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1
Esta ligação do Judaísmo eo Cristianismo é evidente em diversos
aspectos: (1) o templo era um lugar de culto comum, (2) a presença de grande
número de sacerdotes e fariseus entre os primeiros cristãos, (3) Paulo observa um
rito judaico no final de sua terceira viagem, (4) as sinagogas continuaram sendo
local de adoração e evangelização também para os cristãos, (5) os primeiros
líderes do cristianismo eram de origem judaica, (6) o Antigo Testamento era a
Palavra de Deus comum aos dois grupos. Ver: Jacques Doukhan, Drinking at the
Sources (Mountain View, CA:Pacific Press Publishing Association, 1981), 41;
Richard L. Niswonger, New Testament History (Grand Rapids, MI: Zondervan,
1992), 53, 61-69, 190-191; Merril C. Tenney, New Testament Times (Grand
Rapids, MI: Eerdmans, 1971), 67, 183-185; W. H. C. Frend, The Early Church
(Philadelphia: Fortress Press, 1982), 25.
2
Ellen G. White, O desejado de todas as nações, 17ª ed. (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 1990), 23-27.
3
Ibid., 28-32.
4
Justo gonzález, Uma história ilustrada do Cristianismo, 3ª ed. (São
Paulo: Vida Nova, 1986), 1:15, 19; E. G. White, O desejado de todas as nações,
31-32. Há evidências históricas que o primeiro dia/ano foi usado na literatura
judaica para prever a vinda do Messias: (1) 70 semanas proféticas, (2) nos 10
jubileus, estes períodos aparecem nos Testamentos de Levi, em 1Enoque, na
literatura de Qumram, nos intérpretes rabínicos, na literatura apocalíptica pseudo-
epígrafa. Ver: William Shea, “Year-Day Principle Part 2,” em: Frank B.
Holbrook, Selected Studies on PropheticInterpretation (Hagerstown, MD: Review
and Herald, 1982), 89-115.
por rejeitar o Messias, causando entre outros motivos a separação entre o
Judaísmo e o Cristianismo.1
1
As sanções do governo romano contra o Judaísmo, desde o governo de
Claúdio em 49 AD e a insistência na observância literal de regulamentos mosaicos
levaram os cristãos a se separarem dos judeus, e a começarem a evitar práticas
religiosas judaicas, adotandoprogressivamente posturas religiosas pagãs. Ver:
Samuel Bacchiocchi, Do Sábado para o Domingo ([São Paulo: Samuel
Rodrigues], s.d.), 3:23-24, 58-97; 5:53-56; González, Uma história ilustrada do
Cristianismo, 1:49-52.
2
Niswonger, 191. F. F. Bruce estima que a população poderia variar
entre 25.000 e 55.000. Ver: F. F. Bruce, The Acts of the Apostles: The Greek with
Intorduction and Commentary, 3ª ed. (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1990), 445.
3
Henry C. Sheldon, History of the Christian Church (Peabody, MA:
Hendrikson, 1988), 1:17-21; Niswonger, 279-280; González, Uma história
ilustrada do Cristianismo, 1:37-47; Frend, 24-27. Diversos fatores contribuíram
para a expansão do Cristianismo: (1) o inclusivismo cristão contrastado com o
exclusivismo judeu, (2) a proteção legal que o Judaísmo legou ao Cristianismo
por diversos anos, (3) a falência do sistem religioso e filosófico romano, (4) o uso
do grego como língua internacional, (5) as estradas romanas e a política de paz do
Império, (6) a existência da LXX. Ver: Niswonger, 282-283.
3
4 Neste processo os primeiros cristãos sofreram infiltrações do
gnosticismo helênico1 do autoritarismo romano2 e do monosteísmo ético judaico.3
Estes três fatores contribuíram para o surgimento de divergências internas no
Cristianismo apostólico, fazendo emergir as diversas crises do primeiro século que
afetaram a vida cristã da época e o exercício da tarefa missionária.
B A Esperança Messiânica
1
William F. Albright, From the Stone Age to Christianity (Garden City,
NY: Anchor Books, 1957), 337; Simon Prince, “The History of the Helenistic
Period,” em: John Broadman, Jasper Griffin e Oswyn Murray, eds., The Oxford
History of the Classical World (Oxford: Oxford University Press, 1993), 323-325;
Russel Norman Champlin, O Novo Testamento interpretado versículo por
versículo (Guaratinguetá, SP: A Voz Bíblica, s.d.), 1:134-135; Justo González,
Uma história ilustrada do Cristianismo, 1:16-17; Niswonger, 79-85, 248-250.
2
Tenney, New Testament Times, 48-71; Henry Chadwick, “Envoy: On
Taking Leave of Antiquity,” em: Broadman, Griffin e Murray, eds. The Oxford
History of the Classical World, 808, 821-822; Will Durant, História da civilização
(São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957), 7:35, 344-347; Earle E. Cairns,
O Cristianismo através dos séculos (São Paulo: Vida Nova, 1992), 51; Kenneth
Scott Latourette, A History of Christianity (New York: Harper & Brothers, 1953),
1:81-91, 112-188.
3
Bruce, The Acts of the Apostles, 22-23, 190-194.
4
R. J. Zwi Werblowski, “O Messianismo da História Judaica,” em: J.
Guinsburg, ed., Vida e valores do povo judeu (São Paulo: Editora Perspectiva,
1972), 27; AbrahanCohen, Everyman’sTalmud (New York: Schocken Books,
1975), 347.
5
Lester L. Grabbe, Judaism from Cyrus to Hadrian (Minneapolis, MS:
Fortress Press, 1992), 2:552, 579; Doron Mendels, The Rise and Fall of Jewish
Nationalism (New York: Doubleday, 1992), 227-228.
4
messiânicas. Era então comum a esperança de uma “gloriosa restauração
nacional” sob um rei da dinastia davídica.1
5
esperavam a vinda de um Messias-Rei que libertasse politicamente a nação (Lc
24:18-21).1 Mesmo após a ressurreição de Cristo essa mentalidade estava presente
entre os mais íntimos discípulos de Cristo (At 1:6).
1
A imaturidade espiritual e a incompreensão dos discípulos foi a causa da
decepção apostólica como é declarado em: Jack Dean Kingsbury, Conflict in
Mark: Jesus, Authorities, Disciples (Minneapolis, MS: Fortress Press, 1989), 95-
113; idem, Conflict in Luke: Jesus, Authorities, Disciples (Minneapolis, MS:
Fortress Press, 1991), 137-139; Cesare Cantu, História universal (São Paulo:
Editora das Américas, 1958), 6:160.
6
disso, quase simultaneamente se processou, entre as diversas colônias judaicas, a
influência helênica que se tornou uma ameaça à Igreja Cristã em seus primeiros
séculos. Como conseqüências desses dois fatores o ebionismo e o gnosticismo
ameaçaram a Igreja Apostólica.
profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18:15,
18). Jesus era concebido apenas como figura humana, filho de José e Maria.
Criam que Cristo desceu em forma de pomba sobre Jesus por ocasião do Seu
batismo ou de Sua ressurreição,3 sem alterar sua condição de homem comum.4
Logo, a encarnação, o nascimento virginal e a divindade de Jesus eram negados
pelos ebionitas. Esses conceitos causaram um conflito inevitável com os
seguidores de Cristo.
1
O cristianismo judaico herético é também conhecido como ebionismo.
É neste sentido que ele é definido no presente estudo. Ver: Hagglund, 25.
2
V. L. Walter, “Ebionitas”, em: Elwell, ed., Enciclopédia histórico-
teológica da Igreja Cristã, 2:1.
3
Hagglund, 26.
4
Ibid.
5
O estudo sobre a origem do gnosticismo tem duas faces: a primeira se
estende dos pais eclesiásticos até ao século XX, que faz de Simão, o mágico, o seu
originador; a segunda a partir da metade do século XX, com os manuscritos de
Nag Hammadi de 1946, que declara que o gnosticismo é pré-cristão, como pode
ser confirmado em: G. L. Borchert, “Gnosticismo,” em: Walter A. Elwell, ed.,
Enciclopédia histórico-teológica da igreja Cristã, 2:202-203; Hagglund, 27-28;
Charles W. Hedrick, “Introduction: Nag Hammadi, Gnosticism, and Early
Christianity Beginner’s Guide,” em: Charles W. Hedrick e Robert Hodgson, Jr.,
eds., Nag Hammadi, Gnosticism and Early Christianity (Peabody, MA:
Hendrickson, 1986), 3; William L. Petersen, “Gospel of the Ebionities,” em:
David N. Freedman, ed., The Anchor Bible Dictionary (New York: Doubleday,
1992), 2:261-262; John Dart, The Jesus of Heresy and History: The Discovery
and Meaning of the Nag Hammadi Gnostic Library (New York: Harper & Row,
1988), xii, xiii.
7
filosofia helênica.1 Principalmente através da Ásia Menor2 o Gnosticismo
influenciou o Cristianismo, sendo responsável por considerável parte da crise
cristológica do I século AD. Por exemplo, o conceito das emanações3 infiltrou-se
no Cristianismo. Os heresiólogos descrevem a origem de deuses inferiores a
partir do Deus Supremo, também identificado como o Abismo, em quem está
presente o Deus Silêncio, os quais formaram dois outros deuses: A Mente e a
Verdade. Estes por sua vez trouxeram à existência o Verbo e a Vida, que a seu
turno originaram o Homem e a Igreja. As duas últimas duplas de seres, querendo
agradar ao Deus Supremo, fizeram surgir mais vinte e dois seres ou eons. O
conjunto deles era reconhecido como Pleroma ou Plenitude.4
(1) O último desses eons, a Sabedoria, não
podendo satisfazer sua paixão pelo Deus Supremo, deu origem ao Demiurgo, que
criou o mundo material. Ele foi identificado pelos gnósticos com Jeová do Antigo
Testamento.5 O Deus Supremo, para trazer harmonia ao Pleroma e resgatar o
mundo material, criou mais dois seres divinos: Cristo e o Espírito Santo,
identificados respectivamente com Jesus e o Consolador do Novo Testamento.
(2) Na crença gnóstica o redentor era um ser
espiritual e divino totalmente separado da matéria. Por isso mesmo o gnosticismo
cristão (docetismo) entendeu o aspecto humano de Cristo como uma aparência ou
uma inexistência.6 O mensageiro divino gnóstico, Cristo, adotou o corpo de Jesus
por ocasião do seu batismo e o abandonou antes de Sua crucifixão.7 Seu
nascimento virginal é negado, caso contrário Cristo teria que herdar os atributos
carnais de Maria, o que era inadmissível à mentalidade gnóstica.8 Neste processo
Cristo é uma emanação da Divindade Suprema, portanto, por ela criado e a ela
subalterno, o que se torna inaceitável para a cristologia apostólica.
1
Kurt Rudolph, “Gnosticism,” em: Freedman, ed., The Anchor Bible,
2:1036; Hagglund, 27; Hedrick e Hodgson, eds., 4-11; Borchert, 2:203-204;
Edwin M. Yamauchi, Pre-Christian Gnosticism (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
1973), 21-28. A idéia contrária à posição da origem pré-cristã do gnosticismo
encontra-se em: Otto Weber, Foundations of Dogmatics (Grand Rapids, MI:
Eerdmans, 1988), 1:78.
2
Para constatar a localização do cristianismo na Ásia Menor, ver: Kurt
Rudolph, “Gnosticism,” em: Freedman, ed., The Anchor Bible, 2:1036.
3
Tenney, New Testament Survey, 73; Cairns, 79. Para apreender
explicação da crença gnóstica das emanações do ponto de vista do dualismo
horizontal e vertical ver:Borchert, 2:206.
4
González, Historia del pensamiento cristiano, 156; Hagglund, 29.
5
Kurt Rudolph, “Gnosticismo,” em: Freedman, ed., The Anchor Bible
Dictionary, 2:1033.
6
Weber, 1:79; Rudolph, 2:1037.
7
Dart, 98.
8
3 Tanto o judaísmo palestinense como o da diáspora
assimilaram, apesar de toda resistência asmoneana, as influências das tendências
sincréticas do gnosticismo da época. Inscrições da Ásia Menor atestam a presença
de cultos mistos pagãos-judeus.1
Hengel, Judaism and Hellenism (Minneapolis, MN: Fortress Press, 1981), 1:308-
309.
2
Robertson, Word Pictures in the New Testament, 4:xvii.
3
Robertson, Word Pictures in the New Testament, 4:xvi.
4
Wigoder, 494: O Mishna foi a primeira autoritativa compilação da lei
oral, refletindo cinco séculos de tradições legais judaicas, desde a era dos escribas
até os tannaim.
9
a Este último grupo (sofrerim) teve uma grande
influência sobre a nação, a partir de meio século depois do retorno de Israel do
cativeiro babilônico.1 A mentalidade religiosa judaica pós exílica caracterizou-se,
predominantemente, pelo monoteísmo ético,2 que fortaleceu o legalismo israelita.
5
Ibid., 308.
1
Ibid. A transgressão da lei de forma genérica (Am 3:14-15), o
quebrantamento do Sábado (Ne 13:17-18) e a prática da idolatria (Je 7:9), em
particular, e a maneira injusta como tratavam com os pobres (Jr 7:5-7) foram as
causas que conduziram ao cativeiro em Babilônia.
2
V. L. Walter, “Ebionismo,” em: Elwell, ed., Enciclopédia histórico-
teológica da Igreja Cristã, 1:376.
3
Niswonger, 34.
4
Wigoder, 339.
5
Ibid., 641.
6
Donald E. Gowan, Bridge between the Testaments: A Reappraisal of
Judaism from the Exile to the Birth of Christianity (Pittsburg, PA: Pickwick Press,
1980), 433-443; Roger Brooks, The Spirit of the Tem Commandments: Shattering
the Myth of Rabbinic Legalism (New York: Harper & Row, 1990), 21-27; Dan
Cohn-Sherbok, A Dictionary of Judaism & Christianity (Philadelphia: Trinity
Press International, 1991), 58-59, 152-153. Os méritos dos patriarcas não só
acumulam-se, mas beneficiam seus descendentes, acelerando a redenção de Israel.
Ver: Wigoder, 481.
10
a Por isso a crise soteriológica no Novo Testamento
manifestou-se sob dois ângulos interrelacionados. Primeiro, o aspecto externo,
quando o conflito se processou entre os principais líderes do cristianismo e as
autoridades judaicas. O segundo, o aspecto interno, quando as lutas teológicas
sobre a salvação ocorreram entre os primeiros cristãos judeus, que conduziram a
Igreja Apostólica ao seu primeiro Concílio.
1
Merril C. Tenney, O Novo Testamento sua origem e análise, 2ª ed. (São
Paulo: Vida Nova, 1972), 44-61.
11
1 Da disnastia herodiana, teve em Herodes, o Grande, o seu
mais destacado estadista, reinando de 37 AC a 4 AC. Foi nomeado por Otávio
como rei dos judeus, contudo foi através de guerras internas que assumiu de fato o
controle de toda a Palestina. Um dos seus primeiros atos foi nomear o sumo-
sacerdote Hananiel, identificado possivelmente como o Anás dos evangelhos. Foi
este o Herodes que ordenou a matança das crianças de Jerusalém (Mt 2:1-8, 16),
quando o imperador de Roma era Augusto (27 AC 14 AD). Foram sucessores
simultâneos de Herodes, dividindo seu reino: Arquelau (4 AC 6 AD), Felipe, o
tetrarca (4 AC 34 AD) e Herodes Antipas (4 AC 39 AD). Este último é o mais
proeminente nos evangelhos. Jesus faz referência a ele como tendo a
personalidade enganadora de um raposo (Lc 13:31-32). Ele é o assassino de João
Batista e aquele diante de quem Jesus foi julgado (Mt 14:1-12; Mc 6:14-29; Lc
3:19; 23:7-12). No ano 39 AD foi deposto por Calígula (37 41 AD) ao
substituir Tibério (14 37 AD), amigo de Herodes Antipas.
12
2 Seitas Apesar dos judeus terem uma única fonte de
revelação para orientar sua vivência religiosa, o Antigo Testamento, eles acabaram
por se dividir em várias seitas religiosas que rivalizavam entre si.
13
d Seita de Qumran Qumran é o nome da localidade
onde foram encontrados vários rolos sagrados, inclusive textos de todos os livros
do Antigo Testamento, menos do livro de Ester no fim do outono de 1947. Além
disso foram encontrados vestígios da existência de uma comunidade
rigorosamente organizada. Ela foi fundada nos fins do II século AC e floresceu no
I século AC. Julga-se que a sociedade foi extinta no ano 70 AD, na guerra
judaico-romana. Trata-se portanto de uma sociedade religiosa contemporânea de
Cristo e Seus apóstolos. A seita de Qumran não exerceu uma influência marcante
sobre o Novo Testamento nem sobre a Igreja Apostólica. Era uma comunidade
fechada que aceitava, contudo, o matrimônio. São identificados como sendo o
mesmo grupo dos essênios. Tinha uma teologia com uma forte ênfase
escatológica, tanto na sua visão do conflito do bem com o mal, como no seu
ensinamento sobre o remanescente.1
14
sobrenaturais foram vistos como obstáculos para a compreensão histórica de
Cristo, e como irrelevantes à mentalidade científica da época. O padrão de
aceitação de qualquer fato estava submetido ao que era justificadamente racional.
A verdade deveria ser demonstrada pela observação empírica e de acordo com os
princípios da razão humana. A teologia passou a ser uma serva da razão e a ela
limitada.1 Daí tornou-se necessariamente obrigatório ao teólogo moderno
procurar comprovar a autenticidade histórica de Cristo. Por isso que F. Lambiasi
em sua obra Autenticidade histórica dos Evangelhos conclui que “a criteriologia
permite aproximar-nos confiantes dos evangelhos, certos de encontrar neles,
mediante a fé da primeira comunidade cristã, Jesus, o Cristo, que continua a fazer
a cada homem a pergunta mais inquietante: “E tu, quem dizes que eu sou?” (Mt
16:16). A única reposta razoável é “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”2
A Os evangelhos como Documentos Históricos Os evangelistas não
estavam tão interessados em dar informação histórica sobre a vida de Jesus, mas
sua abordagem visava apresentar a Cristo sob o significado da ressurreição.
1
Bengt Hägglund, História da Teologia, 4ª ed. (Porto Alegre, RS:
Concórdia, 1989), 291-355.
2
F. Lambiasi, Autenticidade histórica dos evangelhos (São Paulo:
Edições Paulinas, 1978), 260.
15
“M,”1 que deram origem aos atuais evangelhos, os eruditos
esvaziaram o conteúdo dos evangelhos, e fizeram de Jesus um homem ao modelo
de um europeu racionalista dos séculos XIX e XX. Chegou esta análise, dita
científica, a um ponto tal de crítica literária que não se pode mais saber, segundo
eles, com segurança, muito da vida e da personalidade de Cristo.
1
Para estudo posterior sobre a questão das fontes dos evangelhos, ver: B.
P. Bittencourt, A forma dos evangelhos e a problemática dos sinóticos (São Paulo:
Imprensa Metodista, 1969), 103-167; E. P. Sanders, Margareth Davies, Studying
the Synoptic Gospel (London: SCM Press, 1994), 51-119.
16
aos evangelhos a situação é oposta, pois existe tanta informação de manuscritos
que a dificuldade é como estudar todos. São cerca de 5.500 mss gregos completos
ou fragmentários do Novo Testamento, além de 13.000 mss das versões e milhares
de citações existentes nos Países Eclesiásticos. Pode-se, por isso, afirmar que
“tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento
podem considerar-se como firmadas de modo absoluto e final.”1
Sir Frederic G. Kenyon, The Bible and Archeology (New York: Harper
1
& Brother, s.d.), 288, citado em: Wilson Paroschi, Crítica textual do Novo
Testamento (São Paulo: Vida Nova, 1993), 19.
17
verdade teria ocorrido em 751 AUC (Lc 3:1) é outro testemunho da existência de
Cristo, como testificada desde os primeiros séculos do cristianismo.1
IV O EVANGELHO
O termo euaggevlion é uma palavra composta de dois radicais: (1) eu - bem,
aggevlion - anjo, bom anúncio, boa mensagem, boas novas. Na literatura
clássica era um termo técnico para anunciar vitória, libertação e gozo. Usada para
anunciar o fim de uma guerra. Anúncio de que mediante a vitória, a paz foi
instituída.
A No Antigo Testamento O termo aparece em Isaías 52:7: “Que
formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvira
a paz, que anuncia boas coisas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu
Deus reina!” O tema desta seção que se inicia em Isaías 49:14 trata da restauração
de Sião e do Servo do Senhor. Esta restauração é a libertação do cativeiro
babilônico. O destino de Israel é a liberdade. Esta liberdade não custa nada a
Israel, é um ato de Deus na sua história: “por nada fostes vendidos; e sem dinheiro
sereis resgatados” (Is 52:3). Israel como que contempla a vinda, a chegada de um
Paladino da liberdade em seu território, trazendo paz e salvação. O evangelho não
é uma mensagem escrita, mas uma proclamação de Deus revestida de atividade. É
um anúncio repleto de energia vital. Ela é dinâmica, provocando transformação.
Muda a guerra em paz, escravidão em liberdade. Isto é evangelho. (Vida, morte,
ressurreição, intercessão e 2ª Vinda) X Justiça.
1
Earle E. Cairns, O cristianismo através dos séculos: uma história da
Igreja , 2ª ed. (São Paulo: Vida nova, 1992), 37-39; Luiz Nunes, “O reino de
Deus: uma abordagem bíblica em São Mateus 1 a 7,” tese de mestrado, Instituto
Adventista de Ensino, 1984, 5-6.
18
do amor eletivo de Deus (Ef 1:4-10); e da iniciativa d’Ele (Gl 4:4-5). É uma
revelação de sua justiça (Rm 1:16-17; Sl 119:172; cf. Sl 31:1; 143:1; Rm 3:21-22;
5:10,19; 1Pe 2:21-24).
19
Embora estudiosos da Escritura difiram na data exata quando os documentos do
Novo Testamento foram escritos, estas informações cobrem a opinião mais geral,
dando-nos uma informação mais didática destes livros.
VI EVANGELHOS SINÓTICOS
Os três primeiros evangelhos foram chamados de sinópticos por J. J.
Griesbach (XVIII século), devido seu alto grau de semelhança.
A semelhança se percebe na estrutura geográfica do ministério de Jesus:
Galiléia, Judéia e Peréia, então Jerusalém. A semelhança aparece também em
relação ao conteúdo: mesmos acontecimentos, mesmas curas, parábolas e
discursos. É comum a todos eles um clima de constante ação.
Como foram eles produzidos? (Lc 1:1-4)
20
“Q” Schleiermacher foi o primeiro a propor a existência de uma
coletânea de declarações de Jesus como fonte para a composição dos evangelhos.
A aceitação dessa fonte única é a semelhança entre os evangelhos.
Papias declarou: “Mateus reuniu os oráculos na língua hebraica, e cada um
os interpretou da melhor maneira que pôde.”
Assim a fonte “Q” poderia Ter sido o evangelho de Mateus escrito em
hebraico.
Apesar das similitudes dos evangelhos sinópticos ele possuem uma
unidade teológica própria. Cada um deles deu uma ênfase específica e sua
estrutura biográfica: TEMA. Cada evangelista pela maneira de construir sua
narração tinha um propósito teológico próprio. RELAÇÃO entre historicidade e
teologia. Seria a preocupação do evangelista a exatidão histórica ou sua visão
teológica? Estava o evangelista defendendo uma visão teológica de historicidade
do Messias? São quatro retratos diferentes que procuram definir o Messias.
21
Jesus teria durado, provavelmente, mais de 3 anos. E a data de sua morte poderia
ser 14 de Nisan de 31 AD (+ 3 de abril de 31 AD).1
1 Os Evangelhos e Atos oferecem uma base histórica
necessária para se avaliar melhor as outras obras do Novo Testamento. A vida de
Cristo e da Igreja são fundamentais no entendimento de toda estrutura literária do
Novo Testamento. Há uma interligação histórico e teológica entre o material
histórico e o epistolar do Novo Testamento. A história de Jesus Cristo e de Sua
Igreja são o fundamento sobre o qual os apóstolos construíram sua teologia (Ef
2:20).
Mateus 1:1 - 4:16 4:17 a 16:20 16:21 a 26:2 26:3 a 27:66 28: 1-20
Marcos 1:1-13 1:14 a 8:30 8:31 a 13:37 14:1 a 15:47 16:1-20
Lucas 1:1 a 4:13 4:14 a 9:21 9:22 a 21:38 22:1 a 23:56 24:1-53
João 1:1-34 1:35 a 6:71 7:1 a 12:50 13:1 a 19:42 20:1 a 21:25
1
Esta seção está baseada em parte das informações encontradas em: D.A.
Carson, Douglas J. xxx e Leo Morris, Introdução ao Novo Testamento (São Paulo:
Vida Nova, 1997), 19-65.
22
IX O EVANGELHO DE MARCOS
23
calaram, demonstrando que o medo paralisa a ação missiológica (Mr 16:8).1 De
acordo com as palavras do evangelista, “possuídas de temor e de assombro; e, de
medo, nada disseram a ninguém” (Mr 16:8).2 E possivelmente ele termina seu
evangelho retratando a fraqueza dos seus discípulos, cujo medo os incapacitava
para a realização da missão. Os melhores manuscritos encerram o evangelho de
Marcos neste ponto. Embora seja considerado um término impróprio, o restante
do capítulo aparece em manuscritos gregos como uma alternativa
reconhecidamente não original. Este final harmoniza-se com o retrato da fraqueza
humana que ele procura retratar.
1
Riley Harold, The Making of Mark: An Exploration(Macon, GE: Mercer
University Press, 1989), 197-204.
2
Para a discussão da crítica textual de Marcos 16:9-20, ver: Robert H.
Gundry, Mark: A Commentary on His Apology for the Cross (Grand Rapids, MI:
Eerdmans, 1993), 1009-1021; Nolan B. Harmon, ed., The Interpreter’s Bible
(Nashville, TN:Abingdon Press, 1951), 7:915; Champlin, O Novo Testamento
interpretado versículo por versículo, 1:800-803; Harold, 197-204; Archibald
Thomas Robertson, Word Pictures in the New Testament (Grand Rapids, MI:
Baker Book House, 1930), 1:402-404.
24
extremos ele acomoda seu material predominantemente descritivo e narrativo. Ele
começa sua narrativa logo com Jesus sendo batizado para em seguida falar de seu
ministério.
25
Seus ensinos. A seção termina com a declaração dos demônios de quem é Jesus:
“Tu és o Filho de Deus” (3:11; cf. 1:1). (2) 6:1-6 uma atmosfera de conflito
perpassa por toda esta seção. São os seus conterrâneos de Nazaré que o rejeitam
em uma relação de oposição com a seção anterior quando as multidões o recebem.
(3) 8:22-26 a cura do cego em dois estágios (só em Marcos) mostra o que deve
acontecer com os discípulos. No decorrer desta seção eles estão interessados em
saber quem é Jesus. Apesar de verem os milagres que Ele fazia e ouvir-Lhe os
discursos eles não entendem, da mesma maneira que o cego cuja visão restaurada
ainda está distorcida (vejo homens . . . como árvores . . . andando). Jesus então
lhe restaura a visão totalmente (“passando a ver claramente,” “distinguia de modo
perfeito”). O mesmo se dá com a exposição de Marcos nas palavras de Pedro:
“Tu és o Cristo.” Aqui se chega ao clímax da primeira parte. É a conclusão de
seu primeiro objetivo: O Jesus de Nazaré é o Messias anunciado nas profecias do
Antigo Testamento e aguardado pela nação israelita (Mr 8:29).
26
A Conflito como os Escribas e Fariseus 1:11-12:44.
B Sermão Profético 13:1-37.
C Prisão e Julgamento de Cristo 14:1 15:20.
D Crucifixão e Sepultamento 15:21-47.
VI Ressurreição e Cristofanias 16:1-20.
INTRODUÇÃO: 1:1-15
27
1ª SEÇÃO 8:31 a 10:52
a) Termina com a cura dum cego como na 3ª seção visão
aberta
2ª PARTE b) Começa com a incompreensão
2ª SEÇÃO 11:1 a 13:37
8:31 16:8
a) Ambiente de conflito e incompreensão como na 2ª seção
JESUS É O anterior
FILHO DE 3ª SEÇÃO 14:1 a 16:8 Crucifixão Declaração do centurião -
DEUS
Filho de Deus (Mr 15:39, cf. Mr 1:1).
ÊNFASE NA a) Julgamento
PAIXÃO
b) Morte
c) Ressurreição
Epílogo 16:9 e 20
1
G. C. Berkouwer, A pessoa de Cristo (São Paulo: ASTE, 1964), 129.
28
45). Até que finalmente Ele acrescenta à predição de Sua morte o conceito
teológico, “em resgate por muitos” (Mr 10:45; cf. Is 53). Os acontecimentos
seguintes levaram as autoridades judaicas a arquitetarem a Sua morte. As
autoridades judaicas depois que decidiram eliminar a Cristo (Mr 14:1-2)
procuraram fundamentar diante do povo judeu sua acusação com base no pecado
de blasfêmia, que impunha a lapidação como pena (Lv 24:16). Diante da
conjuração de Caifás, o Mestre reconheceu Sua natureza divina e foi declarado
culpado e digno de morte (Mr 14:53-65). É a Sua morte que valida a alegação
inicial de Marcos de que Jesus é o “Cristo, o Filho de Deus.”1
X O EVANGELHO DE MATEUS
1
John Stott, Homens com uma mensagem (Campinas, SP: Editora Cristã
Unida, 1996), 12-28.
29
escrito em grego são os seguintes: (1) o grego de Mateus não tem características
de obra traduzida, (2) os aramaismos que ocorrem no evangelho e nos outros
podem refletir o pensamento aramaico e hebraico do autor, (3) há uma
uniformidade de estudo e linguagem, (4) há uma similaridade com o grego de
Marcos e menor com o grego de Lucas. O que parece eliminar que Mateus seja
uma versão para o grego.
30
evangelho começa com a narrativa do nascimento virginal de Cristo, em seguida
ele insere cinco discursos de Cristo na estrutura narrativa de Marcos. Cada
discurso termina com uma expressão semelhante a: “quando Jesus acabou de
proferir estas palavras” (Mt 7:28; 11:1; 13:53; 19:1; 26:1).
PRÓLOGO
(A promessa e oposição ao Reino)
1:1 2:23
1 Narrativa 3:1-4:25 (Estabelecimento do Reino
1 Discurso -5:1-7:29 (Natureza do Reino)
oposição)
2 Narrativa 8:1-10:4 (Enfermidades, milagres do
2 Discurso 10:5-11:1 (O poder do Reino)
poder do Reino)
3 Narrativa 11:2-12:50 (A incompreensão sobre
3 Discurso 13:1-53 (O mistério do Reino)
o Reino)
4 Narrativa 13:54-17:27 (Oposição crescente) 4 Discurso 18:1-19:2 (Disciplina do Reino)
CLÍMAX
(Paixão e poder do Rei)
26:1-28:20
31
descendente da casa real e descendente da promessa abraâmica. Aqui em Mateus
as idéias de realeza e salvação estão unidas. Ele não é meramente da
descendência real, porém, inclusivemente, da descendência da promessa feita a
Abraão e interpretada por Paulo em Gálatas como sendo ele mesmo o descendente
prometido (Gl 3:16). A idéia de sacrifício substitutivo está claramente incluída na
promessa abraâmica no episódio do sacrifício de Isaque (Gn 22:2, 8, 13). O
Messias é o Rei prometido da dinastia davídica como o Servo Sofredor, cujo
sacrifício é a expiação pelos pecados.
32
Tinha de sofrer a separação do amor do Pai.”1 Diante desta oposição era
necessário apresentar-se a verdadeira natureza do reino de Deus. Na busca do
significado do Sermão da Montanha a teologia se divide em pelo menos quatro
concepções:
(1) Concepção Perfeccionista Obedece e
viverás. É uma exigente ética perfeccionista. Trata-se da vontade do Pai e que
deve ser obedecida mais restritamente do que a ética judaica. Esta concepção
originou-se com Hans Windish, professor de exegese neotestamentária de Halle,
segunda década deste século.
(2) Concepção do Ideal Inatingível Baseada na
ortodoxia luterana. A lei é vista como uma pedagogia da salvação pelo processo
do desespero. A exigência moral mosaica é levada a um extremo radicalizante.
Como ninguém consegue alcançar esta ética, ele se depara com sua insignificância
moral para cumpri-la. A lei é o preparatio evangélica que revela ao homem sua
incapacidade, conduzindo-o ao desespero, ela lhe abre os olhos à maravilha da
graça de Deus.
(3) Ética de emergência Esta concepção se
baseia no fato que o Sermão da Montanha se fundamenta na iminente crise que se
avizinha, conforme declarações de Cristo. O fim está próximo e com ele, e antes
dele, estão terríveis catástrofes. Para um tal tempo se faz necessária uma moral
fundada na urgência do tempo. Para tal época é preciso um esforço supremo para
viver moralmente em harmonia com as exigências morais do Sermão do Monte.
Estas três concepções vêem este sermão como uma expressão da Lei.
(4) Conceito Soteriológico de Joachin Jeremias
Para ele o dom de Deus precedeu suas exigências morais do Sermão da Montanha.
Logo trata-se de uma exposição do evangelho e não da exposição da Lei. Para
ele, Cristo está se dirigindo a homens libertados do domínio de Satanás, mediante
a concepção do perdão. Nas bem-aventuranças, Cristo se apresenta como o
Salvador dos pobres, o consolador dos que sofrem, a herança dos mansos, o
supridor de justiça. Este que foram alvos destas bênçãos são cidadãos do céu, e
portanto, devem exibir naturalmente uma justiça superior. São homens que,
segundo J. Jeremias, já vivem no Reino de Deus.
(5) Natureza do Reino Este discurso de Cristo
não é apenas para tratar dos cidadãos do reino como o fizeram todas as teorias
anteriores, mas antes para falar da natureza do Reino, que tinha sido adulterada na
teologia judaica. O Reino de Deus se caracteriza pelos “makarismos.” Deus é a
fonte de todas as beatitudes do seu reino em favor dos seus súditos. Ser bem-
aventurado é receber o reino de Deus presente e futuro na sua vida. Portanto,
bem-aventurança é a irresistível alegria espiritual que o homem possui ao
participar na salvação do Reino de Deus presente e futuro. É a felicidade dos que
se alegram na salvação em Jesus nos frutos que a seguem. Cobrir o pecado e
salvar o perdido é a verdadeira natureza do Reino de Deus exposto por Cristo em
Seu sermão.
1
Ibid., 113.
33
5 O Poder do Reino dos Céus 2º bloco narrativo e
conceptual, Mateus 8:1 a 11:1 Os relatos desta seção são dez milagres: cura do
leproso, servo do centurião, sogra de Pedro, tempestade, libertação de
endemoniados, paralítico, mulher com hemorragia, ressurreição da filha do chefe
da sinagoga, cura dos cegos e cura do endemoniado mudo. Intercalados com estes
milagres aparecem textos com matéria de outra natureza como o preço do
discipulado, vocação de Mateus, refeição na casa dos pecadores e jejum. Segue-
se o envio dos doze dando-lhes o mesmo poder para expelir demônios, curar
enfermos e pregar, o mesmo que Ele tem feito. O mesmo poder de Cristo
demonstrado no Seu ministério é agora conferido aos seus apóstolos para
exercerem a missão de anunciar as boas novas. A realização da missão envolve a
comunicação do poder e de instruções quanto a mensagem a ser pregada, as
advertências quanto às dificuldades, os estímulos dentro de um senso de realidade
e finalmente as recompensas. Esta focalização dos milagres pode ser também
entendida como uma resposta ao questionamento posterior de João Batista sobre a
messianidade de Jesus (11:3-5).1
1
Donald A. Hagner, Mathew 1-13, em: David A. Hubbard, Glenn W.
Barker, Word Biblical Commentary (Dallas, TX: Word Books, 1993), 33a:195.
34
narrativa cujo propósito primário é ensinar a verdade, ou uma verdade específica.
É um espelho através do qual uma verdade pode ser vista, e ela (a parábola) não é
necessariamente uma verdade em si mesma. Ela é uma ponte através da qual uma
verdade espiritual é esclarecida e ensinada. Tais narrativas se referem a fatos
conhecidos dos ouvintes que ajudam a esclarecer por comparação a verdade a ser
ensinada. Logo, os detalhes da parábola não devem ser usados para se ensinar
outros assuntos além daquele a que ela se propõe (Jz 9:7-15). Esta parábolas estão
divididas em dois blocos, formando três pares:
(1) Semeador (separação) O reino dos céus
produzirá frutos apesar de toda oposição que lhe é imposta. Deve-se, contudo,
perceber que há de existir uma separação entre os diversos tipos de pessoas
(terrenos) onde a mensagem é semeada. O semeador é o próprio Cristo. Ele
planta Sua Palavra no coração do homem.
(2) Joio (separação) É uma resposta para
aqueles que querem que o juízo venha logo. O juízo, contudo, só virá no final. A
atitude correta com o Reino dos Céus é de espera e confiança na sabedoria de
Deus, pois só Ele é capaz de saber quem vai ser rejeitado ou aceito no Seu reino.
Isto só ocorrerá no dia final, e só Ele é capaz de fazer esta separação. Estas duas
parábolas enfatizam que a separação não acontece antes da colheita final. O
Messias é este juiz quem crê nEle não é julgado, mas que mO rejeita já está
julgado (condenado) (Jo 3:16-21).
(3) Grão de Mostarda (magnitude e grandeza)
Trata-se de uma resposta àqueles que querem ver o reino em sua plenitude. A
plenitude chegará, mas ela já está presente no coração das pessoas que O aceitam
como o Rei de um novo Reino, o Reino da Graça. Na aparente pequenez,
semelhante a um grão de mostarda, está escondida a sua grandeza. Na pequenez
de Sua natureza humana, Cristo abriga em Si a grandeza de Seu reino.
(4) Fermento (magnitude e grandeza) O
crescimento do reino de Deus é primeiramente interior, no coração das pessoas. O
reino de Deus cresce e se espalha silenciosamente, conquistando novas pessoas e a
pessoa toda em todas as direções. Trata-se portanto da magnitude do Reino de
Deus e do Seu Rei. Estas duas parábolas enfatizam a magnitude do reino de Deus
com seu crescimento silencioso, porém irresistível. Estes dois pares de parábolas
têm o propósito esclarecer a natureza e a finalidade do ministério de Cristo,
entendido como reino. Os verdadeiros discípulos compreendem melhor, enquanto
os falsos discípulos complicam-se cada vez mais para entender o significado
messiânico do ministério de Cristo. Nas últimas três parábolas, duas enfatizam a
relevância do reino em relação a todos os bens dessa vida, e termina voltando ao
tema dos que serão aceitos e rejeitados na separação final.
(5) Tesouro (valor) O seu valor é tão grande
que é vantajoso vender-se tudo o que se possui para se obter este tesouro. O
Reino de Deus é um precioso tesouro, que compensa vender-se todos os bens para
tê-lo como um valor eterno. Cristo é o tesouro de grande valor que compensa
vender-se tudo que se possui para tê-Lo e ao Seu reino.
35
(6) Pérola (valor) Quem acha a pérola de
grande valor a considera mais valiosa que todas as coisas, por isso também vende
tudo que tem para possuí-la; o inestimável valor do amor redentor. Apresenta a
Cristo como o Salvador em busca de homens, e homens em busca de salvação.
Cristo é a preciosa pérola. Trata-se aqui da relevância dEle e do Seu reino.
(7) Rede (separação) A pregação do Reino
deve ser feita a todos sem acepção. Ela retorna a atitude de separação entre bons e
maus. Esta separação é realizada pelos anjos no eschaton, quando Cristo em Sua
glória voltar à Terra. Cristo é o Rei glorioso que há de vir.
36
uma criança é. Aquele que recebe o Reino dos Céus é o que não confia no valor
de seus supostos méritos pessoais.
37
segunda expulsão dos cambistas do templo, quando compara o sacerdócio a um
covil de salteadores. Segue-se a maldição sobre a nação infrutífera (figueira). Os
líderes de sua nação se vêem ameaçados e questionam Sua autoridade. Diante
desse desafio Cristo fala da rebeldia e punição que sofrerá a nação: “o reino de
Deus vos será tirado e será entregue a outro povo que lhe produza os respectivos
frutos” (Mt 21:43). Daí Jesus conta a parábola das bodas para ensinar que só
aquele que tem as vestes da justiça de Cristo poderá entrar e permanecer no Seu
Reino, os outros serão lançados fora. A oposição continua com os herodianos na
questão do tributo, com os saduceus no tema da ressurreição e com os fariseus no
assunto da lei e do Messias. Aí Cristo pronuncia seu discurso contra a falsa
religiosidade dos escribas e fariseus. Neste contexto Jesus pronuncia o seu
sermão profético, deixando claro que haverá uma separação entre maus e bons por
ocasião da Parousia. E estva suficientemente claro que os fariseus e escribas se
incluíam entre os rejeitados. Daí o seu discurso profético possuir duas linhas de
argumentação: a destruição de Jerusalém com seu templo, e o significado da 2ª
Vinda.
1
Ellen G. White, O desejado de todas as nações, 19ª ed. (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 1995), 762.
38
d A morte de Cristo prova que a lei divina não pode ser
ab-rogada, pois se a lei pudesse ser mudada não seria necessário Cristo Ter
morrido por causa da transgressão da lei. Foi porque a lei é imutável, porque o
homem só se pode salvar mediante a obediência a seus preceitos, que Jesus foi
erguido na cruz. Satanás, entretanto, tem usado os meios pelos quais Cristo
estabeleceu a lei, para dizer que ela foi abolida. Este será o tema do conflito final,
o último grande engano.1
XI O EVANGELHO DE LUCAS
Lucas é o autor tanto do evangelho que leva o seu nome como de Atos
dos Apóstolos. Estes dois volumes formam uma só obra, os dois volumes estão
unidas por um tema que lhes é comum: a Universidade do Reino de Deus. Ele
apresenta a história da vinda do Reino a partir de João Batista até que ele seja
proclamado em Roma. Desde do início destes dois volumes até o seu final é
evidente o tema que os une. O nascimento de Jesus é marcado pela declaração de
Simeão: “Porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante
de todos os povos; luz para revelação dos gentios. Ele continua como reino de
Deus foi estabelecido em Roma, vencendo todas as barreiras que lhe impuseram
no caminho, por isso termina o segundo volume declarando que a proclamação do
evangelho alcançou seu objetivo: “Tomai, pois, conhecimento de que esta
salvação de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão” (At 28:28).
1
Ibid., 763.
39
e esteve envolvido com sua viagem para Roma (At 21; 27:1; Fm 23-24). Tornou-
se companheiro e médico pessoal de Paulo (Gl 4:13 e At 16:6). Foi Lucas quem
atendeu Paulo em sua prisão: “só Lucas está comigo” (2Tm 4:11). O lugar de sua
morte é desconhecido. A tradição afirma que morreu martirizado numa árvore.
40
que Lucas, o seguidor de Paulo, colocou no evangelho o que lhe foi pregado pelo
apóstolo. O Fragmento Muratoriano concorda com Irineu, declarando que Lucas
é o autor do evangelho; e o herege Marcion, que morreu em 160 AD, coloca o
evangelho de Lucas como o único no seu cânon particular. Pode-se ainda
acrescentar o testemunho de Tertuliano, Clemente de Alexandria e outros.
41
a Divisão do Evangelho Embora seja evidente o
tratamento temático do autor para o seu evangelho, ele também declara que ele se
propôs apresentar uma exposição em ordem desde o princípio, por isso se procura
seguir um esboço que possa apresentar estes dois aspectos:
ESBOÇO DO EVANGELHO DE LUCAS
42
a Filho do Homem Terreno O título Filho do Homem
aparece no Antigo Testamento com dois sentidos básicos: (1) em Ezequiel aparece
diversas vezes como uma identificação do ser humano, ou mais especificamente
do profeta, (2) já em Daniel 7:13 e 14 o Filho do Homem aparece como um ser
celestial que se aproxima de um tribunal para participar da obra de julgamento
(Dn 7:9-10), e que tem o domínio de um reino que jamais passará. O uso que
Cristo fez do título Filho do Homem não O limita às potencialidades do ser
humano, embora não as negue como uma realidade vivencial dEle em seu
ministério terrestre. O Filho do Homem Terreno tem o direito de perdoar pecados,
embora se trate de uma prerrogativa divina. Este direito de Jesus deve ser visto
como sendo Ele o Filho do Homem celestial, que como Filho do Homem terreno
pode perdoar pecados (Lc 5:24). Ele tinha esta autoridade como Filho do Homem
celestial, agora esta prerrogativa é exercida na Terra. Isto demonstra que esta
visão terrena de Cristo no título Filho do Homem inclui prerrogativas divinas em
Sua messianidade como homem, uma vez que tem autoridade para perdoar
pecados.
(1) Em Lucas 6:5, o Filho do Homem reivindica
para Si a autoridade de interpretar os regulamentos dos escribas concernentes ao
Sábado. O princípio aqui exposto é que o Filho do Homem é portador de
autoridade teológica, pois interpreta o Sábado como não sendo um fim em si
mesmo, mas foi promulgado para o bem do homem. Isto advoga que o Filho do
Homem tem soberania na interpretação da verdade para os homens embora fosse
Ele homem. A autoridade teológica do Filho do Homem é portanto uma
característica do Messias. O fato dele ser o Filho do Homem terreno não dava ao
homem o direito, devido a essa semelhança, de soberania de interpretação sobre
os regulamentos de Deus, e nesse caso específico sobre o Sábado.
(2) Esta compreensão, contudo, não nega a
realidade de sua humanidade como Filho do Homem. Pois Lucas estabelece uma
comparação entre João Batista e Jesus Cristo, para mostrar a realidade de sua vida
terrena. Enquanto o primeiro teve uma vida asceta, o segundo é visto como
glutão, bebedor de vinho e amigo dos pecadores (Lc 7:25), e ambos são igualados
como sendo enviados por Deus para seu ministério específico (Mt 11:19).
1
Há duas declarações de Cristo um tanto enigmáticas na época sobre Sua
morte no evangelho de João, por ocasião da purificação do templo (Jo 2:19-21) e
no diálogo com Nicodemos (Jo 3:14), que são anteriores à confissão de Pedro.
Nestas declarações a crise não está presente.
43
Lc 9:22), Cristo procurou lhes mostrar pelo menos sete vezes1 que a finalidade
última de Sua missão era a necessidade de Sua morte e ressurreição.2
(1) Na primeira predição (Mt 16:21) Pedro tentou
dissuadi-Lo e reprová-Lo, apelando ao suposto senso de auto-comiseração de
Cristo (Mt 16:22). Jesus põe-Se em evidente conflito declarando: “Arreda,
Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus
e sim das dos homens” (Mt 16:23). A causa do conflito estava clara, pois o
conceito do Messias-Rei de Pedro chocou-se com o do Messias-Sofredor de Jesus.
(2) A segunda predição deu-se numa viagem
secreta à Galiléia (Mr 9:30), quando Cristo repetiu a mesma mensagem. A reação
dos discípulos na ocasião foi de ignorância, tristeza e medo, como deixam
transparecer as palavras “então, os discípulos se entristeceram grandemente” (Mt
17:22-23) e a declaração de que “eles, contudo, não compreendiam isto e temiam
interrogá-lo” (Mr 9:30-32).
(3) Após Sua manifestação gloriosa na
transfiguração, Jesus fez a terceira predição de Sua morte ao dizer: “Assim
também o Filho do Homem há de padecer” (Mt 17:12), acrescentando: “A
ninguém conteis a visão, até que o Filho do Homem ressuscite dentre os mortos”
(Mt 17:9; Mr 9:12). A reação de ignorância repetiu-se mais uma vez, pois é dito
em Mateus que “então, os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João
Batista” (Mt 17:13) e em Marcos que “eles guardaram a recomendação,
perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos” (Mr 9:10).
(4) Na quarta oportunidade o Mestre, declarando
mais detalhadamente os acontecimentos relativos à Sua morte e ressurreição,
afirmou que eles eram um cumprimento profético messiânico. Lucas enfatiza a
ignorância dos discípulos ao afirmar que “nada compreenderam,” pois “o sentido
destas palavras era-lhes encoberto, de sorte que não percebiam o que Ele dizia”
(Lc 18:31-34; Mt 20:17:19; Mr 10:32-34).
(5) Após o pedido da mãe de Tiago e João por um
lugar de destaque no reino messiânico para seus filhos (Mt 20:20-23), Cristo
prediz Seu sacrifício indiretamente pela quinta vez, acrescentando à Sua morte o
significado teológico “em resgate de muitos” (Mt 20:28; Mr 10:45). Tudo que é
dito é que eles foram para Jericó. O silêncio dos discípulos evidencia o fato de
1
Três predições da morte de Cristo são preferivelmente apresentadas para
expor o conflito entre Jesus e Seus discípulos, como aparece em: Kingsbury,
Conflict in Mark: Jesus, Authorities, Disciples, 406-407. Aparecem, contudo, seis
ocasiões em que Jesus prediz a sua morte como é declarado em: Francis D.
Nichol, ed., The Seventh-day Adventist Bilbe Commentary, ed. ver. (Washington,
DC: Review and Herald, 1980), 5:464. Três outras passagens mais são
mencionadas apenas em Lucas, porém não apresentam uma situação de conflito
com os discípulos: Lc 12:50; 13:33; 17:2.
2
A ordem cronológica escolhida das predições de Cristo com relação à
Sua morte estão em: Nichol, ed., Seventh-day Adventist Bilbe Commentary (!980),
5:194-203.
44
que as palavras de Cristo não puderam ser por eles avaliadas. Resgate era-lhes um
conceito imperceptível.
(6) Na sexta ocasião, Cristo declara a
proximidade da Sua morte nas palavras “sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-
á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26:2).
Fica claro que os apóstolos tomaram conhecimento da brevidade da morte dEle.
O silêncio dos discípulos parece indicar que eles não se importaram. Agiram
possivelmente com descaso.
(7) Na sétima predição Cristo, vendo que não
podia penetrar além da parede de ignorância deles, os advertiu que se
escandalizariam1 com Ele e O abandonariam naquela mesma noite por causa de
Sua morte (Mt 26:31; Mr 14:27). Sua palavras baseavam-se na expressão do
Antigo Testamento: “ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas”
(Zc 13:7).
1
O termo significa “pular para cima”, “fechar-se de repente,”
“armadilha,” nos evangelhos o significado da palavra é “ser repelido,” tornar-se
um motivo de tropeço, ver: J. Guhrt, “skavndalon,” em: Coenen, ed.,
Dicionário internacional de Teologia do Novo Testamento, 3:311-314; Gustav
Stählin, Theological Dictionary of the New Testament, 7:344-351.
2
George E. Ladd, Teologia do Novo Testamento (Rio de Janeiro: JUERP,
1984), 137-149.
45
(1) Segundo Lucas 3:1, João Batista iniciou seu
ministério no décimo quinto ano de Tibério César. Nesta ocasião Pilatos era o
procurador da Judéia, Herodes o tetrarca da Galiléia, Filipe da Ituréia e de
Traconites, e Lisânias de Abilene, enquanto Anás e Caifás pontificavam como
sumo sacerdote em Jerusalém. Tibério César começa a reinar logo após a morte
de Augusto em torno dos anos 12 a 14 AD.1 O décimo quinto ano, segundo
Leonard Goppelt, teria ocorrido em torno do ano 27 AD.2
Herodes, o Grande, começou a reinar em 717
AUC (ab urb condita). Ele reinou 34 anos em Jerusalém, o que alcança a data de
750 a 751 AUC, quando veio a falecer. Esta seria a data do nascimento de Jesus,
que corresponde em nosso calendário, aproximadamente, ao ano 4 AC. A
diferença com nosso calendário se deve ao fato de Dionísio Exíguo, no VI século
AD, Ter datado erradamente para o ano 754 AUC o nascimento de Jesus.
Na morte de Herodes, o Grande, o seu reino foi
dividido entre seus filhos. A metade foi dada a Arquelau, que por causa de sua má
administração foi deposto por decreto do imperador, e seu território ficou sob a
direção do procurador de Roma,3 Pôncio Pilatos, que foi nomeado no ano 26 AD,
e ali permaneceu até 36 AD. a outra metade do Reino foi dividida entre Herodes
Antipas (6 AC a 39 AD) e Filipe (4 AC a 32 AD).4 Ralph Earle corrobora as
informações acima, declarando que a morte de Herodes, o Grande, deu-se no ano
4 AC, ou 751 AUC.5
(2) Em Lucas, Jesus é “a luz para revelação aos
gentios” (Lc 2:32). Ele inclui em seu relato a citação de Isaías 40 que declara que
“toda carne verá a salvação de Deus” (Lc 3:6). A genealogia de Lucas apresenta a
origem de Cristo procedendo de Adão, pai de toda a humanidade, e este de Deus
(Lc 3:23-38). Ele também ressalta a atenção dada por Elias a viúva fenícia e a
cura do profeta Naamã, os quais eram estrangeiros, desvalidos e pobres. Além
disso Cristo se interessa pelas classes desfavorecidas: mulheres em diversas
ocasiões, Maria, Isabel e Ana no nascimento (Lc 1:27-28), a viúva de Naim (7:11-
17), a mulher imoral (7:36-50), a mulher que dava apoio financeiro a Jesus (8:1-
3), a viúva pobre (21:1-4), as mulheres que lamentaram a situação de Jesus
(23:27-31; 23:49-24:11), coletor de impostos (Lc 19:1-10), filho pródigo (Lc
15:11-32), samaritanos (Lc 9:51-56; 10:29-37) e pessoas pobres (Lc 4:16-22;
1
A. T. Robertson, Beacon Bible Commentary (Missouri: Beacon Hill
Press, 1964), 6:37.
2
Leonard Goppelt, Teologia do Novo Testamento (Petrópolis: Rio de
Janeiro: Sinodal/ Vozes, 1976), 60.
3
Coleman F. Luck, Luke the Gospel of the Son of Man (Chicago: Moody
Press, 1970), 37.
4
Carol Stechnueller,Evangelho de Lucas (São Paulo: Edições Paulinas,
1975), 37.
5
Robertson, Beacon Bilbe, 6:37.
46
14:12-13). Ele é o único que relata a parábola do rico e Lázaro (Lc 16:19-31).1
Lucas retrata a Jesus como um Salvador de ampla simpatia, que se socializa com
todo tipo de pessoa.
1
Para uma melhor informação sobre os desfavorecidos na sociedade
judaica, ver: Joachin Jeremias, Jerusalém no tempo de Jesus (São Paulo: Edições
Paulinas, 1986), 156-169, 403-494.
2
Gundry, A Survey of the New Testament, 207-210.
47
dificuldade está presente com todo pesquisador deste evangelho, haja vista as
inúmeras sugestões para organizar sua estrutura.1
1
C. H. Diid, A interpretação do quarto evangelho (São Paulo: Paulinas,
1977), 13. Os vários planos são: simbólico, numérico, temático, lógico,
dramático, cronológico/geográfico, litúrgico, sinais. Ver: Mário Veloso,
Comentário do Evangelho de João (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira,
1984), 20-26.
48
subiu ao trono e como era usual anistiou os presos políticos. Nestas
circunstâncias João foi liberto e retornou a Éfeso onde escreveu seu evangelho em
torno do ano 97 AD.
49
revelação que Jesus faz de Seu Pai é para a salvação do mundo. Assim salvação e
revelação de Deus estão unidas em Cristo, cujo clímax é a cruz.
1
Esta divisão foi retirada de C. H. Dodd, com alguns acréscimos
pessoais. Ver: C. H. Dodd, A interpretação do quarto evangelho (São Paulo:
Paulinas, 1977), 388-586.
1986), 199-338.
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