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Fatos e
Números

FAMÍLIAS E FILHOS
NO BRASIL
1 | Fatos e Números

Apresentação

No projeto de construção de toda família, são fundamentais as decisões sobre o número de


filhos e o momento de sua chegada. Essas escolhas de vida são muito significativas para a
sociedade em geral, pois a estrutura etária da população é definida, principalmente, pelo
comportamento da fecundidade. De fato, a alta velocidade da queda da fecundidade acarreta
mudanças rápidas no ritmo de crescimento da população e na distribuição etária, com
consequências econômicas e sociais de longo prazo.

Esta edição de Fatos e Números traz os principais dados sobre a evolução histórica recente
da taxa de fecundidade no Brasil, da idade em que as mulheres têm seu primeiro filho e do
tamanho médio da família brasileira, bem como sobre a relação entre o número de filhos e
outras variáveis populacionais. Além disso, são reunidas estatísticas sobre a intenção de ter
filhos entre os jovens e a diferença entre a fecundidade desejada e a observada.

O tamanho médio das


A taxa de fecundidade no Brasil
famílias brasileiras
diminuiu de 6,28 para 1,87 em 50
diminuiu de 3,62
anos (1960 a 2010). Em 2030 deve
pessoas em 2008 para
ser alcançado o patamar de 1,5.
3,07 em 2018.

O desejo por mais filhos


Mulheres com mais de
diminui com o aumento da
8 anos de estudos têm,
idade da mulher, caindo de
em média, metade do
72,9%, entre as jovens de
número de filhos das
15 a 19 anos, a 40,2% na
que têm até 3 anos de
faixa dos 25 a 29 anos e a
estudo.
13% entre 35 e 39 anos.
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Redução da Taxa de Fecundidade

A taxa de fecundidade é a medida de quantos filhos, em média, as mulheres têm ao


longo de sua vida reprodutiva. O número médio de filhos por mulher vem se reduzindo
no Brasil desde a década de 1960. Os dados reais até 2010, com projeções para as
décadas seguintes, demonstram que a taxa de fecundidade no Brasil reduziu-se de
6,16 em 1940 para 1,87 em 2010. Por volta de 2030, deve ser alcançado o patamar de
1,5, que permanecerá estável até 2050 (Gráfico 1).

Uma variável importante para entender o comportamento reprodutivo é a idade


mediana das mulheres ao ter o primeiro filho, que, atualmente, está em torno dos 21
anos (Gráfico 2). Ademais, verificou-se que as mulheres com menor nível de instrução
declararam ter tido sua primeira gravidez mais jovens do que as mulheres com maior
nível de instrução.

A continuada queda da fecundidade é em grande parte responsável pela queda do


tamanho médio das famílias brasileiras, que passou de 3,62 pessoas para 3,07 pessoas
por família, apresentando um comportamento semelhante nas áreas urbanas e rurais
(Gráfico 3).

Gráfico 1 - Taxa de fecundidade - Brasil - 1940/2050

6,16 6,21 6,28


5,76

4,35

2,85
2,38
1,87
1,53 1,5 1,5 1,5

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE. Séries Históricas e Estatísticas. População e Demografia.
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Gráfico 2 - Idade mediana da mulher no nascimento do primeiro filho por anos


de estudo, Brasil - 2006

26
23
21
19 20 20
19

Total Nenhum 1a3 4 5a8 9 a 11 12 e mais

Anos de Estudo

Fonte: Elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), 2006.

Gráfico 3 - Tamanho médio da família - Brasil – 2002 a 2017/18

Urbana Rural Total


3,62
3,3
3

4,05
3,55 3,6
3,24 3 3,2

2002 2008 2017/18


Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE. Pesquisa de Orçamento Familiar, IBGE, 2019.
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Fecundidade, por grau de instrução da mulher e por situação de


residência urbana ou rural

O contexto urbano ou rural e o aumento da escolaridade são fatores correlacionados


com a taxa de fecundidade. O aumento da escolaridade, por exemplo, é acompanhado
por uma diminuição no número de filhos (Gráfico 4).

A situação urbana ou rural dos domicílios das mulheres também apresenta diferenças
no tocante ao número de filhos. No Brasil rural de 1970, as mulheres tinham, em média,
7,7 filhos, ou seja, três filhos a mais do que aquelas que viviam nas cidades. Trinta e
dois anos mais tarde, a diferença se atenuou, mas permanece num valor de 1,3 filhos,
em média, a mais nas áreas rurais (Gráfico 5).

Gráfico 4 - Número de filhos por nível de instrução da mãe - Brasil - 1970/2005

Até 3 anos 4 a 7 anos 8 anos ou mais

2,7

2,1
4,3
3,6 1,8
1,6
1,4
3
2,8
2,4
7,2
6,2
4 3,5 3

1970 1980 1991 2000 2005

Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE. Séries Históricas e Estatísticas. População e Demografia.
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Gráfico 5 - Número de filhos por situação urbana ou rural - Brasil – 1970/2000

7,7 População Urbana População Rural

6,4

4,6
4,4

3,6 3,5

2,5
2,2

1970 1980 1991 2000

Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE. Séries Históricas e Estatísticas. População e Demografia.

Intenção de Ter Filhos

No tocante à intenção de ter filhos, observa-se que o desejo por mais filhos diminui
sistematicamente com o aumento da idade da mulher, caindo de 72,9%, entre as
jovens de 15 a 19 anos, a 40,2% na faixa de 25 a 29 anos e a 13% entre 35 e 39 anos
(Gráfico 6).

Por sua vez, a diferença entre a taxa de fecundidade desejada e a observada aumenta
inversamente ao acúmulo de anos de estudo, indo de uma quase coincidência
(diferença igual a 0) para as mulheres com 12 e mais anos até uma diferença de 30%
a mais para mulheres que não estudaram. (Gráfico 7).
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Gráfico 6 - Intenção de ter filhos entre mulheres (%) - Brasil - 2006

Não quer mais filhos

Quer ter mais filhos

53,7
72,9
40,2
21,3
1,8
13 4,5

39,7 36,9 37,9 37,4 35,4


34,2
23,3

15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49


Fonte: Elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), 2006.

Gráfico 7 - Taxa de fecundidade desejada e taxa de fecundidade observada -


2006

2
1,8 1,8 1,8
1,6 1,6

Urbana

Rural

Total

Observada Desejada

Fonte: Elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), 2006.
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Gráfico 8 – Taxa de fecundidade desejada e taxa de fecundidade observada, por


anos de estudo

4,2

3,1
2,8

2,1 2,1 Total


1,8 1,8
1,6 1,7 1,6 Desejada
1,5
1,4

1 1

Total Nenhum 1a3 4 5a8 9 a 11 12 e mais


Anos de Estudos
Fonte: Elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), 2006.

A redução histórica da taxa de fecundidade e a tendência, com o aumento da média


dos anos de estudo das mulheres, a uma aproximação entre a fecundidade desejada e
a observada trazem desafios importantes para a sociedade brasileira, que passa a
envelhecer cada vez mais rápido.

Os desafios são de ordem econômica, na medida em que aumenta a população


economicamente inativa em relação à ativa, e sociais, tendo em vista as necessidades
de cuidado de familiares idosos e o stress sobre os vínculos familiares potencialmente
advindos de uma redução das gerações mais novas com o passar do tempo.
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Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e


da Mulher 2006 – Relatório Final. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia; 2008. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/img/relatorio_final_pnds2006.pdf. Acesso em: 07
jul. 2021.
______. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS)
2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério
da Saúde, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa de


orçamentos familiares 2017-2018: primeiros resultados. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro:
IBGE, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101670.pdf.
Acesso em: 09 jul. 2021.

______. Séries históricas e estatísticas: população e demografia. Rio de Janeiro,


s.d. Disponível em:
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?no=10&op=02016. Acesso em: 30
jun. 2021.

______. Séries históricas: taxa de fecundidade total, por grupos de anos de estudo
das mulheres. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em Disponível em
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=CD108&t=taxa-
fecundidade-total-grupos-anos-estudo. Acessado em: 30 jun. 2021.

______. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da


população brasileira, 2016. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Estudos e
pesquisas. Informação demográfica e socioeconômica. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível
em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf. Acesso em: 09 jul. 2021.

SISTEMA IBGE DE RECUPERAÇÃO AUTOMÁTICA – SIDRA. Pesquisa de Orçamento


Familiar. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/675. Acesso em: 08 jul. 2021.

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