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O U T IN H O
Marcus Odilon Ribeiro Coutinho
F L A V IO R IB E IR O
/
C O U T IN H O
A UNIÃO
E DITO R A
SÉRIE HISTÓRICA
Copyrigh 2000 © A União - Superi ntendência de Imprensa e E ditora
ESTADO DA PARAÍ BA
lhos.
Só aparece alguém com esse sobrenome, na Pro-
víncia do Rio Parahyba do Norte, em 1869, data do
casamento de João Ribeiro da Silva Coutinho com Ana
não conh eci, pois j á tinha passado dessa para mel hor
quando nasci, em 1939.
Mas, o nosso a vô foi o fundador do clã, no Esta-
do do Rio Parahyba do Norte.
Repito: não há registro de Ribeiros Coutinho (os
dois nomes juntos), naqueles dias distantes .
João e Ana se casaram , quando ainda havia es-
cravatura, e com os escravos tocando o trabalho pesa-
do da fazenda.
Os filhos se formaram em Recife ou em Salva-
dor.
Bacharéis em Direito foram João Úrsulo e Odi -
lon. Flávio, médico, e Flaviano, agrônomo diplomado
pela Escola Superior de Agronomia São Bento, em
1920.
O educandário era de religiosos da Ordem dos
Beneditinos, em sua maioria, alemães.
Só Flá vio exerceu a profissão. Assim mesmo, por
pouco tempo .
Estabeleceu-se em Belém do Pará, quando a bor- vas, localizada nas imediações da cidade de Coiani -
racha fazia da Amazônia um Eldorado . nha.
Ganhou tanto dinheiro receitando quinino para Em quase todas essas operações, Flávio, o velho
os donos de seringais, que voltou à Paraíba rico. Flávio, participou, com sua orientação segura, trans-
, Passou a fabricar açúcar, sócio do seu irmão João ferência de influência, entusiasmo, e até com dinheiro .'
Ursulo, que foi o primeiro Ribeiro Coutinho a trocar
de ramo .
Deixou de criar boi, para plantar cana e indus- As constantes crises do açúcar
trializar a matéria-prima. Mas isso já foi na segunda o açúcar atravessa, a cada século, duas ou mais
década do século xx. crises, e o clã foi perdendo, e passando adiante essas
Este foi o século da família, que teve em Flávio empresas.
Ribeiro o chefe do clã, todos seguindo seus passos e, Antes, a própria família do poeta Augusto dos
por ele, foram perrepistas, argemiristas e udenistas. Anjos perdera dois engenhos, como também perde-
Mas, o forte não foi nunca a política ou os cargos ram sete propriedades os herdeiros do Barão do Ma-
que ocuparam . raú (1800 a 1870) e, em mãos da família Ribeiro Couti-
Foi, sim, o econômico. nho só existe, atualmente, a Usina São João.
Em determinado período após a Segunda Guer - Antes desse esvaziamento econômico, porém,
ra, os Ribeiros Coutinho tinham as seguintes usinas: Flávio, Odilon, Ribeirinho e Flaviano já haviam en-
. . .São João e ~anta Helena, gue pertenciam e eram tregado a alma a Deus.
dirigidas pe!os filhos de João Ursulo, ou seja, sete ir - Mas, foi essa geração a que avançou em todos os
mãos : João Ursulo Filho , Renato, Luiz Ignácio, Flávio campos .
Sobrinho, Cassiano, Odilon e Abelardo; a Usina Santa A família era, em 1910, 1915 e 1920, o que cha-
Rita, dos filhos de Flávio Ribeiro; a Usina Santana, de mamos hoje de "emergente" .
Flaviano e seus quatro filhos. Mas, uma emergência elegante, todos com di-
Em Pernambuco, dois filhos de Odilon, dois ba- plomas de cursos superiores .
charéis em Direito, Olívio e Manuel, adquiriram e
mantiveram, por alguns anos, a Usina Cachoeira Lisa.? A criação do Banco Comércio e Indústria
no Ceará, Ubirajara Ribeiro Mindello adquiriu a úni-
ca u,sina daquele estado; em Pirpirituba, os três filhos Flávio, o Doutor, o Velho, como ainda hoje é lem-
de Ursulo (Major Ribeirinho) montaram a Usina São brado, expandiu seus negócios além da Usina Santa
Francisco . Rita e do que herdara e mantinha, como são, no caso,
No Rio Grande do Norte, os filhos de João Úrsu- as fazendas de gado nos municípios de Pilar e São
10 (sempre eles) adquiriram o controle acionário das Miguel do Taipú .
Usinas São F rancisco, Ilha Bela (Ce ará-Mir im) e Esti-
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Também foi banqueiro. Hoje, os juros alcançam 14 por cento ao mês, e,
Criou, em 1946, o Banco Comércio e Indústria às vezes, mais.
da Paraíba ocupando, da data de fundação até a do E assim sendo, temos que chegar à seguinte con-
seu falecimento, em 1963, a Presidência da empresa . clusão: o clã Ribeiro Coutinho, no final do milênio, é
O citado Banco foi inaugurado com sede provi- apenas classe média, como já se disse .
sória na Rua João Suassuna, com a presença de co- Não pediu e nem foi obsequiado com favores e
merciantes e do Governador Oswaldo Trigueiro. facilidades pelos sucessivos ditadores dos anos 60, 70 e
Logo, mudou-se para prédio próprio, na esqui- 80.
na da Rua Maciel Pinheiro com Ladeira 5 de Agosto, '. . Antes pelo contrário.
no Varadouro .
O Gerente era João Raposo Filho, seu amigo, fi-
lho dos donos dos engenhos Outeiro e Vigário, na Vár- , . o Tenente mais rico do Brasil
zea do Rio Paraíba.
Os dois outros cargos na Diretoria eram ocupa- . Flávio Ribeiro Coutinho comprou, na segunda
dos pelos irmãos Odilon e Flaviano. década do século XX, a Usina Cumbe, vizinha à cida-
A empresa se expandiu e chegou a ter filiais em de de Santa Rita, construída por um pernambucano:
Santa Rita, Natal, Maceió, Rio de Janeiro, e mais duas Antonio Costa Azevedo, que voltou ao berço natal
agências em João Pessoa, nas ruas Duque de Caxias e para adquirir a Usina Catende, na cidade do mesmo
Beaurepaire Rohan, e duas em Recife, às ruas Dantas nome, e tornou-se o maior usineiro de sua época.
Barreto e Conde da Boa Vista. Pegou, também o apelido (ou posto?) de Tenen -
Em 1976, a política do Ministro Delfim Neto in- te da Catende.
viabilizou o funcionamento dos bancos médios, fazen- Uma coisa digo sem medo de errar: foi o Te nen-
do o jogo dos grupos economicamente mais fortes.' te mais rico do Brasil .
De uma hora para outra, ficou inviável a sobre- Igual, ou maior riqueza dos que integraram a
vivência de bancos como o Industrial de Campina Coluna Prestes."
Grande, Comercial, Aliança, Meirelles, e mais meia O Tenente, quando passou pela Várzea paraiba-
dúzia de bancos de Pernambuco, e mais de duzentos na, deu um nome estranho à sua Usina: Cumbe.
em todo o País. O que quer dizer esta palavra?
Delfim patrocinou as fusões, sob a alegação de Fui ao Dicionário do Aurélio e soube que Cum-
que só bancos grandes permitiram juros baixos. be quer dizer aguardente ou cachaça.
Na verdade, deu-se exatamente o contrário. Ora, já se viu!
Usina que é Usina fabrica açúcar para o café da
Até os anos 70, os bancos trabalhavam com juros
manhã, para o sorvete, para o picolé do menino da
de 3 por cento em média.
escola, e para as sobremesas.
18 O novo dono, ou seja, Doutor Flávio Ribeiro, deu
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nova designação à empresa : Usina Sa nta Rita, qu e Em Pernambu co, na fronteira com nosso E sta-
conservou até se exting uir, há dez anos . do, existem, até hoje, as Usinas Nossa Sen hora das
Nome de santa italiana, 'de viúva , de advoga da Maravi lhas e Santa Teresa, Nossa Se nhora do Ca rmo,
das causas impossíveis e, també m, da cidade, que nu n- Nossa Senhora de Lourdes, Santa Te rezinha, Santo
ca teve outra denominação. Inácio, e outros santos (as ), todas em Per nambuc o.
Falam que Cumb e era um quilo mbo existente
nas matas próximas, refúg io de escravos que, pel a
fuga, recuperavam a liberda de. Uma festa de arromba
Pode ser.
Mas, prati camente, não se sabe d isso muita co isa. Em 194 6, eu era aluno do Curso P rimário de Dona
Se houve esse quil ombro, não era locali zado onde
ficou a Us ina Santa Rita, um ter reno pla no, que não Tércia Bonavides, quando casou-se Nanhã (Ana Rita),
favorecia guerri lhas ou es conderijos, co mo era a aci- com Luiz Ignácio.
dentada topografia do Q uilombo de P almares. Eram primos e jovens .
A His tória reg istra e ngenhos f abricando açúcar O pa i da noiva, tio Flávio Ribeiro C outinho, re-
preto e aguardente na região , nas imediações , a partir cebeu , em s ua casa, à Rua das Trincheiras, a família e
do ano de fundação da Fe lipéia de Nossa Senhora das os amIgos.
Neves. Como fazia polí tica (presid ia o Diretório R egio-
O engenho do pai de An dré Vi dal de N egreiro s nal da UDN ), não era pequeno o se u círcul o social .
ficava tão perto da li que se ia a pé. Além do mais , era a prime ira filha a se casar, e
Outro, mais próx imo a inda, era o Engenho da ainda tenho gravadas na memória as f ofocas da festa
Ajuda (depois, Engen ho Velho ), de Duarte Gomes da e, principa lmente, os prepara tivos.
Silveira. A so lenidade real izou-se na igr eja de Lourdes, a
O Engenho Tibiry , obje to de val ioso estu do de menos de trezentos metros da residência da noiva, e a
Guilherme da Silveira de Á vila Lins, er a tão perto, rece pção foi no quintal da casa.
que não chegava a meia légua." Festão, e o "sereno " tomo u conta das port as de
Onde espaço para esconder os pre tos fugitivos? entrada.
Esses engenhos já estavam nesses sít ios an tes de Era gente de todas as classes: taxis tas ( na ép oca,
os holandeses desembarcarem em Cabede lo. chamados de choferes de praça ), empre gadas domés-
Nome de santo, naquele . tempo, er a moda. ticas , costureiras , etc.
Engenho ou usina se quisesse proteção e s uces- Os seguranças de sempre obsta culavam (o que é
so, que homenageasse um hóspe de do Céu . óbvio) a entrada de curiosos, e só o s con vidados ti-
As Usinas São João, Santa Helena, Santana e nham acesso.
Santa Maria que o digam." O número de penetras era gran de, a pont o de
promover um pe queno tumulto.
20 Aí apareceu o velho Flávio, em sua rou pa escura
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corno ficava b em em urna so lenidade corno aquela, Os
celebrada pelo Padre Almeida." pol
Veio para colocar ordem no rec into, chamando ític
o feito à or dem, e p ara fazer valer sua autorid ade? os
Nada disso. tin
Chegou e chamou tod o mundo para dent ro de ha
casa. Todos, sem e xceção, determinando aos garçons m
que servissem à quela gen te, seus convidado s de últi- ta
ma hora, do bom e do me lhor: to dos comeram, bebe- mb
ram champanhe, v inho import ados, uísque, com bolo ém < <
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A Alemanha de Hitler submeteu quase todo con- José Vitalino C arvalho R ocha) , e pr onto.
tinente. Esse s três farmacêuticos só e ram superados, em
Havia até quem quisesse esse regime no Brasi l. bom atendime nto e c ompetência, po r um colega de
Na me lhor das hipó teses, acusar a lguém de ju- Araruna, o p ai de Humberto Fonseca .
daísmo era hu mor negro . Com tudo i sso, Flávio Ribeiro Coutinho impli-
Flávio nunca respondeu, negando o u co nfirman- cava.
do, essa versão . Achava pouco .
Até hoje, tenho minhas dúvidas . Queri a a cidade que adotar a como sua um mo-
Em Amsterdã, existe a Sinagoga Israe lita-Portu- delo, coisa de primeiro mundo.
guesa, cujo rabino é Me ndes Co utinho. Decidiu, então , construir um hospital .·
Será ou não será uma ponta de ice berg que deve A idéia de ver o nosocômio funcionando lhe ti -
ser melhor estu dada pelos genea logis tas? rava o sono.
As feições , os traços físicos de tod os os se us fa- Aliás, era este o maior problema dos seus últi-
miliares podem comprovar a versão . mos anos de vida .
Como po lítico, seu ú nico defei to seria es te? Não Por que se preocupar com outra coisa?
haveria outro? A Usina S anta Rita ia muito bem, com um ge- .
Então, ótimo: a causa está ganha. rente que não tinha defeito. Na balança, estava Ces-
Ser judeu, ou descen dente de judeu, não é, não lau Gadelh a, com o qual n ão havia dúvida de peso,
pode ser apontado como defeito de ninguém.
nem pra mai s, nem pra menos.
Antes pe lo contrário.
A política, seu eterno passatempo, dava para ir
tocando.
Uma louc ura q ue valeu a pena Desafiara um Presidente, em 1930, perdera seu
mandato de Deputado Federal .
Há q uatro décadas, toda assistênc ia médica, e m Mas, mal de muitos consolo é .
Santa Rita, era quase nada. Quem esta va sentado na cadeira de Senador pelo
O melhor mesmo era pegar a " sopa" (ônibus) ou Estado do Rio Parahyba do Norte?
carona em qualquer automóve l, e vir se receitar o u se José Gaud êncio, em quem votara, um líder do
operar com Osório Abath , no Hospital São Cristóvão seu pa rtido, ou o outro. Ou Manuel Tavares Caval-
(hoj e, o nome cer to é Newton Lacerda ). canti, homem de Alagoa Nova, autor de um livro fá-
Quando a dor era peq uena, passag eira, o doente cil, de nome difícil - "Epítome" .
ia à farmácia de Azevedo (pai de Walte r Azeve do), de Quem? Qu al dos dois?
Odon Leite (pai de Clodomir, depois deputado fede- Pois vejam: nenhum .
ral por Pernambuco) , ou na de Seu Zezé (verea dor Vitor iosos, os liberais fecharam o Congresso por
quatro ano s.
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Todos perderam . Nunca o comércio , a indústria e a agricultura
E ele fora procurado, em casa, na Usina San ta saíram-se tão bem.
Rita (ex-Cumbe) pelo Governador Arg emiro Figuei- Doutor Get úlio não e ra perrep ista, era um pai
redo, e voltara a s er ouvido e consultado, a e leger pre- para os pobres.
feitos do m unicípio e da região. E para os ricos ? Uma verdadeira mãe .
O primeiro Interventor , ainda imat uro, chegara Doutor Flá vio (é melhor chamá-lo assim, pois
a suprimir a emancipação de Santa Rita, com o fim de assim era como o povo o chamava) pensava dessa for-
hospi talizá-lo. ma.
Argemiro reabili tara o município, com Pre feitu- Um dia, se decidiu: ir ia ser sua luta para o que
,
ra própria e e leiçõe s, voto secreto e v oto femi nino, \
desse e viesse:
dando-lh e muito m ais prestígio do que no tempo das Construir um Hospital novo, grande, para caber
atas falsas, dos votos de cabresto, nos quais nunca fora todo o seu povo, e o médico-chefe seria seu filho, João .
tão bom quanto os bacharéis e os b urocratas . Chamou João Crisóstomo e foi claro:
Mas, no Bras il, nada dura muito tempo. Tudo é - Olha, eu faço um hospital em um ano e, se qui-
efêmero.
ser, em seis meses. Se é loucura, vale a pena. Em en -
As co isas são passageiras . crenca maior já me meti e minha protetora, a Santa,
Veio 1935, com os comunistas a meaçando botar me livrou . Vou construir sozinho essa ca sa de saúde,
fogo em tudo.
ainda que tenha de vender para o açougue de Zé Duré
Vieram os in tegralistas prome tendo pintar de
o último boi de Jatobá . Mas, para fazer um filho mé-
verde tudo o q ue era canto da terra, gara ntindo (dizi-
dico, pa ssam-se cinco anos . Você vai (não me respon-
am) a verdade única, a fé única, a raça única, e a cor
da) fazer vestibula r no Recife, vai se formar, e eu vou
única.
construindo o hospit al devagar, comprando os equi-
A Interventoria de Ruy Carneiro era branda e
pamentos e inst rumentos cirúrgicos. Quando menos
conciliadora, sem perseguição a ninguém.
se esperar, vou fazer uma festa só para comemorar
Até José Pereira, do qual não se ouvia falar, há
sua formatura e a inauguração do hospital . Quem for
cinco anos, vol tou para sua casa, sua terra , para cui-
vivo, verá .
dar de sua fa mília.
Mas, Deus não quis assim .
Mas, dia e noi te, vinha aquele mesmo son ho:
João Crisóstomo fez vestibular, foi aprovado , e
A Casa de Saúde, o Hospita l, o seu povo, seus
os pedreiros começaram a edificar o hospital no Papo
empregados e se us compadres, todos sem assistên cia
da Coruja, era assim que se chamava o sítio de sua
médica.
propri edade, e onde está, hoje, instalado, o Hospital
Como fazer para ajudá-los?
Governador Flávio Ribeiro Coutinho, nome que foi
Mas, o tempo de guerra, em termos econômicos,
colocado após sua morte.
foi uma paz.
Mas, Doutor Fl ávio não era Deus.
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Era apenas filho de Deus e correligionário de al- Aí, viu -se uma ONU dentro do Céu, com a ju -
guns santos graduados e superiores hierárquicos na daizada cristã enfrentando os europeus refinados .
Corte Ce lestial . Bem, isso já é conversa para quem já morreu, ou
O seu tempo, na vida material, estava escrito no ouve os que já morreram (que é o meu caso e o de
Grande Livro do Destino. Hélio Zenaide ).
O tempo ia passando, os dias correndo ligeiro, Mas, tudo se resolveu, com o seguinte veredicto:
morrendo uns, nascendo outros, mas todos envelhe- a paz volta ao Céu (onde só há briga para se sentir as
cendo. delícias de se fazer as pazes).
Os santos de seu partido tentando, por todos os Doutor Flávio não teria um dia a mais e um d ia a
meios, parar o tempo. Queriam, mais do que o velho menos de vida.
Flávio, a obra construí da e distribuindo saúde ao po - Mas, nos últimos anos, ele seria contemplado com
vão. ,
Aí foi a vez de Santa Rita, Santana, de todos aque - , o Governo do Estado do Rio Parahyba do Norte que,
no fundo de sua a lma, era seu dese jo.
les santos primitivos, que tinham pelo Doutor Flávio E o seu filho se formaria em Medicina quando a
um carinho especial, eram judeus (como ele), como construção do hospital fosse conclu ída.
era também judeu o próprio São José Carpinteiro, e Dois ou três anos depois, Flávio, já no Governo,
Nossa Senhora da Conceição, todos interferindo . é acometido de um A Vc , licencia -se e depois renun -
Val ia o espírito de corpo, a solidriedade de sem- cia.
pre. Com a morte do pai, João Crisóstomo tem de fi -
Foram a Deus (claro que a toda hora chegam ca - car à frente da empresa, retorna à Paraíba, e fecha a
sos desses para Jeová resolver , ou Ele morreria de té - matrícula na Universidade.
dio), e leram o Relatório. O preço do açúcar cai, no mercado, a construção
Os santos anti-semitas ficaram amuados, de cara do hospital pára .
fechada . Santo Agostinho resmungou pelos cantos, e
Mas, para os fortes, não há derrota .
São Tomas Morus, inglês e intelectual, ia, mais uma
Hoje , vejamos o placar final: a direção da Usina
vez, armando das suas, como já fizera na Corte do Rei
Santa Rita (filhos de Flávio e Berenice ) doam o edifí-
Henrique VIII .
cio quase concluído a uma instituição filantrópica da
Mas, aí, Santa Joana D' Arc, camponesa, francesa
Holanda, dirigida por Irmãs de Caridade, papistas,
(por isso mesmo vive arengando com os santos ingle-
para finalizarem o prédio e colocarem o hospita l em
ses) se meteu no meio e ameaçou o autor de" A Uto-
funcionamento, servindo a pobres e ricos.
pia" com sua afiada espada.
João Crisóstomo retornou à sala de aula, trocan -
No Céu, ninguém sente dor, mas que a espada do a Faculdade de Medicina de Recife pela de João
corta , isso é verdade. Pessoa, e pega o canudo de pape l que o torna Médico
30 até o fim dos seus dias.
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Flávio Ribeiro e a Primeira República vinte anos .
Quando falava em restrição, na verdade, Furta-
À primeira vista, Flávio Ribeiro Coutinho pode do queria dizer vingança, exclusão.
ser considerado um político santaritense, com muita Pois bem, Flávio foi surpreendido (poderiam di-
honra para este município. zer seus adversários) com a implantação do voto se-
Mas, a rigor, nasceu em Gurinhém, na Fazenda creto e do voto feminino.
"Chaves" que, à época, pertencia ao município de Pi- Em 1933, não disputou nenhum mandato, mas
lar, um dos mais antigos do Estado, que já existia, quan- seu grupo político sim . Elegeu-se o Deputdo Adalber-
to Ribeiro; todos os prefeitos de Santa Rita, Espírito
do éramos apenas Capitania: surgiu como aldearnen- Santo e Sapé eram seus aliados.
to de indígenas catequizados pelos inacianos da Com - A região da Várzea constituía perto de 10 por
panhia de [esus." cento do Estado . Pois Santa Rita começava nas mar-
Formando-se em Medicina, em Salvador (Bahia), gens do Rio Sanhauá e ia ao oceano.
voltou à terra e depois se estabeleceu no Pará, viven - Em outras palavras, faziam parte de seu territó -
do o Ciclo da Borracha. rio os distritos de Barreiras e Lucena, hoje municípi -
Demorou pouco tempo e retornou à Paraíba, os. Sendo que Barreiras, no fim da última guerra, tro -
onde abriu consultório médico em ltabaiana. Deve ter cou de nome, passando a chamar -se Bayeux, em ho -
sido o primeiro médico residindo na próspera cidade. menagem à primeira cidade francesa localizada nas
Tudo isso na Primeira República . imediações do Canal da Mancha, libertada pelas tro-
Trocou ltabaiana por Santa Rita, ao se tornar só- pas aliadas.
cio da Usina São João e, logo após, proprietário da Já Espírito Santo," cortado pelo Rio Paraíba, fa-
Usina Cumbe, a qual pertencia ao Tenente Costa Aze- zia fronteira com Pernambuco, pois integrava-o Pe-
vedo, pernambucano que retornou à terra natal, onde dras de Fogo, indo até perto de Pilar . São Miguel de
passa a dirigir a Usina Catende, o maior parque açú- Taipú era, igualmente, território de Espírito Santo.
careiro daqueles tempos . E Sapé? Chegava às terras do então município
Mas, durante a Primeira República, Flávio Ribeiro de Guarabira. Era solo sapeense Araçá, mais tarde re-
batizado de Mari, e igualmente emancipado.
assume a atividade política e está na contra-mão da Tudo sob a orientação de Flávio Ribeiro Coutinho.
História, quando ocorre a Revolução de 1930, tudo Para tanto, não aderiu, mas se aliou, somando
indicando que chega ao fim sua carreira política, sa- todas as forças políticas do Estado à pacificação pro-
bendo-se como ficaram os perrepistas. posta por José Américo .
Em recente entrevista, o escritor Celso Furtado, Quase tudo dava certo pois, pela segunda vez
testemunha de tudo o que ocorreu no Estado do Rio no século, um paraibano chegou a disputar a Presi-
Parahyba do Norte, naqueles dias, ainda que menor dência da República.
impúbere, disse que a restrição aos perrepistas durou
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Mais do que perrepista, Flávio Ribeiro era parai- nalista do que qualquer outra coisa, diretor de "O Co-
bano . mércio"; Manoel Castro, o maior comerciante de en-
O voto secreto e feminino o favoreceu. tão que, infelizmente, faliu, e se retirou da Paraíba
. Nada dependia mais do chefe político, da políti- para o Rio de Janeiro; Manoel Londres, farmacêutico
ca palaciana, da indiferença à opção popular, das atas e avô dos médicos Jacinto e João Medeiros Filho; Izi-
adulteradas, da imprensa arrolhada. dro Gomes, também advogado e político; Virgínio
Como era de excelente visual, bonito (mesmo já Veloso Borges; Hermenegildo Di Láscio, italiano, na-
em idade avançada), ficava mais fácil se fazer aceito turalizado brasileiro, construtor e arquiteto. Entre
no meio feminino. outros.
Quem freqüenta o auditório do IHGP, em João Em 1937, Flávio Ribeiro Coutinho foi eleito seu
Pessoa, observe a galeria dos ex-Governadores (Presi- Presidente .
dentes) paraibanos, onde os retratos de dois deles se Em 1939, quando o Governo Argemiro Figueire -
1<'
sobressaem neste campo: são F lávio Ribeiro Coutin ho do era combatido por gregos e troianos, a reeleição de
e Oswaldo Trigueiro. Presidente da Associação Comercial foi acirrada .
Parecem até confirmar o grito dos comícios ude - Flávio obteve 84 votos, e seu opositor, João Amo-
nistas: . rim, 16 .
C?swaldo Trigueiro Quem era João Amorim?
E bonito e é solteiro. Foi dono da Fábrica de Cigarros que funcionava
na Cidade Baixa, no prédio ocupado, hoje, pela Pre-
feitura Municipal de João Pessoa, perto das ruas Gama
Associação Comercial: e MeIo e Cardo so Vieira .
A vanguarda em defesa dos produtores Diga-se de passagem: foram criminosas as refor -
mas realizadas nesse edifício, em 1956, que perdeu sua
A atuação da Associação Comercial da Paraíba fachada de características Art-Decor.
j~ foi decisiva na formação da opinião pública, parti- Hoje, não é mais nada, apenas um marco histó-
cipando de tudo que dissesse respeito ao Estado . rico mutilado.
Foram da maior expressão os presidentes da en- Mas, só se perpetrou esse crime anos depois do
tidade que, para alguns, era considerada apenas por- desaparecimento de João Amorim. Bem, isso é outra
ta-voz das classes conservadoras. estória.
Na rea lidade, era a vanguarda em defesa da Pa- A fábrica produzia cigarros para as classes me-
raíba. nos favorecidas, destacando -se os das marcas "Popu -
Na galeria de seus ex-Presidentes, encontram-se lar" e "Deliciosos" .
nomes de expressão, como: Brito Lira, ex-dono da Usi- Terminou sendo sufocada pela Souza Cruz, que
na Cumbe e da Fábrica Tibiry; Artur Achiles, mais jor- dominava 98 por cento da indústria tabagista nacional.
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J
Enquanto viveu, João Amorimfazia política e era Porta-voz do Comércio, Indústria
ligado ao Senador Epitacinho, tendo hospedado, di - e Agropecuária
versas vezes, o líder maior do PTB, Getúlio Vargas,
em sua casa, na Praça Castro Pinto, imediações da Av. À frente da Associação Comercial (1939 /1941),
João Machado. Flávio Ribeiro Coutinho ocupou todos os espaços para
Passava o dia vendo suas operárias, enrolando proteger o Comércio, a Indústria e a Agropecuária da
cigarros (todo o trabalho era semi-artesanal), ou to- Paraíba.
mando cafezinho na esquina, em companhia do De- Interpretou o que pensavam as classes produto-
putado Antonio Pereira de Almeida, falando sobre o ras prejudicadas pelos concorrentes de Recife e Natal,
c, '
Chefe Nacional, ou o Patrão, como o chamava Alzira que gozavam do direito a fretes mais baratos no em-
Vargas." barque de seus produtos (algodão, principalmente)
Em 1939/1940, conspirou, em companh ia de nos navios .
Hermano Sá, JOSé Leal e outros, a derrubada de Arge- Aliás, a nossa cotonicultura viveu seus melhores
miro, o que foi conseguido. dias, exportando para a Alemanha .
Isto, porém, não obstaculou que, em 1947, esse Mas, inesperadamente, o Governo Federa l im-
grupo se aliasse ao Interventor deposto para eleger pediu a aquisição dessa fibra pelo Governo alemão.
Oswaldo Trigueiro para Governador, e Epitacinho, Tudo para atender aos Estados Unidos, já às vésperas
para suplente de Senador. da Segunda Guerra Mundial .
Tudo com a participação e aprovação de Flávio. Mesmo assim, a Associação Comercial da Paraí-
Tanto assim que Epitacinho foi suplente de Adal- ba procurou o Governo Federal, na tentativa de en-
berto Ribeiro (eleito para o Senado no ano anterior ). contrar uma saída honrosa para a crise .
A comemoração do pacto realizou-se com um Em outras palavras: em parte, bancamos a guerra.
jantar opíparo, na casa da Rua das Trincheiras, onde o Defendeu, ainda, os produtores de vinho de caju
velho Flávio residia . e jenipapo que, de uma hora para outra, viram-se a
João Amorim era tio de Ieda Regis (filha de José braços com uma taxação excessiva.
Régis) que, em 1948, casou-se com Cassiano Ribeiro O pleito da entidade (dirigida por Flávio) foi
Coutinho, sobrinho do velho Flávio. atendido, permitindo a produção de vinhos tradicio -
Como estou sempre repetindo: brigas, empur- nais, como os da firma Tito Silva, fábrica locali zada à
rões, desaforos, não eram o forte da maneira de Flá- ,,' Rua da Areia .
vio, e de muitos paraibanos, fazerem política (nem Ele lu tou, também, para trazer até o Es tado do
todos, infelizmente) . Rio Parahyba do Norte, o cabo submarino, na época ,
Já havia quem considerasse a Política uma arte o mais avançado meio de comunicação, sem o qual as
de povos civilizados. firmas exportadoras de algodão, couros, etc., não teri -
am competitividade no mercado internacional .
36
37
Uma perseguição que durou o Tudo na marra, muito próprio para um delega-
vinte anos t do de ditadura.
r Mas, para surpresa de todos, quando José Amé-
Apuradas as urnas do pleito de 1945, após a â rico concedeu ao jornalista Carlos Lacerda a famosa
que- n entrevista, lançando a candidatura do Brigadeiro
da do Estado Novo, nossa terra elegeu dois Senado- s
res: Adalberto RodriguesRibeiroe Vergnaud i
Wanderley. t
Eram os primeiros senadores eleitos pelo voto o
secreto, em toda nossa História, e com concorrentes. .
Como se sabe, o voto secreto foi implantado nas D
e
eleições de 1933, as primeiras após a Revolução (?) u
de u
1930. m
Caí em erro no que dizer? Não, pois no Estado a
do Rio Parahyba do Norte, nos anos 30, nenhum polí- f
e
tico concorreu ao Senado Federal pela Oposição. i
Ou porque o candidato José Américo tinha a ç
unanimidade dos paraibanos que o julgavam herdei- ã
ro natural para ser Presidente da República (de fato, o
foi candidato em 1937, mas o golpe o tirou do páreo), m
o
ou porque deu certo o acordo entre os ex-aliancistas e d
e
ex-perrepistas, todos unidos por Argemiro Figueire- r
do. Foi tudo na base do conchavo. n
Tubo bem. a
à
Mas, voltemos aos Senadores Adalberto Ribeiro
c
i
e W anderley.
d
O segundo foi nomeado, em 1940, Prefeito de
a
Campina Grande, e fez uma administração Nota 10,
d
abrindo ruas, desapropriando casas que obstaculavam
e
.
Eduardo Gomes à Presidência, o primeiro
telegrama
38
"'
t rinho forte.
u Por isso mesmo, não o contemplaram com ne-
r nhuma sinecura, de marajá ou membro do Tribunal
m de Contas.
a Adalberto, ainda muito moço, namorou, noivou
d e casou-se com Otaviana Ribeiro Coutinho, filha do
o Major João Ribeiro da Silva Coutinho.
p Logo de saída, ocorreu uma coincidência de no-
a mes: ambos eram Ribeiros, ainda que não fossem pa-
r rentes, coincidência que ora ajudava ora prejudicava.
a 39
de aplausos que recebeu foi do Prefeito de Campina i
Grande, o citado Wanderley . b
. Após isso, não havia mais clima de permanecer a
como homem de confiança de Ruy Carneiro, que re- n
presentava aqui o Estado Novo. o
Entregou o cargo e foi para casa. A
É óbvio que a UDN recém-fundada no Estado u
por José Américo e Argemiro, ficou com uma dívida g
moral para com Wanderley, que por isso mesmo foi u
lançado candidato a Senador . s
Mas, a campanha, ao contrário das maiorias rea- t
o
lizadas até então, (quase unanimidades) na disputa d
pelo Senado, teve luta. o
O PSD, de Ruy Carneiro, partido dos interven- s
tores, lançou os nomes de José Pereira Lira e Antonio A
n
Guedes, secretário da Interventoria, advogado e filho j
de Guarabira. o
Pereira Lira foi o outro candidato pessedista ao s
Senado. .
Foi luta dura, disputada, o que não era hábito. Não
Mas, voltemos a Adalberto Ribeiro, natural do tinh
vizinho Estado de Pernambuco, onde também estu- a
dou e formou-se em Direito, sendo companheiro de pad
Adalberto veio para o nosso meio e terminou Em 1945, c omo já disse, foi eleito Senador.
como a maioria dos seus cunhados. . A essa altura, perrepistas e liberais já conviviam
Fundou a Usina "Espírito Santo", a três quilô- em paz, e foi suplente de Adalberto, perrepista, o fi-
metros da cidade de Cruz do Espírito Santo , bem per - lho do Presidente João Pessoa , o irrequieto Epitacinho.
to da linha férrea e da estação d e trem. Também conc orreram, neste pleito, dois candi-
Isto era da maior importância, numa época em datos registra dos pelo PCB: o advogado João Santa
que o transporte rodoviá rio ainda estava engat inhando . Cruz e Carlos Prestes, qu e obtiveram pequena
Ele era também engenheiro prático e fez o que votação.
pôde para conseguir sucesso na empresa sucro -alcoo-
leira qu e montara. , ;
52 53
Como se sabe, concorriam, naquela ocasião, ao o melhor Governador
Governo, dois grandes paraibanos: Flávio Ribeiro Cou- da Paraíba
tinho (UDN, PSD e PL) e o advogado Renato Bastos
(PST, PCB, PTB). Qual o melhor Governador da Paraíba?
. Paraibanos, acima de tudo, os candidatos diver- Todos. - É a resposta certa.
giam porque eram democratas, não tendo, portanto, Mas, quem queira porque queira me contrariar,
a obrigação de pensar da mesma maneira . que leia o último livro de Oswaldo Trigueiro de Albu-
Fui atendido por Vaninha Mesquita , mãe de mi- querque e Melo, Galeria Paraibana, e vai chegar a uma
nha afilhada Maria Helena, e esposa de Expedito Mes- conclusão:
quita. O melhor Governador da Paraíba foi Flávio Ri-
Como já sabia (mas agora tenho certidão, uma beiro Coutinho .
prova provada), Flávio Ribeiro Coutinho, venceu nessa O único defeito desse homem de Estado (se isto
cidade, sendo que, na Capital, obteve o dobro de vo- pode ser apontado como defeito) foi ter adoecido, vi-
tação do seu concorrente . timado por uma diabete descompensada, mal de Pa-
Lembro-me que a luta da campanha foi árdua. rkson e AVe . Só foi vencido por estes três inimigos,
Ao lado de Renato Bastos, se posicionava a es- decorrência da idade.
querda, com Damásio Franca e Oliveira Lima, entre O Governador Flávio Ribeiro Coutinho não re-
outros. cebeu a Chefia do Executivo de mão beijada.
Ao lado de Flávio Ribeiro, os caciques de então: Não foi nomeado por quem qur que seja, nem
José Américo, Argemiro e Ruy Carneiro. também foi candidato único .
Em Santa Rita, a briga foi feia. Ele pertence, para honra sua, à minoria de go -
Ao lado de Flávio Ribeiro, se colocavam João vernadores paraibanos filhos das urnas.
Raposo Filho, Antonio Gomes, Antonio Teixeira ". Egí- Alcançou o Palácio da Redenção após longa mi -
dio Madruga fez todo trabalho de rua, de propagan- litância político-partidária.
da e ornamentação de palanques . Na eleição de 1955, sucedendo a José Américo
Apoiando Renato Bastos, estavam o Deputado de Almeida, foi candidato da UDN (era Presidente do
Heraldo Gadelha, o ex-Prefeito Diógenes Chianca, e Diretório Estadual), com o apoio do PL, ou seja, do
o ex-Deputado Arnaldo Bonifácio. próprio José Américo e de Ruy Carneiro (PSD).
Foi batalha das mais difíceis, onde pesavam as Mas, teve competidor à altura, na pessoa de Re -
brigas locais. nato Teixeira Bastos, um dos mais destacados e atuan -
A certidão do TRE é uma prova tirando qual- tes advogados do nosso fórum, com grande clientela,
quer dúvida. registrado pelo PST e apoiado pela esquerda e pelo
PCB, ainda que na clandestinidade, tinha uma mili -
54
tância invejável .
56
O próprio PS T e s eus aliado s, neste ple ito, lança-
ram c andidato próprio à Prefeitura da Capit al, na pes-
soa do ent ão vereador Dam ásio Barb osa Fra nca. Seu
vice e ra o en genheiro Spi elberg (v ereador) .
E Flávio Ribei ro Couti nho foi, na Capita l, o ca n-
didato mais votado, obtendo o dob ro da votação dos
demai s.
Venceu em todos os mun icípios do Estad o, in-
clusive e m Santa Rit a. Em igual d ata e ple ito, o acadê-
mico de Medicina , João Crisóstomo, s eu filho, foi eleito
57
Foi a primeira e statal destinada a estender, pel o 58
mapa da Paraíba, energia g erada pela Chesf,utilizan-
do, para tanto, as águas d o Rio São Francisco, na C a-
choeira de Paulo Afon so.
Antes, havia, na Capital, a Usina termoelétrica,
consumindo lenha da Ma ta Atlântica. Func ionava na
Ilha do Bispo, onde o prédio ainda resiste ao tempo .
No restan te do Estado , eram motore s consumin-
do óleo diesel e que trabalhavam da s 18 às 23 hor as ..
Era este o caso de Sap é, Cuarabira, Patos, ltabaian a,
Ingá, Gurinhém, etc . .
Flávio atacou o maior problema, o desafio que '
amedrontava a todos.
Entregou a direção d~ Codebro ao Desembarga-
dor Braz Baracuhy , que partiu do 'nada d e um pap el.
Fez O que pôde e o que não pôde .
Além do capit al inicial da soci edade anônima
coberto pelo Governo Estadual, .apélou para a subs -
crição dê Ações Preferenciai s, fazendo ampla camp a-
nha .pela imprensa daquele t empo. Mobili zou a todos.
O período ad ministrativo de Fl ávio foi .curto. Na'
verdade, curtí ssimo. Licenciou ... se após pouco mais de
um ano de Governo, pata tratamento de saúde.
.
. Não se recuperou, ainda que se tenha hospit ali-
zado no Ho spital do servid or Público, no Rio de [ a-
. '
neir o.
Mas, a idéia, os alicerces, o pontapé inicial para
levar ener gia a toda parte foram de sua iniciativa. Nin-
guém lh e nega o pioneirisrno .
Seu sucessor, o vice-Governador Pedr o Moreno
Gondi m, continuou a caminhada. Antes de quatro
anos, as prime iras cidades' do int erior paraibano j á
contavam com a luz de P aulo Afonso, libe rtando-se
das trevas, para sempre.
Mas o nome já era, então, Saelpa.
Pedro Gondim também prosseguiu com a po lí-
tica de Flávio de emancipar distritos que integravam
velhos mun icípios.
Foi o caso de Rio Tinto, antes part e de Mar nan-
?uape; Belém, que per tencia a Caiçara; Cabedelo, que
mtegrava o próprio município de João Pessoa, e Solá-
nea, que era território bananeirense.
Como era natural, Gondim foi responsáve l pelo
maior número de municípios criados em se us dois
mandatos.
Governou mais de sete anos quase que i ninter-
ruptos .
Mas, do primeiro amor ningué m esquece ou,
para usar uma expressão popular corrente: a pr imeira
impressão é a que fica .
Por isto é que não se pode esquecer este fa to:
Flávio modificou, sacudiu, mexe u, deu novo co-
lorido a? mapa político do Esta do do Rio Para hyba do
Norte. E óbvio que houve grandes res istências à cria-
ção dos municípios então emancipados.
Brigas de foice quase iguais à da Guerra dos Mas-
cates d e 1710, que teve origem exatame nte na eman-
cipação de Recife, que recebe u combate dos olindenses.
Guerra feia (não há guerra bo nita), com armas
de fogo, espadas e mortes de parte a parte.
Ainda bem que, 250 anos após, não se chegou a
tanto.
Outra marca registrada do Gover no Flávio Ri-
beiro: a criação do Ginásio Estadua l de Sapé.
Antes, só a Capital e Campina Gra nde mereci-
am este privil égio>.
Foi, portanto, o primeiro educandário p úblico e
gratuito do interior, educando os fi lhos dos p equenos
59
comerciantes e outras categorias que não podia m pa- Diga-se de passagem que participou da dis puta
gar pensão para os filhos cursan do o velho Liceu, em eleitoral na Primeira e Segunda Repúblicas, ati ngin-
João Pessoa, ou o novo Colégio Estadua l de Campina do maior destaqu e após a implantação do voto se cre-
Grande . to e do voto feminino que emolduram a Democracia .
Mais uma vez, Pedro Gondim fez o que devia: Foi segundo Vice -Presidente, quando do quatri-
dar continuidade a esse empenho . E mais do que ou- ênio de João Suassuna, em 1922 . Antes, foi ele ito e
tro governante, edificou, em seu mandato, pré dios exercia o mandato de Deputado Estadual .
para ginásios estaduais no Brejo, Sertão e Cariri. O pai de Ar iano Sua ssuna (nasceu este no Palá-
Uma prova de que sempre houve conti nuidade cio) sucedeu a Solon de Lucena e foi sucedido por João
administrativa, independente de qual part ido, seja o Pessoa. Faltaram concorren tes aos três .
governante. Igual sorte t ambém est ava reservada aos seus
A Saelpa de hoje, ou de já há algum tem po, é a vice-Presid entes, sendo esta a regra geral, na queles
maior empresa paraib ana em termos de faturamento. dias do século passado.
Ninguém pode conceb ê-Ia sem compor a paisagem Em 193 0, numa eleição d isputadíssima , foi can -
administrativa de nossa t erra. didato a Deputad o Federal pela Oposição , ainda que
Foi abençoado o dinh eiro investi do pelo Gover- contasse com o apoio do Presidente Washing ton Luiz.
nador Flávio Ribeiro Coutinho nessa área . Mas, por um a questão de distância (o Rio de Ja-
Hoje, se privatizada , o saldo de sua a lienação va i neiro, então Capital da República), para ganha r a elei-
permitir a construção de um grande n úmero de obras, ção bom mesmo era se ter o apoio do Presiden te (Go-
como abastecimento d'á gua, amp liação da rede de vernador ) da Paraíba.
estrad as asfaltadas, de tal mo do que va i se multipli- Principa lmente numa eleição em que o Pr esiden-
car em termos d e difícil cá lculo aritmé tico esse gasto te do Estado era candidato à Vice-Presidência da Re-
na edificação do que é hoje a nossa empresa de distri- pública, sem t er que se licenciar ou renunciar ao man dato.
buição de en ergia elétrica. Em tese, o Presidente do Estado po dia demitir, a
Por tudo isso, pelo muito que fez durante o tem- qualquer hora, prefeito de qua lquer cidade, e de lega-
po curto em que ocupou o Palácio da Redenção, F lá- do de políci a".
vio Ribeiro Coutinho s ó fez honrar o seu nome e o de Os candidatos ao Senado e à Câmara do s Depu-
sua terra . tados submetiam-s e a uma eleição com voto desco-
berto, aliás, eleição falsa .
A mulher e ra proibida de exercer o dire ito de
Tolerância política voto.
Mais ainda: e xistia, na legis lação, o re conheci-
Poucos políticos foram mais tolerantes do que mento fina l, por uma Comissão da Câmara dos Depu -
Flávio Ribeiro Coutinho . tados, que funcionava como terceiro turno .
60 61
Raramente ocorriam pleitos disputados. E, quan - ros dias da UDN, que este partido escolhera como can -
do houve, os dois lados se proclamaram vitoriosos . didato ao Senado, Argemiro .
Foi assim em 1900, quando o Desembargador Este declinou do convite e confidenciou a Aluí-
José Peregrino de Araújo" concorreu como o apoio zio, de quem era primo, o receio de perder o pleito
de Álvaro Machado contra João Tavares de Melo Ca- majoritário.
valcanti, ligado este ao ven âncio-epitacismo. Na época, não existiam, ainda, os escritórios de
Em 1930, deu-se a mesmíssima coisa. pesquisa de opinião, e o populismo de Ruy Carneiro
Flávio Ribeiro, João Suassuna e Acácio Figueire - atemorizava-o.
do chegaram a exercer o mandato de par lamentares Preferiu sair candidato à Câmara dos Deputa-
eleitos pelo terceiro turno, ou seja, com a depuração dos, saindo-se como o mais votado.
dos candidatos aliancistas. Mas, convidou Aluízio a acompanhá -lo à Capi-
Era a época, com seus vícios, seus defeitos e, ra - tal, no dia seguinte . Juntos, ofereceram o lugar exata-
ras vezes, com suas virtudes. mente a Flávio Ribeiro, do qua l Argemiro era
Vitoriosa a Revolução, o Congresso fo i fechado e compadre.
só reabriu as portas quatro anos depois, para nova- O convite não foi aceito.
mente fechá-Ias com a implantação do Estado Novo Dizia, ou diz ainda, Aluízio, que o Patriarca da
(nome da Ditadura de Vargas). V árzea alegou seu passado perrepista.
Em 1945, foram marca das as eleições e constitu - Afinal , tinham decorridos só quinze anos da tra-
íram-se os partidos. gédia da Confeitaria Glória, onde João Pessoa fora as-
Na Paraíba, os amigos de Argemiro (era o caso sassinado, em Recife .
de Flávio Ribeiro) e de José Américo se uniram na Ainda que tenha sido caso pessoal, os adversári-
União Democrática Nacional (UDN), lutando pe la vi- os iriam fazer deste fato a maior bandeira.
tória do Brigadeiro Eduardo Gomes. Depois de muita conversação, saiu como candi-
Já os a liados do interventor Ruy Carneiro se abri- dato ao Senado o ex-Deputado estadual e ex -usineiro
garam no Partido Socia l Democrático (PSD ) e, com o Ada lberto da Cruz Ribeiro, viúvo de Otav iana, uma
apoio de Getúlio (também fundador do PTB), e lege- das irmãs de F lávio .
ram como Presidente da República o General Eurico O outro candidato foi Vergnaud Wanderley, ex-
Gaspar Dutra. Prefeito de Campina Grande, apontado por José Amé-
Mas, aqui, em nossa terra, foi vitoriosa a chapa rico. Os dois foram e leitos.
da UDN ao Senado e à Câmara dos Depu tados. F lávio
não concorreu no p leito, como também de le não par -
ticiparam Ruy Carneiro, José Américo. Um Governo sem nepotismo
Contou-me, há mais de dez anos, em 1982, o ex-
deputado Aluízio Campos, que participou dos primei - Quem não quer um Governador que não enxer -
62 gue só os parentes?
Hoje, salvo honrosas exceções, chefes de Estado O clã sentia-se desp restigiado (sem, no entanto,
(ou prefeitos) apend eram, repetem e praticam o r e- se queixar), inviabilizando a carreira política de mui-
frão popular. Mateus, primeiro os teus. Outros dize m tos dos seus .
assim: Mateus, só os teus. Poderia alguém aleg ar falta de quadros.
Pois bem, o Go vernador Flávio Ribeiro Coutinho Não procede essa ale gação, e vou citar dois ou
foi uma honrosa exce ção. três nomes do maior valo r que não foram convidados
Por estranho qu e possa p arecer a alguns, não (mas, nem por isso brigaram).
nomeou parente s para o primeiro, segundo ou tercei- Odilon Ribeiro Cout inho, membro atual da Aca-
ro escalões . demia Paraibana de Letras, e um do s maiores confe-
Mas, no seio d a família, ningu ém era mai s esti- rencistas do Brasil, seria um deles.
mado (amado, digo m elhor) d o que ele. Outro: [ordão Emerenciano, casado com Maria
Retribuía essa af eição d e mil formas: cuidando da Penha, sobrinha do então Governador, autor de
com zelo dos negócios dos irmãos; tom ando como suas vários livros, membro da Academia Pernambucana de
as brigas dos sobrinh os (pequ enas, graças a Deus); aju- Letras, professor universitário no Recife, ex-Chefe da
dando a todos quando , por isso ou por aquilo, um con- Casa Civil do Governo Cid Sampaio e suplente de Se -
tratempo caía sobre algum dos seus; nas doenças, nã o nador.
só era o médico, m as também o enf ermeiro, mudan- Terceiro nome : todos os seus filhos e sobrinhos,
do-se para a casa do enfermo e faz endo vigília ao p é entre os quais me incluo.
do leito. Doutor Flávio Ribeiro passou pela Presidência
Vivia em uma época em que , sem antibiótico, o da Assembléia Legislativa da Para íba, sem usar o car-
intern amento em hospital era uma t emeridade . go para assinar enxurrada de nomeações, continuan -
Anos depoi s, descobriu- se o perigo da infecçã o do essa política de austeridade como Governador .
hospitalar que, na pr imeira metade do século XX, vi-
timou tanta gente. Segurança Pública: a paz a todo custo
A comunidade, p or intui ção, fugia dos hospitai s,
e contava-se a e stória do chá-da-meia-noite, servido Na avaliação de muitos, bom Governo é o que
aos doentes t erminai s. Claro que, em parte, era lenda. planta carvalhos .
Mas, na dúvida, era melhor t ratar-se em cas a. Para outros, é o que planta couve.
As senhoras, inclu sive da classe mãe, pariam em Ou se faz opção pelas obras gigantescas, pere-
casa, na cama do casal . nes, como a CodebrojSaelpa, ou pelas medidas ur-
Mas, vol temos a Fl ávio Ribeiro Coutinho , o qual gentes, do dia-a-dia , do assistencialismo, mais das ve-
tinha o apreço de todo s que - repito - era devolvid o zes apontadas como clientelismo .
com igual afeto, sem , contudo, comprometer o e rário Mas; o administrado r equilibrado, de seu senso,
público ou d o partido.
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divide a sua preocupação e os recursos com que conta A principal meta não era a punição dos crimino-
entre as duas verten tes. sos, mas a prevenção do crime.
Flávio Ribeiro Coutinho foi a ssim. Sem ocorrer delitos, garantia-s e a vida do cida-
Uma de suas metas, perseguida e alcançada, foi dão comum e evitava-se clima para a parecer os delin -
manter o pagamento do funcionalismo público rigo - qüentes .
rosamente em dia. Policiamento ostensivo ainda é o melho r me io
Ao lado disso, preocupou-se com a valorização de se garantir o sossego e s e evi tar a in justiça.
do servidor, atendendo, na medida do possível, os Por outro lado, durante o seu Governo , não con-
aumentos de ven cimentos do funcionalismo . traiu dívidas e nem levantou empréstimos .
Tan to assim que, no seu Governo, foi muito bom Em outras palavras, não onerou as f inança s esta-
o relacionamento com a Aspep, órgão de c lasse, à épo- duais nem deixou dív idas para se us sucesso res p aga-
ca, dirigida (med iante eleição ) pelo líder c lassista Tan- rem.
credo Carva lho (ex-diretor do Jor nal "Brasil Novo", Não atiro u, porta nto, com pó lvora a lheia.
empaste lado pe la Po lícia, em 1931).
Tan credo co locava seu mandato e a entidade que
dirigia acima dos partidos, enquanto vivenciava, po- o segredo do bom Go vern o:
rém, uma leve tendência amer icista, que aflorava em os bons au xili ares
seus pronunciame ntos, não obsta nte sua preocupação
de sobriedade, que procurava man ter a todo custo" . A maioria dos po líticos q ue p assaram pelo Palá-
Outra tôn ica do Governo Flávio Ribeiro fo i sua cio da Redenção , na Pa raíba, não teve a s orte que co u-
preocupação com a Segurança Pública . be a Flávio Ribeiro Co utinho .
Conv idou para dirigir a Polícia M ilitar o Coro- A esco lha que e le fez para dirigir a Impre nsa
nel Edson Ramalho, Oficia l do Exército, e que deu con - Oficial e, por tabe la, o jornal" A União", lhe rendeu
uma boa biogra fia.
ta do reca do. Sei que sor te igua l também foi reser vada a João
A preocupação maior era prevenir assal tos à mão Agrip ino, b iografado por Sever ino Ramo s.
armada, tumultos, estupros, e tudo o mais que infe li- Mas, Camilo de Ho landa, Venân cio, Solon, Pe -
cita a pop ulação, nos dias atuai s. regrino, Álvaro Mac hado não foram bio grafados.
Parte do clima de segurança foi garantido pela Natércia Suassuna Ri beiro, dentro do plan o de
impl antação dos" Cosme e Damião", dupla de solda- Nelson Coelho, es creveu so bre João Suassuna que,
dos que, de bicic leta, percorria a noite de João Pessoa. como obra maior de s ua vid a, deixou os filhos , com
Como o orçamento do Estado não previa gastos desta que espec ial para Ariano, o teatrólogo.
com aquisição de bicicletas, Edson Ramalho solicitou Mas, o velho Flávio (c omo era cari nhosamente
(e foi atendido) doação desses veículos junto à indús- chamado pelos correligionár ios), quando e scolheu
tria e comércio da cidade.
67
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Sabiniano Maia seu auxiliar, foi duplamente contem- em cima de pedra, abrir estradas e fardar o alunado
plado. Acertou na milhar . das escolas públicas.
Sabiniano Maia era filho do município de Itatu- Tudo sem perder a calma, sem se afobar um mi-
ba, (ex -Cachoeira de Cebola). nuto sequer.
Perdeu essa denominação durante o Estado Não fez fortuna.
Novo, e seu povo gostou do novo nome do municí- Viveu bem porque o destino lhe deu urna esposa
pio. Só os saudosistas não se conformam . dedicada e apaixonada.
Maia deu a A União a função que lhe cabe hoje, Foi gemo e um dos herdeiros de um dos homens
como porta-voz do Governo, sem colocá-Ia a serviço mais ricos do Estado: Domingos Meirelles Paraguay.
de um partido, e sem onerá-Ia de um ou de outro Era político e pertenceu a um só partido, a
modo. Não roubou, nem deixou roubar . UDN28.
Ressuscitou o Correio das Artes, e criou A União O resto de seu tempo passou escrevendo livros.
Agrícola. Nunca ficava quieto.
Tinha dois vícios que o acompanharam a vida Além da biografia do velho Flávio, é autor de
toda e, com eles, baixou à sepultura : gostava de escre- uma monografia de grande valor : "Itabaiana, sua His-
ver, e de trabalhar quando o faziam Prefeito. tória, sua Memória", de "História de Quatro Viagens";
Em 1947, foi eleito Prefeito de Guarabira, em dis- os relatórios sobre sua presença à frente de Maman-
putado pleito, lançado pela UDN que, no citado mu- guape e de Guarabira foram transformados em livros.
nicípio, era, então, liderado pelo Major Osório Aqui- Nisto se assemelhava a Graciliano Ramos, o sau-
no e seu filho, o Deputado Osmar de Aquino". doso Prefeito de Palmeira dos Índios (Alagoas).
Ganhou nas urnas, tomou posse, e trabalhou dia Transparecia no seu semblante a doçura das pes -
e noite. soas de boa índole.
Construiu um mercado novo, fora da área urba- Nomeado Interventor de Sapé, se hospedou na
na, dentro do mato. casa do Padre Odilon Pedroza (na verdade, Monse-
Na ocasião, fo i criticado pela localização da obra, nhor), outro santo e intelectual que tinha visão igual:
mas fez a cidade crescer e, hoj e, Guarabira é o maior lia sem parar e escrevia quando tinha tempo. Só para-
centro comercial do Brejo. va para rezar missa, batizar e casar os paroquianos.
Tinha sido Prefeito de Mamanguape e, já octo- Padre Odilon Pedroza foi Diretor do Jornal A
genário, foi nomeado pelo Governador Tarcísio Buri- Imprensa e, de uma hora para outra, foi transferido
ty Prefeito de Sapé. para longe da Capital do Estado, por perseguição po -
Passou pela Prefeitura de Campina Grande e foi lítica. (1952)
Secretário de Justiça do Governo João Agripino . Aceitou calado a injustiça.
Mas, o que gostava mesmo era de colocar pedra Entregou tudo a Deus.
68 Também só deixou Sapé para sua última e defi -
nitiva viagem.
Fez do casti go p rêmio e preparou -se para entrar Antes, Epitácio Pessoa naufragara na s águas do
no Céu . Rio Sanhauá, ao tentar trazer os nav ios até a Cidade
Eram este s os homen s que vi viam na Paraíba . Baixa, ao Varadouro e Porto do Capim.
Sabiniano Alve s do Rego Maia escreveu, ainda, Não vou dizer que foi o bra do velho Flávio Ri-
"Caminhos da Paraíb a", "Crônic as e comentários", beiro Cout inho a construçã o do Port o de Cabedelo ,
"Do alto d a serra", "Em Santa C atarina", "Francisco muito mais uma realização de Antenor N avarro e Cra-
Edward A guiar", "U m ro sário de saudades" , "Sapé - tuliano de Brito, quando exercer am a Interventoria .
Sua Hi stória, su a Mem ória", "Supe rstições" , e "Tri - Mas, o ve lho Flávio ampliou o cai s, permitindo
bunal Region al Eleitoral", todos relacionados por Ho- atracar mais navio s ao mesmo tempo .
rácio de Almeida (atual ização de Mau rílio de Almei- Barcos das mais di ferentes ban deiras, garan tin-
da), no liv ro" Cont ribuição para uma Bibliografia Pa- do o comércio exterior da E uropa e da Amér ica do
raibana", editada em 1994 - 3 a edição. Norte, chegavam, trazen do peças, m otores, equi pa-
mentos, fari nha de trigo (garant indo o pão n osso de
cada dia), e o bacalhau, para que se c umprisse o jejum
A ampliação do Porto de Cabedelo da Quaresma e da Semana San ta.
Com o Porto exportando e importa ndo, ricos nã o
Nos meados do século XX, a economia e a vida
eram os supermercados Pão d e Açúcar, ou Superbox
social do Estado do Rio Parahyba do Norte respira-
e Comprebem, de pro priedade de co mercian tes de
vam pelo Porto de Cabedelo.
Regist re-se que, com estrada carroçável, ir ao Sul, fora .
ou se enviar para lá mercadorias (algodão, sisal, etc) Com o P orto apare lhado, co m boa ma nutenção,
era uma aventura. ricos eram nossos vizinhos e amigos Álvaro Jorge, a
Frutas como abacaxi , coco verde e manga, por famíli a Aba th e João Miner vino de Araújo, que fre -
exemplo , apodreciam em nossos campos, porque um qüentavam nossas fes tas, compran do vot os para ele-
caminhão, para chegar ao Rio de Jan eiro e São Paulo, ger a Rainha do pavilhão nos feste jos em h omenagem
demorava un s quinz e dias. No inverno, fic ava atola- às Padroeiras : Festa das Neves, no centro, das Hor- ·
do n a estrada. tênc ias, em Cru z das Ar mas, da Conce ição, na rua São
Não c abia ao G overno E stadual (nem ha via re- Migue l, da Torre, das lapin has de Cabede lo e Tam-
cursos p ara tanto) asfalta r os 4 m il quilômetros que baú, s ubindo o Cordão Azul ou subin do o C ordã o En-
nos sepa ravam desses grandes centros, e aind a mais carnado, nas fes tas de f im d e ano.
em terras de out ros E stados. Dinheiro d aqui ficava aqui.
Mas, era de re sponsabilidade da Paraíba o po r- Hoje, vai para o Cent ro-Sul, ou para o estrange i-
to, no estuário do rio, e m Cabed elo". ro, montado e m depósi tos bancários , em b ancos d e
capitalistas do Hemisféri o Norte .
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o leite pasteurizado: Flávio comprou terreno para construção de um
uma necessidade hospital para a Polícia, que atenderia a todos que pre-
cisassem. Um nosocômio do Governo do Estado.
Foi do então Governador Flávio Ribeiro Couti - Daí partiu para a construção, fazendo os alicer-
nho a idéia de pasteurizar o leite consum ido pelo pa - ces e levantando as primeiras paredes.
raibano, que ingeria o produto in natura, contamina- Logo mais, esta sua proposta seria encampada
do por coliformes fecais e outras impurezas, arri scan- pelo seu sucessor, Pedro Moreno Condir n.
do-se, inclusive, a ser vitimado por doenças transmi- Hoje, é o Hospital Edson Ramalho que, amplia -
tidas por a nimais . do por João Agrip ino, continua prestando serviços a
Eram apontados casos de brucel ose, doença ad- toda a comunidade paraibana.
quiri da através do leite de gado.
O Governa dor conseguiu com o FISI, órgão liga -
do à ONU, t oda a aparelhagem para i nstalar uma usi- Quem, um dia, não perdeu eleição?
na de pasteur ização, que usaria matéria-pr ima oriun-
da da zo na rural, criando, conse qüentemente, um Como todo político (não foi, não se posicionou
mercado cons umidor para a pecuária leiteira, que é, melhor ou superior a ninguém), Flávio Ribeiro Couti-
hoje, um dos pilares da nossa economia. nho também perdeu eleição.
Infelizmente, esse e quipamen to chegou, desem- Afinal, quem não foi, algum dia, mal su cedido
barcou, mas não saiu dos ca ixotes" . nas urnas? Só quem não faz política .
Não se c umpr iu o contrato (o velho Flávio, en- Em 1949, era Presidente da Assembléia Legisla -
fermo, já se afas tara do Governo), e o Estado perdeu tiva e tentou a reeleição .
os grandes lucros que teria com o empreendimento . À época, a Mesa da Casa de Epitácio Pessoa era
Isso a trasou em mais de quinze anos a implanta - eleita, ou reeleita, por um ano.
ção do lei te pasteurizado na Paraíba. De tal forma que tentava o s eu terceiro man dato.
A essa altura, a UDN (leia-se Argemiro -José
Améri co) já estavam distanciados.
o Hospital Edson Ramalho Cada um tri lhando caminhos diferentes.
Como Argemiro tinha uma bancada maior, fi-
A saú de públi ca continuava tirando o sono do cou com a sigla , com a legenda.
velho Flávio Ribeiro Coutinho. José Américo e seus amigos abrigaram -se no PL,
Faltavam leitos para atender a todos os doentes. cujo líder maior era o Deputado gaú cho Raul Pilla,
Enquanto isso, a população da Capital e do inte- parlamentarista mi litante.
rior crescia. Na Assembléia paraibana, os deputados peelis -
O que fazer? Que providência tomar?
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tas sufragam o nome do Deputado João Fernandes de Mariz, Governador eleito em 1994), permitindo ao 1 0
suplência .
No decorrer da legislatura, faleceu (nos primei -
ros meses), o Deputado José Mariz (pai de Antonio
suplente (no caso, Luiz Ignácio) exercer o mandato .
Foi Flávio convocado, uma ou duas vezes, em
decor rência de licença para tratamento de saúde de
outros pa rlamentares.
É bom se dizer que, como Deputado ou Gover-
nador, Flávio n ão recebia honorários.
Doa va-os , integralmente, a entidades filantrópi-
cas que, na Capital, mantinham hospitais dan do as-
sistência aos indigentes.
Ocorre u igual comportamento com Renat o Ri-
beiro Cou tinho, e com Virgínio Veloso Borges, qua n-
do este ú ltimo foi eleito Senador .
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Referências Bibliográficas
1 Segundo Nivaldo, o Major tinha alma paisana, doce
e compreensiva.
2 Localizada no Município de Gameleira, PE .
3 Ainda houve, nos anos 20 , a Usina Espírito Santo,
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28 Foi Presidente do Di retóri o Regional da Arena, ma s
este partido foi, na pr ática, a UDN com rótulo novo.
29 O Deputado José Fernandes de Lima, falando na
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Flávio Ribeiro Coutinh o e Berenice M indêllo Ribeiro,
110 dia do casamento - 09 de maio de 1925
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1926
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1954 - DI'. Flávio e Dona Berenice
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