BLH foi de extrema importância. A equipe realizou um trabalho de
orientação aos familiares e aconselhamento sobre o quão importante seria que essas crianças
recebessem leite materno, mesmo que de outras mães e as famílias conseguiam doações,
levavam ao BLH e o banco realizou todo o processo de pasteurização, controle de qualidade e
distribuição para referidas crianças.
Todavia, houve uma redução de cerca de 25% nas doações, mas acredita-se que tenha
ocorrido em decorrência da falta de informação, incerteza e medo em relação ao desconhecido
que era a Covid. O percentual de redução foi observado em decorrência da adesão no próprio
serviço. Após o início da vacinação as doações voltaram ao normal.
O BLH, portanto, foi de extrema importância para as mães que tiveram COVID, pois,
os profissionais do banco conseguiram fazer com que houvesse a redução dos medos e as mães
com Covid conseguiram amamentar seus filhos com mais segurança.
Atualmente, tem muitas doadoras como também recém nascido necessitando de doação
de leite humano, porém se tem destacado um desafio na MEJC em relação a contradições no
que se refere as orientações realizadas por profissionais que estão seguindo novos métodos,
com protocolos internacionais. Esses que não são os estabelecidos pelo MS e Fiocruz. Isso tem
tornado desafiador as orientações realizadas pelos profissionais do BLH. E, até que essa norma
internacional seja estabelecida como padrão aqui no Brasil, teremos que usar a RDC atuante.
Sabendo disso, é indispensável que exista um material com aplicações práticas a respeito
desse processo para que seja implantado em todas as maternidades do Rio Grande do Norte e
que seja utilizada por todos os profissionais de saúde que atuam diretamente com o processo de
aleitamento materno e o processo de cuidados do binômio, incluindo também as gestantes,
parturientes e seus parceiros. O processo de educação em saúde é essencial nessa etapa para
envolver e ampliar o percentual de doação de leite humano.
24

4.2 As necessidades de aprendizagem das doadoras

A Rede Brasileira de Doação de Leite Humano possui algumas cartilhas que, embora
pouco divulgadas, contribuem para a disseminação de conhecimento sobre a doação de leite
humano, todavia, ainda não foi criado um instrumento de disseminação de divulgação com
enfoque nas principais dúvidas locais.
No banco de leite humano da MEJC existem materiais disponibilizados pela FIOCRUZ
e os profissionais atuantes são capacitados para responder toda e qualquer dúvida que surgir e
ainda estimular as mulheres para que venham a amamentar seus bebês e ainda doar seu leite.
Sabendo que a maioria das mulheres possuem pouco ou nenhum conhecimento a
respeito da doação de leite humano, durante a pandemia, na MEJC, foi disseminado um canal
através do aplicativo WhatsApp de forma que as dúvidas das doadoras fossem sanadas.
Assim, foi realizado um levantamento das dúvidas frequentes dos atendimentos
ocorridos no período de março de 2020 a dezembro de 2021, sobre as perguntas frequentes
realizadas pelas doadoras. Durante a compilação das perguntas mais frequentes no canal de
WhatsApp disponibilizado para dúvidas, observou-se que havia dúvidas muitos frequentes ao
processo de coleta, armazenamento e entrega do material coletado ao banco de leite,
respectivamente. As perguntas com mais repetições estão listadas no quadro 1.

Quadro 1 – Lista das perguntas/temas que são realizadas com maior frequência. Natal-RN,
Brasil, 2022.
Perguntas/temas com maior frequência no canal de comunicação do Banco de Leite Humano
Importância do aleitamento materno
Quem pode doar o leite materno?
Estou com sintomas gripais posso realizar a doação do meu leite?
Como fazer a coleta de leite para doação?
Posso receber leite do banco de leite? Quais os critérios?
O que é ou por que pasteurizar leite materno para poder ser dado a outro RN?
Para fazer doação de leite humano posso realizar coleta com bomba extratora?
Até quanto tempo após o parto eu posso ser doadora?
Como saber se o bebê está satisfeito?
Meu leite é fraco? Por que é tão amarelo?
Pouco leite, o que posso fazer para aumentar a produção?
De quanto em quanto tempo preciso amamentar?
Sou usuária de drogas, posso amamentar?
Uso de medicamentos contraindicam a amamentação?
Existe alguma doença que me impeça de amamentar?
Posso amamentar e ingerir bebida alcoólica?
Como eu reconheço que meu leite está sendo suficiente para meu bebê?
O meu leite muda a composição como posso oferecer o meu leite mais gordo?
Como fazer para manter amamentação após retornar ao trabalho?
Meu filho encontra-se impossibilitado para sugar, como posso fazer para ofertar meu leite materno para ele?
Anteriormente fiz cirurgia de redução de mama será que eu tenho condições de amamentar meu filho?
25

Sou mastectomizada unilateral será que possa amamentar na outra mama?


Meu filho ao nascer ficou na UTIneo, será que tem possibilidade de ainda amamentar?
Fonte: Elaboração própria.

Em seguida, as dúvidas foram analisadas e as que tinham a maior frequência foram


eleitas para a construção de uma tecnologia educacional, a qual se acredita que irá contribuir de
forma positiva para a doação de leite humano de modo geral. Esse instrumento, construído em
formato de cartilha, foi elaborado com o propósito de englobar as dúvidas e ainda tornar mais
acessível os cuidados necessários para doação de leite humano. Essa cartilha conta com todas
as atualizações realizadas após o período de pandemia do Coronavírus. Além disso, essa cartilha
foi construída da forma mais didática possível para influenciar de forma positiva no
aprendizado e atrair o leitor.
Para tanto, foi realizado um levantamento documental sobre as informações necessárias
para a construção da cartilha. As informações foram coletadas em artigos científicos,
documentos oficiais da ANVISA, informações disponíveis no site da FIOCRUZ, da Sociedade
Brasileira de Pediatria e da OPAS. Essa cartilha buscou abordar exclusivamente as cinco
principais etapas dobre a doação de leite humano que são: preparar o frasco, preparar para
realizar a coleta, retirar o leite, armazenar o leite e a realização do transporte.
Durante o levantamento das dúvidas das doadoras, foi possível observar que há pouca
disseminação de conhecimento a respeito da doação de leite humano, sobre os cuidados
necessários e sobre os benefícios do aleitamento materno. Além disso, foi possível observar
uma fragilidade nas informações passadas durante o pré-natal, uma vez que é de extrema
importância que as gestantes sejam orientadas a respeito do aleitamento materno, os cuidados,
os benefícios para a mãe e o bebê.
Sobre isso, a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e
Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) - Estratégia
Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), objetiva qualificar os profissionais atuantes na atenção
primária à saúde para estimular a promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável
para menores de dois anos (BRASIL, 2015).
Carvalho et al. (2018) relatam em seu estudo que a Estratégia de Saúde da Família
mostra-se um espaço privilegiado para as ações de promoção, proteção e apoio ao AM, uma
vez que é um ambiente favorável para essas práticas educativas desde o pré-natal, o que deve
fazer parte da agenda de toda a equipe de saúde, sendo fundamental a formação do vínculo
desses profissionais com a dupla (mãe-filho e famílias), possibilitando apoio, esclarecimentos
26

sobre as intercorrências comuns de forma a realizar a promoção da saúde e estimular a adesão


ao aleitamento materno.
Outrossim, o estudo de Silva et al. (2017) revelou em seus achados que a orientação e o
treinamento realizado durante o período gestacional sobre aleitamento materno e doação de
leite humano contribuem positivamente para adesão do aleitamento materno exclusivo e
aumentam o número de doações dessas puérperas. O estudo descreve ainda a importância do
trabalho em conjunto dos profissionais atuantes no BLH e dos profissionais da ESF.
No estudo de Luna, Oliveira e Silva (2014), os autores relatam que o motivo para o
número de adesão da doação de leite humano não aumentar é a falta de comunicação entre os
profissionais do BLH e da APS. Assim, os autores descrevem que parcerias efetivas entre essas
duas equipes podem contribuir com o aumento do número de doações proporcionando
manutenção do estoque de leite no BLH e garantindo a melhoria da atenção à saúde das
crianças, das mães e de toda população.
Entende-se que existem estratégias que contribuem para o aumento da adesão do
aleitamento materno e da doação de leite humano. Assim, os resultados do presente estudo
revelaram que se faz necessário a reorganização das equipes e a construção de uma ligação
entre os profissionais da ESF e do BLH de forma que esses possam atuar em conjunto na
promoção de saúde.

4.3 Cartilha digital para apoio às doadoras de leite humano

A cartilha construída contém uma breve introdução a respeito da importância do


aleitamento materno e da doação de leite humano, além de aspectos gerais sobre as condições
para ser doadora. Em uma segunda etapa da cartilha é abordado os cinco passos para a
realização de leite humano descrevendo de acordo com as normas estabelecidas pós período
pandêmico do coronavírus.
A cartilha possui dezoito páginas e uma linguagem simples que pode ser entendida
independentemente do nível de instrução de quem está lendo, com figuras, imagens e desenhos
que ajudam a prender o leitor na leitura. Foi ainda disponibilizado os canais para tirar dúvidas
e os locais de doação do leite. Tais fatos, podem ser conferidos na apresentação da cartilha a
seguir.
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45

5 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

A educação continuada em saúde vem trazendo inovações que contribuem


positivamente para o aprendizado de profissionais em atuação de forma significativa, a qual
tem como característica a inserção da realidade de forma crítica, o que proporciona um melhor
aprendizado dos profissionais de saúde (RIBEIRO; SOUZA; SILVA, 2019).
A cada dia, os profissionais são desafiados a coisas novas e, com isso, devem estar
preparados para acompanhar as constantes mudanças em sua área de atuação e, assim, faz-se
necessário um grupo de profissionais que atue no processo educacional desses profissionais
(RIBEIRO; SOUZA; SILVA, 2019).
Porém, nem sempre é possível que tais fatos aconteçam, uma vez que durante o processo
de trabalho ocorrem diversos impedimentos que muitas vezes provocam falhas nesse processo
educacional. Neste cenário de desafios, recentemente teve-se a pandemia da COVID-19 que
voltou a atenção de todos os profissionais de saúde em busca de combater o vírus.
Além disso, tem-se ainda a sobrecarga de trabalho, limitação ou escassez de recursos e,
muitas vezes de profissionais também, além de pouca ou nenhuma qualificação continuada dos
profissionais atuantes, ausência de liderança qualificada ocasionando défices na assistência à
saúde (GARZIN; MELLEIRO, 2019).
Para tanto, a incorporação de estratégias de ensino com a utilização de metodologias
ativas pode contribuir com a qualificação continuada dos profissionais atuantes, de forma que
enfatizem a cooperação e a comunicação interprofissional (GARZIN; MELLEIRO, 2019).
Coswosk et al. (2018) relatam que a educação continuada é uma ferramenta que permite
uma fuga do aprendizado mecânico, uma vez que permite a formação ética, política e técnica.
Isso garante que a formação dos profissionais, garantindo uma melhor qualidade da assistência.
O estudo de Ferreira et al. (2019) relata a formação e o desenvolvimento dos
profissionais de saúde devem se dar de forma reflexiva, participativa e continuada voltadas para
a necessidade local, dos serviços e das pessoas, fortalecendo o elo entre gestores, instituições
de ensino, profissionais de saúde e a população na melhoria da qualidade do sistema de saúde.
Para além da capacitação dos profissionais, destaca-se também a educação em saúde
como um panorama fundamental, contexto em que Paulo Freire tornou-se um referencial para
as novas experiências no campo da educação em saúde. A saber, ele relata o método dialógico
que se trata da troca de informações por meio de uma mescla do conhecimento técnico científico
com as experiências de vida do educando (SILVA, et al. 2010).
46

Diante de tudo já exposto nos tópicos anteriores, sentiu-se a necessidade da elaboração


de um material educativo que reunisse todas as informações mais carentes tanto por parte das
mulheres doadoras de leite humano, quanto por parte dos profissionais de saúde atuantes com
esse público.
O material construído a partir do presente estudo poderá ser utilizada por profissionais
da atenção primária à saúde, pelos profissionais de saúde, gestantes, puérperas, e poderão ser
distribuídas pelos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comentários de
saúde e os profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) . Também poderá ser
utilizada nas maternidades e distribuídas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e
nutricionistas às parturientes. Além disso, esse material poderá ser utilizado pelos profissionais
que atuam diretamente no Banco de Leite Humano, para capacitações e/ou próprio aprendizado.
Por ser um material digital, a cartilha poderá ser disponibilizada através do canal do WhatsApp
utilizado na MEJEC ao receber dúvidas de doadoras e lactantes.
A maior limitação encontrada pelos autores para o planejamento e desenvolvimento do
instrumento foi o viés de tempo para poder colocar em prática e ampliar o conhecimento através
da cartilha construída.
Dessa forma, espera-se que a cartilha construída contribua neste cenário com o intuito
de alcançar não apenas as mulheres, mas também os profissionais de saúde de forma a contribuir
positivamente para o aumento da adesão de doação de leite e disseminação de conhecimento
sobre as condições necessárias para que esse leite seja doado. Além disso, esse material
contribuirá para que os profissionais possam estimular cada dia mais a amamentação exclusiva
até os 6 meses de vida dos bebês.
47

REFERENCIAS

ALMEIDA, J. A. G; NOVAK, F. R. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Jornal de


Pediatria, v. 80, n. 5, p. 119-125, 2004.

ANVISA. Ministério da Saúde. Portaria nº 188/GM/MS, de 3 de fevereiro de 2020, que


declara Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) em decorrência da
Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília, 2020.

ANVISA. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 171, de 4 de setembro de 2006. Dispõe


sobre o Regulamento Técnico para o funcionamento de Bancos de Leite Humano. Diário
Oficial da União, n° 171, de 5-9- 06, seção 1, pág. 33. 2006.

AZEVEDO, E. H. M. et al. Estratégias de intervenção na Rotina de Cuidados no Banco de


Leite Humano diante da pandemia de COVID-19. CoDAS, v. 32, n. 5, 2020.

BARROS, D. M. V. Estilos de Uso do Espaço Virtual: Como se Aprende e se Ensina no


Virtual? Inter-Ação. Rev. Fac. Educ. UFG, v. 34 n.1, pp. 51-74, jan./jun., 2009.

BOCCOLINI, C. S. et al. Tendência de indicadores do aleitamento materno no Brasil em três


décadas. Revista de Saúde Pública, v. 51, n.108, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de educação popular e saúde. Brasília: Ministério


da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento


Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde: manual de
implementação. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança.


Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno.


Brasília: Ministério da Saúde,1991.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.446, de 11 de novembro de 2014. Redefine a


Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Brasília, DF, 2014.Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt2446_11_11_2014.html. Acesso em 14
jun. 2019.

BUGES, N. M; KLINGER, K. S. A; PEREIRA, R. J. New mothers and their understanding


about breast milk donation. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 20, n. 1, p.
213-225, 2021.

BUGES, N. M; PEREIRA, R. J. Fatores que Influenciam o Processo de Doação de Leite


Humano: Uma Revisão Sistemática da Literatura. Revista Contexto & Saúde, v. 20, n. 38,
jan./jun. 2020.
48

CARDOSO, P. C. et al. Maternal and child health in the context of COVID-19 pandemic:
evidence, recommendations and challenges. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil,
v. 21, n. Suppl 1, p.213-220, 2021.

CARVALHO, M. J. L. N. et al. Primeira visita domiciliar puerperal: uma estratégia protetora


do aleitamento materno exclusivo. Rev. Paul. Pediatr., v. 36, n. 1, p. 66-73. 2018.

COSTA, K. T. S. et al. Evaluation of the epidemiological behavior of mortality due to


COVID-19 in Brazil: A time series study. PLoS ONE, v.16, n.8, 2021.

COSWOSK, E. D. et al. Educação continuada para o profissional de saúde no gerenciamento


de resíduos de Saúde. Rev. bras. anal. clin, v. 50, n. 3, p. 288-296, 2018.

FERREIRA, L. et al. Educação Permanente em Saúde na atenção primária: uma revisão


integrativa da literatura. Saúde em Debate [online], v. 43, n. 120 p. 223-239, 2019.

FIOCRUZ. História da FIOCRUZ. Disponível em: https://rblh.fiocruz.br/historia.Acesso


em: 26 mai. 2021.

FIOCRUZ. Como coletar o leite humano para doação? Disponível em:


<https://rblh.fiocruz.br/como-coletar-o-leite-humano-para-doacao> Acesso em: 26 set. 2022

FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 07.20. Ambiência:
Limpeza e Desinfecção de Ambientes, Rio de Janeiro, 2020.

FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 01.20. Ambiência:
Limpeza e Desinfecção de Ambientes, Rio de Janeiro, 2020.

FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 15.20. Ambiência:
Limpeza e Desinfecção de Ambientes, Rio de Janeiro, 2020.

FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 12.20. Higiene e
condutas de doadoras, Rio de Janeiro, 2020.

FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 07.20. Ambiência:
Limpeza e Desinfecção de Ambientes, Rio de Janeiro, 2020.

FIOCRUZ. Rede Brasileiros de Bancos de Leite Humano. Vacinação contra a Covid-19 e


amamentação e doação de leite humano no Brasil. Rio de Janeiro, 2021.

FOGLIANO, R. R. F. et al. Quality management in Human Milk Banks: a scope review.


Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, suppl 6, 2020.

FREITAS, M. I. F.; MIRANDA, W. D.; PASSOS, M. C.; BONOLO, P. F. Doação de leite


humano na perspectiva de profissionais da atenção primária à saúde. Cad. saúde colet., v. 27,
n. 3, 2019.

GARZIN, A. C. A.; MELLEIRO, M. M. Segurança do paciente na formação dos profissionais


de saúde. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 18, n. 4, 2019.
49

GAVA, T. B. S; NOBRE, I. A. M; SONDERMANN, D. V. C. O Modelo ADDIE na


construção colaborativa de disciplinas a distância. Informática na educação: teoria &
prática, v. 17, n. 1, jan./jun. 2014.

HADDAD, L. J. et al. Global Nutrition Report 2015: actions and accountability to


advance nutrition and sustainable development. International Food Policy Research
Institute, 2015.

JUSTINO, D. C. P. et al. Avaliação histórica das políticas públicas de saúde infantil no Brasil:
revisão integrativa. Rev. Ciência Plural, v.5, n.1, p.71-88, 2019.

LUNA, F. D. T.; OLIVEIRA, J. D. L.; SILVA, L. R. M. Banco de leite humano e Estratégia


Saúde da Família: parceria em favor da vida. Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de
Janeiro, v. 9, n. 33, p. 358-36, 2014.

MARTINS, Q. C. M; BRITO, S. M; PEREIRA, C. A. Aleitamento materno: a importância da


amamentação e das ações de enfermagem na prevenção, orientação e solução de dúvidas
provenientes do período pós-parto. Humanidades & Tecnologia em Revista (FINOM), v.
23; abr., 2020.

POLIT, D. F.; BECK, C. T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de


evidências para a prática da enfermagem. 7a ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

REDE BRASILEIRA DE BANCOS DE LEITE HUMANO. Recomendação técnica nº


01/20.170320: para mãe que ainda esteja amamentando e tenha contraído o Covid-19. Rio de
Janeiro, 2021.

REDE GLOBAL DE BANCO DE LEITE HUMANO (rBLH). Relatório de Produção


[Internet]. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:
https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php.Acesso em: 26 maio 2021.

RIBEIRO, B. C. O.; SOUZA, R. G.; SILVA, R. M. A importância da educação continuada e


educação permanente em unidade de terapia intensiva – revisão de literatura. Rev Inic Cient
Ext [Internet]. v. 2, n. 3, p.167-75, 2019.

SEVERINO, A. M. et al. Importância do aleitamento materno para o amadurecimento dos


órgãos fonoarticulatórios: uma revisão literária. Brazilian Journal of Development, Curitiba,
v.7, n.5, p.48282-48293, 2021.

SILVA, C. M. C. et al. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas práticas. Ciênc.
saúde coletiva, v.15, n.5, p. 2539-2550, 2010.

SILVA, C. M. et al. Práticas educativas segundo os “Dez passos para o sucesso do


aleitamento materno” em um Banco de Leite Humano. Ciênc. Saúde Colet., v. 22, n. 5, p.
1661-1671, 2017.

SOUZA, G. B.; CARDOSO, D. C. O.; CORREIRA, C. V.; BONGESTAD, M. M. S.; SILVA,


P. C. P. O. A importância da doação de leite humano na contribuição do desenvolvimento aos
recém-nascidos prematuros. Research, Society and Development, v. 10, n. 7, 2021.
50

VENANCIO, S. I; SALDIVA, S. R. D. M.; MONTEIRO, C. A. Tendência secular da


amamentação no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 47, p. 1205-1208, 2013.

VICTORA, C. G. et al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and


lifelong effect. The Lancet, v. 387, n. 10017, p. 475-490, 2016.

VEIGA, R. C. R. et al. Doação de leite humano por mães de crianças menores de três anos em
uma comunidade carente no nordeste do Brasil. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 15, n.
4, p. e10113, 2022.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global strategy for infant and young child
feeding. Geneva: World Health Organization, 2003.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Implementation guidance: protecting, promoting


and supporting breastfeeding in facilities providing maternity and newborn services - the
revised Baby-friendly Hospital Initiative. Geneva: World Health Organization, 2018.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. The Baby-friendly Hospital Initiative: monitoring


and reassessment: tools to sustain progress. Geneva: World Health Organization,1991.

Você também pode gostar