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Polícia Militar de Santa Catarina

Diretoria de Instrução e Ensino da PMSC


Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires
“Trinta e oito anos construindo conhecimentos e formando cidadãos.”

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Disciplina: Educação Religiosa

Professor: Everson Henning

Alunas: Betina Ariane Machado Rott, Isadora Rodrigues Godois, Lara Soares da
Cruz Costa, Kamyle Medina Mazurckevitz e Samantha Hachmann Schinato

Turma: 8º ano A

Religiosidade e Cultura Indígena, Africana e Oriental no Brasil

A população brasileira é muito variada, nossa identidade cultural começou no


período colonial e, devido a sua colonização diversificada, possui uma cultura muito
singular, incluindo a religiosidade brasileira. São muitas as religiões que a
compõem, e para seu estudo são divididas em matrizes religiosas, de acordo com a
ordem de chegada no território, sendo elas: indígena, ocidental, africana e oriental.
A matriz ocidental é a mais conhecida, visto que uma de suas religiões, o
cristianismo, é a que possui mais fiéis. No entanto, as demais matrizes também
possuem suas particularidades e características, que devem ser estudadas para
evitar uma possível intolerância religiosa.
A matriz indígena é composta das religiões pertencentes aos diversos povos
indígenas do Brasil, como os Guaranis, Caingangue e Ianomâmi. Os indígenas já
habitavam nosso território antes da chegada europeia e, apesar da imposição do
catolicismo e extermínio pelos portugueses, a religião indígena se manteve até os
dias de hoje. Ela é muito diversificada, visto que cada povo possui seus deuses,
ritos e comemorações, mas podemos caracterizá-la pela oralidade e ligação com a
natureza (panteísmo), sendo politeísta. As principais religiões indígenas são:
tupi-guarani (Guarani), ianomâmi (Ianomâmi), araweté (Araweté), dentre outras.
Sendo a terceira a se estabelecer no Brasil, a matriz africana é composta
pelas crenças e religiões trazidas pelos negros escravizados da África, como os
Bantos, Fons, Iorubás e os Minas. Os africanos, trazidos à força nos navios
negreiros, viam na religião uma forma de lembrança da terra natal e felicidade diante
daquele momento tão difícil. Os portugueses, no entanto, impunham o catolicismo,
gerando com o tempo um sincretismo religioso que formaria as religiões
afro-brasileiras. Podemos então citar: Candomblé (povos da África ocidental),
Candomblé de Caboclo, Umbanda (bantos e nagôs) e Quimbanda.
Por fim, a matriz oriental chega no Brasil com as imigrações, feitas
principalmente por japoneses, no início do século XX. Povos como os chineses,
taiwaneses, vietnamitas e sírios chegaram ao território brasileiro e logo
integraram-se à cultura local também, incorporando novas crenças e religiões, onde
podemos citar o Budismo, a Igreja Messiânica Mundial do Brasil, Seicho-No-Iê, Hare
Krishna, Fé- Bahá´í, Taoísmo, Confucionismo e o Xintoísmo.

Influência das matrizes indígena, africana e oriental na cultura brasileira


O Brasil foi influenciado pelas matrizes que formaram nossa cultura com
características de várias crenças. No contexto atual, estão presentes no nosso
cotidiano de diversas formas, tanto nas vestimentas como nas músicas e danças.
O cristianismo foi uma grande influência para a formação da nossa cultura,
mas também tivemos outras vertentes que influenciaram a formação do nosso
povo.
Referente à culinária brasileira, sabemos que ela é essencial para a cultura do
Brasil. No caso de pratos que vem da cultura indígena, um bom exemplo é a
mandioca. Já o vatapá e acarajé, são pratos típicos da Bahia, e da cultura
afro-brasileira. Os japoneses também contribuíram para a diversificação do nosso
cardápio com a carpa, peixe originário do Japão, e o sushi, conhecido em todas as
regiões do Brasil.
A cultura japonesa também influenciou a cultura esportiva brasileira, com
esportes como “jiu-jitsu”, “karatê” e “judô”, praticados em todo o território nacional.
Quanto a dança e a música, as matrizes religiosas estão presentes entre elas,
um exemplo é o famoso samba, que possui origem em rituais religiosos africanos e
faz parte da maior festa popular do Brasil, o Carnaval. Citamos ainda a festa do
bumba-meu-boi e as lutas de capoeira, da cultura afro-brasileira presente em maior
concentração no Nordeste.
A exemplo de festas sagradas, citamos a Hanamatsuri, da matriz oriental,
que celebra o nascimento do Buda Xaquiamuni, e que desde 1966 é realizada,
anualmente no mês de abril, no Bairro da Liberdade em São Paulo.
A Língua Portuguesa também sofreu interferência de outros povos, sendo
incorporado nela diversas palavras, como por exemplo “mingau”, “capivara”, e "açaí",
das línguas indígenas. E, as palavras “caçamba”, "fubá" e “corcunda” são expressões
de origem africana usadas em nosso cotidiano.
O Brasil possui uma miscigenação de diferentes povos, que se destacam
através das vestimentas e acessórios usados no dia a dia. Um exemplo a ser citado
é encontrar um evangélico usando um colar típico da cultura afro-brasileira, um
negro usando tatuagem de símbolos indígenas, entre outros.
Quanto aos filmes que falam sobre a cultura indígena, estes são produzidos
desde a década de 1910, como por exemplo “Os sertões de mato grosso”, que trata
de uma exploração pelo país em que o explorador encontra uma tribo indígena e
registra seus costumes e diversões. Mesmo com preconceito, foi possível conhecer
mais das culturas nativas por meio desse filme de época.

A distribuição das matrizes indígena, africana e oriental no território


brasileiro.

Ao longo dos anos, as religiões foram se espalhando por todo o território


brasileiro, conforme sua chegada.
Por conta da imposição das religiões cristãs, o genocídio e a mudança de
hábito dos indígenas, as religiões dessa matriz diminuíram seu número original.
“Conforme o senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de
2010, os povos indígenas brasileiros ocupam atualmente todas as regiões do país,
concentrando-se principalmente na região Norte, com 37,4% do total de indivíduos
(MegaCurioso, 2021)”. Nessa região, os povos indígenas se concentram em 55% do
total no estado do Amazonas, consequentemente com um predomínio da
religiosidade indígena, conforme gráfico a seguir.
As religiões afro-brasileiras estão concentradas em maior número na região
Nordeste, principalmente devido à migração (forçada) de escravos africanos para
os engenhos de açúcar. Babaçue, Candomblé, Culto dos Egungun, Culto de Ifá,
Tambor-de Mina, Terecô, Umbanda, Xambá e Xangô do Nordeste são religiões que
podem ser encontrados nessa região. A religiosidade afro-brasileira é encontrada
também nas demais regiões brasileiras, mas em menor número.

A religiosidade oriental está presente em várias regiões do Brasil,


principalmente na Sudeste. A exemplo disso temos o budismo, que possui mais
adeptos. Trazida pelos japoneses, estima-se que no Brasil existam 250.000
budistas. A maior concentração de adeptos está em São Paulo, no bairro da
Liberdade, sendo criado para abranger a cultura japonesa. As demais religiões
possuem comunidades pequenas espalhadas pelo território nacional,
concentrando-se principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Sincretismo religioso envolvendo as matrizes

Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas, isto é, diferentes crenças se


unem para formação de uma nova. Nesse processo são mantidas as doutrinas-base,
rituais, superstições, processos e ideologias. Também está ligado às relações de
comunicação entre esses grupos, com diferentes costumes, culturas e tradições.
O Brasil é um país que está entre os mais religiosos do mundo, e com um
grande número de exemplos de sincretismo religioso, devido a uma questão
histórica: a colonização e organização dos povos que aqui chegaram.
Houveram, no geral, três casos de sincretismo religioso no Brasil: o
sincretismo afro-cristão, indígena-africano e indígena-cristão.
No caso dos africanos, no intuito de encontrar uma forma de preservar suas
tradições, em meio à rigidez da escravidão, tiveram a ideia de usar nomes de santos
católicos para nomear seus orixás, disfarçando assim a realização de seus cultos.
Nesse momento, começamos a perceber um sincretismo religioso afro-cristão.
A criação do sincretismo indígena-africano surgiu nos quilombos, onde
africanos e indígenas ao compartilharem suas crenças, criavam novas.
A miscigenação de cultos originou-se no encontro de padres jesuítas com as
tribos indígenas, sendo-lhes imposto cultuar o catolicismo. Os padres jesuítas
aprendiam as crenças com ervas dos nativos, surgindo assim o sincretismo
indígena-cristão.
No entanto, questiona-se: como as religiões orientais aqui se encaixam?
Sabemos que grande parte das crenças do Oriente que apresentam sincretismo
surgiram em sua região de origem, enquanto que outras, se originaram no Brasil.

A intolerância religiosa
A intolerância religiosa consiste no preconceito e discriminação com a religião
do outro. O indivíduo não apresenta tolerância diante das crenças alheias.
Os praticantes da matriz africana são os que mais sofrem intolerância
religiosa, principalmente pelo racismo e a discriminação que retoma a escravidão.
Em alguns casos, podem chegar a ter remuneração menor devido a religião ou cor
da pele e serem “mal vistos” pelo modo que se vestem.
Os povos indígenas muitas vezes são recebidos com preconceito nas
cidades que decidem morar. Por isso, vestem-se com as “roupas da cultura
ocidental” e omitem sua identidade. Devido à suas origens possuem dificuldade de
se candidatar a empregos.
A população indígena sofre discriminação devido à sua cultura em suas
comunidades. Por serem diferentes, recebem tratamento diferente, mesmo tendo lei
que os protege.
Por isso, atualmente, os líderes das religiões africanas e indígenas muitas
vezes tentam se conectar com as comunidades por meio virtual, visando esclarecer
a sua forma de pensamento e combater a intolerância, pois quanto mais
conhecimento a população tiver, menor será o preconceito e a rejeição.
Conclui-se então, que a religião é uma importante vertente da cultura
brasileira, e influenciou muitos dos costumes da atualidade. Não devemos julgar o
outro por sua crença, visto que, sendo um país laico e com grande miscigenação de
povos, o Brasil abrange um número variado de religiões com suas características
únicas e particulares.
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