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PARANAGUÁ
NA
HISTÓRIA
E NA
TRADIÇÃO
Digitalizado para PDF por 316FF
20100121
1971
PROF. NELSON DE FREITAS BARBOSA —
A NOSSA GRATIDÃO!
A ILUSTRE CÂMARA DE VEREADORES,
"PODER LEGISLATIVO",
Vinte e sete, dos anos de minha vida, até aqui, fui aluno.
Tenho presentes na lembrança todos meus professores.
Tanto lhes devo que não poderia ser diferente.
Cada qual, na sua especialidade, contribuiu para minha formação moral e
intelectual.
Desde os primeiros contados com as letras do alfabeto ao estudo das Ciências
Jurídicas, senti-me sempre atraído pelos mestres. Em cada um busquei saber e
em todos encontrei muito mais. Não seria difícil, por isso, escrever sobre os que
por quase três décadas, nas longas jornadas escolares, participaram do meu convívio.
Referir-se, agora, neste prefácio, a um professor que não foi meu, mas que
me permite gozar de sua amizade por trinta e cinco longos anos, não será por
certo a mesma coisa.
Mestre, amigo incondicional, patrão que pagou o meu primeiro ordenado
quando lecionava em seu Liceu nos idos de 1941, MANOEL VIANA, inegavelmente,
foi quem mais contribuiu para que eu conquistasse, nos bancos escolares e na
sociedade, o lugar que me estava reservado por Deus e se constituiria na alavanca
propulsora que me conduziria ao Palácio Visconde de Nacar por duas vezes.
Por isso tudo, não poderia deixar de aceitar seu convite para prefaciar "Para-
naguá na História e na Tradição".
Autodidata, Manoel Viana, nosso Manoelito, por mais de cinqüenta anos de-
dicou-se integralmente ao magistério. Viveu intensamente a vida de um profes-
sor e pela sua escola passaram personalidades que ocuparam e ocupam ainda hoje
posições de destaque nos mais variados setores, das atividades humanas, não só de
Paranaguá mas do Estado, afirmando-se existirem muitos pelo Brasil afora, hoje
altas patentes das Forças Armadas e também donos de outras invejáveis posições.
Este livro, editado pela Prefeitura Municipal de Paranaguá, sob os auspícios do
Conselho Municipal de Cultura, vem à luz quando seu autor, já aposentado, de-
cidiu-se a publicar o resultado de suas pesquisas e transmitir à posteridade muito
do que não fora ainda escrito mas que conhece graças ao testemunho de familiares
e contemporâneos de sua juventude.
O autor num estilo todo pessoal, característico de quem tudo estudou e de tudo
conhece, atem-se a sua terra.
Escreve história e reaviva lendas quase esquecidas.
Um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá e do
Centro de Letras de Paranaguá, está entre os historiadores vivos que mais conhece
sua terra.
Foi professor do primário e "lente" de Latim no Ginásio.
Mestre no craion, inúmeros os desenhos que tem espalhado entre seus ex-alunos.
Pianista, é dos melhores entre os que interpretam Cazuza. Musicógrafo, dedica-
se atualmente a musicalização do nosso esquecido folclore.
Decorador, sempre está presente quando solicitado pelas sociedades para pre-
parar seus salões para os festejos carnavalescos e quando de outras importantes
comemorações.
Poeta, por certo se imortalizará ao publicar "Os Brasiliadas".
Teatrólogo, a cada ano oferece peças que são encenadas pelos Grupos Amadores
da cidade.
Historiador, em seus escritos revela sempre fatos novos nunca referidos pelos
autores conhecidos.
Foi pianista nos teatros princesinos ao tempo do cinema mudo e hoje é figura
de destaque nas reuniões lítero-musicais da Sociedade Amigos da Música e da
Cultura de Paranaguá.
Orador, em suas palestras discorre com facilidade, tanto sobre temas onde se
destacam os personagens que enriqueceram a história pátria, quanto ás figuras
ilustres que forjaram o nascimento deste Estado.
Conhece a Paranaguá que foi dos Carijós, de Peneda, de Gabriel de Lara, dos
Corrêas, dos Pereiras, do Visconde de Nacar, tanto quanto à cidade de hoje, de
todos nós, com seu Porto majestoso, armazéns e silos gigantescos e nascendo
para o ciclo da industrialização.
Manoel Viana, nesta obra, ao recapitular acontecimentos históricos verificados
nestes quatro séculos de Paranaguá, enriquece-os com passagens até então des-
conhecidas .
Embora esteja vivendo só neste século, viaja ao passado com uma facilidade
que agrada a todos os que o ouvem e agora poderão deleitar-se na leitura.
Do "regulo matador", da Ilha da Cotinga, revive acontecimentos quase esque-
cidos, até chegar próximo destes dias, da nossa Paranaguá sem Campo Grande,
sem Estrada Velha do Rocio, sem bondinho, sem trapiches, sem a riqueza da Corte
Imperial, sem Festas do Divino, sem noites de serestas, sem noitadas no Santa
Cecilia ou no Variedades.
"Paranaguá na História e na Tradição" é um novo registro, para a História
que será escrita por outros, da passagem nesta vida, por estas terras de "Pernagoá",
do seu ilustre autor professor Manoel Viana, que por certo se imortalizará — se
não por tudo que representa — como o exemplo de uma vida devotada inteiramente
ao magistério.
MANOELITO, como carinhosamente é conhecido, é para nós um sinônimo de
professor, de mestre-escola como gosta de ser chamado MANOEL VIANA, inte-
lectual ilustre que o Itiberê viu nascer.
8
APRESENTAÇÃO
O AUTOR
9
FUNDAÇÃO DE PARANAGUÁ
CONSIDERAÇÕES
SÉCULO ÁUREO
O GRANDE POVOADOR
FATO HISTÓRICO
GABRIEL DE LARA
18
BARTOLOMEU DE TORALES
(O MOÇO)
1
Em uma vereança que fez a Câmara Municipa , a 23 de janeiro
de 1655, compareceu a ela o padre Dionísio de Melo Cabral, 1.° vi-
gário encomendado depois de ereta a Vila, requerendo aos verea-
dores lhe mandassem dar um pescador, conforme o ajuste que com
ele haviam feito. Pois, o negro que o povo lho havia dado, era
um homem doente.
A. esse requerimento, o povo respondeu que, se o escravo não
servia, entregasse-o ao seu antigo dono.
É que a Câmara Municipal havia se comprometido com o vigá-
rio ao pagamento de RR 60$000 (sessenta mil réis) anuais, para
realizar todos os ofícios religiosos durante um ano; mais 24 alquei-
res de farinha de mandioca (para o seu sustento), bem como um
pescador para o servir, também nesse ano.
A Câmara então, obrigou-se a dar ao padre, em cada mês, um
pescador tirado dentre o povo.
Em 4 de setembro de 1656, outro vereança foi feita, para re-
novar o ajuste com o padre Dionísio; visto ter acabalo o tempo
de um ano em que dera assistência espiritual ao povo da Vila.
Concordou, pois, a Câmara, em renovar o contrato por mais um
ano; a contar de 5 de outubro de 1656.
Como se pode observar, eram os Governo Municipais que con-
tratavam e pagavam aos padres vigários, para ministrar à popu-
lação todas as funções religosas necessárias a educação desse
mesmo povo.
Às vezes, quando as Vilas estavam em má situação financeira,
as Câmaras solicitavam o auxílio do rei de Portugal. Os padres
eram então pagos pelos cofres reais.
É que a Religião Católica, nos tempos coloniais e durante os
dois Impérios, estava ligada ao Estado.
22
A FONTE VELHA
25
UMA RENHIDA LIDE MUNICIPAL
26
MANOEL DE LEMOS CONDE OU A MINA DE PRATA
29
A ERMIDA DE N. S. DAS MERCÊS
i0
A VIRGEM DO ROSSÍO NA HISTÓRIA E NA LENDA
38
O COLÉGIO DOS JESUÍTAS
39
Só em 1699 é que o Provincial da Companhia de Jesus, aten-
dendo às representações da Câmara e do povo de P A R A N A G U Á ,
resolveu mandar alguns jesuítas para entabolar conversações com
a Câmara que, nessa ocasião, lhes entregou seis ( 6 ) escrituras para
seus estabelecimentos na V I L A .
Em 1704 — (agosto) "A Câmara fez "promessa", em nome do
povo, à Religião da Companhia de Jesus, para que a mesma fun-
dasse um Convento na V I L A , doando-lhe cem (100) braças de ter-
reno, no sítio da ribanceira, para fazer, também, o seu Colégio".
Ainda em 1704 — Aos 14 de agosto; em uma carta de agradeci-
mento da Câmara ao Provincial da Missão, pedia que permaneces-
sem na V I L A o Superior e seu companheiro, a fim de administrar
as obras.
Em 1708 — aos 14 de maio, foi, enfim, fundada a "Casa" do
jesuítas, com a chegada dos padres A N T O N I O DA CRUZ e T O M Á S
DE A Q U I N O , recebidos com grandes festas e demonstrações de re-
gozijo na V I L A . Essa data marcou a fundação da "Casa Escolar",
quando então começaram a dar suas aulas (os jesuítas não per-
diam tempo) muito antes de ficar pronto o grande monumento: O
"COLÉGIO DOS J E S U Í T A S " !
Infelizmente, nem sempre as coisas são como a gente q u e r . . .
Em 1709 — O Ouvidor da Repartição do Sul — Dr. João Saraiva de
Carvalho —oficiou de Santos, em 3 de fevereiro, à Câmara Muni-
cipal, para que ela não consentisse principiar as obras do Colégio,
sem que primeiro se obtivesse permissão de sua majestade. No
entanto, que se fosse arrecadando o material para a mesma obra;
pois bem próxima estava a ocasião de ser feita.
Todavia, a "Casa escolar" continuava com as aulas ministradas
pelos ilustres p a d r e s . . .
Em 1711 — Os oficiais da Câmara (vereadores) pediram, no-
vamente, a el rei a licença necessária para construir o Colégio.
Em 1714 — A Câmara retorna a oficiar ao Geral da Compa-
nhia, nesse sentido. Outras petições foram enviadas. E o silêncio
continuava...
Os anos iam passando; como também as aulas da "Casa esco-
lar" iam progredindo. Tanto que, em 1730, os paranaguaras pe-
diram aos jesuítas que, além do "Externato", criassem um "In-
ternato".
De fato, os alunos, nessa época, não mais se contentavam em
só se formar em "letras". Queriam também "virtude"; tanto assim
que (seis) 6 alunos já viviam como "internos" na "casa", que logo
se transformou em um "Seminário".
Só em 1738 é que o rei de Portugal se dignou conceder a licen-
ça para a construção do Colégio.
Parece incrível que um rei possa levar 30 anos para dar a ne-
cessária licença à construção de um Colégio ! . . . Um verdadeiro
absurdo...
40
Em 1739 — Na vereança de 2 de dezembro, compareceu o padre
Antonio da Cruz, bem como as pessoas da Governança, para resol-
verem sobre a encantada obra há 30 anos paralizada.
Faltava, porém, o material arrecadado (O mesmo havia sido
dado para as obras do Hospício).
Em vista do acontecido, o padre Antonio da Cruz perguntou
aos presentes se queriam concorrer com ajuda de custo para o pros-
seguimento das obras do Colégio. Todos responderam estar de
acordo.
Alguns, então, prometeram dar canoas com pedras e escravos
para o trabalho; outros, dinheiro; outros ainda, o que pudessem.
Dessa forma, em 1739, pôde-se dar continuação ao levanta-
mento do importante edifício.
E a notável "Casa escolar" de P A R A N A G U Á erigiu-se canoni-
camente em "Colégio", aos 10 de dezembro de 1752 !
Entretanto, a transferência para o novo edifício foi em 1754.
Só em 1755, aos 19 de março, dia de São José, é que se deu a
inauguração oficial do austero COLÉGIO DOS JESUÍTAS, com
Missa Solene e T E - D E U M ; além das festas populares que se fize-
ram na V I L A .
E com razão; pois, os benefícios que P A R A N A G U Á iria receber
(na época), seriam de grande valia, dada a cultura desses notáveis
mestres.
Infelizmente, mais uma vez, e com bastante pesar, nem tudo
é como a gente q u e r . . .
A Lei Pombalina, expulsando os jesuítas do Brasil, fez com que
tais mestres, educadores de mérito, fossem obrigados a deixar P A -
R A N A G U Á , com imenso prejuízo da infância e da juventude tão
carente de sadios ensinamentos; depois de 50 anos de labuta e sa-
crifícios em prol da instrução em nossa t e r r a . . .
Essa expulsão deu-se em 1759, decretada pelo poderoso e pre-
potente Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I.
P A R A N A G U Á sentiu imensamente a saída desses educadores,
que tantos benefícios vinha trazendo à nossa gente.
CONSIDERANDOS
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CONSIDERANDOS:
44
A IGREJA DE SÃO BENEDITO
FATO CURIOSO:
47
MILAGRE OU ACASO ?
(O NAVIO PIRATA)
t
Surge a manhã do dia 9; linda, límpida e calma, como sabem
ser as manhãs de fim de verão no litoral! Nem uma aragem so-
prada do mar. A extraordinária Natureza como que parada,
parecia esperar, em êxtase, o próximo desenrolar da horrenda tra-
gédia . . .
Quietude absoluta; ar morno e sossegado; Sol de Outono, ra-
diante, majestoso ! . . .
Dia maravilhosamente belo, como a desafiar a angústia que
oprimia o peito da gente de nossa t e r r a . . .
As horas iam correndo e . . . as preces a u m e n t a n d o . . . 9 horas,
o Sol mais radiante a i n d a . . . meio dia — sol a p i n o . . . corações
alanceados por uma tristeza i n f i n d a . . . ardentes e sinceras ora-
ções .. pensamentos elevados ao céu, numa derradeira súplica,
humilde, justa e clamorosa... Angustiada V I L A . . . Angustiada
gente...
Subitamente, como que iluminado por um clarão Divino, aquele
punhado de povo lembra-se da sua Padroeira — NOSSA S E N H O R A
DO R O S Á R I O — e, instintivamente levado por uma estranha força
oculta, corre à sua igrejinha, coloca a imagem num modesto andor
e sai em "procissão", com as mais fervorosas preces, num último
e supremo esforço. ..
" M A R I A S A N T Í S S I M A " , a mãe do Salvador do Mundo; a pode-
rosa medianeira entre DEUS e o homem; simbolizada naquela ima-
gem; haveria de salvar o seu humilde povo tão crente e tão
devote...
49
A tarde ía avançando, sempre límpida e serena; afagada pela
brisa que, ao passar, levava aos céus os queixumes daquelas almas
feridas. A "procissão" percorria a rua da praia em toda sua ex-
tensão; ouvindo-se apenas o rezar da "ladainha"...
Nessa ocasião, a tripulação do "navio pirata", aproveitando a
enchente da maré, levanta ferros e procura fazer a manobra. Mas,
oh ! força oculta da Natureza ! O céu começa a enuviar-se; escurece
repentinamente; surgem os primeiros relâmpagos, como também
os primeiros pingos d'agua começam a cair. Forma-se uma tro-
voada ao rumo do Sudoeste; cresce rapidamente e desencadeia-se
a tempestade, impetuosa, v i o l e n t a . . . e, antes que o "corsário" ti-
vesse tempo de evitar o perigo (pois nesse meio tempo ele entrara
no rio I t i b e r ê ) , foi impelido, pela força misteriosa do vento e da
traiçoeira enchente da maré, ao encontro dos escolhos que ficam à
flor d'agua, na "ponta da c r u z " . . . arrombando o c o s t a d o . . .
. . . Momento d e p o i s . . . n a u f r a g a v a . . .
Mas a gente da V I L A , numa eloqüente demonstraão de fé; com
todo o temporal que abalava céus e terras; ouvindo o ribombar dos
trovões; indiferente às faíscas que se cruzavam no espaço, conti-
nuava acompanhando a "procissão", pelas poucas ruas tortuosas,
num desafio às forças prepotentes da N a t u r e z a . . .
Com os olhos marejados de lágrimas, que se misturavam com
a forte chuva que caia torrencialmente, aquele punhado de gente
continuava acompanhando a sua Padroeira — a Senhora do Rosá-
rio — consoladora dos a f l i t o s . . . rezando o "terço" fervorosamente !
50
CONSIDERAÇÕES
51
A FORTALEZA DA BARRA
CONSIDERANDO:
O nome do construtor — A F O N S O B O T E L H O DE S A M P A I O
E SOUZA — nem uma palavra de e l o g i o . . . apenas o brasão dos
" B O T E L H O " , para se fazer lembrado.. . Assim eram as coisas da-
queles tempos. . .
57
IRMANDADE DE N. S. DO ROSÁRIO
(250 ANOS)
T E M P L U M HOC
A E D I F I C A T U M
15 7 8
E X O R N A T U M
19 3 6
C Â N D I D O JOSÉ R I B E I R O
MANOEL ALVES D A S I L V A
B E R N A R D I N O PEDRO DE SOUZA
A L B I N O JOSÉ DA C U N H A
ANTONIO LUIZ BITTENCOURT
C I R E N O JOSÉ P E R E I R A
M A N O E L A N T O N I O ALVES
JOÃO ESTEVÃO DA S I L V A
JOÃO F R A N C I S C O P E D R O
JOÃO P I N H E I R O DOS SANTOS
JOSÉ ERNESTO B O R O U S S E A U X
JOAQUIM P I N T O D E A L M E I D A
R I C A R D O A N T O N I O D A COSTA
F E R N A N D O ALVES DE VASCONCELOS.
63
A IGREJA DA ORDEM III
66
A CONTENDA DOS LIMITES
08
A SEMANA SANTA E O CINTURIÃO
QUINTA-FEIRA DE ENDOENÇAS
SEXTA-FEIRA SANTA
EM TEMPO:
SÁBADO DE ALELUIA
DOMINGO DE PÁSCOA
Raras são as casas que não comemoram esse dia com um lauto
almoço, ou pelo menos, um almoço melhorzinho.
Õs presentes de "ovos de Páscoa" também já se enraizaram em
toda parte.
Entretanto, tudo passa... e a maioria das funções religiosas
da Semana Santa, também passaram... Assim é tudo na vida
terrena...
74
O PRIMEIRO GRITO DE EMANCIPAÇÃO
79
LEALDADE DE ESCRAVOS
81
A ILHA DOS VALADARES
83
OS DEFENSORES DA INDEPENDÊNCIA E
A IRMANDADE DA MISERICÓRDIA
IRMANDADE DA MISERICÓRDIA
91
A MAÇONARIA DE PARANAGUÁ
93
POLÍTICA E RELIGIÃO
95
O TEATRO PARANAGÜENSE
98
O ESTULTO INSPETOR DA ALFÂNDEGA
O F I Q U E I R E D O SUPÕE, E S T U L T O ,
QUE TODOS DELE T E M MEDO.
AI F I G U E I R E D O ! AI F I G U E I R E D O !
PENSAS T U SER G R A N D E V U L T O ,
Q U A N D O ÉS SIMPLES BADAMÉCO,
POIS N Ã O PASSAS DE UM BONECO,
F A Z E A T R O U X A E V A I - T E EMBORA
E QUE TE LEVE O R E I DO A V E R N O ,
O F A Z E N D O EM BOA HORA,
P A R A A CORTE OU P A R A O I N F E R N O !
N E S T A S E M A N A PASSADA;
HOUVE G R A N D E B A R U L H A D A ;
N A A D U A N A D A CIDADE;
PORÉM NÃO É NOVIDADE;
PORQUE LÁ AS SUSPENSÕES;
A N D A M MESMO AOS EMPURRÕES.
DEPOIS DO SENHOR " A C Á C I O " ,
V E I O T O D O ESSE " F R A C Á C I O "
NAQUELA REPARTIÇÃO.
E N Ã O SEI POR QUE" R A Z Ã O
OS HOMENS DA G O V E R N A N Ç A
NÃO FAZEM A L I MUDANÇA.
101
O 5 DE FEVEREIRO"
T O T A L 2:778$000
T O T A L 11:780S000
CURIOSIDADES
DAVÍ CANABARRO
Seu nome verdadeiro era — D A V Í JOSÉ M A R T I N S . Ele adotou o
sobrenome de C A N A B A R R O , em 1835; quando substituiu a Bento
Gonçalves da Silva, como chefe supremo dos Farrapos. Ele repeliu
a proposta de auxílio do ditador Rosas e firmou com Caxias a Paz
de Poncho Verde, pondo fim à revolução em 1845. (Dicionário Enci-
clopédico Brasileiro — de Álvaro Magalhães — vol. I — pág. 369).
107
ACONTECIMENTOS RAROS E INÉDITOS
DE PARANAGUÁ
O LADRÃO ARREPENDIDO
109
M a s . . . o ladrão arrependeu-se e resolveu devolver quase toda
a quantia roubada ! É incrível esse fato e, talvez inédito na "his-
tória dos crimes ! . . . Porém, ele se realizou; ficou comprovado. E
o "palco" dessa "comédia" foi a Alfândega de P A R A N A G U Á ! . . .
De fato, foi um "bom ladrão" ! "Um ladrão arrependido" !
Ficou apenas com um pouquinho do dinheiro !
Esses "bons tempos" não voltam mais ! . . . S ó . . . na novela do
'Pecado Capital", com o "bom C A R L A O " ! ! ! . . .
110
AS FAÇANHAS DO PADRE (rREGÓRIO
112
O "CORMORANT" E SUA HISTÓRIA
— Capitão J O A Q U I M F E R R E I R A B A R B O S A — comandante do
Forte.
01 — JOSÉ F R A N C I S C O DO N A S I M E N T O — comandante do
navio "Astro".
02 — A N T O N I O PASCO AL F R U G O N I — mestre do brigue "Se-
reia".
120
03 — P I L O T O T E I X E I R A — comandante do brigue "Dona Ana".
04 — P A U L O D I A S CARDOSO — comandante da galera "Cam-
peadora".
05 — Tenente M A N O E L R I C A R D O C A R N E I R O .
06 — Tenente JOAQUIM C A E T A N O DE SOUZA.
07 — P R E V I S T O GONÇALVES DA FONSECA COLUMBIA.
08 — M A N O E L L U I Z FERNANDES.
09 — A N T O N I O JOSÉ DE MEDEIROS.
10 — B E N T O A N T O N I O DE MENEZES.
11 — L I N O DE SOUZA F E R R E I R A .
12 — A N T O N I O C R I S T Ó V Ã O DA S I L V A .
13 -- JOSÉ CÁRDENAS DO A M A R A L .
14 _ C A E T A N O JOSÉ DE SOUZA
15 _ CUSTÓDIO BORGES.
16 — A N T O N I O JOSÉ DA COSTA JUNIOR.
17 — F R A N C I S C O PIRES.
18 — A N T O N I O GONÇALVES PENDÃO.
19 — V Í T O R DA S I L V A FREIRE.
20 — M A N O E L JOSÉ DE O L I V E I R A .
21 — S A L V A D O R DO P R A D O .
22 — JOSÉ DA CRUZ.
23 — JOÃO F E L I C I A N O DOS SANTOS.
24 — I Z I D O R O MARQUES L E A L .
25 — CARLOS SILVESTRE.
26 — M A N O E L F R A N C I S C O G R I L L O .
Estes nomes ilustres ficarão imorredouros na História de
PARANAGUÁ!
121
APONTAMENTOS HISTÓRICOS E DESCRITIVOS
DA CIDADE DE PARANAGUÁ
123
UMA TRAGÉDIA EM PLENO OCEANO
126
OS CANHÕES DA BARRANCA
127
As agitações continuaram, até 1894, quando a Esquadra Fede-
ralista. comandada pelo almirante — Custódio de Melo — entrou
em nossa baía e, na manhã de 16 de janeiro, desembarcou e tomou
completamente a C i d a d e . . .
a
Foi então quandos os "dois canhões" reapareceram, pela 2 .
vez, na "barranca", em defesa de P A R A N A G U Á e da R E P Ú B L I -
CA ! . . .
A. noite de 15 para 16 de janeiro ficou marcada na História de
nossa terra, pelo ribombar dos "dois canhões", que, a todo o custo,
procuravam deter os revoltosos...
Nessa segunda vez, porém, de suas bocas saíram o fogo da
g u e r r a . . . Tudo em v ã o . . . Ao amanhecer do dia 16, os "canhões"
emudeceram. .. A Cidade estava já em poder dos revolucionários
federalistas...
. . . Os "canhões" emudeceram para sempre. .. e, para sempre,
também, desapareceram de P A R A N A G U Á . . .
Os anos continuaram passando; as gerações se sucendendo, e
os históricos "canhões" ? . . . onde teriam ido parar ? . . .
Ninguém viu, ninguém s o u b e . . . mas "eles" s u m i r a m . . .
A "ladeira", com o tempo, também desaparaceu, dando lugar
ao "Mercado de frutas", que hoje é só do bom cafezinho das manhãs
e dos gostosos petiscos feitos por hábeis cozinheiras ( N o centro
desse Mercado é que estava o "Pelourinho").
Na "barranca", uma plataforma foi feita. Nela temos hoje
um singelo jardim, ostentando apenas algumas palmeiras reais;
porém, engalanado com o busto do emérito "Professor C L E T O " .
Como seria edificante se, de cada lado desse histórico jardim,
palco de luta final entre irmãos de u'a mesma Pátria, estivessem
os "dois canhões" desaparecidos, como um marco sagrado, lembran-
do sempre as duas únicas vezes em que, de suas bocas saíram o
fogo da "paz e o fogo da " g u e r r a " . . .
Governos passados não souberam guardar o "patrimônio his-
tórico" desta quatrocentona C i d a d e . . .
Sim, "quatrocentona", porque, em 1978 (portanto, dentro de
2 anos), a nossa Catedral completará 4 séculos de existência. E,
naqueles tempos, quando surgia uma povoação, surgia também
uma "igrejinha", como símbolo da crença de um povo.
A igrejinha de N. S. do Rosário de P A R A N A G U Á , ou melhor,
da Capitania de Nossa Senhora do Rosário de P A R A N A G U Á , foi
construída em 1578 !!!
E será que a geração atual irá esquecer o 4.° centenário desse
marco luminoso de fé ? ! . . . Fiquemos na expectativa ! . . .
M a s . . . onde teriam ido parar os "dois canhões" históricos da
desaparecida "barranca" ?. .. Talvez, um dia, ainda se s a i b a . . .
128
O CLUB LITTERARIO
(1872)
129
Seus fundadores, de saudosa memória, foram:
01 — F R A N C I S C O JOSÉ M A C H A D O DA S I L V A
02 — B A R N A B É DE C A R V A L H A E S P I N H E I R O
03 — JOÃO ENGÊNIO GONÇALVES MARQUES
04 — C O N S T A N T E DE SOUZA P I N T O
05 — M A N O E L RODRIGUES V I A N N A
06 — JOAQUIM P I N T O DE A M O R I M
07 — A D E L I O P I N T O DE A M O R I M
08 — M A N O E L C O R R E I A DE F R E I T A S
09 — JOÃO ESTEVÃO DA S I L V A
10 — JOSÉ A L B I N O D A S DORES
11 — M A N O E L F A U S T O DO N A S C I M E N T O
12 — JOAQUIM P E R E I R A DA COSTA.
Presidente — BARNABÉ DE C A R V A L H A E S P I N H E I R O
Vice-Presidente — JOÃO EUGÊNIO G O N Ç A L V E S MARQUES
1.° Secretário — JOSÉ A L B I N O DAS DORES
2° Secretário — C O N S T A N T E DE SOUZA P I N T O
Tesoureiro — G A B R I E L S A T U R N I N O M A R T I N S
Orador — JOSÉ C L E T O DA S I L V A .
135
O Sr. Lahante, que já havia marcado o "almoço" para o dia
19; sabendo da alteração do Programa, ficou desnorteado.
É que havia sido encomendado à "Casa Leão", do Rio de Ja-
neiro, para essa data, o tal banquete de 200 talheres a ser ofere-
cido pela Companhia Francesa a S S . M M . I I .
Que fazer então ? Pediu uma audiência ao Imperador e solici-
tou humildemente para que o almoço e a inauguração fossem efe-
tuados no dia 19; que ele se dignasse aceitar.
D. P E D R O foi decisivo; não voltou atrás à sua alteração. Faria
a inauguração no seu retorno do interior da Província, e seria no
dia 5 de junho. Ele falou, estava falado ! . . .
Excusado é dizer que o desapontamento foi g e r a l . . . mas, nin-
guém deu um p i o . . .
A inauguração ficou então definitivamente marcada para a
sua volta, no dia 5.
Quanto ao "almoço", ajustado por 30.000$000 (trinta contos
de r é i s ) , foi saboreado por todos os trabalhadores da E s t r a d a ! . . .
Que desilusão...
Está, pois, certo o provérbio: "O bocado não é para quem se
faz, e sim para quem o come ! ! ! . . .
136
Outra, bem ferina, também da "Revista Ilustrada":
139
No dia 30, desceram à Palmeira, pela manhã, hospedando-se
ainda no solar da Baronesa do Tibagi.
Aceitando o convite para visitar a cidade da Lapa, S S . M M . e
a comitiva partiram no dia 31, pela manhã, àquela localidade.
Foi a mais tormentosa viagem. A estrada era péssima. Felizmente
os Monarcas e uma parte da comitiva alcançaram a Lapa ao escu-
recer. Porém 3 carruagens perderam-se das demais e ficaram 4
horas nos campos gerais, em plena escuridão e ainda com chuva,
para completar o medo e sofrimento. Só alta noite é que conse-
guiram chegar à cidade. S S . M M . e os demais hospedes não ha-
viam jantado, esperando os que se haviam perdido. Ficaram todos
hospedados na residência do Coronel Davi dos Santos Pacheco
(depois Barão dos Campos Gerais). O dia 1.° de junho foi todo de
visitas e audiência. À noite, regressaram à Curitiba, chegando alta
madrugada. As autoridades estavam esperando.
O dia 2 foi de grandes festas na Capital.
No dia 3, pela manhã, os Monarcas e a comitiva deixaram
Curitiba, rumo à cidade de Morretes.
O povo de Porto de Cima esperava que a Caravana Imperial,
ao passar pelo lugarejo, parasse uma meia hora, a fim de receber
as homenagens dos seus habitantes. Mas isso não aconteceu, por-
que o Imperador ignorava tal recepção. Assim sendo, a caravana
passou direta, chegando em Morretes às 6 horas da tarde.
Já instalado na residência do Juiz Municipal do Termo — Joa-
quim José Alves — veio a saber da decepção que causara àquela
gente boa. Então, pela manhã do dia seguinte, foi fazer uma visita
especial àquela Vila. Ficou assim sanado o incidente. O resto do
dia — visitas e audiências.
No dia 4 de junho, às 2 horas da tarde, os Imperadores e a comi-
tiva rumaram para Antonina, hospedando-se, mais uma vez, na
residência do comendador Antonio Alves de Araújo. Ainda nessa
tarde, em Antonina, fez várias visitas e recebeu as manifestações de
apreço daquele extraordinário povo.
No dia seguinte ( 5 ) , bem cedo, foi assistir a sondagem no porto.
D. P E D R O mandau sondar, tanto o canal como os baixíos e pedras
que ali existem espalhadas. Achavam-se presentes, nessa ocasião,
o Imperador; o Almirante Tamandaré; o Presidente da Província;
alguns oficiais de Marinha; o capataz da Capitania e dois práticos.
Levaram 3 horas nessa sondagem. Às 9 horas regressaram à terra.
Às 10 horas, almoçaram todos na residência do comendador Alves.
Ao meio dia em ponto, S S . M M . e comitiva embarcaram no vapor
"Iguaçu", que os transportou a bordo do paquete "Rio Grande".
As pessoas de destaque de Antonina, bem como algumas senho-
ras, acompanharam os Imperadores até P A R A N A G U Á .
Ao se aproximar de nossa Cidade, o vapor "Marumbi" foi-lhes
ao encontro, ao som do Hino Nacional. Feito o transbordo, ruma-
ram os dois vapores para o nosso cais, que regorgitava de gente.
138
S S . M M . I I e comitiva desembarcaram e, seguidas de autori-
dades e povo, seguiram pela rua hoje Presciliano Correia até ao
local da inauguração.
Num Pavilhão, todo ornamentado, estava a "pedra fundamen-
tal", que iria receber a bênção. Realizada a cerimônia, pelo sacer-
dote presente, foi a mesma levada por D. P E D R O I I , o Ministro da
Agricultura, o Presidente da Província e o Presidente da Câmara
Municipal, ao local já designado (onde se acha, ainda hoje, a
Estação de c a r g a ) .
Foi uma solenidade muito significativa e de muito valor para
a época — ligar a Capital ao Litoral. Estava assim lançada a
"pedra fundamental", que marcava a inauguração da primeira
Estação Urbana da Estrada de Ferro " P A R A N A G U Á - C U R I T T B A " !
Terminado esse rápido "ato", o povo rompeu em estrepitosos
v i v a s ! O "foguetório" espocou no ar, e a "banda" rompeu numa
expressiva m a r c h a . . .
O que chamou a atenção de todos os presentes foi o tempo
"record" da inauguração: apenas 15 m i n u t o s ! . . . Quando, em
outras festas idênticas, levavam quase 2 horas para tal realização.
São coisas raras, que só o Imperador poderia f a z e r . . .
Tudo terminado, os Monarcas, comitiva e convidados dirigiram-
-se para o palacete do Barão de Nacar ao grande jantar. Esse
banquete, segundo os cronistas visitantes, foi suntuoso.
A nota mais elegante e simpática, foi o "convite" que os Im-
peradores fizeram às pessoas gradas que os acompanharam desde
Curitiba, Morretes e Antonina até P A R A N A G U Á , para sentarem-se
à mesa de S S . M M . Igual convite foi feito às pessoas importantes
e mais destacadas de nossa terra.
Nesse grandioso "banquete", muitas "gafes" foram cometidas,
parecendo até "piadas". Mas convenhamos: o meio social e fino
de P A R A N A G U Á , naquela época, era restrito; pequeno mesmo. De
modo que, para que se pudesse contar com mais gente para os
festejos, foram convidadas pessoas que, embora da classe média,
tinham já certo traquejo social e eram merecedoras de todo o res-
peito pelas qualidades morais que possuíam. Daí, certos "ditos"
irrefletidos, que se tornaram gozados e marcados para "todo e
sempre" ! . . .
Poderíamos citar algumas, que muito fizeram rir aos presentes,
porém, não desejamos ferir suscetibilidades... É melhor assim.
Cinco horas da tarde. Terminado o lauto jantar, embarque
dos augustos soberanos e comitiva, entre delirantes manifestações
do povo.
Ao "bota fora", a bordo do paquete "Rio Grande", compare-
ceram todas as autoridades locais e de fora.
Nessa tarde partia o navio imperial, levando a seu bordo os
augustos Monarcas e sua comitiva, rumo à Capital do Império. . .
139
E ainda nessa noite de 5 de junho, após a partiaa de S S . M M . I I
para a Corte, a fina flor da Sociedade de P A R A N A G U Á promoveu
um grandioso "baile" para festejar a inaguração da futura Estação
da Estrada de Ferro, que iria ligar P A R A N A G U Á a C U R I T I B A .
Estiveram presentes a essa esplêndida festa, o Presidente da
Província e demais pessoas de destaque da Capital que vieram ao
bota fora dos Monarcas; o Barão de Nacar e o que havia de mais
distinto na Cidade.
Era uma (1) hora da madrugada, quando foi servida uma
lauta "ceia". Nessa ocasião levantaram-se muitos brindes aos au-
gustos Soberanos, e não podia ser de outra forma. Bela noitada,
que prolongou-se até às 3 horas da madrugada, animada do prin-
cípio ao fim.
Esse "baile" foi realizado na residência do Dr. Leocádio José
Correia. Ele e sua Exma. Sra. estiveram acima de todos os elogios.
Assim terminou a História da visita dos Imperadores do Brasil
ao nosso Paraná, e, mais que tudo, à nossa P A R A N A G U Á . . .
Era uma vez uma civilizada Cidade litorânea; um povo edu-
cado e hospitaleiro; uma visita Imperial e um "buquê" de sauda-
des . . . que deixaram, através de 96 anos, um suave perfume de
tudo o que se viu e ouviu dos nossos ancestrais.
140
A ESTRADA DE FERRO "PARANAGUÁ — CURITIBA"
143
A "REPÚBLICA" E O "CLUBE REPUBLICANO"
147
Depois da fundação dessa velha Sociedade, com as "conferên-
cias" em sua sede social, a campanha republicana tornou-se mais
intensa, mau grado as perseguições que se faziam sentir de vez em
quando.
Conferências, as mais brilhantes, eram realizadas no tradicio-
nal CLUBE, salientando-se o verbo ardente do grande idealista
republicano — M A N O E L C O R R E I A D E F R E I T A S — que, tendo
apenas o Curso Primário em P A R A N A G U Á , galgou a deputação,
sendo eleito Deputado Estadual e depois Deputado Federal, pelo
P A R A N Á , ao primeiro Congresso Constituinte; como também eleito
!
a Vice-Governador do Estado do P A R A N Á . É que o gen al parana-
guara vivia devorando os livros; fazia estudo de Gabinete. Foi um
auto didata e também um cérebro p r i v i l e g i a d o . . .
Ainda em 1887, depois da fundação do CLUBE R E P U B L I C A N O ,
o ardoroso jornalista — F E R N A N D O M A C H A D O S I M A S — mu-
dou-se para o Rio de Janeiro, dadas as perseguições por que passou,
inclusive prisão, por injúrias publicadas no seu jornal (segundo os
monarquistas).
Com essa mudança, terminou a vida do " L I V R E P A R A N Á " e,
C O R R E I A D E F R E I T A S , sem esse "timão" tratou, de influir no
ânimo de A L B I N O S I L V A para a fundação de um novo jornal —
"PÁTRIA LIVRE".
A L B I N O JOSÉ DA S I L V A , velho republicano, também de gran-
de valor, lançou então o novo jornal — P Á T R I A L I V R E — em
1888, tendo a felicidade de ver o seu jornal vitorioso, com o golpe
de 15 de novembro de 1889 !. ..
E o " P Á T R I A L I V R E " continuou, daí por diante, firme, ado-
tando o novo lema:
"A R E P Ú B L I C A E R A O NOSSO I D E A L ; A G O R A , O NOSSO
DEVER É T R A B A L H A R P O R E L A " !
Foi, pois, P A R A N A G U Á que, através dos seus diletos filhos,
marcou, com orgulho, as duas maiores etapas políticas na H I S T Ó -
R I A D O P A R A N Á , durante a propaganda abolicionista e republi-
cana !
A P R I M E I R A E T A P A — marcada pela campanha abolicionista,
na libertação total dos escravos, foi iniciada pelo jornal — "OPE-
R Á R I O DÁ L I B E R D A D E " — em 1870; 18 anos antes da " L E I
ÁUREA".
A S E G U N D A E T A P A — assinalada com a campanha de-
mocrática pela República no B R A S I L , através do jornal — "O
L I V R E P A R A N Á " — em 1883, e depois em 1888, com o " P Á T R I A
L I V R E " . Portanto, em pleno regime imperial; numa época em
que as perseguições políticas eram ferrenhas e imperdoáveis.
Naqueles tempos, falar-se em R E P Ú B L I C A , ou pior ainda, de-
sejar-se um GOVERNO L I V R E , DO POVO P A R A O POVO, era uma
temeridade e mesmo uma insensatez, devido às conseqüências fu-
nestas . ..
148
Entanto, os paranaguaras da época não se amedrontavam
ante o poderio monárquico !. .. Tinham "fibra de heróis" ! . . .
Sua Fortaleza, inexpugnável, era o CLUBE R E P U B L I C A N O ,
Sociedade com lídima influência política na terra carijó; compro-
vando assim o grande auxiliar patriótico que foi ele na H I S T Ó R I A
de nossa P A R A N A G U Á e refletindo em todo o P A R A N Á .
Terminada a campanha política e implantada a R E P Ú B L I C A
em nosseo P A Í S , teve ainda o CLUBE R E P U B L I C A N O muitas lutas
no terreno político.
Começou por empenhar-se na consolidação dos verdadeiros
princípios democráticos. Depois, harmonizar as dissenções nasci-
das no seio da Sociedade, com a dissidência de um grupo de asso-
ciados.
Felizmente, acabaram se entendendo e, por fim, cerraram todos
numa só fileira em torno do Partido triunfante.
Estava terminada a grande "missão política" desse pugilo de
homens com firmeza de caráter que a nossa P A R A N A G U Á possuía.
E o CLUBE R E P U B L I C A N O ?
150
OS VOLTIJADORES DA ÉPOCA
152
Em 1890, estando a Sociedade em sérias dificuldades, sem po-
per solucionar os seus problemas, reuniu-se em Assembléia e resol-
veu fazer "fusão" com o Clube Republicano Recreativo: Sociedade
bem organizada e com personalidade jurídica e que, passada a
fase da República, havia se transformado em um Clube Recreativo.
153
OS "BONDINHOS" DE PARANAGUÁ
155
A INVASÃO FEDERALISTA EM PARANAGUÁ
156
Para que o leitor possa compreender que, no próprio Estado
do Rio Grande do Sul havia a corrente fiel ao Governo Legal, pas-
saremos a relatar, com a devida vênia, as palavras do eminente
historiador — Professor Walter Spalding:
"Quando os federalistas em armas, chefiados por G U M E R C I N -
DO S A R A I V A , acossados pelas circunstâncias, resolveram, contra
a opinião de alguns chefes militares, atravessar Santa Catarina,
invadir o Paraná e levar, se possível, suas hostes até ao Rio de
Janeiro com intuito de derrubar o Marechal F L O R I A N O , papel sa-
liente desempenhou no ataque às Forças Revolucionárias a
" B R I G A D A M I L I T A R D O ESTADO D O R I O G R A N D E D O SUL".
Infelizmente, para L E G A L I D A D E , a Milícia Gaúcha, apesar de
aguerrida, valente e resistente, pouco pôde fazer, pois tudo ou quase
tudo lhe faltava, graças à incúria em que a deixou o próprio
Governo".
"CHEGOU O N T E M AO P O R T O DE P A R A N A G U Á , A ESQUA-
D R A N E G R A , AO M A N D O DO B A N D I T I S M O DE CUSTÓDIO DE
M E L O E DO E X - N E U T R O DA I L H A DAS " C O B R A S " ; (Esse ex-
-neutro era o bravo Almirante Luiz FeUpe Saldanha da G a m a i .
A T É A H O R A EM QUE ESCREVEMOS, N Ã O C O N S E G U I R A M OS
REBELDES D A R DESEMBARQUE N A Q U E L A CIDADE M A R I N H A ,
G R A Ç A S AO ESFORÇO DE SUA V A L E N T E G U A R N I Ç A O " .
165
CONSIDERANDOS:
167
GRÊMIO "BRIZA DA MARINHA"
Presidente — T E R E Z A P E R E I R A
Vice — M A R I A I G N E Z MARQUES
a
l . Secretária — E R N E S T I N A B I T T E N C O U R T
a
2 Secretária — M A R I A DAS NEVES P E R E I R A
Tesoureira — A L A T Í D I A M O R A I S M O R E I R A
Oradora — I S A U R A SOUZA
(Sem procuradora na ocasião).
Presidente — O T Á V I A SIMAS
Vice — M A T H I L D E DE ARAÚJO V I A N N A
a
l . Secretária — A D E L I N A CORRÊA (professora)
a
2 Secretária — M A R I A JOAQUINA M O R E I R A
Tesoureira — A L C Í D I A M E L O
Oradora — I S A U R A S Y D N E Y .
171
CLUBE OPERÁRIO RECREATIVO E BENEFICENTE
173
O "JOGO DAS FLORES" EM PARANAGUÁ
CONSIDERANDOS:
179
A "PONTE" NA ILHA DOS VALADARES
180
Para os lados do Cidrão, fundos da Sede Campestre do Club
Litterario, a largura do rio é de mais ou menos 20 metros e, nas
marés baixas, passa-se a pé, com água pelos joelhos.
De qualquer forma, a "semente" foi lançada pelo inditoso Ma-
noel Cândido. Ela pode ainda germinar; dadas as circunstâncias
de se incrementar o turismo em nossa terra.
Quanto ao "livro, o autor devia estar em começo de desequilí-
brio mental. Alguém, lendo as suas "produções", maldosamente
incentivou-o a publciá-las, para depois poder gozar com o ridculo
do pobre homem.
Os "contos" são excêntricos. Num deles o autor fala sobre
uma jovem morta que, levada ao Cemitério, antes de ser sepultada,
acorda-se ,senta-se no caixão e despede-se de suas a m i g a s . . . (Salvo
se a jovem estava em estado de catalepsia e acordou no Cemitério).
Conto absurdo.
Quanto aos "versos" sobre a "ponte", pudemos coletar alguns.
Eles são de "pé quebrado", mas têm sentido.
P O R ESSA P O N T E EU E ELA,
N U M A N O I T E DE L U A R ,
F A R Í A M O S U M PASSEIO
NA ILHA DO VALADAR.
182
tipo de um bar, para que os sócios pudessem deliciar-se com refri-
gerantes nas cálidas tardes e noites de verão. O resto do terreno
fronteiro à praça, foi aproveitado para um bonito jardim com ban-
cos e muitas palmeiras. Era murado, com grades de ferro e um
bem acabado portão também de ferro, com frente para a praça.
Esse jardim aos domingos era procurado pela mocidade para encon-
tros e divertimentos da época.
Do outro lado, em frente à praça, a bela residência do Sr.
Alfredo Engênio de Souza, com um jardim ao lado e uma pequena
"torre' à guisa de minarête.
Ao lado esquerdo, o final da rua da Misericórdia (hoje, Dr.
Leocádio).
É então quando começa a história de nossa pracinha.
Estávamos no ano de 1903; época em que foi instalada a "luz
elétrica" na cidade.
A Prefeitura Municipal, diante de um fato tão importante, re-
solveu por bem mandar ajardinar a praça, que depois levou o nome
de "Praça Fernando Amaro". Esse trabalho ficou a cargo do Sr,
Randclfo Veiga (chefe dos fiscais); um hábil artista em decoração.
Seu Randolfo, como o conheciam, dirigiu todo o trabalho de
terraplenagem e de ajardinamento preparação dos canteiros (com
flores ! ) , bem como a construção de um "coreto" de madeira, sim-
ples e sem cobertura, mas muito bonitinho, com um poste e uma
lâmpada, no meio.
Ficou florida a praça; uma tetéia. Esse trabalho levou 4 anos.
Foi inaugurada em 1907, pelo 50.° aniversário de falecimento do
primeiro vate paranaguara — F E R N A N D O A M A R O DE M I R A N D A
— na mais justa das homenagens, a quem levou a curta existência
cantando sua terra.
184
USOS E COSTUMES DO PASSADO
18f>
No domingo da Festa, saia o cortejo da casa do "Festeiro", com
a "Bandeira vermelha" levada por um grupo de moças e rapazes e
ambos se dirigiam à casa da "Festeira", onde já se encontrava
outro grupo de jovens que, com a "Bandeira branca", também saia
a juntar-se aos recém-chegados. Assim, todos juntos em passeata,
dirigiam-se à igreja Matriz para assistir a solene missa cantada,
às 11 horas, com a bênção das Bandeiras.
Terminada a função religiosa, voltavam eles, ainda em passea-
ta, às residências dos "festeiros, quando então era servido o grande
almoço" nas duas residências.
A tarde, 5 horas, realizava-se a tradicional "procissão" e a se-
guir, o Te Deum com a bênção do Santíssimo.
À noite, 8 horas, os esperados "bailes" nas casas dos festeiros,
cujas danças iam até às 3 horas da madrugada. E assim termi-
nava a tradicional " F E S T A DO E S P Í R I T O S A N T O " . . .
186
As festas "juninas" do passado tinham outro sabor na simpli-
cidade dos folguedos. Brinquedos com os pingos de cera no copo
d'agua; dentes de alho plantados nos jardins; cantigas folclóricas;
simples jogos de salão e outros divertimentos juninos. Havia poesia
em t u d o . . .
E os traques, os buscapés, as pistolinhas, as rodinhas de acesso,
as minhocas, os foguetes de lágrimas e tantos outros fogos de arti-
fício ! . . .
Felizmente alguns desses folguedos ainda são conservados...
187
Nos dias presentes, ninguém mais quer saber de "tradições".
Porém, um País sem "tradições", é um País decadente; um País em
ruína; um País m o r t o . . .
Mui acertadamente dizia Alexandre Herculano: "A falta de
amor ao passado; às velhas tradições e coisas da Pátria, é indício
certo da morte da nacionalidade e, por conseqüência, do estado de-
cadente e da ruína de um p o v o " . . . É preciso que a mocidade atual
compreenda isso.
Felizmente, ainda não está de tudo perdido. Uma grande parte
da juventude é boa e sadia, e dela muito se espera nos dias futuros.
Aguardemos.
188
FOLCLORE
ORIGEM
FANDANGO
190
era de roda, eles acabaram formando o " F A N D A N G O P A R A N A -
G U A R A " , que é um misto do Fandango espanhol com as danças
dos nossos índios c a r i j ó s . . .
Três séculos passaram, e nesse correr de anos, o " F A N D A N G O "
tornou-se a única dança do nosso caboclo litorâneo, folclórica por
excelência, com mais de 20 coreografias e música própria, um tanto
monótona, é verdade, mas típica. O sapateado é bonito, porém,
muito difícil.
A mocidade estudantil paranaguara conseguiu ensaiar algumas
coreografias. Caso leve avante essa idéia, é possível que ainda
tenhamos essa dança tradicional em nossa Cidade. Esperemos
então...
O BARREADO
HISTÓRICO
191
almoçar, comendo na cozinha; ao provar o "guisado" comum feito
em casa, gostaram tanto que resolveram preparar esse prato no
sítio em que viviam; de acordo com suas posses. Compravam então
a carne de peito (a mais barata) e cozinhavam com toicinho e todos
os temperos que conheciam; isso por várias horas, a fim de amolecer
bem a carne. Porém, como o cozido secava depressa, devido o
vapor que saia, tamparam a panela e passaram u'a massa feita de
farinha de mandioca com água ao redor, para não mais escapar o
vapor. Deu certo a idéia que tiveram.
Todavia, só faziam esse cozido pelo Carnaval, porquanto, du-
rante o ano comiam apenas peixe com farinha, como faziam seus
antepassados. É que, nessa época, a carne de gado era muito cara
para eles.
Como gostavam de dançar o "fandango" nos quatro dias de
Carnaval, preparavam o tal "guisado' para comer durante essas
quatro noites, tomando sempre a sua "caninha".
Esse hábito tornou-se tradicional através dos anos. Por fim,
veio para a V I L A , mas com o nome de "barreado"; assim chamado
porque barreavam a panela de barro com a tal massa de farinha
com água f r i a . . .
Como certas famílias austeras e cheias de preconceitos não
queriam que seus filhos se contaminassem com os folguedos carna-
valescos, que julgavam imorais, iam sempre passar esses dias mo-
mescos nos "sítios" onde tinham suas casas e plantações cuidadas
pelos caboclos, seus empregados; ali ficando, às vezes, uma semana.
Não tendo o que fazer no sítio, saiam visitar as famílias cabo-
clas nos seus humildes casebres.
Quiseram então provar o "guisado" cozido em panela de barro,
tampada e barreada. Gostaram muito; convencendo-se que, de
fato, a comida assim preparada,tornava-se mais gostosa.
A o voltar à V I L A , as donas de casa resolveram fazer o mesmo
com o guisado caboclo; preparando-o da mesma forma e achando
interessante a idéia do praieiro em barrear a panela e dar o nome
de "barreado" à comida assim feita. A imitação é própria da cria-
tura humana. Daí o fazerem também só pelo Carnaval, a exemplo
dos pescadores.
As mudanças sociais e econômicas foram surgindo, de forma
que, as famílias já não mais saiam da V I L A durante o três dias
carnavalescos. As famílias começaram então a freqüentar os tais
bailes momescos; porém, até a meia noite.
Somando a tudo isso, tínhamos a vida da mulher — dona de
casa — que só podia pensar em "prendas domésticas". Então, nas
visitas às comadres e amigas; enquanto os maridos falavam de
"política" que tanto os fascinava, elas, as "Amelias" do passado,
trocavam idéias sobre "arte culinária" e, é claro, a comida barreada
à moda cabocla vinha à baila, como um interessante prato para
agradar aos maridos. Diziam elas (na sua ingenuidade): "Homem
e peixe só se prende pela boca" (Provérbio da sabedoria popular).
192
E o melhor (ou p i o r ) é que as esposas devotadas em excesso, incu-
tiam no espírito das ingênuas filhas, ser essa a maneira de segurar
os maridos "rueiros" em casa ! . . .
Mas, voltando ao assunto. A "receita" do "barreado" logo se
espalhou por toda a V I L A e aos demais vilarejos do litoral.
E assim correram mansamente 200 a n o s . . .
Essa é a " V E R S Ã O " dos nossos ancestrais. Como a panela era
de barro, costumavam dizer (imitando o nosso caboclo): Vamos
"barrear" a panela, para não sair o vapor nem o cheiro dos tem-
peros.
Assim sendo, está certo o apelido " B A R R E A D O " feito na pa-
nela de barro, barreada com a massa de farinha de mandioca com
água f r i a . . .
193
OS SAMBAQUÍS E OS SAMBAQUIBAS
SAMBAQUtS
SAMBAQUIBAS
196
OS CARIJÓS
198
CAPITÂES-MORES
CAPITÃES MORES
201
O ÚLTIMO CAPITÃO-MÓR
202
Foram eles:
L E O C Á D I O P E R E I R A DA COSTA — brilhante jornalista, que
fundou o 2° jornal de P A R A N A G U Á — "O COMÉRCIO DO P A -
R A N Á " , em 1862, com a colaboração de vários idealistas.
D R . L E O C Á D I O JOSÉ C O R R E I A — médico humanitário de
raras virtudes; orador brilhante e de cultura invulgar; médico dos
pobres, que, através de seus fihos, P A R A N A G U Á venera e bendiz.
JOÃO R E G I S P E R E I R A DA COSTA — literato de fina tempera
e cultura sólida; crítico literário.
Os 7 bisnetos:
A N T O N I O M O R A I S P E R E I R A D A COSTA ( T o n h á ) , G E N A R O
REGIS, A U G U S T O REGIS, M A R I A (Sinhara), L A U R A , H I P Ó L I T A
( L i l i t a ) e A N T H E R O R E G I S (brilhante jornalista), todos nascidos
em P A R A N A G U Á .
203
Nasceu ele na Freguesia de Ribeiros, Comarca de Guimarães;
filho de Antonio José de Magalhães e de D. Mariana de Oliveira.
Conseguiu fazer apenas o curso primário. Mas como queria
vencer na vida e tinha poucos recursos, resolveu emigrar para o
Brasil com seu irmão Antonio. Tinha ele então 14 anos quando
aqui chegou.
Com esforço próprio, trabalhando muito, conseguiu o seu ideal
— bens de fortuna e posição social. Casando com 23 anos.
Tornou-se um forte negociante; mas teve outras atividades:
Foi Juiz Municipal e também assistente da "Casa do T r o c o " de
moedas de cobre; tomou parte ativa, trabalhando intensamente
durante a "Guerra dos Farrapos', para impedir que os revolucio
a
nários invadissem a 5. Comarca.
Inteligente, tenaz e enérgico; prático e metódico; conseguiu
vencer todos os obstáculos que se lhe apresentaram; tanto na vida
comercial como nos cargos públicos.
Por Alvará de 28 de abril de 1823, do Imperador do Brasil — D.
Pedro I, foi armado " C A V A L H E I R O PROFESSO NA O R D E M DE
C R I S T O " o honrado cidadão M A N O E L A N T O N I O P E R E I R A . Ato
esse realizado na igreja Matriz de N. S. do Rosário, com toda a
solenidade. Por essa distinção do Imperador, pode-se avaliar o
prestígio que tinha esse Capitão-mór, em nossa t e r r a . . .
Faleceu — M A N O E L A N T O N I O P E R E I R A — em sua querida
P A R A N A G U Á (nova Pátria de adoção, como a chamava), aos 21
de maio de 1857, com 75 anos de idade; tendo a felicidade de ver
a
a nossa Cidade e toda a 5. Comarca, desmembrada de São
Paulo!...
Sua morte abalou profundamente a população paranaguara;
pois o ilustre morto era muito estimado e mesmo querido de toda
a nossa gente.
Ao seu sepultamento, presentes estavam os homens de todas as
camadas sociais, numa demonstração eloqüente de carinho e res-
peito por quem soube, na terra, pautar por uma linha de retidão
de c a r á t e r . . .
Dos 15 Capitães-mores que governaram P A R A N A G U Á , só pu-
demos biografar o último, em vista de ainda existirem seus descen-
dentes diretos em nossa terra.
M A N O E L A N T O N I O P E R E I R A , foi, pois, o 15.° e último Ca-
pitão-mór de P A R A N A G U Á ; governando 18 anos — de 1815 a 1833
— quando então São Paulo tornando-se P R O V Í N C I A , nossa terra
a
passou a fazer parte, como cabeça da 5. Comarca.
Extinto o cargo, por força da Lei, o ilustre ex-Capitão-mór foi
nomeado 1.° Prefeito de P A R A N A G U Á , por Portaria de 28 de agosto
de 1833, do Presidente da Província de São Paulo.
M A N O E L A N T O N I O P E R E I R A foi, verdadeiramente, um res-
peitável e probo cidadão paranaguara, de adoção, como ilustres têm
sido os seus descendentes.
204
OS TRÊS PODERES
EXECUTIVO
LEGISLATIVO
JUDICIÁRIO
OS PODERES MUNICIPAIS
PODER E X E C U T I V O M U N I C I P A L
207
2.° Prefeito — Coronel T H E O D O R I C O JULIO DOS S A N T O S
208
INTERVENTORES DE PARANAGUÁ
(1930 - 1947)
6.° Interventor — F R A N C I S C O T O V A R
De 22 de setembro de 1932 até 24 de abril
de 1934.
8.° Interventor — C L A U D I O N O R N A S C I M E N T O
De 5 de maio de 1934 até 29 de setembro de
1935.
9.o Interventor — R O G E R M A R A V A L H A S
De 29 de setembro de 1935 até fins do ano de
1936.
10.° Interventor — A G O S T I N H O P E R E I R A ALVES
Do ano de 1937 até 26 de abril de 1938.
209
11.° Interventor — P A U L O CUNHA F R A N C O
De 26 de abril de 1938 até 14 de novembro de
1945.
14.° Interventor — A C R Í S I O G U I M A R Ã E S
De 5 de junho de 1946 até 24 de abril de 1947.
12.° Prefeito — B R A S Í L I O A B U D
Eleito para o quatriênio 1963 a 1967,aos 3 de outu-
bro de 1963. Tomou posse a 8 de dezembro do
mesmo ano; governando até 17 de abril de 1964;
data em que foi cassado pela Revolução Vence-
dora em 31 de março de 1964.
210
14.o Prefeito — C O N S T A N T I N O JOÃO K O T Z I A S
Eleito para o quatriênio 1969 a 1973; tomando
posse a 31 de janeiro de 1969. Governou apenas
três meses, por ter sido cassado o seu mandato
pela Revolução Vencedora de 1964.
211
PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL
1) Capitão JOÃO G O N Ç A L V E S P E N E D A
2) Capitão JOÃO M A C I E L B A S A M
3) Capitão C R Y S O S T O M O A L V E S
4) ESTEVAM DIFONTES
5) JOÃO G O N Ç A L V E S M A R T I N S
6) DOMINGOS PEREIRA
7) P E D R O DE U Z E D A
8) Pedro A N D R É M A G A L H Ã E S .
No dia seguinte (27) foi feita a eleição dos "oficiais" que de-
veriam servir na Câmara, durante o ano de 1649.
Dois JUÍZES, três VEREADORES, um P R O C U R A D O R DO
CONSELHO, um E S C R I V Ã O . Sairam eleitos:
Juiz — JOÃO G O N Ç A L V E S P E N E D A
Juiz — P E D R O DE U Z E D A
Vereador — D O M I N G O S P E R E I R A
Vereador — A N D R É M A G A L H Ã E S
Vereador — M A N O E L COELHO
Escrivão — A N T O N I O DE L A R A .
Procurador do Conselho — D I O G O DE B R A G A .
212
Surgiu assim a primeira C Â M A R A M U N I C I P A L DE P A R A N A -
G U Á , aos 9 de janeiro de 1649 ! . . .
Seria enfadonho continuar a dar, minuciosamente, o nome de
todos os JUÍZES e V E R E A D O R E S desde aqueles tempos. ..
Isso poderá ser feito, mas, num trabalho todo especial da
CÂMARA.
Citaremos então, apenas os nomes dos seus "presidentes",
tanto na época do I M P É R I O como na R E P Ú B L I C A .
PODER L E G I S L A T I V O M U N I C I P A L
Presidentes da C Â M A R A M U N I C I P A L de P A R A N A G U Á depois
da instalação da Província do P A R A N Á .
Durante o I M P É R I O :
LEGISLATIVO REPUBLICANO
213
7.° " — Manoel Bonifácio Carneiro — de 1897 a 1900.
8.° " — João Estevão da Silva — de 1900 a 1901.
9.° " — Polycarpo José Pinheiro — de 1901 a 1902.
10.° " — João Estevão da Silva — de 1902 a 1903.
11.° — Polycarpo José Pinheiro — de 1903 a 1904.
12.° " — Moysés R. de Andrade — de 1904 a 1905.
13.° — Polycarpo José Pinheiro — de 1905 a 1906.
14.° " — Domingos S. da Costa — de 1906 a 1907.
15.° — Polycarpo José Pinheiro — de 1907 a 1908.
16.° " — Dr. Antonio J. de S. Lobo — de 1908 a 1912.
17.° " — Alberto Gomes Veiga — de 1912 a 1914.
18.° " — Thiago Pereira de Azevedo — de 1914 a 1915.
19.° — Domingos S. da Costa — de 1916 a 1922.
20.° " — Ceciliano da Silva Corrêa — de 1922 a 1923.
21.° — Aníbal Dias de Paiva — de 1923 a 1925.
22.° — Alípio Cornélio dos Santos — de 1925 a 1928.
23.° " — José Gonçalves Lobo — de 1928 a 1929.
24.° — Manoel Hermógenes Vidal — de 1929 a 1930.
25.° — José Gonçalves Lobo — em 1930.
Com a Revolução de 24 de outubro de 1930 a C Â M A R A fechou.
Só em 1947, com a queda do regime ditatorial, ela voltou a fun-
cionar.
LEGISLATIVO MUNICIPAL
(Após a queda do regime ditatorial)
19 4 7
26.° " — Dr. Roque Vernalha — de 1947 a 1951.
27.° " — Dr. João Ferraz de Campos — em 1951.
28.° " — Dr. Joaquim Tramujas — de 1951 a 1955.
29.° — Antonio Morais P. da Costa — em 1955.
30.° " — Dr. Nelson Buffara — de 1955 a 1957.
31.° " — João Fernandes — de 1957 a 1958.
32.° " — Jorge Elisio P. Marcondes — em 1958.
33.° " — Dr. Ewaldo Seeling — de 1958 a 1959.
34.° " — Dr. Nelson Buffara — de 1959 a 1967.
35.° " — Dr. Alceu Maron — de 1967 a 1971.
36.° " — Antonio Julio M. Lima —< de 1971 a 1973.
37.° " — Dr. João Jacob B. Filho — de 1973 a 1975.
38.° " — Sylvio Drummond — de 1975 a 1977.
Atual L E G I S L A T I V O :
Presidente — S Y L V I O D R U M M O N D
Vereadores — DR. JOSÉ M A R T I N S D O C A R M O (1)
— DR. JOÃO JACOB BERBERE F I L H O (2)
— DR. I S A M I M O R I T A (3)
— DR. A R T H U R M I R A N D A R A M O S (4 )
214
— DR. C M O S E G U I B E R T O P. T R A M U J A S ( 5 )
— PROF. O Z I E L T A V A R E S P R A D O ( 6)
— TSUTOMO FURUZAWA ( 7)
— CHAFIC F A R A H (8)
— PEDRO C L A R O CHAVES (9 )
— A N T O N I O C A M I L O DO N. JUNIOR (10)
— A N T O N I O CARLOS A B U D (11)
— FRANCISCO CABRAL (12)
— I D I L I O MENDES (13)
— N I L T O N ABEL DE L I M A (14)
"REGALIAS DA CÂMARA"
21íi
PODER JUDICIÁRIO
217
MESTRES
MAGISTÉRIO PARANAGUARA
221
1835 — F R A N C I S C O F E L I X DA S I L V A — professor particular.
Escola primária, para meninos e meninas.
1835 — Lei Provincial n.° 35 de 18 de março, referendada pelo
Presidente da Província — José Cezário de Miranda Ri-
beiro. — Artigo único — Os professores de primeiras letras
poderão castigar, moderadamente, cs seus alunos, quando
as penas morais forem ineficazes.
1849 — JESSIC JAMES — (com sua filha W i l l i e ) — Colégio par-
ticular, com externato, seminternato e internato. Grande
Colégio.
1855 — A L Z I R A L O B O S I M P L Í C I O — Professora com Escola Par-
ticular. Era mãe do Dr. Nilo Cairo, de saudosa memória.
1859 — JOSÉ C L E T O DA S I L V A — professor público, primário.
Manteve também um Colégio Particular.
1860 — D E M É T R I A DO N A S C I M E N T O Y L A V I N I A — (uruguaia)
professora com Escola Particular. Chamavam-na mestra
Dedé. Lecionou durante 30 anos, voltando depois ao seu
país.
1864 — M A R I A B E R N A R D A P I N T O C O R D E I R O — professora
particular e depois pública. Lecionou durante 24 anos.
Chamavam-na mestra Lica. Em 1888 mudou-se para
Curitiba.
1872 — M A R I A JÚLIA DA S I L V A N A S C I M E N T O — professora
particular e depois pública. Lecionou até 1897, quando
se aposentou.
1872 — A L Z I R A V A R G A S — professora particular. Lecionou al-
guns anos em P A R A N A G U Á . Voltou depois para Curitiba.
1874 — M A R I A T H E O D O R A DOS ANJOS — professora particular
para desasnar crianças. Sua Escola ficava quase em
frente da Escola Paroquial. Com alargamento da praça,
a casa desapareceu; era a primeira casa da rua Vieira dos
Santos (esquina). Chamavam-na "mestra Mariquinha
Theodora". Nas férias das demais escolas, os pais man-
davam os filhos estudar com ela, para não ficarem enco-
modando em casa. Já bem velha e doente, às vezes lecio-
nava do próprio leito, e isso fez até os últimos dias de
vida. Foi u'a mestra abnegada.
1874 — E L I S A T A V A R E S — professora particular. Morava na
rua Mal. Alberto de Abreu. Lecionou durante vários syios,
principalmente prendas domésticas. Era especialista em
trabalhos de agulha.
1874 — M A R I A R O S A DOS S A N T O S A N D R A D E e seu esposo
JOÃO B A P T I S T A P E R E I R A DE A N D R A D E — ambos pro •
fessores, lecionaram por vários anos no lugar denominado
R I B E I R Ã O , Município de P A R A N A G U Á . Ela, em 1877,
prestou exame de suficiência em Curitiba e trabalhou por
mais de 30 anos.
222
1878 — M A R I A B E N E D I T A CORDEIRO P I N T O — professora
particular no Rossío (era sua vocação). Em 1886, pres-
tou exame de suficiência em Curitiba sendo nomeada para
a Escola Mista do Rossío. Depois, lecionou em Alexandra,
Guaraqueçaba e por fim veio para a Cidade. Trabalhou
durante 24 anos, quando então se posentou, mudando-se
para Curitiba. A mestra M A R I A era avó do grande pro-
fessor D A R I O N O G U E I R A DOS S A N T O S que, por muitos
anos lecionou, junto com sua esposa, D. P O M P Í L I A , na
Escola Normal de P A R A N A G U Á .
1880 — C A E T A N A F E L I X DA S I L V A — professora particular,
lecionou longos anos. Solteira; morava com suas quatro
irmãs, também solteiras; inclusive um irmão solteiro.
Caso típico na sua Escola: Os alunos ficavam sentados em
uma "esteira" e a mestra, numa cadeira, com a "palma-
tória" e a "vara de marmelo" nas mãos, fazia as crianças
cantar a "tabuada" e soletrar, musicalmente, as pala-
vras . . . e os alunos o b e d e c i a m . . .
1883 — L E O C Á D I A R O C H A — Começou lecionando em Antonina;
vindo depois para P A R A N A G U Á , onde trabalhou durante
22 anos, como professora particular.
1884 — P A U L I N A A L V E S — professora particular. Lecionou em
P A R A N A G U Á , durante 20 anos no Rossio.
1884 — L U I Z A C O R R E I A N E T O — professora particular. Lecio-
nou alguns anos em P A R A N A G U Á . Logo depois casou-
-se, mudando-se para Curitiba, onde continuou dando
aulas.
a
1885 — JOSÉ A G O S T I N H O DOS S A N T O S — mestre da l . Ca-
deira, para o sexo masculino. Lecionou vários anos. Era
pai do General Agostinho dos Santos e irmão da mestra
M A R I A ROSA DOS SANTOS A N D R A D E .
1887 — S E R A F I N A P E R E I R A ALVES DE A R A Ú J O — professora
particular. Lecionou durante 40 anos no arrabalde do
Rossio.
1888 — JOSEFINA DOS ANJOS N E P O M U C E N O — lecionou vários
anos na Escola promíscua de Piaçagüera.
1888 — L U I Z A JACOB H U I e F R A N C I S C A H U I (mestra Chiqui-
nha) — ambas irmãs; lecionaram durante mais de 40
anos, particularmente.
1889 — A N T O N I A P E R E I R A S A I Ã O — professora pública e par-
ticular. Lecionou longos anos. Afastada, após a revolução
federalista. Mais tarde foi reintegrada no cargo, até sua
aposentadoria. D. Antoninha foi uma grande mestra,
grangeando a amizade dcs seus alunos. Era irmã do sau-
doso JOÃO REGIS P E R E I R A DA COSTA; de D. M A R I A
R. P E R E I R A A R A N T E S ; da primeira esposa do Cel. SE-
B A S T I Ã O S A N T ' A N A L O B O e outros: todos netos do últi-
mo C A P I T Ã O MÓR de P A R A N A G U Á .
223
1889 — I A I Á GONÇALVES P E R E I R A — lecionou alguns anos em
P A R A N A G U Á , mudando-se depois para São Paulo.
1890 — M A R I A DAS DORES L A I N E S — professora pública e par-
ticu^r. lecionou vários anos em P A R A N A G U Á
1890 — L U D O V I C A C A V I G L I A B Ó R I O — professora normalista,
nascida em T U R I N ( I t á l i a ) . Veio para o Brasil em 1889.
Em 1890, já casada, abriu uma Escola (Co'egio Ludovica
B ó r i o ) . Lecionou durante 29 anos.
1894 — A L E X I N A H E N R I Q U E T A DESLANDES DE SOUZA —
professora pública; lecionou durante 20 anos, em Guará-
tuba, depois em P A R A N A G U Á . Aposentou-se em 1914,
mudando-se para Santos. Todos os seus filhos, parana-
guaras, não moram mais aqui.
1894 — E L E U S I N A P L A I S A N T DE SOUZA — viúva aos 27 anos,
começou a lecionar. Grande professora; além do curso
primário e complementar ,ensinava francês, piano e pin-
tura, e isso o fez durante 46 anos. Deixou de trabalhar
em 1940, devido a falta de visão. Mestra durante tantos
anos, salientou-se, não só pelos seus dotes de cultura, mas
também pela sua capacidade didática. Conhecia-a muito
e sempre admirei essa extraordinária professora. Criou
ela, duas sobrinhas, Déa e Ariadne. Esta última — Ariadne
— ainda vive e foi sua grande auxiliar no afamado
Colégio "Plaisant", de tanto prestígio no passado.
1894 — F R A N C I S C A A N D R A D E (D. Chiquinha Andrade) — pro-
fessora pública, que lecionou durante 40 anos, até 1934.
quando se aposentou. Ficou sozinha no mundo e levou
9 anos enferma, porém, de pé, andando sempre. É que,
perdendo todos os seus, acabou ficando um tanto desequi-
librada. Conheci muito a mestra D. Chiquinha, po's fre-
qüentava a minha casa. Bastante inteligente e culta, era
' afilhada e sobrinha do saudoso sacerdote Monsenhor Celso
Itiberê da Cunha e do grande diplomata e músico Brasílio
Itiberê da Cunha. Faleceu ela em 1943.
1898 — F R A N C I S C A BORGES — (mestra Chiquinha Borges) de
família cearense, lecionou longos anos em P A R A N A G U Á
Faleceu em 1944.
1898 — JÚLIA DE O L I V E I R A E S I L V A — prestou exame de sufi-
ciência em 1898, sendo nomeada professora em Piaçagüe-
ra; depois para o Imboguaçú, Imbocuí, Barra do Sul e
Alexandra. Aposentou-se em 1924, com 26 anos de ma-
gistério público.
1917 — B A L B I N A CRUZ — Lecionou 14 anos gratuitamente; por
vocação. Por morte do marido (Emílio C r u z ) , passou a
cobrar dos alunos, apenas Rs 3$000 (três mil réis) de
mensalidade, a fim de poder se sustentar. Mais tarde, o
Prefeito —< Paulo da Cunha Franco — sabendo de sua si-
tuação, nomeou-a professora municipal, leiga. Gesto no-
224
bre do então Prefeito, procurando ajudar quem levou 14
anos a dar aulas às crianças, sem remuneração.
1918 — A D E L I N A M I R A N D A C O R R E I A — professora auxiliar do
Colégio Plaisant, trabalhando no primeiro Jardim da In-
fância Particular da Cidade. Mais tarde, estabeleceu-se,
organizando o seu próprio "Jardim" que lecionou ainda
por mais 12 anos, quando faleceu. D. Adelina tinha pen-
dor para a poesia, tendo composto alguns versos.
1919 — E S T E L A F R E C E I R O M I R A N D A — tendo prestado con-
curso, foi nomeada como professora, para o Porto D. Pedro
I I ; lecionando 17 anos, até 1936, quando se aposentou.
Foi uma grande mestra.
225
Ainda em 1892, o Club Litterario conferiu-lhe o "Diploma" ae
"sócia honorária", pelos relevantes serviços prestados à Instrução
Pública.
Ela muito auxiliou na formação da Biblioteca do Club Litte-
rario, que ainda estava em fase de organização.
Essa mestra recebia, constantemente, os livros didáticos pu-
blicados pelo grande professor da época: Dr. A B Í L I O CESAR BOR-
GES, para distribuir, gratuitamente aos seus alunos.
Era ela uma autodidata; lecionando por vocação. Muito culta
e educada, tornou-se bastante considerada no meio social em que
vivia. Foi, de fato, uma grande mestra.
226
UM COLÉGIO PARTICULAR FEMININO
227
O Colégio assegurava o maior asseio e a mais delicada atenção
às alunas. Quanto à alimentação, seria abundante e sobretudo
sadia...
Foi realmente um Colégio "modelo" em P A R A N A G U Á ; pois as
alunas, meninas e moças, tinham uma educação social e cultural
bem aprimorada; tornando-se, dessa maneira, verdadeiras damas
de salão. Razão porque, o historiador Demétrio Acácio Fernandes
da Cruz tanto elogiou, nessa época, nos seus apontamentos histó
ricos, a mulher paranaguara, dizendo ser ela muito espirituosa e
de fino trato, dada a sua graça, elegância e maneira aristocrática.
Por vários anos manteve-se firme o extraordinário Colégio.
Mas, como tudo cansa e tende, na vida, a desaparecer; ele também
desapareceu; pois Madame JESSIC e sua filha cansaram e, não
podendo mais agüentar, devido a estafa, mudaram-se de P A R A -
NAGUÁ. ..
Deixaram elas uma grande lacuna, por muito tempo, na vida
social e cultural do belo sexo paranaguara.
Só mais tarde, com a vinda das professoras Ludovica Caviglia
Bório, Eleusina de Souza Plaisant e as irmãs do Colégio São José,
essa falta foi suprida satisfatoriamente.
Grandes benefícios trouxeram para a nossa Cidade esses três
grandes Educandários. O Colégio Ludovica Bório, por 30 anos; o
Colégio Plaisant por 45 longos anos (ambos desaparec dos) e o
Colégio São José, com 63 anos, ainda se conserva firme e bem
acreditado.
228
UM GRANDE MESTRE
231
"LUDOVICA CAVIGLIA BÓRIO"
PROFESSOR R A N D O L F O A R Z U A
233
Deixou ainda cedo este mundo. Mas os anos que viveu, apro-
veitou bem na prática do mestrado. Foi um grande mestre e um
grande músico (pianista). Dedicou o vida inteira ao Magistério de
sua terra. Verdadeiro amigo de seus alunos, ao ponto de, às vezes,
discutir com os colegas, em defesa dos seus discípulos. Jamais re-
provou um estudante (e isso dizia com ufania).
Como pianista — excelente na execução. Sabia dar um colo-
rido especial às peças que tocava, com perfeição. Não havia quem
não gostasse de ouví-lo tocar piano; mormente em se tratando de
música popular brasileira. Tinha a grande facilidade de executar
qualquer música que se lhe apresentasse de primeira vista. Foi um
verdadeiro cultor da música e um excelente professor.
A D E L A I D E CARDOSO P I N T O
HELENA V I A N A SUNDIN
234
ELOINA DE CAMARGO V I A N N A
C O L É G I O SÃO JOSÉ
235
I N S T I T U T O DE EDUCAÇÃO
COLÉGIO E S T A D U A L C O M E R C I A L
COLÉGIO ITIBERÊ
GINÁSIO LEÃO X I I I
F U N D A Ç Ã O FACULDADE E S T A D U A L DE F I L O S O F I A ,
CIÊNCIAS E L E T R A S DE P A R A N A G U Á
236
19 7 6
ESTABELECIMENTOS PARTICULARES
F U N D A Ç Ã O F A C U L D A D E DE F I L O S O F I A ( E S T A D U A L )
D I R E T O R : Professor Leônidas Boutin
PROFESSORES: 50
A L U N O S : 635
03 — G I N Á S I O " L E Ã O X I I I "
D I R E T O R : Padre Michael Thomas Slieehan
PROFESSORES: 15
A L U N O S : 150
05 — C E N T R O E D U C A C I O N A L " P E I X I N H O S A P E C A "
D I R E T O R A : Niva Salgado de Oliveira
PROFESSORES: 26
A L U N O S : 280
06 — J A R D I M DA I N F Â N C I A " T I A N I L Z A "
D I R E T O R A : Nilsa B. do Nascimento
PROFESSORES: 09
A L U N O S : 170
ESTABELECIMENTOS PARTICULARES
TOTAL:
PROFESSORES: 172
A L U N O S : 2.826
237
19 7 6
a a
E N S I N O D E 1.° G R A U ( l . a 4 séries) E S T A D U A L
01 — I N S T I T U T O E S T A D U A L DE EDUCAÇÃO
"DR. C A E T A N O MUNHOZ D A R O C H A "
D I R E T O R G E R A L : Alceu de Oliveira Toledo
D I R E T O R A : Mercedes Macedo Lima
PROFESSORES: 30
A L U N O S : 293
02 — ESCOLA " D I D I O A U G U S T O DE C A M A R G O V I A N N A '
D I R E T O R A : Maria Aparecida de Camargo V. Scacalossi
PROFESSORES: 15
A L U N O S : 239
238
03 — ESCOLA "PROFESSOR R A N D O L F O A R Z U A
D I R E T O R A : Zuleima C. Pinto
PROFESSORES: 29
A L U N O S : 341
12 — G R U P O ESCOLAR N O T U R N O DA C O S T E I R A (Supletivo)
D I R E T O R A : Izabel M. da Silva
PROFESSORES: 13
A L U N O S : 210
239
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO ESTADUAIS
a a
(5 8. e 2 ° G R A U )
a
Professores 210
Alunos 5.052
a a
(I a4 )
Professores 306
Alunos 3.641
TOTAL GERAL
Professores 516
Alunos 8.693
240
Nome do Estabelecimento Alunos Prof.
T O T A L
241
HOMENS ILUSTRES
COMENDADOR MANOEL FRANCISCO CORREIA JÚNIOR
245
DR. MANOEL FRANCISCO CORREIA NETO
246
estrangeiros, durante a guerra do Paraguai. Também a situação
não era boa no Rio da Prata.
Foi quando o vice-presidente da Argentina enviou ao Brasil o
ex-comandante dos exércitos aliados na guerra do Paraguai — Ge-
neral Bartolomeu Mitre — em missão extraordinária.
O Brasil, não havia concordado com os desejos de conquista
da Argentina. E para corroborar a sua negativa, celebrou a paz
com o Paraguai (em separado), garantindo-lhe a independência.
O ministro plenipotentiary argentino, sabedor desse acordo,
reclamou, usando uma expressão bastante oíensiva ao nosso Go-
verno, que, através do ministro Correia Neto, exigiu uma retrata-
ção imed'ata. Ato que o Governo Argentino não deu a mínima
satisfação; sendo então cortadas as relações diplomáticas, com o
afastamento dos embaixadores.
Quando o general Mitre chegou ao Rio de Janeiro, as relações
já estavam rompidas. Contudo ele procurou obter uma reconci-
liação com o ministro Correia Neto e com o Visconde do Rio Branco;
sem resultado. Mas o velho general não desistiu e, contrariando
as ordens do vice-presidente argentino, transigiu com habilidade;
conseguindo evitar uma nova guerra contra seu país.
Nem bem havia terminado esse intrincado caso, quando um
outro mais forte surge para o nosso ministro.
Terminada a guerra Alemanha X França em 1871, com a vitó-
ria dos germanos, o chance"er — Príncipe de Bismarck — fez uma
forte reclamaçã.o ao governo brasileiro, com respeito à colonização
alemã no Rio Grande do Sul.
5
O m n i s t r o Corre a Neto, achando improcedente tal reclama-
ção, enviou um "memorandum" ao governo alemão, desfazendo as
"acusações" e "censuras" quanto à colonização; advertindo ser
conveniente que o ministro da Alemanha, em nosso país — Conde
Solms — não mais voltasse ao exercício de suas funções na Corte,
pois que era ele o único responsável por tais acusações. O chanceler
alemão — Otto von Bismack — conhecido como o "chanceler de
ferro", queimou-se na parada e ameaçou bombardear o Brasil com
a voz dos canhões da sua poderosa esquadra.
A resposta do Ministro Correia Neto não se fez esperar, di-
zendo' "A luta entre o Brasil e a Alemanha será como a de um
cordeiro e um leão mas pode V. Alteza ficar certo de que não en-
contrará calados, em nossos portos, os nossos canhões".
O chanceler Bismarck, ao em vez de se irritar, achou graça na
resposta, admirando-se da coragem do nosso ministro, dando-lhe
razão.
Resultado: acabou condecorando o nosso ministro com a
"cruz-de-ferro de Guilherme I.
Em 1873, pediu demissão da Pasta, por não concordar com os
provimentos da Legação de Londres, por achar prejudicial ao país
que, representantes do Império, ao contraírem empréstimos, acei-
tassem percentagem sem autorização legal.
247
Em 1874, fundou a Associação Protetora da Instrução e ins-
talou também a primeira Escola Normal do Brasil, dirigindo-a por
algum tempo.
Em 1877, na Regência da princesa Isabel, foi nomeado Senador
do Império, pelo Paraná, na vaga do Barão de Antonina; tendo sido,
na época, o mais moço dos Senadores; pois tinha apenas 46 anos
de idade. Dessa data em diante, dedicou-se, exclusivamente a esse
cargo. Continuando na campanha contra o analfabetismo, cons-
truiu a Escola "Senador Correia Neto".
Em 1879, extinta a Diretoria Geral de Estatística, pediu a
sua aposentadoria, com ordenado proporcional.
Em 1883, fundou a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro,
e a Associação Mantenedora do Museu Escolar.
Em 1886, inaugurou o Asilo "Santa Isabel", como presidente
que era da Associação Protetora da Infância Desamparada.
Ainda nesse ano de 1886, foi nomeado Conselheiro de Estado.
Foi também presidente da Sociedade Amante da Instrução,
bem como da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
Fundador e Presidente da Sociedade Humanitária Paranaense;
quando ela foi dissolvida, Correia Neto propôs em plenário, doai-
os "haveres" da mesma à Câmara Municipal de Paranaguá, para
a construção de uma "Casa Escolar" que receberia o nome de
"Humanitária Paranaense"; sendo aceito por todos os consócios.
A Câmara de Paranaguá, ao inaugurá-la, deu-lhe o nome de
"Casa Escolar Senador Correia".
Entretanto, Correia Neto quando soube, não concordou; pe-
dindo que fosse mudado, mantendo o nome de "Humanitária Pa-
ranaense", conforme havia sido escolhido pelos antigos associados.
Sendo convidado por D. Pedro II para exercer o cargo de Vea-
dor da Casa Imperial, bem como aceitar o título de "Visconde de
Curitiba", declinou respeitosamente dessa honraria.
Como o Imperador insistisse, ele perguntou ao Monarca:
— "Aos seus olhos, vale menos o Conselheiro Correia Neto, do
que o Visconde de Curitiba ?
— Claro que não, respondeu D. Pedro.
— Então, Majestade, prefiro morrer com o nome do meu hon-
rado p a i . . . "
Quase no fim do Império, foi, novamente, convidado pelo Im-
perador para organizar um Gabinete Ministerial, desde que esco-
lhesse dois ministros militares. Ele também declinou da distinção,
alegando não concordar com a escolha de militares, visto estarem
eles em conflito com o Trono. Fez também sentir que seria preju-
dicial ao Governo Imperial.
Foi então escolhido Afonso Celso, que organizou o Gabinete
com ministros militares, mas nem tempo teve de ler na Câmara o
seu programa. A sedição militar derrubou o Trono, com a revolta
que se transformou rapidamente em "revolução republicana"...
Coréia Neto não se e n g a n a r a . . .
248
Com a queda do Império, Correia Neto ficou no esquecimento
até o ano de 1892.
Entretanto, foi vice-presidente do Instituto Histórico e Geo-
gráfico Brasileiro, desde 1891 a 1904.
Em janeiro de 1893, foi nomeado presidente do Tribunal de
Contas da República e permaneceu nesse cargo apenas um ano.
Em 1894, foi demitido pelo Marechal Floriano Peixoto. Fato
bastante desagradável para o ilustre paranaguara. Mas, algo pior
e doloroso estava reservado para s i . . . o brutal fuzilamento de seu
irmão Ildefonso Pereira Correia — Barão do Serro Azul — junto
com seu primo — Presciliano da Silva Corrêa — e mais quatro
paranaenses — José Lourenço Schleder, José Joaquim Ferreira de
Moura, Lourenço Rodrigo de Matos Guedes e Balbino Carneiro de
Mendonça — todos inocentes no caso em questão. Foi na verdade,
um bárbaro atentado aos direitos humanos, porque as vítimas ja-
mais puderam se d e f e n d e r . . . executadas sem julgamento; pois,
arrancadas do aconchego de seus lares, às 10 horas da noite, foram
encarcerados como traidores; para depois (no dia 20 de maio de
1894), serem embarcadas em um trem; destino a Paranaguá, com
a desculpa de que seguiriam ao Rio de Janeiro, a fim de serem
julgadas. .. porém tal não aconteceu. . . chegadas ao quilômetro
65, o trem parou e as vítimas obrigadas a desembarcar... e, de
costas, receberam uma saraivada de b a l a s . . . caindo todas no Pico
d o Diabo ! . . .
Esse monstruoso atentado abalou consideravelmente a popu-
lação paranaguara, que chorou amargamente a perda dos seus
conterrâneos — Ldefonso e Presciliano — homens dignos de toda a
estima, consideração e respeito.
E o Senador Correia Neto ? Poderão avaliar o estado de alma
dessa criatura que, além de tudo, nada podia fazer, nem falar;
dada a situação em que se encontrava todo o p a í s . . . Foi para ele.
doloroso d e m a i s . . .
Foi então, quando, num desabafo, escreveu uma carta ao Pre-
feito de Paranaguá — Comendador João Guilherme Guimarães —
da qual transcrevemos o seguinte tópico:
"Pode a culpa desse negro atentado recair sobre o Brasil e os
brasileiros ? Ah ! se assim fora, não restaria outro alvitre senão
cobrir o rosto com um manto de vergonha e fugir e f u g i r . . . para
longe, muito l o n g e . . . a justiça não consente que a história respon-
sabilize os brasileiros por esse canibalismo que nos arranca da
alma brados da mais veemente r e p r o v a ç ã o " . . .
Passados aqueles tristes meses de tormento e instabilidade,
voltou o amargurado Conselheiro Correia Neto a trabalhar e, daí
em diante, com mais intensidade, pela instrução pública. E são
tantos os benefícios que trouxe para o setor educacional, que seria
difícil enumerá-los todos.
Por fim, aderinho à República, ocupou o cargo de presidente
do Banco do Brasil e do Loide Brasileiro.
249
Mais tarde voltou a presidir o Tribunal de Contas, restituido
que foi a esse importante cargo exercendo-o até a data do seu
falecimento.
O Conselheiro Manoel Francisco Correia Neto, deixou este
mundo, com toda a lucidez de espírito, no dia 11 de julho de 1905.
Deixou ele vários trabalhos impressos.
Ainda moço, publicou o romance —• "Mistério de Botafogo".
Também dramatizou um romance alemão. Foi nessa época que ele
se dedicou com afinco à "hipno ogia" (estudo acerca do sono).
Ocupava a tribuna quase que diariamente; tanto que, seus
inimigos políticos, para espezinhá-lo, apelidaram-no de o "Eterno
falador".
E Correia Neto, indiferente a esses ataques que julgava impro-
cedentes, transformou essa alcunha em o "Eterno defensor dos di-
reitos do povo".
Nas várias escolas que fundou, \ ia-se nas salas de aula a sua
notável frase: "SE TODOS N Â O P O D E M T E R T A L E N T O , TODOS
SÃO O B R I G A D O S A T E R C A R Á T E R " ! Frase esta, gravada depois
em medalha, espalhou-se por todo o país, servindo como tema de
redação e com prêmios aos escolares.
Era casado com D. Mariana Ribeiro de Almeida, e teve dela
4 filhos: Mariana, Manoel Francisco, Maria Elisa e Eduardo.
Na visita que fez a princesa Isabel e seu consorte ao Paraná,
aqui encontrou o Senador Correia Neto, que também viera visitar
o seu torrão natal.
Por ter uma vida metódica, pôde, em todos os cargos que ocu-
pou, exercê-los com muita eficiência.
Dada a estima que o Imperador lhe tinha; quando no exílio,
sempre manteve correspondência com ele.
O Conselheiro Correia Neto sempre dizia ter sido a sua maio/
alegria em difundir o ensino nas escolas que fundara. Tanto que,
a si próprio se chamava: "SOU UM O P E R Á R I O , E M B O R A OBS-
CURO, DA C I V I L I Z A Ç Ã O DE M I N H A P Á T R I A " !
Essa a razão pela qual aderira à República: continuar a pres-
tas os seus serviços ao Brasil!
Pertenceu, o Conselheiro, a todos os I N S T I T U T O S , ASSOCIA-
ÇÕES, A C A D E M I A S C I E N T Í F I C A S OU L I T E R Á R I A S de todo o
país e também do estrangeiro.
Além da "cruz-de-ferro" de Guilherme I (Imperador da Ale-
manha) , fez jus à "grã cruz da ordem da Conceição da Vila Viçosa"
e com a 'cruz do hábito de Cristo" ( P o r t u g a l ) ; com a "ordem de
Carlos I I I " (Espanha), com a "coroa de ferro" ( Á u s t r i a ) , com a
'coroa de Sant'Ana" (Rússia), e com a "Comenda da Ordem da
Rosa', do Brasil.
Ó desejo e a esperança do velho mestre John H. Freese reali-
zara-se ! . . .
Manoel Francisco Correia Neto honrou seu nome, sua Pátria
e a Humanidade !. ..
250
DR. MANOEL EUFRÁSIO CORREIA
251
"É B A S T E N T E AGRESTE O T A L D E P U T A D O , M A S T E M
MUITO TALENTO" !
252
Podem ficar certos os leitores que não há o mínimo exagero
nas nossas p a l a v r a s . . .
253
ITIBERÊ
U M G R A N D E SACERDOTE
25o
tes, amava a Natureza e, também amando-a, adorava ao Cria-
dor ! . . .
Onde irradia a luz, aí está DEUS ! . . . Monsenhor Celso, irra-
diando a luz da Bondade, do Amor, da Caridade e do Perdão,
sempre esteve com DEUS no coração ! . . .
Glória, pois, a esse admirável pastor de almas ! . . .
U M E M B A I X A D O R MÚSICO
257
DR. JOÃO TEIXEIRA SOARES
259
NESTOR VITOR DOS SANTOS
260
1923, conseguiu publicar a primeira edição de " O B R A S C O M P L E -
T A S DE CRUZ E SOUZA', de quem tinha sido muito amigo.
Em 1926, foi crítico literário de "O G L O B O " , desde a sua
fundação. Iríamos longe, citando todos os cargos que ocupou.
Uma grande lacuna se fez sentir nos meios culturais do País,
quando de seu infausto desaparecimento aos 13 de outubro de 1932.
Paranaguá também sentiu a imensa perda do seu dileto e ilustre
filho. . . Mas, em 1968, comemorando o primeiro centenário de seu
nascimento, grandes festas foram realizadas em sua terra natal,
culminando com a inauguração do seu "busto", bem defronte à
rua que já tinha o seu nome.
Esses festejos realizaram-se, não no dia 12 de abril, e sim no
dia 14 de maio, por motivo de força maior.
Encerrando as festividades, foi realizada, às 8,30 horas da
noite, uma Sessão Magna no salão nobre do Club Litterario.
Após a apresentação de números musicais, o Dr. Bento Munhoz
da Rocha Neto saudou os membros do Conselho Federal de Cul-
tura — José Cândido de Andrade Muricy e Martins Pereira, bem
como as autoridades presentes. Dada a palavra ao conferencista —•
José Cândido de Andrade Muricy — amigo e contemporâneo do
homenageado, discorreu ele sobre a vida e a obra de N E S T O R V Í -
T O R , o grande filho de Paranaguá. Foi uma bela peça oratória!
Para finalizar, foi cantado o Hino de N. S. do Rossio, pelo Coral
"Diva Vidal", sob a regência da professora Rachel de Souza Pe-
reira da Costa (música de maestro José Itiberê del Lima e letra do
poeta Leocádio Pereira, ambos filhos de Paranaguá).
Que melhor "homenagem póstuma" se poderia prestar a esse
insigne paranaguára — N E S T O R V I T O R DOS SANTOS ?!
E nós, sentindo tudo isso, não poderíamos deixar de trazer,
para o nosso modesto livro, esse personagem que tanto honrou a
sua terra natal. Seria uma falta que jamais perdoaríamos a nós
mesmos.
Esa grande honra que sentimos, faz com que transcrevamos um
pouco do muito que ele produziu de belo.
Seus sonetos são de muita profundidade.
Eis um deles:
MORTE PÓSTUMA
261
Mas embalde ela chega, embalde os chama;
Ali não acha nem de longe aqueles
Grandes assombros que aonde vai derrama!
Ainda um outro:
ESTRELA
PARANAGUÁ
(Recordação da infância)
262
UM GRANDE AMIGO DE PARANAGUÁ
267
VICENTE NASCIMENTO JÚNIOR
270
DR. ZENON PEREIRA LEITE
Nasceu, esse ilustre paranaguara, no dia 13 de março de 1889.
Seus pais: Guilherme José Leite e D. Esther Ferreira Leite.
Z E N O N L E I T E fez seu curso primário, uma parte em P A R A -
N A G U Á e outra em Curitiba, terminando em 1901. Foi, depois,
para o Rio de Janeiro, a fim de fazer Curso de Humanidades.
Em 1913, matriculou-se na FacuMade de Direito do Paraná;
interrompendo, logo depois por motivos particulares. Em 1931,
continuou na mesma Faculdade; terminando porém na Faculdade
de Direito de Florianópolis, bacharelando-se em Ciências Jurídicas
e Sociais, em 1937.
Fez concurso para a Fazenda Nacional, sendo logo nomeado
como escriturário da Alfândega de P A R A N A G U Á . Ocupou o cargo,
em comissão, de Inspetor da Alfândega de Uruguaiana, de Pelotas,
de Florianópolis e de Porto Alegre, quando então se aposentou.
Esteve também, em comissão, em Foz do Iguaçu e em Antonina.
Escreveu vários trabalhos literários e históricos e mesmo sobre
Administração Fazendária; publicados na Imprensa do Rio de Ja-
neiro do Rio Grande do Sul e do Paraná.
Dirigiu o Jornal "O Estudo" e depois a Revista "O I T I B E R Ê " ,
sendo seu fundador.
Z E N O N L E I T E era casado com D. Hilda Correia Leite e deixou
os seguintes filhos: Hilnon, Maria do Rosário, Guilherme, Hilda e
Margct.
Finou-se em Porto Alegre, já aposentado e bem idoso. Sua
morte foi bastante sentida nos meios intelectuais.
Foi membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; da
da Associação Riograndense de Imprensa e do Instituto Genealó-
gico Brasileiro.
Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de
Santa Catarina e do Paraná; da Societé Bibliographique de Paris
e da Union Ibero Americana de Madri.
Sócio correspondente dos Centros de Santa Catarina e do Pa-
raná (Centro de L e t r a s ) .
Sócio Benfeitor e Presidente do Club Litterario de P A R A N A -
GUÁ.
Fundador do Centro de Letras de P A R A N A G U Á .
Fundador e 1.° Presidente do Instituto Histórico e Geográfico
de P A R A N A G U Á .
Z E N O N nunca esqueceu sua terra natal; vindo, sempre que
podia, passar suas férias no torrão onde nascera.
O ilustre varão sempre honrou a sua querida P A R A N A G U Á .
271
MÉDICOS HUMANITÁRIOS
DR. LEOCÁDIO JOSÉ CORREIA
276
Gostando do jornalismo e de versejar, era fino poeta, orador e
jornalista de mérito.
E no Teatro, então ?!
A platéia paranaguara, nessa época, culta e exigente, era
respeitada pelos artistas que aqui aportavam.
O Dr. L E O C Á D I O estimulava aos rapazes a escrever peças tea-
trais, orientando-os e depois ensaiando-os. Um deles, seu primo —
Leôncio Correia — entusiasmado e mesmo influenciado pelo Dr.
L E O C Á D I O , escereveu uma peça teatral por nome: "Talento e
ouro", que foi levada à cena no antigo Teatro Santa Celina, com
grande êxito.
Foi essa a época áurea de Paranaguá, que se tornara também
um dos centros literários do nosso país. E tudo isso se deveu, em
parte, ao Dr. L E O C Á D I O .
Fatos interessantes se deram na sua vida cotidiana. Um deles
muito sensibilizou aos que assistiram:
Chegara a Paranaguá o " C I R C O F E R R A Z " , muito boa com-
panhia circense. Foi logo armado na praça (hoje Fernando
Amaro).
O paranaguara sempre gostou de circos; de forma que, à noite,
antes mesmo de começar o espetáculo, ele já se achava lotado.
As 8 horas deu-se início à função cem a entrada do palhaço
que, com seu "respeitável público" e suas piruetas, começou a fazer
perguntas. Eram charadas para o público decifrar. Soltou ele a
a a
l . charada. Um espectador respondeu com exatidão. Fez a 2 , ;
a a a
depois a 3. , a 4 . e a 5 . Todas respondidas com segurança.
O palhaço, intrigado com a facilidade das respostas, dirigiu-se
ao público, dizendo: Respeitável assistência, a voz que respondeu às
minhas charadas, não me é estranha. O distinto cavalheiro po-
deria fazer o obséquio de se identificar ?
Alguém que estava entre amigos, na geral, levantou-se e falou
claramente: Sou L E O C Á D I O JOSÉ C O R R E I A .
O palhaço agradeceu e, depois de terminado o seu número,
mudou de roupa e foi até a geral, onde se achava o ilustre médico.
Ambos se abraçaram e ficaram algum tempo a conversar.
Lugar pequeno, como era então Paranaguá, todos queriam
saber a razão daquele encontro. No dia seguinte, o prato do dia:
O Dr. L E O C Á D I O e o palhaço Polidóro haviam sido colegas na
Faculdade de Medicina. Por circunstâncias da sorte, Polidóro não
conseguira se f o r m a r . . . coisas da v i d a . . .
Quando da sua formatura, a tese de doutorando versou sobre a
" L I T O T R Í C I A " (operação cirúrgica que consiste em triturar os
cálculos localizados na bexiga ou na uretra). Foi uma tese que
mereceu louvores.
Tão logo formado, casou com sua prima — Carmela Cisneiros
Correia. Dessa união vieram 3 filhos: Leocádio, Lucídio e Clara
Alves de Araújo.
277
Deixou, o Dr. L E O C Á D I O , este mundo e a sua Paranaguá, no
triste dia 18 de maio de 1886, depois de 3 dias de sofrimento...
Paranaguá cobriu-se de verdadeiro luto. Milhares de parana-
guaras acompanharam o seu ídolo até a derradeira morada e mui-
tas lágrimas verteram por quem soube amar sua terra e sua gente,
nos 13 anos que viveu como médico e como artista...
E a gratidão da cidade ? . . .
G R A T I D Ã O , Paranaguá sempre teve, tem e terá por esse
semi-Deus — faísca da Divindade, que atravessou tão rápida o céu
desta terra ! . . .
O DR. L E O C Á D I O JOSÉ C O R R E I A E S T A R Á SEMPRE NO
CORAÇÃO DOS P A R A N A G U A R A S N A T O S E DE ADOÇÃO !!!
E o que temos no recôndito do nosso coração, ninguém pode
tirar !
Haverá homenagem maior que essa ? ! . . .
Fala bem alto o Cemitério Municipal de Paranaguá, na sua
eterna e significativa mudez ! ! ! . . .
278
para os sítios onde tinham suas casas e chácaras com plantações;
lá ficando, um, dois ou três meses, até cessar o mal.
Na Cidade só ficavam, a classe média, os pobres e indigentes;
além das autoridades, do padre e do médico. Este, como verdadeiro
sacerdote, ia aliviando as dores físicas das criaturas que estavam
aos seus cuidados.
O Dr. Mello, com aquela bondade que lhe era peculiar, com o
perigo da própria vida, fazia o que era possível naqueles difíceis
tempos.
Uma epidemia de varíola que grassou em nossa terra, no ano
de 1889, foi impressionante. O abnegado médico, para debelar o
mal, fez o impossível dia e noite, atendendo os doentes, numa dedi-
cação a toda prova.
Foram tão grandes os seus serviços prestados à população, que
o Prefeito e a Câmara, em sessão solene, prestaram-lhe uma home-
nagem, oferecendo, na ocasião, uma significativa medalha de ouro,
como gratidão pelo muito que fez durante o surto epidêmico na
Cidade.
Dr. Mello foi, muito tempo, médico da Prefeitura; nomeação
feita pelo Prefeito João Guilherme Guimarães. Foi também Ins-
petor de Saúde dos Portos. Outra homenagem recebeu ele dos seus
amigos e clientes: um retrato seu a óleo, pintado pelo grande ar-
tista Alfredo Andersen, e que lhe foi ofertado aos 19 de março de
1895, data do seu natalício.
D. Alcídia Mello, tão conhecida nossa e de toda a população,
como pianista e diretora do 1.° Jardim da Infância, era a sua últi-
ma filha.
Quando da campanha de vacinação antivariólica, muito lutou
o Dr. Mello, para que o povo inculto aceitasse a vacina.
Sempre morou em casa alugada (sobrado hoje do Clube De-
mocrata), pois foi pobre; isso devido ao seu nobre coração em
praticar a caridade. Um ano antes de falecer, foi atacado de para-
lisia nas duas pernas. Sofreu muito; mas não deixou de clinicar,
atendendo em sua própria casa; principalmente aos pobres.
Finou-se no dia 11 de outubro de 1906, sem o mínimo amparo
para sua família. Entretanto foi cercado da consideração e res-
peito da gente paranaguara, que, numa subscrição espontânea,
angariou dinheiro para os funerais e para a família e n l u t a d a . . .
Extremoso, como sempre foi, na nobilitante missão de curar,
era chamado o "pai dos pobres" (a exemplo do querido Dr. Leo-
cádio).
Não podíamos, pois, passar sem dizer, às gerações futuras,
quem foi esse paradigma da caridade ! . . .
270
DR. JOÃO COELHO MOREIRA
Grande médico, que aqui chegou pelos idos de 1900, como Sub-
-Inspetor de "Saúde dos Portos do Estado do Paraná".
Baiano, de coração aberto ao sofrimento alheio, jamais cobroa
de sua grande clientela pobre.
Sua esposa — D. Laura Bandeira Moreira — dama de senti-
mentos nobres e altruísticos, era, na época, considerada a "mãe dos
pobres", pelo muito que fazia em prol dos necessitados.
Se ainda existir alguém que conheceu esse extraordinário casai,
poderá confirmar as nossas palavras.
Ambos católicos fervorosos, muito ajudaram a Paróquia de
Paranaguá que, na época, sofra a indiferença do povo, principal-
mente do elemento homem.
Há muito falecidos, deram eles grande apoio moral e financeiro
à religião que abraçaram, e isso durante o tempo em que viveram
em nossa terra.
Seus filhos: N E L S O N (oficial do Exército, já falecido) e Edméa
(viúva com 3 filhos), atualmente funcionária pública, aqui se cria-
ram e se educaram, na fase mais bela da vida — a juventude.
O DR. M O R E I R A morou em Paranaguá, com a família, de 1900
a 1920, quando, por motivo de saúde, pediu transferência para a
B A H I A , sua terra natal.
A saída desse bondoso casal deixou uma lacuna muito grande
para a cidade, não só no setor religioso, como na classe humilde
que sempre recebeu o auxílio financeiro e espiritual.
O D R . M O R E I R A e D. L A U R A , durante o tempo em que aqui
moraram, foram verdadeiros amigos de nossa gente.
A eles, o nosso preito de saudade.
281
DR. ARTHUR JOSÉ DE BASTOS
Médico baiano, aqui esteve por três vezes, clinicando particu-
larmente.
Foi um ótimo médico, por excelência humanitário; principal-
mente para a classe humilde.
Muito independente, sofreu sempre com a pressão da política
da época, pois era ele apolítico.
Foi ele quem, na última epidemia de "peste bubônica", deu o
alarme da doença em nossa terra, prevenindo as famílias amigas
como deviam proceder.
Teve uma forte discussão sobre esse caso, com um grande polí-
tico da cidade, chamando-o de pessimista e alarmista quanto à
doença.
Entanto, o Dr. Bastos estava c e r t o . . .
Foi ele um médico de gabarito, estrela de primeira grandeza
que passou pelo céu de P A R A N A G U Á , deixando, como muitos
outros, um rastro luminoso.
Homem íntegro, vivia para a sua clínica e para sua família.
sua esposa D. Julita e seus filhos: Áurea, Edmundo, Iaiá e João.
A ele a nossa gratidão, por tudo o que fez de bom em nossa
terra, durante o tempo que aqui residiu.
282
POETAS E POETISAS
DO
PASSADO
FERNANDO AMARO DE MIRANDA
DESCRENÇA E CRENÇA
288
"Quero sofrer duras penas,
Só assim terei centenas
Destes meus acerbos cantos,
Sentidos, mas desprezados
Por esses que, bronzeados,
Se riem de alheios prantos'.
A A R M I A
MEDO E PENA
A O A U T O R DAS R I M A S D E OURO
MAIA JÚNIOR
Grande e inspirado poeta da velha Paranaguá, foi Manoel
Gonçalves Maia Júnior.
Aqui nascido, aos 22 de outubro de 1863, era filho de Manoel
Gonçalves Maia e de D. Maria Josefina Maia.
Conheci-o, sempre como funcionário de nossa Aduana, probo
e íntegro. Jornalista de mérito, vários anos trabalhou em nossa
Imprensa.
Poeta dos bons, viveu sempre no aconchego do lar; na s'mpii-
cidade de sua vida um tanto obscura, dedicada ao seu labor na
Alfândega e, mais que tudo, à poesia, sua única razão de viver.
Seus versos, de uma delicadeza sem par, provam o quanto esta
criatura amou e sofreu. Quantas desilusões feriram sua alma de
artista; quantos sonhos desfeitos...
Desconhecido das três últimas gerações, trazemo-lo para o pre-
sente, a fim de apresentá-lo como o poeta que soube amar e sonhar,
viver e sofrer sem um lamento.
Trancrevendo seus adimráveis sonetos, nada ma's fazemos que
prestar-lhe a homenagem merecida, que sempre fez jus.
295
Vejamos esta jóia:
MEU P R I M E I R O A M O R
S A U D A D E S
* * *
Crente na existência de Deus e da alma, o espiritualismo era
o seu escopo. Neste belo soneto o vate se revela:
293
A VERDADEIRA VIDA
LEÔNCIO CORREIA
Tanto se há dito de L E Ô N C I O C O R R E I A , que pouco nos restou
para falar sobre tão ilustre personagem.
Que foi Deputado Estadual e Federal; Diretor da Instrução
Pública do Paraná; Diretor do Ginásio Fluminense; Delegado Fis-
cal dos estabelecimentos de Ensino; professor de História da Escola
Normal; Diretor Geral da Imprensa Nacional; Diretor do Diário
Oficial; Diretor da Instrução Pública do Rio de Janeiro; Diretor do
Ginásio Nacional (hoje Colégio Pedro I I ) , não mais é novidade.
Dizer também que pertenceu a sociedades literárias, como:
Academia Paranaense de Letras; Academia Carioca de Letras;
Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá; Instituto, Geográ-
fico e Etnográfico do Paraná; Academia de Letras "José de Alen-
car"; Centro de Letras do Paraná; Instituto Brasileiro de Cultura;
dizer tudo isso, é repetir o que penas brlhantes já descreveram em
linguagem escorreita.
Diremos somente que, este poeta e prosador nasceu em Para-
naguá, em 1.° de setembro de 1865. Filho de João Pereira Correia
e de D. Carolina Pereira Correia, fez o curso primário na sua que-
rida Paranaguá; seguindo depois para Curitiba, a fim de cursar
humanidades no Instituto Paranaense. Já moço, mudou-se para o
297
Rio de Janeiro, onde fixou residência, lá vivendo mais de 50 anos.
Diplomou-se depois em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de
Direito de Niterói.
L E Ô N C I O C O R R E I A levou assim uma vida de intenso labor
literário, tomando arte em todos os movimentos nacionais, como
jornalista e orador. Tomou parte, em sua terra, na campanha da
Abolição e da República. Esteve ao lado de Gomes Carneiro, no
cerco da Lapa, em 1894.
Sua personalidade foi toda formada em Paranaguá, pois daqui
saiu homem feito.
:
Embora tivesse continuado seus estudos no Rio de Jane ro,
jamais deixou de ter contato direto com sua terra natal, onde cos-
tumava visitar amiúde.
Seus trabalhos literários e poéticos, de muito valor, dizem bem
do que foi o grande paranaguara.
Ao nosso modo de pensar, um indivíduo que sai criança de sua
terra natal e jamais volta a revê-la, nem ao menos recordá-la em
seus versos, não merece que seus conterrâneos o coloquem em um
pedestal de glória.
Felizmente, L E Ô N C I O C O R R E I A jamais esqueceu o torrão
onde nasceu, vindo, quase todos os anos visitá-la, enquanto suas
forças o permitiram; pois faleceu aos 19 de junho de 1950, com
85 anos de idade.
L E Ô N C I O C O R R E I A deu, em seus trabalhos literários, um
rumo todo seu, porque, sendo, ao mesmo tempo parnasiano e lírico,
seguia mais o ecletismo, por condizer com o seu eu. Os seus
versos confirmarão a nossa assertiva. Ei-los:
MINHA CRENÇA
4
Padre ! eu cre o que existe alguma coisa acima
D'isso que abrange o nosso olhar;
E que canta uma força harmoniosa, que anima
— Doce como uma rima —
A terra, o mundo sublunar.
* * *
IN EXTREMIS...
299
"Eu julgava que tinha
Um olhar que era meu, e uma alma que era minha !
Fui um louco: adorei uma m u l h e r . . . quem ha-de
Deixar de acreditar, Deus ! na fatalidade ?
Foi um sonho esse amor, um sonho de ventura,
Fora muito melhor o horror da sepultura...
E esta recordação mata-me lentamente;
Pois qual o coração humano que não sente,
O peso de uma dor ciclópica, infinita,
Ante a queda infernal de anjo que o céu habita ?
C h o r e i . . . e o turbilhão das lágriimas choradas
Cravaram-se no céu como rosas nevadas;
No amplo seio de Deus, sob esse ideal disfarce.
Foram pérolas d'alma, uma a uma engastar-se...
E elas hoje vieram extravagar c o m i g o . . .
Que na terra não têm mais dedicado amigo".
De súbito calou-se.
* * *
EM MINHA TERRA
* * *
301
S O N E T O
% ^
M A E
% * *
L E Ô N C I O C O R R E I A lançou várias obras como: " F L O R E S
A G R E S T E S " , (sua estréia); poesias: " V O L A T A S " e " P E R F I S " ;
crônicas: " P A N Ó P L I A S " ; " B O Ê M I A DO M E U T E M P O " e " M E U
P A R A N Á " (esta última com versos); os documentários: " V U L T O S
302
E F A T O S DO I M P É R I O E DA R E P Ú B L I C A " e "A VERDADE SO-
BRE O 15 DE N O V E M B R O " ; bem como conferências: " P A L E S -
T R A S E P A R L E N D A S " , etc.
Ele fez parte da " D É C A D A DE O U R O " , entre 1880 a 1890, em
que Paranaguá, com seus ilustres varões, brilhou como um verda-
deiro centro de cultura.
S A U D A D E S ! . . .
S a u d a d e s ! . . . fluído divino,
Eflúvios do coração
Meigo afeto peregrino
Avivando uma a f e i ç ã o . . .
O FILÓSOFO
* * *
Outro soneto que nos emociona sobremaneira; pois, além do
acrisolado amor pela sua avozinha, parece que a nossa poetisa
pressentia que a vida lhe seria curta; que logo deixaria todos os
seus entes q u e r i d o s . . .
Casou-se aos 19 anos, a 27 de dezembro de 1917 e, aos 22 de
novembro de 1918, com apenas 20 anos, deixou este mundo. Não
pôde aproveitar as belezas da v i d a . . .
A V O Z I N H A
* * *
Temos agora uma Barcarola, cantada pelas "sócias" do "Grê-
mio Miosótis", em um festival realizado nos salões do "Clube Re-
publicano", no ano de 1917. O baile foi à marinheira, razão do
significado da letra. A música, composição do maestro João Gomes
Raposo, não pudemos encontrá-la.
B A R C A R O L A
ESTRIBILHO
Cantemos, que a vida é breve
Como o orvalho das m a n h ã s . . .
Cantemos, que o canto é doce,
Como as carícias louças ! . . .
* * *
305
Ainda este pequeno soneto:
P R E C E
I
Tu que durante o dia
me acompanhaste, vem,
Senhor ! e sê também
Do meu sono o v i g i a . . .
II
Minha alma só confia
em T i , Supremo Bem !
Vem ter comigo, vem
fazer-me c o m p a n h i a . . .
III
Eu sei, eu reconheço
Que nada te mereço
Oh ! vítima da Cruz.
rv
Sou pobre serva, enfim,
mas, tem pena de m i m . . .
eu te amo, Jesus !
* * *
São palavras de N A T A L I N A CORDEIRO este trecho que vamos
transcrever:
"Sejamos pela paz ! . . . Pela paz universal, pela paz das na-
ções, pela paz dos povos europeus, pela nossa paz, pela paz dos
nossos lares, porque, cada dia que fluir a paz, será para nós um
dia de júbilo, de risos e de festa".
306
ADA DIAS DE PAIVA MACAGGI BRUNO LOBO
Nasceu, A D A M A C A G G I , no solar dos Paivas, na Ponta do
Caju, aos 29 de maio de 1906. Filha de Narciso Macaggi (genovês)
e de Maria Dias de Paiva (brasileira).
Desde pequena, foi uma revelação; cantava, declamava e deco-
rava tudo com facilidade. Aos 5 anos começou os primeiros rudi-
mentos de música com sua mãe. Aprendeu o francês e italiano
com seu pai (grande p i n t o r ) . Aos 7 anos, com sua irmã Eugênia
( G e n i ) , deram ambas audição de piano no Club Litterario, a quatro
mãos, tocando trechos das óperas "Lúcia de Lamemour" e "Cava-
laria Rusticana". Aos 13 anos já escrevia poesias, que eram publi-
cadas no jornal "Gazeta do P o v o " , usando pseudônimo; até que
um dia o Dr. Plácido e Silva, proprietário do referido Jornal, lhe
disse: "Olhe, menina, você é uma revelação poética; não precisa
usar pseudônimo; assine-os". Ada, modesta e simples como sem-
pre foi, achou que era cedo para isso. Mas no dia seguinte era
publicado um soneto seu, assinado. Nessa ocasião, suas colegas
mornalistas prestaram-lhe uma homenagem.
A D A fez o Curso Primário e Complementar no "Col. Ludovica
Bório" aqui em Paranaguá. Seus pais mudando-se depois para
Curitiba, ela pode continuar os estudos, cursando a "Escola
Normal".
Continuando a escrever crônicas, contos e versos, conseguiu
publicar em 1923,0 seu primeiro livro de poesias intitulado " V O Z E S
EFÊMERAS".
Mudando-se depois para o Rio de Janeiro, colaborou na Revis-
ta da Semana, "Vida Doméstica", "Fon-Fon", "Cruzeiro" e em di-
versos jornais. Enviava também colaboração para Curitiba e espe-
cialmente para Paranaguá ("Itiberê" e posteriormente " M a r i n h a " ) .
Com sua irmã Maria ( N e n ê ) , também escritora, viviam so-
mente de rendimentos literários. Logo depois contraiu núpcias
com o Dr. João Bruno Lobo, de cujo casamento veio uma filha.
Curiosa e ávida de saber, A D A estudou ainda o inglês e o es-
panhol e antes de falecer estava aprendendo o alemão.
Publicou ainda dos livros de contos: "Água parada" e " T a ç a "
e, em vésperas de morrer, foi publicada a sua obra prima "ímpetos"
(poesias), premiado com "menção honrosa" pela Academia de L e -
tras do Brasil.
Deixou uma biblioteca escolhida e fina.
Em um "Concurso Nacional de Puericultura", entre mais de
1.000 candidatas inscritas, A D A obteve a primeira colocação. R e -
cusou, porém, o prêmio (exercício de alta função pública), afir-
mando que: "fiz o Concurso para aprender mais alguma coisa".
Para tristeza nossa, a poetisa veio a falecer, repentinamente,
no dia 12 de novembro de 1947, com 41 anos de idade. Relativa-
mente moça, sua carreira literária foi brilhante.
307
De sua família, parece-me, só existem 3 irmãos: Raul Macaggi.
Geni Macaggi e Maria Macaggi ( N e n ê ) .
Paranaguá homenageou-a, dando seu nome a uma de suas
ruas. Entretanto, ela merece ainda mais.
A D A nunca esqueceu sua Paranaguá. Em muitos de seus tra-
balhos literários sempre lembrou a terrinha amada.
P A R A S E M P R E
* * *
M I N H A R E L I G I Ã O
* * *
309
D O R
(Poemeto)
310
MÚSICOS
JOSÉ ITIBERÊ DE LIMA
(CAZUZA)
ANÍBAL DE LIMA
Pistonista de valor, foi um bom mestre de Banda. Dirigiu
muitas Orquestras e Bandas de Música. Também orquestrava
muito bem. Era irmão de José Itiberê de Lima e viveu muito mais
que este.
315
CAETANO JOSÉ DE LIMA
Grande mestre de Banda e professor de instrumentos musicais
de sopro. Dirigiu muitas Bandas em Paranaguá e ensinou ao filho
toda a teoria musical que conhecia, pois era pai de José Itiberê de
Lima.
316
PINTORES
OS NOSSOS PINTORES
ALFREDO ANDERSEN
NARCISO MACAGGI
Pintor italiano, que aqui fixou residência, ligando-se pelo ma-
trimônio com D. Maria Dias de Paiva (irmã do conceituado cida-
dão Anibal Dias de Paiva, proprietário da antiga Fábrica de F o g o s ) .
Seus filhes, todos aqui nascidos, muito lhe honraram o nome.
Seu filho, Mario Macaggi, de saudosa memória, também foi um
artista no pincel; além de folclorista de valor, de nossas coisas e de
nossa gente. Raul Macaggi, para felicidade de seus familiares e
de seus amigos, ainda está forte e bem de saúde. É um cidadão
de grandes dotes morais e espirituais.
322
RAFAEL LOPES DA SILVA
O NOSSO PINTOR DO PRESENTE
Quem não conhece o pintor R A F A E L S I L V A , em Paranaguá ? !
Para alegria nossa, ainda vive o genial artista !
R A F A E L S I L V A , nasceu em Guaraqueçaba, aos 24 dias do mês
de outubro de 1904; filho de Antonio Lopes da Silva e de Dona
Albina Calado da Silva; esta, falecida com 21 anos de idade, ó r f ã o
de mãe, muio cedo, criou-se com o velho pai e sua madrasta, ótima
como segunda mãe.
Veio para Paranaguá com 12 anos. Aqui mora, portanto, há
50 ancs. Uma existência de lutas e desenganos, existência essa
dedicada exclusivamente a pintar o belo.
Começou a desenhar, quando criança, na Escola, com aquele
pendor só próprio dos verdadeiros artistas. Guarda ele uma recor-
dação viva e intensa daqueles que foram seus mestres primários
na velha terrinha.
9
Em 1926, quando servia ao Exército, no 9 R . A . M . em Curitiba,
começou então a pintar verdadeiramente; deixando no Quartel
diversos trabalhos murais. Terminando o seu tempo de Serviço
Militar, voltou para Paranaguá e aqui ficou, dedicando-se exclu-
sivamente à pintura a óleo; pois era seu sonho de artista em pleno
vigor dos seus 23 anos.
Um dia (estávamos em 1928), cai, por acaso, uma tela sua às
mãos do então Prefeito Municipal — Comandante Dídio Costa — .
O Chefe do Executivo Municipal manda chamá-lo e, cumprimen-
tando-o pelo trabalho, promete arranjar através da Câmara Mu-
nicipal, uma "bolsa de estudos".
Semanas depois, recebia R A F A E L , da Câmara, a prometida
"bolsa" por 5 anos; 3 anos de estudos com o velho A L F R E D O A N -
DERSEN, em Curitiba e depois, 2 anos no Conservatório do Rio
de Janeiro.
Infelizmente, rompe a Revolução de 1930. Com a mudança do
Regime, foi-lhe cortada a dourada " b o l s a " . . . Maguado e incom-
preendido, no tocante à sua aspiração, R A F A E L não desanima.
Conformando-se com o pouco que teve de aulas (quase 2 anos)
com o "Pai da Pintura Paranaense", volta novamente a Paranaguá
e aqui se dedica, de corpo e alma, à arte de transportar para a tela,
paragens e r e t r a t o s . . .
É, portanto, em 1930, que começa a sua verdadeira carreira
artística. Impressionista clássico, pintou centenas de quadros, cuja
maioria se acha fora da cidade. Apesar dessa grande saída, ainda
se encontram muitiss'mos deles nas mãos de paranaguaras ilus-
tres, que ciosamente guardam em suas salas, como verdadeiras pre-
ciosidades. Dois trabalhos seus se acham fora do País. Um, na
França e outro no Paraguai.
Há alguns anos, houve, na Inglaterra, uma exposição de pin-
turas sob motivos da "França livre" (a Embaixada, no Brasil, era
323
quem se encarregava de coletar os quadros). R A F A E L pintou,
então, o retrato do General Degaulle (uma alegoria), tendo no
fundo a bandeira da França Livre com a cruz de Lorena, e enviou-o
à Embaixada, para seguir junto com os demais quadros já coleta-
dos. Entretanto, isso não aconteceu, porque a tela trazia a assi-
natura do pintor, e, de acordo com as bases da exposição, não era
permitido, em hipótese alguma, assinar. R A F A E L não ficou aborre-
cido nem triste; deu o fato como encerrado.
Passaram-se dois anos, quando, um dia, recebe ele uma carta
da Embaixada francesa, pedindo permissão para oferecer o "qua-
dro" em questão ao Presidente da FRANÇA, RAFAEL, num gesto
de desprendimento, responde ao pedido, deixando a citada "tela" à
disposição da referida E m b a i x a d a ! . . .
É ser, de fato, desprendido ! . . . Mas, assim pensam os verda-
deiros artistas...
Mais tarde, foi-lhe encomendado um quadro a óleo, para ser
oferecido ao Presidente do Paraguai. R A F A E L pinta um dos inte-
riores do Convento dos Jesuitas. Trabalho perfeito. Essa tela
acha-se em poder do General Stroesner, em Assumption.
Entre os quadros espalhados pela cidade, destacam-se dois:
"A ceia de Cristo", uma obra prima, propriedade do Dr. Anibal
Ribeiro Filho; o segundo quadro, alusivo à criação do Município de
Paranaguá, é propriedade da Prefeitura e acha-se no gabinete do
chefe do Executivo; representa a "Leitura da Carta Regia"; outra
obra prima e de fundo histórico.
R A F A E L é de fato um espírito privilegiado em matéria de arte.
É casado com dona Natália Costa Silva e tem duas filhas: Zilca e
Carmen Lúcia, ambas professoras. Há bem pouco tempo recebeu
da Câmara Municipal de Paranaguá, uma medalha de ouro "Honra
ao Mérito", prêmio pelos relevantes serviços prestados à cidade,
como pintor emérito. Já fez duas exposições em Paranaguá e logo
fará a terceira era Curitiba. Atualmente está lecionando "Desenho
e Pintura" numa das salas do Conselho Municipal de Cultura,
contratado pela Prefeitura Municipal. Ministra ele os conhecimen-
tos que possui à juventude paranaguara, orientando-a na Arte de
desenhar e de pintar.
É possível que, para o futuro, tenhamos em nossa terra outros
tantos artistas, como o foram Iria Correia e Narciso Macaggi, e
ainda o é o nosso atual professor de desenho e pintura.
R A F A E L , hoje, é feliz, apesar dos seus 70 janeiros cheios de
desilusões e de lutas. É feliz porque tem seus discípulos, aos quais
i pode transmitir os conhecimentos técnicos da divina arte de trans-
por para a "tela" toda a beleza da maravilhosa Natureza ! . . .
Feliz de quem pode dar algo de bom e útil aos seus seme-
lhantes ! . . .
P A R A N A G U Á também é feliz, porque sabe reconhecer, em
vida, o valor de cada um de seus diletos filhos. . .
324
I
IMPRENSA
A IMPRENSA PARANAENSE
9
A I M P R E N S A , no P A R A N Á , surgiu com a vinda do l Presi-
dente da Província — Dr. Zacarias de Gois e Vasconcelos.
Entre os vários auxuiares de sua adnrnistração, veio o jorna-
lista Cândido Martins Lopes, trazendo uma pequena "Tipografia",
que tratou de montá-la em Curitiba.
9 9
Em l de abril de 1854, surgiu nas plagas paranaenses o l
jornal "DEZENOVE DE D E Z E M B R O " , órgão oficial do Governo.
No início, semanário; depois, 3 vezes por semana, e por fim,
diário. Manteve-se até 1889 (36 anos).
A IMPRENSA PARANAGUARA
Como não podia deixar de ser, P A R A N A G U Á procurou também
ter o seu jornal. E ele surgiu 6 anos depois, redigido pelo Dr.
M A N O E L A L V E S DE A R A Ú J O , paranaguara brilhante; pois, além
de chegar a ser o chefe supremo do antigo Partido Liberal, foi
eleito Vice-Presidente da Província do Paraná e mais tarde seu depu-
tado; culminando com o elevado cargo de Ministro e Conselheiro
da Coroa.
Comecemos então com esse elustre paranaguara:
335
SOCIEDADES
•
GRÊMIO RECREATIVO "IRIS"
GRÊMIO CRISANTEMO
Surgiu em 1913 e sua primeira presidente foi a então Sta. Ma-
rienne Beleche. Era filiado ao Clube Republicano, mas teve vida
efêmera. Durou apenas dois anos. Em seu lugar surgiu o "Grêmio
Myosetis", em 1915.
341
GRÊMIO MYOSOTIS
Esse simpático Grêmio nasceu em 1915, também filiado ao
Clube Republicano. Muitos bailes famosos promoveram suas várias
diretorias. Também muitas festas artísticas foram levadas a efeito
durante mais de duas décadas.
GRÊMIO PRIMAVERA
Filiado ao Clube Operário Recreativo Beneficente, esse "Grê-
mio" surgiu em 1915. Seus bailes, sempre animados, rmrto diver-
tiram os seus associados, dando movimento à vida social do mo-
desto Clube da rua Direita.
Sua primeira presidente foi a Srta. Maria da Luz Chichorro.
HUMANITÁRIA PARANAENSE
O atual prédio próprio do I.H.G.P. foi, primitivamente, uma
"casa escolar"...
Nos fins do século passado, existia uma sociedade de auxílio
às famílias e se intitulava " A S S O C I A Ç Ã O H U M A N I T Á R I A PA-
R A N A E N S E " (a exemplo dos atuais Institutos de Previdência).
Extinta, em 1895, essa Associação, em sua última sessão deli-
berativa, de 17 de agosto, resolveu doar os "fundos" da Sociedade
para a construção de uma "Escola" em P A R A N A G U Á , sob as se-
guintes condições:
a) — Construir o prédio.
b) — Exame do prédio pelo Secretário de Obras Públicas e
informação de que o Governo do Estado o aceitaria para "Escola".
Era Prefeito da Cidade — Cel. João Guilherme Guimarães —.
Não querendo o chefe do Executivo perder essa doação, abre, ime-
diatamente, concorrência pública para a construção do prédio, e
duas propostas se apresentaram; ambas assinadas pelo cidadão
João Batitsa Freceiro (construtor). A l * — Aproveitando as pare-
des do edifício em ruínas denominado "igreja dos jesuítas", à rua
15 de Novembro; pela quantia de 12.000$000 (doze contos de réis).
A 2* — Demolindo a antiga igreja e construindo, no mesmo lugar,
um novo prédio pela importância de Rs 16.000$000.
O Prefeito leva o assunto em pauta para o Legislativo, opi-
nando pela 2* proposta, que é logo aceita.
A obra foi autorizada e o prédio, construído, ainda com abati-
mento, pela quantia de Rs 15.000$000 !
347
Assim, aos 15 de junho de 1896, inaugura-se a "Escola" com a
denominação de " H U M A N I T Á R I A P A R A N A E N S E " !
A Escola esteve, por algum tempo, sob a direção da professora
D. Olivia Pereira Alves.
No dia 14 de agosto, a Câmara Municipal recebia, da ex-
Associação, por intermédio da Firma Siqueira & Cia. o auxílio de
Rs 10.100$000, devendo a Municipalidade entrar com o restante
(4.900$000) além das despesas de gradil, muro e passeio.
Foram correndo os anos. Fundada a Escola Normal "Dr. Cae-
tano Munhoz da Rocha"; fecharam, não se sabe porque, a "Huma-
nitária Paranaense", e os alunos se dispersaram pelos Grupos Es-
colares recém-criados; inclusive ao Grupo Anexo à Escola Normal.
A velha Casa Escolar ficou ao abandono. Nesse interim, o
Estado resolveu criar os "Centros de Saúde". Como era de se espe-
rar, P A R A N A G U Á foi aquinhoada. Mas precisava de um prédio
apropriado para tal fim. Lembraram-se então da velha "Huma-
nitária Paranaense". A Prefeitura Municipal recorre ao Legis-
lativo e este dôa ao E S T A D O o abandonado prédio escolar para nele
ser instalado o Centro de Saúde (depois de sofrer uma restauração
completa e adaptável às finalidades).
Mais alguns anos, e o prédio torna-se pequeno. Muda-se o
Centro de Saúde para outro local. Volta a velha casa escolar ao
descaso e, com o tempo, passa a ser o valhacouto de ébrios e no-
tívagos.
É quando então o nosso Presidente — Dr. Joaquim Tramujas
— oficia ao Diretor Geral dos Centros de Saúde, pedindo para ins-
talar no velho prédio em caráter provisório, o nosso I N S T I T U T O
HISTÓRICO.
Vindo o consentimento, ali nos instalamos comodamente, sem
mais preocupações.
Isso foi no ano de 1960. O nosso Presidente, como sempre oti-
mista, dizia: "Daqui não mais sairemos".
Nós, porém, pessimistas, estávamos sempre preocupados, pen-
sando que a qualquer momento poderíamos ser intimados a deixar
a casa...
Foi quando nos lembramos de fundar um pequeno "Museu
Histórico Geográfico", anexo ao I N S T I T U T O , para com isso firmar
melhor a nossa estabilidade na velha casa.
Como tínhamos, em nosso L I C E U , quatro armários cheios de
objetos antigos, falamos ao Dr. Joaquim Tramujas sobre nossa idéia;
alegando que, com um pequeno Museu, seria mais difícil a nossa
retirada do velho prédio.
O ilustre Presidente compreendendo o nosso ponto de vista,
apoiou-nos inteiramente; dando-nos, ainda, um livro por si ru-
bricado, para que registrássemos nele as ofertas recebidas que iría-
mos solicitar.
348
De fato, foram doadas ao I N S T I T U T O muitas peças de valor,
bem como livros e jornais importantes.
E foi assim que surgiu, como por encanto, o nosso modesto
"Museu histórico Regional", que inauguramos em seguida.
As doações continuam, espontâneas, enriquecendo cada vez
mais o patrimônio do I N S T I T U T O .
O seu atual "arquivo" é de um valor inestimável, com obras
importantes, só encontradas nos grandes Museus.
Hoje, com o grande acervo que o mesmo possui, e com a com-
petente direção do seu atual Diretor Perpétuo — Dr. Anibal Ri-
beiro Filho — o nosso "Museu Histórico Regional" pesa na balança
das "coisas de valor" que a nossa querida P A R A N A G U Á ainda
possui...
a
A 2. ERMIDA DE N. S. DAS MERCÊS
Como todos sabem, o Morro da " C O T I N G A " é o marco de civi-
lização do nosso Estado. Já dissemos em diversas palestras: " A L I
NASCEU O P A R A N Á ; D A L I S U R G I U P A R A N A G U Á " .
E nessa " C O T I N G A " , de tão gratas recordações, foi construída,
em 1677, uma igrejinha pelo então administrador das Minas de P A -
R A N A G U Á — Manoel de Lemos Conde •— . Essa ermida, sob a invo-
cação de N. S. das Mercês (imagem de pedra mandada vir de Por-
t u g a l ) , teve vida efêmera; pois, Antonio Morato, filho de Lemos
Conde, após a morte do pai, demoliu-a; isso em 1700.
Passaram-se os tempos (278 anos). Um dia (estávamos no
ano de 1955) era Governador do Estado o ilustre paranaguara —
Dr. Bento Munhoz da Rocha Neto — conversando com um não me-
nos ilustre filho da terra — Eugênio José de Souza — na ocasião
Secretário da Fazenda, falávamos sobre pontos turísticos na Cidade.
Lembramo-nos da desaparecida Capelinha das Mercês e pedimos
350
fosse ele (o Sr. Genico) portador de tão justa aspiração junto ao
Governador, seu particular amigo.
Pedíamos a reconstrução da antiga ermida. A resposta não se
fez esperar. O Sr. Gen'co então nos trouxe: "Diga ao professor
Viana que, se o Instituto Histórico e Geográfico conseguir retirar
a imagem de N. S. das Mercês da igreja de São Benedito, eu re-
construirei uma nova ermida no Morro da secular C O T I N G A " (jul-
gava ele, o Governador, ser difícil conseguir da Irmandade a reti-
rada dessa i m a g e m ) .
Entusiasmados, pedimos logo uma entrevista à Irmandade de
São Benedito, e, com mais o Dr. Tramujas, Presidente e Nascimento
Junior, Secretário, nos dirigimos ao Consistório da velha igreja e
entramos em entendimento com sua Diretoria, expondo as razões
do nosso pedido.
A Diretoria, que já sabia do que se tratava, através do velho
Nascimento, nos recebeu amavelmente, dizendo: "Os senhores do
I N S T I T U T O preparem a festa, que nós iremos levar a "imagem"
até l á " . . .
Marcada a transladação para o dia 17 de março, às 9 horas
9
(20 aniversário do cais do P o r t o ) , realizou-se a "procissão do re-
torno", encabeçada pela Irmandade de São Benedito toda incor-
porada e também com grande acompanhamento. O Arcebispo D.
Manoel da Silveira Delboux veio especialmente de Curitiba, espe-
rando a procissão no "rebocador". Na Cotinga, acompanhou a
procissão, subindo o morro com ela. No alto do morro, recebendo
a "chave' 'das mãos do superintendente do Porto — Dr. João
Guimarães da Costa — abriu a porta da ermida, deu a bênção e
entregou-a ao culto do p o v o . . .
Hoje, a igrejinha é também um marco de civilização cristã, na
terra que DOMINGOS PENEDA desbravou e G A B R I E L DE L A R A
civilizou — a nossa querida P A R A N A G U Á ! ! ! . . .
Mais uma glória para o Instituto Histórico e Geográfico de
Paranaguá.
OBSERVAÇÃO:
356
CLUBE ATLÉTICO SELETO
Foi fundado a 7 de junho de 1926, por um grupo de jovens
esportistas. Sua finalidade era o "futebol"; mas seria também
recreativo.
P R E S I D E N T E — Geraldo Cavagnari.
S E C R E T Á R I O — José Marques Cordeiro.
T E S O U R E I R O — José Tramujas Junior.
Capitão do Time — Elpidio Silva.
Seu primeiro nome foi "SELETO ESPORTE CLUBE", conser-
vando-se com ele durante 20 anos, sempre lutando com as maiores
dificuldades.
Foi quando surgiu um fato importante, na Cidade, que veio
levantar o Seleto de sua quase extinção.
Em 1946, fechou, em P A R A N A G U Á ,a Agência do D . N . C .
(Departamento Nacional do C a f é ) . O "Chibe Atlético D . N . C . " ,
fundado em 1940, pelo seu Agente — Orlando Matos — e demais
funcionários graduados, teria que se extinguir, pois o passivo da
sociedade fotibolística já montava a casa dos 350 c o n t o s . . .
Foi quando o Sr. Orlando Matos procurou o Presidente do
Seleto: Dr. Joaquim Tramujas — e propôs a fusão dos dois clubes
(isso em 1946), entregando ao Seleto o seu único patromônio —
Estádio Orlando Matos.
Depois de muitos debates, foi aceita a proposta, mas, sob a
condição: O Seleto conservaria o seu nome e passaria a chamar-se
"CLUBE A T L É T I C O SELETO", condição aceita imediatamente...
Mais alguns anos e o "Salão de Festas" do Clube Atlético Seleto
não mais comportava o número de sócios.
O então Presidente Dr. José Francisco Linhares e os irmãos
Airton e Hamilton Chaves (trio incomparável) tiveram a feliz idéia
de adquirir uma nova sede fora da área do Estádio, a fim de am-
pliar suas instlações, para dar aos assciados outras recreações.
Compraram então um prédio, com terreno ao lado, do Sr. Man-
fredo Cominese e aí instalaram o "Parque Social Seletão", inaugu-
rado a 24 de janeiro de 1970; com ótimas instalações sanitárias,
duas ótimas piscinas, campo para o futebol de pelada e outros jo-
357
gos, excelente "bar" e outros melhoramentos para maior conforto
dos associados.
Hoje, essa grande Sociedade é um padrão de glória para os
seletenses ! Valeu todo o sacrifício dos seus diretores ! . . .
Atualmente, sua excelente Diretoria está assim constituída:
Presidente: Dr. José Francisco Linhares; Vice-Presidente: Aír-
ton Claro Claves; Secretários: Ivo Gabriel da Silva e Edmir de
Oliveira; Tesoureiros: Luiz Rocha e Arthur Mendes; Diretor de Pa-
trimônio: Hamilton Claro Chaves; Diretor Social: Nelson Lúcio
Ferraz; Presidente do Conselho Deliberativo: José Delfim Vila Real.
Diretor de Promoções: Janí Miranda Raucher; Diretor Geral de
Esportes; Diamantino Francisco; Diretor de Relações Públicas:
Ivaní Marés da Costa.
Departamento Social: — Antonio Temporão, Oswaldo Gabriel,
Josemir Pereira, Deny Bindo e Amilton Aquin.
Departamento de Natação: — Manoel Henrique Mesquita.
Departamento de Esportes Parque Social — Djalma Munster.
Departamento de Divulgação — Airton Poli, Nelson L. Ferrei-
ra e Celso Chichorro Oliveira.
Departamento de Futebol Profissional — Joaquim Tramujas
Filho, Cesar A. T. Samwais, Luiz A. Ilipronti e Aquiles R. Santos.
No cinqüentenário do Clube, realizado aos 7 dias de junho de
1976, grandes festividades foram levadas a efeito.
Salve, grande Clube ! . . .
358
LENDAS
i
A LENDA DAS ROSAS LOUCAS
CONSIDERANDOS:
LENDA DA MUDANÇA
Uma outra "lenda" conta que os "maiorais" da terra queriam a
imagem da Santinha na Vila (por lhes ser mais cômodo, é c l a r o ) ;
trouxeram-na, pois, para a nossa Matriz.
No dia seguinte, não estava mais no altar; sendo encontrada
no altar do Rossío.
Por diversas vezes trouxeram-na para a Matriz, e todas essas
vezes ela desaparecia; sendo sempre encontrada no R o s s í o . . .
O vigário então, ponderou aos fiéis que a imagem queria mes-
mo ficar no lugar onde foi achada. O povo concordou e não mais
tiraram-na do seu querido Rossío.
As "lendas" são assim. A l g o de misterioso e inverossimel...
A fantasia popular é o fator preponderante...
O PINHEIRO E A PALMEIRA
( L E N D A )
A CAVEIRINHA
( L E N D A )
PROVÉRBIO:
"Quem sempre mente, vergonha não sente e a morte está
sempre preseite".
365
PARANAGUÁ
B R I L H A N T E H I S T Ó R I A E M ÉPOCAS D I S T A N T E S .
DOCES R E M I N I S C Ê N C I A S DE T U D O O QUE SE OUVIU
DE NOSSOS A N T E P A S S A D O S
CIDADE "CARIJÓ", CUJOS P R I M E I R O S F I L H O S ,
DE T E Z Q U E I M A D A PELAS A R D E N T I A S DAS L O N G A S
ESTIAGENS, D E S B R A V A N D O SEU SOLO R I C O E
DADIVOSO, C I V I L I Z A R A M - N A .
ELA, EM T R O C A , A T R A V É S DOS SÉCULOS,
CONQUISTOU-LHES O C O R A Ç Ã O !
T O R R Ã O CARIJÓ, L U G A R SEDUTOR,
QUE O Í N D I O CHAMOU DE " P A R A N A G U Á " !
M O D E S T A E F E L I Z , NA R A Ç A E NA COR,
D O T E U CORAÇÃO, N U M GESTO D E A M O R ,
FIZESTE NASCER O T E U " P A R A N Á " !. . .
P A R A N A G U Á , SETEMBRO, 1976.
366
'PRINCESA CARIJÓ"
(Paranaguá)
369
ÍNDICE
Pág.
371
34 — O 5 de fevereiro 102
35 — Acontecimentos raros e inéditos (o ladrão arrependido) 108
36 — Idem, Idem (as façanhas do padre Gregório) Ill
37 — O Cormorant e sua História 113
38 — Apontamentos históricos e descritivos de PARANAGUÁ 122
39 — Uma tragédia em pleno Oceano 124
40 — Os "canhões da barranca" 127
41 — O Club Litterario 129
42 — D. PEDRO II e sua viagem ao PARANÁ 131
43 — A Estrada de Ferro "PARANAGUÁ-CURITIBA" 141
44 _ A viagem de D. ISABEL a "Redentora" 144
45 — A República e o Clube Republicano 146
46 — Os "Voltij adores da Época" 151
47 _ Os "Bondinhos" de PARANAGUÁ 154
48 — A "Invasão Federalista" em PARANAGUÁ 155
49 — O Grêmio "Brisa da Marinha" 168
50 — O Clube Operário Recreativo e Beneficente 172
51 — O "jogo das flores" em PARANAGUÁ 174
52 — A ponte na Ilha dos Valadares 180
53 — a praça "Fernando Amaro" 182
54 — Usos e costumes do passado 185
55 — FOLCLORE ,. 189
56 — O "Fandango" 190
57 — O "Barreado" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
58 — Os "sambaquís" e os "sanibaquibas" 194
59 — Os Carijós 197
60 — Os "Capitães-mores" 201
61 — O último "Capitão-Mór" 202
62 — Os "Três Poderes" 207
63 — O "Poder Executivo" 207
64 — O "Poder Legislativo" 212
65 — O "Poder Judiciário" 216
66 — O Magistério paranaguara 221
67 — Professora Maria Julia da Silva Nascimento 225
68 — Um Colégio Particular Feminino 227
69 — Professor José Cleto da Silva (um grande mestre) 229
70 — Professora Ludovica Caviglia Bório 232
71 — Professor Randolfo Arzua 233
72 — Professora Adelaide Cardoso Pinto 234
73 — Professora Helena Viana Sundin 234
74 — Professora Heloina de Camargo Vianna 233
75 — Colégio São José 235
76 — Colégio Estadual "José Bonifácio" 235
77 — Instituto Estadual de Educação "Dr. Caetano M. Rocha" 236
78 — Colégio Estadual Comercial "Alberto G. Veiga" 236
79 — Colégio "Itiberê" 236
80 — Ginásio "Leão XIII" 236
81 — Fundação Faculdade Estadual F. C L . PARANAGUÁ 236
372
82 — Estabelecimentos de Ensino Particulares 237
83 — Estabelecimentos de Ensino Estaduais 238
84 — Estabelecimentos de E n i n o Municipais 240
85 — Comendador Manoel Francisco Correia Júnior 245
86 — Dr. Manoel Francisco Correia Neto 248
87 — Dr. Manoel Eufrásio Correia 251
88 — "ITIBERÊ" ...... 251
89 — Um grande sacerdote (Monsenhor Celso) .... 254
90 — Uma Embaixador músico (Brasílio Itiberê) 256
91 — Dr. João Teixeira Soares 258
92 — Nestor Vitor dos Santos 260
93 — Um grande amigo de PARANAGUÁ (Dr. Caetano) 263
94 — Vicente Nascimento Júnior 268
95 — Zenon Pereira Leite 271
96 — Dr. Leocádio José Correia 275
97 — Dr. José Justino de Melo 278
98 - Dr. João Coelho Moreira 280
99 — Dr. Belmiro Saldanha da Rocha 280
100 — Dr. Arthur José de Bastos 282
101 — Fernando Amaro de Miranda 285
102 — Julia da Costa 290
103 — Maia Júnior 295
104 — Leôncio Correia 297
105 — Natalina Cordeiro Santos 303
106 — Ada Dias de Paiva Macaggi Bruno Lobo 307
107 — José Itiberê de Lima 313
108 — Mestres de Bandas 315
109 — Iria Cândido Correia 31'J
110 — Alfredo Andersen 320
111 — Narciso Macaggi 322
112 — Rafael Lopes da Silva 323
113 — Imprensa paranaguara 327
114 — Grêmio Recreativo "íris" (e outros) 339
115 — Club de Natação e Regatas "Com. Santa Rita" 342
116 — Instituto Histórico e Geográfico 344
a
117 — A 2. Ermida de N. S. das Mercês 350
118 — PARANAGUÁ Country Club 351
119 — Clube Olímpico de Paranaguá 352
120 — Antonio Vieira dos Santos (O mestre de nossa História) 353
121 — O Tiro de Guerra "99" 355
122 — Clube Atético Seleto 357
123 — Lenda das "Rosas Loucas" 36.1
124 — '"A Mudança" (lenda) 362
125 — "A Cabeça do Enforcado" (lenda) 362
126 — "O Pinheiro e a Palmeira" (lenda) 363
127 — "A Caveirinha" (lenda) 364
3 6 3
128 — "PARANAGUÁ"
129 — "PRINCESA CARIJÓ" (poema) 367
373
B I B L I O G R A F I A
Obras Consultadas:
374