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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DEMOGRAFIA – PPGDEM
DISCIPLINA DE DEMOGRAFIA 1
PROFº. FLÁVIO HENRIQUE MIRANDA DE ARAÚJO FREIRE
DISCENTE: ISAC ALVES CORREIA

TRABALHO PRÁTICO – TAXAS DE MORTALIDADE E TABELA DE


SOBREVIVÊNCIA

NATAL/RN,
2016
Apesar de ser um dos estados brasileiros que apresentam as menores taxas de
mortalidade infantil, o Espírito Santo (ES) apresenta taxas de mortalidade específicas
bastante elevadas nos grupos de idades jovens do sexo masculino (entre 15 a 24 anos,
principalmente), um dos motivos para a razão de sexo que corresponde ao número de
homens para cada 100 mulheres seja baixa.

Figura 1 – Taxas Específicas de Mortalidade – TEM, Espírito Santo (2010)

1.0000

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

80 e +
0 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 24

25 a 29

30 a 34

35 a 39

40 a 44

45 a 49

50 a 54

55 a 59

60 a 64

65 a 69

70 a 74

75 a 79
Homens Mulheres

Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM

Isso ocorre porque a mortalidade por causas externas está especialmente ligada
as faixas etárias de 15 a 24 anos. Apesar de o número de nascimentos para o sexo
masculino ser superior, os estudos apontam que as mulheres morrem menos por causas
externas (assassinato, homicídios, etc). O Governo Federal já chegou a classificar o
Espírito Santo como um dos estados de maior Índice de Homicídios de Adolescentes
(IHA), o que justifica uma mortalidade tão elevada para os homens nas idades jovens.
Mesmo nos outros grupos de idade as taxas de mortalidade específicas são menores para
o gênero feminino que podem estar relacionadas a maiores cuidados com saúde do que
acontece no sexo oposto. Essas informações são importantes tanto para subsidiar
políticas públicas de combate à criminalidade ou destinada a uma determinada faixa
etária ou gênero, ou para avaliação de resultados alcançados com as políticas
implementadas.
A taxa de mortalidade infantil do Espírito Santo de 11,78 por mil nascidos vivos
é uma das menores dentre os estados brasileiros e por isso apresenta um valor bem
inferior ao país que é de 21,86 por mil, tomando como referência o ano de 2010. O
estado tem uma semelhança com a Argentina, Brunei, Emirados Árabes Unidos,
Gronelândia e Panamá no que respeito a mortalidade infantil para cada mil nascidos
vivos (11,11; 11,87; 12,3; 10,26; e 11,97, respectivamente). O ES tem uma mortalidade
infantil mais baixa em se comparando aos países da América Latina como a Bolívia
(43,41), Colômbia (16,87), México (17,84), Paraguai (23,83), Equador (20,26) e Peru
(27,74) mas ainda tem muito a melhorar para chegar a taxas como a de países como
Cuba1 (5,72) e Chile (7,52).

Gráfico 2 – Taxas de Mortalidade Infantil por mil, Espírito Santo (2010)

10.02
TMI 13.45
11.78

7.23
Neo-Natal 9.44
8.37

5.05
Neonatal precoce 6.82
5.96

2.78
Pós-Natal 4.01
3.41

2.19
Neonatal tardia 2.62
2.41

Mulheres Homens Total

Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM

As taxas de mortalidade neo-natal (0-27 dias) e neo-natal precoce (0-6 dias)


foram bem menores que a pós-natal (28-364 dias) e isso pode estar relacionado a alguns
cuidados, inclusive os diretamente ligados ao acompanhamento pré-natal, condições
socioeconômicas, grau de instrução e idade da mãe (FRANÇA; LANSKY, 2008).
Na metodologia de cálculo da TMI é considerado o risco que cada nascido vivo
tem de morrer antes de completar um ano de idade. Desse modo, fica implítico o
1
Apesar de haver um questionamento que aponta uma falha ao utilizar os dados sobre a mortalidade
infantil em Cuba sem considerar o número de abortos devido complicações durante a gestação. De acordo
com a Organização das Nações Unidas (ONU), assim como o aborto, a mortalidade materna (73 para
cada 100.000 nascidos vivos) também apresenta um número considerável e, portanto, as taxas de
mortalidade infantil nesse caso não serviria como parâmetro para medir condições de vida e saúde no
país.
conceito de probabilidade e por isso há uma discussão sobre o que se convencionou
chamar taxa de mortalidade infantil, mas a mesma é bastante utilizada para comparar
diferenciais de mortalidade nas idades iniciais em diversos países, estados ou qualquer
que seja o recorte ambiental. As taxas de mortalidade infantil quando calculadas dentro
de uma coorte representa uma probabilidade de ocorrência de uma evento (no caso a
mortalidade). Nas taxas calculadas em uma coorte são utilizados tanto óbitos quanto
nascimentos de períodos diferentes e é nisso que diferem taxas de período e de coorte.
Porém, em uma população estacionária não haveria diferenças devido as taxas de
fecundidade e mortalidade manterem-se constantes e não haver fluxos migratórios.
Na falta de dados precisos com relação ao número de nascimentos alguns
demógrafos e estudiosos costumam utilizar a medida da razão criança-mulher como um
índice de fecundidade (Carvalho e Garcia, 2001; Marcondes, 2011; Silva, 2012). Para o
Espírito Santo observa-se em 2010 um valor da razão criança-mulher de 0,2866 o que
indica um número de praticamente 29 crianças de 0 a 4 anos para cada mil mulheres em
idade de procriar (15 a 49 anos de idade).
No que diz respeito a derivação da esperança de vida combinada, como o
próprio nome sugere corrige o efeito da idade e do sexo, já que nascem mais homens do
que mulheres. Essa medida indica o número em anos médios vividos independente do
sexo do indivíduo. Para o estado escolhido, Espírito Santo, esse indicador é de 74 anos
para ambos os sexos.

Referências Bibliográficas

CANO, W.; LUNA, F. V. A Reprodução Natural de Escravos em Minas Gerais (Século


XIX) – uma Hipótese. In: Economia Escravista em Minas Gerais, Campinas,
Cadernos IFCH-UNICAMP, (10):1-14, outubro de 1983.

CARVALHO, J. A. M.; GARCIA, R. A. Estimativas decenais e quinquenais de


saldos migratórios e taxas líquidas de migração do Brasil, por situação de
domicílio, sexo e idade, segundo unidade da federação e macrorregião, entre 1960 e
1990, e estimativas de emigrantes internacionais do período (1985/1990). In: XIII
Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Anais do... Ouro Preto-MG: ABEP, 2002.

Folha Vitória. Espírito Santo é o quinto estado com maior índice de assassinatos de
adolescentes, diz pesquisa. 28 de Janeiro, 2015.

FRANÇA, E.; LANSKY, S. Mortalidade infantil neonatal no Brasil: situação atual,


tendências e perspectivas. In:  In: XVI ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS
POPULACIONAIS, Caxambu-MG. Demografia e Saúde. Caxambu-MG: ABEP, 2008.
Disponível
em<http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docsPDF/ABEP2008_1956.pdf>
Acesso em: 22/Jun 2016.

IBGE. Censo Demográfico 1970. Rio de Janeiro, 1973.

IBGE. Censo Demográfico 1980. Rio de Janeiro, 1983.

IBGE. Censo Demográfico 1991. Rio de Janeiro, 1993.

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IBGE. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2013.

MARCONDES, R. L. Fontes censitárias brasileiras e posse de cativos na década de


1870. Revista de Índias, v. 71, p. 231-258, 2011.

PNUD, 2010. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Atlas do


Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/.

PNUD, 2010. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Índice de


Desenvolvimento Humano. Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/.

SILVA, G. A. N. Região, Economia e População Escrava Piranguense na Segunda


Metade do Oitocentos. In: XV Seminário sobre a Economia Mineira, 2012,
Diamantina-MG. Anais do... Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2012

VIEGAS, Jucelaine Rodrigues. 10 Melhores cidades para se viver em 2015.


Viajarpelomundo.com.br, 07 de Abril, 2016.

Sites Consultados:

http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/

http://www.es.gov.br/EspiritoSanto/default.aspx.

http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=29&c=br&l=pt

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350

http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=272

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