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NATAL/RN
2022
ANA ZÉLIA PRISTO DE MEDEIROS OLIVEIRA
NATAL/RN
2022
FICHA CATALOGRÁFICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE
Aprovado em: / /
Banca examinadora:
Presidente da Banca:
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Membros da Banca:
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O aleitamento materno é uma ação comum a todas as mulheres que passaram por um processo
gestacional e tiveram seus filhos e é o fator principal para o crescimento e desenvolvimento na
primeira infância. Muitas puérperas produzem leite além do que seus bebês precisam e, se
saldáveis, esse poderá ser doado. O leite doado poderá ser utilizado em Unidade de Terapia
Intensiva, unidades de internações e alimentam crianças que suas mães não conseguem
amamentar por pouca ou nenhuma produção de leite. O incentivo de doação de leite deve ser
realizado por todos os profissionais de saúde envolvidos no processo gestacional, desde o pré-
natal até o período puerperal. Diante desse contexto, faz-se importante pensar a respeito de
formas que possam facilitar e contribuir para que se aumente a adesão da doação de leite
humano. Nesse panorama, a educação em saúde tem se mostrado como o principal fator
causador da adesão. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo construir material educativo
para apoio à educação em saúde das doadoras de leite humano. Trata-se de um estudo
metodológico com foco na descrição do processo de elaboração de tecnologia educativa para
aprendizado do processo de doação de leite materno para o banco de leite humano. Para a
realização foi utilizado o método ADDIE, que envolve análise, design, desenvolvimento,
implementação e avaliação. Todavia, devido ao viés de tempo não foi possível implementar o
instrumento elaborado. Durante a pandemia, todos os cuidados relacionados ao aleitamento e à
doação de leite humano e, ainda, relacionado ao processamento do leite humano foram
atualizados e todos os profissionais foram capacitados para atuar de forma assertiva com todas
as mudanças e todo esse processo foi desafiador para todos. Durante esse processo, foi
disponibilizado um canal via WhatsApp para que as mulheres pudessem tirar suas dúvidas a
respeito de doação do leite humano e de aleitamento materno. Para a realização do presente
trabalho, foi realizado um levantamento das dúvidas mais frequentes, uma análise
documentação para construir com as respostas necessárias obtidas em documentos oficiais e
artigos científicos. Dessa forma, o presente estudo poderá contribuir de forma positiva para a
disseminação de conhecimento sobre o aleitamento materno e a doação de leite humano
resultando assim, no aumento da adesão de ambos.
Breastfeeding is a common action for all women who have undergone a gestational process and
have had their children and is the main factor for child growth and development in early
childhood. Many puerpery women produce milk in addition to what their babies need and, if
saldable this milk can be given. This hand-dealist milk can be used in intensive care units,
hospitalization units and feed children that their mothers cannot breastfeed for little or no milk
production. The incentive to give milk should be performed by all health professionals involved
in the gestational process, from prenatal care to the puerperal period. However, the reality
experienced in health services does not seem to be compatible with the reach and promotion of
benefits, and it is necessary to know and intervene on the multiple factors that determine this
phenomenon, considered simultaneously as a biological and social act, impregnated with
ideologies and market interests. In this context, it is important to think about ways that can
facilitate and contribute to increase the uptake of human milk donation. In this scenario, health
education has been shown to be the main causative factor of the adhering. Therefore, the present
work aimed to build educational material to support the health education of human milk donors.
This is a methodological study focused on the description of the process of elaboration of
educational technology for learning the process of donation of breast milk to the human milk
bank. During the pandemic, all care related to breastfeeding and human milk donation and also
related to human milk processing were updated and all professionals were trained to act
assertively with all changes and this whole process was challenging for all. During this process,
a channel was made available via WhatsApp so that women could answer their doubts about
human milk donation and breastfeeding. To carry out the present work, a survey of the most
frequent doubts was carried out and then a booklet was constructed with the necessary answers
obtained in official documents and scientific articles. Thus, the present study may contribute
positively to the dissemination of knowledge about breastfeeding and the donation of human
milk, thus resulting in the increase in their support.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14
REFERENCIAS ..................................................................................................................... 46
8
1 INTRODUÇÃO
frasco); 5) Levar a um Banco de Leite Humanos mais próximo ou solicitar a coleta a domicilio
(após o congelamento é só entrar em contato com um BLH que eles realizam a oritação sobre
o processo de doação).
A infecção de gestantes próximo ao momento do parto também tem se tornado
desafiador. Tem sido utilizadas medidas de isolamento do binômio mão-filho com ausência de
aleitamento materna, o que torna mais necessário o banco de leite humano e revela a
importância da doação nesta pandemia (CARDOSO et al., 2021).
Diante desse contexto, faz-se importante pensar a respeito de formas que possam
facilitar e contribuir para que se aumente a adesão da doação de leite humano. Nesse panorama,
a educação em saúde tem se mostrado como o principal fator causador da adesão. Isso, a
proposta que o presente estudo apresenta como instrumento educacional (cartilha), poderá
contribuir para o aumento percentual de doações de leite humano no estado do Rio Grande do
Norte o que resultará no aumento da alimentação de bebês prematuro e daqueles que suas mães
não produzem leite suficiente, isso influenciará positivamente para a redução dos índices de
mortalidade neonatal precoce e tardia no estado do Rio Grande do Norte que faz parte da
segunda regiões com maior índice de mortalidade infantil no Brasil.
No estudo de Bugs, Klinger e Pereira (2020), os autores relatam que, antes de ações
educativas realizadas durante a internação pós-parto, as parturientes não conheciam e não
sabiam sobre a doação de leite humano. Os autores trazem ainda em seu estudo que as
parturientes se dispuseram a doar seu leite após as ações realizadas na maternidade durante sua
hospitalização.
Cabe ressaltar a existência de diversos entraves encarados pela assistência na atenção
primária à saúde, como a cultura em que a população assistida está inserida, logística de gestão,
material necessário ao atendimento adequado e, atualmente, o cenário mundial que é a
pandemia por Covid-19. E, embora todos os esforços encontrem-se voltados a contenção do
vírus e redução dos indicadores de morbimortalidade deste, faz-se necessário reforçar a
necessidade de educação continuada para os profissionais da saúde e as mães sobre o
aleitamento materno, fortalecendo a rede assistencial materno-infantil, e os atributos da atenção
primária á saúde, como o da integralidade.
Apesar das iniciativas da campanha mundial para o aleitamento materno terem sido
estabelecidas há quase 30 anos, as taxas globais de aleitamento materno permanecem muito
abaixo das metas internacionais (HADDAD et al., 2015). No Brasil, o cenário obteve melhorias
significativas com tendência ascendente até 2006, porém estabilizou seu crescimento e os
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índices ainda não alcançaram o nível satisfatório recomendado pela OMS, superior a 50%
(BOCCOLINI et al., 2017; VENANCIO; SALDIVA; MONTEIRO, 2013).
Frente ao exposto, reflete-se sobre o papel dos profissionais de saúde, especialmente
dos que estão em formação nas residências multiprofissionais, em que as ações
interdisciplinares promovidas no seu processo de ensino-aprendizagem poderiam beneficiar
consideravelmente o manejo efetivo do AM. Assim, há muito interesse no Sistema Único de
Saúde (SUS) em intervenções de promoção do AM que promovam melhoria nos resultados nas
taxas de aleitamento materno, sendo indispensáveis o cumprimento dos 10 passos
recomendados pela OMS e UNICEF, especialmente do segundo passo, relacionado ao
treinamento da equipe para apoiar o AM.
A partir disso, o presente estudo se propõe a desenvolver material educativo para
apoiar profissionais atuantes na Maternidade Escola da UFRN, assim como os profissionais
atuantes na atenção primária à saúde, para a realização de educação em saúde das doadoras de
leite humano, com base na seguinte questão de pesquisa: como deve ser estruturado material
educativo para apoio à educação em saúde das doadoras de leite humano?
A escolha em desenvolver esse material partiu da vivência da pesquisadora, tendo em
vista que tem uma formação em enfermagem obstétrica e atua na área da obstetrícia há 30 anos,
especificamente na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC). Além disso, a sensibilidade
para realizar o presente estudo surgiu a partir do desenvolvimento de atividades de ensino,
capacitação e preceptoria na área do Aleitamento Materno, em que a pesquisadora pode atuar
como Colaboradora, Docente e Preceptora junto aos cursos de graduação e residência na área
de saúde (Enfermagem e Medicina), bem como em projetos de extensão que envolvem a
temática. Já foi também referência na região nordeste da Rede Brasileira de Banco de Leite
Humano/FIOCRUZ/MS.
No ano de 2013, a MEJC passou a ser administrada pela Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH) e teve como foco a formação de equipe multiprofissional e
Residência Multiprofissional em Saúde, voltada para atenção Materno-Infantil, tendo o
Aleitamento Materno como um dos pilares da formação dos futuros profissionais nas áreas de
Enfermagem, Farmácia, Serviço Social e Nutrição, onde é desenvolvido ações de capacitação
e preceptoria nessa temática pela pesquisadora.
A MEJC passou, desde então, por transformações estruturais no âmbito do binômio
ensino-aprendizado, exigindo cada vez mais que os profissionais que exercem as suas
atividades laborais na instituição estejam a par de novas metodologias educacionais, na
identificação de problemas, no desenvolvimento de ações que tragam impacto resolutivo, com
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2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Construir material educativo para apoio à educação em saúde das doadoras de leite
humano.
2.2 Específicos
3 MÉTODO
necessidade de ajustes e melhorias e a somática que tem por objetivo avaliar o aprendizado
adquirido a partir do instrumento construído.
Esse método tem sido utilizado no processo de construção de material educativo na área
da saúde, principalmente na educação a distância e na construção de ferramentas tecnológicas.
É importante destacar que as fases supracitadas se relacionam entre si durante o processo de
construção do material. Todavia, devido ao viés de tempo, só foi possível desenvolver nesse
momento quatro das fases supracitadas, de modo que as fases de implementação e avaliação
somática ficarão para execução posteriori do mestrado.
Diante disso, as fases do processo ADDIE que foram desenvolvidas estão descritas a
seguir:
Análise: Para cumprir essa etapa no desenvolvimento do presente estudo, foram
identificadas as principais dúvidas geradas pelas doadoras a partir do canal
disponibilizado durante a pandemia através do WhatsApp para a elaboração do material.
Além disso, com o objetivo de refletir sobre as adaptações de fluxo que foram
necessárias no contexto da pandemia de forma a associar as dúvidas com a atual conduta
instituída pela FIOCURZ. Portanto, foram tecidas reflexões decorrentes da experiência
de vivência da atuação profissional da pesquisadora junto de uma análise documental
descrita a seguir. A análise documental foi realizado a partir de documentos disponíveis
na internet pela FIOCRUZ e de relatos de experiência publicados em formato de artigos
científicos, sobre a temática estudada. Esse levantamento bibliográfico foi utilizado para
descrever os processos que são utilizados e seguidos no banco de leite humano. Esse
levantamento bibliográfico foi realizado a partir do que se encontra disponível na
internet após início do período pandêmico que corresponde a janeiro de 2019 até maio
de 2022. Foram utilizadas as bases de dados bibliográficas da PUBMED, Sistema
Online de Busca e Análise de Literatura Médica - MEDLINE, Biblioteca Virtual de
Saúde – BVS e Scopus. Para essa busca, usou-se os descritores disponíveis no
Descritores em Ciências da Saúde – DsCs/Mesh: Bancos de Leite, Educação em Saúde
e Tecnologia da Informação, com os operadores AND e OR. Os materiais coletados a
partir da análise documental foram usados como base para fundamentação teórica dos
resultados que serão apresentados no presente trabalho.
Design: Nessa fase, foi estabelecido o que a ferramenta construída iria abordar. Foi
estabelecida as imagens e os textos com uma abordagem que seja entendida
independentemente do nível de instrução de quem terá contato com o material.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente tópico será dividido em três partes. A primeira trata-se de reflexões com base
no processo de proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno infantil que o Banco de
Leite Humano se objetiva a fazer diante da pandemia do Coronavírus. A segunda parte que o
presente tópico abordará será sobre a necessidade de aprendizado das doadoras de leite humano
no que se refere ao processo de doação e a funcionalidade do Banco de Leite Humano. Na
terceira parte será apresentada a cartilha, produto da presente dissertação. Essa cartilha irá
abordar todos os tópicos principais diante do processo de trabalho do Banco de Leite Humano
e buscará responder as principais dúvidas das gestantes, parturientes e puérperas.
Março de 2020 é marcado pela declaração da OMS sobre a pandemia ocasionada pelo
SARS-CoV-2 que começou em Wuhan, província de Hubei, na China ainda em dezembro de
2019 (COSTA et al., 2021). Diante disso, todos os países se prepararam para tentar conter a
pandemia e procuraram medidas protetivas de forma a garantir que não houvesse
descontinuidade nos atendimentos e nos serviços de atenção à saúde já existentes.
Nesse contexto, a nota técnica da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH)
contempla os procedimentos de rotina e as condições mínimas necessárias ao funcionamento
de um BLH (FIOCRUZ, 2021). Porém, diante da pandemia da COVID-19, foi necessário a
reformulação dos cuidados necessários e de como proceder diante do atual cenário mundial.
Sabendo disso, foi lançada pela rBLH uma nova nota técnica, agora sobre como orientar
os serviços de Bancos de Leite Humano quanto a medidas de prevenção e controle do novo
coronavírus (SARS-COV-2) a serem adotadas na assistência e processamento do leite humano
além do processo de aleitamento materno.
Na nota técnica n. 01/20.170320, elaborada pela Rede Brasileira de Bancos de Leite
Humano, buscou-se orientar a manutenção do aleitamento por falta de elementos que
comprovem que o leite materno possa disseminar o coronavírus. Com esse documento, foi
possível orientar todas as doadoras e a receptoras e garantir a essas a segurança necessária para
que a doação do leite humano não deixasse de acontecer (REDE BRASILEIRA DE BANCOS
DE LEITE HUMANO, 2021).
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Todavia, como profissional atuante nesse processo, acredita-se que houve ganhos, uma
vez que foi possível fazer com que as mulheres continuassem amamentando seus filhos. No
início, houve resistência e desistência, pois as doadoras não queriam ter contato com os
profissionais com medo de infecção por covid-19. Esse foi um período desafiador para a equipe
porque, mesmo que houvesse a explicação previamente de como funcionaria o processo de
aleitamento e de doação, com todo o rigor de paramentação e cuidados para evitar a infecção
por Covid-19, algumas doadoras recusavam, temendo possível exposição. Após campanha
vacinal iniciada como também divulgação a nível nacional, superamos os desafios, foi possível
o retorno das doações de leite humano coletado.
Algumas dessas mães foram infectadas pelo vírus do covid-19 e ficaram
impossibilitadas de doar seu leite, uma vez que um dos critérios para doação, seguindo a RDC
171 ANVISA/MS (2026), consiste no fato de que a doadora tem que ser uma mulher saudável
e isso foi reforçado, porém, essas mesmas mães foram orientadas a respeito de continuar a
amamentar seus filhos com os cuidados necessários para evitar a contaminação, que são os
cuidados gerais orientados pelo MS.
Fazer com que essas mães entendessem a importância do aleitamento materno e retirar
e/ou amenizar as angústias, dúvidas e medo foi um desafio que a equipe conseguiu vencer. Para
isso, foi possível contar com o material disponibilizado pelo MS e Fiocruz que ficou exposto
para todos no serviço.
Em decorrência da pandemia, um outro ganho para o BLH, localizado na MEJEC, foi a
disponibilização de um canal via WhatsApp, tornando mais fácil e prático para essas mulheres
tirassem suas dúvidas que funciona até hoje.
Mesmo em meio a tantos obstáculos, procurou-se manter a credibilidade a partir da
passagem de confiança através das instruções repassadas pelos profissionais que atuam no
BLH, acredita-se que a educação em saúde foi a principal fonte de o serviço não parar.
Ressalta-se, também, que o BLH foi de extrema importância no momento da pandemia
para as mães que tinham seus bebês internados na UTI neonatal, pois essas não podiam estar
todos presentes no setor para evitar aglomeração. Assim, elas iam para suas residências onde
eram aconselhadas a realizar a retirada do seu leite e levar no dia seguinte para o hospital, onde
esse passava pelo processo pasteurização para que fossem dados aos seus bebês. Esse
procedimento era realizado para garantir a segurança e qualidade alimentar a esses bebês
prematuros.
Pode-se citar como ganho a comunicação e a confiança que existia entre as doadoras e
a equipe, pois essas eram comunicadas sobre a necessidade de informar a equipe caso algum
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sinal e sintoma gripal surgisse após a doação, uma vez que seu leite doado precisaria ser
descartado e essa dinâmica conseguiu ser realizada com sucesso.
Porém, infere-se, a partir da vivência, que houve perdas no que se refere nesse processo
pandêmico. A grande perda foi em relação a mortalidade materna/infantil que se elevou em
decorrência do Covid-19. Muitas mães foram à óbito em decorrência do Covid-19 e deixaram
seus bebês saudáveis. Tal fato pode ser observado em decorrência das solicitações de leite
materno doado ao BLH localizado na MEJEC por diversas maternidades de âmbito público e
privado.
Para esses bebês, o BLH foi de extrema importância. A equipe realizou um trabalho de
orientação aos familiares e aconselhamento sobre o quão importante seria que essas crianças
recebessem leite materno, mesmo que de outras mães e as famílias conseguiam doações,
levavam ao BLH e o banco realizou todo o processo de pasteurização, controle de qualidade e
distribuição para referidas crianças.
Todavia, houve uma redução de cerca de 25% nas doações, mas acredita-se que tenha
ocorrido em decorrência da falta de informação, incerteza e medo em relação ao desconhecido
que era a Covid. O percentual de redução foi observado em decorrência da adesão no próprio
serviço. Após o início da vacinação as doações voltaram ao normal.
O BLH, portanto, foi de extrema importância para as mães que tiveram COVID, pois,
os profissionais do banco conseguiram fazer com que houvesse a redução dos medos e as mães
com Covid conseguiram amamentar seus filhos com mais segurança.
Atualmente, tem muitas doadoras como também recém nascido necessitando de doação
de leite humano, porém se tem destacado um desafio na MEJC em relação a contradições no
que se refere as orientações realizadas por profissionais que estão seguindo novos métodos,
com protocolos internacionais. Esses que não são os estabelecidos pelo MS e Fiocruz. Isso tem
tornado desafiador as orientações realizadas pelos profissionais do BLH. E, até que essa norma
internacional seja estabelecida como padrão aqui no Brasil, teremos que usar a RDC atuante.
Sabendo disso, é indispensável que exista um material com aplicações práticas a respeito
desse processo para que seja implantado em todas as maternidades do Rio Grande do Norte e
que seja utilizada por todos os profissionais de saúde que atuam diretamente com o processo de
aleitamento materno e o processo de cuidados do binômio, incluindo também as gestantes,
parturientes e seus parceiros. O processo de educação em saúde é essencial nessa etapa para
envolver e ampliar o percentual de doação de leite humano.
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A Rede Brasileira de Doação de Leite Humano possui algumas cartilhas que, embora
pouco divulgadas, contribuem para a disseminação de conhecimento sobre a doação de leite
humano, todavia, ainda não foi criado um instrumento de disseminação de divulgação com
enfoque nas principais dúvidas locais.
No banco de leite humano da MEJC existem materiais disponibilizados pela FIOCRUZ
e os profissionais atuantes são capacitados para responder toda e qualquer dúvida que surgir e
ainda estimular as mulheres para que venham a amamentar seus bebês e ainda doar seu leite.
Sabendo que a maioria das mulheres possuem pouco ou nenhum conhecimento a
respeito da doação de leite humano, durante a pandemia, na MEJC, foi disseminado um canal
através do aplicativo WhatsApp de forma que as dúvidas das doadoras fossem sanadas.
Assim, foi realizado um levantamento das dúvidas frequentes dos atendimentos
ocorridos no período de março de 2020 a dezembro de 2021, sobre as perguntas frequentes
realizadas pelas doadoras. Durante a compilação das perguntas mais frequentes no canal de
WhatsApp disponibilizado para dúvidas, observou-se que havia dúvidas muitos frequentes ao
processo de coleta, armazenamento e entrega do material coletado ao banco de leite,
respectivamente. As perguntas com mais repetições estão listadas no quadro 1.
Quadro 1 – Lista das perguntas/temas que são realizadas com maior frequência. Natal-RN,
Brasil, 2022.
Perguntas/temas com maior frequência no canal de comunicação do Banco de Leite Humano
Importância do aleitamento materno
Quem pode doar o leite materno?
Estou com sintomas gripais posso realizar a doação do meu leite?
Como fazer a coleta de leite para doação?
Posso receber leite do banco de leite? Quais os critérios?
O que é ou por que pasteurizar leite materno para poder ser dado a outro RN?
Para fazer doação de leite humano posso realizar coleta com bomba extratora?
Até quanto tempo após o parto eu posso ser doadora?
Como saber se o bebê está satisfeito?
Meu leite é fraco? Por que é tão amarelo?
Pouco leite, o que posso fazer para aumentar a produção?
De quanto em quanto tempo preciso amamentar?
Sou usuária de drogas, posso amamentar?
Uso de medicamentos contraindicam a amamentação?
Existe alguma doença que me impeça de amamentar?
Posso amamentar e ingerir bebida alcoólica?
Como eu reconheço que meu leite está sendo suficiente para meu bebê?
O meu leite muda a composição como posso oferecer o meu leite mais gordo?
Como fazer para manter amamentação após retornar ao trabalho?
Meu filho encontra-se impossibilitado para sugar, como posso fazer para ofertar meu leite materno para ele?
Anteriormente fiz cirurgia de redução de mama será que eu tenho condições de amamentar meu filho?
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REFERENCIAS
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evidence, recommendations and challenges. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil,
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FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 01.20. Ambiência:
Limpeza e Desinfecção de Ambientes, Rio de Janeiro, 2020.
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FIOCRUZ. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Nota Técnica nº 07.20. Ambiência:
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