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18 SET/OUT 2019
o que
os
domicílios
contam
mudanças climáticas
são tema do ods 13
17
o mapa
da qualidade
6
décadas
de censo
22
fora da escola e
longe do mercado
de trabalho
8
história de 26 O IBGE de Zelito Viana e Marcos Palmeira
uma casa
27 #ibge
a
EXPEDIDENTE
Presidente
lém de chão, paredes e telhado, os domicílios brasileiros são feitos de Susana Cordeiro Guerra
mudando essa realidade. O país está se preparando para essa transfor- Eduardo Peret, Luiz Bello, Marília Loschi,
mação? Como anda a qualificação das novas gerações? A reportagem e Mônica Marli
Editoração eletrônica
Fora da escola e longe do mercado de trabalho mostra que é grande o Simone Mello
número de jovens sem estudo e sem emprego. Foto da capa
Licia Rubinstein
E na série dos Objetivos dos Desenvolvimentos Sustentáveis, o ODS 13 Fotografia
trata sobre as medidas urgentes para minimizar os impactos das mu- Amanda Martins (estagiária),
Arquivo SEBRAE/PI, Asprodejas,
danças climáticas. A entrevista é com Denise Kronemberger, coordena- Leonardo Vieira, Licia Rubinstein,
Ronaldo Souza e Simone Mello
dora geral dos ODS no IBGE e responsável pela articulação do ODS 13
Ilustração
no Brasil. Simone Mello
Tratamento de imagens
Essa edição traz ainda uma reportagem sobre o Mapa das Indicações Licia Rubinstein
Geográficas. A banana de Corupá, os derivados da jabuticaba de Sabará Logística de distribuição
Helena Pontes
e o cacau de Tomé-Açu são alguns dos produtos que passaram a inte-
Colaboradores
grar o mapa de 2019, feito pelo IBGE. Adelina Bracco, Irene Gomes, Gabriel
Braga (estagiário), Karina Meirelles
Boa leitura! Equipe da redação (estagiária) e Maira Brito (estagiária)
Revisão de textos
Marília Loschi
Retratos a Revista do IBGE é uma publicação bimestral do Instituto para distribuição interna e externa. A publicação não é comercializada.
Todos os direitos são reservados. Caso queira reproduzir as matérias e as imagens desta edição, entre em contato através do nosso e-mail. Impressão
A publicação das informações individuais na Retratos foi autorizada pelos entrevistados. Críticas e sugestões: revistaretratos@ibge.gov.br Plenaprint Gráfica e Editora Eireli
Tiragem
30.000 exemplares
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISSN
Avenida Franklin Roosevelt, 166 sala 900 A - Centro - Rio de Janeiro - RJ 20021-120 2595-0800
Licia Rubinstein
pelos desastres decorrentes das as doenças tropicais e de afetar a logia tem essa informação anual,
mudanças climáticas. Quais agricultura, por exemplo. além do Inventário Nacional
são as fontes para esse indica- de Gases do Efeito Estufa. Mas
dor no Brasil? Retratos O terceiro indicador é enquanto esse indicador não for
Denise
Denise As Defesas Civis dos sobre as prefeituras que im- considerado global, não iremos
Kronemberger
estados e municípios. Quem plementam estratégias locais trabalhar com ele. é geógrafa com
consolida é o Ministério da de redução de risco, em linha doutorado em
Integração. É um desafio que com as estratégias nacionais. A Revista Retratos As definições Geociências
(Geoquímica Ambiental)
o IBGE enfrenta. Não temos principal fonte é a Munic? metodológicas de cinco indi- e coordenadora
todas as informações, tem que Denise Sim. E aí vemos, mais cadores do ODS 13 não foram dos Objetivos de
ser um trabalho colaborativo. uma vez, a importância do IBGE concluídas. Como isso está Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Daí a relação com o ODS 17, na produção de informações sendo encaminhado? no IBGE.
que fala em parcerias e meios para o ODS 13. Esse indicador foi Denise Esse ano, a Conferência
de implementação. construído com 25 variáveis, que da Mudança do Clima certamen-
mostram a estrutura do município te vai propor alguns substitutos.
Retratos O segundo indicador para lidar com os desastres como É um processo demorado, que
fala sobre o número de países a existência de mapeamentos de envolve especialistas e os vários
que adotam e implementam áreas de risco e de programas institutos nacionais de estatís-
estratégias nacionais de redução habitacionais para realocar a ticas. O indicador de agricul-
de risco de desastres. Quais seus população de baixa renda. Para tura sustentável, por exemplo,
principais aspectos? aumentar a resiliência e a popu- continua sendo discutido junto à
Denise Ele faz muito sentido lação ser capaz de, após sofrer Organização das Nações Unidas
para a ONU Desastres. Quais uma inundação, por exemplo, para a Alimentação e a Agricul-
são os países que ainda não têm conseguir adaptar-se e voltar ao tura (FAO). O ODS 13 é formado
estratégia nacional, em linha com equilíbrio inicial. A partir dessas por oito subindicadores. Alguns
i
as últimas recomendações inter- informações, é possível avaliar países nem têm todas essas infor-
nacionais (Quadro de Sendai)? onde investir os recursos públicos, mações. É um desafio. Estamos
Esse é um primeiro aspecto. Mais que são cada vez mais escassos. lidando com temas que nunca fo-
tarde, será preciso avaliar a efici- ram trabalhados. As informações
ência dessas estratégias, incluindo Retratos Além desses, há outro ambientais são recentes, não têm
um sistema de monitoramento indicador que poderia ser inclu- a mesma tradição das informa-
e alerta, como o que já é feito ído no ODS 13? ções sociais e das econômicas. E
no Brasil pelo Centro Nacional Denise As emissões de gases isso não somente no Brasil.
41.238.315 hab. 51.941.767 hab. 70.070.457 hab. 93.139.037 hab. 119.002.706 hab.
1940 1950 1960 1970 1980
O Recenseamento Geral de Visando ao desenvolvimento O Recenseamento Geral de Os questionários do O Recenseamento Geral de
1940 foi o primeiro feito e à comparabilidade das 1960 foi o primeiro censo Recenseamento Geral de 1980 teve como slogan
pelo IBGE. Houve intensa estatísticas oficiais, o brasileiro a usar a técnica de 1970 foram definidos e O país que a gente conta.
campanha para incentivar Recenseamento Geral de amostragem, que investigou, impressos em 1968. O Um sistema informatizado
a população a responder o 1950 integrou o Censo através de nove quesitos, as personagem Julinho, o de acompanhamento da
Censo. Devido à Segunda das Américas, em características das pessoas recenseador, foi criado para coleta, que permitia conhecer,
Guerra Mundial, o maquinário atendimento à ONU. e dos domicílios. Para a a campanha de divulgação, semanalmente, o número de
encomendado não chegou e Nos estados e municípios apuração dos dados, o IBGE que também contou com setores concluídos e de pessoas
os dados foram processados foram criadas comissões importou um computador de personalidades como Pelé. recenseadas, foi uma das
nas mesmas máquinas censitárias para auxiliar na grande porte, o Univac 1105, Os primeiros dados saíram grandes inovações da operação.
usadas em 1920. Foram divulgação da operação. que foi chamado de “cérebro em 1971. No meio da década Pela primeira vez, os resultados
sete anos entre coleta e O número de quesitos do eletrônico”. todo o Censo já estava preliminares de um censo foram
divulgação dos resultados. questionário baixou de 45 divulgado. divulgados no mesmo ano de
(1940) para 25. realização da pesquisa.
i
Brasil começou em 1987, inovação tecnológica, como a desenvolvido em PDA, o computador de mão usado design Simone Mello
mas ele só aconteceu em digitalização dos questionários pelos recenseadores. Os PDAs eram equipados com
1991, porque a autorização – que ainda eram de papel – e GPS e neles havia mapas digitais com os endereços
para contratar os servidores o reconhecimento óptico de a serem visitados pelos recenseadores. Essa
temporários demorou a sair. caracteres. Para ajudar na inovação foi possível devido à unificação e migração
Com o slogan Ajude o Brasil a mobilização da sociedade, foi da Base Territorial do modo analógico para o digital.
ter um bom censo, a operação criada a revista Vou te Contar. O questionário também pode ser respondido pela
trouxe novidades como a Os resultados preliminares Internet. Os primeiros resultados foram divulgados
Comissão Consultiva, o Projeto foram divulgados no dia 21 de em dezembro do mesmo ano. A presença do IBGE
Escola e a divulgação dos dezembro, em um evento em no Twitter inaugurou a participação do Instituto
resultados em disquetes. Brasília. nas redes sociais.
história de
uma casa
Licia Rubinstein
set/out 2019
b
retratos a revista do ibge 9
a primeira característica que
se percebe do imóvel de
Daniele é o fato de ser uma
casa. Esse é o tipo de mo-
radia mais popular no país,
resistindo aos projetos de
segundo a Pnad Contínua, em
2018, metade dos domicílios
do país tinham esse tipo de
telhado, enquanto 14,7% tinha
telhado com laje de concreto,
sem telhas – como o usado
verticalização das cidades. atualmente no lar da carioca.
De acordo com os dados da As pesquisas domiciliares
Pnad Contínua, suplemento do IBGE levantam não apenas
Domicílios e Moradores, dados sobre os moradores,
em 2018, 183,3 milhões de mas também as características
pessoas residiam em casas. dos domicílios em que vivem.
Enquanto os apartamentos Informações sobre material
representavam 13,8% dos 71 das paredes, teto e piso são
milhões de lares no Brasil, fundamentais para compre-
as casas correspondiam a ender melhor a realidade de
86%. Havia ainda outros milhões de famílias.
como casa de cômodos, cor- Maria Lucia Pontes, geren-
tiço ou cabeça de porco, que te da Pnad Contínua, explica
somavam 0,2%. que esses dados se referem
“Uma das minhas irmãs à adequação da moradia em
mora em apartamento, mas eu termos de saúde e bem-estar
sempre morei em casa, prefiro da família. Segundo Maria
ter uma área maior e estar Lucia, o IBGE segue manuais
mais perto da rua”, afirma de estatística para definir o
Daniele. Ela comenta, com que é essencial nos questio-
orgulho, que projetou todas nários. Além disso, existem
as obras, desde o casamento: demandas como a do Minis-
“Esse terreno é da família do tério das Cidades, sobre o
meu marido há mais de 40 tipo de esgotamento sanitário,
anos. Quando eu vim morar ou de Minas e Energia, sobre
aqui, era direto na telha. Cho- a energia usada no preparo
Simone Mello
◀
de domicílios
no país tocantins
31,9%
◀
espírito santo
tipo de domicílios
86%
são casas
68,9%
◀
df
◀
97,7%
piauí
brasileiros 11,9%
AS DUAS
Fonte: Pnad Contínua
TIC 2017
PISO CERÂMICO
77,6%
do total de domicílios no país
61,4%
◀
norte
85,8%
◀
sudeste
Fonte: Pnad Contínua
2018 - Características
gerais dos domicílios e
dos moradores
5,9%
dos lares do país
de 0 a 14 anos de idade.
sul
Fonte: Síntese dos
indicadores sociais 2018
Simone Mello
◀
acre
dos lares no Brasil
99,7%
◀
santa catarina
Fonte: Pnad Contínua
2018 - Características
gerais dos domicílios e
dos moradores
O f u t u r o DA CASA
g
Mineiro, mel de Ortigueira. ao nome da região de origem do gráfica desfrutam de garantias
Uma festa de cores, sabores, produto ou serviço – por exem- de procedência e se destacam
texturas e histórias de produtos plo, os derivados da jabuticaba por sua diversidade e conexão
com nome e sobrenome, que de Sabará, em Minas Gerais. Já com a cultura brasileira. Por suas
integram o Mapa das Indicações a DO se refere às características características diferenciadas,
Geográficas do IBGE, produzi- específicas do produto ou serviço, movimentam a economia local e
do em convênio com o Instituto graças aos fatores naturais e atraem a atenção internacional.
Nacional de Propriedade Indus- humanos de seu meio geográfico, Como no município de
trial (INPI). como a banana de Corupá, cuja Tomé-Açu, no nordeste do Pará.
n
barreiras que o impedem de seguir por qualquer um desses dois caminhos. nove países (Brasil,
Chile, Colômbia, El
Salvador, Haiti, México,
Paraguai, Peru e
Uruguai).
e
Millennials na América Latina e você estivesse culpando o jovem a marmita do marido, cuidar
no Caribe: trabalhar ou estudar? pela situação, sem olhar para as dos filhos... Bota tudo isso no
– explica que o termo “nem- barreiras que ele está encontran- papel. Imagina o salário que ela
nem” é a variação da sigla Neet do”, destaca a economista. precisaria ter para colocar outra
(Not in Education, Employ- pessoa fazendo as mesmas tare-
ment, or Training), que surgiu Barreiras para o estudo fas e, ainda, valer a pena ir para
na Inglaterra, nos anos 1990, e para o trabalho o mercado de trabalho”.
durante as primeiras discussões A analista da pesquisa do IBGE, E esse é, justamente, o caso
sobre os jovens que não traba- Marina Águas, destaca que da carioca Luiza Perminio, de
lhavam e nem estudavam. afazeres domésticos e cuidados 27 anos. Há cerca de dois anos,
Educação básica uma gravidez não planejada E ainda seria um serviço que dade. Janaína parou de estudar
De acordo com a Lei fez a jovem largar a faculdade a pessoa não faria da mesma há seis anos, quando engravidou
de Diretrizes e Bases e, desde que seu filho nasceu, forma que eu faço”, destaca. da primeira filha. Na época, ela
da Educação, no ela passou a se dedicar integral- Mas a jovem comenta que estava na 8ª série do ensino fun-
Brasil, a educação
básica obrigatória e mente à criança e à casa. é comum ela ouvir a pergunta: damental. A paulista conta que
gratuita compreende a “Assim que descobri, fiquei “Ah, mas você não trabalha?” E gostaria de voltar para a escola,
pré-escola (crianças de meio desesperada, mas tive para essas pessoas ela tem uma mas teria que ser à noite, por
4 a 5 anos), o ensino
fundamental (crianças
bastante apoio e hoje estou feliz. resposta pronta: “Trabalhar, eu causa das crianças – hoje ela tem
e adolescentes de 6 Desde que o Benjamim nas- trabalho. Eu não tenho emprego um casal de filhos, o caçula está
a 14 anos) e o ensino ceu, fiquei por conta dele. Meu remunerado, mas eu tomo conta com três anos.
médio (jovens de 15
marido trabalha e eu não tenho de todo o serviço da casa, lavo Janaína diz que, nos últi-
a 17 anos). A Pnad
Contínua 2018, no nenhuma outra pessoa para me roupa, lavo louça, faço comida mos anos, chegou a voltar para
suplemento Educação, ajudar”, conta. e cuido integralmente do meu o mercado de trabalho, como
mostrou que dos 24,3 Luiza explica que para con- filho. Trabalho bastante!” ajudante geral em um restauran-
milhões de jovens
de 15 a 29 anos que seguir trabalhar ou estudar pre- Moradora da Comunidade te no bairro, mas teve que deixar
não estudavam e não cisaria colocar o filho em uma do Coliseu, localizada no meio para cuidar do filho pequeno.
tinham curso superior, creche e ainda contratar alguém de prédios de luxo da Vila Olím- “Eu pagava para alguém cuidar
44,1% também não
haviam completado a
para ficar com ele no restante do pia, em São Paulo, Janaína Perei- dele, mas depois, com o que eu
educação básica. tempo. “Seria só para dizer que ra, de 26 anos, vive uma situação ganhava, não dava mais”, explica.
eu estou trabalhando, pois basi- parecida. Mas ela enfrenta uma Por não ter completado
camente pagaria para trabalhar. outra barreira: a baixa escolari- nem mesmo a educação escolar
IBGE de
Rosa Ester Rossini
foi a entrevistada da
edição Mulheres com
Ensino Superior, do
programa de rádio
Zelito Viana e
Minuto IBGE, disponível
em agenciadenoticias.
ibge.gov.br/minuto-
Marcos Palmeira
ibge. A geógrafa foi
a primeira mulher da
sua cidade a ter um
diploma universitário
/ibgeoficial
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Dia do geógrafo
Hoje é Dia do Geógrafo! A geografia estuda os aspectos que influem de
forma direta no dia a dia das sociedades: sua organização espacial, inter-
relações, aspectos estruturais e como ela se apropria da natureza.
Parabéns a todos os geógrafos! Veja mais: bit.ly/2MBK2vQ
27.774 262.452
envolvimentos pessoas alcançadas
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aperfeiçoar os procedimentos previstos para o Censo
Demográfico 2020. Veja mais: bit.ly/2KyW077
ERRAMOS: Na página 23 da Retratos nº 17, na matéria Trabalho “de mulher”, no primeiro parágrafo, onde se lê “das mais de 6,2 milhões de pessoas empregadas”
leia-se “das mais de 4,8 milhões de pessoas empregadas como trabalhadores domésticos”.