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Unidade 2: A população brasileira.

Percursos:

● Brasil: distribuição e crescimento da população


● Brasil: migrações internas e emigração
● População e trabalho: mulheres, crianças e idosos
● Brasil: a diversidade cultural e os afro-brasileiros

Conteúdo: Brasil: distribuição e crescimento da população

Habilidades: EF07GE04 / EF07GE10

Brasil: distribuição e crescimento da população

País populoso e pouco povoado

Segundo os dados publicados pelo IBGE em 1º de julho de 2021, a estimativa da


população brasileira era de 213.317.639 habitantes.

● É considerado um país populoso, pois sua população absoluta (soma de


todos os seus habitantes) é elevada;
● É considerado um país pouco povoado, pois sua população relativa (relação
entre o número de habitantes e a área territorial).

Para calcular a densidade demográfica, divide-se o total da população pela área


territorial. Esse valor é expresso pelo número de habitantes por quilômetro quadrado
(hab./km2).

Países muito povoados não são, necessariamente, muito populosos.

A distribuição da população pelo território brasileiro

A distribuição da população é influenciada por fatores naturais e socioeconômicos,


que podem ser permissivos ou restritivos ao povoamento.

● Área de atração populacional: Entre os fatores naturais permissivos, podemos


citar climas amenos e relevos com baixas declividades e, como fator
socioeconômico, o dinamismo da economia em uma região.
● Área de repulsão populacional: Climas desérticos ou muito frios, bem como o
declínio da atividade econômica em uma região, são exemplos de fatores
naturais e socioeconômicos restritivos.

O censo ou recenseamento
É o levantamento de dados que realiza a contagem da população de um país, unidade
federativa ou município. É por meio dele que conhecemos também outras
características da população, como a composição por idade, gênero, nível de instrução
etc.

Os governos usam os dados do censo para o planejamento de políticas públicas.


Possuindo dados sobre o crescimento da população e sua composição por idade, os
governos ficarão sabendo:

● número de vagas nas escolas dos ensinos fundamental e médio e nas


universidades precisam ser criadas;
● quantos empregos serão necessários, anualmente, para absorver os jovens que
entram no mercado de trabalho;
● quantas habitações precisam ser construídas;
● quantos leitos hospitalares precisam ser criados, entre outras coisas.

O crescimento da população brasileira

Há duas causas básicas para o crescimento populacional brasileiro: a contribuição da


imigração e o crescimento natural ou vegetativo da população.

● A imigração

Os europeus, os africanos e os asiáticos que migraram para o Brasil, além dos


indígenas que aqui já viviam, são os formadores da população brasileira.

Imigrantes forçados: os africanos, trazidos como escravos.

Imigrantes livres ou espontâneos: os que mais se destacaram


quantitativamente foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e
japoneses.Os sírios, libaneses, poloneses, ucranianos, holandeses, coreanos e
chineses também contribuíram para a formação da população brasileira.

Em 1934, a Lei de Cotas da Imigração criada pelo governo brasileiro, fez com
que a imigração decrescesse, pois restringiu a entrada de imigrantes e
estabeleceu uma cota anual de 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade
que haviam imigrado nos últimos 50 anos.

Em anos recentes, houve um aumento expressivo de imigrantes no Brasil, como


bolivianos, venezuelanos, haitianos, angolanos, sírios, entre outros. Isso ocorreu
em decorrência de fatores como a falta de oportunidades econômicas,
instabilidade e perseguição política, desastres naturais e guerras em outros
países.

● Crescimento vegetativo

É a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade.


○ Taxa de natalidade

É o número de nascidos por 1000 habitantes. É calculada dividindo-se o


número de nascidos em determinado período pela população total nesse
mesmo período e multiplicando-se o resultado por mil.

○ Taxa de mortalidade

É o número de óbitos por 1000 habitantes. É calculada dividindo-se o


número de óbitos em determinado período pela população total nesse
mesmo período e multiplicando-se o resultado por mil.

Natalidade e fecundidade em queda

A partir de 1961, ocorreu uma redução mais acentuada da taxa de natalidade no


Brasil. Vários fatores contribuíram para isso.

● Com a modernização e industrialização da economia muitas famílias migraram


do campo para a cidade em busca de melhores condições de vida, como
empregos de maior remuneração, assistência médico-hospitalar, educação para
os filhos etc.
● A maior participação das mulheres no mercado de trabalho e o aumento do uso
de métodos contraceptivos também contribuíram para que os casais reduzissem
a quantidade de filhos.

Redução da mortalidade e aumento da expectativa de vida

Diversos fatores explicam a redução das taxas de mortalidade no Brasil e no mundo:

● progressos da medicina – do diagnóstico de doenças à descoberta de


medicamentos para a cura de enfermidades;
● campanhas de vacinação;
● melhora das condições sanitárias, por meio da instalação de redes de água
tratada, redes coletoras de esgoto e da coleta de lixo;
● maior conscientização da população quanto à prevenção de doenças, que
estimula a prática de exercícios físicos e de uma alimentação mais saudável.

Conteúdo: Brasil: migrações internas e emigração

Habilidades: EF07GE02 / EF07GE04

Brasil: migrações internas e emigração

O que é migração
É o deslocamento de indivíduos de uma região para outra ou de um país para outro,
envolvendo mudança permanente de residência.

Migrações internas ou nacionais: ocorrem dentro de um mesmo país, como de um


estado para o outro.

Migrações externas ou internacionais: ocorrem de um país para o outro.

As migrações da população são explicadas principalmente por fatores econômicos. É


comum que pessoas e famílias migrem em busca de melhores condições de vida –
melhor acesso à alimentação, à habitação, ao vestuário, à saúde, à educação, ao lazer
etc.

Migrações internas no Brasil em tempos recentes

● De 1950 a 1970

O Nordeste se tornou uma grande área de repulsão para outras regiões do


país devido à falta de emprego, as grandes secas do sertão e outros fatores.

A industrialização do Sudeste, principalmente do Rio de Janeiro e São Paulo,


além da construção de Brasília no Centro-Oeste, tornaram essas regiões áreas
de atração populacional.

● De 1970 a 1990

O fluxo populacional do Nordeste para o Sudeste continuou, mas houve um


grande fluxo de migrantes do Sudeste, do Sul e do Nordeste para o Centro-
Oeste e Norte devido a construção de rodovias, os incentivos dos governos
estaduais, distrital e federal, as descobertas de ouro e diamante em Roraima e a
expansão da fronteira agropecuária.

● De 1990 a 2010

Programas sociais governamentais e o crescimento econômico do Nordeste


foram responsáveis pela diminuição do fluxo populacional do Nordeste para o
Sudeste e as chamadas migração de retorno.

Saldo migratório

É a diferença, em determinado período, entre a quantidade de entrada e a de saída


de migrantes de uma localidade ou região para outras.

Êxodo rural ou migração campo-cidade

É o principal movimento populacional interno do Brasil. O processo de industrialização


somado aos problemas no campo, como baixos salários e o difícil acesso à
propriedade da terra, foi o grande responsável por esse movimento populacional.
● 1950: cerca de 64% da população vivia no campo.
● 1970: cerca de 56% da população vivia na cidade.
● 2015: cerca de 85% da população vivia na cidade.

Deslocamentos temporários de população

São caracterizadas pelo deslocamento de indivíduos para localidades onde há


trabalho durante tempo determinado e que retornam para o lugar de origem depois de
concluírem a tarefa.

● Migração pendular: deslocamento populacional diário de ida e volta para os


locais de trabalho e estudo.

Emigrantes brasileiros

Na década de 1970, o governo do Paraguai autorizou o loteamento de terras próximas


à fronteira com o Brasil, com permissão para que brasileiros pudessem adquiri-las.
Esses emigrantes ficaram conhecidos como brasiguaios.

Durante a década de 1980, uma crise na economia brasileira estimulou a saída de


brasileiros para outros países.

Em 2020, segundo estimativas do Ministério das Relações Exteriores, mais de 4,2


milhões de brasileiros viviam no exterior.

Conteúdo: População e trabalho: mulheres, crianças e idosos

Habilidades: EF07GE04

População e trabalho: mulheres, crianças e idosos

A população segundo os setores de produção

Existem três setores de produção básicos.

● Setor primário: reúne as atividades agropecuárias, extrativistas (vegetal e


animal), a pesca e a silvicultura.
● Setor secundário: abrange as atividades industriais e a construção civil.
● Setor terciário: agrupa as atividades de comércio e de prestação de serviços,
como o sistema bancário, a administração pública, as atividades de saúde,
educação, transportes, telefonia etc.
● Setor quaternário: compreende as atividades humanas relacionadas à busca
de novas tecnologias e conhecimentos – tecnologia da informação e
comunicação –, das quais a informática, a cibernética e a robótica e outras
fazem parte.

A distribuição da população e os setores de produção

Segundo o IBGE, a população economicamente ativa (PEA) é o conjunto de


indivíduos que trabalham ou estão em busca de emprego e compõem o potencial de
mão de obra com que podem contar os setores produtivos.

● 1940 - de cada 100, aproximadamente 70 estavam ocupadas no setor primário,


10 no setor secundário e 20 no setor terciário de produção.
● 2020 - 20,3% se dedicava ao setor secundário e 70,5% ao setor terciário, ambas
superando a participação do setor primário, 9,2%.

Mulheres e desigualdades no mercado de trabalho

No Brasil, o número de mulheres na população supera o de homens em quase todas


as regiões. Isso ocorre porque as mulheres apresentam maior longevidade, com
expectativas de vida maiores.

Nas últimas décadas, houve crescimento da presença das mulheres no mercado de


trabalho, aumentando sua participação na PEA e garantindo a elas maior autonomia.
Apesar da ampliação do acesso ao mercado de trabalho, grande parcela das mulheres
continua acumulando os trabalhos de seus empregos fora de casa com os trabalhos
domésticos.

A sobrecarga de trabalho para as mulheres e influem diretamente na possibilidade de


conseguirem empregos e de ocuparem melhores postos no mercado de trabalho.

● Mulheres e homens: desigualdade de rendimentos

Nos últimos anos, estudos vêm apontando uma tendência contínua de redução
da desigualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil. Em 2020, nos
dados referentes ao Brasil, as mulheres receberam, em média, 78% do
rendimento de trabalho dos homens.

● Mulheres chefes de família

O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e sua maior


autonomia financeira vêm contribuindo para o aumento da proporção de famílias
chefiadas por mulheres.

● Avanços na escolaridade feminina


As mulheres vêm superando os homens nos indicadores educacionais
relativos aos ensinos médio e superior completos. Elas tendem a ter mais
qualificação para entrar no mercado de trabalho, mas isso ainda não se reverte
em salários mais elevados para a população feminina ocupada.

O trabalho infantil no Brasil

No Brasil, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente


proíbem expressamente o trabalho infantil, permitindo o trabalho de aprendizes a
partir dos 14 anos.

● Em 2019, segundo o IBGE, ainda havia cerca de 1,8 milhão de crianças e


adolescentes trabalhando no país.
● Além de terem sua formação escolar prejudicada, muitas vezes estão expostos
a ambientes de trabalho que comprometem seu desenvolvimento biológico e
psicológico.

A pirâmide etária do Brasil

A pirâmide etária representa graficamente a quantidade de pessoas de uma


população, segundo as faixas de idade e o sexo.
● O “bônus demográfico” no Brasil

De acordo com estudos demográficos, até 2020 o Brasil passou por um período
no qual o número de pessoas em idade economicamente ativa superou muito o
de crianças e idosos, considerados dependentes.

Esse período, denominado bônus demográfico, é considerado favorável à


economia de um país, pois significa maior número de trabalhadores e menores
gastos com pessoas que não participam da PEA.

● Os efeitos do envelhecimento da população

Com o aumento da população idosa, o Estado brasileiro, que financia e


administra sistemas públicos de saúde e de previdência social, deverá se
preparar para maiores gastos com saúde e aposentadoria dos idosos.

Conteúdo: Brasil: a diversidade cultural e os afro-brasileiros

Habilidades: EF07GE03 / EF07GE04

Brasil: a diversidade cultural e os afro-brasileiros

Brasil: país de muitos povos e culturas

A população brasileira originou-se da miscigenação de vários povos. Por isso


apresenta grande diversidade cultural, manifestada na religião, na música, na dança,
na alimentação, na arquitetura, no vestuário etc.

Grupos formadores da população brasileira

● Os indígenas

Estima-se que havia de 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em mais de mil


diferentes etnias. Possuíam características próprias de organização social,
línguas, crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.

Os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas terras por alguns


fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, grileiros, entre outros.

● Os portugueses e outros imigrantes

A partir do século XVI, com a invasão do território pelos portugueses, teve início
o processo de miscigenação destes com os grupos indígenas e os negros
africanos, trazidos como escravos, formando a população brasileira.

Nos séculos XIX e XX, esse processo prosseguiu com a chegada de outros
povos. Entre os que vieram em maior quantidade estão os italianos – segundo
grupo mais numeroso, depois dos portugueses –, espanhóis, alemães,
japoneses, sírio-libaneses, russos, poloneses, chineses, coreanos, indonésios,
uruguaios, bolivianos, entre outros.

● Os negros africanos

A partir do século XVI, com a chegada de negros africanos para servir de mão
de obra escrava, amplia-se o processo de miscigenação. Os negros
escravizados foram a principal mão de obra em atividades econômicas do Brasil
colonial, fundamentais para o seu desenvolvimento econômico.

Três grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de imigrações


forçadas: culturas sudanesas, bantas e guineano-sudanesas islamizadas.

Assim como os indígenas, eles foram submetidos a condições brutais de


existência. Calcula-se que cerca de 10 milhões de negros africanos foram
trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que morreram
durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento.
Desse total, estima-se que mais de 3,5 milhões desembarcaram no Brasil.

Os brasileiros nos censos do IBGE

As pessoas, quando perguntadas pelos pesquisadores do IBGE que realizam o censo,


são livres para declarar sua cor de pele entre cinco opções: branca, preta, parda,
amarela e indígena.

Esse tipo de informação continua sendo levantado em estudos estatísticos para avaliar
a condição social das famílias e pessoas segundo a cor, considerando que em nossa
história as elites dirigentes, de modo geral, não tiveram a preocupação e ações
voltadas para melhorar as condições de vida de grupos menos favorecidos
socialmente, como indígenas e negros.

Os afro-brasileiros no Brasil atual

● Os afro-brasileiros no Brasil atual

São comunidades formadas por descendentes de negros africanos escravizados


que fugiram das fazendas de açúcar, de café, da atividade mineradora e de
outras a partir do século XVII. Eles se autodenominam quilombolas.

Essas comunidades ficaram durante muito tempo desconhecidas ou isoladas.


Com a Constituição Brasileira de 1988, que concedeu aos quilombolas o direito
à propriedade de suas terras e à manutenção de suas culturas, essas
comunidades ganharam mais visibilidade na sociedade brasileira.

Por causa da demora no processo de reconhecimento oficial e titulação da maior


parte delas, há ainda muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e
posseiros.
● Desigualdade entre negros e não negros

A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na


população negra: no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os
negros recebem cerca de metade dos rendimentos obtidos pelos não negros e
apresentam as maiores taxas de desemprego.

A taxa de analfabetismo na população negra e parda é mais do que o dobro em


relação à da população branca. Isso significa que, quanto maior o nível de
ensino (da educação básica ao ensino superior), menor é a presença dos
negros.

● Os movimentos dos afro-brasileiros

Os movimentos de luta dos afrodescendentes por igualdade social e melhores


condições de vida vêm contribuindo para a superação de barreiras sociais e
culturais, permitindo-lhes destacar-se em várias atividades.

Por intermédio da música e da dança, como exemplos de expressões


contestatórias, explicitaram as injustiças a que são submetidos. O rap (rhythm
and poetry: ritmo e poesia), por exemplo, aborda o racismo, a violência policial,
as precárias condições de rendimento e outras temáticas sociais.

● Ações afirmativas

Até recentemente não havia em nosso país uma política nacional articulada e
contínua para a promoção da igualdade das pessoas segundo a cor da pele.

Em 21 de março de 2003, data em que é celebrado no mundo todo o Dia


Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, o governo federal criou a
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que
desenvolve ações voltadas para a promoção da igualdade e do combate à
discriminação racial.

O combate aos preconceitos no Brasil

A luta por igualdade e justiça e a melhoria das leis buscam não só evitar e punir o
preconceito, mas também promover a diversidade cultural e a liberdade de qualquer
indivíduo em fazer suas próprias escolhas sem ser por isso discriminado.

● Preconceitos no contexto escolar

Uma pesquisa realizada pelo IBGE, em 2019, mostrou que diversas formas de
preconceito fazem parte do cotidiano de professores e alunos nas escolas
brasileiras.

Quase 5% dos alunos sofreram algum tipo de discriminação racial. O Estatuto


da Igualdade Racial (Lei no 12288, de 2010) é destinado a garantir à população
negra a efetivação da igualdade de oportunidades e a combater a discriminação
e as demais formas de intolerância étnica.

A Lei Federal no 7716, de 1989, além de definir os crimes resultantes de raça


ou de cor, protege a liberdade de prática religiosa para todos os cidadãos.

● Novo Código Penal

A humilhação de alguém na internet por suas escolhas, crenças ou por sua


aparência, também conhecida como bullying virtual, é comum.

De acordo com a pesquisa, 64% dos jovens já sofreram algum tipo de


humilhação e/ou foram tratados de forma ofensiva nas redes sociais.

Esse tipo de comportamento ofensivo está previsto como crime em um dos


artigos do Projeto de Lei do Novo Código Penal.

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