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País Populoso, mas não Povoado: o Brasil tem a sexta maior população do

mundo. A população do Brasil aumentou significativamente nas últimas décadas,


saímos de 90 milhões de habitantes em 1970 para 190 milhões em 2010. No ano
de 2021 a estimativa, segundo o IBGE, é que no Brasil haja 212 milhões de
habitantes. Apesar da enorme população nacional, o Brasil apresenta apenas 25
habitantes por km2. Por isso populoso, mas não povoado.

Censo Demográfico: também chamado recenseamento demográfico. São


realizados a cada dez anos no Brasil e em vários países do mundo. São estudos
estatísticos com diversas informações populacionais sobre quantidades de
jovens, adultos, idosos, mulheres, pobres etc. Têm vários objetivos no que diz
respeito às políticas econômicas e demográficas. Exemplifique-se: conforme as
porcentagens de idosos o Estado necessita desenvolver políticas de
aposentadoria, entretanto, se as taxas demográficas registrarem grandes
parcelas de nascimentos, as preocupações são com vacinas e escolaridade
infanto-juvenil etc.

Censos no Brasil: no Brasil a contagem populacional remonta ao Brasil Império


(1822-1889), mais precisamente ao final do século XIX e atravessou todo o
século XX. O que podemos constatar no curso dessas décadas é um significativo
crescimento vegetativo no país.

Censos – Número de Habitantes

1872: 09 milhões de habitantes


1890: 14 milhões de habitantes
1900: 17 milhões de habitantes
1920: 30 milhões de habitantes
1940: 41 milhões de habitantes
1950: 51 milhões de habitantes
1960: 70 milhões de habitantes
1970: 90 milhões de habitantes
1980: 119 milhões de habitantes
1991: 146 milhões de habitantes
2000: 169 milhões de habitantes
2010: 190 milhões de habitantes
2021: estima-se em 212 milhões a população brasileira

Crescimento Demográfico no Brasil: o que se pode reiterar, segundo os dados


acima, é que o Brasil apresentou crescimento vegetativo considerável ao longo
de todo o século XX. A população nacional saiu dos 17 milhões em 1900 para
quase 170 milhões em 2000. Nesse período a população aumentou dez vezes.

O Brasil além de populoso era, até meados da década de 1990, um país


considerado jovem. Mas à medida que observamos mudanças no
comportamento demográfico o Brasil tem se transformado num país adulto com
projeções que indicam que nossa população será idosa por volta de 2060.
A população brasileira tem apresentado mudanças consideráveis em sua
estrutura etária. Houve quedas em nossa taxa de fecundidade (era 6,2 em 1950
e 1,8 em 2010) e isso reflete mudança grande em nossa pirâmide etária.

A partir da década de 1960 o país assistiu a crescentes taxas de urbanização,


algumas melhorias na qualidade de vida e, naturalmente, apresentou aumento
na expectativa de vida.

Fecundidade no Brasil: a fecundidade no Brasil tem apresentado quedas a


cada década desde os anos 1960. Observe o gráfico com dados do IBGE:

Figura 1. Fecundidade no Brasil Fonte: IBGE.

A queda na fecundidade da mulher brasileira está associada a vários fatores, os


mais importantes são a urbanização e a inserção da mulher no mercado de
trabalho, além de todas as mudanças sociais que tais fenômenos acarretam
conforme discutimos no capítulo anterior.

O que se deve destacar é a queda entre as décadas de 2000 e 2010. As


mulheres no Brasil passaram a ter menos de 2,1 filhos e tal cifra denota
preocupações de ordem demográfica e tem alguns significados importantes.

Em primeiro lugar, a taxa de 2,1 filhos é a taxa de reposição demográfica e


naquelas sociedades em que as mulheres tenham menos de 2,1 filhos a
tendência é de diminuição populacional para as próximas décadas. A exemplo
da Alemanha que viu sua população diminuir de 1990 até 2013 em 1,5 milhão
de habitantes.

Em segundo lugar, à medida que o Brasil registra menos de 2,1 filhos por
mulheres significa que teremos fortes mudanças em nossa estrutura etária e isso
sugere potencial diminuição de nossa demografia, além de envelhecimento,
porque além da baixa fecundidade nosso país apresenta aumento na expectativa
de vida.
A propósito, se as mulheres no Brasil têm menos filhos e ao mesmo tempo nossa
população continua crescendo quais fatores justificam este fenômeno? Trata-se
justamente do processo de envelhecimento de nossa população. Outrossim,
ainda que tenhamos registrado aumento demográfico, nossa população cresce
menos a cada década desde 1960.

População Adulta & Envelhecimento no Brasil: o que justifica a população do


país continuar a crescer, mas ao mesmo tempo as mulheres terem menos filhos,
a cada década, são variáveis demográficas como a expectativa de vida,
melhorias no IDH e queda da mortalidade infantil somados ao fato de termos
taxa de fecundidade acima da necessária para reposição (2,1) até a década de
2010.

Quanto à expectativa de vida observemos os dados abaixo

Figura 2. Expectativa de vida no Brasil.

No período retratado pelo gráfico acima podemos constatar enorme aumento na


expectativa de vida. Saímos de 45,5 anos de esperança de vida para 75,8 anos
de esperança de vida desde 1940 até 2016. Houve, portanto, inúmeras
mudanças na dinâmica populacional do país e na qualidade de vida do povo
brasileiro. Tais mudanças geraram modificações profundas em nossa pirâmide
etária ao longo dessas décadas. A mudança mais considerável se deu entre o
ano de 1980 e o ano de 2000.
Figura 3. Pirâmide etária do Brasil em 1960. País jovem.

Até os anos 1980, o Brasil apresentava uma estrutura etária típica de países
jovens, pois nossa pirâmide de 1960 – na figura acima – apresentava as
seguintes características: pirâmide jovem com base larga e estreitamento do
corpo e afunilamento do topo. Tal pirâmide sintetiza informações como a baixa
expectativa de vida e alta taxa de fecundidade. Além disso, as pirâmides jovens
denotam um país com fortes características camponesas, baixo Índice de
Desenvolvimento Humano e economicamente subdesenvolvido.

Da década de 1960 aos dias atuais podemos constatar, na sociedade brasileira,


uma enorme modificação em nossa estrutura demográfica.

Observemos a pirâmide etária de 2010

Figura 4. Pirâmide etária do Brasil em 2010.

No ano de 2010, o Brasil já apresentava uma pirâmide de país adulto cujas


características são, em relação ao Brasil dos anos 1960, menor taxa de
fecundidade e maior expectativa de vida.
Como vimos acima a taxa de fecundidade registrada no censo de 1960 era de
6,3, já a taxa de fecundidade registrada em 2010 era de 1,8, logo é natural que
tenha havido um estreitamento da base da pirâmide etária do Brasil nesse
período. Além disso, a expectativa de vida no País era de 55 anos na década de
1960 e aumentou para 73,7 anos na década de 2000.

Portanto, diante de tais mudanças, a pirâmide etária nacional registrou


estreitamento da base e ligeiro alargamento do corpo da pirâmide e de seu topo,
o que denota um país com crescente demografia adulta e idosa.

Nesse intervalo, dos anos 1960 até 2010, houve significativas mudanças no
Brasil quanto ao estilo de vida. Nesse ínterim o Brasil assistiu a mudanças
sociais em vários aspectos e tais mudanças justificam as sucessivas quedas na
fecundidade e o amadurecimento de nossa estrutura etária. Houve forte êxodo
rural no país, consequente urbanização e inserção da mulher no mercado de
trabalho. Seria natural, diante desses fatos, que o Brasil apresentasse uma
transição demográfica e deixasse de ser demograficamente jovem para se
transformar num país adulto.

Agora, observe as pirâmides etárias do Brasil que fazem uma projeção da


população nacional para as próximas décadas (figura abaixo). Discute-se,
portanto, o processo de envelhecimento da população nacional diante das
modificações etárias registradas nos últimos censos.

Hoje, o Brasil tem características de país adulto (está em fase de desenvolvimento


econômico, é urbanizado, sofreu quedas na taxa de fecundidade feminina e tem
registrado aumento de expectativa de vida nas últimas décadas, além de IDH
médio). Ademais, o país vive uma espécie de bônus demográfico, entretanto a
janela demográfica poderá fechar nas próximas décadas.

Figura 5. Pirâmides do Brasil.


As pirâmides etárias acima nos permitem a leitura quanto ao eventual
envelhecimento de nossa população. Em 2013 vemos que a base da pirâmide é
relativamente larga em comparação ao topo, estima-se que haverá uma quase
inversão na década de 1960 entre jovens e idosos. Aliás, segundo estimativas
do IBGE a população brasileira crescerá até o final da década de 1930, quando
passará a encolher. Estima-se que em 1939 a população do Brasil chegue aos
240 milhões de habitantes e a partir de então diminua ao ponto de chegarmos
em 2050 com 215 milhões de habitantes, basicamente a mesma quantidade
atual.

Envelhecimento e Nosso Sistema Previdenciário: a melhoria na qualidade de


vida resulta em maior expectativa de vida e crescimento da tendência do
envelhecimento demográfico.

O envelhecimento da população traz muitos problemas em relação à


aposentadoria dos mais velhos, pois se houver aumento de expectativa de vida
dissociado de aumento da fecundidade, a previdência e gastos sociais com os
idosos podem sofrer drasticamente em nosso sistema de aposentadorias.

O sistema de aposentadorias no Brasil é de partição simples. Os atuais


contribuintes arcam com os custos previdenciários de quem já está aposentado
hoje e esperam que no futuro, daqui algumas décadas, haja jovens e adultos que
possam contribuir para sua própria aposentadoria. Ou seja, se não houver uma
reposição demográfica haverá mais idosos que dependem desse sistema de
aposentadorias do que jovens aptos a entrarem na PEA e ocuparem o mercado
de trabalho.

Em outras palavras, a seguridade social se fragiliza à medida que aumenta o


número de idosos e não há aumento de jovens proporcionalmente em virtude da
queda da taxa de fecundidade.

Não é por acaso que se debateu recentemente no país o aumento da idade


mínima para aposentadoria. Na Europa, onde se assiste crescente
envelhecimento da população, a crise demográfica é enorme e pior que no Brasil.

No velho mundo, entretanto, já houve reformas previdenciárias como as que se


discutem no Brasil. Além disso, a crise demográfica européia atrai jovens do
mundo todo que ocupam o mercado de trabalho.

Uma controversa em relação à reforma da previdência

Apesar disso, não significa que as propostas de reforma sejam justas quando se
comparam à grande quantidade de privilégios que há para funcionários de ‘’alto
escalão’’ do Judiciário e do Legislativo brasileiro.

É conhecido de todos que no Brasil a carga tributária é altíssima. No ano de


2018, por exemplo, o Produto Interno Bruto foi de 6,5 trilhões. O PIB brasileiro é
considerável e oscila entre a sexta e a nona economia mundial nos últimos anos.
Desse montante, nós pagamos 2,3 trilhões em impostos em 2018. Tal cifra
equivale a um terço de nosso PIB.

Ao menos 65% dessa carga tributária arrecadada se destinam aos gastos


federais. Ou seja, 1,3 trilhão foram destinados ao Governo Federal. Dos gastos
federais 60% se destinam às aposentadorias, pensões e outros gastos sociais.

O detalhe é que mais ou menos 1 milhão de servidores, do Judiciário e do


Legislativo, ficam com 200 bilhões de reais e em média têm aposentadorias
acima dos 26 mil reais por mês. Isto equivale a 23 vezes o salário de quem se
aposenta pelo nosso sistema de previdência social via Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS). Hoje, há em torno de 30 milhões de aposentados
via INSS.

Diante desse cenário, onde a aposentadoria recheada de benesses a altos


funcionários do Legislativo e do Judiciário, deveria ser reformada em primeiro
lugar!

Fecundidade Regional

A fecundidade no Brasil tem diminuído conforme abordado acima, mas a


mudança em tais taxas não ocorre de maneira homogênea no País. Conforme
variáveis regionais teremos variações na fertilidade feminina.

Em regiões com menor IDH e menores taxas de urbanização nós observamos


maiores taxas de fecundidade. Observe a figura abaixo da evolução de nossa
fecundidade por regiões.

Figura 6. Fecundidade no Brasil por regiões. Fonte: IBGE.

A fecundidade no Brasil reduziu a parir da década de 1970 como um todo, mas


quando observamos regionalmente nos fica claro que na região Norte as quedas
da fertilidade são menores quando comparada com regiões de maior
urbanização, a exemplo das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

A figura acima elucida que em 2010 a região mais urbanizada do Brasil


apresentava a menor taxa de fertilidade. O Sudeste tem fecundidade de 1,7 em
2010. Tal taxa está abaixo da taxa de reposição que é de 2,1. As regiões Norte,
de menor IDH no Brasil, e a região Nordeste, de menor taxa de urbanização,
apresentam maiores taxas de fecundidade como podemos ler no gráfico acima.

O mapa regional do Brasil denota as diferentes taxas de fecundidade em nosso


país no ano de 2009.

Figura 7. Taxa de fecundidade por regiões no Brasil. Fonte: IBGE

Distribuição Demográfica no Brasil

Nosso país é populoso, mas não povoado. Entretanto, a distribuição


populacional é muito desigual e irregular.

Se considerarmos o Brasil em suas regiões perceberemos que o modo de


ocupação do território é significativamente desigual com verdadeiros vazios
demográficos. O mapa abaixo dos anos 1990 evidencia a má distribuição
demográfica nacional.
Figura 8. Densidade demográfica no Brasil em 1990. Fonte: IBGE

Em 1990 o Brasil registrou 146 milhões de habitantes segundo dados do IBGE.


Nossa população ocupava, sobretudo, a região Sudeste com 43,6%. Ou seja,
num universo de 146 milhões de habitantes o Sudeste concentrava 63 milhões
de habitantes.

A segunda região mais populosa do Brasil era o Nordeste com 41 milhões de


habitantes num universo de 146 milhões de habitantes. Em outras palavras,
Nordeste e Sudeste apresentavam fortes concentrações demográficas se
comparadas às regiões Norte e Centro-Oeste. No caso, a região Norte tinha
apenas 9,7 milhões de habitantes e o Centro-Oeste apresentava apenas 8,7
milhões de habitantes.

Esses números ilustram claramente nossa má distribuição demográfica regional


e o quanto as regiões do interior são pouco povoadas. Ademais, enquanto o
Sudeste apresentava 70,9 habitantes por km2, a região da Amazônia
apresentava menos que 3 habitantes por km2.

O mapa abaixo ilustra nossa concentração demográfica. Repare que as maiores


densidades demográfica do Brasil se encontram próximas ao litoral. Ou seja,
desde nossa zona costeira até os limites fronteiriços há milhares de quilômetros,
no caso a distância entre o estado do Acre e a zona litorânea excede os 4 mil
quilômetros de extensão, mas 80% da população nacional mora nos primeiros
200 quilômetros próximos ao litoral. Ou seja, nós mal ocupamos as vastas
regiões do interior brasileiro.
Figura 9. Distribuição demográfica do Brasil em 2013. Fonte: IBGE.

Ainda que os dados expostos sobre a distribuição da população sejam de 1991,


em 2020 a demografia no Brasil continuava em maiores quantidades no Sudeste
(cerca de 89 milhões de habitantes, diante do Brasil com 212 milhões) e os
vazios demográficos na Amazônia continuavam fortemente consideráveis.

Desse contingente a população se distribui da seguinte maneira, para o


ano de 2020 (números percentuais aproximados):

SUDESTE: 41% com 89 milhões de habitantes, 96 hab./km2;


NORDESTE: 26% com 57 milhões habitantes, 36 hab./km2;
SUL: 14% com 30 milhões de habitantes, 52 hab./km2;
NORTE: 8% com 18 milhões de habitantes, 4 hab./km2
CENTRO-OESTE: 7% com 16 milhões, 10 hab./km2.

Setores de atividade econômica: a população do país trabalha,


majoritariamente, no setor terciário. A população, que exerce atividades
remunerativas, compõem a População Economicamente Ativa (PEA). Segundo
os dados do IBGE o setor que mais emprega e cresceu no Brasil está associado
ao comércio e aos serviços.

À medida que o Brasil se urbanizou cresceu consideravelmente o setor terciário.


Hoje, em torno de 60% do pessoal empregado no Brasil tem sua fonte de renda
deste setor (ver gráfico abaixo).
Apesar disso, as parcelas da PEA nacionais que trabalham no Brasil se
distribuem quase que igualitariamente em torno dos 20%, mas com ligeira maior
parte no setor industrial.

Figura 10. Setores de atividades econômicas no Brasil. Fonte: IBGE

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