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ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... i

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................... 1

1.1. Introdução .............................................................................................................. 1

1.2. Objectivos do Estudo ......................................................................................... 1

1.2.1. Objectivo Geral .............................................................................................. 1

1.2.2. Objectivos Específicos ................................................................................... 2

CAPÍTULO II: DESENVOLVIMENTO ..................................................................... 3

2.1. Crescimento Populacional ..................................................................................... 3

2.1.1. Tipos de crescimento populacional .................................................................... 3

2.1.2. Causas do Crescimento Populacional ................................................................. 4

2.1.3. Consequências do Crescimento Populacional .................................................... 6

2.1.4. Crescimento Populacional em Moçambique ...................................................... 7

2.2. Crescimento Populacional e Agricultura ............................................................... 8

2.2.1. Segurança Alimentar .......................................................................................... 9

2.2.3. Crescimento Populacional e Agricultura em Moçambique .............................. 10

2.2.1. Impacto da População em Solos Aráveis ......................................................... 10

2.2.2. Impacto da População na Segurança Alimentar ............................................... 11

2.2.3. Impacto do Crescimento Populacional na Agricultura ..................................... 12

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO ................................................................................. 14

3.1. Conclusão ............................................................................................................ 14

Referencias Bibliográficas .......................................................................................... 15


LISTA DE ABREVIATURAS
ONU – Organização das Nações Unidas

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations

PIB – Produto Interno Bruto

i
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Impacto da população em solos aráveis ........... Erro! Marcador não definido.

ii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Introdução
O constante crescimento populacional mundial é motivo de preocupação por ser um
factor básico para a alteração e crescimento da demanda em diversas áreas. Com os
actuais níveis de acesso não igualitário à alimentação básica, o constante crescimento
populacional, principalmente em países em vias de desenvolvimento e/ou populosos,
aumenta a dificuldade em manter estável a oferta de alimentos e torna o país dependente
de compras nos mercados internacionais.

Nos últimos 50 anos, a população mundial quase duplicou, em parte como consequência
da chamada geração “baby boom” (explosão de bebés), como são chamados os que
nasceram entre os anos 1946 e 1964, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. O
relativo período de paz e tranquilidade que se viveu no pós-guerra, e o rápido
desenvolvimento económico e tecnológico que se seguiu, fizeram com que, desde então,
a população não parasse de crescer a um ritmo acelerado até aos 7 bilhões de pessoas
que habitam actualmente o planeta.

O ritmo de crescimento demográfico mundial, nos últimos anos, tem sido acima dos 70
milhões de pessoas por ano. O triplo da população moçambicana. A este ritmo, a
população mundial em 2050 estará na ordem dos 9 bilhões e, até ao final do século,
serão mais de 10 bilhões.

O trabalho se justifica pelo constante crescimento da população mundial e pelas


pressões exercidas por essa expansão, motivo de preocupação por ser um factor básico
para a alteração e crescimento da demanda em diversas áreas. Com os actuais níveis de
acesso não igualitário à alimentação básica, o constante crescimento populacional,
principalmente em países em níveis iniciais de desenvolvimento e/ou populosos,
aumenta a dificuldade em manter estável a oferta de alimentos e torna o país dependente
de compras nos mercados internacionais.

1.2. Objectivos do Estudo


1.2.1. Objectivo Geral
 Compreender e analisar a relação entre o crescimento populacional e a
agricultura.

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1.2.2. Objectivos Específicos
 Apresentar as variáveis que influenciam o crescimento populacional;
 Relacionar as variáveis condicionantes do crescimento populacional e a
agricultura;
 Analisar o impacto do crescimento populacional na agricultura.

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CAPÍTULO II: DESENVOLVIMENTO
2.1. Crescimento Populacional
O crescimento populacional ou crescimento demográfico é chamado de mudança no
número de pessoas em uma determinada região geográfica durante um período de
tempo. Este termo é frequentemente usado para falar sobre humanos, mas também pode
ser usado no estudo de populações animais (por ecologia e biologia). O crescimento
populacional é, então, o aumento (ou diminuição) no número total de indivíduos durante
um determinado período de tempo.

O estudo das populações e da sua dinâmica de mudança populacional permite-nos


apresentar razões e teorias sobre o crescimento ou diminuição das populações, bem
como antever as suas consequências a curto, médio e longo prazo. É por isso que é
objecto de estudo de estatística e outras disciplinas especializadas, bem como uma
importante fonte de dados para o desenho de políticas sociais, económicas, ecológicas,
etc.

A população humana mundial é um exemplo perfeito de crescimento sustentado da


população, especialmente durante o século passado. De 2.600 milhões em 1950 (quando
a ONU ainda era jovem), em 1987 o número de humanos no planeta chegou a 5.000
milhões, em 1999 a 6.000 milhões e em 2015 a 7.300 milhões. Espera-se que esse
número global alcance 8,5 bilhões em 2030 e 11,2 bilhões em 2100, se as condições
atuais forem mantidas.

2.1.1. Tipos de crescimento populacional


O crescimento da população é uma importante ferramenta de análise do cenário
demográfico de uma determinada região. A partir dele, por exemplo, torna-se possível
estabelecer um conjunto de políticas públicas voltadas para o atendimento da população.
O crescimento de um determinado grupo populacional está ligado a inúmeras questões
de cunho cultural, político, económico e social.

No geral, interpreta-se que há um crescimento populacional quando ocorre o registro de


aumento do número absoluto de habitantes de uma determinada localidade. Sendo
assim, há dois tipos de crescimento populacional, sendo eles:

a) Crescimento Natural ou Vegetativo: está atrelado ao aumento do número de


habitantes de uma determinada região em razão da diferença positiva entre as

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taxas de natalidade e de mortalidade. Portanto, quando o número de nascimentos
é superior ao número de mortes em uma dada população, afirma-se que houve
um crescimento populacional positivo.
b) Crescimento absoluto: relaciona-se directamente ao movimento de migração
entre localidades distintas. O movimento de migração refere-se ao deslocamento
de indivíduos, por meio da entrada e da saída de uma população. Logo, reflete-se
directamente no número total de habitantes de uma região.
Sendo assim, o crescimento absoluto considera, para além do crescimento
natural ou vegetativo, o saldo migratório de uma população. Assim, quando o
número de entrada de migrantes é superior ao de saída, afirma-se que houve um
saldo migratório positivo e, por consequência, um crescimento da população.

2.1.2. Causas do Crescimento Populacional


As causas do crescimento populacional podem ser diversas, tais como:

a) Condições de fertilidade e saúde

Quando uma população atinge condições de saúde ideais, o que lhe permite viver além
da idade reprodutiva e expandir as famílias, as taxas de natalidade geralmente
aumentam, a população é fértil e se reproduz extensivamente. Por outro lado, quando as
condições são hostis, os indivíduos preferem não se reproduzir ou se reproduzir pouco,
ou simplesmente não atendem às condições mínimas para ultrapassar a idade
reprodutiva. Outro elemento importante é a taxa de mortalidade infantil, que deve ser
baixa para permitir que novos indivíduos cresçam, se formem e, eventualmente, também
se reproduzam.

b) Aumento da longevidade

Se as pessoas viverem mais, poderão se reproduzir mais e também viverão para ver seus
descendentes atingirem a idade adulta, gerando uma população idosa.

c) Migrações

As chegadas e saídas de indivíduos que decidem viver em outro lugar (emigrantes) ou


que vêm de outras regiões para aquela estudada (imigrantes), não só contribuem para o
enriquecimento cultural e genético, mas também podem agregar novos colonos ou
subtrair indivíduos que eles deixou.

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d) Mudanças na qualidade de vida em geral

Uma economia próspera, uma política estável, uma alta demanda de trabalhadores ou
um grande mercado para o consumo de serviços costumam ser factores que geram
imigração e crescimento populacional positivo, uma vez que os habitantes têm um
padrão de vida que lhes garante um futuro.

e) Crescimento vegetativo

O aumento natural do número de habitantes é o principal elemento analisado para a


avaliação do crescimento populacional. Na medida em que há uma saldo positivo entre
o número de nascimentos e o de mortes, percebe-se directamente o crescimento da
população de uma dada região.

f) Saldo migratório

O saldo positivo do movimento migratório de uma população específica também é um


factor demográfico que interfere no crescimento da população. Esse dado está
directamente relacionado ao crescimento absoluto e indica que o número de entradas de
migrantes em uma determinada região foi positivo.

g) Taxa de mortalidade e de mortalidade infantil

A queda das taxas de mortalidade, seja da população geral, seja do grupo específico da
população infantil, reflete-se directamente no crescimento da população. Esse dado
demográfico está ligado, em especial, à melhoria das condições de saúde de uma
população, como o maior acesso às políticas de vacinação, planeamento familiar,
saneamento básico, entre outras.

h) Taxa de longevidade

A longevidade, também chamada expectativa de vida, é um importante indicador


demográfico relacionado ao crescimento populacional, já que o avanço da idade de uma
determinada população contribui para o crescimento absoluto dela. Esse indicador
também está prioritariamente ligado às questões de saúde, mas também ao
desenvolvimento económico e social de uma população.

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i) Melhoria da qualidade de vida

Este factor qualitativo reflecte o maior acesso de uma determinada população às


políticas de geração de emprego e renda. Ademais, indica ainda boas condições de
saúde, educação e cultura disponíveis em uma sociedade. A qualidade de vida contribui
directamente para o crescimento populacional, visto que as melhores condições de
saúde e renda permitem que as famílias tenham mais filhos.

2.1.3. Consequências do Crescimento Populacional


O Aumento da população pode trazer muitos benefícios, mas também problemas e
consequências inesperadas, tais como:

Aumento da demanda por bens e serviços: aquelas populações que experimentam um


crescimento positivo sustentado ao longo do tempo passam a requerer cada vez mais
insumos para sustentar o nível de demanda, o que permite preencher empregos,
mobilizar a economia, mas também ter maior competitividade e reanimar certos
sentimentos de insatisfação (como como xenofobia).

Intercâmbio e enriquecimento cultural e genético: a miscigenação é uma enorme


fonte de diversidade e riqueza. Por esse motivo, populações que permanecem isoladas
por muito tempo tornam-se culturais e geneticamente estagnadas, uma vez que não têm
uma fonte de ideias novas ou informações genéticas diferentes (reduzindo assim a
proporção de defeitos e mutações).

Deterioração do padrão de vida: quando a sociedade anfitriã não pode oferecer o que
é minimamente necessário aos migrantes ou às novas gerações, um aumento
descontrolado da população pode aumentar a poluição , a densidade populacional
(causando superlotação e escassez de certos bens e serviços , o que logicamente os torna
mais caros) ou pobreza. O crescimento da população mundial, especialmente no século
XX, aconteceu de maneira muita acentuada. O planeta passou por um incremento
populacional relevante, principalmente a partir do início do referido último século,
quando medidas consistentes nos âmbitos económicos, sociais e culturais foram
desenvolvidas.

As estimativas demográficas recentes apontam que a população mundial pode chegar a


um número superior a 9 bilhões de habitantes em 2050. Ademais, a humanidade viveu,
ao longo do último século, momentos importantes de reconfiguração das lógicas

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económicas e produtivas. O intenso êxodo rural, atrelado ao aumento da urbanização e à
intensificação da industrialização, melhorou substancialmente a condição de vida das
famílias. Portanto, o crescimento da população mundial também teve como factores
importantes as melhorias nas condições de emprego, renda e qualidade de vida das
populações.

O crescimento da população contribuiu para o adensamento urbano: por sua vez, o


século XXI apresenta uma tendência de decréscimo do crescimento da população
mundial, especialmente nos países mais desenvolvidos do globo. O maior acesso às
políticas de planeamento familiar, o desenvolvimento de métodos contraceptivos, a
maior participação de mulheres no mercado de trabalho e as mudanças culturais das
sociedades são factores que têm contribuído para a diminuição do número de filhos da
população em geral.

Portanto, há um vislumbre de que, conforme a tendência actual, haja um decréscimo


consistente das taxas de incremento populacional mundial nos próximos anos. Porém,
esse movimento não é homogéneo em todo o globo, uma vez que países
subdesenvolvidos, como os africanos, ainda registam um grande volume de
nascimentos. Ademais, ainda há um crescimento populacional em termos absolutos no
globo, que deve perdurar até o final do presente século.

2.1.4. Crescimento Populacional em Moçambique


A população de Moçambique tem crescido a um ritmo rápido. Teve um aumento de
cerca de 5 milhões (cerca de 28%) num período de 10 anos de 16,1 milhões em 1997
para 20,6 milhões no 2007 (RAPID, 2015).

Este crescimento rápido é uma consequência da elevada taxa de fecundidade do país e


de uma diminuição considerável da taxa de mortalidade durante o mesmo período. A
taxa de fecundidade global de Moçambique tem-se mantido relativamente constante ao
longo do tempo. A taxa de fecundidade do país baixou de 6,4 filhos por mulher em
1980 pata 5,5 em 2003, antes de aumentar de novo para 5,9 em 2011. Isso pode reflectir
o início da idade reprodutiva em grupos mais jovens, uma vez que cerca de 38 por cento
das mulheres com idades compreendidas entre os 15 a 19 anos começaram a ter filhos.

A população total é concentrada para os muito jovens, um grupo que aumentou de 44,5
por cento do total em 1997 para 45,6 por cento em 2007 (RAPID, 2015). Este aumento

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é devido a uma combinação de elevada fecundidade e um aumento no número de
mulheres em idade reprodutiva.

Portanto, mesmo que a fecundidade começasse a baixar, a população de Moçambique


continuaria a crescer rapidamente por causa do elevado número de mulheres mais
jovens que dentro em breve estarão em idade reprodutiva. O crescimento rápido e
contínuo da população terá consequências para os cinco sectores-chave de
desenvolvimento: saúde; educação; economia; agricultura e a urbanização.

2.2. Crescimento Populacional e Agricultura


Thomas Malthus e Ester Boserup, ainda que tenham formulado suas teorias em
momentos históricos diferentes, parecem descrever os limites opostos da economia da
agricultura e da realidade demográfica. Malthus que no período de eclosão da primeira
revolução industrial vivenciou uma realidade demográfica cuja alta quantidade de filhos
por mulher era padrão para boa parte da população e representava maior força de
trabalho para a família no campo ou, posteriormente, maior capacidade de obtenção de
renda com a urbanização populacional.

Portanto, a realidade de Malthus, do início da industrialização da Inglaterra, está


presente em diversos locais onde a taxa de fertilidade é alta, a população é
maioritariamente rural e tende a sofrer pressões para urbanização. Boserup, por sua vez,
tem sua obra construída em uma realidade em que o número de filhos por mulher
começa a diminuir, alicerçado no efetivo ingresso da mulher no mercado de trabalho
formal, no aumento do acesso à saúde e educação e na expansão do nível de renda.

A diferença do nível tecnológico entre os períodos, não permitia à Malthus observar a


produção agrícola do mesmo modo que Boserup. Seria possível afirmar que na
perspectiva da falta de tecnologia avançada, a força de trabalho braçal tornava-se
necessário que as famílias fossem consideravelmente numerosas, de modo que
pudessem produzir para garantir sua subsistência.

Boserup, por sua vez, compreendeu que não apenas a população crescia em função da
disponibilidade de alimentos, mas que, consequentemente, a capacidade produtiva
tendia a crescer buscando atender a demanda criada pelo crescimento populacional.
Portanto, observa-se que "o aumento populacional gera um excedente de mão de obra;
este excedente faz com que o retorno salarial por hora seja menor; salários menores

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causam aumentos na carga horária de trabalho para uma equiparação da perda do poder
de compra" (Ricardo, 1891).

2.2.1. Segurança Alimentar


Para Olsson (2016), o constante crescimento populacional aumenta consequentemente
as dificuldades enfrentadas na agricultura para suprir a demanda por alimentos.
Baseando-se na necessidade de assegurar condições mínimas para alcançar os ideais de
segurança alimentar e atender a outras preocupações humanitárias, a FAO busca através
de cinco principais temas combater os problemas gerados pelo mau manejo das áreas e
das relações de oferta e demanda não lucrativamente interessantes ao mercado.

Segundo a FAO (2015), investimentos destinados a agricultura é o método mais efetivo


para a redução da fome e da pobreza, principalmente quando em áreas rurais. Enquanto
para Malthus o problema da fome está associado à incapacidade da actividade agrícola
em acompanhar a expansão da população, para Boserup, o crescimento da população
aparece como um estímulo para o desenvolvimento tecnológico do campo.

De acordo com FAO (2015), há expectativas de que a população mundial atinja os nove
bilhões de pessoas por volta de 2050, e torna-se cada vez mais importante a capacidade
técnica e tecnológica que possibilite a manutenção da segurança alimentar a nível
global. Portanto, são necessárias inovações que possibilitem a correcta utilização,
aproveitamento e reaproveitamento dos materiais e outros factores envolvidos na
produção agrícola, tendo como factor base o caráter finito das áreas agricultáveis.

Para Barrett (2010), a disponibilidade de alimentos, o poder aquisitivo e a utilização dos


alimentos para atender as necessidades individuais de nutrição são os três principais
factores que contribuem para a segurança alimentar. Estes três factores estão
correlacionados, tendo em vista que, ainda que exista a disponibilidade de alimentos, é
necessário renda para ter acesso a eles e, ainda que exista renda, precisa estar acessível e
ela também deve ser suficiente para atingir as necessidades nutricionais de cada
individuo.

O aumento da populacional parece impactar directamente na produção agrícola. Afinal,


quanto maior o mercado consumidor, maior a capacidade de absorção dos produtos
produzidos no campo. A relação, porém, não deixa explícito a capacidade de acesso aos

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produtos pela população, tendo em vista que essa tem sua liberdade de consumo
determinada por sua renda.

O processo de desenvolvimento e aplicação tecnológica no campo colabora também


para a possibilidade de garantir acesso alimentar para mais pessoas, tendo em vista que
o aumento da produtividade e da produção final pode impactar directamente nos níveis
de preço para o consumidor final.

Mais que uma população crescente, é importante que os grupos populacionais consigam
aumentar sua renda e, consequentemente, aumentar o consumo dos produtos
provenientes da agricultura. Logo, a agricultura, sendo uma actividade que visa lucro,
depende também da expansão dos níveis de renda.

A expansão da actividade agrícola trás consigo, principalmente em países que estejam


aumentando sua intensificação tecnológica recentemente, uma mudança nas
características populacionais dessas nações. Estando, aliada às grandes propriedades, a
mecanização e estabelecimento de grandes propriedades monocultoras tende a
contribuir, por exemplo, para as migrações populacionais das zonas rurais para as
urbanas.

2.2.3. Crescimento Populacional e Agricultura em Moçambique


A agricultura é a base do desenvolvimento nacional em Moçambique e o estado é
considerado o fiador e o promotor do desenvolvimento rural com a finalidade de
satisfazer as necessidades das pessoas e o progresso económico e social do país (FAO,
2015).

2.2.1. Impacto da População em Solos Aráveis


Vinte e três por cento do PIB em Moçambique é originário do sector agrícola, que
também emprega 70 por cento dos trabalhadores do país. No entanto, apenas 10 por
cento dos 36 milhões de hectares do solo arável de Moçambique são utilizados
actualmente para agricultura. Isto é em grande parte devido às condições climáticas e ao
fraco rendimento das áreas cultivadas. Ao mesmo tempo que a população aumenta com
o passar dos anos, a quantidade de solo arável disponível diminui.

Figura 1: Impacto da população em solos aráveis

10
Fonte: Modelo RAPID

2.2.2. Impacto da População na Segurança Alimentar


A produção actual de milho é de 1,2 milhões de toneladas por ano para uma população
de cerca de 23,7 milhões. O crescimento da população gera uma maior demanda de
alimentos, o que aumenta os custos e diminui o acesso a alimentos para consumo
doméstico; isto afecta desproporcionalmente os habitantes mais pobres do país,
principalmente mulheres e crianças.

O crescimento rápido da população tem como implicação para a economia:

 O crescimento económico deve ser superior ao demográfico de modo a


assegurar a estabilidade, pelo menos acima do demográfico em 3%, e que o
padrão de crescimento, seja mais equitativo, social e espacialmente e que, o
rendimento por habitante aumente de forma continuada.

Em relação à agricultura, um crescimento demográfico elevado, exige:

 Uma transformação estrutural da economia e do sector, assente no aumento da


produção de alimentos através da subida da produtividade por hectare, redução
do défice da balança comercial total e de alimentos, e melhoria da segurança
alimentar; e
 O crescimento rápido da população, ao aumentar a densidade populacional com
tendência para a concentração em determinadas zonas, exerce pressão sobre os
recursos naturais (terra, florestas, água, etc.) e tornando esses territórios mais
vulneráveis aos choques climáticos. O crescimento da população acima do

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crescimento da produção alimentar e da geração do rendimento, aumentará a
pobreza, as desigualdades, a desnutrição e insegurança alimentar, aumento a
importação de bens.

Se estes factos acontecerem, existe a possibilidade de redução das áreas trabalhadas


para a agricultura, baixa de produtividade, escassez de espaços para a crescente volume
de população, com possibilidades de conflitos no acesso aos recursos naturais.

Portanto, o aumento da populacional parece impactar directamente na produção


agrícola. Afinal, quanto maior o mercado consumidor, maior a capacidade de absorção
dos produtos produzidos no campo. A relação, porém, não deixa explícito a capacidade
de acesso aos produtos pela população, tendo em vista que essa tem sua liberdade de
consumo determinada por sua renda.

O processo de desenvolvimento e aplicação tecnológica no campo colabora também


para a possibilidade de garantir acesso alimentar para mais pessoas, tendo em vista que
o aumento da produtividade e da produção final pode impactar directamente nos níveis
de preço para o consumidor final.

Mais que uma população crescente, é importante que os grupos populacionais consigam
aumentar sua renda e, consequentemente, aumentar o consumo dos produtos
provenientes da agricultura. Logo, a agricultura, sendo uma actividade que visa lucro,
depende também da expansão dos níveis de renda.

A expansão da actividade agrícola trás consigo, principalmente em países que estejam


aumentando sua intensificação tecnológica recentemente, uma mudança nas
características populacionais dessas nações. Estando, aliada às grandes propriedades, a
mecanização e estabelecimento de grandes propriedades monocultoras tende a
contribuir, por exemplo, para as migrações populacionais das zonas rurais para as
urbanas.

2.2.3. Impacto do Crescimento Populacional na Agricultura


A relação entre crescimento populacional e agricultura não caminha em apenas uma
direcção. De um lado, a raça humana providencia mão-de-obra e tecnologia para o
cultivo. Por outro lado, a agricultura é capaz de suprir as carências alimentares e
proporcionar segurança para a expansão populacional.

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De acordo com Oliveira (2017) quanto mais a população cresce, maior será a
intensificação das actividades agrícolas e maior necessidade de aumento dos níveis de
produção por unidade de terra. Ou seja, o crescimento populacional impulsiona a busca
por ganhos de eficiência e de produtividade.

Segundo as Nações Unidas (2012), a dinâmica populacional é uma das principais


questões a serem consideradas no processo de desenvolvimento dos países, assim como
os avanços no sector de produção agrícola (Banco Mundial, 1982).

Para que se mantenha a sobrevivência, para alem do desenvolvimento, a produção


agrícola deve acompanhar o crescimento continuo da população ou a mesma excedera a
sua capacidade (Oliveira, 2017). É possível dizer que, o rápido crescimento da
população acaba por atrasar a expansão da produção e ate mesmo impedir o crescimento
de alguns países.

Para alem das necessidades alimentares, a expansão populacional conduz ao


alargamento e desenvolvimento urbano e infraestrutural, como a construção de estradas
e habitações. Isto compromete muitas terras que poderiam ser utilizadas na agricultura e
agropecuária. Alem disso, a procura por terra varia de região para região e o
crescimento populacional é um problema para países com menos recursos, sejam eles
tecnológicos ou físicos.

Por isso, que para alguns pensadores como Malthus e Ricardo, o factor populacional
seria considerado um limitador do crescimento da produção agrícola e do
desenvolvimento. Ao final do seculo XVIII e inicio do seculo XIX, já se entendia que a
produção agrícola estava relacionada directamente as definições do crescimento
económico e a manutenção do bem-estar da população. Logo, a ligação entre
crescimento populacional e produtividade agrícola, tornou-se relevante dentro das
discussões económicas naquele período.

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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO
3.1. Conclusão
O presente trabalho teve como objectivo apresentar como a expansão populacional
afecta a produção agrícola e, posteriormente, mostrar como o factor crescimento
populacional e a agricultura se relacionam.

Constatamos que por mais desenvolvida que seja a agricultura de um pais, o


crescimento populacional será sempre um limitador para o seu desenvolvimento. Este
crescimento rápido e contínuo da população terá consequências para os cinco sectores-
chave de desenvolvimento: saúde, educação, economia, agricultura e a urbanização.

O crescimento populacional tem um impacto significativo na agricultura. Com o


aumento da população, há uma demanda crescente por alimentos, o que leva os
agricultores a aumentarem a produção para atender a essa necessidade. Isso muitas
vezes resulta em práticas agrícolas intensivas, uso extensivo de terras e recursos
naturais, e por vezes, desafios relacionados à sustentabilidade.

A agricultura moderna também é afetada pela urbanização resultante do crescimento


populacional. À medida que mais áreas rurais são transformadas em áreas urbanas para
acomodar a população em crescimento, a quantidade de terras disponíveis para a
agricultura diminui. Isso pode levar à fragmentação das terras agrícolas remanescentes e
afetar a eficiência da produção agrícola.

Além disso, o aumento populacional também requer inovação na agricultura para


garantir que haja produção suficiente para alimentar todos. Isso impulsiona a pesquisa
em técnicas agrícolas avançadas, melhoramento genético de culturas, práticas de cultivo
mais eficientes e sustentáveis, e o uso de tecnologia para otimizar a produção.

Por fim, o crescimento populacional exerce pressão sobre a agricultura, incentivando a


inovação e a eficiência para garantir o fornecimento contínuo de alimentos para uma
população em expansão.

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Referencias Bibliográficas
Dadá, Y. A., & Mosca, J. (19 de Setembro de 2022). Obtido em 5 de Outubro de 2023,
de https://omrmz.org/destaque_rural/dr-190-demografia-e-implicacoes-para-a-
economia-e-o-meio-rural/

Olsson, I. M. (2016). Obtido em 5 de Outubro de 2023, de


http://repositorio.unesc.net/handle/1/4704

RAPID. (Julho de 2015). Obtido em 5 de Outubro de 2023, de


https://www.healthpolicyproject.com/pubs/297_MozambiqueRAPIDPortugeuse
Email.pdf

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