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Transição demográfica,
epidemiológica e nutricional.
Condições de saúde e nutrição do
Brasil.

Prof. Dr Rose Mari Bennemann


Bioestatística e epidemiologia
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Transição demográfica

• Refere-se a alterações importantes nos níveis de


fecundidade e mortalidade da população.
• À medida que os países atingem níveis de
desenvolvimento mais elevados, as melhorias das
condições sociais, econômicas e de saúde causam a
transição de um padrão de expectativa ou esperança de vida
baixa para um padrão de expectativa ou esperança de
vida alta.
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Estágios da Transição Demográfica


Pode ser dividida em 4 estágios :
Primeiro estágio:

Quando as taxas de fecundidade e


mortalidade, principalmente infantil, são
elevadas, originando baixo crescimento
populacional .
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Estágios da Transição Demográfica

Segundo estágio:

Caracterizado por elevadas taxas de fecundidade e


redução das taxas de mortalidade, gerando elevado
crescimento populacional. É a transição
demográfica propriamente dita ➔ o ritmo de
crescimento populacional aumenta e a
população permanece jovem (explosão
demográfica).
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Estágios da Transição Demográfica


Terceiro estágio:

As taxas de fecundidade passam a diminuir em ritmo mais


acelerado que o da mortalidade➔diminuição do ritmo de
crescimento populacional ➔ levando ao fenômeno do
envelhecimento da população (processo no qual o
Brasil se encontra).
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Estágios da Transição Demográfica

Quarto estágio:

Conhecido como fase moderna da transição. Caracteriza-


se por baixas taxas de fecundidade e mortalidade, que
proporcionam equilíbrio populacional
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Situação mundial-
Fecundidade

• observam-se quedas abruptas nas taxas de


fecundidade em todo o mundo

• estima-se que, até 2025, 120 países terão alcançado taxas de


fecundidade total abaixo do nível de reposição (média de fertilidade
de 2,1 crianças por mulher).

• isso representa um aumento substancial se comparado a dados de


1975, quando apenas 22 países possuíam uma taxa de fecundidade
total menor ou igual ao nível de reposição. O número atual é de 70
países.
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Situação mundial-
Envelhecimento populacional

Fenômeno mundial
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A redução nas taxas de fertilidade e


o aumento da expectativa de vida

envelhecimento da população mundial


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Situação mundial-
Envelhecimento populacional
Crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos,
é um fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes.

No âmbito mundial, a expectativa de


vida ao nascer alcançou 69 anos entre
2005–2010 - 22 anos mais do que
entre 1950–1955

As projeções indicam que, em 2025, existirá um total de aproximadamente 1,2


bilhões de pessoas com mais de 60 anos.
Até 2050 haverá mais de dois bilhões, sendo 80% nos países em
desenvolvimento.
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Figura 1. Proporções da população acima dos 60 anos: no mundo e


por região, 1950-2050

Fonte: UNDESA 2013


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Situação mundial

A proporção de pessoas com 60 anos ou


mais está crescendo mais rapidamente
que a de qualquer outra faixa etária, em
todo o mundo .
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Situação mundial

à medida que a proporção de crianças e jovens


diminui, a proporção de pessoas com 60 anos de
idade ou mais aumenta,
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 a pirâmide triangular da população de 2002 será substituída por uma


estrutura mais cilíndrica em 2025.

 à medida que a proporção de crianças e jovens diminui a proporção de


pessoas com 60 anos de idade ou mais aumenta,
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Situação mundial-
Expectativa de vida
• hoje, uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade
ou mais;
• para 2050, estima-se que a relação será de um idoso
para cinco pessoas, para o mundo em seu conjunto, e
de um para três para o mundo desenvolvido;
• segundo as projeções, o número de centenários - de
100 anos de idade ou mais - aumentará 15 vezes, de
aproximadamente 145 000 pessoas em 1999 para 2,2
milhões em 2050;
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Motivos para a queda


da mortalidade
 Afastamento das conseqüências fatais de
determinadas doenças (evolução da medicina)
 Atitudes profiláticas no campo da saúde preventiva
(vacinas, água tratada, esgotos)
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Transição Demográfica

Brasil

(1950-2050)
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Transição Demográfica-Brasil

Mortalidade

 a partir dos anos 40

A mortalidade infantil caiu substancialmente, declinando de


patamares acima de 300 óbitos por mil nascidos vivos em várias
regiões na década de 40, para níveis nacionais médios de 30 por
mil nascimentos
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Transição Demográfica - Brasil

Fecundidade

 a partir dos anos 60

de 6,3 filhos para 2,0 filhos por mulher em 2005


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Redução das taxas de natalidade


(i) Taxa Bruta de Natalidade no Brasil (1890 a 2050)

5% 4,7%
4,6% 4,6%
4,5% 4,5% 4,5%
4,4%
4,3%

3,9%
4%
Taxa Bruta de Natalidade

3,2%
Em 1980, a taxa bruta de
3% natalidade no Brasil era
igual a 3,2%. Em 2000, essa 2,4%
taxa foi de 2,0%, com 2,0%
1,8%
2% previsão de queda para 1,4% 1,6%
1,5%
no ano de 2040. 1,4% 1,4%

1%
Fonte: IBGE.
Obs. (1): Dados a partir de 2002 são projeções.
Obs. (2):Taxa Bruta de Natalidade = Número de Nascidos Vivos / Total da
População
0%
1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
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Proporção de idosos na população


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Brasil
Segundo KALACHE e col. (1987)

2025
Idosos corresponderão a 15,1% da pop.

6a maior população de idosos no mundo


30 milhões de pessoas
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Concomitantemente à transição
demográfica, ocorrem mudanças no

perfil epidemiológico da
população

Transição epidemiológica
(PEREIRA, 2006)
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Transição epidemiológica
Refere-se a modificações nos padrões de morbidade, invalidez e
morte da população. Ocorrem em conjunto com outras
transformações demográficas, sociais e econômicas.

(PEREIRA, 2006)
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Situação mundial
Doenças

➨ a mudança no padrão de doenças


transmissíveis para as não transmissíveis está
ocorrendo rapidamente na maioria dos países
desenvolvidos, onde as doenças crônicas, como
cardiopatias, câncer e depressão estão cada
vez mais se tornando as principais causas de
morte e invalidez. Tendência que irá crescer nas
próximas décadas.
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Situação mundial
Doenças
➨Em 1990➔51% da carga global de doença
em países em desenvolvimento e recentemente
industrializados era representada por doenças
não transmissíveis, doenças mentais e lesões.

➨Em 2020 ➔ a carga dessas doenças irá


aumentar para aproximadamente 78%
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Situação mundial-
Doenças

Deslocamento da maior carga de morbi-


mortalidade dos grupos mais jovens para
os grupos mais idosos

Conforme os indivíduos envelhecem, as doenças


não-transmissíveis (DNTs) transformam-se nas
principais causas de morbidade, incapacidade e
mortalidade em todas as regiões do mundo, inclusive
nos países em desenvolvimento.
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Situação mundial-
Doenças
33

Situação mundial
Causas de morte
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Transição epidemiológica

Brasil
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Transição epidemiológica
O Brasil tem experimentado, nas últimas décadas, importantes
transformações no seu padrão de morbimortalidade, relacionadas,
principalmente, às seguintes condições:

•A redução da mortalidade precoce, especialmente


aquela ligada a doenças infecciosas e parasitárias;
• O aumento da expectativa de vida ao nascer, com o
conseqüente incremento da população idosa e
conseqüentemente aumento da s DNTs
•Aumento dos acidentes e das violências ➔ em função
do processo acelerado de urbanização e de mudanças
socioculturais
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Transição epidemiológica

Entretanto o Brasil apresenta, diferentemente


do países desenvolvidos, uma carga dupla de
doenças, pois, apesar do decréscimo global das
taxas de mortalidade e da diminuição da
mortalidade proporcional por doenças
infecciosas e parasitárias, a mortalidade
decorrente dessas causas ainda permanece
elevada no Brasil, exigindo atenção por parte
dos setores competentes.
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Transição epidemiológica
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Transição epidemiológica
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Prevalências de Hipertensão e Diabetes


Hipertensão Arterial:
 Estudos epidemiológicos locais - a prevalência na população
urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da
cidade onde o estudo foi conduzido

Diabetes
 1988: Prevalência de 8% de diabetes entre adultos de 30-69 anos
residentes em 9 capitais brasileiras, variando de 3% a 17% entre
as faixas de 30-39 e de 60-69 anos.A prevalência da tolerância à
glicose diminuída era igualmente de 8%, variando de 6 a 11%
entre as mesmas faixas etárias.
 Hoje estima-se 11% da população igual ou superior a 40 anos,o
que representa cerca de 5 milhões e meio de portadores
(população estimada IBGE 2005).
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Transição
nutricional
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Transição
nutricional
Refere-se a mudanças seculares nos padrões de
nutrição, dadas as modificações da ingestão
alimentar, como conseqüência de transformações
econômicas, sociais, demográficas e sanitárias

➔caracterizada pela redução da prevalência de desnutrição


e aumento da prevalência da obesidade.
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Transição nutricional
Situação mundial-

Mudanças no padrão alimentar:

Dieta rica em alimentos de origem animal;


Dieta rica em açúcar e pobre em carboidratos
complexos;
Diminuição no consumo de fibras (vegetais e
frutas);
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Transição nutricional
Fatos que contribuíram para a mudança na
alimentação
 urbanização e prosperidade;
 mudanças nas relações familiares (mulher assume papel na
sociedade como força de trabalho➔chefe da família);
 globalização➔perda da identidade cultural no ato de preparar
os alimentos e maior disponibilidade de alimentos;
 modificação dos espaços físicos para o compartilhamento das
refeições e práticas para o preparo das refeições;
 crescente consumo de alimentos industrializados, pré-
preparados;
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Transição nutricional

Aumento da disponibilidade de
Alimentos(globalização)

Crescimento do sedentarismo

Aumento expressivo obesidade


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Transição nutricional

Brasil
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Transição nutricional
➔No Brasil, a transição nutricional assumiu perfil
singular.
➔Sem ter resolvido satisfatoriamente os
problemas alimentares relacionados à carência
absoluta de alimentos, o país convive com perfis
nutricionais distintos, por vezes, sobrepostos.
➔Nota-se na evolução da desnutrição, a
permanência da anemia e o incremento do
excesso de peso e obesidade e dos agravos
relacionados a ela.
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Transição nutricional
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Transição nutricional

1975-ENDEF; 1989-PNSN; 2003 –POF; 2006-PNDS


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Transição nutricional
Tendência secular do excesso de peso no Brasil em
adultos

1975-ENDEF; 1989-PNSN; 2003 –POF; 2006-PNDS


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Transição nutricional
Tendência secular da obesidade no Brasil

1975-ENDEF; 1989-PNSN; 2003 –POF; 2006-PNDS


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Transição nutricional

1975-ENDEF; 1989-PNSN; 2003 –POF; 2008-POF


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REFERÊNCIAS
• PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006. p.157-185
• VERMELHO, L. L.; MONTEIRO, M. F. G. Transição demográfica e
epidemiológica. In: MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2003. p. 91-103.
• ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. La obesidad en la
pobreza: un nuevo reto para la salud publica, Washington, D. C.: OPS,
2000. n. 576, p. 132.
• ANDREWS, Garry A. Los desafíos del proceso de envejecimiento en las
sociedades de hoy y del futuro. In: ENCUENTRO LATINOAMERICANO Y
CARIBE—O SOBRE LAS PERSONAS DE EDAD, 1999, Santiago. Anais.
Santiago: CELADE, 2000. p. 247- 256. (Seminarios y Conferencias -
CEPAL, 2).
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REFERÊNCIAS
• ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD . Rede Interagencial
de Informações para Saúde.Informe de situação e tendências :
demografia e saúde.– Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde,
2009.36 p. : il. – (Série G. Estatística e Informação em Saúde) (Série
Informe de Situação e Tendências)
• IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010.
Disponível em:
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/ > Data de
acesso: 18/07/2011.
• IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de
orçamentos familiares 2008-2009. Antropometria e análise do
estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil.
2010 Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodev
ida/pof/2008_2009/POFpublicacao.pdf>. Acesso em 15 de abril de
2011.

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