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Fotos Emanoel Amaral, Arquivo DN, reproduções Frankie Marcone e fotos extraídas do livro de Claude Smith

DNOEDUCACÃO N a K L , SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004

ocompletar65anos,oDIÁRIODEMDVL,atravésdoDN DN EDUCAÇÃO
A Educação,fazumacoletâneadesuahistóriaduranteaD
Guerra Mundial, conflito que transformou o cotidiano de
Diretor Gerai:

Albimar Furtado____________________
Promoções e

Projetos Especiais

Afonso Laurentino Ramos

Natal, com a instalação da base aérea americana em Editor do Suplemento:

Valéria Credidio
Reportagens
Pamamirim. Esta edição traz um balanço das edições do Adriana Amorim
Revisão

DIÁRIO, além da análise de pesquisadores e historiadores Francisco Francerle


Diagramação

sobreosfatoshistóricos,feitaespecialmenteparaestudantes. Silvana Belkiss


Telefone: 220 0163

vakria@diariodenataLcom.br

EDITORIAL

* sj'N

aparecimento deste jornal, antes de tudo, é uma

O
necessidade vital para o nosso meio. Em verdade, «0 l i «rolo staaco - s s s : . —• '
há muito tempo não possuímos um órgão de
imprensa vespertino e sobretudo diário com o pre­
tendem os manter, confiados, por certo, no gene­
roso acolhimento do povo de nossa terra. Poderá isso parecer
um a idéia temerária mas a interpretamos com o maior otimis­
mo, animados da grande confiança de levá-la avante. | g*tÇ!RS ■
4"!'
O DIÁRIO só terá um a missão a cumprir: servir ao públi­
co. E servir com o melhor elem ento - sinceridade. É um jor­
nal ligeiro, pequeno, informativo, noticioso, em cujas pági­
o B U B W 6 6
nas tudo que se relacione com os interesses da coletivida­ ..... -4Í

de norte-rio-grandense contará um veiculo de am pla


divulgação. Consignará fatos e novidades, propondo-se,
ainda, a fazer um a síntese, rápida m as elucidativa, da vida
progressista do Rio Grande do Norte. U m vasto serviço
telegráfico do país e do estrangeiro, abordando principal­
m ente angustiosa situação do Velho Mundo, onde se
desenrola, mais sangrento e mais im pressionante o drama
de 1914, caracterisará a finalidade da presente publicação.
Eis, em linhas gerais, o nosso programa de trabalho e de
ação. Dentro desse programa, havem os de trilhar o caminho
que nos traçamos.
(Da edição de ontem).

Editorial do dia 19 de setembro de 1939. Ano I - N° 2


\
N atal, sábado, 25 de setembro de 2004 DNOEDÜCAÇÃO

E ntrevista M arcos Silva

Desafios para ensinar


sobre a II Guerra
Valéria Credidio
Editora do DN Educação

ma análise de como o sistema de ensino o holocausto dos judeus - um dos fatos mais re­

U brasileiro trata um assunto tão impor­


tante quanto a Segunda Guerra Mundial.
Este o tema principal da entrevista com o pro­
fessor da Universidade de São Paulo, o histo­
levantes da história da humanidade, mas o mas­
sacre de ciganos, comunistas, homossexuais e
outros grupos humanos. Professor Marcos Silva
fala também da importância da participação
riador potiguar Marcos Silva. Para ele, as esco­ brasileira no conflito, nem tanto pela força bé­
las, e os escritores de livros didáticos, ainda pre­ lica das tropas brasileiras, mas pela relevância
cisam aprofundar os estudos nos reais aconte­ política para o Brasil. A seguir a entrevista com
cimentos do conflito, não destacando somente o professor Marcos Silva.
DNOEDUCAÇÃO N atal , sá ba d o , 25 d e setem br o d e 2004

D’Luca
C om o o sen h or a n alisa o en ­
sin o sob re a II G uerra M undial
n as esco la s brasileiras? A p arti­ O
O jjornal deve ser
cipação b rasileira teve relevân ­
cia d u ran te o s c o n flito s e esta utilizado em
p articipação é con h ecid a e va lo ­
rizada n as escolas? conexão com
O ensino costum a realçar um
aspecto m ais im ediato da guerra outros materiais,
(confronto arm ado, m ortandade,
destruição de vidas e patrimônios), como o livro. "
discutindo m enos bases sociais e
políticas daquele m om ento. A im ­ Penso que é muito
p o rta n te q u estão do holocausto
tem sido m ais discutida, precisan­ bom esse uso de
do atingir, além do exterm ínio de
m ilhões de judeus, o assassinato múltiplos materiais
em m assa de ciganos, com unistas,
hom ossexuais e outros grupos h u ­ numa perspectiva
m anos. O risco principal é carac­
terizar o conflito ap enas no m o ­
m ento de enfrentam ento arm ado
crítica
explícito, negligenciando violên­
Marcos Silva
cias sociais cotidianas. A partici­ Historiador
pação brasileira, em term os estri­
tam ente bélicos, foi lim itada (sem
um caráter de m arco n a m em ória,
desmerecer, evidentem ente, esfor­
pela circulação de pessoas, pelo re­
ços e sacrifícios) m as tem grande
d im e n sio n a m e n to do m ercad o ,
im portância política interna, co n ­
pelas transform ações que a cidade
trib u in d o p ara o d eb a te sobre o
sofreu em term os de saneam ento e
Estado Novo e seu depois.
contato com outros padrões cultu­
rais cotidianos. Com o o Brasil se
Quais os aspectos m ais relevan­
m anteve nos quad ro s dos países
tes da ü Guerra Mundial abordados
que sofriam a ascendência política
pelas escolas? Os autores disponí­
e cultural dos EEUU, no pós-guer­
v eis para o professor, p rin cip al­
ra, aquela experiência assumiu certo
m ente de escola pública, abordam
caráter inaugural para quem a viveu.
o tem a de form a satisfatória?
O Nazismo, o m orticínio, a as­
O Diário de Natal surgiu exata-
censão d a URSS à condição de p o ­
m ente na época dalIGuerra, infor­
tência m undial, dando início aos
mando aos leitores os fatos que ocor­
q u a d ro s in te rn a c io n a is do pós-
riam. Qualaim portância de um veí-
guerra (a "Guerra Fria"), a redefini­
culo de com unicação com o instru­
ção do m a p a da Europa, a crise do
m ento histórico durante um con­
colonialismo - que se expressa com
flito de tal importância?
m a io r clareza n o s an o s 50, m as
U m a grande im portância, pelo Professor Marcos
te m m uitos vínculos com a g uer­
papel de formação ae opinião, pelo Silva defende uma
ra. Os autores de livros didáticos
registro de diferentes leituras se fazen­ posição mais crítica
c o stu m a m expor esses diversos
do no ato sobre o tema. É convenien­ da escola, no processo
tópicos, carecendo, em m eu e n ­
te encarar o jornal não apenas pelas de ensino e
tendim ento, de u m a m aior discus­
notícias diretam ente vinculadas à aprendizagem e na
são sobre relações sociais e políti-
cas que antecederam o conflito ou
guerra, m as tam b ém no que se re­ : abordagem da II
fere a atividades cotidianas d a ci­ í- Guerra
se lhe sucederam . N ão vejo dife­
dade naquele m om ento.
renças fundam entais entre o ensi­
no público e o privado.
Na sua opinião, os veículos de
Natal foi base para os am erica­ com unicação devem ser u tiliza­
dos com o m aterial didático, em
nos durante a Guerra. Mas, atual­
sala de aula? Como o senhor acha
m en te, o que restou foram lem ­
que esta utilização pode ser feita?
branças rom ânticas da passagem
Devem ser utilizados em co n e­
dos am ericanos pelo nosso Esta­
xão com outros m ateriais: o p ró ­
do. Como o senhor analisa esta pas­
prio livro didático, a Literatura de
sagem e quais as influências que
ficção, o Cinema, etc. Penso que é
ficaram no cotidiano do natalense?
m uito b om esse uso de m últiplos
É fu n d a m e n ta l le m b ra r q u e
materiais, sem pre n u m a p erspec­ ■g p ; | j
N atal n ão co m eç a n a q u e le m o ­
tiva crítica. Não vale à p en a pensar
m ento. A cidade possui u m trajeto
q u e a re a lid a d e "se revela" em
secular, antes de 1942. Os contatos
algum daqueles materiais, u m a vez
com a cultura estadunidense, cer­
c[ue eles são construções sociais. É
tam ente, eram feitos antes sob di­ im p o rta n te refletir criticam en te
ferentes form as - cinem a, literatu­ sobre todos esses m ateriais, com o
ra, im prensa periódica. A presença parte do processo de pensam ento
n orte-am ericana, todavia, possui sobre experiências sociais.
N atal, sábado, 25 de setembro de 2004

A II Guerra nas páginas

Ana Maria Cocentino Ramos


Especial para o D N Educação

le vive a chamada terceira idade.

E O vigor da juventude há muito


deixou de ser o seu forte. O
tem po naturalmente lhe impôs algumas
fragilidades e até mutilações. N o
entanto, ao longo da sua trajetória de
65 anos, ele vem acumulando
informações e conhecim entos que
compartilha com conterrâneos,
constituindo-se numa referência para
pesquisadores. Assim é o Diário de
Natal, que nasceu com a missão de
com bater o nazi-fascismo, enquanto na
Europa as potências se envolviam num
grande conflito, iniciando a Segunda
Guerra Mundial.
raVOEDUCACÃO
Os exem plares m ais antigos estão am arelecidos, in c o m p le ­
tos, frágeis em seu s aspectos, m as gu ard am
. , „ . . . & ****“ Sob a presidência de Djalma Maranhão,
ANI participa do esforço de Guerra.
registros preciosos sobre o confli- __ H'»";Í” » a* “ui“ *"
ío
to m un d ial, n em sem p re revela­ vlW» Am a u « f!* ■wwr
dos n os livros de H istória do Rio
G ra n d e do N orte. E m b o ra a su a
prim eira edição te n h a circulado no
ENITH
dia 18 de setem bro, a coleção atu al I l I S f Ç i ilh a d e J
o in e ç o u t }ivh»* \
in icia-se com o segundo n ú m ero . A <í~ Itt* . .... t
p a rtir d essa edição, o D iário reg is­
tra, a ca d a dia, através das suas m a n ­
ch e te s, a m o v im e n ta ç ã o d a guerra, IMCW

te m a que, com o e ra de se esperar, d o ­


m in o u o noticiário d u ra n te to d o o d e ­
correr do conflito (1939-45).
******
Devido a sua estratégica posição geo­
gráfica, Natal com eçou a viver nessa época
u m clim a de preparativos contra possíveis
u U c.o .......
catástrofes, com m om entos de descontra- c e d id a * aruç^ oa
ção proporcionados por espetáculos m usi­
cais que visavam am enizar a tensão dos sol­
dados. As notícias eram captadas através de
ulirtí» Aí *■***.
diversas em issoras de rádio, com destaque a
,U iu u ~ lu n ,u
tmp ‘
BBC de Londres e a u m a estação em Brasivil- «... .Ia . ....
le, naÁfüca. Ainda segundo o próprio jornal, as
■“r— lJ‘
*■«£31
in fo rm açõ es ta m b é m chegavam através d a
Agência Nacional. Assim, os leitores do Diário -
título que som ente em 1947 m u d a para Diário de
,. ” ; ...... .« -
N atal - puderam tom ar conhecim ento do telegram a enviado em dezem bro de 1941, p o r b e-
túlio Vargas, ao presidente norte-am ericano Roosevelt, solidarizando-se com o povo de seu
país diante da agressão praticada pelo Japão.
Autoridades recom endam à população 1
Em 1942, q u an d o o Brasil e n tra n a guerra, o jo rn al publica, com o titulo Aviso a p o p u ­
uso de abrigo antiaéreo.
lação de Natal", recom endações do Interventor e do C o m an d an te d a G uarnição sobre
a necessidade de ocupação de abrigos subterrâneos, n a even­
tualidade de ataque aéreo. N esse ano, segundo o jornal, tin h a
sido inaugurado o prim eiro abrigo antiaéreo co n stru íd o em
Natal: "Esse acontecim ento corresponde ao apelo do gover­
n ad o r e das autoridades m ilitares d esta capital com o recurso M ‘d e m o r e a - M ’ « H a !” d ív M s o s t o
esn-
de segurança individual e coletiva em caso de ataq u es aéreos
co n tra a cidade, em vista d a ru p tu ra das relações d ip lo m áti­
Conferência cosa a esposa ao j h
cas entre o Brasil e as p otências do eixo e d a situação geográ­
fica em que se en c o n tra a capital do Rio G rande do N orte". O ^"DIÁRIO” ENTREVISTA A ILUSTRE DAMA
abrigo era de propried ad e de Amaro M esquita, d a firm a Gal-
vão M esquita e Cia., n a Ribeira, e situava-se em terren o d a sua f e c a p s í o < * P w M ™ Ím " ^ X S° “ do a S T a ” “
casa, n a Avenida H erm es d a Fonseca. brasileira a A DO MUNDO
A inda em 1942, N atal viveu a su a p rim e ira ex p e riên c ia de
"black-out", a n u n c ia d a pelo gru p o de siren es in sta la d o n a
cidade. Os refletores d as b a te ria s a n tia é re a s fu n cio n a v am
em to d a s as direções, n a localização d o s aviões. Instalava- (H ptw W*
í ,(-■■■ í r * - ,
m***
se em N atal a C ruz V erm elha do Rio G ran d e do N orte. No n v m * ******
H *«#**»• Tr*
m esm o ano, n o tic ia v a o to rp e d e a m e n to de u m dos m aio res mí, r»*6*3 *
Ui
, 44 í(Xí«'S fc* KX#
b arco s d a fro ta com ercial brasileira, o A rabutan, q u a n d o v ol­
ta v a dos E stados U nidos: "p e rd e u -se a p rim e ira vítim a. Foi
Madame Roosevelt visita Natal, em março de 1944
sacrificado u m dos n o sso s co m p atrio ta s".
Enquanto no plano internacional o Diário anunciava a derro­
ta dos países do eixo e a falta de condições d a Itália p ara continuar lutando contra os aliados,
noticiário procedente d a Agência M eridional inform ava sobre o interesse d a A lem anha em <b*m 4<i£V'sií tXitK.ni.?*. t m +tni*. * **l

conquistar Natal para utilizá-la com o tram polim e chegar ao canal do Panam á e aos Estados
Unidos. A m esm a matéria, no entanto, inform ava d a desistência dos planos d a Alem anha, d e­ O D IÁ R IO S
*»«.%** *»Ihpw'<*W«l** *** i.. .«,.
s í *kí «m y<g«v.g.«ar '^s»**»■>--•< -~~~
.♦ », •-g y » » a* v « > « **• *< .
vido ao estado de prontidão do Brasil, que havia instalado próxim o à capital potiguar u m a Em janeiro de
im portante base aeronáutica, considerada, conform e a notícia, a segunda m aior do m undo. U n ia m á fialal oi fresi 1943,o
Em 28 de janeiro de 1943, edição do jornal divulga a presença, no estuário do Rio P oten­ >fiRÜftâ £ f l** *^fttâ-íí?» j DIÁRIO noticia
gi, do Cruzador H um bolt, d a arm ada norte-am ericana, de onde desem barcaram o presiden­
Blilll !uf|iu I RplSBIi a visita de
te Getúlio Vargas e o m andatário Franklin Delano Roosevelt. Em jipe descoberto, os dois p e r­ Vargas e
•■ " ■ s K is rs a ts ,
Roosevelt à
correram as ruas de Natal rum o à Base Aérea de Parnam irim .
capital potiguar
Natal, sábado, 25 de setembro de 2004 DN O EDUCAÇÃO
Foto extraída do livro 38 anos na vida de um jornal de Província de Ana Maria Cocentino Ramos

Tyrone Power, ladeado do então repórter Luiz Maria Alves (de chapéu) e Mussoline Fernandes

No início de 1944, o D iário divi­ d u ra n te a guerra, ao lado das n o tí­ b r ic a s d e p o r c e la n a


d ia o se u esp aç o co m n o tíc ia s d a cias do conflito, o jo rn a l dava c o n ta p a ra d en tes. A p e n a de
guerra, do Carnaval e dos e sp e tá c u ­ d a p au ta; "A guardem nos dias 4 e 5 m o r te ta m b é m tin h a
los de arte. N essa época, en q u a n to de m arço d eslu m b ran tes e sp e tá c u ­ sido im p o sta aos so ld a­
os ap a rta m e n to s privados de H itler los sob o p atro cín io exclusivo de O d o s q u e d a n ific a s se m
e m ais 500 m il edifícios b erlinenses Diário, ap re sen ta n d o renovados a r­ p ro p o sita d am e n te seus
eram destruídos, em N atal o Teatro tistas in tern acio n ais". d e n t e s a r tif ic ia is o u
Carlos G om es realizava u m a m a n i­ A A ssociação N orte-rio-granden- não, co m o objetivo de
festação an ti-n azista. No cine-tea- se d e Im p re n sa (ANI) in te g ra d a a livrar-se do serviço m i­
tro REX, n a avenida Rio Branco, era mobilização d a cidade cria, em 1944, litar n a guerra.
anunciado, p a ra os dias 5 e 6 de fe­ u m a com issão de apoio ao esforço de O noticiário d a g u er­
vereiro, u m show com N elson G o n ­ g u erra,rep resen tad a pelo jo rn alista ra e to d a a m o v im e n ­
çalves - o "Rei do Rádio"; M aria Pa- D jalm a M aranhão. ta ç ã o r e g is t r a d a em
rízio - o "Rouxinol da PRA-8"; e Ivete O D iário ta m b é m registra d u ra n ­ N atal m u d a c o n s id e ra ­
P o rto - a "S am bista M o d ern a". A te a g u e rra a p a ssa g e m d e T yrone v e lm e n te a fisio n o m ia
m e sm a edição a n u n c ia v a "as m a- Power p o r N atal, ocasião em qu e foi d a cid ad e. Os en o rm e s
viosas canções internacionais n a voz entrevistado p o r Luiz M aria Alves, c a s a r õ e s s ã o tr a n s f o r m a d o s em p as. A ssim , as n o ite s a té e n tã o p a ­
se n su a l de C habelle, a m ais lin d a p o ste rio rm en te d ireto r do jornal, e q u arté is e em clu b es p a ra os so ld a ­ catas d a N atal p ro v in cian a p a ssa m
m u lh e r do M éxico". A e s tré ia e ra M ussoline F ernandes, re p re se n ta n ­ dos. São cria d a s as b a se s N aval e a se r a n im a d a s p o r g ra n d e s a c o n ­
a n u n c ia d a p a ra a segunda-feira, 3 te de O Globo. A érea, c o n s tru íd a a e s tra d a N atal- te c im e n to s so c ia is, e n q u a n to os
de janeiro, no Cassino Natal. A ed ição d e 4 d e ja n e iro d e 1945 P arn am irim , além d e o u tra s in s ta ­ e v e n to s relativ o s à S eg u n d a G u er­
No te atro , a m o v im en ta çã o era traz u m a e stra n h a e in u sita d a n o tí­ la çõ e s m ilitares. A m o v im e n ta ç ã o ra g a n h a m d e s ta q u e n a s p re c io ­
in te n sa ./C o n sta n te m e n te , p ro m o - cia sobre o rac io n am e n to de d en tes d a s tro p a s, d e s lo c a d a s d e o u tro s sas e h istó ric a s p á g in a s do D iário.
viam -se espetácu lo s de arte, a p re ­ n a A lem anha, a n u n c ia n d o p e n a de p aíses e d e o u tra s cid ad e s b ra sile i­
se n tan d o cantores e grupos teatrais. m o rte aos d en tistas q u e aplicassem ras m o d ificam os co stu m es dos n a-
Im p o rtan te s co m p an h ia s do sul do co ro as sem au to rizaç ão su p erio r. A ta le n se s. Em p le n a g u erra, as e m ­
p a ís eram co n tratad as, o q u e in c e n ­ m e d id a tin h a surgido em d e c o rrê n ­ p re s a s d e d iv e rsõ e s tra z e m c o m ­ Ana Maria Cocentino Ramos
tivava n o n atale n se d a época, o h á ­ cia d o s b o m b a rd e io s efe tu ad o s p o r p a n h ia s d e te a tro e estre la s do c i­ é professora e jornalista
b ito de fre q ü en tar d teatro; M esm o aviões aliados c o n tra as m aio res fá­ n e m a e do rád io p a ra alegrar as tro ­
DNOEDUCAÇÃO . N atal, sábado, 25 de setembro de 2004

b ib l io g r a fia LIVROS CONTAM A TRAJETÓRIA DA


"CS? Luís da Câmara
h w M -^ c a s c u d o II GUERRA NA VISÃO DE AUTORES LOCAIS

A história contada
______ íbé&
História da Cidade do I
por Potiguares
NATAL
onhecer a história do Rio Grande do Norte e

C os acontecim entos que geraram grandes


transformações no Estado e no País é essen­
cial para quem deseja estar bem informado. A Se­
gunda Guerra M undial influenciou no modo de
/ História da Cidade do Natal (1999 - 3a edição),
de Luís da Câmara Cascudo, traz em 43 capítulos
textos indispensáveis ao conhecimento da temáti­
LANÇAMENTOS

ca, além de dar ênfase aos americanos em Natal à / A u d iê n cia de U m


vida de m uitos norte-rio-grandenses, quando à época da Segunda Guerra Mundial.
época as cidades de Natal e Parnam irim estavam Tempo Vivido (2004), Eider
tomadas por norte-americanos. / Guerreiros Potiguares (2001), de Cleantho Furtado,a se r lançado no mês
Para quem deseja ir mais além da História Ofi­ Homem de Siqueira, não conta apenas da partici­ de outubro, tra z as m em órias
cial sobre os principais acontecimentos ocorridos no pação dos soldados potiguares na Segunda Guer­ do au to r acerca da vida nata-
período de 1939 a 1945, bem como no período Pós- ra Mundial. Retrata um pouco sobre as guerras ho­ lense dos últim os cinqüenta
Guerra, a produção do DNEducação separou algu­ landesas e a Guerra do Paraguai. Além disso, des­ anos, com diversos persona­
mas obras de importantes autores potiguares que creve Natal nos anos quarenta.
resgatam, além da História contextualizada, fatos gens que nela se in seriram ,
marcados e vividos por cada um. Confira a relação: / A Cidade e o Trampolim (2003 - 2a edição), de além de relatos dos fatos da
João Wilson Mendes Melo, vem contemplar as im­ Segunda G u erra Mundial e a
/ Aspectos Geopolíticos e Antropológicos da pressões pessoais e experiência do autor sobre fatos presença norte-am ericana. O
História do Rio Grande do Norte (1973), de Tar­ e episódios natalenses, de que foi participante ou livro resgata ao mesmo tempo
císio Medeiros. Estudioso dos problemas do nor­ testemunha, verificados no período coincidente
a presença dos britânicos, que
deste e, particularmente, do RN, o autor exami­ com o decorrer da Segunda Guerra Mundial.
na neste livro os aspectos geopolíticos e antro­ também contribuíram para o
pológicos ao longo da Capitania, Província, de­ /im p a c to Urbano de Uma Base Militar: AMo- progresso de N atal.
pois Estado, no processo de desenvolvimento do bilização Militar em Natal durante a 2a Grande
País, sem esquecer as influências internas e ex­ Guerra (1995), de Maria do Livramento Miranda ✓ Chiclete eu Misturo
ternas, dado que Natal é, na América do Sul, o Clementino, é um trabalho que reúne estudos que com Banana: C arn a va l e
ponto mais próximo da Europa. reconstituem o momento de instalação dos equi­
C o tid ia n o de G u e rra em
pamentos militares sediados em Natal durante a Se­
/ O livro História da Base Aérea de Natal (1980), N atal (192 0 -1 94 5 ), de Flávia
gunda Guerra Mundial, visando detectar o que a au­
de Fernando Hippólyto da Costa, reúne diversas tora denominou de "urbanização precoce". de Sá P ed reira, é um a tese
pesquisas realizadas pelo autor, que consultou de- de doutorado que está sendo
poentes e jornais da época, além de detalhar os / A edição O impacto da II Guerra em Natal, nú­ transform ad a em livro , a se r
eventos que aconteceram na Base Aérea de Natal mero 6 do Diário do Rio Grande do Norte (1999), lançado em o u tub ro deste
nos períodos da 2a Guerra Mundial e Pós-Guerra. coleção de 14 fascículos do Projeto Ler do Diário de ano, e que ten ta problem ati-
Natal, de Itamar de Souza, traz alguns indicadores
/ Trampolim para a Vitória (1993), de Clyde z a r o re co n h e cim e n to do
da cidade e do Estado durante a década de 30,
Smith Junior, único dos autores mencionados C arnaval com o um dos sím ­
quando, conhecendo essas referências, o estudio­
que não é norte-rio-grandense - Nasceu no Texas, so terá uma visão do impacto social, econômico e bolos da identidade nacional,
EUA, e atualm ente é professor do departam en­ cultural causado pela Segunda Guerra Mundial. a p a rtir de um estudo deta­
to de História da UFRN - O objetivo primordial
lhado so bre a época em que
do livro é chamar a atenção sobre a importância / Já na edição do fascículo 14,0 Nascimento a capital potiguar estava to ­
de Natal durante a Segunda Guerra Mundial. A de um Jornal Livre, traz toda a história do Diário, A cidade em blackout - Nazareno Moreira mada p o r norte-am ericanos.
obra mostra não apenas o impacto sócio-econô- que surgiu como instrumento conservador dos de Aguiar - Editora Universitária - UFRN.
mico das bases americanas na capital potiguar ideais democráticos na luta contra o nazi-fascis-
durante a guerra, mas também do Campo de Par­ mo e, ao mesmo tempo, como agente de transfor­ / Diário de Guerra, de
Depoimento do jornalista Luiz Maria Alves
namirim (Parnamirim Field). mação da sociedade norte-rio-grandense. auto ria de Rivaldo Pinheiro,
- edição do DIÁRIO DE NATAL, do dia 4 de
maio de 1982. será lançado, no início do pró­
/ Em Natal, USA (1995), Lenine Pinto desmis- / 3 8 anos n a vida de um jornal de província,
xim o ano. O livro contém uma
tifica uma série de fatos a serem contestados na his­ de Ana Maria Cocentino Ramos, a história do Diá­
tória oficial, e conta detalhes de toda a trajetória da / O suplemento "Seminário sobre a II Guer­ série de artigos sobre os acon­
rio também é contada, a partir de um estudo mi­
Guerra e Pós-Guerra em Natal e Parnamirim. nucioso do jornal, além de curiosidades resgata­ ra Mundial", produzido pelo Diário de Natal, tecim entos da Segunda G u er­
das do cotidiano da empresa. Monografia defendi­ em 1982, mobilizou, durante cinco dias, gran­ ra Mundial publicados no jo r­
/ Muito mais que um documento sobre a Segun­ da em 1977, no curso de Comunicação da UFRN. des nomes, militares e civis, além de combaten­ nal "A República".
da Guetra Mundial na capital potiguar, Os America­ tes e historiadores, para debates com as temá­
nos em Natal (2000), também de Lenine Pinto, é uma / Contribuição norte-americana à vida nata- ticas voltadas para o Brasil e a sua participação
bela crônica sobre a cidade do Natal dos anos 40. lense. Protásio Melo - Edição Senado Federal. na Segunda Guerra Mundial.
N aIAL, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004 D N O EDUCAÇAO
Fotos extraídas do livro Campo da Esperança de Cláudio Galvão

A crueldade de
m .. . ■
um conflito
-
mundial
II MARIO
* jS f S S t t £ t r

. •'. í$v%

Cláudio Galvão *
Especial para o D N Educação

fim da década de 1930 marca­ ciário preciso e atualizado são hoje

O va o mundo ocidental com o


espectro da ameaça de uma
nova guerra. Sem a precisão e a au­
tenticidade da televisão, as notícias
As coleções do
"Diário" são teste­
fonte inesgotável, disponível para
estudos esclarecedores.
Durante quase todò‘o mês de se­
tembro o "Diário" mostrou, passo -
se espalhavam através da efêmera munho autoriza­ a-passo, o itinerário sangrento da
transmissão radiofônica. O noticiá­ invasão da Polônia. Suas manchetes
rio da emissora BBC, de Londres era do destes tempos ( eram o único modo de reagir, de pro­
transm itido pelos alto-falantes do
Indicador da Agência Pernambuca­
ameaçadores. testar contra a violência do mais forte
contra o mais fraco.
na. Mais objetivo, o telégrafo levava Suas manchetes Um desses caprichos do destino

I
às agências noticiosas e estas à reda­ trouxe para Natal um a testem unha
ção dos jornais, o conhecimento dos espetaculares, seu presencial dos horrores da Segunda
fatos que se passavam n a Europa, noticiário preciso Guerra Mundial em seu país. O padre
destacando a evolução do názi-fa- Jan Wisniewsky escapara, com qua­
cismo, seu crescimento como dou­ e atualizado são renta quilos de peso e tuberculoso,
trina política e o início de sua ex­ de mais de três anos de prisão, tra­
pansão imperialista.
hoje fonte balhos forçados e m aus tratos no
A I o de setem b ro de 1939, o inesgotável, cam po de co n c en tra çã o de Da-
m undo tom ava conhecim ento de chau, n a A lem anha. C onhecido
que o exército alemão invadira a Po­ disponível para n a Igreja de São Pedro do Alecrim
lônia, chegando aVarsóvia no dia 27. com o p ad re João, sim plesm ente,
Em Natal, dois jo rn ais apenas
estudos a poucos falava de seu passad o e
- "A República" e "A Ordem" - in ­ esclarecedores. a n in g u é m p a re c ia te r m arcas,
formavam a trágica notícia. Have­ m ágoas, ódios ou rancores. Um
ría ain d a co ndições de se frear, en c o n tro o p o rtu n o p o ssib ilito u
de se im pedir o alastram en to da um a efetiva trincheira de combate que ele gravasse u m a en trev ista
catástrofe? ao crescimento do mal. onde relatou, com detalhes, a te r­
A 18 de setembro, um grupo As coleções do "Diário" ("Diário rível ex periência p o r que p a s sa ­
de idealistas fazia circular a pri­ de Natal" a partir de 3 de março de ra. Esses fatos tom aram form a no
meira edição do "Diário", que se de­ 1947), são testem unho autorizado livro "O Cam po da E sp eran ça",
finia com o objetivo de tornar-se, destes tem pos ameaçadores. Suas que m ostra a perseguição aos p a ­
mesmo geograficamente distante, manchetes espetaculares, seu noti­ dres poloneses.

* Historiador e Professor Aposentado do Departamento de


História, da UFRN
DNOEDUCACÃO N a ta l , sá ba d o , 25 d e setem br o d e 2004

ARTIGO

AT A GU RA QUE NÃO HOUVE!


O S PLANOS PARA A INVASÃO DO RlO GRANDE DO NORTE

Antonio Pedro Tota *


Historiador

lguns dias de Pearl Harbor, Franklin pelo menos momentaneamente, o Pacífico pelo Chefe das Operações Navais, almiran­

A D. Roosevelt, presidente dos Estados


Unidos recebeu na Casa Branca, em
Washington, Winston Churchill, o primeiro
ministro da Grã-Bretanha. Era dia 10 de de­
havia se convertido "num lago japonês, des­
contando os exageros".
Mas a pergunta que se faz é por que um
aliado de longa data, tradicional amigo dos
te Harold R. Stark. O objetivo imediato era de­
sembarcar tropas de infantaria para prote­
ger a região sul do hemisfério ocidental.
Depois de 12 dias de viagem, previa o
zembro de 1941 quando o general George americanos nas relações diplomáticas na plano, a frota americana partindo de portos
Marshall ( chefe do estado maior do Exérci­ América era, agora objeto de um plano agres­ da Virgínia e de Porto Rico, deveria se apro­
to americano) e o almirante Harold Stark, sivo por parte dos Estados Unidos? Para se ximar do litoral do Rio Grande do Norte. Exa­
chefe de operações navais da Marinha, fi­ ter uma idéia, eles chegaram a 2.902 baixas, tamente no dia 22 de fevereiro de 1942, o en-
zeram um a previsão para os dois desespe­ entre mortos, feridos e desaparecidos {nin­ couraçado USS Texas, o porta-aviões USS
rados chefes de Estados Aliados: como os guém sabe como eles chegaram a esse nú­ Ranger (e um outro grupo variado de vaso de O comandante da Força Anfíbia dos Ma­
alemães não tinham conseguido concretizar mero, mas os documentos encontraram-se guerra em especial barcaças para desembar­ rines - Frota do Atlântico, Major General Hol-
o plano de derrotar a União Soviética na­ no Arquivo Nacional de Washington - NARA que) deveríam iniciar o bombardeio da costa landM. "HollwulinMad" Smith já estava trei­
quele final de ano, os préceres militares te­ College Park, Maryland Record Group 38 box para dar apoio ao desembarque, que seria nando suas tropas em Quântico e ! as praias
miam que as forças nazistas se voltassem 16 e também na FDR Libary em Hude Park, feito por frota da Forças Anfíbias do Atlânti­ da Virgínia. Ele ra o mais radical d Falcões:
para o oeste invadindo Portugal, Espanha e acerca de uma hora de trem de Nova York. co com barcaças de m adeira conhecidas achava que o ataque aéreo a Nata ra indis­
o norte e o oeste da África Francesa. Dali Para responder a questão, verifiquemos al­ pelas iniciais LCR Assim, criavam-se condi­ pensável para garantir o sucesst t opera­
para Natal seria um a empreitada fácil para guns documentos: no dia 17 de dezembro ções para o desembarque em três praias pre­ ção, isto segundo o próprio Genei mithno
a máquina de guerra nazista. de 1941, o coronel Willina Donovam, chefe viamente escolhidas: a Praia do Meio, a de seu livro The Developmentof An biuTac-
Justifica-se, portanto, a existência de plano do Office of Strategic Service, o serviço de Areia Preta e a Praia de Banhos. Não pode­ tics in the US Navy, publicado ei 192. Po­
de invasão da região nordeste do Brasil inteligência precursor da CIA, fez um relató­ mos esquecer que estava previsto que exa­ sições semelhantes eram parti das por
mesmo antes do encontro entre Roosevelt e rio enviado diretamente ao presidente Roo­ tamente às 6h30 os aviões caça F4F da Ma­ Stinson, o então secretário do E> ito.
Churchill. Desde 1939, o Exército e os mari- sevelt: em primeiro lugar ele seguia a já co­ rinha, que descarregariam cargas de bombas A partir daí, a história é mais ' ihecida.
nes estavam preocupados com a situação do nhecida tese de que altos escalões de nossas e de metralhadores sobre as baterias antiaé­ Acabou prevalecendo o consens a diplo­
nordeste brasileiro e iniciaram a elaboração forças armadas tinham públicas simpatias reas, deveríam ser encontradas na região de macia. Natal foi ocupada, pacifica ite com
de um plano de invasão da região. No come­ pelo regime nazista, isso para não falar do Natal. Com o desembarque das tropas, ini­ autorização do nosso governo, p rvando
ço de 1941, a Marinha, o corpo de marines modelo corporativo adotado pelo Estado ciariam a instalação das sofisticadas armas assim a soberania em nome da h contra o
e o Exército uniram seus estrategistas e apre­ Novo. Mesmo assim, se por ventura, Vargas americanas para defender o hemisfério oci­ inimigo maior: o nazismo.
sentaram um projeto para uma ação con­ adotasse uma política anti-Eixo, na avalia­ dental. Claro que contavam com possíveis
junta das três forças auxiliados pela Força ção de Donovan, o presidente brasileiro en­ resistências; tinham até uma lista do que po­
frentaria , provavelmente uma rebelião no in­ deriam encontrar em Natal. Transcrito da edição de 17 de setembro de 2000
Aérea. A operação geral recebeu o nome de Caderno Muito - O Poti
Joint Basic Plan for the Occupation of Nor­ terior do alto comando das Forças Arma­ Equipada geralmente com material obso­
theast of Brazil. O plano de "assalto pelo mar" das. No dia seguinte, isto é, dia 18, em outro leto e manejado por tropa mal preparada, a
foi batizado de Rubber Plan. Salvador, Reci­ relatório a Roosevelt, Donovam discutia a força era considerada insuficiente para de­
fe, Belém do Pará, e a ilha de Fernando de No­
ronha eram os alvos do plano. Mas, Natal e
im portância da região do Rio Grande do
Norte; "O comando do Exército de Natal,
fender o potencial que os americanos esta­
vam pensando em usar na região de Natal.
Nota
o aeroporto de Parnamirim eram as priori­ conhecido como pró-nazista, em recente A tomada de Natal, dizia o Rubber Plan, "vai
Na época da publicação deste artigo em O
dades do plano. O professor Michael Gan- pronunciam ento, alertou sua tropa para colocar nossas forças em excelentes condi­
Poti, o professor e historiador Anto nio Pedro
non da Universidade da Flórida disse que nunca permitir que outra bandeira trem u­ ções estratégicas que poderemos interrom­
Tota, esteve em Natal para lançar o livro "Im­
"desde o início, o plano conjunto do Exér­ lasse mais alto do que a brasileira...". O re­ per as linhas de ligações do Eixo com o Nor­
perialismo Sedutor", onde fala justa mente da
cito e da Marinha, esboçado em 1939 e com­ latório dizia que cerca de 70% do alto oficia- deste. Por isso, a área de Natal deve ser ocu­
vinda das tropas americanas para o Brasil e as
pletado pelo plano RainbowV em 1941/42 lato era simpatizante dos nazistas {os ame­ pada e mantida prioritariamente em relação
influências no cotidiano do brasileiro. Na
considerava imprescindível e vital o con­ ricanos adoram estatísticas e percentagens). a qualquer outra área do Brasil. O documen­
mesma ocasião, o DIÁRIO D E NATAL promo­
trole do nordeste brasileiro na expectativa Cabe lembrar que havia um sistema de es­ to fazia também um a avaliação da Marinha
veu, em parceria com a UFRN, um debate com
de uma guerra global. "Os estrategistas não pionagem já trabalhando em Natal: era o brasileira e o resultado era lamentável: dois
o historiador e promoveu uma ediçt >especial
perdiam de vista que Natal ficava a menos SIS - o Special Inteligence Service, uma es­ velhos encouraçados, dois velhos cruzado­
do Programa Grandes Temas, tendo motema
de 1.750 milhas marítimas da costa da Áfri­ pécie de subsidiária do FBI. res leves, nove destróieres (alguns ainda
"Natal e a I I Guerra - Aspectos Cull rais.
ca e não tinham nenhum a dúvida: era atra­ Por essa razão, o plano de ataque a Natal sendo construídos), três submarinhos e vá­
vés dessa rota que poderiam descarregar o era rico nos pormenores estratégicos: a dire­ rias outras embarcações menores" (Natio­
* Antonio Tota é historiador, eí ito re
material necessário para o general MacAr- ção da comissão que planejara a invasão era nal Archives and Record Administration -
professor pesquisador da USP PUC
tuhur que estava encurralado pelas forças composta pelos Secretários de Guerra, da War Plan Divison Folder 4224 -204 - Joint
de São Paulo
do Imperador Hiroito nas Filipinas. E se essa Marinha, pelo Chefe do Estado Maior das Basic Plan for the Ocupation of the Northeast
rota caísse nas mãos do Eixo? Lembrar que, Forças Armadas, General George Marshall, e of Brasil. Paragrph 4).
NATAL, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004

RIVALDO PINHEIRO
Passagens da vida
de um idealista
Foto cedida
erta vez sugeri- ca Federal do Rio Grande do Norte,
m * m os a Rivaldo hoje CEFET-RN), a p artir de 1945,
I reunir em livro en q u a n to cursava D ireito. C on­
M j o que conside- cluiu o curso de Direito em 1949
ráv a m o s e le ­ n a F aculdade de D ireito de M a­
m entos preciosos para a História ceió. Na ETFRN, em 1978, aposen-
daquela Guerra. Ele, no seu bom- tou-se como Procurador.
senso, não se dispôs à tarefa edi­ Participou, convidado pelo então
torial...", O trecho é retirado de um futuro governador Aluízio Alves, da
artigo do professor João Wilson de criação da Tribuna do Norte (inau­
M endes Melo, m em bro da Acade­ gurada em 24 de março de 1949),
m ia N orte-rio-grandense de Le­ onde perm aneceu dois anos.
tras. Em seu artigo, João W ilson Na p o lítica teve aproxim ação
fala do amigo Rivaldo Pinheiro, es­ com o Partido Com unista mas não
critor, jornalista, um dos fundado­ aceitou a doutrina nem foi assim i­
res do D iário, que d u ra n te a II lado pelo partido. Foi avesso ao in-
Guerra escrevia artigos sobre o as­ tegralismo e chegou a ser do Parti­
sunto. Assim nasceu o Diário da do Popular. Em Natal, foi fundador
Guerra, coletânea de seus m elho­ da Esquerda Democrática (ED), que
res trabalhos, publicados no jo r­ se constituiu em todo o Brasil e ele­
nal "A República". geu Franco Montoro vereador em
A obra, antes não desejada pelo São Paulo. Foi crítico, das divisões
autor, como relatou seu amigo, já entre as esquerdas (PC, PTB, d e­
está sendo trabalhada e será lan­ pois PT e PDT) que não conseguiam
çada, em breve, pelo DIÁRIO DE se unificar em torno de um proje­
NATAL, em um a justa hom enagem to político. Foi candidato a D epu­
a Rivaldo Pinheiro. tado Estadual um a vez e a Verea­
Nascido aos 18 de setem bro de dor duas vezes. D epois, a ED se
1916, filho de Francisco Pinheiro transform ou em Partido Socialista,
Borges e Libânia Teixeira Inês, ele que passou a ser PSB em 1949.
Funcionário Público (Secretário da A braçou algum as causas com
Escola Normal) e ela do lar. Desde g ran d e co n v icção , com o a lu ta
cedo precisou trabalhar para cus­ "O P etróleo é Nosso" e a q u e s­
tear os estudos, tendo sido em pre­ tão da "Assistência Social do Tra­
gado da padaria de um parente, de­ b alh ad o r". Escreveu sobre esses
pois contínuo da firma Worton Pe- de L etras do em 3 de setem bro tem as, m as, o te m a que m ais o
droza (compradora, beneficiadora Atheneu (ante­ de 1939, m arcan­ em polgou foi "Socialism o e D e­
e exportadora de algodão). Teve de cessora da Aca­ do o início d a II m o c ra c ia ". D e fe n d ia a te se de
parar os estudos concluindo o curso d em ia N orte- Guerra Mundial. O qu e "sem socialism o não h á d e ­
primário. Aos 17 anos, com muito rio-grandense D iário nasce por m o cracia". Este id e al o im p u l­
esforço, retom ou-os, ingressando de L etras), cau sa do Estado sio n o u a atu a r no sistem a coo-
no Atheneu, através do exame de te n d o sido, Novo que m a n ti­ p erativ ista, ten d o sido P resid en ­
admissão. M antinha-se nos estu ­ p o ste rio rm en ­ nha aproximação te da C ooperativa de Crédito dos
dos, através da atividade de jo rn a­ te, seu P re si­ ao eixo Roma-Ber- Servidores Civis e A utárquicos da
lista. Somente em 1939 conseguiu d e n te . Foi no lim, e, p rin cip al­ U nião L tda p o r m u ito s anos, e
concluir o curso. Atheneu que começou a se interes­ balhar na República como Repórter m e n te, pelo a n ­
fu n d ad o r d a OCERN (O rganiza­
Fez o clássico, tam bém no Athe­ sar por Literatura. Antes disso não Revisor. Ainda na República, fundou, seio do povo a favor das nações
ção d a s C o o p e ra tiv a s do Rio
neu, a partir de 1942, após mais al­ tinha condições de acesso aos li­ em 18 de setem bro de 1939, o "O aliadas da Europa, assim atuando,
G rande do N orte).
guns anos sem estudar, só poden­ Diário", hoje "Diário de Natal", do e muito bem, por dois anos.
vros. Uma das principais o p o rtu ­ Guardou com muito cuidado as
do retom ar com a im plantação do nidades deu-se quando, com cole­ qual foi sócio de Waldemar Araújo, A p artir de 1942 foi professor
crônicas diárias da República, inti­
segundo ciclo no Colégio. Freqüen- gas do Atheneu, passou a freqüen- Aderbal França e Djalma Maranhão, de m atem ática, no A theneu. Foi
tuladas "Diário da Guerra", onde
te m en te lem brava os b rilh a n tes tar a casa do Dr. Matias Maciel, d e­ impresso na gráfica da República. A Professor do Ginásio Sete de Se­
procurava contribuir para a "ele­
professores e colegas que tivera. Foi tentor de um a enorm e biblioteca. sociedade perdurou até 1942. tem bro e da Escola Industrial de
vação da moral" dos aliados con­
um dos fundadores da Academia Em julho de 1935 começou a tra­ A Alem anha invadiu a Polônia Natal, EIN, (depois Escola Técni­
tra o nazi-facismo.
DN O EDUCAÇÃO NATO, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004 N a k l , sábado, 25 de setembro de 2004 D N O EDUCAÇÃO
Fotos de Emanoel Amaral, do Arquivo DN e do livro de Claude Smith

TRANSFORMAÇÃO MARCOS HISTÓRICOS DA CAPITAL POTIGUAR


DURANTE A II GUERRA

ontem e hoje
A Maternidade Em 65 anos, Natal passou p or diversas O antigo prédio
Januário Cicco transformações. Mas os marcos históricos, prédios da Estação
foi a sede do importantes para o cotidiano natalense durante os Ferroviária é
Quartel Central conflitos continua fazendo parte do dia-a-dia da hoje a sede da
í

dos Norte- cidade, muitas vezes, passando desapercebido p o r Escola Estadual


Americanos em muitos. O D N Educação traz ao leitor a Moacyr de
I
Natal oportunidade de conhecer um pouco mais sobre Albuquerque
sua própria história.

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DNCPEDIJCACÃO N A K L , SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004

cepd o c ACERVO DO DIÁRIO DE NATAL CONTA COM EXCELENTE MATERIAL


PARA ALUNOS E PESQUISADORES

Pesquisar é
preciso
Aldemir Fernandes
Coordenador do Projeto Ler

N o C entro d e P esquisa e D o c u m e n ta ç ã o ( CEPDOC) d o D iá rio d e


N a ta l, a a tu a lid a d e c o n v iv e In a rm o n ic a m en te c o m a a n tig u id a d e .
Coleções d e Jornais, R evistas, livros e o u tro s d o c u m e n to s estã o à d is ­
p o siçã o d e e stu d a n tes, p esq u isa d o res e escritores interessados n a h is ­
tória, p r in c ip a lm e n te d o nosso E stado. O acervo d e fo to g ra fia s é u m
d o s m a is p ro cu ra d o s p elo s pesquisadores. N ele p o d e m o s e n c o n tra r
E va Perón, Tyrone Power, B o b K ennedy, G etúlio Vargas e o P resid en te
R oosevelt, en tre outros, v isita n d o N a ta l. P o d e m o s ver a in d a o G ra f
Z e p p e lin so b rev o a n d o a cidade, c o m o ta m b é m p a ssea rm o s p ela s
ru a s d a c id a d e d o S o l e m 1900 a té os d ia s d e hoje. A lé m desse acervo
escrito e fotográfico, o C epdoc p o ssu i u m b elíssim o m a te r ia l d e c u ltu ­
ra popular, o n d e e n c o n tra m o s m a is d e c e m p eça s d o a rtista X ico
A Rádio Educadora de S a n teiro retra ta n d o a c u ltu ra no rd estin a , q u e se j u n t a m a o u tra s
Natal (R E N ), a prim eira peças d e g ra n d e va lo r histórico. O C epdoc p o ssu i in ú m e ra s f i ta s g ra ­ A C am p an ha do Agasalho foi
rádio do RN , hoje Rádio prom ovida pela Liga de Defesa
Poti, foi de fundamental
va d a s p o r p e rso n a lid a d e s q u e escreveram a h istó ria d o R io G rande
Nacional e tinha com o objetivo
im portância na divulgação d o N orte, c o m o D in a rte M a riz, T heodorico B ezerra, L u ís M a ria Alves, m andar agasalhos para o corpo
das notícias da G u e rra C â m a ra C ascudo e outros, o n d e p o d e m o s o u v ir essas vozes im o r ta li­ expecionário brasileiro na
z a d a s n a rra n d o m o m e n to s d e su a s vidas. Itália.

Cheg aram a Natal em aviões da prim eiro potiguar evacuado do


O s exercícios de defesa passiva fronte, na Itália, foi o sargento
Natal foi um dos pontos Fo rça A é re a A m erican a,
(Black-out), não aconteciam José Augusto C acho, de 23 anos,
estratégicos durante a 2a expedicionários da F E B , que
som ente em Natal, m uitas vezes, natural da cidade de Macaíba.
G u e rra Mundial, sendo estavam em tratam ento em
eram extensivos tam b ém as Conhecido com o sargento
considerada a cidade hospitais am ericanos. Aqui ficaram
cidades de M acaíba e São José de C ach o, José Augusto e ra nadador
Tranpolim da V itória, na no hospital m ilitar aguardando
Mipibú. do C e n tro N áutico Potengi.
luta co ntra os naziztas serem transportados para o RJ
NABl, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004 D EDUCAÇÃO

A Conferência de Natal
João de Brito Namorado
Foto cedida
ntre os materiais do

E acervo do DIÁRIO
DE NATAL, fo to s e
texto de u m im portante
fato político para a histó­
ria da cidade: a Conferên­
cia de Natal. Gomes e o cônsul Sims.
No dia 28 de janeiro de 1943, As conferências foram reali­
vindo de um encontro com Chur- zadas na língua oficial, que era
chill na Conferência de Casa­ a francesa.
blanca, no Marrocos, o presiden­ Da conversa, além das infor­
te norte-americano, Franklin De­ mações sobre o que fora acerta­
lano Roosevelt desembarcou em do em Casablanca, no Marrocos,
Natal, às 7h30, onde se encon­ Roosevelt sugeriu e Vargas aceitou
trou com o presidente brasileiro, que o Brasil fosse u m dos m em ­
Getúlio Vargas, que chagara à ci­ bros fundadores das futuras N a­
dade por volta da 1 hora. ções Unidas - ONU. Por seu lado,
0 encontro aconteceu no Rio o governo brasileiro solicitou mais
Potengi, a bordo do cruzador equipamentos militares e reve-
norte-americano "Humboldt". tou sua disposição de enviar u m
Do e n c o n tro e co n versã o contingente para a guerra.
participam além dos presiden­ Ambos os presidentes visita­
te Roosevelt e Vargas, o em b a i­ ram depois a Base Aérea de Par-
x a d o r Caffery, o in te rv e n to r namirim, quando foram feitas
Rafael Fernandes, o a lm ira n ­ várias fo to g ra fia s históricas,
te Ingram s e A ri Parreira, os n u m jeep que os conduziu até
generais Cordeiro de Farias e lá. Como a do fotógrafo portu­
Franklin Delano Roosevelt, Getúlio Dorneles Vargas e em pé o general Cordeiro de Farias Walsh, o brigadeiro Eduardo guês João de Brito Namorado.

E quipe do C E P D O - C entro
de P esquisa e
D ocumentação , do D iário de
N atal/ O P oti, coordenada
PELO PROFESSOR ALDEMIR
F ernandes , e que conta com
A IMPORTANTE COLABORAÇÃO
DOS SEGUINTES FUNCIONÁRIOS:
Jacqueline M aia Franco ,
O snilda F igueiredo Lopes e
João M aria de A raüjo. T oda
a equipe foi fundamental
PARA A ELABORAÇÃO DESTA
EDIÇÃO ESPECIAL DO D N
E ducação .
DNOEDUCACÀO NATAL, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004
Fotos divulgação

E CO M EÇARAM A APARECER PESSOAS IM P O R TA N ­


TES, A U TO R ID A D ES ILUSTRES, ARTISTAS E ESTRELAS
DE H O LLY W O O D . EXIBIAM -SE
D O FIR M A M E N TO
CO M NATURALIDADE, CINTILAVAM NOS CASSINOS E
SE EMBRIAGAVAM NOGRANDE HOTEL DE 1943A
1944, NATAL RECEBEU A VISITA DE PERSONALIDADES
DESTACADAS NOCENÁRIO NACIONAL E INTERNA-
CIONAL VEJA AS PRINCIPAIS FOTOS, ABAIXO.

Visitas ilustres
em Natal
Marlene Dietrich, atriz
Foto do livro História da Base Aérea

Os presidentes Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt


durante almoço a bordo do destróier “Humboldt”,
em Natal. A direita, o Embaixador dos Estados
Unidos, JeffersonCafery
N a ta l , sá ba d o , 25 d e setem br o d e 2004 DNOEDUCAÇÃO
?^Rgp j F oaE ieJv vm % m .y j v iw s '

íio r ta g e Õ f W a íe r Tltreatene& l
MANT RATiNGS :
MADE LAST WEEK
Emanoel Amaral

Um a tradução
marcada na
história
JUIZ IVANILDO BEZERRA RELEMBRA A ÉPOCA
EM QUE FOI RESPONSÁVEL
PELA TRADUÇÃO DO FOREIGN
FERRY NEWS, JORNAL
VEICULADO DURANTE 0 PERÍODO DA
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

om apenas 18 anos, u m curso básico de in ­

C
curso de Direito, e hoje, 16 anos depois, é Juiz da Diário h á 24 anos, supervisor do Setor de P esqui­
glês no currículo e o gosto incessante de ler 3a Vara Criminal d a Com arca de Natal. sa e coordenador do Projeto Ler do Diário de Natal,
jornais diários, Ivanildo Bezerra Ferreira dos "Não tin h a a dim ensão do que isso represen­ foi, n a época, o responsável pelos testes de novos
Santos era u m jovem estudante em busca do p ri­ tava. Não entendia tudo de inglês, m as a ativida­ funcionários d a em presa. "Ivanildo se destacou
m eiro emprego. Conseguiu ingressar no quadro de m e interessava. Cada edição traduzida fazia dentre tantos outros que disputavam a vaga", disse,
de funcionários do Diário de Natal, em 1988, onde com que eu m e aperfeiçoasse. O que m uito co n ­ lem brando dos m om entos em os dois se tornaram
foi selecionado, a partir de u m teste de conheci­ tribuiu foi o m eu interesse pela leitura diária dos grandes amigos. "Reencontrar u m amigo 16 anos
m entos, para realizar a segunda etap a d a micro- jornais im pressos", disse o juiz, em ocionado ao depois é com o voltar a ter m eus 20 anos, recordan­
filmagem dos jornais arquivados. ver as edições traduzidas. do do grupo de colegas e dos sonhos".
Mas o jovem n em precisou realizar o trabalho ^ "Hoje, talvez, eu com preenda m elhor a im p o r­ Para o juiz Ivanildo Bezerra, a época ficou m ar­
o qual estaria encarregado. O então diretor-geral tância desse trabalho. Era m uito jovem n a época, cada n a m em ória. "Além das am izades, o m ais
do Diário de Natal, Luiz M aria Alves, preocupado e não en tendia que essa tradução tin h a u m valor m arcante do jornal foi a im portância que o dire­
em deixar p ara as próxim as gerações as histórias m uito grande p ara a história, tanto do Diário de tor, Luiz M aria Alves, dava ao m eu trabalho, o que
contadas durante o período da Segunda Guerra Natal quanto do Rio G rande do Norte". m e estim ulava bastante. Foi m uito interessante".
Mundial, se interessou em traduzir as edições do As edições trad u zid as do jo rn al Foreign Ferry O Foreign Ferry News foi u m p eq u en o jo rn al
jornal am ericano Foreign Ferry News, que circu­ News estão arq u iv ad as n o Setor de Pesquisas pu b licad o em inglês d u ran te o p erío d o d a Se­
lou de 1943 a 1945, n a Base Aérea de Parnam irim do D iário de N atal e, freq ü en tem en te, são u tili­ g u n d a G uerra M undial, n a Base Aérea de P arn a­
(Parnam irim Field), totalm ente em inglês. zad as com o objeto de estu d o s e observações. m irim . Editado sem an alm en te aos dom ingos, o
D essa forma, único funcionário da em presa a "Jamais im aginei qu e este trabalho p u d esse se r­ periódico deixou p ara a h istó ria u m arsenal de
entender o idiom a, Ivanildo teve u m a missão: tra­ vir de in stru m en to p ara pesquisas até m esm o de inform ações e im agens raras até p ara os arq u i­
duzir as edições do periódico americano para o por­ estudiosos. Hoje, sa b en d o d essa im p o rtân cia, vos m ilitares dos Estados Unidos. Com lin h a ed i­
tuguês. E esse foi o seu trabalho d u ran te nove m e orgulho p o r te r d ad o essa contribuição; fico torial co n servadora - tin h a p o u cas fotografias, e
meses, período em que esteve n a em presa, sain­ até m esm o envaidecido". trazia pequenas notas sobre o cotidiano dos am e­
do em virtude do Vestibular, o qual passou p ara o José Aldemir Fernandes Lopes, funcionário do ricanos em Natal.
N abvl, sábado, 25 de setembro de 2004

jo r n a l OS EDITORIAIS DO DIÁRIO EDITORIAL

RELATAVAM OS ACONTECIMENTOS O CONFLITO EUROPEU


O conflito europeu tornou-se agora um conflito m undial, e nele acaba de
ser, finalm ente, envolvido o continente am ericano.

O dia-a-dia da D e acordo com os com prom issos que havia assum ido perante os paises
deste hem isfério, o B rasil declarou a sua solidariedade aos Estados U nidos, de­
finindo a sua posição, que é a posição da A m érica.
A im portância desse feto precisa se r esclarecida, para que o povo o com ­
preenda na sua verdadeira altura. O B rasil tom ou uma atitude que foi seguida

ierra que
por todas as Repúblicas am ericanas. Essa atitude foi tom ada em vista dos com ­
prom issos que a nação havia assum ido segundo os quais, nenhum país deste
continente que viesse a se r envolvido em luta contra um país estranho seria
considerado com o beligerante.
É uma im posição das contingências desta luta trágica na qual se achava en­
volvida quase toda a hum anidade.Até este m om ento o Brasil está apenas em
posição de alerta. N ão há, po r enquanto, m otivos para tem ores nem receios.
H á, entretanto, necessidade de se m anterem todos os b rasileiros com seren i­
dade, confiando na ação do governo e aguardando os acontecim entos.

mudou o mundo Editorial do dia 12 de dezem bro de 1941 - A no III - N ° 637

EDITORIAL EDITORIAL
A hora decisiva da liberdade
BARBARIA E SACRILÉGIO
À s duas horas da madrugada de hoje, os exército s da D em ocracia, irrom pen­
O fu ro r teutônico e o desvairio nazista culm inaram ontem na perpetração de
do em dois pontos estratégicos do te rritó rio da França, abriram a segunda fren­
um crim e de barbaria e sacrilégio, contra o Vaticano, sobre cujas edificações ve­
te , inaugura-se, assim , a batalha de libertação da Europa,torturada, há mais de dois
neráveis foram jogadas bombas explosivas. D ois m il anos de civilização cristã, de
anos, pelo despotism o nazista, cuja agonia e cujo aniquilam ento é im possível p ro r­
trad içõ es, de fé e de elevado am or espiritual coroados pelas m aravilhas da arte
rogar, é inútil deter.
sacra, pelos prim ores do gênio e pela glória im ortal dos heróis do Renascim en­
O s corações de todos os homens livres do mundo, batam, a esta hora, ao ritm o
to , se encerravam no Vaticano, onde os sucessores de São, Pedro, através dos sé­
da m archa dos heróis da segunda frente. N o H avre, em Cherburgo, e dentro em
culos e acim a das contingências tem porais, sim bolizavam os mais puros liam es do
pouco em Paris, po r todo o solo im ortal e glorioso da França, mais tarde em B e r­
homem com o céu e a eternidade.
lim , para a punição final de H itle r e da sua horda de bárbaros desvirilizados, todos
O novo atentado dos asseclas de H itle r surge aos olhos das nações com todas
nós estam os e estarem os, para red im ir o Hom em e dignificar a Justiça, a Razão e
as agravantes da prem editação e da bestialidade. Desde a invasão da Itália pelas
o D ireito .
forças aliadas, que o Papa Pio X II ordenara m inuciosas providências a-fim-de pre­
Essa cruzada ligou indissoluvelm ente o sangue e a alma das N ações, numa con­
se rvar a neutralidade do seu sólio, procurando afastar das fro n teiras do patrim ô­
fraternização que é a m aior e a mais legítim a de toda a histó ria universal. Ingleses,
nio da Igreja, o fragor dos com bates que se teriam de fe rir pela posse de Rom a.
am ericanos, russos, franceses, belgas, holandeses, noruegueses, brasileiro s, austra­
Entretanto, as hostes germ ânicas principiaram por ocupar ostensivam ente os do­
lianos, hom ens de todas as raças e de todos os países, cerram fileiras na segunda
m ínios eclesiásticos, desrespeitando a letra dos avisos e cartazes dispostos em todos
fre n te , lutam pela vida e pelo futuro de seus filhos, querem tom ar parte, ardente­
os edifícios, igrejas e m onum entos situados no âm bito do Vaticano. Sua Santidade,
m ente, nesse instante único do mundo, que é o com eço de uma era nova.
o Papa e seu colégio cardinalício estiveram e ainda se encontram em penoso es­
A França foi escolhida para m arco inicial dessa arrancada épica, na qual todos
tado de constrangim ento, sob custódia aparentem ente benigna de um general de
são generais, todos caminham para o mesm o objetivo: - esm agar o nazism o em
H itler. E nesse instante, quando os nazistas atingiram o paroxism o do seu ódio e
sua cidadela, esco rraçar os hunos das suas casam atas, construídas com o sangue,
O D IÁ R IO do seu desespero, não sabemos que destino terão dado àqueles que tratavam com o
su o r e as lágrim as dos m ilhões de seres que eles escravizaram .
uma espécie de reféns, para utilizá-los ao seu m odo no m om ento da fuga e da
G ló ria aos heróis da segunda frente! a a rí£e ntlit® in ã o rort»
| o&rácom 0 Eixo
1 >$; D O
derrota.
O bom bardeio do Vaticano deve se r encarado com o o prelúdio da nova série
de crim es que o nazism o, com os seus dias contados, já sem forças para enfren­
Ed ito rial do dia 6 de junho de 1944 - A n o V - N ° 746
ta r os exército s de M ontgom ery, na Itália e as divisões russas, no D nieper, possi­
velm ente perpetrará nos países ocupados, na tarefe sinistra de d estru ir as obras
que a civilização européia legou à humanidade.

Editorial do dia 6 de novem bro de 1943 - A n o V - N ° 578


NflGVL, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004

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INTEGRALISMO E TRAIÇÃO
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A florescência trop ical do nazism o, no B rasil, foi uma aventura côm ica de lu­
náticos e despeitados que, sob o cartaz de A ção Integralista, distribuíram crachás,
folhetos e m edalhinhas, tentando com petir em publicidade com ce rto s produtos
A rg e n tin a
farm acêuticos da classe da cafiaspirina. O chefe desses pantom im eiros era um ro ­
■»eu com o
m ancista falhado, que logo macaqueou Adolfo H itler, arranjando um bigodinho ri­
dículo e cercando-se de uma chusm a de assexuados que trataram de parecer-se
com Goebbeis, G oering, Rodolfo H ess e outros epígonos do nacional-socialism o
alem ão.
O povo brasileiro não ligou im portância a esses "cam elots" de feira que se
elogiavam m utuam ente pelas colunas de um jo rnal adquirido com o dinheiro da
em baixada do Reich. Mas, quando, após alguns ensaios de cordão carnavalesco, a
m alta de cam isa verde pretendeu rid icularizar os sím bolos mais respeitáveis do
nosso civism o, anunciando que ia transform ar a letra do H ino N acional e substi­
tu ir a Bandeira, o orbe estrelado pelo sigma que era uma contrafação da cru z swas-
tic a ,o povo reagiu e obrigou o integralism o a recolher-se aos bastidores, a tira r a
cam isa verde e a esconder suas medalhas e condecorações.
N aquele tem po, bastaram os assobios do povo e algumas vaias oportunas para
que os integralistas se retirassem do gram ado, calados e triste s com o um "team "
de futebol depois de apanhar uma su rra espetacular.
H o je, esses com ediantes que trem eram de m edo quando lhes pediram con­
tas do que pretendiam , querem vingar-se do B rasil aparceirando-se aos seus anti­
gos senhores, e procuram vingar-se traindo a nossa Pátria, servindo aos in teres­
ses do inim igo, ajudando, com o ajudaram , os subm arinos alem ães em sua tarefa si­
nistra nas costas brasileiras. Por isso, todas as conspirações que a Polícia tem des­
cob erto contra o nosso esforço de guerra, a espionagem que procura assenho-
rear-se da situação das nossas Forças A rm adas, os m anejos de treição ao B rasil,
têm nos integralistas auxiliares constantes, pois o integralista continua a agir na
som bra, com o os reptis e as hienas.A s suas idéias, os seus gostos, as suas opiniões
sobre a guerra, são to talitárias. Sem pre desejaram eles a vitó ria alem ã, sem pre qui­
seram eles que o nazism o e o fascism o derrotassem as N ações U nidas. C o var­
des! A esta hora, quando os vingadores se acham às portas do galinheiro nazista,
quando os russos, os am ericanos, os ingleses, os canadenses, os franceses livre s, e
daqui a pouco as forças expedicionárias brasileiras, pisarem o solo alem ão e ar­
rancarem da fortaleza m aldita a bandeira dos co rsário s e dos carrascos de H itler,
esses integralistas ainda batem as asas----- com saudades dos cam pos de concen­
tração onde pretendiam to rtu ra r as liberdades do B rasil.

Editorial do dia 4 de janeiro de 1944 - A n o V - N ° 623

EDITORIAL
UM SÍMBOLO DA CONSCIÊNCIA NACIONAL
Há dois anos, na data de hoje, o gover­ cidos em uma pátria livre, querem a con­ enraizadas em nossa história. O s inimigos Dem os-lhes, entretanto, a resposta, em
no brasileiro rompia as relações diplomá­ tinuidade dos privilégios m orais e políticos do Brasil,aqueles que,vendidos a Hitler, pre­ um prazo que estarreceu aos nazistas, aos
ticas com os países do eixo , atendendo conquistados pelos nossos m aiores. tendiam desviar os rum os do nosso des­ fascistas e aos integralistas. ,A espionagem
assim ao clam or uníssono do nosso povo, A m aior dem onstração de que os ver­ tino dem ocrático e forçar o país a com­ enviada pelo Reich para orientar as "tro ­
aos seus anseios mais legítimos de Liber­ dadeiros brasileiros não desejam se r escra­ pactuar com a aventura nazi-fascista,tudo pas de choque" dos ridículos camisas-ver-
dade e Justiça, ao sentim ento nacional de vos ou acólitos de regimes m essiânicos, fizeram para sufocar a indignação nacional des, está justando contas com o Tribunal
soberania e dignidade. foi a revolta que sacudiu os nervos e os que pedia que o sangue dos brasileiros sa­ de Segurança Nacional. E, no segundo ano
Sem pre ecoam em nossas almas os corações da nossa gente, que, antes de crificados fosse vingado exem plarm ente. de guerra em que o Brasil marcha ao lado
brados das vítimas dos torpedeamentos dos qualquer afronta do banditismo nazista, já O s integralistas, cujo nacionalismo perver­ das N ações U nidas, a vitó ria surge em
navios m ercantes brasileiros, que em tare­ combatia espiritualm ente ao lado da D e­ tido e hipócrita encobria a espionagem e todos os horizontes e o povo brasileiro,
fa de paz singravam os nossos m ares, pro­ m ocracia, contra o totalitarism o e os seus o quinta-colunismo ignóbeis, procuraram com o um só homem, contribue com o
tegidos pela nossa bandeira e por leis in­ hediondos apaniguados. justificar a tragédia dos torpedeam entos e seu esforço para esmagar os carrascos da
ternacionais vilm ente desrespeitadas pelos A data de hoje é um m arco da nossa riam -se, os covardes, dizendo que o gover­ humanidade livre.
corsários nazistas. Esse crim e em que os fé ,é um sim bolo da nossa consciência na­ no deveria calar-se e deixar que os nossos
inimigos da civilização tantas vezes reinci­ cional, cristalizada nas reivindicações que barcos se despedaçassem, sem um pro­ Editorial do dia 28 de janeiro de 1944
diram ,m ereceu a mais viril repulsa de todos amamos desde o alvorecer do nosso pen­ testo, contra os torpedos dos submarinos - A n o V - N ° 642
os patriotas, de todos os homens que, nas­ sam ento e que se acham profúndamente crim inosos.

i
N a ta l , .s á b a d o , 25 d e setem br o d e 2004

m e m ó r ia VETERANO DA II GUERRA CONTA SUAS LEMBRANÇAS E FATOS OCORRIDOS DURANTE


OS COMBATES NA ITÁLIA PELA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

Guer

Adriana Amorim
Repórter do DN Educação

o i um a e x ­

F
p e r iên cia
m u ito v á ­
lid a , u m a
d em on s­
tração de d efesa , n ão s o ­
m en te do n o sso p a tr im ô ­
n io , m as da n o s s a terra,
da n o ssa pátria, das su as
in stitu iç õ e s d em ocráticas
e , s e m d ú v id a s , d a s u a
h o n ra " . E ssa s p a la v r a s ,
ditas p elo n orte-rio-gran -
d e n se v e te ra n o da Força
E xpedicionária Brasileira,
C le a n th o H o m em d e S i­
queira, sin te tiz a m b em a
im p ortân cia da p articip a­
ção do B rasil na S egun da
Guerra M undial.
:

O veterano de guerra, Cleanto Homem de Siqueira com seu acervo de materiais trazido dos combates durante a (I Guerra Mundial
N a ta l , sá b a d o , 25 d e setem br o d e 2004 DN€D EDUCAÇÃO

Entre as relíquias de
Cleanto, um capacete de
soldados alemães e uma
granada, ambos
trazidos
clandestinamente,
durante a viagem de volta
para casa

expedicionário
Um exercito
„ ' 4 lutará ao Ia;

I •—~

E foi ju stam e n te p ela o fen ­ ro co n tin g en te d e tro p as b ra ­


sa à h o n ra d a n ação qu e o Bra­ sile ira s e m b a r c o u e m 2 d e
sil e n tro u n a b atalh a. Em re ­ julho de 1944, rum o à Itália. Ao
presália ao ro m p im en to de re­ longo dos sete meses seguintes,
lações diplom áticas do Brasil ou tro s q u atro escalões segui­
com os países do Eixo, a n u n ­ ram p a ra o Teatro de O p era­
ciado ao final d a R eunião de ções, levando ao to d o 25.173
C hanceleres do Rio de Janei­ h o m e n s . D e ste s, 358 e ra m
ro, em 28 d e jan eiro de 1942, c o m b a te n te s p o tig u a re s .
vários navios m e rc an te s b ra ­ C leantho H om em de Siqueira
sileiros foram torpedeados p o r foi u m d eles. A u to r d o livro
subm arin o s alem ães. "G uerreiros Potiguares: o Rio
A p a r tir d a í, h o u v e u m a
G rande do N orte n a S egunda
forte m obilização p o p u lar em
G u erra M undial", o e n tã o 3o
favor da en trad a do País n a Se­
a mosmé & S a rg e n to c o n ta d e ta lh e s d a
g u n d a G u erra M u n d ial p a ra
participação brasileira no com ­
lu tar ao lado dos Aliados c o n ­
b ate contra alem ães e italianos
tra o nazi-fascism o. Foi en tão
n a Itália.
que o governo brasileiro decla­
Ele com pôs, junto com mais
rou guerra à A lem anha e à Itá­
lia, em agosto de 1942. A d e­ 5.242 h om ens, o terceiro esca­ A NOTÍCIA
claração, n o entanto, só o co r­ lão de em barque, q u e saiu em
reu após difíceis ajustes com 22 de setem b ro de 1944, ch e­
E m suas prim eiras
os Estados U nidos e a Grã-Bre­ g an d o em N ápoles, n a Itália,
edições, o D IÁ R IO
ta n h a, crian d o a Força Expe­ duas sem an as depois. "Foram
noticiou a form ação da
dicionária Brasileira (FEB), es­ 14 dias no m ar com a p ersp ec­
Fo rça Expedicionária
tru tu rad a em agosto de 1943, e tiva de en co n trarm o s su b m a ­
Brasileira, que contou
com an d ad a pelo general Mas- rin o s alem ã es. U m a v iag em com a participação de
carenhas de Morais. m a rc a d a p o r te n s õ e s e p e la soldados norte-rio-
Do Rio de Janeiro, o p rim ei­ falta d e conforto", lem brou. grandenses
DNQEDUCAÇAO NiVML, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004

PERSONAGENS DA NOTÍCIA
Pertencente a uma família que ito de Infantaria em Natal. pulsória", deixando o Exército.
tem prestado relevantes serviços Em 1944, induído no 1Io Regimen­ Em seguida, chegou a prestar
à cultura do Estado, Cleantho to de Infantaria de São João Del eficientes serviços à Universidade
Homem de Rei/MG, Cleantho partiu, em 22 Federal do Rio Grande do Norte até
Natal, onde nasceu a 20 de dezem­ de setembro de 1944, para o Tea­ 1991, quando implantou e dirigiu
bro de 1922. Em 1939, aos 17 anos, tro de Operações da Itália, inte­ a Divisão de Atividades Desporti­
como atirador da Companhia Qua­ grando aForçaExpedicionáriaBra- vas. Foi também presidente da (Jo-
dros, tornou-se reservista de se­ sileira. Naquele País, Cleantho par­ missão Estadual de Moral e Civismo.
gunda categoria. F.m 1942, retor­ ticipou de diversos combates, in­ Atualmente, Cleantho profere
nou àquela Unidade onde con­ clusive os de Monte Castelo, Mon- palestras em colégios, clubes so­
cluiu com aproveitamento os cur­ tese, Castelnuovo e Collechio. ciais e organizações militares, abor­
sos de Cabo e Sargento. Em 17 de outubro de 1945, o ex­ dando comfreqüência temas sobre
Em nove pedicionário Cleantho teve a emo­
contingência da guerra, foi convo­ ção denovamente pisar em solo pá- ticipação do Brasil na Segunda
cado para o serviço ativo do Exér­ . Guerra Mundial, enfatizando a
cito, sendo incorporado no 16° Re- Cleantho atingiu a chamada "com­ atuação da FEB.

VITÓRIAS DA FEB
1944: 1945:
16/09 M assarosa 21/02 M onte Castelo
18/09 C am aiori 23/02 La Serra
26/09 M onte Prano 04/03 S anta M aria Viliana
06/10 F om acci 05/04 C astelnuovo
11/10 Barga Galicano 14/04 M ontese
24/10 Som ocollona 15/04 Paravento
25/10 TrassilicoVem i 19/04 M onte M aiolo
28/10 M onte Faeto 20/04 Rivela
21/04 Zocca
23/04 Vignola
27/04 Collechio
29/04 F om ovo de Taro
30/04 C ap tu ra d a 148a Divi­
são de Infantaria Alem ã

Ao chegar em terras européias, a Cleantho, no meio de toda a tensão do ao Monte Castelo. "Com tudo ao de guerra, enfrentando o inimigo no para todos os veteranos e dos cida­
tropa ainda precisou viajar por al­ proporcionada pela Guerra, um mo­ nosso favor, nós conseguimos pren­ Teatro de Operações da Itália, a Força dãos brasileiros. "Além de ter sido
guns dias, chegando ao destino final, mento diferenciado, quando viu pela der muitos alemães e tomar o Caste­ Expedicionária Brasileira registrou uma batalha sangrenta, violenta, nós,
em 14 de outubro: um acampamen­ primeira vez a neve caindo. "De re­ lo". Apartir daí, a Infantaria Brasilei­ 432 m ortos, entre Oficiais, Subte- veteranos, nos orgulhamos muito de
to localizado nas proximidades da ci­ pente, toda aquela paisagem que es­ ra seguiu para Montese, onde, em 14 nente, Sargentos, Cabos e Soldados; ter participado da Força Expedicioná­
dade Pisa. "Lá, nós descansamos por tava negra ao anoitecer parecia um de abril, novamente as tropas alemãs 28 desaparecidos, entre Sargentos, ria Brasileira. O que muito nos ajudou
um tempo, e seguimos ao primeiro lençol branco na madrugada. Aque­ foram desalojadas. "Este, sem dúvi­ Cabos e Soldados; 2.722 feridos e foi o fato de sermos jovens. O jovem
ataque, que foi o de Monte Castelo. le, de acordo com informações, foi o da, foi o combate mais sangrento e acidentados, totalizando 3.187 h o ­ é valente, entusiasmado com a vida".
Nas palavras de Cleantho Homem de inverno mais denso e mais perigoso mais demorado da nossa história na mens. As perdas relativas ao Exérci­ Muitas vezes questionado se en ­
Siqueira, o desembarque "foi um fra­ até então", ressaltou o militar. Guerra, sendo três dias de atividades". to e a Força Aérea Brasileira, na cam­ frentaria novam ente um a guerra,
casso, devido a diversos fatores nega­ Nesse período de inverno, a guer­ Para C leantho H om em de Si­ panha da Itália, acrescidas dos m or­ Cleantho é enfático ao garantir que
tivos, entre eles o clima gelado e chu­ ra parou. "Aconteciam somente pe­ queira, a participação do Brasil na tos e desaparecidos da M arinha de sim . "M uitos dos m eus colegas,
voso". Quase dois meses, depois, no quenas batalhas entre as patrulhas Segunda Guerra Mundial term inou Guerra e da Marinha Mercante, no hoje, são homens doentes, pois não
dia 12 de dezembro, uma nova inves­ inimigas. Os verdadeiros combates no dia 28 de abril, já que, antes decurso da Segunda Guerra M un­ cu idaram da saúde, m as alguns,
tida ao ataque de Monte Castelo. "O só vieram a recomeçar em fevereiro, dessa data, ainda ocorreram m ui­ dial, chegaram a atingir um total de como eu, que estou prestes a com ­
Castelo continuou com toda a sua com o início da primavera", explicou tos combates, entre eles os de Cas­ 1.407 brasileiros mortos. pletar 82 anos, ainda têm força que
potência; mais um fracasso nosso". o veterano. telnuovo e Collechio. Sobre a participação do Brasil na d a ria p a ra e n fre n ta r, n ão a um
Doze dias depois o inverno havia Foi quando, em 21 de fevereiro de Durante o período de 239 dias em Segunda Guerra Mundial, Cleantho Monte Castelo, nem a um a M onte­
chegado, possibilitando ao veterano 1945, mais um combate foi planeja­ que esteve em penhada em missões Siqueira diz ser motivo de orgulho se, mas um a batalha pequena".
N A H L, SÁBADO, 25 DE SETEMBRO DE 2004 D N€ 9 EDUCAÇÃO

A FEB POR UM SOLDADO Indústria Gráfica "Bruma" - RJ Editora Civilização Brasileira Coronel Adhemar Rivermar de Almeida
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Editora Nova Fronteira FREI ORLANDO - O CAPELÃO A MARINHA MERCANTE NA
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MUNDIAL Editora Record Boris Schnaiderman
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Biblioteca do Exército Editora Editora Brasiliense
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A FEB
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Biblioteca do Exército Editora NA SEGUNDA GUERRA MUN­ Joaquim Xavier da Silveira
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General José Machado Lopes O BRASIL E A 2* GUERRA - TES­
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MEMÓRIAS - 2 VOLUMES Bibliex UM SOLDADO CONVOCADO
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Gráfica Editora Liceu Ltda. - Recife / PE Comandante da Força Expedicionária Bra­ DE MORAES E SUA ÉPOCA
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CRÔNICA DA GUERRA NA ITÁ­ Biblioteca do Exército Editora Biblioteca do Exército Editora - Vol 1 FORÇA EXPEDICIONÁRIA
LIA
Rubem Braga
BRASILEIRA - FEB NA 2a
A NOSSA SEGUNDA GUERRA - GUERRA EM SURDINA GUERRA MUNDIAL
Biblioteca do Exército Editora
OS BRASILEIROS EM COMBATE Boris Schnaiderman jo e l Silveira e Thassilo Mitke
DEPOIMENTO DE OFICIAIS DA 1942-1945 História do Brasil na 2a Grande Guerra
Apresentação de Rubem Braga
RESERVA SOBRE A FEB Ricardo Bonalume Neto Editora Brasileira
Editora Record
Vários Oficiais R/2 Editora Expressão e Cultura
IPÊ - Instituto Progresso Editorial S.A - SP
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FEB VISTA PELOS SEUS ALIA­ DE MORAES E SUA ÉPOCA
VALE DO PÓ ITÁLIA
DOS E INIMIGOS General Meira Mattos
Tenente Gentil Palhares Rubem Braga
William W aack - Biblioteca do Exército Editora - Vol 2
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Editora Nova Fronteira Editora Record
dei Rei - MG
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Rubem Braga Marechal J.B. Mascarenhas de Moraes MOBILIZAÇÃO E O COTIDIA­
Círculo do Livro Mascarenhas de Moraes Biblioteca do Exército Editora - Vol 2 NO EM SÃO PAULO DURANTE
Biblioteca do Exército Editora -Vol 1 A SEGUNDA GUERRA MUN­
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DOS NA CAMPANHA DA ITÁLIA 1939-VÉSPERA DE GUERRA MONTESE MARCO GLORIOSO Roney Cytryn ow icz
Aluízio de Barras Hélio Silva DE UMA TRAJETÓRIA Editora Edusp
N atal , sá b a d o , 25 d e s e ie m b r o d e 2004

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própria razão de existir do Diário de na e ganhou uma nova dimensão no Brasil. aqui contei com a cobertura jomafistica incansá­
Natal justifica a sua importância histó­ Já se vão 65 anos e o exemplo dos seus fun­ vel do Diário de Natal.
rica para a nossa comunidade. Em 1939, dadores faz do Diário de Natal um jornal con­ Mais recentemente, obtive do Governo Fede­
i era re á o perigo de expansão do nazi- solidado e atento aos problemas, não só da ca­ ral e da Petrobrás a garantia da retomada das obras
■íascism o. O jornal nasceu para mobili­ pital como de todo o Rio Grande do Norte. O da Termoaçu, em Alto do Rodrigues, outro em­
zar a cidade e mostrar ao seu povo que era preci­ Mundo m udou e a evolução tecnológica foi preendimento vital para a economia do Estado e
so resistir à crueldade que varria a Europa e amea­ acompanhada pelo Diário de Natal, sem, no en­ que também vem tendo no Diário de Natal e o DN
çava todo o Mundo. tanto, esquecer dos ideais que a ele estão atre­ Educação um importante parceiro.
Pela sua localização estratégica, Natal teria um lados desde o nascimento. Quero cumprimentar a todos os que fazem o
papel decisivo no resultado da Segunda Guerra Sou leitora do Diário de Natal antes de entrar Diário e o DN Educação, representados pela figura
Mundial, porque daqui partiríam as tropas norte- na vida pública. E reconheço que o jornal sem­ do jornalista Albimar Furtado, ressaltando o signi­
americanas para o combate no Velho Mundo. pre adotou uma postura de vanguarda na defesa ficado dos 65 anos de luta e de defesa da liberdade
Pelo patriotismo que os movia, os jornalistas Ri­ dos maiores interesses do Estado. Há um ano e de expressão e de dedicação à educação do Estado.
valdo Pinheiro, Djalma Maranhão, Aderbal de Fran­ oito meses como governadora, cito dois exem­
ça e Waldemar Araújo decidiram fundar um veícu­ plos de que a nossa luta pelo desenvolvimento do
lo de comunicação que lutasse pela liberdade e a Rio Grande do Norte mereceu o apoio do Diário.
soberania do país. Tão logo tomei posse, encontrei parada a obra
De 1939 até 1945, nossa capital viveu anos de do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que * Professora e Governadora do
grande efervescência. Sem jamais perder o víncu­ será o maior terminal de cargas da América La­ Estado do Rio Grande do Norte
lo com as nossas raízes e a identidade cultural pre­ tina. Estratégico para o nosso fiíturo. Garanti junto
servada, Natal avançou com a presença america­ às autoridades federais o reinicio dos serviços e

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