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Nº Est.:1901232
Turma: 09
CÓDIGO: 41098
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TRABALHO / RESOLUÇÃO:
1)
Tendo por base a citação supracitada entendo que a antropologia, enquanto ciência que estuda o
conjunto de experiências, competências e ideais comuns partilhados e transmitidos de geração
em geração pelos diferentes membros de uma sociedade, ou seja, a diversidade cultural da
população humana, apresenta um grande leque de diferentes ramificações de si mesma,
mediante a área de interesse do antropólogo para a sua investigação.
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consagradas ao Deus Dionísio e também às “Lupercais” (festas pagãs) mais propriamente à
tentativa de terminar com estas festas por parte da igreja cristã, determinando o inicio do
“carnevalem” para que as pessoas se pudessem “despedir dos prazeres carnais (alimentares e
não só)” (Matos, 1998) com a duração até à Quaresma. A história do Carnaval em Portugal é mais
recente, pelo menos de acordo com os seus registos, sendo que o primeiro registo ao Carnaval
português nos leva ao seculo XVI onde, de acordo com os relatos, eram pregadas partidas e
algumas brincadeiras, mas que acabavam constantemente em episódios de violência. Devido aos
excessos, tanto a igreja católica chegou a tomar medidas para retirar o significado a esta festa e
minimizar a sua importância como também foram tomadas medidas legais, como proibir lançar
foguetes para comemorar o evento. Só no século XVIII, com o liberalismo, foi novamente
permitido festejar o Carnaval. É também com este que surge uma tradição típica do Carnaval: a
critica e a sátira.
Em 1903, em Lisboa, o Carnaval durava três dias, domingo, segunda e terça-feira e existem
relatos da chegada dos reis à estação do Cais do Sodré, com um desfile de carros e mascarados,
dando a origem à figura do Rei do Carnaval. Estas tradições foram se perdendo em Lisboa ao
longo do século XX, mas serviram de modelo para outros locais onde se celebra o Carnaval.
Ainda nos dias de hoje é mantida a tradição, no Carnaval de Torres Vedras, da receção ao rei,
neste caso ao Rei do Carnaval, após a sua “viagem” de comboio, pela comitiva do Carnaval (a
corte do Rei, os Zés Pereiras, os Cabeçudos e os foliões torrienses).
O uso do “cocotte” atirado pelos foliões que desfilam nos carros alegóricos para quem está a
assistir ao desfile é uma tradição que se mantem na atualidade, embora com características
diferentes. Nos anos 20 o “cocotte” consistia em saquinhos enchidos com grainhas de uva, estas
guardadas desde a altura da vindima, agricultura predominante no concelho de Torres Vedras, até
ao início do Carnaval. Atualmente substituído por um cubo de esponja, mas com o mesmo
objetivo e tradição.
No fundo o Carnaval de Torres Vedras, não é só a folia com os corsos, as matrafonas, os
“cocottes” e o Rei e Rainha do Carnaval, mas também a história da cidade e dos seus habitantes,
tal como indica António Matos (1998) “Referimo-nos ao Carnaval de Torres, já enraizado na
identidade cultural e social desta Cidade”
3) O etnocentrismo e o relativismo cultural são dois conceitos antagónicos, mas têm um ponto em
comum que está relacionado com a maneira como se aceita e vê o “Outro”. Enquanto que a
postura etnocêntrica vê o “Outro” como sendo inferior em comparação ao “Nós”, a postura
relativista está apta para aceitar o “Outro” como estando tão certo culturalmente como o “Nós”.
Através do relativismo é possível conhecer a cultura ou a sociedade no seu pleno, não fazendo
juízos de valor que moldam a forma como são vistas as dinâmicas culturais existentes. Ao não
aceitar o “Outro”, como tendo posturas corretas para o ambiente e sociedade onde vive, a
perspetiva de analise, estudo e conhecimento é apenas crítica no sentido depreciativo.
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Do ponto de vista da investigação antropológica e tendo o antropólogo a sua própria cultura, ao
analisar outra não pode faze-lo com ideias pré-concebidas de que o outro é inferior ou que aquela
cultura não é correta dentro dos padrões culturais que conhece, desta forma o antropólogo deve
evitar o comportamento etnocêntrico para um total conhecimento da cultura do outro, tornando
viável a sua investigação. O antropólogo deve, assim, manter a mente aberta para conhecer o
Outro e aceitar novas culturas com valores diferentes dos seus, só assim será possível tomar
conhecimento da diversidade do Homem.
Utilizando como conclusão para este tema e porque me permitiu, de certa forma, compreender
melhor estes dois conceitos, apresento onde no meu entender podemos verificar uma
transformação etnocêntrica numa relativista. No filme “América Proibida” de (Kaye, 1998)
encontramos a história de um adulto que não aceita a raça negra, declarando uma supremacia
branca neonazi como superior. Com o desenvolvimento do filme a personagem central foi
colocada num estabelecimento prisional onde se viu a ser violada e enganada pelos “seus iguais”,
elementos de outros grupos neonazis, e a ser ajudada por um individuo de raça negra. Aos
poucos conseguiu quebrar o seu etnocentrismo e permitiu-se a conhecer essa raça “inferior”,
aceitar e compreender o outro que tomava como inferior, alterando o seu modo de ver o outro e
por consequência a si próprio.
BIBLIOGRAFIA
Batalha, L. (2004). Antropologia Uma Perspetiva Holística. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Matos, A. A. (1998). Carnaval de Torres Uma História Com Tradição. Torres Vedras: Sector de Cultura e Turismo da
Câmara Municipal de Torres Vedras.
Reis, C. (1999). Cenas da Vida de Torres Vedras. Torres Vedras: Município de Torres Vedras / Cultura.
Turres Veteras III - Actas de História Contemporânea. (s.d.). Torres Vedras: Secção de Cultura da Câmara municipal de
Torres Vedras, Instituto de Estudos Regionais e Municipalismo, Alexandre Herculano.
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