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Boletim Análise da situação de

saúde no Acre
Epidemiológico Nº 01/2024
Rio Branco – Ac, 04/03/2024

Como nascem os acreanos?


Apresentação

Este boletim é resultado de uma ação de curricularização da extensão proposta na


disciplina de “Epidemiologia e Bioestatística” do Curso de “Bacharelado em Enfermagem
da Universidade Federal do Acre”.
A proposta teve como objetivo capacitar os estudantes para o aperfeiçoamento da
Análise da Situação de Saúde utilizando dados disponíveis nos principais sistemas de
informação do Ministério da Saúde. Tal análise permite caracterizar, medir e monitorar
indicadores de saúde possibilitando a identificação de prioridades em saúde, as
intervenções necessárias bem como a avaliação de seu impacto.
A divulgação e compartilhamento dos resultados dos indicadores avaliados com
os gestores e profissionais de saúde poderá contribuir para o direcionamento e
planejamento de ações adequadas às principais necessidades identificadas.
Neste volume, são apresentados dados sobre o perfil epidemiológico dos
nascimentos vivos no Estado do Acre. Foram utilizados dados do Sistema de Informações
sobre Nascidos Vivos (SINASC) referentes aos nascidos vivos residentes no Acre, no
período de 2013 a 2022. As características analisadas foram: idade e escolaridade da
mãe; sexo e peso do recém-nascido; número de consultas no pré-natal; tipo de parto;
duração da gestação e presença de anomalias congênitas. Foi realizada análise descritiva
dos dados e apresentação dos resultados em gráficos e tabelas. Para avaliar a variação
de alguns indicadores ao longo do tempo foi calculada a variação percentual por meio
da fórmula: (valor final – valor inicial) x 100/valor inicial.

Equipe:
Coordenadora: Profª. Drª. Raquel da Rocha Paiva Maia
Colaboradores: acadêmicos do 2º período do Curso de Bacharelado em Enfermagem da
Universidade Federal do Acre

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 1


Nascimentos e fecundidade
A Figura 1 evidencia a redução do número de nascidos vivos para
ambos os sexos em todo o período analisado.

Figura 1 - Número de nascidos vivos segundo o


sexo, Acre, 2013 - 2022
10000
9000
8000
Nº de nascidos vivos

7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Masculino 8851 8676 8633 8132 8291 8589 8452 7798 8075 7308
Feminino 8223 8458 8345 7635 8065 7952 7828 7343 7621 7174
Sexo Ignorado 1 5 2 6 2 2 0 1 3 1
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

A taxa de fecundidade total (TFT) pode ser definida como o número médio de filhos por
mulher na faixa etária de 15 a 49 anos. É possível observar na Figura 2 que a TFT passou
de 2,4 em 2013 para 1,8 em 2022, o que representa uma variação percentual de 25%
aproximadamente em um período de 10 anos. O valor de 1,8 observado em 2022
corresponde ao número médio de filhos tidos por mulher no Estado do Acre, ao fim do
seu período reprodutivo. Os dados reais até 2010, com projeções para as décadas seguintes,
demonstram que a taxa de fecundidade no Brasil reduziu-se de 6,16 em 1940 para 1,87 em 2010. Por

Figura 2 - Taxa de fecundidade total no Acre,


2013 - 2022
Taxa de 2,5
fecundidade
Taxa de fecundidade total

2,0 2,4 2,3 2,3


2,1 2,1
total reduziu 1,5
2,1 2,1
1,9 1,9
1,8
25% em 10 1,0

anos! 0,5

0,0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 2


Idade da mãe
Os extremos da idade materna têm sido associados com elevados índices de
natimortalidade e mortalidade infantil, o que enfatiza a necessidade de
monitoramento dessa variável (MARTINS e MENEZES, 2022).
Na Tabela 1 são apresentadas as porcentagens de nascimentos segundo a
faixa etária da mãe no período de 2013 a 2022.

Tabela 1 – Porcentagem de nascimentos segunda a idade materna, Acre, 2013 - 2022

IDADE MATERNA
ANO 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 e mais
2013 1,60 25,63 27,01 21,45 15,41 6,81 1,91 0,18
2014 1,74 25,47 26,39 20,53 15,84 7,91 1,91 0,20
2015 1,80 25,17 26,25 20,73 15,62 8,05 2,18 0,19
2016 1,93 24,17 26,93 20,23 15,88 8,46 2,21 0,18
2017 1,71 23,64 26,52 20,58 16,04 8,93 2,32 0,27
2018 1,80 23,16 25,99 21,14 15,73 9,56 2,37 0,25
2019 1,49 22,47 26,43 21,38 15,92 9,48 2,56 0,26
2020 1,36 21,75 27,06 20,83 16,34 9,73 2,71 0,22
2021 1,64 21,74 26,56 21,28 15,78 9,83 2,81 0,36
2022 1,58 20,12 26,53 22,32 16,00 10,12 3,02 0,31
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

A porcentagem de nascimentos na faixa etária materna de 10 a 19 anos passou de


27,23% em 2013 para 21,7% em 2022 (Figura 3), o que representa um decréscimo de
aproximadamente 20% em 10 anos. Tal redução é desejada uma vez que diferentes fatores
como o despreparo psicológico, condições comportamentais e socioeconômicas inadequadas,
além de imaturidade biológica associados a essa faixa etária podem levar a desfechos
desfavoráveis para a mãe e para a criança (MARTINS e MENEZES, 2022).

Figura 3 - Porcentagem de nascimentos segundo a


idade materna de 10 a 19 anos, Acre, 2013 - 2022
30 27,23 27,21 26,97 26,11
27 25,35 24,96
23,96 23,11 23,38
24 21,70
21
18
% 15
12
9
6
3
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 3


A proporção de nascimentos na faixa etária materna a partir dos 35
anos variou de 8,9% em 2013 a 13,36% em 2022 (Figura 4) o que representa
um aumento de aproximadamente 50%.

Tal resultado merece atenção uma vez que condições associadas à


idade materna avançada como hipertensão, diabetes, parto prematuro,
aborto espontâneo, distúrbios do crescimento fetal, aneuploidia fetal e uso
de tecnologias de reprodução assistida resultam em aumento do risco à
saúde do feto e da mãe (MARTINS e MENEZES, 2022).

Figura 4 - Porcentagem de nascimentos segundo a idade


Frequência de materna a partir dos 35 anos, Acre, 2013 - 2022
16,00
nascimentos 14,00 12,15 12,30 12,65 12,79 13,36
11,44
aumenta 50% 12,00
8,90
10,02 10,41 10,83

10,00
em mulheres na % 8,00

faixa etária a 6,00


4,00
partir dos 35 2,00
0,00
anos! 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Colaboradores:
1. Ana Lis Pessoa de Almeida
2. Gabriella Dias Jesus de Alcantar
3. Igor Mendes de Brito
4. Jéssica Monteiro Filomeno
5. Thalyta do Carmo Brasil Galo

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 4


Baixo peso ao nascer

No Acre, a Figura 5 - Porcentagem de baixo peso ao


porcentagem de baixo nascer, Acre, 2013 - 2022
peso ao nascer 8,50
8,12
8,32 8,37

apresentou acréscimo 8,00 7,67 7,63


7,80
7,62
7,60
de aproximadamente 9% % 7,50 7,21 7,29
nos 10 anos, passando 7,00
de 7,67% em 2013 para 6,50
8,37% em 2022 (Figura 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
5). Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

O baixo peso ao nascer (< 2.500g) é uma característica importante


para avaliar as condições de saúde do recém-nascido pois está associado
a maior morbimortalidade neonatal e infantil, sendo considerado o fator
isolado mais influente na sobrevivência nos primeiros anos de vida
(TOURINHO e REIS, 2013).

Figura 6 - Porcentagem de baixo peso segundo A Figura 6


o tipo de parto, Acre, 2013 e 2022 evidencia que a
12,0
9,7
porcentagem de baixo
10,0 8,8
8 peso ao nascer foi
8,0 6,4
superior para o parto
% 6,0
4,0
Vaginal cesáreo, principalmente
Cesáreo
2,0 no ano de 2013.
0,0
2013 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 5


Os resultados observados na Figura 7 revelam que nos dois anos analisados a
porcentagem de baixo peso ao nascer foi maior na faixa etária materna de 10 a 19
anos e a partir dos 35 anos.

Figura 7- Porcentagem de baixo peso ao nascer


segundo a idade materna, Acre, 2013 e 2022

12 10,5 10,2
10 9,2
8,4
6,9 7,3
8
% 6
2013
4
2 2022
0
10 a 19 20 a 34 35 e mais
Idade da mãe
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Na Figura 8 é possível observar a porcentagem de baixo peso ao nascer de acordo


com a instrução materna. A categoria 4 a 7 anos de estudo apresentou valor
ligeiramente superior em comparação às demais.

Figura 8 - Porcentagem de baixo peso ao nascer


segundo a instrução materna, Acre, 2013 e 2022
12,0 10,7
9,8 9,4
10,0
7,7 8,0 7,8 7,4 8,1
8,0 7,2
6,6
% 6,0
2013
4,0
2022
2,0

0,0
Nenhuma 1a3 4a7 8 a 11 12 e mais
Instrução materna (anos de estudo)
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Colaboradores:
6. Antônia Daiane Bezerra de Oliveira
7. Alyce Maria de Souza Arante
8. Fernanda de Souza Leal
9. Fernanda Vitória da Costa Freitas
10.Glória Fernanda Andrade da Silva

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 6


Atenção pré-natal
O número de consultas realizadas no pré-natal é considerado um
importante indicador na área da saúde materna e infantil dado seu potencial de
eliminar ou reduzir comportamentos e fatores de risco evitáveis por meio do
acompanhamento, orientações, diagnóstico e tratamento de agravos durante a
gestação.

Na Figura 9 é Figura 9 - Porcentagem de nascimentos com sete


possível observar que a ou mais consultas no pré-natal, Acre, 2013 –
porcentagem de mães 2022
que realizaram 7 ou mais 60,0
46,6
49,4
52,2
46,9 47,2
45,6
50,0 42,5
consultas passou de 38,4 40,1 41,6
40,0
38,4% em 2013 para
% 30,0
47,2% em 2022. A
20,0
variação percentual para 10,0
esse período foi de 0,0
22,9%. 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

A porcentagem de
mães com nenhuma
consulta pré-natal teve um
aumento expressivo nos
anos de 2021 e 2022
(Figura 10),
provavelmente devido a
pandemia de COVID – 19.
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 7


Os resultados observados na Figura 11 indicam que a porcentagem de mães que
realizaram sete ou mais consultas no pré-natal é menor na faixa etária de 10 a 19 anos.

Figura 11 - Porcentagem de nascimentos com sete ou


mais consultas no pré-natal segundo a idade materna,
Acre, 2013 e 2022
60,0
50,3 49,0
Mães
adolescentes
50,0
41,8 40,2
37,3
40,0

% 30,0
30,0
realizam menos
2013
20,0
2022 consultas no
10,0
pré-natal!
0,0
10 a 19 20 a 34 35 e mais
Idade materna
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

A Figura 12 evidencia que a porcentagem de nascimentos com sete ou mais


consultas no pré-natal tende a ser mais elevada quando a escolaridade materna é
maior.

Figura 12 - Porcentagem de nascimentos com sete ou mais


consultas no pré-natal segundo a instrução materna, Acre, 2013
e 2022
80,0
66,966,3
70,0
60,0 50,2
50,0 44,6
36,5
% 40,0 31,0
27,6 27,6 2013
30,0
19,5
20,0 12,2 2022
10,0
0,0
Nenhuma 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 11 anos 12 anos e mais
Instrução materna (anos de estudo)
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Colaboradores:
11.Emilly Cristina dos Santos Santana
12.Elysson Vinicius de Sousa e Souza
13.Marcos Guilherme Neves
14.Raielly de Sousa Aguiar dos Santos
15.Suany Sinara Lima da Silva

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 8


Tipo de parto
No Acre, a frequência de partos via cesárea aumentou de 37,69% para
48,71% em 2013 e 2022, respectivamente, enquanto os partos via vaginal
reduziram de 62,16% para 51,23% no mesmo período (Figura 13).

Frequência de parto cesáreo no Acre aumenta em 29%


de 2013 para 2022!

Figura 13 - Porcentagem de nascimentos segundo o


tipo de parto, Acre, 2013-2022
70 62,16 62,03 60,73 58,48
57,17 58,07
60 55,50 53,61 52,40 51,23
50
40 46,30 47,50 48,71
42,53 44,42 vaginal
% 39,05 41,33 41,44
30 37,69 37,93
cesáreo
20
Ignorado
10
0,15 0,05 0,22 0,29 0,60 0,07 0,07 0,09 0,10 0,06
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

A Figura 14 Figura 14 - Porcentagem de nascimentos por


parto cesáreo segundo a instrução materna ,
evidencia que houve Acre, 2013 e 2022
80,0
maior frequência de 70,0 65,568,8
60,0 51,3 48,4
parto cesáreo entre 50,0
37,3
41,7
% 40,0 30,9 28,4
30,0 20,4 2013
mães com maior 20,0
16,1
10,0 2022

escolaridade. 0,0
Nenhuma 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 11 anos 12 anos e
mais
Instrução materna (anos de estudo)
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

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Os resultados observados na Figura 15 revelam que houve maior
frequência de parto cesáreo entre mães na faixa etária a partir dos 35 anos.

Figura 15 - Porcentagem de nascimentos por parto


cesáreo segundo a idade materna , Acre, 2013 e 2022
60,0 56,8
50,6
50,0
43,7
38,3 38,9
40,0
33,0

% 30,0
2013

20,0 2022

10,0

0,0
10 a 19 20 a 34 35 e mais
Idade da mãe
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Colaboradores:
16. Artur Santos Alves
17. Ericlycia do Nascimento Souza
18. José Railton Cosmo da Silva
19. Juliana Fontinele da Silva Martins
20. Thiago Schuster Casas

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Prematuridade
A prematuridade (nascimento ocorrido antes de 37 semanas completas de
gestação) está relacionada à maior morbimortalidade infantil e consequentemente
custos elevados para o setor da saúde (GONZAGA, 2016).

No Acre, a porcentagem de prematuridade passou de 12% em 2013 para 13,7%


em 2022 (Figura 16), um aumento de aproximadamente 14% no período.

Figura 16 - Porcentagem de nascimentos


prematuros, Acre, 2013-2022
16,0
14,0
14,8
12,0 13,7 13,8 14,0 13,7 13,7 13,7
12,5 12,7
10,0 12,0
% 8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Ano
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Na Figura 17 é Figura 17 - Porcentagem de nascimentos prematuros


segundo a escolaridade materna , Acre, 2013 e 2022
possível observar a 18,0
15,2 15,6
16,0 14,9

porcentagem de 14,0 12,2


13,1 13,0 13,4

11,2
12,0
9,8 9,5
prematuridade de %
10,0
8,0
2013
6,0
acordo com a 4,0 2022
2,0
escolaridade 0,0
Nenhuma 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 11 anos 12 anos e
materna. mais
Instrução materna (anos de estudo)
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 11


A prematuridade foi mais frequente nos extremos da idade materna
(Figura 18).

Figura 18 - Porcentagem de nascimentos


prematuros segundo a idade materna , Acre, 2013 e
2022
20,0
18,0 17,2
16,1
16,0 14,9
14,0 12,1
10,9 11,4
12,0
% 10,0
8,0 2013
6,0 2022
4,0
2,0
0,0
10 a 19 20 a 34 35 e mais
Idade da mãe
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

Colaboradores:
21. Andressa da Silva Rodrigues
22. Isabel Souza Sobrinho
23. João Paulo Alab Araújo
24. Marcelli Ferreira da Silva
25. Mirla Ferreira Lima
26. Pablo Henrique Sussuarana de Andrade

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 12


Anomalias congênitas
As anomalias congênitas demandam cada vez mais atenção pois
estão entre as principais causas de mortalidade infantil no Brasil. Além
disso, geram um grande impacto social e financeiro para as famílias e o
sistema de saúde (BRASIL, 2021).

Os resultados contidos na Tabela 2 revelam que houve um


decréscimo da porcentagem de nascimentos com a presença de
anomalias congênitas a partir de 2015. Entretanto, é possível observar
que nos anos em que houve menor porcentagem de nascimentos com
anomalias congênitas, houve também maior porcentagem de
nascimentos na categoria “ignorado”, um reflexo da má qualidade da
informação.

Tabela 2 – Número e porcentagem de nascimentos com anomalias congênitas, Acre, 2013 - 2022

SIM NÃO IGNORADO TOTAL


ANO n % n % n % n
2013 25 0,15 14928 87,43 2122 12,43 17075
2014 24 0,14 14016 81,78 3099 18,08 17139
2015 184 1,08 13489 79,44 3307 19,48 16980
2016 198 1,26 14370 91,11 1205 7,64 15773
2017 130 0,79 15583 95,26 645 3,94 16358
2018 153 0,92 15246 92,16 1144 6,92 16543
2019 150 0,92 15878 97,53 252 1,55 16280
2020 100 0,66 14078 92,97 964 6,37 15142
2021 112 0,71 12735 81,12 2852 18,17 15699
2022 65 0,45 6958 48,04 7460 51,51 14483
Fonte: MS/SVS/CGIAE/Sinasc, 2024

O correto preenchimento dessa informação na Declaração de Nascido


Vivo é essencial para o planejamento e organização do sistema de saúde
dado que essa condição exige desde métodos de detecção precoce,
adequada assistência ao nascimento, cuidados intensivos neonatais e
cirúrgicos necessários para um melhor prognóstico e redução da
mortalidade infantil.

Análise da Situação de Saúde no Acre 01/2024 13


Conclusão e considerações finais

A análise do perfil epidemiológico dos Considerando os resultados


nascimentos vivos no Estado do Acre no observados, reforça-se a importância da
período de 2013 a 2022 revelou que: atenção integral à gestação, ao parto e ao
- a taxa de fecundidade total apresentou nascimento no sentido de reduzir as
decréscimo de 25% passando de 2,4 em 2013 vulnerabilidades, eliminar fatores de risco
para 1,8 em 2022; evitáveis, prevenir, identificar e tratar
- houve redução de aproximadamente 20% desfechos desfavoráveis para a mãe e a
dos nascimentos na idade materna de 10 a 19 criança.
anos e acréscimo de 50% a partir dos 35 anos; Destaca-se a necessidade do
- o baixo peso ao nascer teve elevação de 9% e acompanhamento pré-natal com início
foi mais frequente entre crianças que precoce, assistência de qualidade e
nasceram por parto cesáreo e nos extremos da humanizada dado o seu potencial para a
idade materna; identificação de problemas e riscos em tempo
- houve aumento de quase 30% na realização oportuno para intervenção.
de sete ou mais consultas no pré-natal; A decisão pela via de parto deve ser
- a realização de sete ou mais consultas no pré- baseada em evidências científicas
natal foi menos frequente entre mães considerando os ganhos em saúde e seus
adolescentes e mais frequente entre mães possíveis riscos. Além disso, é fundamental
com maior escolaridade; assegurar que as mulheres com indicação da
- a porcentagem de parto cesáreo aumentou cesariana a recebam de maneira segura e
em 29% passando de 37,69% em 2013 para oportuna.
48,71% em 2022; Considerando que a prematuridade e o
- parto cesáreo foi mais frequente entre mães baixo peso ao nascer são fatores
com 35 anos ou mais e com maior determinantes para diversas intercorrências
escolaridade; na infância e na idade adulta, essas duas
- a prematuridade teve acréscimo de condições merecem especial atenção no
aproximadamente 14% e foi mais frequente sentido de preveni-las. Na ocorrência desses
nos extremos da idade materna; ou outros agravos, atenção especial deve ser
- a variável presença de anomalias congênitas dada ao acompanhamento e assistência ao
apresentou elevada porcentagem de recém-nascido.
informação ignorada o que prejudicou a
análise dessa característica.

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